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PARA
FILÓSOFOS
Ernesto von Rückert
FÍSICA PARA
FILÓSOFOS
(em preparo)
ERNESTO VON RÜCKERT
FÍSICA PARA
FILÓSOFOS
Ficha Catalográfica
CDD 869
CDU 86
ΑΓΕΩΜΕΤΡΗΤΟΣ ΜΗΔΕΙΣ ΕΙΣΙΤΩ
SUMÁRIO
SUMÁRIO ix
1. INTRODUÇÃO 1
1.1. Noção de Filosofia 1
1.2. A busca da Sabedoria 3
1.3. Intercessão com a Ciência 5
1.4. Consolidação da Cultura 8
1.5. Cultivo da Inteligência 11
1.6. Necessidade da Física 12
2. ONTOLOGIA FÍSICA 14
2.1. Significado da Física 14
2.2. Objeto da Física 15
2.3. Método da Física 17
2.4. Divisão da Física 20
2.5. Concepção Adotada 21
2.6. Alguns pressupostos 23
2.7. O modelamento físico-teórico da realidade 24
2.8. Teoria e Experiência 25
3. ESPAÇO E TEMPO 26
3.1. O tempo e a poesia da ciência 26
3.2. Espaço e tempo 26
3.3. A gênese do espaço e do tempo 27
3.4. Física, Geometria e Álgebra 28
3.5. As dimensões do espaço 29
3.6. Referencial 30
3.7. Afinidade 30
3.8. Metricidade 32
3.9. Espaços curvos e torcidos 33
3.10. O sentido do fluxo do tempo 34
3.11. A quantização do tempo 34
3.12. A medida do tempo 35
3.13. A relatividade do tempo 36
3.14. Tempo físico e tempo psicológico 36
3.15. Tempo, música e literatura 37
3.16. Espaço-Tempo 37
ix
4. MOVIMENTO DE TRANSLAÇÃO 39
4.1. Vetores 39
4.2. Conceituação de Movimento 41
4.3. Trajetória, percurso e deslocamento 42
4.4. Velocidade 43
4.5. Aceleração 45
4.6. Movimento relativo 47
5. DINÂMICA DO MOVIMENTO 50
5.1. Inércia e referencial inercial 50
5.2. Interação, massa e força 50
5.3. Referenciais não Inerciais 53
5.4. Momento Linear e Impulso 53
6. MOVIMENTO DE ROTAÇÃO 55
6.1. Velocidade e aceleração angulares 55
6.2. Translação e Rotação 56
6.3. Dinâmica da Rotação 57
6.4. Momento Angular e Impulso Angular 59
7. LEIS DE CONSERVAÇÃO 61
7.1. Conservação do Momento Linear 61
7.2. Conservação do Momento Angular 61
7.3. Trabalho 62
7.4. Energia 64
7.5. Energia Cinética 65
7.6. Energia Potencial Erro! Indicador não definido.
7.7. Energia Interna, Externa eTotal 67
7.8. Energia Mecânica e Térmica 69
8. GRAVITAÇÃO 71
8.1. Peso e Campo Gravitacional 71
9. FENÔMENOS TÉRMICOS 72
12. LUZ 78
xi
BIBLIOGRAFIA (incompleta) 124
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FÍSICA PARA FILÓSOFOS
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INTRODUÇÃO
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FÍSICA PARA FILÓSOFOS
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INTRODUÇÃO
harmonia com o outro e a natureza. De tal modo que se propicie a própria felici-
dade e a do outro.
Ser filósofo é, pois, saber como viver. Filosofar é, principalmente, re-
fletir sobre a vida e o Universo, procurando encontrar o sentido, a razão, o pro-
pósito de tudo o que existe. Nisso se aplica a inteligência, com grande proveito.
Mas o que se vê, inclusive nos cursos de Filosofia, é uma busca de erudição vazia,
um acúmulo de informações sobre tudo o que disseram os filósofos, mas, nem
sempre, de modo a usar todo esse conhecimento na construção da vida. Filósofo
é aquele que filosofa e não o que sabe tudo o que os filósofos disseram. Parece
que os cursos de Filosofia optaram por não formar filósofos, mas apenas “enten-
didos em Filosofia”. É preciso romper com isso e ter a coragem de possuir e ex-
pressar suas próprias ideias, de contestar os filósofos por si mesmo e abrir a
mente para todas as possibilidades. Isso é sabedoria, desde que seja acompa-
nhada do testemunho da própria vida.
Chego, agora, ao sentido original da Filosofia, que é a busca da sabedo-
ria. Sábio é aquele que usa o conhecimento que tem, que pode ser muito ou
pouco, sua inteligência, sensibilidade e vontade, de modo proveitoso e ade-
quado, isto é, de forma a acarretar a maximização da felicidade do maior número
de pessoas e, em tudo, ser justo, equitativo e respeitoso do direito alheio, inclu-
sive dos seres irracionais e inanimados. Principalmente, é quem age sempre co-
locando a bondade como primeira prioridade. Sim, porque ser bom é mais vali-
oso do que ser justo e honesto, pois o justo e o honesto podem ser frios e calcu-
listas, mas o bom é sempre justo e honesto, e, portanto, sábio. Se o sábio for tam-
bém erudito então temos a pessoa humana com as melhores qualidades que se
pode encontrar, pois ela será também modesta e virtuosa em todos os outros
aspectos. É o ideal do filósofo da Grécia antiga ou do “santo” dos primeiros cris-
tãos. Isso não significa que seja casmurro. Certamente o verdadeiro sábio é ale-
gre e jovial.
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provoca problemas na conceituação usada por cada uma para descrever seu ob-
jeto de estudo, que podem demandar infindáveis discussões, uma vez que cor-
rentes distintas costumam não transigir em seu ponto de vista. Isso não se refere
apenas a conceitos, mas à própria caracterização ontológica do objeto de estudo,
sem falar nas abordagens metodológicas.
Na antiguidade greco-romana, as ciências constituíam parte do corpo
da Filosofia, fato que perdurou até início da Idade Moderna, quando as ciências
particulares começaram a se tornar independentes e, no século XIX, firmaram-
se de direito próprio, o que também permitiu à Filosofia definir seus contornos.
Passaram a serem considerados temas filosóficos aqueles que não pudessem ser
abordados cientificamente por um método experimental, mesmo considerando
que a experimentação ou a observação fossem apenas o modo de se verificar a
validade ou não de hipóteses formuladas na forma de modelos teóricos explica-
tivos dos fatos, naturais ou não. Nas concepções mais recentes da metodologia
científica, não se faz menção sobre os procedimentos para que sejam formuladas
as hipóteses a serem testadas. Se o assunto não puder ser submetido a tal tipo
de abordagem, trata-se de um conhecimento empírico ou filosófico. O conheci-
mento empírico é extraído da observação cotidiana, sem que se busque explica-
ção, o que não significa que não possua extrema utilidade, especialmente na vida
prática. Já o filosófico procura razões, propósitos e relações, a se estabelecer
para e entre os elementos envolvidos de diversas categorias, que também se
busca delimitar e conceituar. Mas essa busca se dá de uma forma diferente da
científica. Não é pelo teste experimental de hipóteses e sim pela análise, reflexão,
raciocínio e síntese, que levem a formular juízos sobre a realidade em seus as-
pectos filosóficos. Esses procedimentos são fortemente influenciados pela con-
cepção de mundo particular do filósofo e pelo esquema pessoal que ele elabora
para modelar mentalmente a realidade. Tal característica leva à formulação sis-
temas de juízos distintos sobre um mesmo tema, o que provoca a existência de
“Escolas de Pensamento” que propõem explicações diferentes para as mesmas
ocorrências. Há grandes dificuldades em se decidir por qual explicação, de fato,
reflete a verdade, pois não há critérios supra filosóficos para dirimir os antago-
nismos. Nesse ponto a Filosofia se distancia das ciências, pois estas buscam um
consenso e ele é achado pela verificação experimental das consequências testá-
veis que cada tipo de explicação científica pode fornecer.
São considerados temas filosóficos os que concernem à categorização
dos elementos da realidade e o estudo de suas estruturas e relações, que é a Me-
tafísica; ao estudo das ocorrências mentais, que é a Psicologia Filosófica; ao es-
tudo do processo da busca do conhecimento e de sua validação, que é a Episte-
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INTRODUÇÃO
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INTRODUÇÃO
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30%. Esse mínimo teria que chegar, pelo menos, a 60%, sendo ideal uns 80%
para capacitar alguém a fazer curso superior.
A Educação Básica, por sua vez, tanto no Nível Fundamental quanto no
Médio, nas escolas públicas e privadas, precisa cumprir a sua parte e colocar na
praça uma meninada com aproveitamento mínimo de 80% em todos os conteú-
dos, aferido de forma inteligente e honesta. Como fazer isto? Esquecendo o que
cai nos exames de seleção e praticando um processo de ensino-aprendizagem
voltado para o que verdadeiramente seja necessário para a vida. Fazer o menino
e a menina pegarem gosto pelo conhecimento de forma que eles queiram, de
fato, aprender conteúdos e habilidades, para formar competências fortemente
vinculadas às necessidades da vida, expurgando os conteúdos inúteis e fazendo
da atividade discente uma coisa lúdica, excitante, tão prazerosa como um vide-
ogame ou tão gostosa quanto namorar.
Para despertar o interesse dos alunos, em primeiro lugar, o professor
tem que dominar a fundo e de modo abrangente sua matéria. Depois, além de
boa apresentação, tem que ter o dom da oratória, da dialética (argumentação),
excelente dicção e um "mise-en-scène" em que sua aula seja uma representação
teatral. E, o mais importante: tem que ser superentusiasta e vibrador com o as-
sunto e com a atividade educacional. Tem que pôr a turma para participar ativa-
mente e não passivamente. Levantar discussões polêmicas. Esquecer o que cai
nos exames de seleção. Isso não é importante: passa quem sabe a matéria. Esti-
mular os alunos a estudar coisas extras, que não caem na prova. Não “mastigar”
tudo. Não passar “dicas” e “macetes”. Pôr os alunos para deduzir fórmulas por
conta própria. Levá-los a descobrir as coisas, os fatos e as leis por si mesmos.
Transformá-los em detetives e cientistas. Ser amigo deles, mas não um "amigui-
nho" de bebedeiras. Ser um exemplo de pessoa que eles admirem e queiram imi-
tar. Ser um farol para a vida deles, um pai ou uma mãe. E abordar especialmente
os mais arredios, dando-lhes responsabilidades e incumbências. Assim se con-
seguirá formar uma geração de jovens instruídos, hábeis, cultos, competentes,
lúcidos e conscientes, capazes de conduzir as rédeas da humanidade nos próxi-
mos tempos.
No caso da formação do filósofo, o curso se foca quase exclusivamente
no conteúdo humanista da Filosofia. Eis um imperdoável equívoco! Por tudo o
que foi dito até agora, não resta dúvida de que o trabalho filosófico requer uma
extensa cultura geral e um razoável conhecimento científico. Isso é inevitável. O
filósofo é o mais generalista dos profissionais acadêmicos. É quem “entende de
tudo” e não há como escapar de assim o ser. É preciso que ele tenha uma curio-
sidade insaciável por tudo que represente conhecimento, não só em sua área
específica. Tem que conhecer todas as artes e todas as ciências. É o intelectual
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2. ONTOLOGIA FÍSICA
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com que constituam a matéria, é a sua perenidade. Férmions não são criados
nem destruídos (exceto na interação com a antimatéria, que não será conside-
rada, por enquanto). Há dois tipos principais de férmions: quarks e léptons. A
reunião de certos quarks forma os prótons e, de outros, os nêutrons. Prótons e
nêutrons se unem para formar os núcleos atômicos. Os léptons são os elétrons,
que formam a envoltória dos átomos. Átomos se unem a outros para formar a
matéria. Características essenciais, mas não exclusivas, da matéria são extensão
e massa. A matéria forma os corpos. Sistemas não materiais são a radiação e os
campos, que não são perenes, podendo ser formados e destruídos à vontade.
Para modelar a realidade natural, a Física apela para a linguagem de
Matemática. As Leis Físicas são relações matemáticas expressas em termos das
grandezas que descrevem os atributos dos sistemas e das interações. Normal-
mente uma lei é representada por uma equação em que um dos membros des-
creve a interação e o outro as alterações que ela provoca no sistema em que age.
A obtenção das leis se dá por um processo indutivo a partir de experimentos e
observações, representados quantitativamente por grandezas operacional-
mente definidas de modo a se poderem obter resultados numéricos na avaliação
dos atributos dos sistemas e das interações. Cada fenômeno, isto é, categoria de
ocorrências do mesmo tipo que se dá, pode ser descrito por uma lei. As Leis Fí-
sicas não têm o caráter de uma determinação a ser cumprida, mas sim de uma
súmula descritiva dos resultados experimentalmente verificados. Consequên-
cias matematicamente deduzidas das leis, pelo uso das definições operacionais
das grandezas, são denominadas teoremas. Uma grandeza é dita operacional-
mente definida quando se tem uma prescrição de como obtê-la a partir de pro-
cedimentos práticos, conjugado com cálculos teóricos.
A respeito de um conjunto de fenômenos envolvendo o mesmo tipo de
sistemas e interações, é desejável apresentar um esquema explicativo consoli-
dado, que se denomina uma Teoria. Para se formular uma teoria, procura-se ob-
ter um princípio amplo, a partir do qual as leis empíricas poderiam ser deduzi-
das. Normalmente são formuladas hipóteses, das quais se tiram conclusões. Es-
tas conclusões relacionam grandezas que podem ser medidas em experimentos
e, com isto, confirmar ou não a hipótese. Hipóteses que resistem vencedoras de
todos os testes de validação, enquanto assim permanecem, constituem as teo-
rias, isto é, os corpos de explicações e descrições aceitas pela ciência como os
modelos verdadeiros de descrição da realidade, em termos dos conceitos for-
mulados.
Na linguagem vulgar existe uma confusão entre os conceitos de teoria
e hipótese, muitas vezes usando-se o primeiro em lugar do segundo.
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uma função dos fenômenos baixos, isto é, só se dá se eles existirem e sempre que
existirem. Mas pode incluir contribuições cruzadas, retroalimentações e termos
de ordem superior, isto é: Z = AX + BY + CXY + DX² + EY² + ... + PZ + QZ² + ... Isso
é um reducionismo não linear. Tal tipo de redução é capaz de dar conta de ex-
plicar qualquer fenômeno em termos dos de ordem mais elementar. Isto é, o de-
nominado holismo, pode ser compreendido dentro do reducionismo, desde que
este seja entendido de forma não linear.
Tal concepção permite aceitar a série anteriormente mencionada, co-
locando as ciências, a partir da mais profunda até a mais elevada, na seguinte
ordem: Física, Química, Biologia, Psicologia, Sociologia, Economia etc. Certa-
mente algumas se colocam em posição paralela, como a Política e a Economia, a
História e a Sociologia. Não mencionei algumas ciências particulares, que podem
ser consideradas capítulos das mais amplas, como Astronomia, Geologia e Me-
teorologia, capítulos da Física; Anatomia e Fisiologia, capítulos da Biologia e ou-
tros casos. A Matemática pode ser considerada uma espécie de linguagem lógica
simbólica para manipular quantidades e figuras. Esta concepção, contudo, é ob-
jeto de controvérsias que não analisarei aqui.
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que uma mera coincidência. Isto é, a lógica e a matemática são tais quais são
porque o mundo é assim.
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3. ESPAÇO E TEMPO
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ESPAÇO E TEMPO
e tempo. Antes de existir o Universo, não existia nada (nem “antes”). Note que
isto não é a mesma coisa que dizer que existia “o nada”, pois “nada” não é uma
entidade, mas apenas a palavra que designa a ausência de tudo. É preciso que
fique claro que o conteúdo do Universo, fundamentalmente, são campos, um tipo
de entidade cujas concentrações constituem as sub-partículas formadoras da
matéria e da radiação e cujas alterações promovem as interações responsáveis
por tudo o que ocorre, inclusive o pensamento. Os campos, a radiação e a maté-
ria possuem atributos, como energia (ou massa, outra maneira de concebê-la
nas concentrações materiais), carga, movimento, rotação, torção e outras. Na
concepção fisicalista e reducionista, que advogo, não se faz necessária a interve-
niência de qualquer tipo de entidade extrínseca ao Universo físico para explicar
seu surgimento, sua estrutura e sua evolução, incluindo a estrutura da mente e
o psiquismo.
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dos por pares ou duplas de coordenadas. Todavia nem sempre é possível se es-
tabelecer uma correspondência biunívoca entre os pontos da superfície e as du-
plas de coordenadas, como se dá, por exemplo, com o sistema de latitudes e lon-
gitudes da superfície terrestre, no qual os polos possuem longitude indetermi-
nada. Essa singularidade não é uma propriedade do ponto geométrico, mas ape-
nas da coordenatização adotada. Tal situação é contornada com o conceito de
variedades diferenciáveis, que, por seu aspecto eminentemente técnico, não
será abordada.
O espaço físico no qual estamos imersos, contudo, também exibe a pos-
sibilidade de localização de pontos acima e abaixo, além de avante, atrás e aos
lados. Tem-se, pois, três graus de liberdade de posicionamento relativo a um
ponto de referência. Diz-se que se trata de um espaço tridimensional, reque-
rendo um terno de coordenadas algébricas para especificar um ponto.
Podem-se imaginar hipotéticas situações em que se requeiram outras
coordenadas para a especificação de um ponto, caso em que o espaço seria qua-
dri (ou tetra), penta, hexa ou, em geral, enedimensional. Mas isto não ocorre na
ordem das grandezas acessíveis à nossa percepção, mesmo auxiliada por apare-
lhos. Contudo, a Teoria das Supercordas concebe a possibilidade de um número
maior de dimensões espaciais, o que se comentará no capítulo 20.
3.6. Referencial
3.7. Afinidade
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ESPAÇO E TEMPO
certo ponto externo a ela. O conceito de reta é o de uma linha, isto é, um conjunto
contínuo unidimensional de pontos, ou seja, dispostos sequencialmente sem fa-
lhas, que se prolongue indefinidamente nos dois sentidos e cuja direção, apon-
tada de qualquer ponto a qualquer outro, seja invariável. Duas retas são ditas
paralelas se não se interceptarem e tiverem a mesma direção espacial. Dadas
duas retas que se interceptem em um só ponto, o conjunto de todas as retas que
possuam intercessão com ambas constitui um plano.
Todo ponto de uma reta a divide em duas semirretas, cada uma con-
tendo o ponto e toda a porção de reta existente em um dos lados do ponto. A
união das duas semirretas de uma reta é a própria reta, enquanto a interseção é
o ponto, que é chamado de origem da semirreta.
Se o espaço físico não for globalmente euclidiano, pode-se imaginar,
em cada ponto, a existência de um espaço geométrico euclidiano, dito tangente,
consistindo no conjunto de todas as retas e planos que possam passar por aquele
ponto.
Um espaço admite paralelismo se, dados dois pontos distintos, for pos-
sível existirem retas paralelas passando por eles, de acordo com o espaço tan-
gente a um ou a outro. Note-se que duas retas consideradas paralelas do ponto
de vista do espaço tangente a um deles podem não o ser do ponto de vista do
outro. Espaços que admitem a possibilidade da existência de paralelismo, haja
ou não haja, são chamados Espaços Afins.
Associado ao paralelismo estão as noções de orientação e de ângulo.
No espaço euclidiano, dadas duas semirretas de mesma origem, o ângulo é a re-
gião do plano definido por essas semirretas, limitado por elas, incluindo-as.
Duas semirretas de mesma origem definem dois ângulos no plano, se se consi-
derar a região interna ou externa a elas. Se essas semirretas forem de uma
mesma reta, os dois ângulos são iguais e ditos rasos. À abertura de um ângulo
pode-se associar uma grandeza que é a sua medida. Para tal toma-se certo ân-
gulo como unidade e verifica-se quantos dele podem ser colocados, lado a lado,
com a mesma origem e bordas coincidentes. Esta é a medida, podendo-se esta-
belecer frações de ângulo como subunidades de medida. É comum usar a uni-
dade grau, simbolizada por (°) definida de modo que o ângulo raso tenha 180
graus (180°). Seus submúltiplos são o minuto ('), sua sexagésima parte e o se-
gundo (''), a sexagésima parte do minuto.
Definido ângulo, pode-se definir direção como sendo a propriedade
comum de todas as retas que formem o mesmo ângulo com alguma dada reta e
sentido como uma das duas escolhas de semirretas de qualquer reta, dada uma
origem. Uma orientação é o conjunto da direção e do sentido de uma semirreta.
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3.8. Metricidade
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Pode parecer que o tempo, assim definido, é algo que flui de modo ho-
mogêneo em todo o Universo, como supunha Newton. Mas não. Para cada um, o
tempo flui com a velocidade “1″, isto é, 1 minuto por minuto, 1 hora por hora, 1
dia por dia. Mas, comparando os fluxos de um lugar com outro, pode não ser “1″.
Assim, em outra galáxia, que tenha certa velocidade em relação à nossa, o tempo
lá pode passar à razão de 50 minutos por hora em relação a nós, isto é, a cada
hora nossa passam 50 minutos lá. Isto é a relatividade do tempo. É claro que
estou falando de relógios que medem o tempo com a mesma unidade. Eles lá,
para si mesmos, medem o fluxo normal de 60 minutos por hora. É o chamado
“tempo próprio”. Isto foi descoberto por Einstein e já foi confirmado por experi-
ências com o decaimento radioativo dos müons provenientes de raios cósmicos
na alta atmosfera e outros experimentos. Existem fórmulas para calcular isto. A
intensidade do campo gravitacional no local também altera a marcha dos reló-
gios (e de tudo o mais, como o crescimento dos pelos da barba, por exemplo).
Portanto, no Universo, o tempo é realmente algo determinado pelas condições
locais da densidade de matéria e do seu movimento e não uma coisa que existe
independentemente. Isso também ocorre com as distâncias. Em suma, o espaço
e o tempo não são como um palco no qual os personagens representam a peça.
Eles também são personagens da peça.
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ESPAÇO E TEMPO
interno razoavelmente bem calibrado, que pode ser observado pelo fato comum
de pessoas que sempre precisam acordar a certa hora, em geral, despertam pou-
cos minutos antes do despertador tocar e o desligam.
3.16. Espaço-Tempo
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4. MOVIMENTO DE TRANSLAÇÃO
4.1. Vetores
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são representadas por letras com uma pequena seta por cima. O módulo do ve-
tor é representado pela mesma letra sem negrito ou em negrito, entre barras
verticais:
𝑉 ≡ |𝑽| ≡ |𝑉⃗|
Vetores podem ser livres, quando seu significado não depende do
ponto em que se situa sua origem, ou aplicados, caso contrário. Vetores livres de
mesmo módulo, direção e sentido, são o mesmo vetor, independentemente do
ponto em que sejam representados.
Vetores podem ser multiplicados por números puramente escalares,
obtendo-se novo vetor de mesma direção do original, módulo igual ao produto
do módulo do original pelo número multiplicador e sentido igual ao do vetor
original se o número for positivo, mas oposto se o número for negativo. Em par-
ticular um vetor oposto a outro é o resultado da multiplicação dele por -1, o que,
simplesmente, inverte seu sentido.
Vetores de mesma natureza podem ser somados e subtraídos. O vetor
soma de dois outros é aquele que, uma vez encadeada a origem de um dos veto-
res parcelas à extremidade do outro, liga a origem do primeiro à extremidade
do segundo. A soma de vetores exibe a propriedade comutativa, isto é, seu re-
sultado não depende da ordem usada para as parcelas. A subtração de dois ve-
tores consiste, simplesmente, na soma do minuendo pelo oposto do subtraendo.
A A
B
A+B
2A
-2A -B
A-B
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MOVIMENTO DE TRANSLAÇÃO
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FÍSICA PARA FILÓSOFOS
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MOVIMENTO DE TRANSLAÇÃO
Δs s'
Δr
O s
4.4. Velocidade
Δs
𝛥𝑠
Δt 𝑣=
Δ𝑡
t
O deslocamento escalar de uma partícula em movimento variado pode
ser achado sabendo-se que, para cada intervalo infinitesimal de tempo, ele vale
𝑑𝑠 = 𝑣𝑑𝑡
Ao se somar os sucessivos deslocamentos infinitesimais, tem-se, por
definição, a integral da função da velocidade escalar “v” em relação aos instantes
do tempo “t”, entre os momentos inicial e final do trecho considerado. No gráfico
de v em função de t, isso é representado pela área entre o gráfico e o eixo dos t,
limitada pelas linhas de chamada do gráfico ao eixo nos extremos do intervalo.
v
Δs
t
Quando a velocidade instantânea for invariável, seu valor será o
mesmo da velocidade média em qualquer intervalo e o movimento é dito movi-
mento uniforme.
Pode-se, também, considerar os conceitos de rapidez média e rapidez
instantânea, se, nas definições da velocidade escalar, se usar o percurso, ao invés
do deslocamento escalar. Não havendo inversão de sentido no movimento, o
percurso vale o valor absoluto do deslocamento escalar, Δ𝑠 ̆ = |Δ𝑠|.
̆
Δ𝑠 ̆
𝑑𝑠
𝑣̿ ≡ Δ𝑡 𝑣̆ ≡ 𝑑𝑡
Definem-se, analogamente, as velocidades vetoriais média e instantâ-
neas como as razões entre os deslocamentos finitos ou infinitesimais e os res-
pectivos intervalos de tempo:
Δ𝒓 𝑑𝒓
̅≡
𝒗 𝒗≡
Δ𝑡 𝑑𝑡
Em que 𝒓 é o vetor posição, Δ𝒓 ≡ 𝒓′ − 𝒓 é o deslocamento finito e 𝑑𝒓
é o deslocamento infinitesimal. A velocidade vetorial instantânea de uma partí-
cula é um vetor tangente a sua trajetória no ponto considerado. O módulo da
velocidade vetorial instantânea é a velocidade escalar instantânea.
44
MOVIMENTO DE TRANSLAÇÃO
4.5. Aceleração
Δv 𝑎 = 𝛥𝑣
Δ𝑡
Δt
t
A variação da velocidade escalar de uma partícula em movimento va-
riado pode ser achado sabendo-se que, para cada intervalo infinitesimal de
tempo, ele vale
𝑑𝑣 = 𝑎𝑑𝑡
Ao se somar as sucessivas variações infinitesimais da velocidade esca-
lar, tem-se, por definição, a integral da função da aceleração escalar “a” em rela-
ção aos instantes do tempo “t”, entre os momentos inicial e final do trecho con-
siderado. No gráfico de a em função de t, isso é representado pela área entre o
gráfico e o eixo dos t, limitada pelas linhas de chamada do gráfico ao eixo nos
extremos do intervalo.
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FÍSICA PARA FILÓSOFOS
Δv
t
Quando a aceleração escalar instantânea for constante, ela se iguala à
aceleração média em todos os intervalos de tempo e o movimento é dito unifor-
memente variado. Nesse caso a velocidade escalar média em um intervalo vale
a média aritmética das velocidades escalares instantâneas inicial e final do in-
tervalo.
Isso pode ser visto a partir do gráfico de v em função de t, que é um
trapézio. Sendo o deslocamento escalar representado pela área sob o gráfico e
sabendo-se que a área de um trapézio vale a base média vezes a altura, se tem:
Δ𝑠 𝑣 + 𝑣′
𝑣̅ = =
Δ𝑡 2
v
Δs v’
v
t
Δt
Sabendo-se, por outro lado, que
Δ𝑣 𝑣 ′ − 𝑣
𝑎̅ = 𝑎 = =
Δ𝑡 Δ𝑡
Pode-se isolar o intervalo de tempo Δt nessas expressões,
2Δ𝑠 𝑣′ − 𝑣
Δ𝑡 = =
𝑣 + 𝑣′ 𝑎
E obter a expressão: 2𝑎Δ𝑠 = (𝑣 + 𝑣 ′ )(𝑣 ′ − 𝑣) = 𝑣′2 − 𝑣 2
Ou Δ(𝑣 2 ) = 𝑣′2 − 𝑣 2 = 2𝑎Δ𝑠
Infinitesimalmente: 𝑑(𝑣 2) = 2𝑎𝑑𝑠
Essa é a Equação de Torricelli, de grande importância para se estudar
a conservação da Energia.
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MOVIMENTO DE TRANSLAÇÃO
ac
at
a
47
FÍSICA PARA FILÓSOFOS
u
z' z
Como a origem de O passa pela origem de O’ no instante zero, com ve-
locidade constante u, a posição de O em relação a O’ no intante t será ut.
Se as coordenadas da partícula P em relação ao referencial O forem x,
y e z, as coordenadas em relação ao referencial O’, serão:
x' = x + ut
y’ = y
z’ = z
Se a partícula P tiver a velocidade v, de componentes vx , vy e vz em
relação ao referencial O, sua velocidade v’, em relação ao referencial O’, terá
componentes:
v'x = vx + u
v’y = vy
v’z = vz
Havendo uma aceleração a, de P em relação a O, de componentes ax , ay
e az , sua aceleração em relação a O’ terá componentes:
a'x = ax
a’y = ay
a’z = az
No caso do referencial O se mover, também, com uma aceleração γ em
relação a O’, no sentido positivo do eixo dos xx, as transformações passam a ser:
48
MOVIMENTO DE TRANSLAÇÃO
49
5. DINÂMICA DO MOVIMENTO
50
DINÂMICA DO MOVIMENTO
51
FÍSICA PARA FILÓSOFOS
F2,1 m2
F1,2
m1
em que 𝑭1,2 é a força sofrida pelo corpo 1 por parte do 2 e 𝑭2,1 é a força
sofrida pelo corpo 2 por parte do 1.
Se houver mais de duas partículas, podemos definir a força exercida
por uma delas sobre a outra como a sofrida por esta outra, caso não houvesse
mais nenhuma senão a considerada. Então haveriam várias forças de interação
por parte dos diversos outros corpos. Mas a aceleração, por definição, tem que
ser única. Se multiplicarmos a aceleração medida, pela massa do que a tem, te-
remos uma grandeza com a dimensão de força, mas que não é força, porque não
mede nenhuma interação. Denominamos isto de Força Resultante. A força resul-
tante é uma abstração matemática. Não é propriamente uma grandeza física.
Agora vem a parte notável: O Princípio da Superposição Linear.
Verifica-se empiricamente, dentro do limite de forças não muito inten-
sas (o que não ocorre, por exemplo, na interferência de raios lasers potentes),
que essa força resultante coincide em módulo direção e sentido com a Soma Ve-
torial das forças de interação sobre o corpo considerado. Essa parte é empírica
também. Note que não existe resultante de forças aplicadas a partículas diferen-
tes. Assim a ação e a reação não têm resultante nula, pois estão em corpos dife-
rentes.
Pode-se resumir o que foi dito até agora como:
“A soma vetorial das forças sobre uma partícula em dado instante é
igual à sua massa inercial multiplicada por sua aceleração vetorial nesse mesmo
instante”. Tal assertiva é a Lei do Movimento, ou Segunda Lei de Newton. Mate-
maticamente ela pode ser expressa como:
∑ 𝑭 = 𝑚𝒂
em que F são as forças devidas às interações atuantes, m é a massa
inercial da partícula e a sua aceleração vetorial em relação a um referencial iner-
cial. O símbolo Σ significa que se tem que proceder ao somatório (no caso, veto-
rial) sobre todas as forças.
A propósito, é interessante mencionar que o Cálculo Vetorial só tem a
aplicabilidade que tem porque a natureza obedece ao Princípio de Superposição
Linear, pelo menos aproximadamente.
52
DINÂMICA DO MOVIMENTO
53
FÍSICA PARA FILÓSOFOS
Ix
t
Uma vez achadas essas componentes, o impulso total será o vetor
soma delas I = Ix + Iy + Iz, que tem para módulo 𝐼 = √𝐼𝑥 2 + 𝐼𝑦 2 + 𝐼𝑧 2 e faz com
cada eixo, ângulos dados por:
𝐼 𝐼 𝐼
cos 𝜃𝑥 = 𝑥 , cos 𝜃𝑦 = 𝑦 , cos 𝜃𝑧 = 𝑧
𝐼 𝐼 𝐼
Em termos do Impulso e do Momento Linear, a Lei do Movimento se
escreve:
∑𝑰 = Δ∑𝒑
Essa equação é muito útil para sistemas de massa variável.
Considerando o impulso total das forças atuantes sobre um sistema
em dado intervalo de tempo, se tem:
𝑰 = ∑ 𝑰 = ∑ 𝑭Δ𝑡 = Δ𝑡 ∑ 𝑭
Portanto:
Δ𝑡 ∑ 𝑭 = Δ ∑ 𝒑
Isto é: “A variação do Momento Linear total de um sistema é vetori-
almente igual ao Impulso da Força Resultante que atua sobre ele.”
54
6. MOVIMENTO DE ROTAÇÃO
Quando uma partícula se mover, pode-se considerar que seu vetor po-
sição, além de variar o módulo, possa variar sua direção, especificada pelo ân-
gulo que faça em relação a uma reta fixa no referencial, passando por sua origem.
A taxa de variação desse ângulo com o tempo será a sua velocidade angular, mé-
dia e instantânea, definida pelas equações:
Δ𝜃 𝑑𝜃
𝜔̅≡ 𝜔≡
Δ𝑡 𝑑𝑡
em que θ é o ângulo de giro e ω a velocidade angular. Normalmente se
mede a velocidade angular em radianos por segundo (rad/s), em que radiano é
definido como o ângulo de um setor circular que abranja um arco de compri-
mento igual ao raio. Desse modo uma circunferência completa abrangerá o ân-
gulo total de 2π radianos, pois π é a razão do comprimento da circunferência
pelo diâmetro, isto é, o dobro do raio.
Se o movimento da partícula tiver uma trajetória plana, a reta perpen-
dicular a esse plano passando pela origem é o eixo de rotação. Então a veloci-
dade angular pode ser considerada um vetor na direção desse eixo, de módulo
igual a seu valor e sentido dado pela regra da mão direita. Por essa regra, se se
apontar os dedos da mão no sentido do giro, o sentido do vetor será o sentido
do polegar, como se a mão segurasse um cilindro. No caso de a trajetória não ser
plana, em cada intervalo infinitesimal de tempo, pode-se supor que ela o seja e
definir assim a velocidade angular instantânea. Só que ela não terá direção cons-
tante, pois o eixo irá variando. Em termos da velocidade angular, a velocidade
escalar tangencial de rotação do ponto móvel em relação ao eixo de rotação será
dada pelo produto da velocidade angular pela distância do ponto ao eixo, uma
vez que o arco percorrido vale o produto do ângulo, em radianos, pelo raio:
Δ𝑠 𝑟Δ𝜃 𝑑𝑠 𝑟𝑑𝜃
𝑣̅∥ = Δ𝑡 = Δ𝑡 = 𝑟𝜔 ̅ 𝑣∥ = 𝑑𝑡 = 𝑑𝑡 = 𝑟𝜔
Tal resultado é chamado de Produto Vetorial, do vetor velocidade an-
gular do ponto móvel pelo vetor posição do ponto móvel em relação à origem,
representado pela notação:
𝒗=𝝎×𝒓
Reciprocamente, pode-se deduzir que:
55
FÍSICA PARA FILÓSOFOS
𝒓×𝒗 𝒓×𝒗
𝝎= = 2
|𝒓|2 𝑟
Analogamente se definem a aceleração angular α, média e instantânea
pelas expressões:
Δ𝜔 𝑑𝜔
𝛼̅ ≡ 𝛼≡
Δ𝑡 𝑑𝑡
Do mesmo modo elas podem ser consideradas vetoriais, só que o eixo
desse vetor não é o mesmo da velocidade angular e sim o eixo perpendicular ao
plano em que se move a velocidade angular, que também pode ser variável. A
unidade de medida da aceleração angular será rad/s².
As relações entre a aceleração angular e a aceleração escalar são, do
mesmo modo:
𝑎̅∥ = 𝑟𝛼̅ 𝑎∥ = 𝑟𝛼
Que podem ser expressas pelos produtos vetoriais:
𝒓×𝒂 𝒓×𝒂
𝒂∥ = 𝜶 × 𝒓 𝜶 = |𝒓|2 = 2
𝑟
56
MOVIMENTO DE ROTAÇÃO
cula, desde que as forças aplicadas sobre ele tenham suas linhas de ação pas-
sando por seu Centro de Massa. O Centro de Massa de um corpo é o ponto cujas
coordenadas, em qualquer referencial, tenham para valor a média ponderada
das coordenadas de todas as suas partículas ou porções infinitesimais, tendo por
peso de cálculo o valor de suas massas.
Se o movimento das partes de um corpo não for assim ele não irá trans-
ladar. Então seu movimento pode ser decomposto em dois: A translação de seu
centro de massa acompanhada de rotação de suas partes em redor dele. Uma
rotação pura é um movimento de um corpo de tal forma que todas as suas partes
se movam em círculos em torno de algum eixo de rotação, com velocidade an-
gular uniforme, isto é, a mesma para todos em cada instante, mesmo que não
seja constante. A direção do eixo também pode variar, mas na rotação pura o
centro de massa do corpo não se move.
No caso de haver rotação e translação, as relações cinemáticas ficam:
𝒗 = 𝒗𝒕 + 𝝎 × 𝒓 𝒂 =𝜶×𝒓+𝝎×𝒗
em que 𝒗𝒕 é a velocidade de translação, 𝒂𝒕 = 𝜶 × 𝑟 é a aceleração tan-
gencial e 𝒂𝒓 = 𝝎 × 𝒗 é a aceleração radial.
F˔
F
d θ
d˔
θ
57
FÍSICA PARA FILÓSOFOS
ângulo entre a força e esse vetor posição e d˔ é a projeção desse vetor posição
perpendicular à força. O torque é medido na unidade newton metro (Nm).
O torque também é um vetor, cujo módulo é dado pela expressão
acima, cuja direção é perpendicular ao plano formado pela força e pelo vetor
posição do ponto de aplicação da força em relação à origem em que seja calcu-
lado e cujo sentido é dado, também, pela regra da mão direita, igual à usada para
definir o vetor velocidade angular, com a substituição da velocidade vetorial
pela força. Ou seja, o torque é dado pelo produto vetorial:
𝝉=𝒓×𝑭
O torque total sobre um sistema de forças, atuante sobre um sistema
de partículas, será a soma dos torques sobre cada uma, só tendo significado
quando todos eles forem calculados em relação ao mesmo ponto.
Se se considerar duas partículas interagentes, sujeitas a um par de
ação e reação, o torque total sempre será nulo, pois o par atuará ao longo da
mesma linha de ação, tendo as forças sentidos opostos.
Todavia, no caso de um corpo rígido, se forem aplicadas duas forças de
mesmo módulo e sentidos opostos, mas não ao longo da mesma linha de ação, o
torque total não será nulo. Tal sistema de força é dito um Binário, ou Conjugado.
O torque exercido por um conjugado não depende do ponto em relação ao qual
seja calculado e vale o produto do módulo de uma das forças (igual ao da outra),
pela separação entre suas linhas de ação, tendo a orientação perpendicular ao
plano das forças, apontando no sentido dado pela Regra da Mão Direita.
No caso da rotação, a inércia de um sistema não é dada simplesmente
pela massa, pois uma massa mais distante do eixo de rotação se opõe mais a
girar do que se estiver mais próxima. Aplicando a Lei do Movimento sobre uma
massa m que gire em torno de um eixo à distância r desse eixo, submetida a uma
força F, tem-se:
𝑭 = 𝑚𝒂
Fazendo-se o produto vetorial do vetor posição r a ambos os lados
dessa equação, tem-se:
𝝉 = 𝒓 × 𝑭 = 𝑚𝒓 × 𝒂 = 𝑚𝑟²𝜶
Essa equação é similar à da Lei de Movimento na translação, com a
substituição da força pelo torque, da aceleração linear pela aceleração angular e
da massa pela quantidade mr², denominada Momento de Inércia. No caso de um
sistema de partículas, o momento de inércia vale:
𝐽 = ∑ 𝑚𝑟²
E no caso de um corpo extenso, suposto contínuo, como é o caso de um
corpo rígido, o Momento de Inércia valerá:
58
MOVIMENTO DE ROTAÇÃO
𝐽 = ∫ 𝑟 2 𝑑𝑚
A unidade do Momento de Inércia é quilograma metro quadrado
(kg·m²).
Sólidos de formatos geométricos simples possuem expressões para
seus momentos de inércia em função de seus parâmetros geométricos, como por
exemplo:
Cilindro em relação ao eixo – J = Mr²/2
Esfera em relação ao centro – J = 2Mr²/5
O Momento de Inércia de outras configurações pode ser encontrado
em referências específicas, como o “Manual de Fórmulas e Tabelas Matemáti-
cas”, de Spiegel, da Coleção Schaum.
Em termos do Momento de Inércia, a Lei do Movimento para as rota-
ções de corpos rígidos, portanto, fica como:
∑ 𝝉 = 𝐽𝜶
m
O
r
59
FÍSICA PARA FILÓSOFOS
60
7. LEIS DE CONSERVAÇÃO
61
FÍSICA PARA FILÓSOFOS
Δ𝑡 ∑ 𝝉 = Δ ∑ 𝑳
Se se considerar um Sistema Isolado, isto é, que não sofra interação
nenhuma por nada que esteja fora dele, todas as forças entre suas partes inter-
nas serão pares de ação e reação. Ao se somar vetorialmente todas essas forças,
dentro do sistema, se obterá um valor zero, ou seja, ΣF=0.
Consequentemente, se se calcular o torque total de todas essas forças
em relação a um mesmo ponto, ele também será nulo e, consequentemente:
Δ∑𝑳 = 0
Ou seja, ΣL não varia, sendo, pois, constante, o que permite enunciar o
Princípio de Conservação do Momento Angular:
“O Momento Angular de um Sistema Isolado permanece constante”.
O mais interessante é que esse princípio vale, também, para sistemas
não isolados, desde que sujeitos a forças centrais, isto é, que estejam sempre
voltadas para um mesmo ponto. A razão é que, nesse caso, a direção do vetor
posição de cada partícula em relação ao centro é a mesma da força, que, não
possuindo componente perpendicular a ele, terá torque nulo. A soma de torques
nulos será nula, garantindo a conservação do Momento Angular.
7.3. Trabalho
θ Δr
Δr∥
Observe-se que, sendo o ângulo θ obtuso (maior do que um reto), o
Trabalho será negativo, devido ao sinal do cosseno. Em particular, se a Força
tiver o sentido oposto ao do deslocamento, o Trabalho valerá:
𝑊 = −𝐹Δ𝑟
Tal operação binária entre dois vetores é denominada Produto Esca-
lar dos dois vetores, denotado pelo símbolo de operador “•”:
𝑨 • 𝑩 = |𝑨| ⋅ |𝑩| ⋅ 𝑐𝑜𝑠𝜃
Logo o Trabalho é dado pelo produto escalar da Força pelo Desloca-
mento:
𝑊 = 𝑭 • Δ𝒓 = |𝑭| ⋅ |Δ𝒓| ⋅ 𝑐𝑜𝑠𝜃
Se a Força não for constante, nem em módulo, nem em direção, o valor
do trabalho será representado pela “área” sob o gráfico da componente algé-
brica da força na direção do deslocamento, em cada deslocamento infinitesimal,
entre as linhas de chamada do gráfico ao eixo das posições e o eixo das posições.
Matematicamente isto vem a ser a “integral” do produto escalar da força pelo
deslocamento:
𝑊 = ∫ 𝑭 • 𝑑𝒓.
F∥
W
s
63
FÍSICA PARA FILÓSOFOS
7.4. Energia
64
LEIS DE CONSERVAÇÃO
65
FÍSICA PARA FILÓSOFOS
66
LEIS DE CONSERVAÇÃO
67
FÍSICA PARA FILÓSOFOS
68
LEIS DE CONSERVAÇÃO
69
FÍSICA PARA FILÓSOFOS
70
8. GRAVITAÇÃO
71
9. FENÔMENOS TÉRMICOS
72
FENÔMENOS TÉRMICOS
M = energia mecânica;
V = energia potencial interna ordenada;
V’ = energia potencial interna caótica;
K = energia cinética interna ordenada;
K’ = energia cinética interna caótica;
Vo = energia potencial externa;
Ko = energia cinética externa.
R = energia radiante interna.
Então:
X = Vo + Ko ; U = V’ + K’ ; I = U + V + K + R ; M = X + V + K
E = X + I = U + M = Vo + Ko + V + K + V’ + K’ + R.
A não ser que consideremos como sistema a totalidade do Universo,
todo sistema possui uma vizinhança que é, simplesmente, o resto do Universo,
fora o sistema. E o que é um sistema? É um subconjunto do Universo definido
sem ambiguidade, de tal forma que se possa dizer, a cada momento, o que per-
tence ou não pertence a ele e qual a sua fronteira. A fronteira pode ser fixa ou
móvel bem como o seu conteúdo. As energias cinéticas das partes constitutivas
do sistema, medidas em relação a seu centro de massa, adicionadas às energias
potenciais devidas às interações entre suas partes, bem como a energia radiante
presente dentro dele, constituem sua Energia Interna. A energia cinética do sis-
tema como um todo, considerado em seu centro de massa, medidas em relação
a um referencial externo, bem como as energias potenciais devido às interações
das partes do sistema com o que estiver fora dele, constituem sua Energia Ex-
terna.
A impossibilidade de atingirmos o Zero Absoluto não está contida na
Segunda Lei da Termodinâmica, que, a princípio, não proíbe um Ciclo de Carnot
de rendimento 100%, desde que o reservatório frio esteja no Zero Absoluto. Ela
está na Terceira Lei da Termodinâmica, esta sim, que proíbe que se atinja o Zero
Absoluto. Mas são leis independentes. Um bom apanhado deste assunto se en-
contra em um livro para engenheiros, muito bom, o SEARS & SALINGER.
O ambiente ou vizinhança é o complemento de um sistema, isto é, o
resto do Universo. Assim, haveria três energias. A do sistema, a da vizinhança e
a da interação do sistema com a vizinhança, incluindo, neste caso, a energia ci-
nética do movimento relativo deles. Esta energia não é interna a nenhum deles,
mas externa a ambos. Quando se calcula a energia total de um sistema isto não
inclui a energia interna da vizinhança, mas apenas a da interação da vizinhança
com o sistema. Invertendo o papel do sistema com a vizinhança, vê-se que, se
forem somadas as duas energias totais, esta da interação mútua será computada
73
FÍSICA PARA FILÓSOFOS
duas vezes. É claro que a energia pode ser adjetivada, segundo vários critérios,
como potencial, cinética, interna, externa, própria etc.
Denominamos Exergia à máxima parte da energia interna que pode ser
transformada em trabalho útil quando um sistema é levado de um estado qual-
quer ao equilíbrio com seu ambiente. Nesta definição não está sendo levada em
conta variações da energia externa do sistema no processo (que também podem
produzir trabalho útil, entendido como de configuração e não dissipativo). Para
calculá-la consideramos a transformação dividida em duas, uma adiabática, isto
é, termicamente isolada, até atingir a temperatura do ambiente e outra isotér-
mica, isto é, à temperatura constante, até atingir a pressão do ambiente. O tra-
balho dessas duas é a exergia, que pode ser calculada exatamente. Mas isto é
mais uma questão tecnológica. Para considerações puramente físicas, não inte-
ressa a utilidade da energia.
A propósito, neste contexto, considero que a convenção de sinal para
o trabalho em Termodinâmica é errada. O trabalho deve ser considerado posi-
tivo quando aumenta a energia do sistema, isto é, quando é realizado “sobre” ele
e não “por” ele. Deveriamos ter dW = – pdV , sendo a primeira lei dU = dQ +
dW. Assim tudo fica muito mais lógico, apesar de menos prático. Não acho que
a praticidade ou utilidade sejam valores superiores à coerência lógica.
Para melhor entendimento de tudo o que foi dito, analisemos um
exemplo.
Consideremos o Universo constituído de quatro partículas A1, A2, B1
e B2 e subdividido em dois sistemas, A e B, sendo B o ambiente de A e A o ambi-
ente de B.
Consideremos as energias:
TA1cm = energia cinética de A1 em relação ao centro de massa de A;
TA2cm = energia cinética de A2 em relação ao centro de massa de A;
VA12 = energia potencial das interações entre A1 e A2;
c²MA1 = energia da massa de repouso de A1;
c²MA2 = energia da massa de repouso de A2.
RA = energia radiante interna a A
À soma dessas energias denominamos “Energia Interna de A” = UA =
energia interna do ambiente ou vizinhança de B.
TB1cm = energia cinética de B1 em relação ao centro de massa de B
(ambiente de A);
TB2cm = energia cinética de B2 em relação ao centro de massa de B
(ambiente de A);
VB12 = energia potencial das interações entre B1 e B2;
c²MB1 = energia da massa de repouso de B1;
74
FENÔMENOS TÉRMICOS
75
10. ELETROMAGNETISMO CLÁSSICO
76
11. ONDAS E SOM
77
12. LUZ
78
13. RELATIVIDADE RESTRITA
79
14. COMPORTAMENTO QUÂNTICO
80
COMPORTAMENTO QUÂNTICO
81
FÍSICA PARA FILÓSOFOS
82
COMPORTAMENTO QUÂNTICO
83
FÍSICA PARA FILÓSOFOS
84
COMPORTAMENTO QUÂNTICO
depois, de “fóton”. Com essas duas descobertas estava inaugurada a Física Quân-
tica. Elas mostram que o comportamento da natureza, em seu nível mais pro-
fundo, difere daquele que o senso comum costuma considerar. A luz é onda, mas
fragmentada em pacotes infracionáveis e a energia é absorvida ou emitida tam-
bém de um modo descontínuo. Parece, pois, que o conceito de partícula está pre-
valecendo, sendo os campos um enxame de partículas. Não é bem assim, con-
tudo.
85
FÍSICA PARA FILÓSOFOS
86
COMPORTAMENTO QUÂNTICO
14.10.Valor esperado
87
FÍSICA PARA FILÓSOFOS
das funções da base multiplicadas por algum fator numérico (complexo) ade-
quado). O dito “valor esperado” é uma média ponderada dos autovalores, to-
mando como pesos os valores absolutos quadrados dos coeficientes da combi-
nação linear da função que descreve o estado do sistema.
Mas, o importante é que, ao se fazer uma medida da grandeza, somente
os autovalores podem ser obtidos. O valor esperado é, pois, uma média estatís-
tica dos valores obtidos ao se repetir a medida nas mesmas condições (mesmo
estado) inúmeras vezes. Note-se que não está se falando de erros de medida
(que também podem aparecer) mas de diferenças reais de valores possíveis das
medidas no mesmo estado.
14.11.Princípio da Incerteza
88
COMPORTAMENTO QUÂNTICO
14.12.Princípio da Correspondência
14.13.Equação da Continuidade
89
FÍSICA PARA FILÓSOFOS
14.14.Diferença Notável
90
15. FÍSICA ATÔMICA E NUCLEAR
91
16. MATÉRIA CONDENSADA
92
17. PARTÍCULAS ELEMENTARES
93
18. RELATIVIDADE GERAL
94
19. GRAVITAÇÃO E COSMOLOGIA
95
20. UNIFICAÇÃO DAS INTERAÇÕES
96
21. CIENTIFICIZAÇÃO DA FILOSOFIA
97
FÍSICA PARA FILÓSOFOS
98
CIENTIFICIZAÇÃO DA FILOSOFIA
99
FÍSICA PARA FILÓSOFOS
100
CIENTIFICIZAÇÃO DA FILOSOFIA
da lógica, que se usam para deduzir os teoremas? Não é interessante que a Ma-
temática tenha o poder de conseguir prever o comportamento da natureza,
quando as leis que descrevem os fenômenos são matematicamente expressas?
Isto não é coincidência. Os axiomas só levam a teorias que espelhem a realidade
quando são abstrações de ocorrências concretas do mundo real. A operação de
soma dos números naturais, advinda da definição de “sucessor” é uma abstração
da elementar prática de contagem nos dedos, por exemplo. A mente do matemá-
tico não construiu esses axiomas a partir do nada, mas deu uma fundamentação
teórica a conhecimentos empíricos do homem desde a pré-história. Mesmo no-
ções sofisticadas, como a dos números reais e de limites (a partir dos cortes de
Dedekind ou dos intervalos de Cauchy), são teorizações de noções intuitivas.
Todo matemático, ao demonstrar um teorema, em sua mente, constrói imagens
concretas e intuitivas do que está pensando e, então, formaliza, na linguagem
matemática, o que concluiu. Assim digo, com segurança, que os axiomas mate-
máticos não diferem das leis físicas, no que diz respeito ao fato de serem gene-
ralizações induzidas a partir de observações particulares e aceitos por um ato
de “fé”.
21.6. Psicologia
101
FÍSICA PARA FILÓSOFOS
Mas pensar sem imagem sensorial nenhuma, não sei se seria possível ou mesmo
se este ser teria algum tipo de vida psíquica. Pelo menos, para poder fazer fun-
cionar o próprio organismo, os sentidos internos de funcionamento dos órgãos
teriam que existir.
102
CIENTIFICIZAÇÃO DA FILOSOFIA
103
FÍSICA PARA FILÓSOFOS
21.10.Ética Científica
104
CIENTIFICIZAÇÃO DA FILOSOFIA
em alguma (ou várias) universidades, que podem gerar inúmeras teses de dou-
torado ao longo de muitos anos, até que se tenha um índice confiável e incon-
teste. Trata-se de um tema interdisciplinar da neurologia e da psicologia (que,
alíás, tendem a se unir em uma disciplina só).
De posse desse índice, poder-se-ia calcular uma integral da função
desse indíce ao longo do tempo para expressar um valor extensivo, já que o ín-
dice seria intensivo. Possivelmente poderia haver mais de um índice, levando à
criação de uma espécie de tensor, e à definição do parâmetro indicativo da quan-
tidade de felicidade como, por exemplo, a norma ou o traço desse tensor (have-
ria que se devinir um “espaço de felicidade”, como existe o “espaço de cores” ,
tendo que se achar quantas dimensões teria esse espaço (o de cores tem três,
isto é, é póssível descrever qualquer cor como um combinação linear de três ve-
tores de base, e não mais que três)). O caráter ético poderia ser expresso como
um somatório da quantidade de felicidade a ser criada pela ação, tomado sobre
todos os seres que por ela viessem a ser influenciados ao longo do tempo. O mais
importante não é se definir precisamente qual é esse valor, mas se conceber que
é algo passível de ser determinado, colocando, deste modo, a ética num patamar
científico e quantitativo.
105
APÊNDICE 1 – MATEMÁTICA
106
APÊNDICE 2 – SISTEMA INTERNACIONAL
107
APÊNDICE 3 – CONSTANTES
108
APÊNDICE 4 – QUESTÕES
Questões Abertas
109
Questões Fechadas
a) 45.
b) 27.
c) 18.
d) 36.
e) 54.
5. Considere que a Terra e a Lua estejam sujeitas apenas à interação gra-
vitacional com o Sol e entre elas e que se movam no vácuo, variando a distân-
cia ao Sol e entre si. A respeito exclusivamente ao sistema Terra-Lua, no re-
ferencial em que o Sol permanece em repouso no centro, pode-se dizer que
permanecem os mesmos, o tempo todo, os totais:
a) da energia cinética.
b) da energia potencial.
c) da energia mecânica.
d) da quantidade de movimento.
e) da energia cinética e da quantidade de movimento.
6. Um carrinho de montanha russa, de 900 kg, corre em um trilho sem
atrito. Na partida, ele é travado, comprimindo de meio metro uma mola de
3,24 × 106 N/m, fixa em seu outro extremo. Ao se soltar a trava, ele dispara
e sobe, parando no ápice do circuito, de onde inicia a primeira descida. Neste
lugar, os corpos em queda livre possuem a aceleração de 9,00 m/s². A altura
desse ponto, onde ele inicia a descida, vale:
a) 72 m.
b) 50 m.
c) 324 m.
d) 100 m
e) 144 m.
7. Para se investigar a existência de um campo magnético em certo lugar,
depois de descartada a existência de campo elétrico, coloca-se um tubo de
televisão funcionando de modo a formar um ponto luminoso no centro da
tela. Varia-se a orientação espacial desse tubo e observa-se o deslocamento
do ponto luminoso. Em relação à direção do feixe de elétrons no tubo, o
campo magnético tem direção:
a) perpendicular ao feixe, quando o ponto se desvia metade do desvio má-
ximo.
b) igual à do feixe, quando o ponto se desvia o máximo observado.
c) igual à do feixe, quando o ponto se desvia metade do desvio máximo.
d) igual à do feixe, quando o ponto continua no centro da tela.
e) perpendicular ao feixe, quando o ponto continua no centro da tela.
111
FÍSICA PARA FILÓSOFOS
112
APÊNDICE 4 – QUESTÕES
13. Um pincel de raios paralelos de luz incide em uma lente biconvexa e emerge
divergindo como se fosse de um ponto antes da lente. Tal comportamento
permite concluir que:
a) A lente é menos refringente que o meio que a cerca.
b) Toda lente biconvexa é convergente.
c) A lente é mais refringente que o meio que a cerca.
d) Toda lente biconvexa é divergente.
e) A lente tem a mesma refringência do meio que a cerca.
14. Em um motor de automóvel o volume total dos quatro cilindros é dois litros
e a explosão se dá em um cilindro de cada vez. Nisso, o volume interno au-
menta dez vezes, enquanto a manivela dá meia volta. A 3.000 rotações por
minuto a potência é de 80 hp (60 kW). Qual a pressão interna no cilindro? (1
atm = 100.000 Pa)
a) 10,0 atm.
b) 8,0 atm.
c) 13,3 atm.
d) 16,6 atm.
e) 6,7 atm.
15. Um automóvel de 800 kg está a 108 km/h em uma estrada reta e horizontal,
quando o motorista vê um trem atravessando a estrada, trezentos metros
adiante. Desprezando a resistência do ar, a mínima força que os freios devem
aplicar ao carro, para que ele pare sem colidir com o trem, em newtons, é
corretamente apresentada na alternativa:
a) 1.200.
b) 4.800.
c) 7.200.
d) 9.600.
e) 15.500.
16. Assinale a opção que apresenta a característica de uma onda sonora que é
responsável pela percepção do “volume” do som que se ouve.
a) Frequência.
b) Fase.
c) Comprimento de onda.
d) Amplitude.
e) Velocidade.
17. Assinale a opção que apresenta o conceito correto de “Calor”.
a) Energia em trânsito entre sistemas em contato a diferentes temperatu-
ras.
b) Total de energia interna possuída por um sistema a certa temperatura.
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APÊNDICE 4 – QUESTÕES
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FÍSICA PARA FILÓSOFOS
b) Mantém-se constante.
c) Diminui.
d) É imprevisível.
e) Nunca pode aumentar.
26. No interior de um condutor elétrico estaticamente carregado positiva ou ne-
gativamente, pode se estabelecer um campo elétrico, descrito por sua inten-
sidade e seu potencial elétrico em cada ponto do volume do condutor. Assi-
nale a única afirmativa que indica CORRETAMENTE o comportamento desse
campo elétrico.
a) Sua intensidade decresce da borda para o centro.
b) Seu potencial elétrico é nulo em todos os pontos.
c) Seu potencial elétrico cresce da borda para o centro.
d) Sua intensidade é nula em todos os pontos.
e) Sua intensidade é uniforme e constante, mas não nula.
27. Em um fio metálico reto, homogêneo e de espessura uniforme, que conduza
corrente elétrica contínua e constante, se estabelece um campo elétrico, res-
ponsável pela força tratora, que empurra os portadores de carga e vence a
resistência oferecida pela rede cristalina de átomos. Assinale a única afirma-
tiva que descreve CORRETAMENTE o comportamento desse campo elétrico
ou da corrente elétrica estabelecida.
a) A intensidade do campo é uniforme, constante e não nula.
b) O potencial do campo é uniforme, constante e não nulo.
c) A intensidade da corrente varia linearmente com a posição no fio.
d) O potencial elétrico é inversamente proporcional à posição no fio.
e) A intensidade do campo é nula ao longo de todo o fio.
28. Um vagão de trem maglev de dez toneladas levita magneticamente sobre os
trilhos, a um centímetro de distância deles. Isso é feito por meio de correntes
elétricas contínuas, constantes e de igual valor, estabelecidas nos dois trilhos
da ferrovia e nos dois trilhos de apoio do vagão. Os trilhos do vagão têm vinte
e cinco metros de comprimento. Assinale CORRETAMENTE o valor da inten-
sidade de corrente elétrica necessária para manter a levitação do vagão.
a) 10 kA.
b) 14 kA.
c) 20 kA.
d) 25 kA.
e) 50 kA.
29. Todos os fenômenos da natureza se reduzem fundamentalmente a movi-
mento e interação. As interações envolvendo duas partículas, não importa de
que tipo sejam, têm sua intensidade medida pela grandeza força, que atua em
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APÊNDICE 4 – QUESTÕES
cada uma delas. A respeito dessa grandeza, em cada uma das partículas inte-
ragentes, NÃO é correto afirmar que:
a) Suas intensidades são iguais.
b) Sua resultante é nula.
c) Seus sentidos são opostos.
d) Suas direções são idênticas.
e) Suas durações são iguais.
30. À extremidade inferior de uma mola verticalmente pendente está preso um
corpo de cinco quilogramas em repouso, que a estende de dez centímetros.
Quando esse corpo é puxado mais dez centímetros para baixo e solto, começa
a oscilar verticalmente. Desprezando os atritos e considerando que a gravi-
dade local dá o peso de dez newtons a cada quilograma, assinale a opção que
apresenta a máxima velocidade que esse corpo atinge em seu movimento:
a) 2,5 m/s.
b) 5,0 m/s.
c) 1,0 m/s.
d) 0,5 m/s.
e) 2,0 m/s.
31. Um cano de cobre se ajusta perfeitamente em torno de um cilindro de aço à
temperatura ambiente, ficando agarrado. O mesmo acontece com um cano de
aço em torno de um cilindro de cobre, de mesmas dimensões. Sabe-se que os
coeficientes de dilatação linear do cobre e do aço estão na razão de nove para
sete.
Assinale o procedimento que deve ser tomado para desagarrar os dois canos dos
cilindros.
a) Aquecer o cano de aço e resfriar o de cobre.
b) Aquecer o cano de cobre e resfriar o de aço.
c) Aquecer tanto o cano de cobre quanto o de aço.
d) Resfriar tanto o cano de cobre quanto o de aço.
e) Nenhum procedimento térmico desgarrará ambos os canos.
32. Sabe-se que a frequência do som fundamental emitido por um tubo de órgão
é proporcional à velocidade de propagação do som no ar que, por sua vez, é
proporcional à raiz quadrada da temperatura absoluta do ar. Certo tubo
emite a nota dó à temperatura de 27ºC. O próximo dó, uma oitava acima, tem
o dobro da frequência.
Assinale a opção que indica a temperatura a que esse mesmo tubo deve ser le-
vado para emitir o dó fundamental, uma oitava acima.
a) 927∘C.
b) 327∘C.
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FÍSICA PARA FILÓSOFOS
c) 159∘C.
d) 1200∘C.
e) 600∘C.
33. É possível ferver um litro de água, à pressão atmosférica e sob gravidade
normal, inicialmente a vinte graus Celsius, atritando-se o recipiente sobre
uma superfície horizontal áspera. Considere o coeficiente de atrito igual a
meio, o peso do recipiente desprezível e cada caloria valendo quatro joules.
Assinalar a opção que indica a distância ao longo da qual se tem que empur-
rar o recipiente com velocidade constante, até que a água ferva, se não hou-
ver perda de calor para o ambiente.
a) Trezentos e vinte metros.
b) Mil e duzentos metros.
c) Trinta e dois quilômetros.
d) Quarenta e oito quilômetros.
e) Sessenta e quatro quilômetros.
34. Um condutor maciço de forma irregular está isolado e carregado negativa-
mente. Assinar a opção que diz como seus elétrons ficam nele distribuídos.
a) Há um excesso em todo o volume, concentrado em seu centro.
b) Há um déficit em todo o volume, concentrado em seu centro.
c) Há um excesso apenas superficial, maior nas partes mais pontudas.
d) Há um déficit apenas superficial, maior nas partes menos pontudas.
e) Há um excesso distribuído uniformemente por todo o seu volume.
35. Um fio condutor é disposto horizontalmente perpendicular ao equador e li-
gado aos polos de uma bateria com sua extremidade sul ao polo negativo e a
norte ao positivo. Uma pequena bússola é disposta horizontalmente por
baixo do fio, próxima a ele. Assinale a afirmativa que diz para que orientação,
aproximadamente, passará a apontar a ponta norte agulha da bússola.
a) Nordeste.
b) Sudeste.
c) Noroeste.
d) Sudoeste.
e) Leste.
36. É lançada uma nave da Terra para estudar a Coroa Solar. Seu lança-
mento se faz em sentido oposto ao movimento orbital da Terra, de modo que
ela vá se aproximando elipticamente do Sol até encontrá-lo. Todavia, por um
erro, ela passou por ele para o outro lado, e retornou à Terra. Assinalar a op-
ção que explica a razão desse erro.
a) A energia irradiada do Sol impediu sua aproximação.
b) A velocidade do lançamento foi excessiva.
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suas massas e seu afastamento. seja apenas empírico nem apenas ra-
Igual, no SI, a 6,674287× 10–11 new- cional, mas tanto um quanto o outro
tons.m²/kg² e que tem que ser submetido a uma
Contraditórias – Proposições que crítica de sua validade.
não podem ser ambas verdadeiras Cromodinâmica – Teoria – dos
nem falsas. quarks, partículas fermiônicas cons-
Contrárias – Proposições que não po- titutivas dos bárions que formam a
dem ser ambas verdadeiras mas po- matéria e dos glúons, partículas
dem ser ambas falsas. bosônicas responsáveis pela intera-
Corpo – Sistema físico material, ex- ção forte entre quarks.
tenso e limitado. Cultura – Complexo que inclui o co-
Corpo – Sistema matemático constitu- nhecimento, as crenças, a arte, a mo-
ído de um conjunto numérico mu- ral, a lei, os costumes e todos os ou-
nido de duas operações, pelas quais, tros hábitos e aptidões de um povo.
isoladamente, o sistema seria um Definição – Expressão precisa do sig-
grupo abeliano e, conjuntamente, nificado de um conceito em termos
exibam a propriedade distributiva de outros já definidos ou primitivos.
de uma em relação à outra. Dia – Intervalo de tempo decorrido
Corte Epistemológico – Situação em entre a passagem do Sol pelo meridi-
que a confirmação da veracidade de ano zenital e uma passagem imedia-
um modelo teórico explicativo da re- tamente subsequente.
alidade exclui a validade de explica- Dialética – Arte de argumentar e con-
ções alternativas que não sejam ca- vencer com base em raciocínios váli-
sos particulares ou não possam ser dos.
reduzidas à explicação admitida Dialética – Na concepção de Hegel,
como certa. trata–se do processo lógico de obter
Cosmogonia – Teoria sobre a origem uma síntese a partir de uma tese e
do Universo. sua antítese. Na interpretação mar-
Cosmologia – Ciência que estuda a xista da História e da natureza, é o
origem, a estrutura e a evolução do modo pelo qual a evolução natural e
Universo como um todo. histórica se processa.
Cosmovisão – Modo de encarar o Dinâmica – Modo segundo o qual al-
mundo e a vida por uma pessoa ou gum fenômeno se desenrola no
por uma concepção filosófica. tempo com relação às causas que o
Criação – Ato de provocar o surgi- provoquem.
mento de algo. em particular, do Uni- Direção – Propriedade comum ao
verso. conjunto de todas as retas paralelas
Criticismo – Corrente filosófica que a uma dada reta, que representa sua
considera que o conhecimento não orientação espacial.
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resto, de modo que ocorrências ex- Sentido – Cada uma das duas possibi-
trínsecas sempre interferem no sis- lidades de orientação do desloca-
tema. Essa concepção, sendo não li- mento de um ponto sobre uma linha.
near, abarca o holismo. Ser – Ente que, de fato, existe, objeti-
Regra – Ver Norma. vamente no mundo. Apesar do subs-
Relação – Associação entre um ele- tantivo “ser” ser a mesma palavra
mento de um conjunto e outro do que o verbo “ser”, que denota per-
mesmo ou de outro conjunto, de manência, o ser não é imutável nem
acordo com regras preestabelecidas. perene. Ele é o que está sendo a cada
Estabelecimento de vínculos entre momento. Mas, para ser o que é, é
elementos de qualquer categoria. necessário que sua essência perma-
Relatividade Especial – Ver “Relati- neça.
vidade Restrita”. Sistema – Sub conjunto do Universo
Relatividade Geral – Teoria que cor- perfeitamente identificado, isto é,
relaciona os valores das grandezas que sempre se possa saber o que faz
físicas medidas por observadores fi- parte e o que não faz parte dele,
xos em referenciais que se movam mesmo que isso seja variável.
entre si de qualquer modo, bem Sistema Internacional (SI) –
como que estejam sob o efeito gravi- Sistema Numérico – Conjunto de nú-
tacional de massas e campos energé- meros ao qual se atribuem algumas
ticos variados. operações que possuem proprieda-
Relatividade Restrita – Teoria que des bem definidas.
correlaciona os valores das grande- Sistemas Dinâmicos,
zas físicas medidas por observado- Situação – Ver Estado.
res fixos em referenciais que se mo- Solstício – Momento em que a Terra
vam com velocidade constante entre passa, em seu movimento orbital,
si. pelos pontos de intercessão do plano
Reologia de sua órbita com o plano mediatriz
Resultado – ver Efeito. dos dois equinócios, o que propicia a
Reta – Linha traçada por um ponto duração máxima do dia ou da noite.
que se desloca continuamente e ili- Solução – Mistura em que as dimen-
mitadamente, sem desvio lateral. sões das par–tículas componentes
RNA – Ácido Ribonucléico – Molé- são todas de ordem molecular.
cula gigante que participa da trans- Solução – Obtenção dos valores de
crição de genes entre moléculas de uma incógnita em uma equação ou
DNA. inequação, bem como o conjunto
Satélite – Astro que se move em uma desses valores.
órbita ao redor de outro.
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ÍNDICE REMISSIVO
agir 13 filosofia13
arte 13 filósofo 13
ciência 13 linguagem 13
ciências biológicas 13 matemática 13
ciências exatas 13 metaciência 13
ciências geológicas 13 pensar 13
ciências humana 13 sentir 13
ciências sociais 13 trabalho 13
falar 13 valor 13
fazer 13
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ÍNDICE ONOMÁSTICO
Outras autoridades
Deleuze 12
Kant 13
150