no Dicionário Yorubá – Português de Eduardo Fonseca Junior, página 123, com as seguintes transcrições: Vida; Respiração; Espírito.
Os três substantivos acima transcritos,
resultado da tradução do vocábulo èmí, remota do Século XIX, período em que os etnólogos britânicos chegavam a África Ocidental com a árdua tarefa de grafar e estudar a antiga língua oral dos Iorubás. A priori os nobres pesquisadores da época, não se deram conta do simples fato de levar os relatos calcados na oralidade ao me io escrito, onde uma transcrição assemelha- se mais a uma tradução. Os antigos sacerdotes e os mais altos escalões da etnia iorubá, interessados em grafar seu idioma papel, não se fizeram por entender ou os pesquisadores não deram a devida atenção as interpretações dos sábios anciões, dos quais muitos trataram com desdem, mitos e pensamentos de um povo considerado primitivo aos olhos do Velho Mundo.
Entretanto na Concepção Filosófica dos
Iorubá, èmí não é simplesmente o estado fisiológico de absorção do oxigênio e exalação do gás carbônico, no duplo fenômeno da inspiração e da expiração, mas no sentido interpretativo da palavra, tem a conotação de ÀseNlánlà – a Força Divina Vital, contida no interior de cada Ser. O Mito da Gênese Iorubá, exalta O Ser Supremo – Olódùmarè, toda a responsabilidade pela criação. Em um de seus atributos Ele é denominado de Elémí – O Senhor do èmí – Hálito Divino ou o Sopro Sagrado, do qual é insuflado no exato momento do nascimento, em que cada ser absorve uma porção do Divino, dando-lhe dessa forma, vida e existência própria. Assim, o èmísendo considerado uma força vital, obviamente esta estritamente ligado ao complexo mecanismo da vida. Nesse aspecto reverenciamos o Criador com o atributo de Aláyè – OSenhor da Vida.
Em uma colocação muito particular,
entendo que o Sopro Divino do qual me refiro, contido no interior do corpo de cada individuo, é o espirito provido de vida orgânica material, denominado de ara ènia, do qual não teria existência própria e se extingue com a vida. Oespirito é o principio da vida o fluido vital, cujo o conceito e entendimento é por demais complexo, de certa forma, por falta de uma acepção bem determinada sobre a conotação da palavra.
A noção básica que possuo sobre Etnologia
e Etnolingüística, não me dão fundamentação de uma analise critica acerca da Língua Iorubá. Ademas, arcaica ou não, trata-se do idioma de minha religião. Mas penso que a perfeição de uma língua, baseia-se no fato de cada idéia ser representado por um termo próprio, com um vocábulo para cada coisa. Considerando apenas o lado lingüístico da questão, poderíamos concluir que essas três aplicações distintas, que certamente reclamariam cada uma um termo distinto, pois assim o exige a clareza de linguagem, para evitarmos a confusão inerente aos múltiplos sentidos dos próprios vocábulos.
Curiosamente, os missionários que
introduziram o Cristianismo em território Iorubá, ao traduzirem a Bíblia para o idioma local, adaptaram o vocábulo Èmí Mimo para o significado de Espirito Santo. De um modo geral a interpretação, difere da tradução, funciona apenas como base para definições técnicas de “figura da fala” e suas “analogias”.