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APOSTILA DE MATEMÁTICA FINANCEIRA

MATEMÁTICA FINANCEIRA I
SUMÁRIO

Capítulo 1
Introdução à Matemática Financeira
1.1. Origem da moeda
1.2. Conceito de moeda e sistema monetário
1.3. O surgimento do crédito e do sistema financeiro
1.4. Ato econômico, agente econômico e operação financeira
1.5. As instituições de intermediação financeira
1.6. Mercado financeiro brasileiro
1.7. Inflação, correção monetária e indexadores
1.8. Os vários planos econômicos
1.9. Políticas econômicas
1.10. Taxas de Juro
1.11. Operações realizadas no mercado
1.12. Produto Interno Bruto (PIB)
1.13. Carga tributária
1.14. Câmbio
1.15. Ágio e deságio
1.16. Conceito de Matemática Financeira

Capítulo 2
Método de Demonstração dos Cálculos Financeiros

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Capítulo 1
Introdução à Matemática Financeira

1.1. Origem da moeda

Quando o homem se fixou à terra, passou a permutar o excedente que produzia, fazendo
com que surgisse a primeira manifestação de comércio: o escambo, consistindo na troca direta
de mercadorias, sem equivalência de valor. Nessa troca, algumas mercadorias passaram a ser
mais procuradas que outras, assumindo a função de moeda-mercadoria (sal, gado, pau-brasil,
açúcar, cacau, tabaco e pano). O sal deu origem à palavra salário, assim como a palavra gado,
em latim pecus, ao termo pecúlio.
A permuta de algumas mercadorias nem sempre era vantajosa devido à distância, ao
estado perecível, às condições precárias das estradas, à ação de salteadores, lembrando que
naquela época a cobrança de pedágio já existia.
Com o descobrimento do metal, o homem passou a utilizá-lo na confecção de utensílios,
tornando seu uso vantajoso e eleito como o principal padrão de valor monetário. As primeiras
moedas apresentaram alguns formatos como chave e faca.
Posteriormente, passaram a ser cunhadas a martelo, em metais como ouro, prata e cobre,
ressaltando atributos de beleza e expressão cultural da época em que surgiram.
Pela necessidade de guardar as moedas com segurança, os negociantes, que já possuíam
cofres e guardas, aceitaram cuidar do dinheiro de seus clientes, fornecendo recibos escritos
pelas quantias guardadas. Esses recibos deram origem à moeda-papel, e a guarda de valores fez
surgirem as instituições bancárias. Os primeiros bancos oficiais foram criados na Inglaterra,
sendo a palavra "banco" originária da peça de madeira que os comerciantes de valores italianos
e londrinos usavam para operar seus negócios no mercado público.
No Brasil, as primeiras cédulas surgiram em 1810 e com o tempo, o governo passou a
gerenciar a emissão dessas cédulas e também das moedas, para evitar falsificações. Atualmente,
em quase todos os países, essa atividade de gerenciamento é realizada pelos bancos centrais.
As diferentes moedas surgiram da necessidade do homem em adequar o instrumento
monetário à realidade econômica. O uso de cheques, pelo qual se determina o pagamento de
certa quantia ao seu portador ou à pessoa nele citada, é uma necessidade atual.

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1.2. Conceito de moeda e sistema monetário

Conceito de moeda:

A moeda é conceituada como um bem econômico qualquer, que exerce as funções de


intermediário de trocas, de medida de valor e de reserva de valor e que tem aceitação geral.

Sistema monetário:

é o conjunto de moedas que circulam num país e cuja aceitação no pagamento de


mercadorias, débitos ou serviços é obrigatória por lei. Ele é constituído de uma moeda
fundamental e de moedas auxiliares com valores múltiplos ou submúltiplos da fundamental.
A cunhagem da moeda, bem como a impressão do papel moeda, são atribuições
exclusivas do Governo, realizadas através do Banco Central.

1.3. O surgimento do crédito e do sistema financeiro

Embora alguns autores relacionem o surgimento do crédito com a da letra de câmbio,


que ocorreu no final da Idade Média, pode-se afirmar que o mesmo já existia a mais tempo,
uma vez que o Direito Romano previa punições para o não cumprimento de dívidas
(inadimplência) por parte do tomador de empréstimos.
Entretanto, foi com a letra de câmbio que o crédito tomou uma forma mais avançada
tendo em vista a possibilidade de endosso, que possibilitava ao credor sua negociação ou
representação para cobrança.
O aparecimento da letra de câmbio constituiu-se, assim, um marco importante para a
facilitação do comércio entre as cidades que, por sua vez, realimentaram o crescimento das
operações financeiras com a consequente criação dos primeiros bancos. Embora se tenha
notícias da existência de bancos ainda no século XIII, o primeiro considerado moderno e
semelhante aos atuais foi o Banco de Amsterdam, fundado no ano de 1608. Foi nesse período,
também, que surgiram as sociedades por ações e as bolsas, que constituíram, juntamente com
os bancos, os três pilares do assim denominado sistema financeiro, como o entendemos
modernamente.

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1.4. Ato econômico, agente econômico e operação financeira

Ato econômico:

É qualquer ato praticado por pessoas (físicas ou jurídicas) que tenha consequências
financeiras.

Agente econômico:

Agente econômico é qualquer entidade física ou jurídica capaz de praticar um ato


econômico. Assim, entende-se por agente econômico qualquer pessoa, empresa ou instituição
que possa praticar um ato econômico: uma venda, uma compra, um empréstimo ou quaisquer
operações que tenham consequências financeiras.

Operação financeira:

Operação financeira é o ato econômico pelo qual determinado agente econômico


possuidor de capital - denominado credor – o transfere a outro agente econômico - denominado
tomador - mediante condições previamente estabelecidas, que normalmente envolvem:
1) a remuneração paga pelo tomador ao credor pela utilização do capital;
2) os prazos e formas de devolução do capital e da remuneração acordada; e
3) as garantias de pagamento que o tomador apresentará ao credor.
A operação financeira será sempre formalizada através de um documento que,
genericamente, será denominado de título de crédito.
As operações financeiras podem ser ativas ou passivas.
As ativas são aplicações ou investimentos que visam rendimentos.
As passivas são operações que visam a captação de recursos como os empréstimos ou
os descontos de título.
Uma operação financeira pode envolver vários tomadores e vários credores.

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1.5. As instituições de intermediação financeira

As operações de aplicação e empréstimos são geralmente realizadas por meio da


intermediação de uma instituição financeira, que capta recursos de um lado e os empresta de
outro. A captação é feita a uma taxa menor que a de empréstimo e a diferença é a remuneração
da instituição (denominado de “spread” na instituição financeira privada e de “del-credere” na
instituição financeira pública). São várias as opções de aplicação (também chamadas de
instrumentos) que um investidor tem a sua disposição: por exemplo, a Caderneta de Poupança,
o CDB (Certificado de Depósito Bancário) e outros. Cada opção tem sua taxa em função do
prazo da aplicação e dos riscos envolvidos. Analogamente, os tomadores de empréstimos têm
as várias opções de financiamento (instrumentos) cujas taxas variam em função dos prazos de
pagamento e das garantias oferecidas. De um modo geral, quando as taxas sobem, os
aplicadores tendem a aumentar a oferta de capitais, mas os tomadores tendem a diminuir a
demanda por crédito.
Nas economias capitalistas a condição de uso do dinheiro (capital) tem possibilitado a
produção de bens e, consequentemente, a formação de mais dinheiro através do lucro. Portanto,
o uso do dinheiro, e não necessariamente a sua propriedade, gera dinheiro. Por esta razão, o
empréstimo tem valor, e o preço do mesmo (aluguel do dinheiro) é denominado juro.
Para facilitar a compreensão de como funciona o fluxo do dinheiro entre os agentes
econômicos, sugere-se a criação de um modelo didático com três categorias:
a) agentes superavitários (ou poupadores), cujas receitas são superiores aos gastos
(consumo ou investimento) e que não se interessam em outro uso para sua poupança exceto
“aplicar” com terceiros;
b) agentes deficitários: consumidores cujos gastos com a compra de produtos para seu
uso excedem as suas receitas ou capacidade financeira; e investidores (empreendedores) cujos
recursos próprios são insuficientes para as inversões de capital em atividades produtivas que
desejam fazer;
c) agentes de intermediação financeira (bancos, financeiras, distribuidoras e corretoras
de valores, etc) que tornam possível a transferência da poupança dos agentes superavitários para
os agentes deficitários, através do empréstimo e de sua liquidação, mediante remuneração pelo
serviço, funcionando de forma semelhante a um mercado de mercadorias: o mercado financeiro.
É no mercado financeiro que se estabelece o preço do dinheiro, cuja unidade de medida
é a taxa de juros, e seus corretores, os agentes de intermediação financeira que, mediante uma

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taxa (spread ou del-credere), realizam a tarefa de aproximação entre os agentes deficitários, que
demandam recursos financeiros, e os agentes superavitários, que os ofertam.

1.6. Mercado financeiro brasileiro

O mercado financeiro brasileiro é o local onde interagem vários agentes financeiros:


superavitários, deficitários e intermediários, sendo os agentes superavitários os que possuem
recursos excedentes; os agentes intermediários, os que canalizam esses recursos para os agentes
deficitários. Essa interação é realizada com a regulação e fiscalização do governo através das
políticas econômicas e também por outros organismos. O mercado não possui um local físico,
mas é representado por transações que podem ocorrer via telefone, virtualmente, etc.

1.7. Inflação, correção monetária e indexadores

Inflação:

Chamamos de valor da moeda ou poder aquisitiva da moeda, aquele representado pela


quantidade de bens ou serviços que podem ser adquiridos com uma unidade monetária.
Dizemos que uma moeda é estável quando mantém, no decorrer do tempo, sempre o
mesmo poder aquisitivo.
A depreciação do valor da moeda ou a redução do seu poder aquisitivo é identificada
como inflação. Observamos, porém, que o aumento dos preços de alguns bens e serviços,
resultante, por exemplo, de uma escassez típica das entressafras, não é o bastante para
caracterizar um processo inflacionário. Este só fica caracterizado se todos os bens e serviços
acusam uma tendência de alta generalizada e contínua.
Assim, podemos caracterizar a inflação como uma contínua, persistente e
generalizada expansão dos valores monetários - preços de bens e serviços, salários,
financiamentos, empréstimos, aplicações, impostos, etc. Consequentemente, a inflação tem
como consequência direta a queda do chamado poder de compra do consumidor, pois se o
salário que o indivíduo recebe permanece o mesmo e os bens e serviços que ele consome sofrem
aumento de preço, naturalmente ele não poderá consumir a mesma quantidade de bens e
serviços, que estarão mais caros.
O processo inverso da inflação é chamado deflação.

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Quanto à intensidade do processo inflacionário, podemos distinguir uma gama muito
grande, limitada por uma inflação rastejante e uma inflação galopante ou hiperinflação.
A inflação rastejante é caracterizada por uma leve e quase imperceptível expansão geral
dos preços, como aquela que se verifica, atualmente, na maioria dos países desenvolvidos.
Já a inflação galopante ou hiperinflação é caracterizada por uma violenta e incontrolável
expansão do nível geral dos preços. Na Alemanha, entre 1914 e 1923, foi registrada a maior
inflação do mundo: os preços cresceram 1 trilhão de vezes.
Entre esses níveis extremos, há certos processos inflacionários que podemos dizer
praticamente crônicos, embora permaneçam sob controle e reprimidos. No Brasil, por exemplo,
desde a Segunda Guerra Mundial temos assistido a processos inflacionários de intensidade
variada, mas que jamais fugiram ao controle das autoridades financeira.

Correção monetária:

No ano de 1964, a correção monetária foi instituída no Brasil como método para
amenizar os efeitos da inflação. Paralelamente, foram criadas as Obrigações Reajustáveis do
Tesouro Nacional, com o intuito de restabelecer a confiança nos títulos da dívida pública.
O Governo, com a finalidade de uniformizar a correção monetária, passou a utilizar duas
unidades financeiras: as Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTNs) e a Unidade
Padrão de Capital (UPC).
Cada ORTN tinha seu valor corrigido mensalmente, de acordo com o índice de inflação
no período; e cada UPC, com correção trimestral, passaria a ter o valor da ORTN do mês inicial
do trimestre (janeiro, abril, julho, outubro).
A ORTN era, em geral, utilizada como unidade-padrão para os financiamentos
industriais, e a UPC, para os financiamentos habitacionais por meio do extinto Banco Nacional
de Habitação (BNH).

Indexadores:

Inflação elevada é sinal de instabilidade na economia, efeito minimizado pela correção


monetária onde os valores podem ser reajustados com indexadores, levando-se em conta a
inflação medida no período anterior.

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Indexadores econômicos são índices de reajuste. As suas funções básicas, dependendo
ao que se propõem, são corrigir a desvalorização da moeda e fixar volatilidade de preços para
medir a evolução efetiva da economia.

1.8. Os vários planos econômicos

O Plano Cruzado:

Pelo Decreto-lei no 2.283, de 28/02/86, consolidado pelo Decreto-lei no 2.284, de


10/03/86, a unidade do sistema monetário brasileiro passou a se chamar cruzado (Cz$); nessa
transformação, o cruzeiro correspondia a um milésimo do cruzado. As Obrigações Reajustáveis
do Tesouro Nacional foram substituídas por Obrigações do Tesouro Nacional (OTNs), sem
correção.
O Plano Cruzado Novo ou Plano Verão:

O Decreto-lei no 7.730, de 31/01/89, substituiu o cruzado pelo cruzado novo (NCz$); o


cruzado passou a corresponder a um milésimo do cruzado novo. As Obrigações do Tesouro
Nacional foram substituídas pelo Bônus do Tesouro Nacional (BTN).

O Plano Collor:

A Lei no 8.024, de 12/04/90, instituiu o cruzeiro (Cr$) como moeda nacional, sendo um
cruzeiro correspondente a um cruzado novo. O BTN foi mantido.

O Plano Real:

Em 1o de agosto de 1993, foi criada uma nova moeda, o cruzeiro real (CR$), para
substituir o cruzeiro. Um cruzeiro real correspondia a mil cruzeiros:

Essa moeda teve apenas 11 meses de vida (a vida mais curta de todas as moedas).
Em 28 de fevereiro de 1994, por meio de Medida Provisória, foi criada a URV (Unidade
Real de Valor). A MP foi reeditada duas vezes, sendo aprovada somente em março. Virou lei
sob o no 8.880, publicada no Diário Oficial da União de 28 de maio de 1994.

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Os valores diários da URV foram corrigidos tendo como base os índices: Índice Geral
de Preços de Mercado - IGP-M (Fundação Getúlio Vargas), Índice de Preços ao Consumidor -
IPC (da Fipe) e Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial - IPCA-E (de responsabilidade
do IBGE).
A partir de 1o de julho de l994, a URV deixou de existir com esta denominação,
passando a se chamar real (R$).

1.9. Políticas econômicas

As políticas econômicas se referem às ações e medidas do governo para regular e


controlar a atividade econômica, ou seja, princípios político-administrativos que refletem a
ideologia dominante e as metas a serem atingidas. De acordo com algumas medidas, temos a
seguinte divisão:
 Política Monetária: controla o volume de moeda em circulação e o montante de
crédito disponível entre outras medidas;
 Política Fiscal: decisões governamentais referentes à tributação, como o Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS);
 Política Cambial: ações reguladoras da taxa de câmbio e das condições de
entrada e saída de capitais externos no país;
 Política de Rendas: medidas que regulamentam o salário mínimo garantindo
renda mínima aos trabalhadores e aos aposentados, subsídios e incentivos
fiscais, para fortalecer o consumo e a produção de certos produtos (LEMES
JÚNIOR; RIGO; CHEROBIM, 2002.

1.10. Taxas de Juro

O Comitê de Política Monetária (COPOM) reúne-se mensalmente com o objetivo de


estabelecer as diretrizes da política monetária e divulgar o percentual da taxa Selic e seu viés.
A Selic é a taxa básica da economia, originada das taxas de juros efetivamente observadas no
mercado, sendo que o viés de alta, de baixa ou neutro é a tendência que a taxa de juros seguirá
até a próxima reunião do Copom. A divulgação da taxa, sem viés, significa que até a próxima
reunião, seu valor não poderá ser alterado pelo Banco Central.

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A Selic serve como referência para as negociações interbancárias, ou seja, para os
empréstimos de um dia entre os bancos, também incidindo sobre as quotas relativas ao
parcelamento do Imposto de Renda da Pessoa Física, que será analisado posteriormente.
Embora tenha esse nome, a taxa Selic não é resultante das operações realizadas pelo
Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC), que eletronicamente processa o registro,
a custódia e a liquidação das operações com títulos públicos.
As taxas de juros relativas às operações financeiras refletem, basicamente, as condições
instantâneas de liquidez - oferta X demanda de recursos - no mercado monetário; a taxa Selic,
acumulada para determinados períodos de tempo, correlaciona-se positivamente com a taxa de
inflação, sendo os juros praticados no Brasil, os mais altos do mundo.
Na Idade Média, emprestar dinheiro a juros era usura, pela lei da Cristandade. Esta
mesma potência, a Igreja, os próprios bispos “tomavam empréstimos, ou os faziam, a juros –
exatamente quando combatiam outros usuários! ” (HUBERMAN, 1985: p. 48).

1.11. Operações realizadas no mercado

Entre as operações realizadas no mercado financeiro brasileiro, existe uma variedade de


investimentos que garantem ao investidor certo rendimento: de Renda Fixa, determinada no
momento da aplicação ou no final da mesma e de Renda Variável. Como exemplos de títulos
de renda fixa destacam-se os fundos de investimento, a poupança, o CDB e os títulos públicos;
de renda variável, as ações e o ouro. Também existem as operações de empréstimos e
financiamentos, feitas com recursos captados pelos bancos ou repassados por órgãos
governamentais ou bancos estrangeiros. Pontuam-se a aquisição da casa própria e o
financiamento estudantil.
Antigamente não era possível financiar a casa própria, sendo essa aquisição privilégio
de poucos. Assim, em 1964 surgiram alguns mecanismos para que esse sonho se realizasse: o
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e a Caderneta de Poupança. As empresas
passariam a depositar o FGTS na conta dos empregados, para ser resgatado e utilizado no
momento de seu desligamento das mesmas. A Caderneta de Poupança visaria à captação de
recursos das poupanças populares, através de um conjunto de empresas - entidades financeiras
públicas e privadas - que, em suas atividades, se dedicariam a esse segmento, para financiar a
casa própria.

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Atualmente, a caderneta de poupança é a aplicação mais popular que existe no Brasil,
porque costuma ter um limite mínimo menor para depósito. Seu rendimento é muito pequeno,
corrigido pela TR mais uma taxa de juros determinada, pago se o dinheiro ficar parado nessa
conta entre duas datas mensais iguais e consecutivas, chamada aniversário. Sua rentabilidade é
do tipo pós-fixada, sendo informada diariamente pelo Banco Central do Brasil (BACEN), que
é a maior autoridade monetária do país. Quanto maior a rentabilidade das aplicações, maior o
risco. No caso da poupança, ela é a mais segura.
O financiamento destinado à aquisição de alguns bens duráveis (veículos,
eletrodomésticos, eletroeletrônicos, equipamentos profissionais, vestuário, material para
construção) e serviços (viagens, assistência técnica, manutenção, etc.) é obtido em bancos,
financeiras e lojas, que vendem produtos financiáveis pelo Crédito Direto ao Consumidor.
Com a proliferação das relações de consumo, surgiram novas entidades de proteção ao
consumidor. Essas entidades há mais de uma década contam com um instrumento poderoso, o
Código de Defesa do Consumidor, com o objetivo de defender o consumidor brasileiro,
definido no artigo II, como “toda a pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final”.
Registros históricos revelam que, na Babilônia, durante o século XVIII a.C., já existiam
regras protegendo questões familiares, patrimoniais, de preços, obrigações profissionais e que,
a legislação brasileira, desde 1840, vem contemplando o consumidor. O código atual estabelece
normas de interesse social e de ordem pública ao determinar como direitos básicos dos
consumidores “a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas
no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos”. Entre as
determinações do código encontra-se a obrigação dos estabelecimentos de informar com
exatidão os juros cobrados do cliente; o veto à prática abusiva do fornecedor que se aproveita
da fraqueza do consumidor, pela idade, debilidade de saúde, condição social ou falta de
conhecimento, na tentativa de obrigá-lo a aceitar seus produtos ou serviços; a constituição de
crime com pena de detenção de três meses a um ano e multa, pela exposição do consumidor,
injustificadamente, a procedimentos ameaçadores, constrangimento, afirmações enganosas
entre outros, ao cobrar dívidas, interferindo no seu trabalho, lazer ou horário de descanso.
Outra forma de financiamento pode ser obtida através do Programa de Financiamento
Estudantil (FIES), que foi criado em 1999, pelo Governo Brasileiro ao substituir o Programa
de Crédito Educativo, com o objetivo de financiar a graduação no Ensino Superior, de
estudantes em situação econômica menos privilegiada. Atualmente o FIES reduziu sua

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abrangência em função do Programa Universidade para Todos (ProUni), que concede bolsas de
estudo integrais ou parciais para cursos de graduação e sequenciais de formação específica, em
instituições privadas de ensino superior. As instituições ganham isenção fiscal em troca de
bolsas.

1.12. Produto Interno Bruto (PIB)

O Produto Interno Bruto (PIB) é o principal indicador de crescimento econômico de um


país. Também pode ser utilizado para medir o crescimento de uma unidade da federação, ou
ainda uma região pré-determinada, por exemplo. O PIB é calculado a partir da soma do valor
de todos os serviços e bens produzidos pelo país em um intervalo de tempo, geralmente utiliza-
se o intervalo de 1 (um) ano. No seu cálculo são considerados os seguintes elementos: a
produção na indústria, na agropecuária, no setor de serviços, o consumo das famílias, o gasto
do governo, o investimento das empresas e a balança comercial.
O PIB representa a soma de todas as riquezas produzidas, e um crescimento zero no ano
significa que elas se mantiveram no mesmo nível do período anterior. Entre os principais pontos
que fazem uma economia crescer estão seu poder de produzir e vender, que precisa manter-se
em expansão; a renda e o consumo da população; e a capacidade de gerar ou atrair recursos.
Em outras palavras, o PIB nada mais é que o somatório de todas as riquezas produzidas
em um período determinado. No caso do Brasil, a medição do PIB compete ao Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (o famoso IBGE), entidade da administração pública
federal, vinculada ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG).

1.13. Carga tributária

Carga tributária nada mais é do que o quociente da divisão entre a arrecadação de


tributos e o PIB, ou seja, quanto da riqueza produzida pela sociedade será revertida em favor
do Estado na forma de tributos.

𝐴𝑟𝑟𝑒𝑐𝑎𝑑𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑡𝑜𝑠
Carga Tributária =
𝑃𝐼𝐵

Sobre as operações incidem contribuições ou tributos federais e estaduais, como o


Imposto de Renda (IR), conforme instruções fornecidas pela Receita Federal do Ministério da
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Fazenda, com altas alíquotas de contribuição, de acordo com o rendimento anual proveniente
do trabalho, 13o salário e outros. O IR permite que vários itens sejam deduzidos; entre as
exceções, destacam-se os cursos de línguas e os preparatórios para vestibular, estes, às vezes,
necessários ao aluno oriundo da escola pública que pretende ingressar no ensino superior
público – tão concorrido.
Para o pagamento do IR parcelado incide a taxa Selic; a poupança não paga Imposto de
Renda.
O Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) é cobrado sobre os rendimentos das
aplicações de curto prazo. Quanto mais tempo o investidor deixar o dinheiro aplicado, menos
IOF irá pagar.
As taxas se elevam quando há pouca liquidez no sistema, ou seja, diminuição dos
recursos disponíveis para serem emprestados. Portanto é mais interessante realizar aplicações
financeiras do que obter empréstimos, quando as taxas de juros estão elevadas. Os governos
lançam mão do aumento de tributos, quando querem aumentar a arrecadação, sendo que as
piores mordidas no bolso do consumidor são as do famoso leão (IR) e o percentual de tributos
sobre o preço final de todos os bens e serviço.

1.14. Câmbio

Taxa de câmbio:

Quando importamos algo dos Estados Unidos, da Alemanha ou da Inglaterra, efetuamos


o pagamento em dólares, marcos ou libras, respectivamente.
Esse procedimento dá origem ao câmbio, que é a operação de troca de moedas de
diferentes países. Para ser possível a realização dessa troca, é necessário estabelecermos uma
relação de equivalência entre as várias moedas. Essa relação de equivalência, que em última
análise é o preço da moeda estrangeira em termos de moeda nacional, é o que denominamos
taxa de câmbio. Assim, se um dólar custa hoje R$ 2,05, por exemplo, a taxa de câmbio do dólar
seria de R$ 2,05, ou seja:
US$ 1,00 = R$ 2,05
As taxas de câmbio são agrupadas em tabelas de cotações, que contém dois valores para
a moeda estrangeira: um de compra, que é o preço que o agente cambial pagará na compra da

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moeda; e outro de venda, que é o preço que o agente cambial cobrará na venda da moeda. A
diferença entre esses valores é o lucro do agente cambial.

Conversão de moedas:

Uma vez fixada à taxa de câmbio, o problema de conversão se reduz a um problema de


regra de três simples e direta.
Nota: Vendemos pelo preço de compra e compramos pelo preço de venda da tabela de
cotações.
Exemplo 1:
Tenho US$ 250 para dispor. Quantos reais irei apurar, recorrendo ao câmbio de R$
2,10133?
Sabendo que o valor de compra do dólar americano é de R$ 2,10133, recorrendo à regra
de três simples e direta, temos que:

2,10133 x 250 = 525,3325

Logo, poderei apurar R$ 525,33.

Exemplo 2:
Quantos dólares americanos poderei adquirir com R$ 50.000,00, recorrendo ao câmbio
de R$ 2,09549?
Sabendo que o valor de venda do dólar americano é de R$ 2,09549, recorrendo à regra
de três simples e direta, temos que:

50.000
 23860
. ,76765
2,09549

Logo, poderei adquirir 23.860,77 US$.

Exemplo 3:
Com 2.000 US$ um turista comprou R$ 4.107,60. Qual foi a taxa de câmbio?
Recorrendo a regra de três simples e direta, temos que:
14
4.108,7
 2,05435
2.000

Logo, a taxa de câmbio foi de R$ 2,05435.

Operação cambial:

A transferência de dinheiro sem a necessidade de efetivamente transportarmos moedas


que se fazem por intermédio de bancos do mesmo país e de países distintos é chamada de
operação cambial.
Quando o câmbio se faz entre bancos do mesmo país, é chamado interior; quando se
realiza entre bancos de países distintos, exterior.
No câmbio exterior, podemos ter o câmbio direto e o indireto.
Assim, supondo que um importador brasileiro deva pagar uma dívida a um exportador
francês, ele pode proceder de duas maneiras distintas:
 fazendo uma remessa de francos para um banco francês (letra de câmbio), por
intermédio de um banco brasileiro, no valor da dívida;
 fazendo, previamente, uma remessa no valor da dívida a um banco italiano, por
exemplo, quando então fará uma letra de câmbio em liras para que o banco
italiano, por sua vez, remeta à França a soma em francos.
No primeiro caso, intervêm apenas dois bancos e o câmbio é direto; no segundo, há um
banco intermediário e o câmbio é indireto. Devemos escolher o câmbio que mais nos convenha
para o pagamento. O procedimento empregado para determinar qual é o câmbio mais
conveniente é denominado arbitragem.
Nota: É costume dizer que o importador (ou devedor) efetua uma remessa e o exportador
(ou credor), um saque.
Exemplo 1:
Um industrial brasileiro acaba de receber um aviso de um banco alemão do direito de
saque no valor de 10.000 euros e um segundo aviso da necessidade de uma remessa de dólares
para uma firma americana. O industrial vai ao banco, realiza uma operação de câmbio e cobre
o saque do exportador americano, utilizando seus euros. Qual o valor de seu débito, em dólares,
para com o exportador americano, sabendo que o saque feito pela firma americana é igual ao
depósito feito pelo banco alemão?
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Dados: EURO 1,00 = R$ 2,54657 para compra e R$ 2,63764 para venda;
US$ 1,00 = 2,04832 para compra e R$ 2,09531 para venda.

Sabendo que o valor de compra do euro é R$ 2,54657, recorrendo a regra de três simples
e direta, temos que:

10.000 x 2,54657 = 25.465,70

Daí: R$ 25.465,70.

Como o valor de venda do dólar americano é de R$ 2,09531, temos:

25.465,70
 12.153,667
2,09531

Logo, o débito é de US$ 12.153,67.

1.15. Ágio e deságio

Ágio:

O ágio define-se como o valor adicional cobrado em operações financeiras, sendo


utilizado para diversos tipos de transações comerciais. Quando o governo vai privatizar uma
empresa estatal, por exemplo, é fixado um valor mínimo para aquisição da empresa. Para ganhar
a licitação, os empresários oferecerão quantias maiores que esse mínimo. Nesse caso, a
diferença entre o valor mínimo e o quanto foi pago é chamada de ágio.
Pensando em um exemplo mais próximo da vida de cada um, podemos dizer que os
juros cobrados pelo financiamento de um carro é uma espécie de ágio. Imaginemos que o valor
do automóvel à vista seja 15 mil reais, mas com o financiamento ele saia por 17 mil. Nesse
exemplo, a diferença de 2 mil reais é considerada como o ágio da operação. Ou quando você
irá comprar dólar e a taxa de compra é sempre mais barato que a taxa de venda: suponhamos
que o dólar oficial seja R$3,50, mas que seja comprado pela instituição por R$3,45 e vendido

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a R$3,55. Estes R$0,05 centavos para mais ou para menos em favor do banco também podem
ser considerado ágio.

Deságio:

O deságio é justamente o oposto: quando um título é adquirido por um valor menor que
o preço nominal. O deságio, portanto, é a diferença entre a quantia paga e o preço nominal,
quando o valor é menor no momento de aquisição. Nesses casos, a rentabilidade do título será
maior que as estabelecidas originalmente. Muitas das vezes, quando se trata de investimentos,
procuramos adquirir ativos que tenham algum deságio na operação.
Por exemplo, se uma ação tem seu valor patrimonial por ação de R$20,00 e no mercado
ela está custando R$18,00, existe um deságio de R$2,00 entre o seu valor patrimonial e o valor
pago pela ação, levando a uma vantagem por parte do investidor.
O termo também pode ser utilizado para designar uma desvalorização da moeda ou título
etc.

1.16. Conceito de Matemática Financeira

A Matemática Financeira é uma ciência que não se preocupa apenas com o cálculo dos
juros simples e compostos. Esta é a função de um dos capítulos iniciais da matemática
comercial.
A Matemática Financeira é o elo entre os métodos matemáticos e os fenômenos
financeiro-econômicos. É uma ciência que se preocupa com a construção de modelos gerais,
representação de variáveis monetárias na linha do tempo. Matemática Financeira é a disciplina
que estuda o entendimento dos modelos de aplicação, avaliação de investimentos e captação de
recursos.

Basicamente temos duas situações:


 Projeção do valor monetário a partir de uma data atual (presente) para uma data
futura → operação de juros;
 Projeção do valor monetário a partir de uma data futura para uma data atual → operação
de desconto.

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I. O crédito e o juro

O crédito deve ser sempre associado ao tempo, uma vez que não existe empréstimo se
não for relacionado com um espaço de tempo, ao final do qual o tomador deve restituir ao credor
a quantia emprestada. Mas também deve haver um pagamento pelo preço do empréstimo, o
juro, já que existem formas de relacionamento jurídico como o comodato, em que existe o
empréstimo durante um certo tempo, mas não há a remuneração do mesmo.
Assim, o crédito é uma relação econômica associada ao tempo e ao juro.
O juro é, portanto, a remuneração do empréstimo do capital durante um certo tempo.

II. O capital e o juro

Chamamos de capital a qualquer valor monetário que uma pessoa (física ou jurídica)
empresta para outra durante certo tempo. Tendo em vista que o emprestador se abstém de usar
o valor emprestado, e ainda, em função da perda do poder aquisitivo do dinheiro pela inflação
e do risco de não pagamento, surge o conceito de juro, que pode ser definido como o custo do
empréstimo (para o tomador) ou a remuneração pelo uso do capital (para o emprestador).

III. Objetivos práticos da Matemática Financeira

A matemática financeira tem por objetivos práticos o estudo da determinação do valor


da remuneração dos empréstimos (cálculo dos juros) e de sua rentabilidade (cálculo da taxa de
juros). O primeiro cálculo é fundamental na caracterização dos contratos, enquanto o segundo
diz respeito à tomada de decisão, processo fundamental para a orientação dos agentes
econômicos nos rumos dos negócios financeiro.
O estudo da matemática financeira está relacionado a dois fatores:
a) o valor do dinheiro ao longo do tempo;
b) e a existência dos juros.

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IV. O valor do dinheiro no tempo

Do ponto de vista da Matemática Financeira, R$1.000,00 hoje não são iguais a


R$1.000,00 em qualquer outra data, pois o dinheiro cresce no tempo ao longo dos períodos,
devido à taxa de juros.
Receber uma quantia hoje ou no futuro não é evidentemente a mesma coisa. Postergar
uma entrada de capital por certo tempo envolve sacrifício, o qual deve ser pago mediante uma
recompensa, definida pelos juros.
Alguém dispõe de certo capital, empresta-o por certo período de tempo. Após esse
período, recebe o seu capital acrescido de uma remuneração pelo empréstimo. A essa
remuneração denominamos juro.
Existem diversas razões que justificam o pagamento dos juros na operação de
empréstimo. Segundo Assaf, ao se dispor a emprestar, o possuidor de dinheiro, para avaliar a
taxa de remuneração para os seus recursos, deve atentar para os seguintes fatores:
 risco: probabilidade de o tomador do empréstimo não resgatar a dívida, sendo a
incerteza como futuro;
 perda do poder de compra do capital motivado pela inflação: a inflação é
um fenômeno que corrói o capital, é a desvalorização do poder aquisitivo da
moeda previsto para o prazo do empréstimo, diminuindo o poder de compra de
um bem pelo mesmo capital;
 ganho (ou lucro): fixado em função das demais oportunidades de
investimentos; justifica-se pela privação da utilidade do capital pelo seu dono;
 despesas (nos dias atuais): todas as despesas operacionais, contratuais e
tributárias para a formalização do empréstimo e à efetivação da cobrança.
Portanto, a receita de juros deve ser suficiente para cobrir o risco, as despesas e a perda
do poder aquisitivo do capital emprestado, além de proporcionar certo lucro ao seu aplicador.

V. Mandamentos fundamentais da Matemática Financeira

a) Valores de uma mesma data: são grandezas que podem ser comparadas e somadas
algebricamente;

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b) Valores de datas diferentes: são grandezas que só podem ser comparadas e somadas
algebricamente após serem movimentadas para uma mesma data, com a correta aplicação de
uma taxa de juros.

Capítulo 2
Método de Demonstração dos Cálculos Financeiros

Tendo em vista a necessidade de clareza na demonstração do processo matemático com


que os resultados são obtidos tanto com o objetivo de entende-los como com a intenção de aferir
sua correção, tem-se recomendado uma forma de apresentação da resolução dos problemas da
matemática financeira. O método baseia-se na separação da resolução de cada problema em três
divisões.
Dados:
Esta primeira etapa preocupa-se em decodificar as mensagens contidas no enunciado do
problema, traduzindo os termos da linguagem coloquial dos negócios para a simbologia da
matemática financeira.
Solução:
Constitui o núcleo central do cálculo matemático e apresenta as seguintes etapas:
Fórmulas a serem utilizadas: dentre as diversas fórmulas existentes, quais serão
utilizadas e em que ordem lógica.
Substituição dos dados nas fórmulas: a substituição dos dados nas fórmulas deve ser
apresentada de modo a garantir a qualquer leitor clareza e correção no uso dos valores nas
fórmulas escolhidas.
Resposta final:
A resposta final constitui-se em uma repetição do resultado obtido na etapa anterior,
arredondado de acordo com a precisão e forma de apresentação solicitada ou convencionada,
com a identificação da unidade.

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