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Projecto Karumbé

Um estágio de um mês num projecto de tartarugas marinhas do Uruguai.

Por Bruno Galrito, aluno finalista da licenciatura em Biologia da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Na costa atlântica da América do Sul desenvolve-se um projecto cuja


missão é conservar os recursos marinhos do Uruguai – o Proyecto Karumbè.
Esta área protegida é uma importante zona de desenvolvimento das demais
espécies de tartarugas marinhas. Estas estão sujeitas ao impacto ambiental
causado pelo homem e consequente extinção. As principais causas da sua
morte são as actividades pesqueiras e a ingestão de plásticos.

Com o principal objectivo de investigar a problemática dos plásticos na 1


Localização do país .

alimentação das tartarugas verdes (Chelonia mydas), parti para o Uruguai dia 13 de Fevereiro de 2008
numa viagem inesquecível à América Latina.
Integrei este projecto, agregado a uma bolsa, como um estágio de investigação final
da licenciatura em biologia.

Para quem vem da desenvolvida Europa e chega ao Uruguai, tem a impressão imediata que voltou
atrás no tempo. Há uma certa nostalgia e uma simplicidade associada ao estilo de vida, que por vezes
nos esquecemos, o que é uma combinação perfeita. A espectacular capacidade do ser humano em se
adaptar aos muitos ambientes a que é sujeito, tem a prova nestes lugares desconhecidos que visitamos.
Pessoas, língua e cultura diferentes são postos à prova e a adaptação é imediata – é contagiante!

La Coronilla situa-se a cerca de 6 horas de viagem de autocarro da grande capital, Montevideo. É


uma longa viagem que nos dá uma ideia da paisagem do país. A mais marcante combinação que nunca
pensei ver foi, as vastas planícies de pasto repletas de palmeiras e vacas, que levam o dia a ruminar a
erva verdejante. E como pano de fundo, as cordilheiras de montanhas muito longe de toda esta curiosa
imagem. A viagem é longa mas interessante e logo que se chega a La Coronilla, ao centro de tartarugas
marinhas do Karumbé, percebe-se que vai ser uma grande aventura viver e trabalhar num lugar tão
diferente mas ao mesmo tempo numa realidade ideal.

La Coronilla.
O Centro de Tartarugas Marinhas

O centro de recuperação de tartarugas marinhas em La Coronilla. A


estrutura aparentemente frágil resiste ao vento constante e às
tempestades tropicais do país.

O centro de tartarugas marinhas é uma Os censos consistiam em caminhar pela


infra-estrutura de madeira, construída pelos praia e fazer o levantamento de todas as
fundadores do projecto e que se localiza a 100 espécies mortas ou varadas. Tínhamos o
metros da praia. percurso de 18 km desde o centro até Punta del
Acordar às sete da manhã faz parte da Diablo, e o de 21 km até Chuy.
rotina, o que torna os dias longos e Os avistamentos são uma actividade
desgastantes. Mas para um futuro biólogo que importante para estimar a ocorrência dos
quer trabalhar no campo esta experiência é indivíduos perto da costa.
alucinante. A manutenção do centro
A adaptação ao ritmo de possuí muitas tarefas: para
vida, aos directores do além da limpeza diária, há
projecto, aos monitores e tartarugas em recuperação
aos demais voluntários é que foram encontradas vivas
instantânea. na praia e não saudáveis. O
As actividades do protocolo usado é injectar
projecto baseiam-se em dias Uma tartaruga em recuperação no centro. soro glucosado, em doses
Uma vez colocadas nas piscinas de água
de captura de animais, calculadas administradas duas
doce, as tartarugas, respiram em média
avistamentos, censos, uma vez em 20 minutos. vezes ao dia e esperar alguma
manutenção do centro e a componente resposta fisiológica do animal. É um trabalho
educacional. um pouco ingrato porque a maioria dos animais
Os dias de captura são os mais vividos e que chegam ao centro não têm recuperação,
marcantes. Tínhamos dois pontos de captura: por já se encontrarem muito debilitados. É um
Pesqueiro a 2,5 km e Cerro Verde a 5 km, esforço que por vezes dá frutos e
ambas distâncias percorridas pela praia desde o pontualmente consegue-se salvar uma ou outra
centro de tartarugas. tartaruga verde.
Esta tartaruga foi encontrada morta na praia durante um censo até
Punta del Diablo. O seu avançado estado de decomposição não permitiu
determinar a causa de morte.

A Problemática dos Plásticos – o trabalho de investigação


Como uma das principais causas de morte das tartarugas marinhas é devido à ingestão de plásticos,
a proposta inicial de trabalho era muito clara – analisar os conteúdos gastrointestinais de tartarugas
verdes. O trabalho consistiu em pegar nas amostras de tartarugas mortas nos meses de Janeiro,
Fevereiro e Março de 2008, separar os plásticos e tentar perceber o porquê da ingestão dos mesmos
com tão grande frequência. Em três meses foram analisas 21 tartarugas mortas e destas, 15 continham
plásticos no esófago, estômago
ou intestino. Chegavam mesmo
a ocorrer plásticos em todo o
aparelho gastrointestinal e em
grandes quantidades.
Os dados deste trabalho vão
ser analisados estatisticamente
Estas duas bandejas contêm vários tipos de plásticos, separados de dois e o objectivo desta investigação
conteúdos intestinais de duas tartarugas diferentes.
é publicar um artigo científico que fale desta problemática na
costa do Uruguai, sendo este o primeiro trabalho sobre o tema
a ser desenvolvido naquela zona protegida.
O desenvolvimento do trabalho no Uruguai teve algum
impacto e chegou a ser divulgado para a rádio local. O
resultado foi uma entrevista sobre a minha ida para o país,
mais em concreto o projecto Karumbé. Falei um pouco sobre o
trabalho que estava a desenvolver, da problemática e do Entrevista para a rádio local, La Coronilla.
impacto dos plásticos na alimentação das tartarugas marinhas.
Um Dia de Captura

Um dia de captura. Na foto da esquerda - Gustavo, monitor do Projecto Karumbé e Bruno Galrito com uma tartaruga acabada de
ser capturada. Na foto do centro, marcação da tartaruga capturada, da esquerda para a direita – Gustavo, Silvina, Maria (em pé)
e Bruno. Nas fotos da direita, a tartaruga caminha para o mar depois de ser estudada e marcada.

Vindos de todo o mundo, este projecto é visitado todos os anos por dezenas de voluntários e
colaboradores. Durante a minha estadia conheci pessoas dos quatro cantos do mundo: Austrália, E.U.A.,
Guatemala, Peru, Inglaterra, Argentina, Alemanha e Uruguai.
É uma experiência marcante e enriquecedora. A vontade de voltar é natural e estranha-se muito o
lugar, as pessoas e o estilo de vida.

Parte da equipa do Projecto Karumbé. Da esquerda


para a direita e em cima: Maria (Portugal), Mariana
(Portugal), Ashley (Inglaterra), Bruno (Portugal),
Gustavo (Brasil), Rob (Inglaterra) e no centro Ana
(Portugal). Em baixo: Luciana (Argentina), John
(Austrália, Italia (Guatemala) e Palermo (Austrália).
Semana do Festival “Salvemos las Tortugas
Marinas”. Componente educacional do
projecto.
Em cima, foto de grupo com uma classe da
escola de La Coronilla.
Em baixo, actores das peças de teatro do
festival, da esquerda para a direita: Italo
(Peru), Sivina (Argentina), Bruno (Portugal),
Ana (Portugal), Brad (EUA).
Agradecimentos - E a todas as pessoas que de alguma maneira
- Gostaria de agradecer ao Gabinete de me apoiaram neste projecto – família e amigos.
Relações Internacionais pelo apoio financeiro à
realização deste trabalho de investigação, em Créditos fotográficos
particular à Dra. Elisabete Lourenço; - Bruno Galrito; Universidade Lusófona de
- À Professora Dra. Maria João Silveira, ao Humanidades e Tecnologias, Lisboa, Portugal;
Professor Dr. Frederico Almada e ao Professor - Maria Pina; Universidade Lusófona de
Dr. Stéphane Besson pelo apoio inicial à Humanidades e Tecnologias, Lisboa, Portugal;
concretização desta viajem e deste trabalho; - Silvina; Universidad Nacional del Litoral, Santa
- À minha colega Maria Pina que me ajudou na Fé, Argentina;
primeira fase do meu trabalho no Uruguai que - Alejandro Fallabrino; Director do Projecto
consistia em separar algas e plásticos das fezes Karumbé, Uruguai;
das tartarugas – muito agradável; - Naomi; Voluntária do Projecto Karumbé.
- À minha amiga Silvina que me ajudou na 2ª
fase do trabalho, a categorização dos plásticos; Referências
- Ao Projecto Karumbé por me acolher durante 1 - http://www.karumbe.org/web/index.htm
um mês: Alejandro, Luciana, Gustavo, Brad,
Italia e aos demais voluntários;

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