Vous êtes sur la page 1sur 104
walle w b > > > ° » > > > @! > > > > , } ) } > > ! > fog— Delqude He ao ie Nettiain froricy vives ame rtos Pemmnnd: pe {uF Yo Medalena’? Dis curse? nash | )ypeP sebrew ee i ue lage Slirdnero® | deidod I FIG — Aases « fludas | care four Nipaeo | Framers | pee Boli bisicentro geege km da CorTorey 50 94 ~ pononere tempi papiouento gPEDAGOGICA BRASILEIRA BRASILIANA Np VOL. 1 Se eee VWDwOVOTORVIID CCeCoevresus BIBLIOTECA PEDAGOGICA BRASILEIRA SERIE V BRASILIANA MARIO TRAYVASSOS Projecdo Continental do Brasil Prefacio de PANDIA CALOGERAS 2.a EDIKAO AMPLIADA TOMBO. _ 251242 AAA SBD-FFLCH-USP plvs3 GEOGRA it A - 1935 COMPANHIA EDIT ORK NACIONAL sho. ES | Mario TRAVASSOS se A TT PREFACIO Lie reli med.tadamente os “Aspectos Geograficos Sul- Americanos”. Com a maior insistencia recomendo sett es- tudo aos nossos homens de govérno. Nesse opusculo sé agilam os mais graves problemas da existencia ¢ do desen- volvimento das nagées do continente, os assuntos mesmos ‘ca, com maiuseula, da verdadeira polit Claro, é cedo para tragar rumos definitivos. trabalho trata disto. Investiga apenas os fatores; procura destringdé-los em face do que nos ensina a antropogeogra- fia, Lembrado de que o porvir economico, ‘politico € social dos agrupamentos humanos esté como qu sad pelo relevo que os acontecimentos geogentcos & fatores os esculpiram na superficie dos paises que ha- bitam, procuron Mario Travassos aplicar ao nosso conti- nente as ligées de Ratzel, de Brunhes e seus disctpulos € emulos. Enunciar a meta, é dizer-lhe a complexidade e 0 ar- duo esforco que exige a decifracto do enigma, Por mais dificil éste, serd preciso achar-the a sulugdo, a bem do progresso e da paz desta fracdo do mundo, E, entretanto, ‘em 0 SAAAMAAAAAAAARAMAAAAMAAMDAAMAAM > > > > > > > > > > > > > > \o j> > > ) > > > ) > » > 2 6 Prevacio para tarefa Go vasta, apenas alguns tragos estdo esboca- dos, Nem sequer esté grafado 0 do alfabeto que deveré ser constituido, Cumpre ler este primeiro ensaio, contudo. E Jentaliva.para por metodo no_edos de nossas iniciativas, io desordenadas, pro fo anal problemas a solver, definindo-os, vendo-lhes as reagées reciprocas, as possibilidades presumiveis, os falores que podem surgir, os quadrantes em que podem aparecer, os pontos do ho- rizonte de que sao de esperar. Néo é de desalento a impressdo. Mas é de calma serena, sem desejos jracos e malsdos de anseios por ilu- S6es ofimistas “quand méme”. Uma primeira licdo se colhe dessa analise: relanceia~ se 0 campo da acio. Se 0 seculo deve ser 0 seculo do Pacifico ¢ da Ameri- ca do Sul, imprescindivel é sondar e definir as cardcteris- licas dos termos em presenea. Quanto é America do Sul, 0s dois oceanos que a limitam, a permeabilidade antropo- geografica do continente em st, as semelhaneas ¢ as oposi- goes de suas zonas diversas, os imperialismos varios que @ cercam, os outros que Ihe so intrinsecos, os remedios, os erros a evitar, as feigdes proprias a lhe desenvolver. B interessanlissimo e rigoroso 0 quadro que traco dos antagonismos oceanicos e, correlatamente, dos das duas vertentes que definem a espinka dorsal dos Andes, Nao aw Pnevacio menos, a descrigdo do faci Prata e do Amazonas, Mostra como o conjunto Allantico tende e tenderd naluralmente a sobrepujar, social e economicamente, a ourela do Pacifico, e, a esse respeilo, é digna da maior ponderagio a sithueta que debuca do influxo dos “nudos” e dos “passos” da corditheira, Evidencia as linhas de menor resistencia « possiveis lentamens imperialisticos, constituidas pelo mediterranco que é 0 mar dos Caraibas ¢ 0 golfo do Mexico, condensa- dor de expanses pelo predominio marilimo das terras gue os cercam. Torna luminosamente claro o papel de pe- cificador, com poder de coordenar e de snavizar confli- tos, que pole caber ao Brasil. Nao se exime a examinar, por allo embora, 0 “prne- tum dolens” do Conlinente, a Bolivia, premida por sua siluacdo angusta de pats ilhado, solicitado por terdencias eaternas antagonicas. Esboga como o Canal do Panama pode constituir no noroeste da Sul-America wma zona delicada de cismas politicas. Nao foge a apontar como 0 Uruguai sofre pressdes analogas, entre as afinidades ra- ciais com o Brasil ¢ as solicilagdes politicas da Argentina, Em todos esses casos, alude ao revide, é parada do golpe, com intuilos de tudo resolver na paz e no pro~ gresso. 2 uma segunda ligdo estd nos remedios que enxerya @ unido para nos conhecermos melhor. 's oposto das duas bacias do Unido para a qual néo deve haver exclusivismo de metodos, sob pena de as despesas a enfrentar ndo serem compativeis com as nossas posses, pelo menos num futuro mais prozimo, E as realizacées devem ser prontas, ¢ ndo se compatibilizam com as morosidades inherentes ds cons- trugées de jerrovias, como medicing unica, E pois ao (rilho, ao barco, ao avido € ao hidro que vai pedir os meios de intensificar € apressar essa politica de aproximacao continental. Bem se vé a importancia e a gravidade dos assuntos que versa o presente estudo. Impossivel, nesta bem dispensavel apresentagdo, re- sumir todos os pontos tocados e ideias sugeridas. O capi- ldo Mario Travassos, conhecido oficial do Exército, tem a quem sair, tal a valia, 0 patriotismo e a competencia do fronco ancestral de que procede. Era necessario lembré-lo aqui, para agradecer-the a honra que me concedeu, pedin- do-me para dizer o que significava seu livro. Leiam-no os estudiosos, os que tém responsabilidade de governo. Como ext, ao finalizar, 0 relerdo. Nele todos os homens de boa fé acharéo o que aprender. Petropolis — Abril, 931. CALOGERAS. DUAS PALAVRAS Nada mais convidativo 4 meditagio que a serie dos problemas, éstabelecidos pelas circunstancias geogra- ficas sul-americanas. Como que, quanto se ha passado sobre to variado territorio é simples preambulo, me- ra introdugdo, algumas vezes secular, de inumeras ow tras atuacdes de cujo vulto apenas suspeitamos. Descoberta, colonizagio, formagio de estados, mais de um seculo de vida dessas entidades soberanas, tudo isso se mostra apenas como empolgante prologo do papel que, em verdade, cada uma dessas nagdes tem que representar. O cenario é dos mais grandiosos. Extensio agi- a, multiplici gantada, complexidade geolog' SOA OH HAHA ARAMAMRMAMAAAADMDAAMADM COSC SCSC CECE SCOOUTESCHOHHHTOO OOS i 10 Manto Travassos grafica, hidrografia impressionante. Os atores, apesar de facilmente classificaveis em dois grupos etnicos, principalmente em um desses se diferenciam segundo exigencias as mais diversas. E? realmente tentador sondar-se de como se cal- deiam todos esses fatores, fixar-Ihes os problemas de- correntes, auscultar as possibilidades e probabilidades da terra e do homem referidos assim a tio curiosas condigdes de tempo ¢ espaco, Devem considerar-se as que compendiem to formidavel ga- obras notave ma de problemas. Seja como for, porém, quando ja se tem pensado algumas vezes nessas questdes, nfo se pode fugir ao desejo de escrever sobre elas, embora paginas avulsas, talvez de merecimento discutivel, repetindo, quigi, coisas que muitos sabem, mas, de qualquer modo, di- yulgando quanto se ha apreendido ¢ as conjecturas que se ha feito. Outra coisa nao foi o que empreendemos, primei- ro esparsamente, em artigos, depois agrupando esses artigos em capitulos sob a forma do presente ensaio. Proge¢io CoNTINENTAL pO Brasin. 11 Agora, s6 nos resta confiar os “Aspectos Geogra- ficos Sul-Americanos”, que vimos de coordenar, 4 sa- bedoria de nossos patri ios de boa vontade. Rio — Dezembro, 930. O AUTOR. NOTA Ao langarmos a 2.8 edigdo dessa obra qui Pandit Calogeras tanto recomendou, duas plicagdes devemos aos leitores. De um lado a mudanga do titulo — “Projecdo Continental do Brasil”, para nds 0 yerdadeiro objetivo visado pelo autor, que nao vacilou em con- cordar conosco. De outro, os artigos que constiluem 0 Apendice desta edigio, execlen- te contra-provas das ideias substanciais do livro que Ronald de Carvalho classificou de “primeiro ensaio geo-politico do Brasil” do Paulo - Setembro de 1935. - Os Editores. Capitulo Capitulo Capitulo Capitulo Capitulo Capitulo INDICE PRIMEIRA PARTE Aspectos capitais — Dois antagonismos em presenca Atlantico versus Pacifico Amazonas versus Prata .- 11 — Politica de comunicagées platina Projecio ferroviaria argentina Repercussdo sobre o Pacifico e a Amazonia. 5b oe IIT — Capacidade de reagio da Amazonia © planalto boliviano e a Amazonia As abertas andinas. . + + SEGUNDA PARTE Signos de inquietagio politica IV — Casos de instabilidade geografica, Territorio boliviano e colomDiano. © caso uruguaio . - Vv — Santa Cruz de la Sierra © triangulo simbolico do planaito poliviamo . 7 1 Santa Cruz solicitada nos rumos de todos os quadrantes . . - VI — Influencia norteamericana . © Mediterraneo americano . 17 20 23 aT 30 33 39 43 46 61 62 12 19 81 85 89 92 ROR FR OR OR A FR BN A AR AN A FS AN I COCO OOS OOO SCPOVSCGOOVIDIFISOVTIISS. . TERCEIRA PARTE \C io continental do Brasil Capitulo VIL — sintese geogratica do Brasil. . brasileiras Papel funcional dessas “resides naturais” 6s a Capitulo VIII — Aspectos deeisivos do Brasil platino e do Brasil amazonico Agdes noutralizantes sobre a bacla do Prata.. a 8 Potencial centripeto da Amazonia . Capitulo IX — Expressio continental do Brasil Os transportes e 0 nosso tipo con= tinental , ‘Pee + Imperatives & rede aerea sul. americana. ‘i a Forga coordenadora do Brasil lon- gitudimal =... ee Mais duas palavras . 6 ee ee ee APENDICE A posicio como expressiio geografica de Mato Grosso As comunicacdes coma problema essencialmento geografico, 2. - : oe Em torno do nosso problema de comuntcagses . Nossas caracteristicas geografieas de circulacio A proposito do papel functonal de nossos portos BIBLIOGRAFIA . a0 Boa) oe 105 108 113 119 24 126 ast 132 140 173 1s 191 198 207 1 PARTE ASPEOTOS CAPITAIS Capitulo I — Dols antagonismos em presenea Capitulo IT — Politica de comunicagées platina Cwpitulo HE — Capacidade de reagio da Amazonia sta CAPITULO I ‘MOS EM PRES DOIS ANTAGON Atlantico versus Pacifico — Prata versus Amazonas Quando se consideram, em conjunto, os feno- menos economicos e politicos que se processam em pleno continente sul-americano ¢ em seu derredor, tem-se de admitir os dois antagonismos formais que se verificam em seu extenso ¢ variado terri- torio, como dos fatores essenciais 4s modalidades por que se manifestam aqueles mesmos fenomenos. Esses antagonismos, se de certo modo sepa- ROM AAAAAMAMAARAMRAAAAAAADAADMMD CSCS CUESSCSCESCOHOHTHPFTOSIIIS. Seueeuse 18 Manto Tray os ram, como de resto todos os antagonismos, podem traduzir, se conjugados, as verdadeiras forgas creadoras do quanto se passa nos dominios politi- cos ¢ cconomicos da atividade sul-americana. essa constataco no vem senao confir mar uma das mais decisivas conclusées da ciencia geografica moderna, em face da qual os antagonis- excelencia, se se encaram os aspectos antropogeo- graficos que encerram, If isso se torna tanto mais verdadeiru quanto mais se desenvolvem, de uma parte, as vias de co- municagaio e os meios de transporte, e, de outra, a riqueza a fazer circular. As reagies desses fatores, entre si, se condi- cionados aos antagonismos geograficos em pre- senga em nosso continente, somente elas, desse modo encarad: podem estabelecer criterio se- guro para orientar os espiritos, quer no julgar da ral. DO Brasit. 19 importancia dos acontecimentos atuais, quer no es- timar as possibilidades de seus desdobramentos ul- teriores. Esses antagonismos se manifestam segundo diversa amplitud —um, abrangendo todo 0 continente, cm suas causas como em seus efeitos — traduz-se — outro, interessando diretamente a vertente atlantica — é a oposigao das duas grandes bacias que se encravam nela, a do- e ado - Prata, e podem ser facilmente constatados ao mais breve relance sobre uma carta geografica da America do Sul. 20 Manto ‘Thavassos Atlantica versus Pacifico es antagonismos, as cumia- No primeiro des das dos Andes dividem agua especificamente diferentes. Para oeste, 0 Paci- fico, “o mar solitario”, 0 oceano de feixes de cir- culagio regionais, das extensdes sem fim, das grandes profundidades, das polinesias. Para este, 0 Atlantico, cujas aguas sfio as mais fre- quentadas do globo, em cujas costas a ecumeno para dois oceanos maritima se encontra magnificamente definida ¢ onde o “planalto continental” é dos mais pi E as vertentes, correspondendo a cada um 0805, desses oceanos que enquadram o territorio sul- americano, néo fazem mais que levar terras a dentro a oposicao litoranea de suas proprias cara- teristic Na vertente ocidental, a do Pacifico, nenhum “grande rio; as terras descem bruscamente de alte- s. 666 CO ee SOS CST CFCC FF SES IIVSGS 22 Manto ‘Thavassos rosos planaltos ¢ pincaros, preferindo as aguas 0 sentido dos meridianos, pereorrendo, como torren- tes, os vales longitudinais andinos antes de abor- darem o litoral. Ao litoral, pobre de articulagdes (enseada: baias, golfos, etc.), isento, no rigor do termo, de ~ecumeno maritima, corresponde um interior ca- rateristicamente montanhoso pela altitude, tao bem 10 mineira dos tratos ¢ a men- como pela produ talidade estatica das populagdes. Na vertente oriental, do mesmo modo, tudo harmonizado com 0 oceano que the banha o lito- ral. As terras, e com elas as aguas, se alongam, desde os confins mediterraneos, até alcangarem, tranquilas, 0 oceane. Imensos rios navegaveis prolongam, terra a dentro, todas as magnificen- cias atlanticas, vinculando destarte o interior aos grandes feixes de circulagio maritima. Ativida- de pastoril e agricola, espirito dinamico, Prosecio CoNtINENTAL po Brasn, Nao ha duvida que estamos deante bem mar- cado antagonismo, se das cumiadas dos Andes Ihes pesquisamos as vertentes e os oceanos que as enquadram. Amazonas versus Prata Encarando-se 0 segundo dos antagonismos, nio menos evidente se tornaré sua constatagio. Se partirmos do planalto boliviano para les- te, sobre o divorcio aquario que emerge dos con- trafortes andinos e se estende pelo planalto cen- _ tral brasileiro, repartindo as aguas entre a bacia amazonica é a platina, até se fundir na barreira orografica que, por sua vez, reparte aguas entre o ¢ Paranaiba, cons- lataremos nova oposigao. Ao norte, 0 Amazonas; ao sul, o Prata. 4 Manto Tray Seus mais longinquos formadores se opdem sistematicamente. O maior volume daguas de um Conreunandinesdongdralydosnorte; as aguas do outro, na do sul. Apenas concordam em decidir na diregao geral de leste o curso inferior de suas caudais. Ainda assim fazem-no apés percurso de regides que se contradizem pelo clima e pela pro- dugdo: 0 Amazona recebendo em seu longo curso dos ao N. ¢ ao S. do Equador; o Prata, em seu curto desenvolvimento, enfeixan- do toda uma extensa bacia homogenei tropico meridional. afluentes repart da pelo Ao passo que o Amazonas esbarra com o oceano na extremidade N. E. do litoral da grande vertente, 4 altura do Equador e frente ao feixe de circulacéio maritima mais importante do Atlanti- co Sul, o Prata f4-lo muito abaixo do Capricornio, frente a feixes secundarios de circulagdo mari- tima. Puosngao CONTINENTAL po Brasil 2 como se pode desde ja concluir, além das complicagdes peculiares as circunstancias que 0 definem, ‘esse antagonismo como que agrava © criado pelo divisor andino, por isso que as reagoes da yvertente atlantica scbre a de Pacifico se vao sar através dois compartimentos tambem proc antagonicos. E’ por vertente do Pacifico vai procurar neutralizar suas sses compartimentos que a insuficiencias ou sejam as insuficiencias de seu litoral (ausencia de ecumeno) ¢ do oceano que o hanha (cireulagao regional). duas formidaveis valvulas de Ainda por es seguranca, em contacto direto com a civilizagio eu- ropcia, é que a vertente pacifica vai escapar a in- fluencias estranhas que seus vales longitudinais possam atrair ¢ canalizar. Destas causas surgem os dois outros aspectos capitais, que se podem traduzir na competigéo car- PAH MRAHAMRHAAAAAMAMABRARAMMAAM® wee wwwewwey www www KW HYVYDIIWI Ge 26 Manto Tnavassos readora dos dois compartimentos da vertente atlantica, mesmo para além das cumiadas andinas. E’ o que nos vai demonstrar um relance sobre a politica de comunicagées platina e sobre as pos- sibilidades viatorias da Amazonia. CAPITULO II POLITICA DE COMUNICAQOES PLATINA Projegiio imternacional da rede fer- roviaria argentina — Repercussiio direta sobre a vertente do Pacifico © indireta sobre a bacia amazonica. A rede de comunicagées platina é das mais palpitantes demonstragées de quanto vale o ho- mem como fator geografico de primeira grande- za. Do mesmo passo, prova, de modo perfeito, a clasticidade da geografia politica como cupola da antropogeografia, a gama de suas variagdes, des- de a mais racional das hipoteses até o mais absur- do dos fatos, | 28 Manto Travassos s comunicagées platinas Aspectos como 0 de nao deixam duvidas sobre que a geografia politica ndo é, em verdade, senao outra qualquer geografia da uma vez animada pelo homem, F conveneido de que, sem © homem como fator geo- toda a geografia se torna verdadeiro corpo sem alma. E’ que o sentido politico, em toda a amplitude de suas acepgdes, € bem a alma das realidades geograficas para as quais a atuagio do homem ¢ tudo, No caso particular das comunicagbes platinas essa atuacg%o se mostra por demais interessante, ar no proprio posto que aquelas vias se vao conder coracao de um dos paises da bacia platina, de Bue nos Aires, a distribuidora a beira mesmo do Prata, 4 borda do Atlantico, E quanto esta realizado honra sobremodo a nac&o argentina, pela grande- za e¢ alcance dos cometimentos, apesar do vulto da contribuigdo estrangeira. Promeio ContINENTAL DO Brastt, 29 Com efeito, o quadro politico argentino é, em nosso continente, exemplo notavel do que de me- Jhor se admita, no ponto de vista doutrinario, S0- bre o assunto. Nao lhe falta nem extensao, nem equilibrio. Traduz, exatamente, ago coordena- dora sobre os fatores geograticos ¢ humanos con- dJicionados pela nagio argentina, Define com preci- fio as tendencias, as necessidades ¢ possibilidades lo povo argentino, em si e em relacdo com os demais De qualquer de suas modalidades politicas se as dir pode remontar, facil € espontaneament tivas de sua politica nacional, Em conjunto, suas atividades constituem verdadeiro sistema de for- gas, segundo as aspiragdes da propria nagdo ¢ pa ra o qual a politica do Estado argentino é a resul- tante logica. ROME AAA AAAAAMMAMAMAMAMADAOMM® a ee ee ee ee ee ee ee eee ee ee es 30 Manto Travassos Projecio ferroviariw argentina ‘Tudo isso se compreende e sente quando se toma conhecimento do carater expansionista da politica de comunicagdes platina, tanto 0 estado das comunicacdes — dado o feitio economico das sociedades modernas — é significativo como indi- cagio segura sobre os rumos e€ a estabilidade de determinado sentido politico. O esquema que materializa o esforgo ferro- viario platino da, por si mesmo, ideia do vulto eco- homico ¢ politico do sistema de comunicagdes do Prata. Nao s6 deixa sentir, em toda sua expres- so, 0 carater concentrico do sistema, como indi- ca, desde logo, o grau de sta repereussao sobre as redes circunvizinhas. Como se vé, Buenos Aires esta ligada, dire- tamente, por estrada de ferro, com as capitais de tres paises limitrofes. Com Assuncién, dobrando: ‘aia fluvial, ¢, de passagem, assegurando 0 con- pSsUM PESO 32 Manto Travassos acto (Concordia - Salto), entre as redes argenti- nae uruguaia, Com Santiago (e Valparaiso) por meio da via-ferrea de montanha que vincula a riqueza andina com o Atlantico. Com La Paz, pela soldagem em Tupiza, da via argentina, com as linhas belivianas, apés seus trilhos percorrerem até La Qui ‘aa bagatela de 1.795 km. Quanto ao carater concentrico do» sistema, torna-se evidente sua importancia, se considerar- mos certas particularidades. De um lado, as vias navegaveis nada perderam. Nao ha competigao; mis" cooperacaio. Além disso, 0 servigo portuario € as condigdes tecnicas da navegabilidade fluvial cada dia se desenvolvem mais e o Estado argen- tino mantem a dragagem permanente dos rios na- vegaveis. De outro, est o jogo dos transportes, quer por esses dois meios de comunicagao, quer pelas transversais, que permitem “rocar” os trans- vraL po Brasi. 33 portes de um feixe de comunicagies sobre outro, 0 que se pode facilmente apreciar numa carta ferro- viaria argentina. Quanto 4 repercussao do sistema sobre as Te- des cireunvizinhas, esse é aspecto dos que merecem atenciio especial. Se nas ligagées Buenos Aires - Santiago e Buenos Aires-Assuncién essa reper cussio nao ultrapassa os limites de sttas naturais “consequencias, da ligagio Buenos Aires-La Paz advém reflexos capazes de repercussio até mes mo sobre a economia continental. Repercussiio sobre 0 Pacifico e a Amazonia Voltando a consultar 0 esquema, pode-se, em rapida discussao, estimar a importancia politico- economica dog reflexos de carater continental re- sultantes da ligacdo Buenos Aires-La Paz. OAR AR OAM O®D COC CCS CECE E OO GOOSOGGOGIIGIIIII. 34 Mario TRAVASSOS Se se pesam todos os fatores, conclue-se, reflexos se manifestam de desde logo, que esses sob duas modos diferentes; apresentam-se s que se com- dois faces, por assim dizer opostas, ma: pletam. Em primeiro lugar contactos com 0 Pacifico. de Valparaiso ¢, pode dize ligagao com 0s portos de Antofagasta, Mej ‘Arica (chilenos) ¢ de Mollendo (peruano). Ape- sar do carater indireto destas ligagGes, nao ha io continental. Basta que se s An- ligagaéo com o porto se, multiplicada pela Jones, hegar sta repercu: considerem o significado politico das estrada: tofagasta ¢ Arica-La Paz (Guerra do Pacifico), a mais ou menos artificiais da~ ima), as condigoes de vidi queles portos (ausencia de ecumeno mar das aguas que os servem ¢ as Conse: ¢ futuras do Canal do Panama “isolamento” quencias atuais : sobre o trafego maritimo do Pacifico. Tais se- | Prosecio ContINeNTAL po Brasi. 35 Jam as cireunstancias, essas vias ferreas poderio vir a encontrar finalidade de todo oposta aquela que inspirou sta construgdo, tornarem-se verda- deiras bombas aspirantes, carreando para a alti- planicie a riqueza dos vales longitudinais da ver- tente ocidental andina, A via Buenos Aires-La Paz fara o resto. Hm seguida, ressalta o significado da ligagao Buenos Aires-La Paz mais avivado aind la pelo seu prolongamento até Cus ‘us trilhos repre- sentam, frente mesmo As cabecas di : los vales do Mamoré, Beni e Madre de Dios (Amazonia), de- cisiva barreira economica, verdadeira calha cole- 7 1 favor di 1 verdade que qualquer prognostico que se queira fazer em torno da projegio politico-eco- nomica da ligagio Buenos Aires-La Paz esbarra em questé dificeis de contrabalangar, 36 Manto ‘TRavassos Dentre essas esto as distancias colossais pal- milhadas por via simples de bitola estreita, muitas vezes com seu reduzido rendimento apoucado ain- da pela cremalheira ¢ por mas condigdes meteo- rologicas locais. De Buenos Aires a Antofagasta, 2.701 km.; a Arica, 3.020; a Mollendo (inclusive a travessia do Titicaca), 3.433! Realmente sao cifras quasi astronomicas. Problemas de tarifas, questdes de transbordo, enfim custo dos trans- porte: F? certo, porém, que imperativos economicos se encarregarao de aplainar muitas dessas dificul- dades, mediante convenios (trafego mutuo) ¢ re- cursos tecnicos, visando aumentar 0 rendimento dessas vias como, de resto, se comega a verificar. Do quanto ficou dito pode-se coneluir, pois, com certa seguranca, do papel da, ligagdonfersor viaria Buenos Aires-La Paz, como indice de ho- ficos sul-americanos, quer o de suas vertentes quer o da oposigio das duas bacias capitais da ver- tente atlantica. Grimpa para o planalto boliviano e coleta os trilhos que saltam pelos célos andinos num esforcgo neutralizante de boa parte dos as- pectos daqueles antagonismos, mas em proyeito do. ~ Prata, HRA ARAAMAAAMAMRMAMAAMAMAMABAAMAABAA®D a ee ee A a CAPITULO III CAPACIDADE DE REACAO Da 3 AZONIA, © planalto boliviano cagdes da comms. As aber Como acabamos de ver, dentre os aspectos nutis importantes do esforgo ferroviario platino, € notavel o vulto economico ¢ politico da ligagao Buenos Aires - La Paz. Em primeiro lugar, essa ligacdo, embora in diretamente, multiplica os contactos da vertente. ~atlantica com o Pacifico. O que o transandino, 10 Manso Travassos pelo Paso de Uspalata, faz com Valparaiso, a li gagiio Buenos Aires-La Paz, se considerarmos que ela se prolonga até Cusco, opera em relagio aos portos chilenos di Antofagasta, Mejillones ¢ Arica, e ao porto peruano de Mollendo. Em se- guida, esté o papel que seus trilhos representam, frente As cabecas dos vales da bacia do Madeira, mo ybarreira economia, verdadeira catha cole- tora, na alti-planicie, em favor do Prata, como di- ” ziamos. Considerando a repulsio geografica entre as bacias do Prata e do Amazonas, sente-se bem 0 que traduz a politica de comunicagées platina como ‘neutralizagio da ma posigéo do Prata ¢ Proge¢io CONTINENTAL pO Brasil. aL © planalto boliviano e a Amazonia Agora restmamos as comunicagdes do pla- nalto boliviano, bem ~ brea politica ferroviaria platina. Esse, parece-nos, é assunto por demais palpi- tante, dadas a crescente importancia economica do planalto boliviano ¢ a repercussao continental da politica de comunicagées platina. A chave desses problemas se encontra no cha- mado triangulo economico Cochabamba - Santa ~ queza boliviana, : Esse triangulo tem a particularidade, devido & sua posigdio, de oferecer a base (Cochabamba- Santa Cruz) justo As possibilidades viatorias que o Madeira, por sua vez, oferece 4 vertente nor- deste ¢ leste do planalto. SAA FAAAAAAAAMRAARAAAARAAAABDA®D » ’ » 42 Manto Travassos > Por outro lado, essa base é representada no ® terreno por excelente rodovia, ligando Santa Cruz Dae la Sierra a Cochabamba, o que aumenta de D muito o valor de sua posigio. d Todavia, é preciso nao esquecer que, se Santa » Cruz é enlacada pela bacia do"Rio Grande, o mais ) importante formador do Mamoré, Cochabamba ¢ ) solicitada diretamente pela re p tinave nao deixa de sofrer a influencia maritima y de Arica, em consequencia do proprio sister > ferroviario da regia > Assim é que se torna mais que evidente a im- > portancia atual de Cochabamba, como principal D vertice do citado triangulo economico do planalta ) boliviano, isto é, como centro de atragio de todo 0 ) potencial da regiao interessada por esse mesmo > p Posi 10 sb sua ngulo. Em seu favor contam-se, 1 central, mas, ainda, as comunicagdes que enfeixa. > xa, Ceueuye “ARGENTINA PARAGUAY 44 Manto Travassos inversio desses valores, entretanto, € coisa is possiveis de realizacao, se levarmos ent ertente orien- das ma conta a iniportancia economica da v tal do planalto e a capacidade de atracao da Ma Quanto 4 importancia economica desta ver- tente, Santa Cruz representa-a bem, como 0 prin cipal centro produtor de toda a imensa zona de Pradarias e rebanhos sem teristicos suficien- que vimos tratando. fim, borracha ¢ trigo sio cara tes para a qualificagao economica dessa zona. ‘A capacidade atrativa do Madeira, ja fran- camente manifestada pela construcio da estrada La Paz- Yungas, ao que nos consta, em vias de conclusio, espera apenas a ligacio ferroviaria Santa Cruz-Cuatro Oyos (200 quilometros, dos quais 100 ja abertos cm rodovia), ou melhor, Santa Cruz-Guajara-Mirim, para que se faca ininterrupto o trafego f erroviario de Santa rNENTAL po Bnasii. $5 ProsEcio € ‘Cruz até Porto Velho, onde os trilhos entregam 4s vias fluviais a carga que sobre eles rola. expanse : resulta is e trata apenas de ~ bamba par: jnelusive, porque a atra- cio exercida por Cochabamba é por assim di- dizer artificial, produto das facilidades de comu- nicagdes de que tem desfrutado, ao passo que Santa Cruz representa realmente o verdadeiro centro de gravidade da economia do planalto. A estrada La Paz-Yungas é precioso ¢s- forgo, embora secundario, que os bolivianos fa- zem para escapar 4s malhas ferroviarias do Pra- ta, levando pelo Beni, para aguas do Amazonas, a maior e melhor parte da riqueza da vertente nor- deste do planalto. Resta montar 0 esforgo prin- cipal, ou seja completar’o lango magnifico que a “-Madeira-Mamoré representa, fazendo aproxi- mar, de qualquer sorte, as pontas dos seus trilhos eanae ARMA AAAAM2AM24M2M2O9292999 OF 46 Mario ‘Travassos Gadd. pia regido de Santa Cruz de la Sierra, mesmo do- pbrando a via fluvial. Essas sio as grandes linhas do problema. ra espon- oem » Em presenga dfas se tem de reconhe Amazonia, nessa reg azao & bastante para que se reconhe- > cam as comunieagbes da Amazonia como capazes vidio atual do planaito bo- > de contrabalang D liviano as comu platinas. As abertas andinas Se, além disso, se faz um estudo da Cordi- Iheira dos Andes, do ponto de vista da permeabili- as, redobra-se de valor a ca- pacidade carreadora da Amazonia. COCSCCCECELELEUY 90 34 D320 B'S, Peronnyl. ws aa Octane pest aeons = 48 Manto TnavAssos , que se esta- helecerem linhas divisorias. F, dia a dia, quanto mais crescem og recursos industriais 4 disposico do homem, menos valor yao tendo as linhas divi- sorias, mesmo as que melhor caraterizadas sejam sobre o terreno, ‘Trate-se de fronteiras politicas ou nao, pre- tenda-se simplesmente circunscrever zonas em que se registam certos fenomenos, por toda a parte a mesma caducidade dos velhos preconceitos lindei- ros. E, quanto mais se manifestam os efeitos da pluralidade das comunicagées, menos incisivas se tornam as lindes de qualquer especie. Os rios, em algum tempo considerados como recursos dos mais capazes para delimitarem fron- teiras, constituem frisante exemplo desse feno- meno. As linhas dagua, que sempre foram obsta- culo ilusorio no ponto de vista militar, economica- Prose¢io CONTINENTAL DO Brasit, 49 mente se mostram até como vinculadores das ver- tentes que Thes correspondem. Os grandes vales sio verdadeiros eixos de compartimentos economicos. Essa a verdade que ninguem hoje pode contestar. Na derrocada das lindes, ou melhor, dos an- tigos conceitos sobre essas linhas, somente os divi sores daguas pareciam resistir, Realmente, a linha de cristas dos divisores, quando repartem as aguas, separam as vertentes ¢, com elas, a produ- (gio) a riqueza, A cavaleiro dos mais altos desni- velamentos, entdo, nada mais evidente que isso. Entretanto, considerando-se certos movimen- tos compensadores de uma sobre outra das ver- tentes, verifica-se tambem a pouca solidez/dosdi- » visores para delimitar fronteiras, espagos geogra- ficos. No caso dos rios, as reagdes entre as ver- tentes em nada alteram seu papel de vinculador das mesmas. Se se trata de divisores, porém, mo- HAHAHAHAHA AMMAAMMMMMMMMAOMAOMMDS® COC CCE ESET EH SCOPES GOIITSPOSIIIS. 50 Manto Tnavassos yimentos daquela natureza podem modificar sociadora, profundamente sua fungio di As reagdes em proveito da vertente melhor dotada se proc pressdes da menor resistencia da antepara divi- am através os cdlos e outtas ex soria, tal como se di a procura de equilibrio dos liquidos em vasos comunicantes. E é assim que, mesmo em se tratando de elevados divisores, po- dem eles assumir papel funcional yinculatorio. Apenas, 2 medida dessa vineula 10 é que se apre- senta de todo aleatoria, por demais variavel, se a comparamos cam o caso fluvial. Dessa estranha hidrostatica politico-econo- mica, a Cordilheira dos Andes, com o mareado antagonismo de suas vertentes, nos dé valiosa amostra. Na vertente atlantica, longas ¢ vastas bacias hidrograficas. Tmensos rios navegaveis, mesmo nos confins mediterraneos. Litoral fortemente Prosegio Coxtixey'r articulado, bordando extenso e rico planalto conti- nental. Costas de condensagaio proximas a impor- tantes feixes de comunicacio maritima, Na vertente pacifica, litoral muitas v inhospito e excentrico as grandes vias de comuni- cacio ma na. Interior sistematicamente monta- nhoso, convid tivo, pelo clima e pela produgio. Comunicagdes longitudinal is, paralelas ds cristas das grandes mi as integrantes da Cordilheira Em resumo, na vertente atlantica imensa su- perficie de contacto com os mais possantes centros da civi zagio mundial, vias de penetragio natu- rais extendendo-se do oceano as proprias fr: andinas, aldas as; na vertente pacifica, isolamento maritimo re- lativo, produgdo e comunicacd carateristicas montanhosas, ~ tendencias estaticas, que aconchegam 52 Manto Travassos Recapitulamos 0 formidavel antagonismo de- ado pelas cumiadas dos Andes, porque da mancira de ser da oposigao entre as vertentes an- dinas pode-se concluir da influencia decisiva da vertente atlantica sobre a vertente pacifica, da. sorte de succaio economica que o sistema hidrogra- fico daquela, acionada como se encontra pelas cor- rentes de transportes maritimos mais importantes do globo, ha de exercer sobre esta. ma Eo grau em que se manifestara essa influen- cia vai variar segundo tres ordens de fatores: —a maior ou menor possibilidade de se le- varem, pelas linhas naturais de comunicagde, 5 meios de transporte necessarios; —a maior ou menor praticabilidade das aber- ~tas-nas linhas de cumiada ; —enfim, a maior ou menor tendencia a ple- tora, levando ao nivel dessas abertas a riqueza a transbordar-se de uma para outra vertente. | | | Pnosegio CoNTINENTAL Do Brasil Da acio conjunta desses fatores é que vai de- pender 0 grau de elasticidade do formidavel di- vorcio aquario marcado pelos Andes, em pr oveito da economia da principal vertente da grande massa continental sul-americana. Se se examina a Cordilheira dos Andes em suas grandes linhas, verifica-se que as vias de transfusio entre suas vertentes se encontram, seja nas regides dos Pasosy seja na dos Nudos, formas topologicas estas que balizam os centros de dis- persio orografica das varias secgdes da grande cordilheira. Os \Pasos, como por si mesmo traduzem, in- dicam as passagens, por assim dizer maturais (cb- Jos), de uma para outra vertente. Desses, os dig- € nos de nota séo o dé Uspalata (Chile-Argen- ¢ tina) e o dé Santa Rosa (Chile - Bolivia). ‘ Os Nudos, como centros de dispersdo daguas «€ em relagiio As varias ramificagdes dos sistemas de AAAMOHAMAMM2MDOADDM®A © € a < € € SCC CSO ESS CEO SC EOP BOGIFSIIIIS ad Mano ‘Travassos montanha, que, de quando em vez, neles se enfei- am, apresentam-se sob a forma aproximada de planaltos em torno de win altorpico, expriment I nhas de menor resistencia, dentre as que const tuem a formidavel antepara divisoria. ‘Tradu- zem, por 880, embora de modo indireto, a permea- bilidade transversal da Cordilheira, ptam-se o de Pasto (Colombia), Loja (Equador) ¢ Pasco e Cusco (Perit). Do papel funcional dos Pasos uma carta da America do Sul di-lo cloquentemente. O de Us- palata da passagem ao transandino. O de Santa Rosa, balisado em sua parte mais alta pelos lagos Titicaca e Poopd, di acesso As linhas ferreas que, do trecho Ktoraneo Antofagasta -Mollendo, re- montam o planalto boliviano, O papel funcional dos Nudos esti, pode-se dizer, ainda por ser revelado, Retardam-lhe o advento as pressdes exercidas sobre seus flan- STAL po Brasu. 55 cos, pela maior facilidade das comuni ages e Za. AO zado pela ba- cia do Madalena para aguas do Atlantico, além da atragio naturalmente exercida pelo Canal de Panama. Ao sul, 0 escoamento verdadeir maior necessidade de circulagio da rique norte, o territorio colombiano, cana: mente espontaneo assegurado pelo planalto boliviano, que se abre francamente as vias essenciais da ver- tente atlantica. Finalmente, a capacidade dora ainda ineipiente dos transport ea- na Amazonia € a incipiencia economiea das regides interessadas pelos Nudos, Apesar de tudo isso, porém, nao padece du- vidas sobre a importancia funcional dos Nudos no complexo aparelho da economia do continente, A posigao deles é das mais notaveis no opulento _anfiteatro da Amazonia. E nao Ihes faltam vias de acesso para o Atlantico, embora ainda por se desenvolverem, — 36 Manto Trayassos No ponto de vista das comunicagées, notada- mente, se encontram eles bem situados. Os de Pasto e Loja olham para os vales do Putumaio ¢ do Maranhio; 0 de Pasco para a propria bacia do Maranhio e os vales do Purtis e do Jurud; o de Cusco prolonga o de Pasco no rumo da bacia do Madeira. Conhecidas a influencia atual das comunica- c6es platinas sobre o planalto boliviano, as nota- veis possibilidades viatorias do Madeira e sua ba- cia ¢ considerada a tendencia da Noroeste brasi- leira para servir aquele planalto, resta, evidente, que os Nudos de Pasco e Cusco, este diretamente, aquele indiretamente, se associaréo ao papel fun- cional do Passo de Santa Rosa. Quanto aos de Loja e Pasto, permianecerao: neutralizados pelas influencias poderosas do Canal do Panama, até que o congestionamento dessa via artificial eo des- pertar dos transportes nos vales amazonicos que Progeeio CONTINENTAL DO Brasit. defrontam esses Nudos rompam, solicitados pelo desenvolvimento da riqueza nas regides interes: sadas por essas formas topologicas, 0 equilibrio em favor da vertente atlantica. Pasos e Nudos — aqueles ja revelados, estes ainda na incipiencia de segura promessa geogra- fica — significam, em conjunto, surpreendentes consequencias de ordem politica tao bem quanto economica para o continente sul-americano. Quando as possibilidades carreadoras da Amazonia se verificarem a pleno rendimento ¢ conjugadamente com as abertas andinas, excluin- do apenas o Paso de Uspalata, as bocas do Ama- zonas despejario no Atlantico grande parte da riqueza do centro e da vertente ocidental do continente. E cumpre nao esquecer o papel ace- lerador que as correntes imigratorias dos nipdes poderao assumir, se preferirem, mercé de sua inex- PRAHA AAAHRAAAAMARMAAMAAMADABMA 38 Manto Trayassos cedivel capacidade realizadora, crear caminhos mais diretos para seus nucleos em territorio bra- ae sileiro. Eis de como, com a materia desses ties capi- } as partes essenciais da gran- de montagem geografica na quai cessando os langos de toda a politica e economia sul-americana, inclusive certas atuagdes inquietan- tes, como pas 28 PARTE YOS DE INQUIETACAO POLITICA Samos a ver, tulo IV — Casos qe instabilidade geografica Capitulo V — Santa Cruz de Ia Sierr: Norte-Americana SSCS CEC SESE H SUPE FOTFISOVSISOSG ve ern —y-5— CAPITULO IV \TABILIDADE GEOGRAFICA cASOS DE IN Em torno dos territorios boliviano © colombiano — Caso uruguaio, Nada oferece maior soma de motivos gera- dores de inquietacdo politica que a instabilidade geografica, isto é, a oscilagdo de certos territories entre determinadas carateristicas que os circun- dam, Territorios assim oscilantes sio verdadeiros focos de perturbagées politicas, causas de dissen- cdes ou, pelo menos, de preocupagdes sérias para * PPO MAA aA AA MARMARA AMMADAM Manto Travassos CIO. & Em nosso continente ha alguns casos de insta- D bitidade geogratica dignos de registro. Um deles, D 0 da Bolivia, ¢ sobejamente conhecido. Outro, P que se verifica no canto noroeste do continente, D apenas comega a interessar, E ainda ha 0 caso ) utuguaio comprovado fartamente pela historia. » > 5 > > > > >» > > » > > > > » > @ abe Tervity s boliviano © colombiane O caso da Bolivia foi vulgarizado pelas pro- Prias consequencias da Guerra do Pacifico. Apés todas as discussdes em torno da sua triste situagio de pais mediterranéo ficaram em franca evidencia as verdadeiras causas de sua instabilidade, De um lado sua dina, de outro sua oscilagio deante as bacias que Ihe corroem os flancos — a amazonica e a platina. Prog Ao ConTINENTAL DO Basu. 63 Com efeito; a situagio da Bolivia é hoje das mais delicadas. Amarrada geologicamente 4 Cor- diiheira dos Andes, sofre diretamente os efeitos das discordaneias entre o Chile ¢ 0 Peri. Tra- balhada pelas bacias amazonica ‘¢ platina ose instavel, entre a Argentina ¢ 0 Brasil. Como’ verdadeira amputada da Guerra do Pacifico e ante a indiferenga brasileira, teve que sitjéitar-sey sem Des multiplos aspectos da Bolivia mediterra- nea, esse ultimo é dos mais importante: A intensificagao do trafego flu var ao Atlantico, pelo Prata, a produ para le- Ao boliviana; oalongamento dos trilhos argentinos 4 procura dos trilhos bolivianos num esforgo de dobrar os trans- porte fluviais: as vias transversais que procuram stabelecer a rocada entre as vias fluviais e fer- reas. enfim todo © trabalho da ja argen- itina sobre a Bolivia, tém custado muito esforco, 64 Manto ‘Thavassos principalmente o emprego de vultosos capitais que urge defender, Por outro lado, a Bolivia nao se contenta com um porto de mar no Atlantico — quer a sua_ Saida maritima no Pacifico, Enquanto mio, sen- tindo o quanto Ihe custa a protecio argentina, pondencia mais direta com seu planalto central (Santos ou S. Francisco). E de todo esse exame pode-se fixar de modo area 0 sentido politico da Bolivia como 0 “de conflito armado, cujo vulto podera mesmo assu- mir o carater de verdadeira conflagragao. O outro caso, 0 dauantoeneunestratogomntio © nente; comegou a revelar-se com a abertura do * Canal de Panama. ‘Trata-se da regiao compreendida pelos terr tories do Equador, da Colombia e da Venezuela. So CONTINENTAL po Brasit. 65 que, no ponto de vista geologico, certos autores designam por um triangulo cujos vertices se apoiam no Golfo de Guaiaquil, no de Darien e na Tha da Trindade. Nao se pode negar o interesse que essa re- gidlo sempre despertou, do ponto de vista historico. Nao s6 a colonizagio como as campanhas da in- dependencia, pode-se dizer que partiram dela, no que toca aos hispano-americanos, Basta citar-se Bolivar e seu exercito para que se diga tudo, Atualmente, porém, sua importancia desperta sob novos influxos. ‘As influencias politicas ¢ 08 interesses economicos que se aninham_no Mar das Antilhas e 0 foco de atragio que 0 Canal do Pa- nama representa sao, por si sés, capazes de subli- nhar, stficientemente, a instabilidade geografica dessa ex tremidade continental, erigindo ai, como no centro mesmo do continente, outro caso de fra- gilidade politica. Eb San Moetin PRO OAAMeEmRAA RAMANA AAAARADRAM COSC CSC CSCC ESOC HOOECOOOHOOOOBVIIIYS 66 Manto Travassos E essa instabilidade cada dia se carateri- za melhor, 4 proporgao que o Mar das: Antilhas se vai saturand uencias: as e que es- a de um possa servir de deriva- tivo, parece que, mesmo assim, em nada desmerece © mau carater dos aspectos politicos que se vém mostrando em torno da instabilidade geografica do canto noroeste do continente. Esta instabilidade geografica é facilima de constatar-se, Basta que se examine com cuidado uma carta geografica da America do Sul, A luz de certos principios da moderna geografia, para que 0 fenomeno salte aos olhos em toda a sua plenitude, Antes do mais, com a carta sob os olhos, ve- rifica-se que o conjunto da regiao é trabalhado, si- multanea e intimamente, por duas influencias ma- ritimas diferentes, senZo opostas — a do Pacifico, ea do Atlantico. | ProsEgio CoNTINENTAL po Bnasit. 67 Se é verdade que ai a costa do Pacifico perde um pouco de sua proverbial aridez, articulando-se melhor com 0 oceano, como 0 demonstram © Golfo ‘de ( nem por isso suas carateristicas desaparecem, principalmente se se consideram as influencias do Canal de P; anama. A costa atlantica, por sua vez, como que re- quinta ai todo o esforgo de sua dinamica fluvial. As caudais da vertente atlantica quasi atingem a vertente oposta. O atrevimento do Atrato, que chegou a ser a grande sugestao para a construcio do canal inter-oceanico, tais as mostras que deu como trago de unido entre os dois oceanos tensdo penetrante do Madalena e do Cauca bercussio dessas caudais expressa pela navegabili- dade do Orinoco e¢ a concordancia do Putumaio com 0 Solimdes e o Amazonas, das mais extensas vias fluviais navegaveis, sio todos esses aspectos simples modalidades daquele mesmo e incomensu- ravel requinte. 68 Manto Travassos Como é natural, ds diregdes excentricas de semelhante hidrografia corresponde a necessaria dispers&io orografica. Aqueles imensos vales se entremeiam com as ultimas ramificagdes da cordi- B como se-ao_atingirem’o alto Iheira andina. E € 0 planalto.do Equador o grande centro de dispersiéo daguas em todo esse quadrante, ao mesmo tempo que a articulagdo de todo esse trato geografico ao facies andino. Tal como o territorio boliviano, que se acor- renta a estrutura andina e oscila entre as atragdes da Amazonia e do Prata, “iano, soldado 4 Cordilheira pelo Nudo de Pasco, oscila entre as atragdes de dois oceanos — do lado do Pacifico a Baia de Panama, em que desagua 0 Canal; do lado do Atlantico as tres formidaveis antenas que sio o Madalena, 0 Orinoco e o Ama- zonas, Prosecio ContixeNtaL po Brasit 69 Remontam a estes vales 0 clima e a produgio da vertente atlantica, que vio entestar com a pro- ducio mineira do centro de dispersio que é de carater andino. Nesse trato geografico se encontram as ca ticas andinas e atlanticas, em todas as suas Contrastes de toda sorte, geologi- cos, economicos e politicos. Desenha-se verda- deiro mosaico das circunstancias geograficas sul- rater contradigées. americanas, Especie de amostra, sorte de minia- tura do solo e sub-solo continentais. Apenas tudo esta reunido em tao pequeno es- paco que se torna quasi inconsistente do ponto de vista politico, no que, alids, essa regifio em nada se parece com o conjunto da massa continental. Ao passo que a instabilidade geografica do territorio boliviano nao oferece consequencias se- nao continentais, a do canto“noroeste do conti- nente seguramente tltrapassa aqueles’ limites. SHAR H HARM 999 998 70 Manto Travassos A vinculagao andina do territorio da Bolivia, em face do desentendimento entre o Perti e o Chi- le, produz constrangimento somente para a propria Bolivia, tornada praticamente mediterranea. Pelo lado da Cordilheira, apenas um ponto de friccio de pouca importancia para os demais — um porto para a Bolivia, A oscilagao entre as forgas politico-economi- cas que as bacias do Amazonas e do Prata repre- sentam, essa sim pode traduzir verdadeiro mo- tivo de apreensées internacionais mais sérias. Essas bacias significam interesses de toda sort do planalto central do continente, . E nisso nao esta todo o perigo, pois, se essas nagOes se estremecerem, é certo que esse estreme- COCCCSCESCSSEEEEVEEUeeVeeeaWVIdVve. | | =e Prosegio ContINeNTAL po Brast. a cimento tera imediata repercussio sobre as de- mais. Dai o carater continental que podera re- sultar, como consequencia da instabilidade geogra- fica da Bolivia. A instabilidade geografica do canto noroeste do continente, entretanto, justo porque esta numa das extremidades da massa continental, Se mos- L pr cil a | S extra-continentais. E isso é tanto mais verdade quanto a extre- midade de que se trata é contigua a um dos mais intensos focos de influencias estranhas, dos que stem no continente sul-americano. O Canal de Panama — verdadeiro carrefour internacional — e o Mar das Antilhas —ineuba- i yankee — exprimem bem o ca- rater das pressées que se exercem nessa extremi- dade do continente sul-americano. As linhas na- turais de penetragao, que os vales do Madalena e do Orinoco representam, dizem o resto, 72 Manto ‘TRavassos xR © caso umnguaio FE! dos casos de instabilidade mais interessan- tes da geografia sul-americana, Encontramo-lo na situagdo em que o regimen orografico ¢ © geolo- gico deixam 0 territorio uruguaio em relagio aos territorios brasileiro e argentino que 0 enquadram. Esse regimen estabelece verdadeiro dualismo rritorio, em determina ritorio brasi- geografico para aquele te das circunstancias soldando-o ao te deixando-o livre as influencias ar- leiro, em outras gentinas. Estudando-se esse caso com a minucia neces- saria, chega-se a concluir que 0 dualismo geogra- fico que se verifica no territorio uruguaio se ma- nifesta do ponto de wista fisiografico quanto a0 sBrasil ¢ do ponto de vista politico quanto 4 Ar- egentina, tal como concluiu o geografo norte-ame- » ae TINENTAL pO Brasite 73 Prosegxo C ricatio’ Kirkpatrick em sew magnifico trabalho Com efeito, de um lado estao f vineulando o territorio uru- do massigo brasi- ue 0 re- ‘ormagGes ar- caicas ¢ paleozoicas, guaio ds ultimas ramificagées leiro; de outro, os terrenos quaternarios lacionam com o territorio argentino. ‘A. vinculacio uruguaio-brasileira se tra- duz pela produgio e pek Videnticas, onde os tratos de ter ritorios se asseme- Ilham. O gaucho, com o sett feitio peculiar, vi- vendo 4 superficie, a mesma identidade do sub- solo. easeeweannceenaX- A. ‘yineulagdo uruguaio-argentina se ve- @ ifica de outro modo. OvPratalserve de cixo para ¢ a circunvolugio das atragées- O estuario platino @ J. Como nao bastasse Buenos @ ‘Aires, defronte a Colonia criou-se Ea Plata, quasi ¢) a meia distancia entre Buenos Aires:¢ Montevidett ¢ € é « € € © Manto Travassos interesses homogeneizados pelo Prata ¢ seu estuario, D So, deante necessidade de ver-se claro em Rais circunstancias, se reunem os resultados do es- Rudo de alguns dados historicos e geograficos Kobre o assunto, e mesmo se se observam aconteci- Rnentos de certo modo recentes, chega-se a admitir Dyue a linha do Rio Negro possa servir para mar- bear com a necessaria preciso as zonas de in- Mluencia de ambos aqueles fenomenos. > ~~ Se é exato que a influencia politica da Ar- Reentina se revela de modo muito generalizado, Jeomo bem se pode notar pela unidade de bitola juruguaio-argentina’ e pelos contactos das duas , no ha du- Prosrgko ConTINENTAL po Bnastz 75 vida que essa influencia se torna mais perceptivel le Mz r Dois fenomenos exprimem bem essa maior influencia. Um, é a criagdo de La Plata ¢ suas intimas relages com Colonia, representadas pelo trafego de rapidos steamers que fazem de Colonia quasi um suburbio de La Plata. Outro, o projeto da via fer ea transversal ao feixe das vias uru- guaias que da fronteira brasileira convergem sobre Montevideu. Essa via pretende ligar Colonia a Artigas (Rio Branco) por Treinta y Tres, em alguns trechos ja construida ou em construcao. De resto, a orientagio geral dessa via ferrea, tinada a materializ ro eixo da influencia po- litica argentina, inclusive pela rocada dos trans- portes entre as linhas do feixe da rede uruguaia, egue a do grande vale do Rio Negro. Nao ha du- vida que a transversal Colonia-Rio Branco vai suprir a navegacao limitada do Rio Negro, que, 76 Mawo Tnayassos em caso contrario, seria o proprio agente daquela influencia. esse particular a ponte sobre o Jaguarao & © primeiro marco a balizar uma nova jornada para a politica sul-americana, na extremidade sudeste continental. ‘Ao mesmo tempo que de futuro vai dar maior amplitude 4 influencia politica do Prata, vem tra- zer ao territorio uruguaio outras influencias, pro- vindas da barra do Rio Grande, seniio das vias terrestres que cada dia mais vao sulcando o terri- torio brasileiro rumo ao sul. Os ramais Basilio-Jaguarao e Rio Branco- Treinta y Tres séo os dois marcos seguintes da nova jornada. A ponte sobre o Jaguarao é como um golpe de jiu-jitsu, joga com a propria expansio platina, exagerando-lhe, inopinadamente, o alcance. O +e STINENTAL DO Bnasit. Puosegio Ce contra-golpe é por o territorio uruguaio, 20 sul do Rio Negro, tambem ao aleance de outras in- Eluencias politicas que nao as argentinas. Em que pese certas semelhangas fisiografi- cas e geologicas que, na balanga do dualismo geo- grafico uruguaio, sempre o fez oscilante entre 0 Brasil e a Argentina, fazendo predominar 0 ca rater politico na vinculagio uruguaio~ argentina, novos aspectos de carater neutr: ‘alizante vao surgir, € com os quais o Uruguai sO tera a lucrar. € ‘Apés algumas oscilagées, talvez até mesmo ¢ tumultuarias, a balanga dos interesses chegard a0 ¢ desejado equilibrio t4o necessario 4 paz sul-ame- « ricana. € Apenas se faz preciso aos construtores dag ponte sobre o Jaguarao a previsdo de todo esseg jogo de atuagdes politicas. Talvez haja conve-¢ niencia em prever o contra-peso capaz, por suag > natureza, de assegurar ao empreendimento todag \ DANA AAD SCCOOSCCSCEC SEES EHOOOOPOHHUHVUIs. 8 Manto Tnavassos a grandeza que comporta e que a muitos poder4 escapar, A transversal Colonia-Treinta y Tres-Rio Branco correra paralela ao vale do Rio Negro, cuja fé de oficio é por demais conhecida. CAPITULO V SANTA CRUZ DE LA SIERRA © trlangulo simbolico do planalto bolivinno — Santa Cruz solicitada nos rumos de todos os quadrantes. As circunstancias geograficas do planalto bo- liviano traduzem bem toda a inquietacgao politica que gira ao redor do territorio da Bolivia. Como aguns autores tém feito notar, as so- licitagdes que cercam o territorio boliviano sao de tal monta que chegam a criar para a Bolivia uma instabilidade politica verdadeiramente ameagadora da paz sul-americana. 80 Mao Tnavassos Com efeito, vinculada ao territorio do Pact- fico pela contextura andina da parte ocidental de sett territorio é, em seguida, em sua parte central ¢ oriental, violentamente dissociada pela repulsaio das bacias platina e amazonica. F? evidente 0 constrangimento politico que marca a vida da nagao boliviana, obrigada a olhar para o ocidente como a amputada da Guerra do Pacifico, enquanto outros Klisputam os valores economicos de seu soberbo territorio tio bem re- sumido pelo triangulo Sucre-Cochabamba-Santa Cruz de la Sierra. E na fiel expressio dessa miniatura, cumpre ressaltar issoci: ivi i , regiao em que essas forgas encontram seu verdadeiro ponto de aplicagio. PRosECAO CONTINENTAL po Brasil. st © triangulo simbolico do planalto boliviano De fato, Santa Cruz, com sua altitude de 400 m., esta no*sopé mesmo do triangulo se con- siderarmos a diferenca de nivel de mais de 2.000 m., em relagio aos dois outros vertices (Co- Representa o centro eco- s al e nordestina do planalto ¢, afora inumeros produtos, euja explora- cao intensiva data da queda da borracha (fumo, agucar, café, cereais, gado, etc.), posse terrenos \petroliferos cujas pesquisas vio jé bem adean- tadas. Por essas razdes, convergem de todos os qua- drantes as mais imperiosas iniluencias sobre San- ta Cruz de la Sierra, segundo as diregées de Co- chabamba, de Oran por Yacuiba, de Puerto Sua- rez, enfim de Guajara-Mirim. ‘A diregio de@Cochabamba ¢ no momento atual, das mais ameacadoras. Puxa para Oeste ARAM H HAMA AAA ARAAAAAMRAAAAMAA®D oe SSCSCCCSCSSSHSECUESCEeTeUseDd eee 82 Manto Travassos diretamente (Arica) e, indiretamente, para o Sul (Buenos Aires). Tem contra si, entretanto, as rampas da rodovia que sobe a partir de Santa Cruz para atingir os trilhos ferroviarios, Além disso, o Beni, d pondo do ramal La Paz - Yungas, pode converter pa parte da capacidade dissoc regio de Cochabamb: ra oO norte grande jadora, partindo da di- A diregio de Oran € ainda longinqua como forga dissociado’ A ponta dos trilhos apenas transpde 0 Bermejo e, quando tiver atingido Ya- cuiba, ainda tera que percorrer cerca de 600 km. para atingir Santa Cruz. Todavia, niio nos es- uecamos de que essa diregdo, correndo nitid tao sul, conduz diretamente a Buenos Aires, coadouro natural da bacia platina. la pa- , 10 eS- Essa circuns- tancia pode, de um momento para outro, tornar essa diregao dissociadora das mais pe rigosas. ‘eoaraenweto ertcaue Of ae Sienna racurea 84 Manro Travassos A direc&io de Puerto Suarez, quanto 4 atracao nta Cruz, pode considerar-se via fluvial do Paraguai. Isso que exerce sobre como conjugada quer dizer que, apesar de puxar para leste pode a Girecdo de Puerto Suarez ser coordenada, em seus efeitos economicos e politicos, com a direg&o do sul balizada por Yacuiba-Oran. A chamada Convengio Carrillo-Gutierrez é a melhor prova disso. Entretanto, duas agdes neu- tralizantes devem ser encaradas: as mas condi- Ses de navegabilidade do Paraguai acima de Assuncio e o papel funcional da Noroeste, se convenientemente conjugada com o porto de Santos, Enfim, a direc’io deterininada por Guajai Mirim, ponta dos trilhos da Madeira-Mamoré, traduz a expressio da capacidade viatoria, da es- pontaneidade carreadora da Amazonia, notada- mente depois de construido o ramal Santa Cruz- Cuatro Oyos. «vel carrefour economico no centro do continente. uumos de todos os quadrantes Santa Cruz solicitada nos 1 Como se vé, Todavia, deve-se convir que os chamamentos ¢co- anne nomicos que ai se cruzam nao tém o mesmo valor. Do mesmo modo, deve-se reconhecer que o valor € de cada um deles é mais ou menos aleatorio, se- € gundo o progredit ou o regredir dos restantes. € ‘A atracio para oeste perde muito a partir de € Cochabamba, devido As instficiencias do litoral € do Pacifico. € As atragdes do sul encontram, por sta vez, € serios obstaculos. Por Cochabamba ha a distan-@ cia para o escoadouro de Buenos Aires: Santa Cruz-Cochabamba-Buenos Aires 3.285 km. Por Yacuiba, cerca de 600 km. de menos, ligaciog, mais direta, mas ainda por construir. © COSC SCSS SSS EEC EUETETHeseIs 86 Mano Travassos Aatragio de leste (Puerto Suarez), se se pro- longasse nessa direcio com a necessaria eficien- cia, seria verdadeiro golpe nas atracdes do sul, pois levaria ao Atlantico, 1.600 km. de costa aci- ma da foz do Prata (Santos), através de 2.576 km, ou seja cerca de 700 km. de menos que por Buenos Aires. Para isso bastaria a construgao da linha San- ta Cruz de la Sierra-Puerto Suarez Se, porém, a Noroeste niio realizar a desejada eficiencia, a construcio d a linha seria verda- deira arma de dois gumes, reforgando a energia transportadora do Paraguai como via fluvial, Finalmente resta a atracdio do norte que se manifesta vela ieee. caps nco os transportes pelo Rio Grande, francamente navega- vel desde Cuatro Oyos (200 km. abaixo de Santa Cruz, dos quais 100 ja abertos em rodovia) e po- dendo ser dobrada por transportes rodoviarios, Prose (0 CONTINENTAL, po Bnasi. 87 quando se ligarem Portachuelo-Cuatro Oyos Trinidad - Santana - Exaltacion (centros dos mais florescentes, a Santa Cruz Ao no: e Guajara-Mirim atracao norte sera a dec sso ver a siva. , Se encararmos 6 vale do Beni como sua variante. Os transpor- tes se deslocam, apesar dos milhares de quilome- tros, sempre no mesmo ambiente das carateristi- Somente a atragio de leste pode: langi-la, se sobrarem a Sarios para vencer as influencias fluviais ¢ ferro- 4 contraba- Noroeste os meios neces- viarias de Buenos Aires, ou seja para vencer suas propri: as insuficiencias, inclusive 0 pantanal no ul- timo lanco de seus trilhos. Notemos, para terminar, que ambas estas atrag6es (do norte e de leste) estdo naturalmente CAPITULO VI MERICANA. INFLUENCIA NORTE AAnRnrAnOAneen 1 © mediterraneo americano — Rig mos & influencia “yankee” |A influencia mundial dos Estados Unidos & hoje realidade que se nfo discute, Cresce com a importancia cada vez mais acentuada de suas re jagdes financeiras e economicas com os demais pai ses, E? servidio contra a qual inutilmente s¢ debatem os que contra ela se revoltam, he causag dessa influencia sao multiplas § complexas. Escalonam-se desde os mais simple! ordem economica até a rf? pom escanci At & prosaicos motivos de ' € . « ' © - © i © j ; € wees sessess CeOCLSCECECRHYHVUUHUUY 90 Mano Travassos zoes politicas de suprema transcendencia. de nés pretender esmiugi-las Bem ao contrario dessa influencia assim ge- Longe neralizada, porém, é a que o potencial yartkee exer- ce sobre os paises americanos. Para esta outra influencia, talvez secundaria devido ao vi ximidade e 4 clados, ha razdes puramente geografica: capazes de explicar certas manobras diplomaticas (economicas) ou certos tares) por si so golpes de forga (mili- E essa sorte de predominio de determinadas circunstainci jas geograficas, se se pode dizer assim, serve tanto para atenuar as culpas da influencia yaukee sobre a propria America, como de sobre- aviso para os paises americanos por ela ainda nao atingidos diretamente, Prosegio Co: TINENTAL DO Basti ot cabe esse papel de alta significacio politica, quer para justificar as fal- tas internacionais norte-americanas, quer para ser- vir de alertador ao continente do sul. E as bases em que assenta esse papel funcio- nal para o Mar das Antilhas sao faceis de esta- belecer-se. a Antes do mais o seu carater mediterraneo. Essa maneira de ser associ desde logo 0 es- tabelecimento de correntes maritimas visando a cireulacao comercial, nao ao longo das costas mas para tecer uma rede de costa a costa, tal como acontece a todas as aguas mediterraneas ou de ca- ter mediterraneo. ! Acresce que, como mediterraneo, 0 Mar das Antilhas é limitado pelas terras estreitas da Ame- rica Central de um lado, de outro pelas Grandes | © Pequenas Antilhas, Quer dizer que predomi- 92 Manzo Travassos nam sobre seus flancos de maior extensao terras tendem fra ente tipo mari ( Além disso ha a atuac’o do Istmo de Pa- nama. Como a qualquer outro istmo, nao se pode negar a forca de atragdo que ele impée, como traco de uni&o entre os dois maiores oceanos do globo. No caso do de Panama, essa forga de atragio maritima venceu a forga de conexio que ele de- vera representar em relagdo As duas massas con- tinentais americanas, isso apesar de as saidas para o Atlantico nao serem tao francas como a que abre para o Pacifico. Mas nao pode haver duvidas sobre que as insuficiencias articulares do Mar das Antilhas — como mar mediterraneo — sao sobejamente com- que nada tém de carater continental ¢ que, ou Prosegio CoNTINENTAL po Brastt, 93 aan pensadas pelo Istmo de Panama como foco de € atrac&o em seu interior. € E justamente em torno desse foco é que nas- € ceram todas as agées, culminadas com a passa- € gem das obras do canal para mios americanas € ¢ a sta conclusdo conduzindo ao seccionamento do € Panama. € O Istmo de Panama representa, no mediter-€ raneo americano, a figura central de todo o dra-@" ma politico que ai se desenvolve, tdo bem comog Malta no Mediterraneo da Europa e Boni no dag Insulindia. € Uma inspeciio nas cartas geograficas permiteg constatar toda a verdade dos principios registarg dos, alids ante a observagio dos fatos, pela geo grafia social. Encontramos toda a America Central comple-g tamente fracionada, desde a fronteira com a Cox lombia até a fronteira com o Mexico. Embora, € « COSCCCCECCSCCCUCeCTeeeeesesdsss 4 Maio Travassos houvesse continuidade territorial, as influencias maritimas, opondo-se de perto, exageraram as ca- rateristicas maritimas ao ponto de conduzir ao fracionamento politico. Tambem nos aparece sob os olhos o fraciona- cdo das Pequenas Antilhas, igualmente fracionadas e pul- mento das Grandes Antilhas e a pulveri: verizadas do ponto de vista politico. Para caraterizar 0 mediterraneo americano nfo falta mesmo o fenomeno composita tao bem coneretizado no papiniento, falado em Curacau ¢ nas costas de Venezuela. De quanto fica observado, como nao com- preender 0 extravasamento norte-americano para essa possivel incubadora de sua expansio? Alias, outra nao é a funcgaio do mar das Antilhas, como mar mediterraneo. Se nao tem a projegao cria dora dos dois outros mediterraneos (0 da Europa € o da Insulindia), nos limites propriamente ame- Progecio ContINENTAL po Brasti. 95 ricanos assegura extraordinario alcance, fecunda repereussio ao potencial formidavel das possibi- lidades yankees. A tenacidade mexicana deteve o desmembra- mento do Mexico, mas principalmente as atragée desse singular mediterraneo, que 6 0 mar das Antilhas, fizeram resvalar para o sul as forcas desencadeadas pelo progresso norte-americano. Saltando a peninsula de Yucatan, amputaram a Colombia, perfuraram 0 Canal de Panama e man- tém o controle de todas as entidades fracionadas da America Central e das Antilhas. ‘yankec" Na caraterizagio que vimos de fazer do mar das Antilhas, como mediterraneo americano, fo- calisamos seu papel funcional como incubadora do 96 Manto Travassos extravasamento do potencial economico ¢ politico dos Estados Unidos, Acabamos de ver como as carateristicas ma- ritimas extremadas desse mediterraneo se adapta- ram bem as necessidades da expansdo yankee @ como o canal de Panama representa o papel de centro de todas as atuagdes desta politica. As rea- des que se deviam processar nessa retorta estado, pode-se dizer, a termo. Um ou outro detalhe, ape- nas, est& por terminar-se, [Em suas grandes li- nhas, as operagées estdo francamente em curso, se se considerar como liquidas a irr dutibilidade do Mexico, alias na iminencia de ficar ilhado, e a duplificagdo do canal do Panama com 0.de Ni- caragua. — Fsté mais que evidente a possibilidade de o potencial yankee exceder 0 recipiente antilhano ¢ CONTINENTAL DO BRASH. 97 ProsEcio r-se por onde for mais facil ¢ necessario canal ¢ os seus interesses economic escoarem-s No ponto de vista estrictamente americano se muito facil precisar os rumos de atragio torna para as energias a se desencadearem. De um lado est 0 ponto de vista fisiografico, quer dizer as proprias linhas de penetragao, natu rais A infiltragdo dos interesses economicos. De outro, determinadas circunstancias politicas que desaconselham algumas diregies ou regides. Fi- ivo de certas contingencias in- € e ao encontro de certos € produtos onde quer que eles se encontrem, « Fisiograficamente, as bacias do Orinoco e do € “Madalena englobam as linhas de penetragiio por € execlencia para quaisquer influencias economicas, @ AmMrAAARAAAABAAD® nalmente, o impe dustriais que exigem provindas do mediterraneo americano, Nao 80 @ abrem as portas aos longos vales longitudinais dos Andes como, por contacto direto, comunicam com ‘ SCOSCCCCSCRS SSH ESUCHeeeseeeassedes 98 Manto Travassos o vale do Amazonas, e, indiretamente, pelos Nudos e Pasos (abertas andinas), comunicam ainda com esse vale e com a bacia do Prata. Naturalmente a regifio das Guianas é a des- prezar. Apesar de sua forma de verdadeiro tran- i ia, nao reune as vantagens daqueles dois outros eixos de penetra- cao e envolvem questdes com a politica curopeia. Ademais, 0 vale amazonico ja esta franqueado ao capital americano. Os imperativos industriais vao servir para limitar a extens&o dos langos e, por isso, nada au- toriza admitir-se uma penetragio em toda a pro- fundidade, facilitada pelas possibilidades fisiogra- ficas j& referidas. Dada a importancia avassaladoramente cres- cente do avisio ¢ do automovel, sem duvida ne- nhuma cabem @ borracha € ao petroleo as refe- Prosegio CoNTINENTAL po Brasty 99 A esses imperativos respondem o controle exercido pelos americanos sobre o petroleo da Ve- nezuela, da Colombia e do Pert ¢ a atuacio Ford na Amazonia. Se levarmos em conta as medidas de segu- ranca adotadas pelo Equador pela Bolivia por meio de legislagao adequada a manter, em qualquer caso, a nacionalizagio de seu petroleo, pode-se fa- cilmente verificar por onde andam ja as influen- cias yankees em territorio sul-americano. De modo geral pode-se dizer que os vales do Orinoco e do Madalena ja foram remontados ¢ © vale do Amazonas j4 se encontra em jogo, ou mada- seja, o paralelo do Manaus marca apros mente 0 limite do avango realizado. 160 Man 0 Travasses tudo faz Lmbora no seja facil prognosti s da infiltragdo dos crer que os maiores progress interesses norte-americanos em nosso continente se farao pelas vias andinas ¢ ao long Wig, Comdsan nosso prognostico, além das facilidades fisiograficas, o fracionamento po- litico do territorio. Além disso é 0 meio mais seguro e o caminho mais direto para ir das Antilhas ao planalto boli- viano, verdadeiro centro geografico do continente do sul. E essa tarefa nao é das mais dificeis, por isso que pode levar-se a cabo 4 sombra do litigio do Pacifico, cuja solugdo, apesar de tudo, es longe de satisfazer os pontos de vista verdadeira- mente essenciais ao equilibrio politico da America do Sul. E’ assim que as influencias yankees rumam — cumpre notar-se — nas diregdes assinaladas pelos casos mais nitidos e de carater mais geral QUIV REET BA VTFECPATEO Bphiote cadtral Pro. 101 € de instabilidade geogratica do territorio sul ‘ americano. ‘ Encerrando esses capitulos, que vimos de € ayrupar sob 0 titulo de “Signos de inquietacto por € —— cootdena- € — por suag — sobreg Ao complexas circunstancias economicas ¢ polit ‘ cas a envolverem o continente sul-americano emg ctias malhas, papel que focalisaremos a seguir, ed mo remate desse modesto ensaio. Caner nnanrennnane COCCS CSCS ESO OOECEHHVOOHEGHUIIIS ‘ | 3.4 PARTE PROJECAO CONTINENTAL DO BRASIL Capitulo VIL — Sintese geografica do Brasil Capitulo VIII — Aspectos decisives do Brasil Piatl- no e do Brasil Amazonico Capitulo IX — Expresso continental do Brasil 4-4 CAPITULO VIT SINTESE GEOGRAFICA DO BRASIL: \ prasiteiras — € Papel funcional das “regides natur § + tyrasitelras | € \ Depois que se tem esyuadrinhado a mas a € | continental sul-americana, mesmo que se nao quei- ra, fica-se a pensar no papel que cabera, nesse conjunto, ao territorio brasileiro, contendo mais€ de terras da€ idrografico se€ vertente atlantica cujo dinamismo manifesta decisive segundo seus dois formidavcis¢ compartimentos — o platino ¢ 0 amazonico, annnene COSC SSS SSE SESCHOSCEOTHVOUsIss 106 Manio Tnavassos. Para estima-lo, cumpre antes do mais passar em revista 0 nosso proprio territorio em si mesmo, surpreendendo sua propria maneira de ser e, em seguida, concluindo de suas possibilidades funcio- nais em relacio ao restante do territorio conti- nental, Nao raras vezes se tém travado sérias discus- sdes em torno da questdo de nossa unidade geo- grafica, unidade que ums querem de inatacavel exatiddo e outros encaram como absolutamente discutivel. As opinides variam desde a ideia de admitir-se 0 territorio brasileiro como a juxtaposig&o de inu- meras mesopotamias, rendilhado pelas caudais hi- “drograficas, como se fora estranho arquipelago continental, até ao exagero de se pretender tudo enfeixar no macigo central de nosso regimen oro- grafico. No primeiro caso, esquece-se o papel vincula- dor das vias fluviais, no segundo despreza-se a Prosegio ContINenvaL po Basi. 107 carateristica centrifuga do macigo brasileiro, co- mo centro de dispersio daguas ¢ o carater exe ce ico, que, evidentemente, o furta das possiveis influencias unificadoras da- quele macico. Ao nosso ver, nao se precisa chegar a ne- nhum desses extremos, Segundo o criterio da cien- cia geografica moderna, a unidade de um ter- ritorio nao se deve restringir ao ponto de vista estrito da geografia fisica. Raros, bem raros serdo os paises que dispdem de unidade territorial indiscutivel do ponto de vista fisiografico. O que se faz necessario é ver até onde o territorio em questdo permite 4 geogra- fia politica enfeis E, sob esse aspecto, nfo ha negar as exce- lo numa verdadeira nagio, lencias do territorio brasileiro, apesar de todos os seus caprichos, da aparencia de todas as suas con- tradigdes. 408 Manto Thavassos “Regides naturais" brasileiras Para verifict-lo, basta que apelemos para as f is, eriado pe- onteiras. ies naturais, contidas em nossas O problema das regides natura’ las tendencias integralizadoras da geografia mo- regii derna, é de si mesmo intrincada questao. Trata-se de, em presenga de um territorio, cujo complexo geografico se tenha estudado, es- tabelecer-se 0 grupamento das regides em que se smanifestam determinados fenomenos, de modo a como que se fazer a sintese da analise, antes esta- belecida. Como se vé, nao é problema facil. De um lado, os fenomenos que servem de base 4 definigio das regides naturais sio multiplos ¢ abrangem todas as modalidades geograficas. Isso obriga a di tinguir-se quais os fenomenos verdadeiramente , isto é que devem predominar como | 3 Puosncho CONTINENTAL vo Baast. 109 diretrizes para os grupamentos a definir como re- gides naturais. De outro, as dificuldades que, mo- dernamente, ceream as questées de delimitagaio de quaisquer regides. A intensidade e complexidade ‘melhor caraterizadas que sejam. As linhz gua traduzem eixos de aglutinagaio economica ¢ 0s grandes divisores sio transpostos por todos meios, depois da cremalheira, do tunel e, sobretudo, do motor a explosio, cujas conquistas culminam com o advento do mais pesado que o ar, Quando se tem de encarar o problema das regides naturais sob o angulo das modalidades geograficas brasileiras, eujos aspectos o alonga- mento de nosso territorio no sentido dos meridia- nos complica de maneira impressionante, sente-se que, de fato, se estd em presenga de grave pro- blema. PRAHA AMMAAARAAMRARAAMADAANA®RM SCOCSCSCCSCSCS SSH SHSEHHHOHHOHTOBBISUS 110 Manto Tnavassos Sobre 0 assunto nada conhecemos de melhor que 0 admitido pelo professor Delgado de Carva- ‘tho, isto é, o Brasil permitindo quatro regides na- turais, a saber: 0 Brasil Amazonico, o Nordeste Sub-Equatorial, a Vertente Oriental dos Planal- tos ¢ o Brasil Platino A’ vista das dificuldades do problema, 0 pro- fessor Delgado nao sé deixa imprecisos, tal como convem, os limites dessas regides natwrais como tambem considera, em cada um deles, sub-regides naturais. A definigdo porém daquelas regides naturais é bastante para que se aprecie a propriedade com que foram encaradas suas carateristicas. Com efeito: o Brasil Amazonico comportando a regido serrana (macigo granitico das Guia- nas), a depressio amazonica (calhas do Amazo- nas e seus afluentes) e a Hilheia (regiio das ma- tas); 0 Nordeste Sub-Equatorial abrangendo o Prosecio Conris TAL po Baasi uit Golfio Maranhense (sorte de transicio da Ama- zonia), a bacia do Parnaiba, as Serras e Chapa- das da Vertente Norte-Oriental (regides semi-ari- das), 0 litoral, a mata e o agreste de Pernambuco (balisada pelo cabo de S. Roque, foz do S. Fran- cisco e Serra da Borborema) ; a Vertente Oriental dos Planaltos compreendendo o litoral baiano- espiritosantense (inclusive as bacias do Para- guassti, Jequitinhonha ¢ Doce) ¢ regidio das cha- padas (zona alta), 0 vale do S. Francisco, 0 Sul mineiro e o vale do Paraiba; o Brasil Platino en- globando a costa ou contra-vertente oceanica (en- tre o Atlantico e a Serra do Mar) a Regiao Ser- rana (Serra do Mar e Geral) a regiio do Planalto (alternagao de campos e matas, regido suporte dos afluentes orientais do Parana), a campanha rio- grandense e a baixada matogrossense — em seu Conjunto, nada mais espontaneo que essas gran- des divisdes e respectivas sub-divisées, Brosh Largrtutro Prosegio ConTINENTAL po Bnastt 113, E assim que, dentro da mais equilibrada me- dida, 0 professor Delgado de Carvalho nos conduz a um Brasil menos intrincado, mais compreensivel em sua imensa expressio geografica, eee Papel funcional dessas “Hegides naturals” Nestas excelentes bases, ¢ fazendo preponde- rar os fatores politicos, é que nos animamos a for- mular a sintese geografica brasileira. Em primeiro lugar admitimos os dois imen- sos brasis que se procuram até ds mais longin- quas regides da parte central do continente, re- presentando ambos verdadeiros territorios de pe- netragio tendo como base o litoral atlantico, Sao cles o Brasil Amazonico'¢ O Brasil Amazonico se comunica de modo mais direto com 0 Oceano, por isso que dispde do PRAHA A MAAR AAA AMARARARAMRAAD COSCSCSCSS SSH SECHSHEOPOSSESOUSCIsY 114 Mano Travassos jrio Amazonas como via natural. E sua capaci- | dade de penetracao é mais ampla, pois o vale ama- B) zonico é 0 grande coletor do formidavel anfiteatro |que se arqueia de Caracas a La Paz. O Brasil Pla- tino, apesar de que exija meios artificiais para li- gar-se ao Oceano, dispde de portos com suficiente capacidade de atragaio na costa e dos estimulos de dois paises mediterraneos que naturalmente rea- ) gem contra a forga centripeta do Prata: — o sul de Mato Grosso, prolongando os territorios pau- lista e paranaense, representa a sua forga de pe- netragio. Desse estorgo de penetracio e da retragao do litoral que corresponde a cada um desses brasis, resulta que eles se tornam mais ou menos excen- tricos, notadamente o Brasil Amazonico, Consideradas tambem a extensao e natureza das fronteiras terrestres com os hispano-america- hos (vivas quanto ao Brasil Platino e ainda mais ou menos mortas quanto ao Brasil Amazonico) e 4 t é Pnosecko ContineNtat po Brasi, 115 0 predominio economico da vertente atlantica so- bre a do Pacifico, resta evidente a importancia de- cisiva desses dois brasis nos vastos dominios, nao s6 da politica interna, como nos da politica conti- nental. Representam duas regides convergentes em relagéo ao proprio centro geografico do conti- nente (pianalto boliviano), seja por meios artifi- ciais (porto de Santos — rede paulista — Noro- este), seja por vias mais que espontaneas como os rios da bacia amazonica. Em segundo lugar ha a considerar-se as ou- tras duas regides naturais, a Vertente Oriental dos Planaltos e o Norte Sub-Equatorial — que se pro- longam de modo a justificar 0 titulo que Ihe atri- buimos de Brasil Longitudinal, chamado a como que estabelecer a ligagdo entre as duas vastissimas regides denominadas Brasil Amazonico ¢ Brasil Platino, A’ extensa linha de costa convexa que 116 Manso Travassos se estende da Guanabara ao Golfao de Sao Luiz corresponde, como uma sorte de corda, a linha ter- restre balizada pelo vale superior e medio do Sao Francisco e do Parnaiba. Quer dizer que excentricamente, por via ma- ritima, ou concentricamente, por vias terrestres, 0 6 i , homoge- , do ponto neizar, ary de vista continental, o platino e o amazonico. De fato, a historia o confirma sobejamente. A via maritima assegurou muitas vezes nossa uni- dade politica, ¢ as vias terrestres, com 0 vai-vem_ de paulistas aos confins do Piaui, conduziram os langos da expansio fomentadora da unidade so- cial e economica brasileira. Por mais perielitante que se queira julgar nossa unidade geografica, é mais que certo repou- | ear ai sua mantenca nessas duas ordens de’ feno- | menos: atuagées convergentes do Brasil Platino ¢ \ || Longitudinal, . (0 CONTINENTAL po Brasil. a7 Puos Amazonico sobre 0 centro geografico do conti- nente considerado objetivo comum; esforgos de -gentes dessas m unir as duas extremidades div mas atuagdes na orla litoranea, justo pelas regide nulurais que denominamos, em conjunto, de Comprovam-no os desenvolvimentos da No- roeste ¢ olimilagre da Madeira-Mamoré; 0 trafe- go da rede paulista e 0 movimento por tuario de Santos, tio bem como as correntes dos transpor- tes fluviais do Amazonas, isso quanto ds linhas de penetracio. Quanto 4 ligagdo delas, ai temos a Stio Luiz-Terezina e a estrada Petrolina - Pau- | lista, bem como os prolongamentos ferroviarios que ja atingem a fronteira de Minas 4 procura da | rede baiana, sem contar as linhas de cabotagem € ¢ © trafego acreo, tudo perfazendo estorcos serios g no sentido de dar realidade pratica ds tendencias «€ __Seograficas que vimos de fixar. AAARAAMARAAAAMAANDA®M® ennrenre SCCSCSCSSSSSSESCESHSOSCSHKSOERCEIS 118 Marto Travassos, No dia em que essas tendencias puderem ser suficientemente atendidas, todos os fantasmas de- saparecerZio como por encanto ¢ nossa unidade geo- grafica serd assunto que nfo mais se discutira, pelo menos com os excessos que ainda timbram tais controversias, Na verdadeira acepgdo do termo, nao nos falta unidade geografica — falta-nos, ainda, tra- duzir politicamente os fatores que a manifestam através o Brasil Longitudinal. CAPITULO VIII ASPECTOS DECISIVOS DO BRASIL PLATINO BDO BRASIL AMAZONICO Agdes neuter: ralizantes do Brasil Pla- tino sobre a forea concentrica « bacla do Prata — Potencial centri- peto da Amazonia quanty insta. bilidade boliviana « colombiana. Ninguem pode negar As bacias hidrograficas © papel que Ihes cabe na caraterizagéo e mesmo na delimitacao de certas regides. Como que a bacia -hidrografica, com a rede de seus formadores, plasma fisiografica e economicamente a regiao que siilea, . 120 Manto Travassos sam da bacia De fato. Ha regides que nao pa da caudal que hes corroe o modelado, Os aspee- tos geograficos circundantes nao criam nenhum derivativo para 0 escoamento dos produtos. Nada neutraliza as agdes concentricas engendradas pela rede hidrografica, pela propria bacia. Uma sorte de fatalismo arrasta todas as coisas. Todavia, as excegdes a esse caso geral sio cada vez mais numerosas, Deve contar-se, as 7 Isa das vezes, com determinadas circunstancias adja- centes ¢ que podem intervir como verdadeiros fatores geograficos, modificadores do dinamismo centripeto das bacias hidrograficas, E esses fatores sio muito mais frequentes e complexos do que se possa pensar 4 primeira vista, se se considera, além de outros aspectos a influen- cia crescente que os meios de comunicagiio assu- mem nos vastos dominiog da geografia poli- tica, Puosecio CoxtiNeNraL bo Buasit. 124 O Brasil Platino e o Amazonico nos oferecem dois casos carater icamente diferentes e mani- festados em tal posigio geografica que constituem, com o litoral atlantico que nos toca, a expressao mesma da influencia continental do Brasil. Agées neutralizantes sobre a bacia do Prata O Brasil Platino nos dé exemplo notavel de agdes neutralizantes sobre o poder concentrico das bacias hidrograficas, Como se sabe, a bacia do Prata encrava o curso superior de tres de seus principais formado- res em terras brasileiras. O Uruguai, o Parana © o Paraguai imergem fundo em nosso territorio ¢ tres dos principais formadores orientais do Pa- rand trabalham-no longamente, desde os contr. fortes ocidentais da Serra do Mar. CESS CECSCSSHESCUSOHSEHOETOWUESCIIY 8 HoRizonte 6 Phosecio Convinentar po Baasit. 123 Sabe-se igualmente do esforco formidavel da politica de comunicagées platina, propriamente dita. De um lado, a exploracao sistematica das vias fluviais, bem atendidos os meios de trans- porte, a dragagem das vias e o regimen portuario; de outro, as comunicagées ferroviarias dobrando ¢ ligando as comunicagées fluviais. O estudo, mesmo superficial, de uma carta argentina, desde que se focalize a questio do entrelacamento das “comunicages fluviais ¢ ferroviarias, convence fa- cilmente de quanto se encontra refor cado o poder coneentrico da bacia do Prata. Esse reforgamento responde, por si mesmo, As tendencias centrifugas que ameagam a bacia pla- tina, Primeiro, esta a ma posigio da foz do Prata, une, por simples questao de latitude se torna se- cundaria, notadamente quanto aos portos de San- tos © Siio Francisco. Depois, 0 dominio da ban- deira argentina em aguas da bacia platina — os 124 Manto Travassos: paises mediter: neos (Paraguai e Bolivia) gos- riam de dispor de novos caminhos para o Atlan- Por fim, as comunicagées ferroviarias brasi- leiras que, apesar das vacilagées de nossa politica viatoria ¢ inumeras causas dissociadoras, cada vez mais vio pesando na balanca, Essa ultima razio, principalmente, parece-nos © aspecto decisivo do problema, Embora fragi- s. levarmos em conta outros fatores, o papel de es stencia, BS]j$e a D. i lima, a S. Paulo- Rio Grande representa bem, se pinha dorsal do Brasil Platino. A sua & dobrando a via maritima, e as ligages ferrovia- com 0 litoral (S. Paulo - Santos, Ponta Gros- sa-Paranagui, Porto da Unido-S. Francisco, Santa Maria - Porto Alegre, S, Gabriel - Rio Gran- de) pelo menos impedem a influencia platina de exer 1 err 1 A Noroeste completa o quadro, levando 4s proximi- dades de Corumba os trilhos brasileiros, 4 mar- PRosEGAO CONTINENTAL DO Brasil 125 » mesmo do rio Paraguai, do qual de ha muito ger tributarios ¢ com o qual ja deixamos de ser a competir sendio economicamente pelo comegamos menos _politicamente. [a obra esta apenas esbogada, | ‘Terese-4 ainda de consolidar a S, Paulo - Rio | Grande, aumentando-Ihe 0 rendimento, ¢ ligar 9 cceano 20 Parana, prolongando as linhas de Pon- ta Grossa ao Porto de Guaira e do Porto da Unido 4 Foz do Iguassti; enfim consolidar a Noroeste, ‘im toda a extensio do termo, pondo-a a altura de suportar em boas condigées 0 escoamento dlos produtos mediterraneos, do Paraguai ¢ da Bolivia. Nao ha duvida que sido langos vultosos para quem dificilmente vai mantendo 0 que existe. Mas é um dever politico que incumbe ao Brasil, nao s6 do ponto de vista nacional como continental. © fatal’smo geografico das bacias hidrogra- ficas é ainda um dos preconceitos da velha geo- € € € € € « { « « « « « < 4 € € « € é ‘ © Seeeeewe es eSSVeeeveweewesess Seueuwuuwye 126 Manto Travassos grafia em compartimentos estanques — a fisica, a politica, a economica, ete. Nos dominios da cien- cia geografica moderna, porém, nao ha mais lu- gar para fatalismos, Ela é a ciencia integral por excelencia. O caso da bacia platina e das comu- nicagdes do sul do Brasil sio prova exuberante disso. Potencial centripeto da Amazonia A bacia amazonica, ao contrario da platina, é bem o caso tipico das bacias hidrograficas que’ por si mesmas so capazes de caraterizar uma regiao. Sua esfera de influencia assume proporgies imensas, nfo s6 pela vastidao do ter itorio que abrange, como pela variedade de circunstancias geograficas que abarca, Para o sul, por meio do Madeira, aleanga em cheio o pl fanalto boliviano com os tres principais Prorecdo ContTINENTAL po Brasi, 127 formadores desse rio que sio 0 Mamoré, 0 Beni ¢ | 0 Madre de Dios. Cumpre lembrar que esses dois { ultimos podem exercer influencias de carater \\ transandino, visto como seus vales entestam com a aberta do Paso de Santa Rosa, Para o oeste oferece, face ao Nudo de Pasco. dois vales carateristicamente andinos pelo desen- volvimento longitudinal de seus cursos — 0 do Ucaiali e o do curso superior do Marandn. So- bre a importancia desse fato nao se precisa insis- ica_e economica do territorio peruano. Ainda ha a registrar o Putumaio, direito no rumo do Nudo de Pasco, justo o centro de dispers&o que por si s6 define a instabilidade geografica do canto N. O. do conti- nente © que o vale daquele rio poderd decidir para as bocas do Amazonas. tir, consideraca a_influencia_pol Alias, & interessante recordar 0 papel que o Rio Negro ¢ chamado a representar sobre essa Mmesina instabilidade geogratica, quer prolongado | 128 Mauro Tnavassos pelo Uaupés, sua zona de influencia atingindo in- direta e simultaneamente as cabeceiras do Orinoco e do Madalena, quer encarado em seu curso su- perior (Guainia) em que o Cassiquiaré o comuni- ca com o Orinoco. Nio ha duvida sobre que 0 Rio Negro repercute com rara propriedade a in- Fluencia do Putumaio sobre o centro de dispersio (Nudo de Pasco) ateristico da_instabilidade geografica colombiana. Para o norte o Rio Branco vai ao contacto das nascentes do Rio Caura, afluente do Orinoco e 0 Trombetas mais o Perti convergem para o rico planalto, onde pascem dos mais belos rebanhos da America do Sul. O giro de horizonte que vem de ser feito ex- prime bem o grau, a extensiio e variedade da in- fluencia da bacia amazonica. 4 Pnose¢ao CONTINENTAL vo Buasit, 129 iva ati Em primeiro lugar, exerce dec ‘ sobre o rumo das duas grandes instabilidades geo- graficas continentais — o planalto boliviano ¢ 0 centro de dispersdo colombiano. Representa, nesse particular, verdadeira forga homogeneizadora, em- mazonas 0 papel prestando a calha imensa do de pendulo regulador das oscilagées daqueles ter- ritorios. Em segundo lugar, sua influencia se faz sen- tir através das abertas andinas sobre os proprios vales longitudinais da Cordilheira, ou seja, sobre a vertente do Pacifico. Quanto ao planalto boliviano, a Madeira- Mamoré jé emprestou realidade 4 capacidade car- readora da Amazonia e a estrada Yunges-La Paz _tende a atrair as forgas economicas que desembo- cam do Paso de Santa Rosa, O Nudo de Pasco ja iniciou o exercicio do seu papel funcional como modalidade das abertas andinas. Ai temos a linha mixta Lima - Iquitos PR. PR PR RR ER RR LN PR NPN FN NN ON | an mm an ee eee eee ee _peto 130 Mato Travas os (via Ucaiali) © Iquitos, equipada em base acrea de primeira ordem. Restam 0 Putumaio e 0 Negro, cujos vales ficam 4 espera da var ca d modernos, spara_ entr funcio, magica d transportes rem definitivamente em E, parece-nos, nada mais necessario A ca- raterizagio da Amazonia como_pot encial centri- Cabe ao Brasil tomar conciencia dessa for- midavel realidade geografica, Em suas maos esti © curso do Amazonas, 0 majestoso desfecho de todo o drama economico que se prepara nos basti- dores do soberbo anfiteatro amazonico, o qual a largos passos vimos de percorrer, sobre a carta geogratica. CAPITULO IX ESSAO CONTINED ‘AL DO BRASIL, A pluralidade dos transportes eo nosso tipo cont — Os impe- rativos fisiograticos ea rede aeren ana — Foren coordenado- ya do Brasil Longitudinal O {ato decisive, quando se olha para o con- junto do territorio brasileiro, engastado na ma continental sul-americana, 1 ide nas notaveis pos- sibilidades viatorias, ja em franca manifestacio Pratica, que se traduzem, quer na neutralizagio do poder concentrico da bacia platina, quer na forea de atragio do Amazonas, quer na capacidade coor- 132 Mamo Tay, os denadora de litoral atlantico em relagéo a ambas e as alias manifestagGes de potencial economico e politico que o Brasil tem em suas maos, Com o estudo de certos aspectos agrupados neste ultimo capitulo, é certo que se completara a figura da projegao continental do Brasil. Os transportes ¢ 0 nosso tipo continental Quem observa as grandes linhas, as linhas capitais, isto 6, as linhas que balizam os divisores © os vales principais das bacias hidrograficas de nossa massa continental, conclue, facilmente, da importancia que assume a juxtaposicio judiciosa de varios meios de transporte nas relagdes politi- cas e economicas entre os Estados sul-americanos, 133 0 CONTINENTAL bO BRASH Prose Fo bem como entre as sub-divisdes de um qual- quer desses paises. Nossa hidrografia é das mais caprichosas que ge possam imaginar. Do mesmo modo, nossa oFo- ygrafia apresenta aspectos que variam desde o tipo e suas ramifica- € ~a Ana naanem maritimo do macigo brasileiro gdes até As formagses andinas, onde ha picos co- € E tudo isso se passa através de extens6es for-€ hertos de neve. mnidaveis, desenvolvendo-se preferencialmente no€ sentido dos meridianos, os fenomenos orograficosd intercalando-se com os fenomenos hidrograficos.¢ fs vezes mesmo sob formas as mais bizarras. « De resto, a pluralidade dos transportes ¢ of que se observa sempre que uma regido qualquerg ‘em nosso continente entra em franco progresso. ¢ O sistema de viagio argentino nos da exemg plo perfeito, se considerarmos a conjugacao de stig Le sua viagao ferrea. Alias, deveg 134 Manto Thavassos STAL pO Brastt. 135 weve Pnosr¢io Contin | Mos lembrar-nos de que a avi ago dobra esse s se de Assungao e San- todo o sistema se vineul via eixo flu- atlantico pelo contacto daquela via com 0 se ; vegavel aa- vial do Parnaiba, francamente navegavel até Am rante ou pouco acima. tema pelo menos nos rumo tiago do Chile ¢ que as ie SSSCCSCSHCHSSECEOUSHSHEOUe”D eee ‘ lacom fas maritimas. A conjugagio ferreo-fl la Madeira-Mamoré, de nota. es dois casos bastam como amostra, se uvial, representada pe- fornece outro caso digno inci e qua se- levarmos em conta, principalmente quanto ao : iari i ecisivo para gundo, 2 rede_zodoviaria como fator decisivo p jai encara- emprestar relevo as vias fluviais, quando enea' Ai temos a solugao de continuid: sacdo fluvial, suprida pela tinh Porto Velho e Guajar sare: “se a ave BE. st jasse- ade na nave- das como calhas de escoamento, E, se atuass _ferrea entre @-Mirim. Apesar dos pe- + tem servido esse conjunto, a respiradouro economico mos um pouco a@ priori nessa questao de comuni- cagées, ist ndo ao encontro, forgando os acon- Gi 0 c 01 al 0 menos, como 4 Bolivia mediter Emi nosso territorio podemos citar ses casos e dos mais fris vega ao invés de sermos arrastados por divas, iscuti- tecimentos js i e ind ai entao, esses exemplos se tomariam de in anea, dois des- ‘antes, como sejam a na- » do alto e medio S j» ligagio-as pontas de trilh has, com as de Joazeiro ¢ da Baia.no litoral atl vel eloquencia. / es niga < Quem quer que medite sobre o conjunto de: io Francisco, pondo em ‘os de Pirapora, em Mi- jue levam direto ao porto antico; © a via ferrea S. Luiz- Terezing grande parte do ser ses exemplos, entretanto, podera sentir toda a a namica economia da vertente atlantica, entrete- cida no tear da multiplicidade dos anata de tr ans porte — rodoviarios, fluviais, maritimos, ferrovia- a articulagdo que t estabelece entre + " em.e tr: anicos. ‘© plautense e cearense e o rios, de cabotagem e transoce: 136 Marto Tnavassos ProsKcio CONTINENTAL po BRasit- 437 Agora 1 oe ‘a nos chega nov: . fica, para compr: ga nova oportunidade, magni- . _ tea, para comprovar ainda uma vez masa impo ea conjugagéo de meios de tran ancia da plurali 2 ma idade de transport i . ‘ansportes n a e hosso tipo continental 2. Se nao foss porte (estrada de ferro, auto, avido e hidro), certo Ingo se conseguiriam os resultados praticos que tao sendo alcangados. Ly ee ralarse do Servigo aereo postal e de passa- ee 2 Iquitos € que ja esta em pleno ceageuannento, organizagio e montagem desse » previsto desde meados de 29, merecem es- pecial atengii fio no ponto de vi locamos, ponto de vista em que nos co- naturais adversas € condigdes avoraveis obrigam a langar mao de varios meios. Além disso, as distancias ¢ a ausencia de recursos so tais que as linhas aereas. em locais que em outras circunstancias seriam sim- ples campos de pousos, devem tornar-se verdadei- ras bases com todo seu complexo aparellamento. por exemplo, é verdadeira base aerea, por isso que estabelece a ligacdo do trecho navegado por hidro (Masiseia-Iquitos) com a navegacao (Masiseia-Puerto Bermudez) e deve ¢ em mate- ¢ Condigées atmosfericas desf Com efeito: a viagem se faz em tres gem se oe secqoes, ass er: Lima Orava estrada de ferro; Oroya a ae , automovel; San Ramon a Masiseia, seroplano (escala em Puerto Bermudez) ; Masiseia quitos, hidro-aviao, — E. = ee _ Sucessio de sae de transporte permite ee as e 30 minutos uma viagem que eS oe 25 a 30 dias e poe uma das eee acifico em contacto direto com 0 » via Amazonas. ~ Masiseia, RANA ARO por avido possuir todos os recursos de suprimento A base de Iquitos além de todo ¢ jlerosa estagao ¢ « é € € < € tial e pessoal. esse aparelhamento dispde de pod radio. 138 Manto Travassos Ao nosso ver essa ¢ ligo de primeira ordem. Quer parecer-nos que, ao invés de planos sevara- dos de comunicagdes maritimas, terrestres, fhi- viais, acreas, etc., deveriamos ter um plano de con- junto, jogando com as possibilidades que nos ofe- recem todos os meios de transportes proporciona- dos pela indu ria moderna. Nem mesmo 0 avido ¢ 0 hidro, por si sés, se- riam capazes de solver todos os nossos problemas, apesar de suas imensas possibilidades; do mesmo modo que nao sé as linhas fer serao bastantes para resolvé-los. ‘eas ou as rodovias Nossa influencia se faz sentir em ambos os compartimentos das bacias amazonicas ¢ platinas ; as abertas andinas como que ligam a bacia ama- zonica ao litoral do Pacifico; a faixa litoranea de nosso territorio ¢ 0 nosso litoral rematam todas essas nossas possibilidades na vertente atlantica. Prosecio Contixe AL po Brasin, 139 Sobre essa base, levando em conta os interes- ses internos como os continentais, é que deveria- mos tragar nossa politica de comunicagdes, que, para responder a todas as necessidades, quaisquer gue fossem as cireunstancias em jogo (condigdes meteorologicas, recursos locais, extensio das eta- pas e sttas condigdes topograficas, financiamen- to, etc., etc.), se deveria valer de todos os meios de transportes e conjugadamente. Ali gado em toda nossa viagio em trafego, Todavia, falta-lhe a necessaria sistematizagao para que se ire dela todo rendimento. Com o que ja existe , cumpre reconhecer que isso est’ esbo- facilmente se poder chegar a organizacao de ama rede mixta, em que todos os meios de trans- porte se encontrem perfeitamente vinculados uns aos outros, em que se realize a pluralidade dc {ransportes, imposta por nosso tipo continental. 140 Manto Travassos, Mas 0 que nao se pode negar é que, dados os aspectos geograficos sul-americanos que vimos fo- calizando — como aspectos essenciais ou como sig- nos de inquictacio politica — sémente sob o do- minio da pluralidade dos transportes podera o Brasil exprimir toda a forga de sua imensa pro- jecio coordenadora no cenario da politica e eco- nomia continental, tal como incontestavelmente Ihe compete. Imperativos & vede aerea sul-americana \ rede aerea sul-americana é outra prova di projecio coordenadora do Brasil na vida interna- cional do continente, dada a influencia decisiva de certos imperativos fisiograficos. Apesar de todos os progressos da aviacio, é por demais sabido que as rotas aereas tém de ser balizadas por linhas do terreno, 44 9 CONTINENTAL DO Baasit. Prosegs Nao é, como pode parecer a primeir: vista, quest’o da orientagio do véo. Hoje os process sos de navegacio asseguram a0s aviadores 08 Fe- cursos necessarios para que se mantenham nas derrotas prefixadas. Trata-se, simult: circunstancias que devem ser atendidas, pars que os voos se realizem nas melhores condig6es pos to aos aspectos meteorologicos a s¢- As questdes relativas indo a es- aneamente, de uma serie de veis, quer quant rem encarados, quer quanto a determinados recursos Jocais interessai ; colha de campos de pouso, normais ou eventuals, ou de bases aereas. ; No continente sul-americano tais ticas aviatorias se manifestam de modo preponde- rante. De um lado esta o desenvolvimento do ter- ritorio ao longo dos meridianos cuja escala de la- titudes deve ser percorrida; de outro, a faixa cen- tral com todos os surpreendentes caprichos da ver- tente atlantica, desde a verdura infernal das matas earateris- PASO MAMRM AA AARAAARARARMAAAAN 142 Manto Travassos amazonicas até iis manifestagdes orograficas do planalto central ¢ sua repercussio nas diregdes do aceano. Consideradas estas particularidades geogra- fleas de nossa massa continental ¢ as ci ‘cunstan- cias a que procuram atender as rotas aereas quanto ao territorio que devem cobrir, torna-se evidente © quanto de imperativo tém os nossos carateris- ticos fisiograficos no que respeita ao estabeleci- mento de ativa ¢ eficiente rede acrea, I inegavel que nossas linhas aeres ser balizadas pelas faix: litoraneas, de um lado; de outro, pelos grandes idores de nossas duas imensas bacias hidrogra Com efeito, tal é 0 que se conelue, obse per um momento o trafego aereo sobre terr americanas, O litoral do Pacifico e os vales longitudinais andinos encaminham toda a circulagio aerea para servir As regides da vertente do Pacifico, Essas AL bo BRaste 143 linhas longitudinais € que orientam os yoos do Servigo Aerco det Ejercito del Chile, da Scadt da Colombia, da Paweet Aviation Company do Perit, do Servico Aerco de la Marina Peruana, ¢ da Compania Lloyd Acrco Boliviano, em parte. Ao litoral atlantico cabe o mesmo papel. Assim confirmam praticamente as linhas New York - Rio- B. Aires (Nyrba), Natal - Porto Ale- gre (Condor), Natal - Buenos Aires (Lacte- coere). Quanto ao trafego na fai a central do conti nente, esta francamente esbogado, segundo as 1 has fluviais das duas bacias atlanticas, Na bacia platina temos a rede B. A’ sungio ¢ Santiag» do Chile (Lactecoere) ¢ na es-As- bacia amazonica algumas linhas do Lloyd Acreo Boliviano ¢ a recentissima linha mista Lima-Iqui- os, aproveitando-se do Nudo do Pasco para trans- por a cumiada dos Andes e, via Ucaiali, levar ao Amazonas, isso Como UM PRIMETRO + RANSEORDO 14 Mano Tnavassos DA VERTENTE DO PACIFICO SOBRE A DO ATLANTLCO NA REGIAO AMAZONICA. ante que tudo, ha que regis- E, mais interes tar a linha Nova York-B. Aires, ruidosamente dbergh de inaugurada por magnifico voo de Lin Miami a Havana. Essa linha segue no sé as vias aereas da ver- tente do Pacifico, palmilhadas pelas demais, como volta pelo Paso de Santa Rosa (planalto bolivia- no) para a bacia platina, seguindo 0 Pileomaio rv mo a B, Aires, Confirma, assim, ambas as servi- does fisiograficas j apontadas. Para rematar esses pontos de vista, not quanto nos incumbe na exploracio das possiveis inhas da rede aerea stil-americana, mesmo dei- xando de lado a estafada argumentagao em torno do Brasil como o bergo da navegacao aerea. emos Pros Temos a posse da maior parte da bacia ama- zonica e com ela 0 controle de todas as suas possi- bilidades viatorias, jnclusive sobre os transportes m da outra vertente continental. Po- que venhan lo sul do deremos ter, em consequencia da parte di nosso litoral e das possibilidades de linhas de pe- netrago para oeste, ry z#adora tuagdes: ) platina, FE, em virtude do nosso podemos amarrar todas as manifestacées daquele controle e desta influencia, emprestando-lhes a ne- cessaria coesio. E dadas as nossas formidaveis dificuldades para o trafego terrestre (obras darte sem conta, extensdes incriveis, saneamento, etc.), que papel podera representar a aviagdo para dar sentido pra- tico aos aspectos geograficos decisivos do conti- enee PAPO AAAARAAAAMAANMRADMA®M 22a" a eeeee reve eeeTOeeGIy f @eevuvve 146 Manto Travassos nente € que estao em nossas maos? Até onde le- varemos esse sentido pratico se com os meios ac- reos completarmos 0 que ja temos reali tros dominios dos transportes ? orca coordenadora do Brasil Longitudinal Examinadas, e consequentemente admitidas, conti bem como do territorio certas manifestagdes geograficas da ma: nental sul-americana, br: foco, ressalta de modo indiscutivel a importancia de nossas comunicagdes longitudinais, quer do ponto de vista da unidade brasileira, quer como ileiro, inanifestagdes que vimos pondo em fecho da projecio coordenadora do Brasil no pon- to de vista continental. Numa breve r capitulagdo podemos resuimir essas manifestacdes em poucas palay Rerxumoe Prose¢do CoNTINENTAL DO Brasit. 7 Em primeiro lugar, as grandes linhas da mas- sa continental — as cumiadas dos Andes divi- dindo-a em duas vertentes, a vertente de leste tra- balhada pelos compartimentos de duas imensas \mazonas e a do Prata. Em seguida, o fato dessas duas bacias se en- gastarem numa sorte deypivot, emergindo das for- magies da Cordilheira — 0 planalto boliviano — a partir do qual as caudais daquelas bacias se co- bacias — a do ¥ locam verdadeiramente em antagonismo. Depois, a permeabilidade das cumiadas andi © Nudos como li- nhas de menor resistencia e que podem ser trans- nas, representada pelo postas pela riqueza que, da vertente ocidental, ¢ ate mismo da vertente atlantica, Finalmente, 0 predominio da bacia amazoni- ca sobre a platina, definido pela forca centripeta do Amazonas em relagdo ao imenso anfiteatro ida pelos chamamentos consequentes ao dina- nazonico ¢ pelas energias neutralizantes produ- 148 Manto Tnavassos zidas pelo litoral atlantico e que recaem sobre a bacia do Prata devido 4 ma posicao de sua foz. Por outro lado, essas manifestagdes geogra- ficas presidem a uma serie de fenomenos que se podem considerar como capitais. ‘A instabilidade geografica de certos territo- rios, é um deles — oybolivianoypreso a0 facies mi- neiro dos Andes ¢ carcomido pela economia ama- zonica ¢ platina; 0 colombiano oscilante entre as influencias diretas dos dois oceanos € imediatas da expanstio yankee, desencadeada através da in- cubadora do mar das Antilhas; o urugtaio: mais ou menos indeciso ainda entre a identidade eco- | nomica com 0 territorio brasileiro ¢ as solicitagses \ politico-militares do Prata. A pluralidade dos transportes é outra ordem desses fenomenos revelados pelas circunstancias que cercam o problema viatorio ¢ que, para serem vencidas, exigem o artificio da conjugagao de to- vat. po Basil 149 ‘o fatalismo no estabelecimento Por fim, cert unto as. das redes de circulagao, principalmente qua nereas, provindo, sobretudo, de imperativos fisio- graficos bem ma Na totalizag: ritorio brasileiro o melhor quinhi mazonico e matogrossense 4) Sul, em convergencia reado: jo desses £enomenos cabe ao ter- 0, devido aos ue prolongam tratos ar extremidades Norte € o proprio centro da ma suas sobr' ssa continental. O trato amazonico, pelas naturais possibili- ‘Amazonas, vale por si mes- dades carreadoras do por sua posigao, pro- mo. O longando territorios terrestres _estabeleci litoraneos, permite, por vias a, grande 10, das em concordanci "Amarrando-os, como poderoso imé, nosso Titoral se arqueia segundo os segmentos balizados | respectivamente pelos portos de S. Francisco-San- | tos, Rio-S. Salvador, Natal-Belém, oferecendo ef eae. 2a" SOO SCCSCHSSCSOHSHSESOHOSSSBeeeasee Prose¢do ContINENTAL po Brasit 151 assim tres superficies de contacto aos feixes circulagio maritima do Atlantico Sul. © segmento S. Francisco-Santos atua con- tra a forga concentrica da bacia platina, enquanto {Arvenezn que, no seginento Natal-Belém, Natal realiza o exanante mu 3 campo de potiso espontaneo para os véos transa- eereouns tlanticos e Belém 0 desaguadouro de todo 0 poten- cial centripeto do Amazonas. O segmento Rio-S. Salvador baliza, na cos- ta, a regio litoranea que traduz a faixa longitu- dinal de ligagao dos dois grandes tratos de pene- IZONTE tragio. = Ainda mais. ODE TANEIRO Apesar de toda a projegio coordenadora des- s¢s segmentos litoraneos, em relacaio as manifes- accmmmat tages geograficas em que se assentam os referi- dos fenomenos capitais da geografia sul-america- na, devem considerar-se as linhas terrestres que 6 reforcam em muitos trechos, retificando seu ar- 152 Manto ‘Travassos queiamento ou balizando o limite oeste da faixa (longitudinal de ligagdo ou amarrando as possibili- s S an ; sSdades unificadoras dessa faixa 4 pluralidade de “3 nossos portos. Essas linhas sto, de modo geral, definidas pelos ¥ e Tocantins ¢ pelos va- les dovalto e medio . Francisco e do Parnaiba. Sobre a primeira encontramos Catalao que se impde como base aerea de primeira grandeza, de onde se salta com facilidade para qualquer dos tres principals vales jA referidos, muito especial- mente no rumo de Belém (Tocantins). Sobre a segunda temos Pirapora ligada ao Rio ¢ Joazeiro a S, Salvador. Desses dois pontos balizas ressalta a importancia de Joazeiro, por isso que corresponde sensivelmente ao centro de dis- persio orografica que se desencadeia para leste ¢ para norte, limitadas suas ramificagdes pelo lito- Puose¢ko CONTINENTAL po Buasit 153 ral que se estende desde S. Salvador até S, Luiz do Maranhio. De um lado, excluid in{luencia nitidamente litoranea, > Salvador apresenta francas possibilidades de no restante desse trecho de costa 08 portos ou nao existem ott existem em estado inci- piente devido a multiplas causas. De outro lado Joazeiro esta mao do ponto 40 do Parnaiba a cuja mar- ar em Flores (Mara- Te: lo 0 porto de Recife de somente o porto de S escoamento 5 deve-se contar que terminal da navegac gem por sua vez vo par ores | nhdo) os trilhos da estrada de ferro S. Lu rezina. , Se notarmos ainda que Joazeiro esta & mar- gem de S. Francisco, capaz de coletar em Pira- pora grande parte da producto do Norte de Mic nas; que esta em contacto com arede rodoviaria do nordeste, por intermedio da rodovia Petrolina- Leopoldina - Lavras (Pernambuco - Ceara) a qual balizarA o prolongamento da E. F. Cearense; que; SHAOMAMO AAR ARAMAAAAADRO2MAAa® SCCCCCC CES OEE HUEEOS F 154 Manto Travassos enfim, Joazeiro esta ligada por excelente via fer- rea com o porto de S. Salvador, teremos bem ca- raterizada a importancia de Joazeiro, no sistema de nossas comunicagies longitudinais, Resta, poi evidente a capacidade de atragio € coordenagao do litoral atlantico sob nossa ban- deira, em relagio 4 de penetracéio das extremida- des Norte ¢ Sul de nosso territorio e expresso de modo muito preciso pela faixa longitudinal que vimos de definir. E essa sorte de barra imatada se mostra assim capaz de atuar sobre os dois compartimentos da vertente atlantica, por meio de seus dois espi- goes de penetragao, inclusive levando sua influen- cia, a um tempo economica ¢ politica, para além das abertas andinas, até A vertente ocidental do continente. MAIS DUAS PALAVRAS Consideradas as circunstancias secundarias da vertente do Pacifico ¢ a permeabilidade dos Andes, na vertente Atlantica é onde culminam os tracos decisivos do facies politico stl-americano. Cenario e atores assumem ai o maximo de exuberancia em suas reciprocas relagdes. Maior extensio e diversidade do territorio, Mais largo ¢ mais vivo contacto dos dois grupos etnicos. Maiores as influencias exteriores, de além mar. FE’ assim que, de quanto yimos, resulta em ultima analise a oposigao das duas grandes bacias 156 Manto ‘Travassos ou seja a dos interesses de toda sorte que elas re- presentam. se precisa a procura de equil Quanto mai brio estavel da parte das forgas politicas que se vao ajustando ao territorio, mais se revelam os e antago- efeitos dissociadores causacos por nismo geografico. E a proporcdo que interveem os mais diversos go aspectos economicos, quanto mais entram em j novas vias de comunicagao ¢ meios de transporte novos, 4 medida que a riqueza se revela ¢ precisa circular, aqueles efeitos se vio mostrando de mais cm mais exigentes. Apés a fermentagaio de quatro seculos de ati- vidade do homem nessas plagas, tudo faz crer que apenas se iniciou a formidavel partida politico- ‘economica Amazonas versus Prata, nestes englo- badas todas as questées direta ou indiretamente li- gadas ds respectivas bacias. raL po BRAstt 197 prosEc¢io Contin TE’ que somente agora, nos primordios do se- ndo seculo de vida aut — ainda assim ta ntecimentos do primeiro quar- stamos vivendo a tomar con- que Thes cabem fonoma, comegam as nacdes vez aceleradas gu sul-americanas pelos complexos aco to de seculo que ¢ ciencia dos graves problemas resolver. ‘Até aqui, como que somente se colocaram a pedras no tabuleiro. Na bacia platina, carat suficiente homogeneidade ¢ densidade de popula- eGo, facilidades topograficas, condigoes meteor’ Jogicas favoraveis. Os pides se encontram em YEP tajosa situagéo inicial, Dominio absoluto da via- cio fluvial pela bandeira argentina. Estradas de ferro em combinag&o com as vias navegaveis, pro- da foz do Prata. curam compensar a ma posicao drenando para Ambos os meios de comunicagao es, como distribuidora, a economia dos teristicas concentricas, Buenos Air on POOR EHEMHAHO99999490408 ‘ \ | | | weuwwweweweweweaesadd SCCCCCC CEES HEY 158 Mano Travassos, Estados mediterraneos e levando a influencia pla- tina até os vales longitudinais dos Andes, Na bacia amazonica, tudo ao contrario. Flo- resta tropical imensa, excentrica 4s zonas de irra- ‘a devido 4 precariedade das comunicagées longitudinais. A terra ainda diyorciada do homem, pequeno ainda para abar- ear-Ihe a grandiosidade, A nfo ser a navegacio diacdo da politica brasileir fluvial segundo os rumos excentricos da Amazo- nia, sé a Madeira-Mamoré, perdida nas profun- das do “Inferno Verde” como unico pido sabia- mente colocado por mao de mestre... Todavia, ha que se contar, em favor dos de- a, com o sistema ferru- signios da bacia amazoni iario que se enfeixa em Santos. Gragas a ele a Noroeste poder vir a res- ponder As necessidades dos Estados mediterra- neos. Representara isso a neutralizagio das agées convergentes das comunicagées platinas. Servira . Paulo e desce para Prosecio Conti AL po Brasty 159 como excelente cobertura politico-eeonomica ao uesenvolvimento das comunicagdes amazonicas, Quais as demais agées neutralizantes que se sucederao a cada lance da partida, em favor da bacia amazonica, notoriamente em retardo quanto 4 sua antagonista? De que modo atuarSo certos fatores novos como os surtos da aviacao comer- cial, 0 transbordo da riqueza andina, a imigragio japonesa, as iniciativas © 0 capital yankees? Que reagoes politicas adviraio daqueles lancos, da inter- vengio desses novos fatores? Que papel caber aos Estados mediterraneos em presenga de atua- ges politicas de tal modo divergentes? L’ certo que a serie dessas interrogagées se desdobra em um numero infinito de outras, To- das clas superpostas emprestam ao contorno do continente sul-americano, pela repetigdo vertigi- nosa das imagens que provocam, a forma inquie- ladora do proprio signo inter ogativo... APENDICE (Alguns artigos no quadro das idéias da “Projeccio Continental do Brasil”) RR PRP FX EP RRP FR FF FON NM PN | A POSIGAO COMO EXPRESSAO GEOGRATICA DE MATO GROSSO Quem quer que estude os aspectos essenciais da geografia sui-americana ha de concluir que grande parte, senao a maior parte deles, vem cul- | | minar no ie, que muito pte se pode considerar o a s continental, se admitimos esses termos em sta mais simples acepgao. F Por sua parte Norte passam os caminhos na- turais que ligam, guiados pelas linhas sinuosas » dos altos vales andinos, todos os Estados hispano- americanos a cavaleiro da Cordilheira, caminhos © que o planalto boliviano pode barrar se das Anti- SCOCSOCSCCSCSHSSCST OSH EOCTeeCCHeeeesa. 164 ‘Manto Tnavassos Ihas por eles vierem influencias estranhas de ca- rater economico ou politico, como soi acontecer com as de origem americana no caso do petroleo. De outro modo, produzindo efeitos da mais terrivel erosdo economica, as bacias do Prata e do Amazonas disputam o planalto boliviano, luta que certos caprichos geograficos favorecem ora a uma, ora a outra dessas bacias, Nao ha negar que o equilibrio politico sul- americano se definiré, num futuro bem proximo, \ segundo as oscilagdes do j4 famoso triangulo Co- © eliabamba (influencias andinas) Sucre (influen- > x » Santa Crug (influencias amazo- _—— £ de notar ainda que essa larga repartigao— das influencias que dissociam a significagio poli- tico-economica do pais boliviano, sofre modalida- des, permite variantes que se orientam segundo a base Sucre-Cochabamba, modalidades ou variantes que Santa Crus ainda nao péde neutralizar, por Puosxeio Cox TAL 90 BRASIL 165 o que homogenizam duas grandes forgas — a io de Buenos-Aires ¢ a do Canal de Panama — frente ds quais a capacidade carreadora da Amazonia, simbolizada por enquanto na precaria Madvira-Mamoré, pouco representa. Mergulhando-se mais na questdo, sente-se, po- rém, a-pesar-de tudo, que caberaa Santa Cruzide la Sierra a vitorio final. Ha, com efeito, todas as possibilidades para que 0 valor economico e politico do planalto boliviano venha a polarizar-se em Santa Cruz, invertendo-se os papeis de Sucre ¢ ¢: pecialmente de Cochabamba, transformados, en- to, em centros de convergencia sobre Santa Cris. * * No conjunto dessas circunstancias, ¢ facil ad- mitir-se 0 valor formidavel das comunicagdes bra- sileiras no que representam por si mesmas e, SO- CAMPO MAMRFMAMRARABRAARARAMRABIMAN SCORES CSCKLSHeEoHeHTBHeeeBeeeeIdE 166 Mano Tuavassos bretudo, pela repercussao internacional que de suas rédes se irradiara, quando convenientemente en- caradas as formas dessa sua expresso. De um lado a riqueza da viagdo fluvial ama- zonica cujo fecho temos em nossas proprias mAos, sem que esquecamos o valor imediato de suas pos- sibilidades se consideradas 4 luz da pluralidade dos meios de transporte, principalmente 0 aviio e 0 hidro. De outro, e isso é muito mais importante, a capacidade neutralizadora de nosso litoral Sul so- bre a expressao concentrica do potencial platino, A cerca de pars Santa Crus the oferece c capacidade tende a ampliar-se. como ja e 4 aconte- cendo com a multiplicagio do acesso 4 cidade de Santos. Se é verdade que dificuldades tecnicas fatal- mente sobrevir: Santa Crus Zio fi realizagio plena da ligagio Santos, nio & menos exato que essa li- Prosrcio Contis NTAL DO Brasiy 167 gacdo talvez Seja o ato de mais profunda signitit cacao politica nos tempos que correm. Nao s6 porque vai direto ao planalto bolivia- no onde se desataré 0 né de multiplos aspectos po- liticos interessando a todos, principalmente 4 na- gio boliviana tornada mediterranea apés A ampu- tagiio devida 4 Guerra do Pacifico, como porque afetaré de perto a politica de comunicagao platina cujo ultimo golpe, ainda em suspenso, se traduz na conhecida “Convengao Carrillo-Gutierrez”, Talvez, razdes dessa ordem, mais que de qual- quer outra, tenham conduzido a politica brasileira & solugio da Madeira-Mamoré e consequentes pro- videncias em outros departamentos da atividade nacional. Todavia, é de reconhecer-se a iminencia em que estamos de enearar de frente tio grave pro- blema. As carateristicas brasileiras, tao bem poli- ticas como economicas, decorrentes de stia tradi- cio historica como de sua posigdio geogratica, so- 168 mam verdadeiro imperativo para o Brasil ao qual, naturalmente, sua politica nao podera escapar. Para melhor traduzir essa afirmativa, pode- riamos dizer que para a politica brasileira a Boli- via deste seculo é o Uruguai do seculo passado, agravadas as questées pela colocagio desse foco de controver: as politicas sobre o proprio flanco do territorio brasileiro em sua parte mais sensivel dada a natureza viva de nossas fronteiras sudoeste e sul. E para completar esse esboco € preciso que se nao esqueca do territorio paraguaio, sorte de pro- longamento de toda a angustia concentrada no ter- ritorio boliviano. ProseGko CONTINENTAL po Bras. 169 Nessa moldura é que sobressai a importancia do baixo relevo de seus pantanais, como do alto re- levo da cinta de alturas que a Serra do Mar adianta até esses confins ocidentais de nosso territorio. Mato Grosso é a superficie de contacto da ci- vilizagdo brasileira com 0 conjunto dos problemas de toda a sorte que se processam em torno de nos- sas fronteiras vivas do sudoeste. E o/suil de Mato | Grosso muito bem se pode definir como a futura _ plataforma onde receberemos tudo que tivermos de carrear para Santos. Nesse particular, o sector compreendido entre ha de ter, Em que pese todo o valor restante de Mato Grosso, 0 que é inconteste, seja pela exploragio sistematica do manganez ou pelas jazidas de metais preciosos e lengéis petroliferos, seja pela invasio do café paulista que marcha decididamente para PHARM MARMAAAARAMAMARARAMRABMAN SSCOSCCCSOSC SSE SHSEOHHEOHSHEHHOEBass 170 Manto Travassos noreest2. seja ainda pelo tesouro fantastico de sua vertente amazonica, 0 que niio ha duvida 6 que de bri- Ihante de sta projegio como entidade politica e economica. sua posig&o geografica emanara o feixe ma E é tal a importancia da posicéo geogratica de Mato Grosso que s6 a partir do momento em que a politica nacional a tiver assimilado comple- tamente comecar i Mato Grosso a representar o papel que The compete no cenario bre sileiro e, por isto, no tablado continental. E ha um fato, em aparencia de carater me- ramente economico, mas que ja esta contribuindo para acelerar o surto politico-economico de Mato Grosso. fato é 0 desenvolvimento rapido do noroeste paulista invadido pelo cafesal ¢ pelas ma- nadas equinas de ricas fazendas criadoras, afora mil outras atuagdes. gravitando todas em torno do potencial dos saltos do Avanhandava e de Jtapura. Prorecio Coxiyi ‘AL po Brasu. 174 * A transformagio dessas energias paulistas em maior relevo mato-grossense esti caracteris- ticamente esbogada nas vistas que a politica brasi- leira acaba de langar por tao longinguas paragens. Ligar-se Ponta Poré a Porto Murtinho ¢ es tabelecer-se duas transversais (Bella Vista-Miran- da ¢ Ponta Poré-Campo Grande) rocando trans- portes daquela ligagao rodoviaria com a via fer- rea Tres Lagoas-Porto Esperanca, de wm lado e do outro das massas das Serras de Maracajti (trecho sul) ¢ de Aquidauana; reforgar-se a solu- gio dos problemas portuarios as margens do Pa- raguai — tudo isso no é outra coisa mais que se comecar a apropriar o sector a que referimos — = Corumbé-Campo Grade-Ponta-Pora — a0 papel funcional que Ihe incumbe por sua propria posicao geografica, 172 Manto Travassos E esse papel, dadas as circunstancias da parte Sul do territorio. mato-grossense e os problemas internacionais que a cercam, é dos mais comple- > 5 > , > , > > > > > a > > > > » > > > > > > > > 190 Manto Travassos damos ao luxo de pretender vias especializadas, de carater cconomico, estrategico ou politico es- quecidos de que sem essas vias estarem ligadas a uma trama integral de comunicagdes, adquirem significado absolutamente ilusorio, Das melhores obras da revolugao seria sem duvida a recondugao de nosso problema de comu- nicagdes aos seus verdadeiros termos. Ao nosso ver nenhum passo mais deveriamos dar antes que asseniassemos 0 caso especialissimo de nossas co- municagdes em seus verdadeiros fundamentos, que Se podem exprimir com o sentido mesmo das li- nhas naturais de circulacdo. Esses fundamentos, e de modo geral as so- lugdes espontaneas deles decorrentes, ei Procuraremos esbogar, o que Prosncio ConTINENTAL po Brasit, 191 NOSSAS CARACTERISTICAS GEOGRAFICAS DE OIRCULAGAO, Diante de um mapa fisico do Br fatos geograficos saltam desde Io, que nao devem ser te do sistema de cor asil, alguns 80 aos olhos e esquecidos sempre que se tra- municagdes brasileiras, De uma parte extensa articulagéo com o ocea- no, apresentando-se caracter: izadamente em angu- lo reto cujo vertice, marcado grosso modo pelo Cabo de Sao Roque, determina dois lados nitida- mente diferentes — um seguindo a orientagac ge- rai de noroeste, outro a orientagiio geral de sudo- este, aquele menor que este. Esses dois segmentos litoraneos se diferen- 080, em particular iceano, O que se orienta para 9 nordeste, sa articulagio de maneira mai. predominando 0 estuari de Sio Luiz. O que s clam de modo assis caprich quanto 4 articulacdo com o o realiza es- is homogenea, nela 192 Manio Tnavassos : ao contrario, apresenta em sua articulacao mari- _ tima.a mais flagrante variedade, cujas nuancas requerem observagéo mais detida. : De outra parte, ha que se considerar o for- midavel espago enquadrado pela orla litoranea, igualmente variada em suas manifestagées mor- fologicas, de facil verificagio se assinalamos as grandes linhas das massas orograficas que en- quadram as bacias hidrograficas, totalmente ou em parte contidas a dentro de nossas fronteiras. Assinalada, esquematicamente, sobre um ma- va fisico as linhas gerais de nossas massas oro- graficas tanto como dos vales principais, ressaltam dos contrastes que assim se estabelecem conclu- sdes de todo fundamentais para o facies circulato- rio_ brasileiro. Puosegio CoNTINENTAL pO BRASIL, 193 Duas grandes longitudinais orograficas se mostram desde logo 4 nossa observacdo. A pri- _ mais proxima da costa, ou se debruga so- ra Ge- meir bre o proprio oceano como acontece a ral. 4 Serra do Mar e 4 Serra dos Orgiaos ou da lugar, desenvolvendo-se mais para o interior (Ser- ra do Espinhage, Chapada, Diamantina) 4 cha- mada vertente oriental dos planaltos de onde cor- rem para o oceano a série de vales costeiros dos rios Doce, Jequitinhonha, de Contas, Paraguasst, Ttapicur’t ¢ Irapiranga. Essa primeira longitudi- nal diferencia, por sua propria repercussio mari- tima o segmento costeiro para S. O. em duas partes distintas — a que fica ao Sul da Guanaba- ra (inclusive) ¢ a que se estende para o Norte até a foz do S. Francisco (exclusive). Apresen- ta, ainda, duas particularidades importantes como sejam a presenga da Mantiqueira constituindo aproximadamente o centro de gravidade da longi- tudinal e as linhas de acesso traduzidas pelos va- ‘ « é € f € € € € € ¢ 4 € { € € « € € « « « « 4 ‘ « COC OOOO ESCH H SOUS HOCHEOOHESCEUS 194 Manto Travassos les do Paraiba (entre a sua massa, a Serra dos Orgiios e as extremas nortes da Serra do Mar) € o alto Tieté (entre essas extremas e os contra- fortes meridionais da Mantiqueira). A segunda longitudinal orografica é balisa- da pelas serras Maracajtt, Pirineus, Espigio Mes- tre até 0 nd orografico de onde se biparte no ru- mo do Golfao de Sao Luiz ao longo da Serra das Mangabeiras e nos rumos do Nordeste pe- Jas Serras do Piaui e Dois Irmaos em cuja ex- tremidade explode no chamado sistema nortista que se enfeixa na Chapada do Araripe. Essa se- gunda longitudinal apresenta pois duas particu- laridades notaveis tais como o enquadramento dos vales Parand-Parnaiba e do S. Francisco, 0 que se realiza conjugada com a primeira longitudinal, © a presenca sobre ela das chaves orograficas do GolfZo de S. Luiz (planalto do Gurgeia) e da re- gido nordestina cuja tendencia centrifuga pode Puosecio Continentan po Bras. 195 dizer-se que neutraliza (né orografico do Ara- Ao par das duas longitudinais acima esboga- las pode-se coneluir, por concordancia de certas linhas ¢ caracterizagio de outras, a unica trans- versal orografica que se pode definir. Essa transve} sal orografica é marcada pelo grande divisor daguas entre a bacia platina e as bacias amazonica e sanfranciscana. Parte do ma- cigo da Mantiqueira ¢, ligando-se por seus contra- fortes N. N. com os contrafortes S. E. do Espi- gio Mestre com a Serra dos Pirineus, entronca na Serra de Santa Marta, a longa cumiada que conduz ao planalto mato-grossense. Desse breve esbogo, pode-se deduzir o nosso facies de circulagio, Em primeiro lugar a feigdo longitudinal das comunicagdes que correspondem ao maior seg: mento litoraneo, justo o que se decide pela orienta- sao geral do sudoeste. Vias troncos, dobrando a 196 Manto Travassos via maritima e langando ramais de penetragéio — as comunicagdes apresentando seu maior desen- volvimento no sentido dos meridianos. ao carater concentrico das comu- Em segui nicagdes que corr spondem ao menor segmento li- toraneo, o que inflete na diregdo geral do noroes- te. Vias terrestres como verdadeiras cordas dos arcos de circulo tracados pelo litoral — as comu- nicagdes se desenvolvendo preferentemente no sen- tido dos paralelos. Em terceiro lugar uma sorte de repercussao deste fenomeno permitindo a ligagao direta dos onifins do sul aos confins do norte por meio da bipotenusa dos imensos catetos litoraneos ja refe- ridos. E’ que a nossa unica transversal orografi- ca, muito baixa na regido das nascentes do Parai- ba ¢ do Sio Francisco, empresta uma como con tinuidade a esses dois grandes vales, que por sua diregdo geral ligam a regiio do Iguasstt aos dois 197 grandes compartimentos do Gurgeia ¢ do Nor- deste. Finalmente, e essa é a caracterts a quasi obrigatoriedade de langar-se mio de todos le transporte, evitando-se juxtapo-los ung aos outros. Essa conclusdo se impée em face da variedade morfologica do espago geografico, das longas distancias e da infima densidade de tica essencial, os meios di poputagao no interior. Ao que nos parece um estudo de conjunto dessa ordem deveria preceder qualquer plano de comunicagdes em nosso territorio. Quando mais nao fosse, se feito por tecnicos idoneos e conve: nientemente desenvolvido, evitaria (esses planos unilaterais que de quando em vez nos absorvem — plano rodoviario, plano ferroviario, planos de vias aereas, etc. — em favor os 0 s¢ “riog sobre a combinagio de todos esses meios de _ transporte, aane ~ ROMP AMAAARMARMAAAMEA ~rananm 198 Mario Trava! A PROPOSITO bo PaPE! NOSSOS PORTOS NCIONAL DE Em varias oportunidades temos frisado a ne- cessidade de encarar-se nosso problema de comu- nicagdes de modo global, isto 6, de tal maneira que os diversos meios de comunicagao e transpor- tes sejam apenas meros capitulos de um mesmo > plano de conjunto. eevee vwsaded Resumindo as razées de nosso ponto de vista, podemos sucintamente reproduzi-las. De um la. do estao as questées tecnicas ¢ as possibilidades financeiras, impedindo a continuidade por exten- soes infindaveis de um mesmo meio de comuni- cago (a estrada de ferro, a rodovia) c, conse- Pquentemente, a impropriedade de se juxtaporem Pmeios diversos de comunicagio. De outro, 0 par- Btido que se pode tirar da concordancia de certas Pmanifestacdes fisiograficas no se itido de desen- prolver os diversos meios de comunicagio ¢ trans- \ TAL Do Basti, porte por judiciosa aplicagdo sucessiva desses meios, ‘Ambos esses aspectos se justificam plena- mente 4 luz de nossos dados demograficos ¢ das possibilidades economicas de grande parte do In- terior do nosso territorio. A nio ser caso especial, ¢ unico por enquan- to, das ligagdes Sao Paulo-Rio, se pode admitir entre nds 0 dobramento das comunicagées tal co- mo, praticamente, ja acontece (transportes mari- timos, ferroviarios, rodoviarios e aereos). O dobramento previsto de comunicagdes sé devemos admiti-lo na fase atual da questo, quan- do se trate de meios aereos (natureza das cargas, rapidez do transpor te). Para dar um exemplo diremos que ao esfor- ¢o de levar a ponta de trilhos de Pirapéra a Be- lem do Paré, prefeririamos dar eficiencia 4 nave- gacdo fluvial Pirapéra-Joazeiro e Amarante-Flo- res, aplicando o esforeo ferroviario em concluir

Vous aimerez peut-être aussi