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Santo André – SP
2008
UNIVERSIDADE DO GRANDE ABC
Santo André – SP
2008
1.0 – Introdução
Achatina fulica têm uma importância médica evidente, por se tratar de uma
espécie diretamente envolvida na transmissão do nemátodo Angiostrongylus
cantonensis, responsável pela doença chamada meningite (ou meningoencefalite)
eosinofílica. Também denominada como angiostrongilíase meningoencefálica (Teles et
al., 1997). Essa enfermidade é relatada na África, Ásia e Oceania. Nela o verme se
aloja no sistema nervoso central, podendo causar cegueira e até a morte do individuo
infectado (Simião et al., 2004).
Neuhauss et al. (2007), relata também outra possibilidade de transmissão
ligada ao molusco, que é a do nematódeo intra-arterial de roedores Angiostrongylus
costaricensis. Na América do Sul a principal doença transmitida é a angiostrongilíase
abdominal, que causa dores e raramente algumas pertubações abdominais (Simião et
al., 2004). A infecção humana, apresenta quadro de intensa reação inflamatória e os
ovos dos vermes ficam retidos nos tecidos. Impedindo assim, a liberação das larvas no
primeiro estágio, o mesmo ocorre nos roedores. O acometimento inflamatório ocorre no
intestino, principalmente na região íleo-cecal, podendo ocorrer dois tipos básicos de
lesões macroscópicas: tumoral e isquêmico-congestivo. O tratamento com
medicamentos não é indicado, porque as drogas com ação tecidual testadas
experimentalmente podem piorar o quadro, induzindo os vermes a uma migração o que
pode desencadear tromboses arteriais (Bender et al., 2003).
Os caracóis Achatina sp produzem um muco de características
glicoprotéica formados por uma mistura secretada de diversas glândulas, denominadas
Achacin. Essas secreções possuem diversas funções como, veículo de transporte de
partículas, secreção de produtos, transferência de água e eletrólitos através da
epiderme. Auxilia também em sua locomoção (Lorenzi et al., 2008). Os vermes utilizam
esse muco excretado por caramujos como substrato, e a contaminação ocorre no
homem por ingestão de alimentos por onde o caramujo tenha passado e excretado o
muco infectado por larvas do terceiro estágio. Esse fato é de fácil ocorrência pois esses
moluscos são ávidos por frutas, verduras e legumes em sua alimentação (Teles et al.,
1997).
Epidemias dessas doenças já foram relatadas em países onde ocorre uma
grande população desse molusco em contato freqüente com a população humana
(Simião et al., 2004). Ainda se tem pouco conhecimento do ciclo de vida de
Angiostrongylus, porém esse ciclo tem se mostrado complexo, com inúmeras situações
onde o homem aparece provavelmente como hospedeiro eventual. Sendo o molusco
hospedeiro intermediário, e roedores hospedeiros definitivos servindo de reservatório
da verminose (Teles et al., 1997).
Quando morrem suas conchas ficam normalmente viradas para cima,
acumulando água e posteriormente servindo como criadouro de mosquitos, inclusive o
Aedes aegypti, transmissor da dengue (Eston et al., 2006).