Hoje visitei alguns pacientes nos leitos acompanhada de outra
fonoaudióloga. Miet De Letter trabalha com pacientes neurológicos nas desordens da deglutição e da linguagem. Vi 4 pacientes, mas a que me chamou atenção foi uma mulher com coréia de Huntington e resolvi dar uma relembrada já que neurologia clínica foi disciplina do 3º período eu acho. A doença de Huntington (DH) é uma desordem genética do SNC (sistema nervoso central) cuja prevalência mundial é de 1 para cada 20.000 habitantes. É causada por um defeito no cromossomo 4, é hereditária e não tem cura. Os sintomas começam a aparecer na 3ª ou 4ª décadas de vida, geralmente, e incluem: movimentos coreicos, dificuldades para falar, depressão, anorexia e perda do pensamento racional devido a morte de neurônios do córtex cerebral e gânglios da base. Acredita-se que os movimentos anormais na DH sejam causados pela perda da maioria dos corpos celulares dos neurônios secretores do neurotransmissor GABA no núcleo caudado e no putâmen, e dos secretores de ACETILCOLINA em muitas partes do cérebro. Estes pacientes também possuem alterações de linguagem expressiva, disartria e lentidão para a fala. Além disso, a pneumonia por aspiração devido a disfagia é a causa mais comum de morte na fase terminal da doença. Origem A doença foi descrita por George Huntington, em 1872. Em 1983, pesquisadores localizaram o gene que causa os sintomas numa região do cromossomo quatro. Dez anos depois, descobriu-se que no local havia uma repetição anormal de uma seqüência de substâncias chamadas nucleotídeos, que são como blocos construtores do DNA. A seqüência é formada pelos nucleotídeos citosina, adenosina e guanina (CAG) e codifica uma substância denominada glutamina. Nos indivíduos sãos, o número de repetições da seqüência CAG é geralmente menor que 20; nos portadores da doença de Huntington, há sempre mais de 36 repetições, justamente na posição onde se encontra o gene defeituoso. A proteína codificada por esse gene, que ainda não tem função definida, foi denominada huntingtina. Pela análise do DNA de uma pessoa, verifica-se o número de repetições do CAG, o que indica se a pessoa é portadora ou não do defeito genéticoque causa a doença. Por isso, o diagnóstico mais apurado é feito hoje por meio de testes genéticos. Em casos com suspeita deste diagnóstico, deve-se investigar a possibilidade de enfermidades com sintomas semelhantes, como a coréia hereditária benigna e discinesias tardias (movimentos involuntários causados por medicamentos). Exames complementares, como eletroencefalograma (EEG) ou exames de imagens, não indicam a presença da doença, mas ajudam a descartar outras patologias e acompanhar a evolução da moléstia.