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MATEMÁTICA FINANCEIRA I
SUMÁRIO
Capítulo 1
Introdução à Matemática Financeira
1.1. Origem da moeda
1.2. Conceito de moeda e sistema monetário
1.3. O surgimento do crédito e do sistema financeiro
1.4. Ato econômico, agente econômico e operação financeira
1.5. As instituições de intermediação financeira
1.6. Mercado financeiro brasileiro
1.7. Inflação, correção monetária e indexadores
1.8. Os vários planos econômicos
1.9. Políticas econômicas
1.10. Taxas de Juro
1.11. Operações realizadas no mercado
1.12. Produto Interno Bruto (PIB)
1.13. Carga tributária
1.14. Câmbio
1.15. Ágio e deságio
1.16. Conceito de Matemática Financeira
Capítulo 2
Método de Demonstração dos Cálculos Financeiros
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Capítulo 1
Introdução à Matemática Financeira
Quando o homem se fixou à terra, passou a permutar o excedente que produzia, fazendo
com que surgisse a primeira manifestação de comércio: o escambo, consistindo na troca direta
de mercadorias, sem equivalência de valor. Nessa troca, algumas mercadorias passaram a ser
mais procuradas que outras, assumindo a função de moeda-mercadoria (sal, gado, pau-brasil,
açúcar, cacau, tabaco e pano). O sal deu origem à palavra salário, assim como a palavra gado,
em latim pecus, ao termo pecúlio.
A permuta de algumas mercadorias nem sempre era vantajosa devido à distância, ao
estado perecível, às condições precárias das estradas, à ação de salteadores, lembrando que
naquela época a cobrança de pedágio já existia.
Com o descobrimento do metal, o homem passou a utilizá-lo na confecção de utensílios,
tornando seu uso vantajoso e eleito como o principal padrão de valor monetário. As primeiras
moedas apresentaram alguns formatos como chave e faca.
Posteriormente, passaram a ser cunhadas a martelo, em metais como ouro, prata e cobre,
ressaltando atributos de beleza e expressão cultural da época em que surgiram.
Pela necessidade de guardar as moedas com segurança, os negociantes, que já possuíam
cofres e guardas, aceitaram cuidar do dinheiro de seus clientes, fornecendo recibos escritos
pelas quantias guardadas. Esses recibos deram origem à moeda-papel, e a guarda de valores fez
surgirem as instituições bancárias. Os primeiros bancos oficiais foram criados na Inglaterra,
sendo a palavra "banco" originária da peça de madeira que os comerciantes de valores italianos
e londrinos usavam para operar seus negócios no mercado público.
No Brasil, as primeiras cédulas surgiram em 1810 e com o tempo, o governo passou a
gerenciar a emissão dessas cédulas e também das moedas, para evitar falsificações. Atualmente,
em quase todos os países, essa atividade de gerenciamento é realizada pelos bancos centrais.
As diferentes moedas surgiram da necessidade do homem em adequar o instrumento
monetário à realidade econômica. O uso de cheques, pelo qual se determina o pagamento de
certa quantia ao seu portador ou à pessoa nele citada, é uma necessidade atual.
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1.2. Conceito de moeda e sistema monetário
Conceito de moeda:
Sistema monetário:
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1.4. Ato econômico, agente econômico e operação financeira
Ato econômico:
É qualquer ato praticado por pessoas (físicas ou jurídicas) que tenha consequências
financeiras.
Agente econômico:
Operação financeira:
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1.5. As instituições de intermediação financeira
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taxa (spread ou del-credere), realizam a tarefa de aproximação entre os agentes deficitários, que
demandam recursos financeiros, e os agentes superavitários, que os ofertam.
Inflação:
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Quanto à intensidade do processo inflacionário, podemos distinguir uma gama muito
grande, limitada por uma inflação rastejante e uma inflação galopante ou hiperinflação.
A inflação rastejante é caracterizada por uma leve e quase imperceptível expansão geral
dos preços, como aquela que se verifica, atualmente, na maioria dos países desenvolvidos.
Já a inflação galopante ou hiperinflação é caracterizada por uma violenta e incontrolável
expansão do nível geral dos preços. Na Alemanha, entre 1914 e 1923, foi registrada a maior
inflação do mundo: os preços cresceram 1 trilhão de vezes.
Entre esses níveis extremos, há certos processos inflacionários que podemos dizer
praticamente crônicos, embora permaneçam sob controle e reprimidos. No Brasil, por exemplo,
desde a Segunda Guerra Mundial temos assistido a processos inflacionários de intensidade
variada, mas que jamais fugiram ao controle das autoridades financeira.
Correção monetária:
No ano de 1964, a correção monetária foi instituída no Brasil como método para
amenizar os efeitos da inflação. Paralelamente, foram criadas as Obrigações Reajustáveis do
Tesouro Nacional, com o intuito de restabelecer a confiança nos títulos da dívida pública.
O Governo, com a finalidade de uniformizar a correção monetária, passou a utilizar duas
unidades financeiras: as Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTNs) e a Unidade
Padrão de Capital (UPC).
Cada ORTN tinha seu valor corrigido mensalmente, de acordo com o índice de inflação
no período; e cada UPC, com correção trimestral, passaria a ter o valor da ORTN do mês inicial
do trimestre (janeiro, abril, julho, outubro).
A ORTN era, em geral, utilizada como unidade-padrão para os financiamentos
industriais, e a UPC, para os financiamentos habitacionais por meio do extinto Banco Nacional
de Habitação (BNH).
Indexadores:
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Indexadores econômicos são índices de reajuste. As suas funções básicas, dependendo
ao que se propõem, são corrigir a desvalorização da moeda e fixar volatilidade de preços para
medir a evolução efetiva da economia.
O Plano Cruzado:
O Plano Collor:
A Lei no 8.024, de 12/04/90, instituiu o cruzeiro (Cr$) como moeda nacional, sendo um
cruzeiro correspondente a um cruzado novo. O BTN foi mantido.
O Plano Real:
Em 1o de agosto de 1993, foi criada uma nova moeda, o cruzeiro real (CR$), para
substituir o cruzeiro. Um cruzeiro real correspondia a mil cruzeiros:
Essa moeda teve apenas 11 meses de vida (a vida mais curta de todas as moedas).
Em 28 de fevereiro de 1994, por meio de Medida Provisória, foi criada a URV (Unidade
Real de Valor). A MP foi reeditada duas vezes, sendo aprovada somente em março. Virou lei
sob o no 8.880, publicada no Diário Oficial da União de 28 de maio de 1994.
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Os valores diários da URV foram corrigidos tendo como base os índices: Índice Geral
de Preços de Mercado - IGP-M (Fundação Getúlio Vargas), Índice de Preços ao Consumidor -
IPC (da Fipe) e Índice de Preços ao Consumidor Amplo Especial - IPCA-E (de responsabilidade
do IBGE).
A partir de 1o de julho de l994, a URV deixou de existir com esta denominação,
passando a se chamar real (R$).
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A Selic serve como referência para as negociações interbancárias, ou seja, para os
empréstimos de um dia entre os bancos, também incidindo sobre as quotas relativas ao
parcelamento do Imposto de Renda da Pessoa Física, que será analisado posteriormente.
Embora tenha esse nome, a taxa Selic não é resultante das operações realizadas pelo
Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC), que eletronicamente processa o registro,
a custódia e a liquidação das operações com títulos públicos.
As taxas de juros relativas às operações financeiras refletem, basicamente, as condições
instantâneas de liquidez - oferta X demanda de recursos - no mercado monetário; a taxa Selic,
acumulada para determinados períodos de tempo, correlaciona-se positivamente com a taxa de
inflação, sendo os juros praticados no Brasil, os mais altos do mundo.
Na Idade Média, emprestar dinheiro a juros era usura, pela lei da Cristandade. Esta
mesma potência, a Igreja, os próprios bispos “tomavam empréstimos, ou os faziam, a juros –
exatamente quando combatiam outros usuários! ” (HUBERMAN, 1985: p. 48).
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Atualmente, a caderneta de poupança é a aplicação mais popular que existe no Brasil,
porque costuma ter um limite mínimo menor para depósito. Seu rendimento é muito pequeno,
corrigido pela TR mais uma taxa de juros determinada, pago se o dinheiro ficar parado nessa
conta entre duas datas mensais iguais e consecutivas, chamada aniversário. Sua rentabilidade é
do tipo pós-fixada, sendo informada diariamente pelo Banco Central do Brasil (BACEN), que
é a maior autoridade monetária do país. Quanto maior a rentabilidade das aplicações, maior o
risco. No caso da poupança, ela é a mais segura.
O financiamento destinado à aquisição de alguns bens duráveis (veículos,
eletrodomésticos, eletroeletrônicos, equipamentos profissionais, vestuário, material para
construção) e serviços (viagens, assistência técnica, manutenção, etc.) é obtido em bancos,
financeiras e lojas, que vendem produtos financiáveis pelo Crédito Direto ao Consumidor.
Com a proliferação das relações de consumo, surgiram novas entidades de proteção ao
consumidor. Essas entidades há mais de uma década contam com um instrumento poderoso, o
Código de Defesa do Consumidor, com o objetivo de defender o consumidor brasileiro,
definido no artigo II, como “toda a pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final”.
Registros históricos revelam que, na Babilônia, durante o século XVIII a.C., já existiam
regras protegendo questões familiares, patrimoniais, de preços, obrigações profissionais e que,
a legislação brasileira, desde 1840, vem contemplando o consumidor. O código atual estabelece
normas de interesse social e de ordem pública ao determinar como direitos básicos dos
consumidores “a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas
no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos”. Entre as
determinações do código encontra-se a obrigação dos estabelecimentos de informar com
exatidão os juros cobrados do cliente; o veto à prática abusiva do fornecedor que se aproveita
da fraqueza do consumidor, pela idade, debilidade de saúde, condição social ou falta de
conhecimento, na tentativa de obrigá-lo a aceitar seus produtos ou serviços; a constituição de
crime com pena de detenção de três meses a um ano e multa, pela exposição do consumidor,
injustificadamente, a procedimentos ameaçadores, constrangimento, afirmações enganosas
entre outros, ao cobrar dívidas, interferindo no seu trabalho, lazer ou horário de descanso.
Outra forma de financiamento pode ser obtida através do Programa de Financiamento
Estudantil (FIES), que foi criado em 1999, pelo Governo Brasileiro ao substituir o Programa
de Crédito Educativo, com o objetivo de financiar a graduação no Ensino Superior, de
estudantes em situação econômica menos privilegiada. Atualmente o FIES reduziu sua
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abrangência em função do Programa Universidade para Todos (ProUni), que concede bolsas de
estudo integrais ou parciais para cursos de graduação e sequenciais de formação específica, em
instituições privadas de ensino superior. As instituições ganham isenção fiscal em troca de
bolsas.
𝐴𝑟𝑟𝑒𝑐𝑎𝑑𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑡𝑜𝑠
Carga Tributária =
𝑃𝐼𝐵
1.14. Câmbio
Taxa de câmbio:
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moeda; e outro de venda, que é o preço que o agente cambial cobrará na venda da moeda. A
diferença entre esses valores é o lucro do agente cambial.
Conversão de moedas:
Exemplo 2:
Quantos dólares americanos poderei adquirir com R$ 50.000,00, recorrendo ao câmbio
de R$ 2,09549?
Sabendo que o valor de venda do dólar americano é de R$ 2,09549, recorrendo à regra
de três simples e direta, temos que:
50.000
23860
. ,76765
2,09549
Exemplo 3:
Com 2.000 US$ um turista comprou R$ 4.107,60. Qual foi a taxa de câmbio?
Recorrendo a regra de três simples e direta, temos que:
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4.108,7
2,05435
2.000
Operação cambial:
Sabendo que o valor de compra do euro é R$ 2,54657, recorrendo a regra de três simples
e direta, temos que:
Daí: R$ 25.465,70.
25.465,70
12.153,667
2,09531
Ágio:
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a R$3,55. Estes R$0,05 centavos para mais ou para menos em favor do banco também podem
ser considerado ágio.
Deságio:
O deságio é justamente o oposto: quando um título é adquirido por um valor menor que
o preço nominal. O deságio, portanto, é a diferença entre a quantia paga e o preço nominal,
quando o valor é menor no momento de aquisição. Nesses casos, a rentabilidade do título será
maior que as estabelecidas originalmente. Muitas das vezes, quando se trata de investimentos,
procuramos adquirir ativos que tenham algum deságio na operação.
Por exemplo, se uma ação tem seu valor patrimonial por ação de R$20,00 e no mercado
ela está custando R$18,00, existe um deságio de R$2,00 entre o seu valor patrimonial e o valor
pago pela ação, levando a uma vantagem por parte do investidor.
O termo também pode ser utilizado para designar uma desvalorização da moeda ou título
etc.
A Matemática Financeira é uma ciência que não se preocupa apenas com o cálculo dos
juros simples e compostos. Esta é a função de um dos capítulos iniciais da matemática
comercial.
A Matemática Financeira é o elo entre os métodos matemáticos e os fenômenos
financeiro-econômicos. É uma ciência que se preocupa com a construção de modelos gerais,
representação de variáveis monetárias na linha do tempo. Matemática Financeira é a disciplina
que estuda o entendimento dos modelos de aplicação, avaliação de investimentos e captação de
recursos.
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I. O crédito e o juro
O crédito deve ser sempre associado ao tempo, uma vez que não existe empréstimo se
não for relacionado com um espaço de tempo, ao final do qual o tomador deve restituir ao credor
a quantia emprestada. Mas também deve haver um pagamento pelo preço do empréstimo, o
juro, já que existem formas de relacionamento jurídico como o comodato, em que existe o
empréstimo durante um certo tempo, mas não há a remuneração do mesmo.
Assim, o crédito é uma relação econômica associada ao tempo e ao juro.
O juro é, portanto, a remuneração do empréstimo do capital durante um certo tempo.
Chamamos de capital a qualquer valor monetário que uma pessoa (física ou jurídica)
empresta para outra durante certo tempo. Tendo em vista que o emprestador se abstém de usar
o valor emprestado, e ainda, em função da perda do poder aquisitivo do dinheiro pela inflação
e do risco de não pagamento, surge o conceito de juro, que pode ser definido como o custo do
empréstimo (para o tomador) ou a remuneração pelo uso do capital (para o emprestador).
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IV. O valor do dinheiro no tempo
a) Valores de uma mesma data: são grandezas que podem ser comparadas e somadas
algebricamente;
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b) Valores de datas diferentes: são grandezas que só podem ser comparadas e somadas
algebricamente após serem movimentadas para uma mesma data, com a correta aplicação de
uma taxa de juros.
Capítulo 2
Método de Demonstração dos Cálculos Financeiros
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