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Mais um ‘ismo’ para bagunçar sua vida

Alceu A. Sperança
Partidos surgem para propor aquilo que não se
tem. Que sentido há em um “Partido
Republicano” se já existe República? Ou “Partido
Democrático” se já há democracia?
Hoje, os partidos se desgraçam ao tentar
particularizar o que é geral, num jogo de
manipulação. Há até um partido que se acha
“Social-Liberal” ou “Liberal-Social”, duas coisas
que se opõem. Um “Partido Divino-Diabólico”,
Deus e o Diabo no mesmo corpo.

Se há tantos partidos e é o povo quem vota, por que só os ricos


elegem a maioria nos parlamentos e nos governos? Simples: eles
criam, sustentam e mantêm em atividade, como se fossem diferentes
e até opostos, dezenas de “partidos”. E também pagam gente para se
infiltrar naqueles que ainda não conseguiram controlar.
Chegam a criar partidos de segmentos sociais ou ramos da ciência
como se isso desse em mais democracia ou representação: “Partido
Jovem” (Álvaro Dias tentou criar um e fracassou), “dos
Trabalhadores (vide o Nazista), “dos Adoradores de Vinho”, “dos
Animais”, “da Robótica”, “da Floresta”. Como se jovens ou florestas
deixassem de ser um conjunto geral pra se tornar uma parte,
apropriada por alguém em um partido.
É jogo malandrinho particularizar o que é de todos e, portanto, é
comum. O meio ambiente, a infância ou a educação não podem ser
apropriados por alguém como se fossem algo à parte ou pertencente
a uma facção.
É particularizar, tornando “parte” ou “partido” o que é geral. O
controle de pragas, por exemplo. Não faz sentido um partido o
defendendo e os demais o contrariando, como não faz sentido um
partido de jovens ou de aposentados.
Pragas prejudicam os seres humanos em geral e requerem controle.
As formas desse controle precisam ser mediadas pelo conjunto da
sociedade. Não podem ser objeto de sectarismos do tipo “ser ou não
ser ecochato”, besteira inventada pelos desumanos destruidores.
O “verdismo” é uma das facetas, certamente a mais enganosa, de
algo mais geral que se qualifica de “cidadanismo”.
Embora esse assunto já tenha sido levantado na Europa
(http://web.tiscali.it/anticitoyennisme), ele é ainda um
desconhecido para quem não o viu defendido abertamente aqui,
mesmo o recebendo diluído com o sindicalismo de resultados,
correntes trotsquistas e outras expressões modernosas estimuladas
pelos setores mais argutos do capitalismo.
A função do cidadanismo é vender a ideia de que o capitalismo
poderá se tornar limpinho e civilizado, aceito pelas massas como o
“fim da história”, como já sugeriu o ideólogo Francis Fukuyama,
que depois do fracasso do neoliberalismo anda com o rabinho entre
as pernas.
Em sua “Contribuição para a crítica do cidadanismo”, o jornal En
Attendant sugere porque pouco se ouviu falar dele: “Se o
cidadanismo, no seu começo, conseguiu manter uma certa confusão
ao redor daquilo que realmente era, hoje em dia, contudo, vê-se
obrigado pelo seu próprio êxito a avançar cada vez mais de cara
descoberta e a mais ou menos curto prazo deverá mostrar o seu
verdadeiro rosto”.
Basicamente, o cidadanismo é o desenho de uma ideologia
baseada na crença de que a democracia é capaz de se opor ao
capitalismo, bastando reforçar o Estado nacional e criar estruturas
para simular que os cidadãos decidem alguma coisa.
Como o “verdismo”, esse novo “ismo” apenas encobre a
verdadeira questão: da mesma forma que não existe uma pedra
filosofal para transformar chumbo em ouro, não é possível consertar
algo cuja essência é o próprio estrago.
alceusperanca@ig.com.br

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