Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
ISSN 1414-4530
Rafael Pio
A Cultura do Caquizeiro
Série Produtor Rural – nº 22
Piracicaba
2003
2
Revisão e Edição:
Eliana Maria Garcia
Editoração Eletrônica:
Serviço de Produções Gráficas – USP/ESALQ
Tiragem:
300 exemplares
3
Rafael Pio1
1
Engº Agrônomo, D.Sc., Prof. Adjunto Universidade Federal do Paraná - UFPR
rafaelpio@hotmail.com
A Cultura do Caquizeiro
Piracicaba
2003
4
1 PERFIL DA CULTURA
2 ASPECTOS ECONÔMICOS
consistência, podendo atingir mercados mais distantes e serem cotados com melhores
preços. Já no mercado externo, o caqui possui grande aceitação, especialmente no
Japão, alcançando preços relativamente compensadores.
A colheita do caquizeiro ocorre de fevereiro a junho, com picos de produção nos
meses de março e abril. Vale ressaltar que os preços são relativamente menores nos
meses de pico de produção, devido a grande escassez de frutos no mercado neste
período. Caso o produtor consiga programar a produção fora dos picos de produção,
conseqüentemente conseguirá melhores preços.
3 CARACTERÍSTICAS DA PLANTA
O caquizeiro é uma planta de porte arbóreo que pode atingir até 12 metros de
altura, possuindo copa arredondada e ramificada. Apresenta um desenvolvimento inicial
lento, chegando a atingir a maturidade por volta de 7 a 8 anos, mas possuindo uma
durabilidade de dezenas de anos. As folhas são de coloração verde-brilhante e caem
no inverno (caducas). As gemas são inseridas nas axilas das folhas, são de formato
cônico e pontiagudas. As flores são de coloração branco-amareladas, surgindo nas
axilas das folhas no período da primavera e no verão. As flores masculinas são
pequenas (0,8 a 1,8 cm de comprimento) e encontram-se reunidas em cachos de três a
cinco flores; as femininas são maiores (1,5 a 2,5 cm de comprimento) e solitárias; as
hermafroditas, que são raras, surgem sempre associadas às flores masculinas. No
entanto, o caquizeiro pode, em alguns casos, ser considerado uma planta dióica
(produzem apenas flores masculinas ou femininas) e em outros casos monóicas (flores
de ambos os sexos).
Quanto à frutificação, algumas variedades possuem tendência de produção de
frutos partenocárpicos, ou seja, sem sementes. Os frutos do caquizeiro são de formatos
esféricos, levemente achatados, podendo ser de coloração amarelo-claro, amarelo-
escuro, laranja, vermelho, roxo-claro ou roxo-escuro. A polpa é viscosa de coloração
vermelho-alaranjada. As sementes, quando existentes, são achatadas e de coloração
castanha.
6
4 CLIMA
5 SOLO
O caquizeiro se desenvolve bem nos vários tipos de solo, desde que tenham boa
permeabilidade, drenagem e sejam bem profundos. Em solos arenosos, os frutos são
mais coloridos e doces, porém em solos mais argilosos, o desenvolvimento dos ramos
e frutos são maiores. Sendo assim, o ideal é o cultivo em solos areno-argilosos.
6 VARIEDADES
c) ‘Taubaté’
Essa é a variedade mais cultivada no Estado de São Paulo, porém está sendo
substituída pelo ‘Rama Forte’. Suas plantas são vigorosas e bastantes produtivas. Os
frutos são grandes (180 g), globulosos e de boa aparência. Apresentam o inconveniente
de quebrar os galhos facilmente perto da maturação, necessitando de escoramento,
tendência do rachamento da película do fruto e o defeito de amolecerem rapidamente
após a destanização. Podem ser utilizados para a produção de passas pelo
processamento industrial.
São os caquis doces ou não taninosos, de polpa firme e mais amarelos quando
maduros, podendo ou não terem sementes.
a) ‘Fuyu’
b) ‘Girô’
6.3 Variáveis
São os caquis que podem ser tanto ter polpa amarela e não possuir sementes
nem tanino, como ter polpa escura e possuir sementes e tanino.
b) ‘Guiombo’
quando destanizados. Esta variedade pode ser utilizada para a produção de caqui-
passa.
c) ‘Rama Forte’
7 PROPAGAÇÃO
7.1 Porta-enxertos
para germinarem ou armazenadas em local bem fresco até por duas semanas ou em
geladeira por até 4 meses.
A semeadura pode ser feita em canteiros bem preparados, com bastante matéria
orgânica e bem drenados, sendo dispostas em sulcos rasos (2 cm de profundidade), no
espaçamento de 20 x 2 cm, sendo regadas diariamente. Uma outra alternativa é a
semeadura diretamente em sacos plásticos de capacidade de 5 litros, colocando-se 2
sementes por recipiente, realizando-se o desbaste após a semeadura, deixando-se
apenas a planta mais vigorosa, permanecendo a muda até o momento de enxertia.
Deve-se utilizar substrato formado de uma parte de terra de barranco, uma de areia e
uma de matéria orgânica (esterco de curral curtido ou esterco de aviário), 1:1:1 v/v.
A enxertia é realizada quando o porta-enxerto estiver com um ano de idade,
preferencialmente nos meses de julho a agosto, utilizando-se a enxertia de garfagem
tipo fenda cheia ou borbulhia em janela aberta.
8.4 Plantio
O plantio do caqui para mudas tipo “raiz nua” deve ser realizado no período de
inverno e para as mudas “envasadas”, o plantio deve ser realizado no início da época
chuvosa. O plantio deve ser realizado nas horas mais frescas do dia ou em dias
nublados, com o solo bem úmido.
Deve-se usar régua de plantio para um bom alinhamento, ajustando-se a muda
na cova de modo que o colo da planta fique ligeiramente acima do nível do solo (5 cm).
Após o plantio, fazer uma “bacia” em torno da muda, com distância de 50 cm do tronco
e a seguir regar com abundância. Até que se inicie as chuvas, as regas deverão ser
repetidas com freqüência, para assegurar um bom pagamento da muda.
Recomenda-se utilizar cobertura morta como capim seco (sem sementes) ou
com palha, para reter a umidade do solo. Sessenta dias após plantio, recomenda-se
aplicar 150 g de sulfato de amônio/planta, repetindo-se essa operação após mais três
vezes, a cada dois meses.
19
9 TRATOS CULTURAIS
9.1 Podas
estação hibernal, que contem as gemas florais. Caso não seja feita a poda anual em
plantas adultas de caquizeiro, o excesso de ramos, que ocasionalmente irão promover
excesso de frutificação, promoverá quebra de galhos, resultando em prejuízos na
produção e arquitetura da planta.
Assim, a poda das plantas adultas deve se constituir num raleio de ramos,
devendo eliminar o excesso dos ramos, os ramos mal localizados, doentes e secos, os
quais são eliminados pela base. Vale ressaltar que nenhuma frutificação irá ocorrer
caso seja feita uma poda drástica e também podas muito severas, que podem reduzir a
frutificação, devido ao forçamento de um crescimento vegetativo excessivo.
Os frutos tendem a cair da planta precocemente se não receberem insolação
suficiente. Isso é importante para conduzir a planta ao longo das podas hibernais,
promovendo a formação de uma arquitetura de copa adequada, bem aberta e baixa, o
que também facilitará os tratos culturais e a colheita.
Desbrotas periódicas devem ser realizadas, pelo menos duas durante o ano,
eliminando-se os brotos em excesso.
Vale ressaltar que sempre após a realização da poda, deve-se pincelar o local
podado com pasta bordaleza, para assim evitar-se a contaminação da planta por
doenças e pragas.
9.2 Adubação
Nos primeiros cinco anos após o plantio, as adubações são realizadas em função
da idade da planta. A recomendação de adubação de formação para as plantas de
caquizeiro encontra-se na Tabela abaixo, devendo ser seguida à análise do solo,
correlacionando a mesma com a idade da planta.
Tabela 1. Quantidades anuais de nutrientes a serem fornecidos, por planta, de acordo com a análise do
solo e idade da planta.
Tabela 2. Quantidades anuais de nutrientes a serem fornecidos, por área, de acordo com a análise do
solo e produtividade esperada.
Após a queda natural dos frutos, se necessário, se faz a raleação dos frutos, que
tem o objetivo de melhorar a qualidade dos frutos remanescentes, propiciando assim a
formação de frutos maiores, mais vigorosos e com maior aceitação pelos
consumidores.
Deve-se eliminar os frutos menores, doentes, mal localizados (voltados para
cima), evitando assim a queima pelo sol. Os frutos devem ficar bem distanciados para
que não toquem um no outro quando atingirem o tamanho máximo.
10 CULTURAS INTERCALARES
11 IRRIGAÇÃO
O uso da irrigação tem se intensificado nos últimos anos. Esta prática aumenta a
produção e melhora a qualidade dos frutos. Os sistemas de irrigação mais utilizados
são os de aspersão e localizada (gotejamento e microaspersão), que aplica água, em
geral, abaixo da copa da planta, evitando assim o aparecimento de doenças na planta.
Sulcos e bacias de inundação temporária são outros métodos que podem ser utilizados.
12 QUEBRA DE DORMÊNCIA
Esta prática tem como objetivo permitir que a planta saia do período de
dormência ocasionado no período frio do ano (inverno). Deve-se pulverizar a planta
com Dormex (cianamida hidrogenada) a 2% mais 1% de óleo mineral, com
pulverizações dirigidas nas gemas produtivas e não nas gemas vegetativas, pois senão
26
os ramos vegetativos brotarão antes dos ramos produtivos, podendo atrasar ainda mais
a produção.
A quebra de dormência deverá ser realizada prevendo-se que por volta dos 30
dias após o tratamento, ocorrerá o início da brotação, sendo uma prática inadequada
em regiões com riscos de geadas. A temperatura para a aplicação deverá estar por
volta de 18°C, não sendo eficiente o tratamento em temperaturas inferiores e sob
temperaturas altas, que provoca a queima das gemas.
13 DOENÇAS
Esta doença atinge as folhas, ramos e frutos. Nas folhas, as lesões começam
sobre ou próximo às nervuras, na face inferior e geralmente a partir da ponta da folha,
promovendo o secamento da mesma. Já nos ramos, surgem manchas escuras e
deprimidas. Os maiores prejuízos são encontrados nos frutos, ocorrendo manchas
escuras e deprimidas, que podem atingir a polpa. O controle desta doença é feito
através do tratamento de inverno e da eliminação de ramos atacados durante o período
de repouso da planta, através de pulverizações com fungicidas cúpricos ou à base de
Mancozeb e Propineb.
27
É uma doença causada por uma bactéria que provoca o engrossamento do colo
e das raízes das plantas atacadas, dando um aspecto de galha. Aparece com maior
freqüência em viveiros de mudas e nos pomares plantados em terrenos úmidos e mal
drenados, sendo que as plantas atacadas mostram sintomas de murchamento. A única
medida de controle é a preventiva, utilizando mudas de qualidade e local de plantio bem
drenado.
14 PRAGAS
O inseto adulto é uma mariposa que faz a postura no cálice dos frutos. Após a
eclosão dos ovos, as lagartas de 35 mm de comprimento e coloração cinza-escuro com
estrias longitudinais amarelas, se alimentam do cálice do fruto, tornando-se imprestável
para a comercialização, de maturação irregular e sujeito ao ataque de podridões. O
controle deve ser realizado a partir da época de florescimento, quando se notar a
presença do inseto, através de pulverizações com inseticidas fosforados, como
malation, fention ou triclorfon.
Inseto sugador com corpo coberto por secreção pulverulenta branca, mede cerca
de 3 mm de comprimento e 2 mm de largura. Ataca ramos e, principalmente, frutos, que
ficam depreciados para a comercialização. Nos ramos, o controle é feito através do
controle de inverno, por pulverizações com calda sulfocálcica ou inseticidas fosforados
associados com óleo mineral e nos frutos, com pulverizações com inseticidas
fosforados.
O inseto adulto é uma mariposa de coloração preta, com asas hialinas e cerca de
17 mm de envergadura. Suas lagartas apresentam coloração branco-amarelada e
quando completamente desenvolvidas, chegam a medir 30 mm de comprimento. Os
prejuízos advêm de galerias subcorticais que as lagartas constroem, podendo causar
secamento parcial ou total do caquizeiro. Os ramos atacados devem ser eliminados,
aplicando-se pastilhas de fosfina nas galerias.
15 COLHEITA E DESTANIZAÇÃO
De um modo geral, uma planta inicia-se a produção por volta do terceiro ano de
idade, chegando a produzir cerca de 100 a 150 Kg de frutos por ano. A colheita dos
frutos deve ser realizada quando estes perdem a coloração esverdeada e adquirem
coloração amarelo-avermelhada, sendo a seguir transferidos para galpões onde serão
classificados e embalados.
30
serragem, vapores de álcool e etileno. Os caquis devem ser removidos após quatro
dias, chegando a ponto de maturação naturalmente.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
FACHINELLO, J.C.; HOFFMANN, A.; NACHTIGAL, J.C.; KERSTEN, E.; FORTES, G.R.
de L. Propagação de plantas frutíferas de clima temperado. 2.ed. Pelotas:
UFPel, 1995. 178 p.
MINAMI, K.; TESSARIOLI NETO, J.; PENTEADO, S.R.; SCARPARI FILHO, J.A.
Produção de mudas hortícolas de alta qualidade. Piracicaba: ESALQ; SEBRAE,
1994. 155 p.
PASQUAL, M.; CHALFUN, N.N.J.; RAMOS, J.D.; VALE, M.R. do; SILVA, C.R.de R. e.
Fruticultura comercial: propagação de plantas frutíferas. Lavras: UFLA; FAEPE,
2001. 137 p.