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Nutrição I
Alimento Funcional e
Fitoterapia Aplicada ao
Esporte
DSc. Renato Moreira Nunes
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i
Dedicatória
ii
Agradecimentos:
iii
Prof. DSc.
Renato Moreira Nunes
4
Aviso Importante
5
SUMÁRIO Página
Dedicatória ii
Agradecimentos iii
Aviso Importante 5
Sumário 6
1- Definição: Esporte X Atividade Física X Alimentação 8
1.1. Modalidade Esportiva 9
1.2. Gasto Energético 10
1.3. Recomendações para Atletas 14
2 - Produção de Energia e Oxidação de Nutrientes 17
2.1. Via Aeróbica 18
2.2. Via Anaeróbica 19
Aláctica 19
Láctica 20
2.3. Via Oxidativa 21
Oxidação de Ácidos Graxos 21
Oxidação de Proteínas 21
2.4. Quociente Respiratório 21
Conceito de Consumo de Oxigênio 23
3 - Estresse Oxidativo, Atividade Física e Alimento Funcional 24
3.1. Produção de Radicais Livres 25
3.2. Antioxidantes (Nutrientes e Nutracêuticos Utilizados) 26
Sistemas Enzimáticos Biológicos 27
Compostos Antioxidantes 27
3.3. Ação Patogênica dos ERONs 28
3.4. Alimento Funcional 29
4 - Avaliar a Veracidade de uma Informação 36
4.1. Tipo de Revista 37
4.2. Fator de Impacto 40
4.3. Qualis da Revista 40
4.4. Medicina Baseada em Evidência (MBA) 41
Nível de Evidência (NE) 42
Grau de Recomendação (GR) 42
4.5. Como Aplicar o MBE? 43
6
SUMÁRIO Página
1
Para iniciarmos nossos estudos é importante definirmos
alguns conceitos básicos para o melhor entendimento ao longo
do texto. Neste sentido é importante definirmos o que vem a ser
atividade física e o que é esporte.
2. Esporte sem interação direta com o adversário, são atividades que requerem a
colaboração de dois ou mais atletas, mas que não implicam a interferência do adversário na
atuação motora.
A tabela 1.1. exemplifica esta classificação com alguns exemplos para o melhor
entendimento do leitor.
Sendo assim, da mesma forma que existem diferentes modalidades esportivas, fica claro e
evidente que as necessidades nutricionais dos atletas também apresentam diferenças, desde a
própria composição corporal, a questão do gênero e do tipo de atividade desenvolvida, bem
como o tempo em que estas atividades são realizadas. O gasto energético com a atividade física
pode variar muito e é um importante fator a ser considerado no cálculo do Gasto Energético
Total (GET) ao longo de um dia.
9
Tabela 1.1. Classificação em função da relação de cooperação e oposição
10
A energia utilizada pelo organismo no repouso é definida em termos de gasto energético
de repouso (GER). Essas são medidas como taxa metabólica basal (TMB) ou taxa metabólica
de repouso (TMR) (Mahan & Escott-Stump 2013).
11
% % A Taxa Metabólica de Repouso (TMR) corresponde a energia gasta em período pós-
prandial, medida com o indivíduo em jejum de 8 horas com repouso de pelo menos 30
minutos, deitado em ângulo de 30 graus, acordado, porém sem movimentos, à temperatura
ambiente e é usada para se calcular o GER (gasto energético em repouso) que é o gasto
energético de um paciente em repouso, durante o período pós-absortivo, medido pela
calorimetria indireta. Este valor é aproximadamente 10 a 30% superior ao GEB (gasto
energético basal), o qual só pode ser medido durante o sono profundo (Rossi, 2015; Chiapello
& Rücker, 2002 ), ou seja, após um período de jejum de 12 a 18 horas, cabe ressaltar que em
muitas vezes que estas definições de GER e GEB, são utilizadas de maneira errônea adotando a
sigla GEB como GER podendo levar a uma sub ou super estimação do gasto energético do
indivíduo.
Uma alternativa para o cálculo de gasto energético das atividades físicas é o método dos
equivalentes metabólicos (MET) que é o quociente entre a taxa metabólica associada à
atividade e ao GEB. Para se chegar ao GET, basta se somar todas as atividades realizadas pelo
indivíduo ao longo de 24 horas (The Compendium of Physical Activities Tracking Guide).
Toda vez que realizamos uma atividade física, consumimos uma determinada quantidade
de oxigênio, para cada litro de oxigênio consumido equivale a um gasto de aproximadamente
5kcal, 1 MET corresponde a ao gasto de 3,5ml de O2/ kg / min, sendo assim um indivíduo que
está aparando o gramado do seu jardim, que tenha 70kg e gaste 30 minutos para realizar esta
atividade teria o gasto calculado da seguinte forma:
Vamos supor que um indivíduo esteja aparando a grama do seu jardim, como eu calcularia
o seu gasto energético para realizar esta tarefa?
12
Aparar a grama do jardim = 2,5 METs
Ou seja, um indivíduo de 70kg gasta aproximadamente 184 kcal por hora cortando a
grama de seu jardim. Simplificando, para calcularmos o gasto energético do exercício (GEE)
podemos usar a seguinte equação:
Como podemos observar até mesmo o cálculo do gasto energético pode suscitar
questionamentos na prática clínica, por isso é importante que o profissional esteja sempre
atento aos resultados de sua conduta e ao feedback de seus pacientes/clientes pois cada
indivíduo apresenta variações intrínsecas que não podem ser negligenciadas, somadas a estas
variações temos os inúmeros vieses da ciência que ainda não podem ser contornados que
somados podem levar a um resultado destoante do que era esperado.
1 - Para cálculo do MET você pode acessar o site: http://www.cdof.com.br/nutri1.htm ou utilizar a tabela The
Compendium of Physical Activities Tracking Guide.
13
Neste sentido é importante observar que as recomendações são orientações para a prática
clínica e não leis que devem ser seguidas sem um questionamento consciente e com a
maturidade profissional necessária para a tomada de decisões que inicialmente podem parecer
conflitante, mas que dependendo do indivíduo e de suas características particulares, pode
oferecer melhores resultados do que simplesmente seguirmos condutas estabelecida para a
população em geral.
Figura 1.2.
Nível de evidência
Figura 1.3.
Grau de Recomendação
2 - Leitura recomendada: Crisp, A.H.; Verlengia, R. e Oliveira, M.R.M. Limitações da utilização do equivalente
metabólico (MET) para estimativa do gasto energético em atividades físicas.
14
A Tabela 1.2. resume as principais recomendações dietéticas para atletas e praticantes de
atividade física segundo as recomendações da SBME publicadas em 2003 e 2009.
15
Com o exposto acima, percebemos que a alimentação das pessoas que praticam esporte é
uma das principais causas do rendimento, da performance e dos fracassos de um atleta, mas
principalmente de sua saúde.
A vida de um atleta de elite exige uma grande necessidade de energia e de recursos físicos
e psicológicos, por esse motivo uma alimentação equilibrada e que contemple todas as
necessidades da modalidade esportiva necessárias para o praticante de atividade física, sem
esquecer de sua individualidade.
Como vimos as necessidades de um atleta não são muito diferentes das recomendações
para uma pessoa saudável, no entanto a intervenção dietética para atletas visa principalmente:
Neste sentido, o tipo de substrato utilizado para produzir energia durante a atividade física
irá depender da intensidade do esforço, da duração, frequência com que se pratica, grau de
treinamento, fatores ambientais como umidade e temperatura, dieta prévia e resposta hormonal
(Dallo, et al., 2010).
De uma forma bem simplista, resumindo o processo oxidativo, podemos dizer que
dependendo do esforço em uma atividade de pouca duração mas de grande intensidade, que
tenha um caráter anaeróbico, o músculo utiliza a fosfocreatina, depois a glicose muscular para
gerar ATP. Já em uma atividade de menor intensidade mas de longa duração com caráter
aeróbico, as gorduras, os carboidratos e inclusive as proteínas podem chegar a se oxidar-se
para produzir ATP. No Entanto a capacidade de oxidação e captação de oxigênio pelo
organismo, bem como suas reservas iniciais irão influenciar de maneira direta estas rotas como
iremos ver a seguir.
16
Alimento Funcional e
Fitoterapia aplicada ao Esporte:
Princípios básicos da atividade esportiva,
2
Ao alimentarmos, a energia contida no alimento não é
transferida diretamente para a célula, antes nutrientes como
carboidratos, proteínas e lipídios são metabolizados e
convertidos à ATP. O metabolismo apresenta vias de
degradação (catabólicas) e de síntese (anabólicas), como o
Produção de ATP não é armazenado em grande quantidade no organismo,
qualquer atividade que altere o gasto energético, leva a
Energia e biotransformação de macronutrientes (Figura 2.1. e 2.2) que
Oxidação de estão armazenados no organismo para fornecerem energia na
Nutrientes forma de ATP (Hirschbruch e Carvalho, 2008).
17
2.1. Via Aeróbica
18
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• Aláctica
Quando se inicia a atividade física, as fibras musculares utilizam seu próprio ATP sendo
esta via de muito curta duração, utilizando para este fim a fosfocreatina (depósitos de
aproximadamente 17 microgramas por kg de músculo), que disponibiliza energia de forma
imediata (Gil, 2005). Este processo não necessita de oxigênio nem tão pouco produz ácido
láctico, um exemplo seria a corrida de 60 metros.
19
• Láctica
Anaeróbico
Oxigênio
Glicogênio
Oxigênio
Membrana Celular
Glicose 6P
Aeróbico
Corrente Sanguínea
CO2 + H2O
Membrana Celular
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20
2.3. Via Oxidativa
Os ácidos graxos que estão armazenados nos tecidos podem ser utilizados para a produção
de energia (Figura 2.1.), eles se dividem até chegarem a dois carbonos e produzem acetil-CoA,
que irá seguir até o ciclo de Krebs com o auxílio da L-Carnitina, podendo deste modo gerar
grande quantidade de energia dependendo do tamanho de sua moléculas (Hirschbruch e
Carvalho, 2008; Gil, 2005).
21
Tabela 2.1. Valores de Quociente Respiratório (RQ) de acordo
com o substrato ou condição.
Em média, as células consomem 250 mL / min de oxigênio, enquanto que produzem 200
ml de dióxido de carbono no estado de repouso, de modo que o quociente respiratória médio
em repouso é de 0,8 (200/250 = 0,8). O quociente respiratório varia com a dieta, como isso
afeta metabolismo. Por exemplo, uma dieta rica em gorduras leva a um quociente respiratório
relativamente baixo (cerca de 0,7), porque o oxigénio durante o catabolismo lipídico é
consumido de modo independente da produção de dióxido de carbono (Tabela 2.1). O
catabolismo de lipídios também varia com o exercício, e durante a hipoventilação e
hiperventilação (Rosado, et al., 2013; Stanfield e Wesley, 2011; Gil, 2005).
Sendo assim, um quociente respiratório igual a 0,7 indica que os ácidos graxos estão
sendo oxidados por via aeróbica, enquanto que um valor de RQ de 1, indica que são os
carboidratos que estão sofrendo oxidação nesta via. Já um RQ maior do que um indica que está
ocorrendo oxidação anaeróbica (Rosado, et al., 2013; Gil, 2005).
22
• Conceito de Consumo de Oxigênio
Existem muitos fatores que condicionam a capacidade muscular para utilizar o oxigênio,
entre eles podemos listar a característica do esforço (intensidade, duração, velocidade de
execução), condicionante mecânico (condições ergonômicas e biomecânica), nível de
treinamento, fatores climáticos e ambientais. Assim o aumento da atividade física leva ao
aumento do VO2 até o limite do máximo, quando mesmo aumentando a intensidade da
atividade não alteramos mais o volume de oxigênio, chegamos nesse momento ao potencial
aeróbico do indivíduo (Crisp, et al., 2014; Gil, 2005).
É importante lembrar que VO2 máximo é diferente de de pico de VO2, que é o máximo
de consumo O2 durante um esforço sem alcançar a saturação do mesmo. Desta forma durante
um exercício prolongado entre 60 a 75% do VO2 máx temos o aumento da glicogenólise
progressivamente até que em um valor de 95% do VO2 máx ocorre a redução do fornecimento
de fosfofrutoquinase (PFK) enzima chave da glicólise que junto com a glicogênio fosforilase
(glicogenólise) que atuam na regulação da glicogenólise muscular e consequentemente na
produção de energia para o músculo, da mesma forma ocorre em uma atividade entre 60 a 75%
de muito longa duração levando à fadiga pela depleção de glicogênio (Paschoal e Naves,
2014).
Como todos nós sabemos, o exercício promove uma série de benefícios ao organismo,
tendo ação recreativa, terapêutica, preventiva e promovendo a saúde, principalmente no que se
refere as doenças e distúrbios crônicos, sendo a atividade física regular um dos pilares para se
manter uma boa saúde, no entanto exercícios mal realizados, exaustivos e descontínuos podem
causar desde lesões até mesmo ao aumento das espécies reativas ao oxigênio e nitrogênio
(ERON).
23
Alimento Funcional e
Fitoterapia aplicada ao Esporte:
Princípios básicos da atividade esportiva,
Avaliação de informação científica e
3
A atividade física provoca o aumento da produção de
radicais livres, estes por sua vez se correlacionam à fadiga
muscular (patogênese da lesão muscular induzida pelo
exercício). Quanto mais intenso o exercício físico, maior é a
associação com o aumento marcante do consumo de oxigênio
Estresse e, consequentemente, a uma alteração dos sistemas
Oxidativo, antioxidantes.
24
Tabela 3.1. Principais Espécies Reativas de Oxigênio
(ERO) e Radicais Livres
O termo radical livre se
aplica a qualquer espécie
química capaz de existir
independentemente e que
contenha um ou mais elétrons
livres. Uma reação de oxidação
ou de redução pode gerar
radicais por transferência de
um elétron. Estas espécies não
são estáveis e são quebrados
espontaneamente a um radical
livre. A maior parte dos radicais
livres levam a uma reação em
cadeia até que se estabilizam
quando se acaba a matéria
prima utilizada para fazer a
reação (Fainstein, 2008).
Adaptado de: Paschoal e Naves, 2014; Angeli, 2011
• Compostos Antioxidantes:
27
3.3. Ação Patogênica dos ERONs
Trombose Catarata
Hipertrofia Retinopatia
Coração Olhos
Artrite
Aterosclerose Artrose
Vasos Articulações
Pancreatite
Anemia Falconi Hepatotoxidade
Malária
Inflamação
Eritrócitos T Digestório Intoxicação
Isquemia
Transplante
Radiação
Câncer
28
Quando o organismo não consegue neutralizar a produção de radicais livres aumentando
seus sistemas antioxidantes, classificamos este estado como estresse oxidativo que leva o
indivíduo a sofrer vários danos em seu sistema biológico passando primeiro por um processo
adaptativo aumentando a produção de antioxidantes, depois por um dano tecidual por agressão
aos macronutrientes constitucionais (carboidratos, proteínas e lipídios de membrana) e
finalmente a morte celular por necrose ou apoptose. Os ERONs atuam oxidando os
componentes tiol em dissulfetos , causando perda de GSH (glutationa) tecidual, desregulação
da geração de energia (ATP, NADH e NADPH), inibição do transporte de cálcio e da
homeostase, oxidação de citocromos, clivagem de DNA e promoção de processos mutagênicos
e carcinogênicos (Fainstein, 2008).
Neste sentido o Nutricionista pode e deve lançar mão, não apenas de uma dieta
balanceada, de suplementos e agentes ergogênicos, mas de alimentos específicos com
propriedades funcionais que possam atuar como nutracêuticos e em alguns casos fazer o uso do
alimentos com função fitoterápica. Por isso é importante desvincular o senso comum e
conhecer tanto as propriedades quanto a dietética de alguns alimentos com propriedades
funcionais como veremos a seguir.
29
nos alimentos é atuar como antioxidantes, reforçando a sua necessidade de consumo por meio
de uma dieta equilibrada.
Segundo Aswell (2004), um alimento é considerado funcional quando é provado que além
dos seus efeitos nutricionais intrínsecos, exerce um efeito benéfico sobre uma ou mais funções
específicas do corpo, de modo que é considerado adequado para melhorar a saúde e bem-estar,
reduzir o risco de doenças ou ambas as coisas. Os alimentos funcionais devem permanecer
alimentos e eles devem demonstrar os seus efeitos em quantidades que normalmente são
consumidos na dieta. Eles não são portanto oferecidos na forma de comprimidos ou cápsulas,
mas sim como alimentos que fazem parte de um regime normal.
No Brasil, a ANVISA não define o que é um alimento funcional, no entanto ela conceitua
alegação de propriedade funcional, que é aquela relativa ao papel metabólico ou fisiológico
que o nutriente ou não nutriente tem no crescimento, desenvolvimento, manutenção e outras
funções normais do organismo humano, e alegação de propriedade de saúde, que é aquela que
afirma, sugere ou implica a existência da relação entre o alimento ou ingrediente com doença
ou condição relacionada à saúde (Brasil, 1999a).
Mas qual seria a diferença então entre alimento funcional e nutracêutico? Vejamos, como
definimos anteriormente alimento funcional é um alimento que além de nutrir, possuem
compostos biológicos que podem auxiliar ao processo de saúde ao serem consumidos atuando
como promotores de saúde, ou agindo na prevenção tanto primária quanto terciária, e em
alguns casos auxiliando o tratamento de algumas doenças ou distúrbios nutricionais (BRASIL,
1999c).
30
Com base nessa definição proposta, agora podemos distinguir entre quatro categorias a
prescrição dos alimentos e/ou seus princípios ativos como mostra a Figura 3.3.
Agora que já
fizemos uma introdução
Entenda a Diferença
de alguns aspectos
Composto Biológico
importantes para a
compreensão do tema
proposto podemos iniciar
a apresentação do In natura
conteúdo dividindo a
abordagem em dois
seguimentos como
veremos a seguir:
Ultra processado
Fármaco
1 - Alimento Funcional
e sua utilização na
atividade física
2 - Fitoterapia e sua
utilização na atividade
física
Prof. Renato Nunes®
Mais que isso é primordial que o leitor entenda que a visão macro sistêmica dos processos
biológicos e bioquímicos ainda é complexa e ofuscada pelo entendimento do genoma e do
metabolismo humano. Neste sentido seria importante entender alguns conceitos básicos de
network, hubs e redes de interação.
31
Podemos simplificar estes conceitos pensando no fato que todo organismo complexo
apresenta vários níveis de interações e estas por sua vez apresentam diferentes graus de
importância dentro do contexto que estamos analisando. Baseado neste princípio e nos estudos
de Barabási (Zhou, Menche, e Barabasi 2014; Vidal, Cusick e Barabasi, 2011; Goh et al.,
2007) que sintetiza as redes de interações humanas, voltado para o entendimento dos processos
patológicos do ser humano, percebemos como a nutrição pode ser complexa.
Neste contexto temos os Graus (Degree) de interação que é uma medida das bordas de
dentro, para fora, ou total de um nó e os Nós (HUB) (Figura 3.4.), que são nós que possuem
muitos graus. Em redes de escala livre, vemos uma fixação preferencial para caminhos
populares, ou seja, metabolicamente falando algumas rotas são preferenciais e portanto devem
ser entendias antes de decidirmos uma conduta (Figura 3.5.).
RMN®
Graus
Nós
I II III
A 9 7 1
D 0
I 2
J 0
L 6 1 1
N 0
Q 1
R 0
Prof. Renato Nunes ®
Como podemos ver na figura temos várias interações possíveis entre os nós de A a R,
então se eu pudesse quantificar estas interações e determinar o possível grau de importância de
um sintoma ou nutriente, nutracêutico ou fármaco, teríamos uma conduta mais assertiva. No
caso do exemplo acima se Tomarmos A como o sintoma principal, teríamos como possíveis
causas associadas as relações das demais letras e poderíamos construir uma conduta baseada
em proporcionalidade de interações como mostra a Tabela 3.1. logo a seguir.
32
Mas e se ao invés de usarmos as interações para decidir condutas patológicas usássemos
para fazer a promoção da saúde do indivíduo por meio da nutrigenômica e do objetivo do
paciente a ser alcançado?
Na prática, avaliamos primeiro causas de forte interação, dentre elas em primeiro lugar a
causa L, em seguida a causa I e posteriormente as demais causas de forte interação, só para
posteriormente avaliarmos interações médias e fracas. Esta escolha está associada diretamente
33
ao consumo alimentar e hábito de vida do indivíduo, tendo em vista que alterações nestas
condições podem dar uma direção mais precisa à conduta.
Por exemplo, se uma determinada patologia está relacionada ao ítem R que é A vitamina A
e o indivíduo relata não consumir nenhuma fonte desse nutriente e faz baixa ingestão de
lipídios, seria interessante observar primeiramente este Nó em conjunto com os Nós L e I.
Fonte:
The human disease network
Goh K-I, Cusick ME, Valle D,
Childs B, Vidal M, Barabási A-L
(2007)
RMN®
Já existe um mapa de interações entre as doenças (Figura 3.5.), você também vai
encontrar um mata de interação genômica entre doenças, genes e polimorfismos, infelizmente
não temos ainda um mapa de interação entre doenças e nutrientes… Eu disse AINDA… quem
sabe amanhã não fica pronto…
34
Tudo isso é muito interessante, mas a cada dia que passa temos mais e mais informações
que estão sendo questionadas e mais trabalhos que contradizem os anteriores. Como podemos
saber se um estudo especializado é confiável ou questionável?
Entre 1979 e 1983, os seis maiores revistas científicas do mundo, publicaram pelo menos
100 artigos dizendo que uma determinada tecnologia seria usada com sucesso como terapêutica
ou terapia preventiva. No final apenas 5 dessas tecnologias (5%) chegaram ao mercado. Dos 49
estudos mais importantes publicados na década de 90, apenas 14 (29%) destes tiveram suas
hipóteses refutadas por novas pesquisas (Ioannidis 2005).
Então como podemos garantir que ao adotarmos uma determinada conduta ela não seja
logo em seguida questionada por uma mudança dos paradigmas científicos? Quando isso
acontece nossa carreira e nossa credibilidade podem sofrer sérios impactos e isso sem falar no
dano que podemos causar a pacientes, quando prescrevemos algum tipo de substância
concentrada que em seguida é comprovada sua ineficiência ou algum efeito colateral grave.
35
Alimento Funcional e
Fitoterapia aplicada ao Esporte:
Avaliação de informação científica
4
Nos últimos anos o número de publicações subiu mais de
300%, um trabalho de Bastian, Glasziou e Chalmers publicado
em 2010, relata que todos os dias eram publicados na área de
saúde setenta e cinco ensaios e onze revisões sistemáticas. No
entanto a história da humanidade mostra inúmeros episódios
Avaliar a de descobertas que foram com o tempo comprovadas como
incompletas ou até mesmo como não verdadeiras.
Veracidade
Portanto, antes de adotarmos uma prática clínica levando
de uma
em consideração novos produtos é importante pensar que por
Informação trás da ciência existem indivíduos que erram, que tem uma
visão parcial do assunto e principalmente que nenhum ser
humano é isento de interesse, incluindo eu e você que está
lendo agora este texto pensando em como vai lidar com esta
informação diante de um mercado que nos empurra para
usarmos determinados produtos da moda.
36
Um trabalho feito em 2013 por Schoenfeld e Ioannidis, mostra por meio de uma revisão
sistemática que o mesmo alimento pode prevenir e causar câncer.
Jonathan D Schoenfeld, and John PA Ioannidis Am Protect again cancer – Causes cancer
J Clin Nutr 2012;97:127-134 Relative Risk
RMN®
Figura 4.1. Artigo publicado na AJCN mostrando o conflito de informações da literatura científica atual.
4.1.Tipo de Revista
A primeira observação que você deve fazer ao ler um artigo é se a revista que ele foi
publicado é reconhecidamente confiável, mesmo assim é importante lembrar que ler um artigo
científico em uma revista é completamente diferente de ler sua interpretação em um blog,
autores de blog geralmente tem uma interpretação conveniente daquilo que mostram, pois a
maioria visa atrair seguidores para suas páginas visando angariar patrocinadores, e muitas
vezes são financiados por eles para divulgar informações sobre seus produtos, são os
"SPEAKERs" , é assim que são chamamos atualmente, pessoas que tem alta projeção na mídia
37
e que usam a sua influência para passar credibilidade a um produto, você com certeza já se
lembrou de um…
O grande problema dessa prática não é quando um leigo faz uma propaganda sabidamente
paga para divulgar uma marca ou produto, mas quando um profissional embute em sua fala ou
diz estar usando um produto e alega os benefícios do mesmo. Vale lembrar que além de
extremamente danoso para sociedade esse tipo de prática, tendo em vista que as corporações
farmacêuticas e indústrias de alimentos tem interesse meramente comercial e de vendas
visando lucro, é uma prática que vai contra o código de ética profissional do Nutricionista,
como estabelecido pelo Conselho Federal de Nutrição e demais CRNs.
38
Uma dica importante é que se algo parece muito bom pra ser verdade, provavelmente
não é. Informações importantes necessitam de provas, em ciência verdades aceitas como fatos
inquestionáveis são normalmente publicadas em consensos, o sonho de todo profissional é
encontrar um consenso sobre tudo o que ele trabalha…
Por outro lado, se existem ótimas revistas científicas que utilizam critério, os estudos
são revisados por pares 3, utilizam de processos de revisão exigentes. E mesmo assim revistas
renomadas como Nature® , Science®, e PNAS® cometem alguns deslizes.
Revistas pouco recomendadas para leitura como critério de escolha de tomada de decisão
Fonte: Elaborado pelo autor
3 - Os estudos revisados por pares são estudos que em seu processo de edição, são reconhecidos como
publicáveis diante de um parecer dado por pesquisadores notórios da mesma área de atuação do autor que
submeteu o artigo.
39
Por isso é importante lembrar que pesquisadores são humanos e cometem falhas e
que existe muito interesse em torno de uma verdade científica.
O Fator de Impacto, abreviado como FI, é uma medida que reflete o número médio
de citações de artigos científicos publicados em determinado periódico. É empregado
frequentemente para avaliar a importância de um dado periódico em sua área, sendo que
aqueles com um maior FI são considerados mais importantes do que aqueles com um menor
FI. O FI foi criado por Eugene Garfield, o fundador do Institute for Scientific Information (ISI),
hoje parte da Thomson Reuters. Desde 1972 os FI são calculados anualmente para os
periódicos indexados ao ISI e depois publicados no Journal Citation Reports (JCR), também
da Thomson Reuters.
40
em geral é utilizado o fator de impacto da base JCR/ISI (apenas indivíduos com acesso ao
portal de periódicos da CAPES tem acesso, ou pagantes do jornal) como principal critério.
41
• Nível de Evidência (NE)
Desenvolvido pelo “Oxford Centre for Evidence Based Medicine” em maio de 2001,
o Nível de Evidência está relacionado diretamente aos estudos, ele é baseado em uma análise
de critérios estabelecidos como:
Fonte: Oxford Centre for Evidence-based Medicine – Levels of Evidence (March 2009)
Para se estruturar a MBE é preciso realizar alguns passos como mostrado a seguir:
A partir do exposto você pode criar uma tabela com os níveis de evidências e Graus
e a partir dos estudos que dispões tomar uma decisão sobre o uso ou não da conduta clínica
com o seu paciente. O Ministério da saúde disponibiliza uma Tabela da classificação do Nível
de Evidência Científica por Tipo de Estudo - "Oxford Centre for Evidence-based Medicine"
em português que pode ser usado como uma referências para a prática de MBE na Nutrição.
5
O mundo está mudando e nossas necessidades também,
Na Espanha, por exemplo o CERPTA (Centre Especial de
Recerca Planta de Tecnologia dels Aliments) da UAB
(Universidade Autônoma de Barcelona ) investiga e
desenvolve alimentos funcionais. Um dos seus objetivos é o
Uso de design de alimentos para determinados grupos, como atletas,
pessoas com necessidades nutricionais especiais, crianças em
Alimento crescimento e pessoas idosas (Dallas, 2010).
Funcional e
O desenvolvimento de novos alimentos funcionais pode
Seus ser uma nova abordagem para beneficiar tanto a indústria
Princípios quanto a sociedade.
44
Não são permitidas alegações de cura e prevenção de doenças e a comercialização destes
produtos, denominados alimentos funcionais, consiste em seguir normas de acordo com a
ANVISA. Fica claro a importância de alertar sobre a INEXISTÊNCIA de um “alimento
mágico”, O consumo desses alimentos PODE contribuir para a prevenção de doenças crônicas
não transmissíveis (DCNT), porém devem está associada a uma alimentação e a um estilo de
vida saudável e equilibrado.
Em atividade física podemos destacar algumas características que seriam importante para
o atleta e destacar os alimentos que poderiam influenciar de forma já comprovada ou com uma
possibilidade de benefício no rendimento esportivo, neste sentido destaco os principais
características de interesse na prática esportiva:
• Capacidade aeróbica;
• Resistência anaeróbica;
• Psicológico:
• Hidratação;
• Recuperação;
• Apoio conjunto;
• Imunidade;
• Antioxidante e
• Composição Corporal.
Como a abordagem destes alimentos e princípios é obviamente extensa, neste trabalho irei
abordar apenas características de Força, Imunidade, Antioxidante e Composição Corporal, que
já estejam comprovadas, tendo em vista que estas parecem ser as maiores preocupações na
45
conduta clínica. Vale ressaltar que as características que possuem alegação mas ainda
apresentam baixo nível de evidência não devem ser a primeira linha de escolha de um
tratamento visando performance de atletas.
Quando se tratar de uma Substância Bioativa do Alimento (ou sintética) ela deve vir
notada com o nome, de onde foi extraída acompanhada da forma de apresentação do produto.
São considerados pela ANVISA como alimentos com propriedades funcionais os alimentos de
origem vegetal ou animal que apresentem naturalmente em sua composição:
• Probióticos
• Carotenóides
• Fitoesterois
• Flavonóides
• Fosfolipídios
• Organosulfurados
• Polifenóis % % % %
46
Em 2009 a ANVISA aprovou a comercialização em farmácias de probióticos com
alegações de propriedades funcionais e/ou de saúde, desde apresentados em comprimidos,
tabletes, drágeas, cápsulas, saches ou similares.
• Carotenóides% % % % %
• Licopeno,
• Luteína,
• Zeaxantina (antioxidante)
• Fibras alimentares
• Fibras alimentares,
• Dextrina resistente,
• Lactulose,
• Polidextrose
• Goma guar (funcionamento do intestino),
• Betaglucana (colesterol),
• Psílio e quitosana (gordura),
• FOS e
• Inulina (microbiota intestinal),% % % %
47
• Fitoesterois (colesterol)
• Polióis% % % % %
• Manitol,
• Xilitol e
• Sorbitol (dentes)
Alguns Fitoterápicos não podem ser prescritos pelo Nutricionista por serem de uso
exclusivamente médico, entre eles:
49
Fitoterápicos recomendados para prática clínica do nutricionista
50
Por uma questão de recomendação e padronização podemos adotar a orientação da
RESOLUÇÃO-RDC No - 10, DE 9 DE MARÇO DE 2010 que dispõe sobre a notificação de
drogas vegetais junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e dá outras
providências no Art. 4º Para fins de padronização, são adotadas as seguintes medidas de
referência:
51
Alimento Funcional e
Fitoterapia aplicada ao Esporte:
Atividade de força,
Sistema imunológico,
Ação antioxidante e
Controle da composição corporal de atletas.
6
Principais
Em um mundo tão cheio de informação e muitas vezes de
fontes duvidosas, onde a indústria de alimentos e farmacêutica
busca vender a qualquer preço e alguns profissionais sem
tempo de se atualizarem cientificamente, acabam tendo como
referência apenas as propagandas técnicas fornecidas por estas
mesmas indústrias, é importante ter uma fonte que sintetize
Alimentos pelo menos uma parte destas informações, sendo assim as
Funcionais e Tabela 6.1. e 6.2. resumem algumas das possíveis utilizações
Fitoterápicos de alguns alimentos funcionais e fitoterápicos para atividade
física tendo como foco a força, o sistema imunológico, ações
para o Ganho antioxidantes e controle da composição corporal.
de Força, Nós próximos itens serão abordados alguns destes
Sistema alimentos e compostos bioativos, não sendo abordados as
Imunológico, vitaminas e minerais por serem de conhecimento comum entre
os profissionais nutricionistas e seus efeitos já serem
Ação classicamente estudados e comprovados.
Antioxidante e
Controle da
Composição
Corporal
52
Tabela 6.1. Alimentos Funcionais e Fitoterápicos relacionados ao ganho de força, sistema
imunológico, ação antioxidantes e controle da composição corporal.
Continua...
53
EO: Estresse Oxidativo;
** será feito o MBE no capítulo 07
For: Força; Imu: Imunidade; Ant: Antioxidante; CoC: Composição Corporal
Fonte: Várias fontes, compilação do autor.
54
Tabela 6.2. Alimentos Funcionais e compostos bioativos de origem animal, relacionados ao
ganho de força, sistema imunológico, ação antioxidantes e controle da composição corporal.
Muito se tem falado e estudado sobre recursos ergogênicos para melhora do desempenho
de força e atletas, Abaixo seguem alguns exemplos dos os principais alimentos funcionais e
fitoterápicos relacionados ao ganho de força e massa magra em atletas
• Carboidratos
(Carvalho, et al. 2008)
55
carboidratadas acima de 6 a 10% não produz benefícios adicionais de performance, m e s m o
que a demanda energética seja elevada.
• 5 a 8g/kg/dia
• Provas longas:
• 7 a 8g/kg/h
56
facilitar a hidratação por ser um osmólito4, ajuda a melhorar a circulação vascular e fluxo de
oxigênio o que pode ser benéfico para aumentar os ganhos de força, aumentar a resistência e
melhorar a recuperação pós atividade, existe ainda a hipótese de aumento da concentração de
creatina no músculo esquelético.
Toxicidade/efeitos colaterais
Alguns estudos em humanos sugerem que uma suplementação alta de betaína pode
aumentar o LDL, o colesterol e os níveis de triglicérides (Olthof et al., 2005; McGregor et al.,
2002).
RECOMENDAÇÕES
4 - Osmólitos são pequenas moléculas orgânicas que foram selecionadas para contrabalançar estresses
ambientais em organismos vivos. Em muitos casos os estresses ambientais ameaçam a estabilidade
conformacional das proteínas e, portanto, vários osmólitos foram selecionados de forma a estabilizar
macromoléculas intracelulares. Os osmólitos podem ser subdivididos em sub categorias: Carboidratos pequenos
(incluindo açúcares (trealose), polióis (glicerol, inositol, sorbitol, etc) e derivados; Aminoácidos (glicina, prolina,
taurina, etc) e Metilaminas (como o TMAO e a glicina betaína).
57
• Cafeína - (1,3,7-trimetilxantina)
(Mueller and Hings, 2013, Braun et al., 2006; Coates et al., 2005; Greenwood et al.,
2008)
Toxicidade/efeitos colaterais
58
RECOMENDAÇÕES
59
• Teacrina
*Informações técnicas do fabricante
RECOMENDAÇÕES
• 50 a 200 mg
• Ecdisteróides
(Mueller and Hings, 2013)
RECOMENDAÇÕES
• 200 mg of 20-HE
60
• Rutaecarpine
(Mueller and Hings, 2013)
Seu uso pode beneficiar o atleta pela proteção contra inflamação crônica.
Rutaecarpina pode ser preparada como um extrato por ebulição contendo entre 1,5 a 12 g
de frutos secos em água durante fervendo de 5 a 10 minutos e depois filtrando. Os atletas
podem beber o extrato até 3 vezes ao dia, incluindo uma hora antes do treino.
RECOMENDAÇÕES
ATENÇÃO !!!!
61
O b-Hydroxy-b-methylbutyrate é um metabólito da leucina e está associado a um
potencial anticatabolismo. Estimula a síntese de proteínas do músculo diretamente,
independente de insulina, através da via de fosforilação de proteínas de segundo mensageiro,
tais como a do complexo de eIF-2B (o único dos três reguladores da síntese de proteínas
musculares que é o complexo Raptor-mTOR (Regulatory Associated Protein of Mammalian
Target of Rapamycin) e suas proteínas reguladoras S6K1 e 4E-BP1, ou o complexo eIF-2B (o
único dos três que não estão sob o controle direto de mTOR).
Baranyi et al., 2016 afirma que baixos níveis de BCAA no sangue estão diretamente
correlacionados à depressão por influenciarem no complexo mTOR.
Toxicidade/Efeitos colaterais
Sem efeitos tóxicos relatados até a dose de 2,5g/kg/dia (Shimomura et al., 2004)
Um estudo muito artigo de Davis (1995) relata que altos níveis de BCAA podem diminuir
a concentração de triptofano cerebral e pode estar relacionado a depressão, hipótese de fadiga
central, um artigo de revisão de Romain et al (2009), relata que esta evidência ainda não é
muito clara .
RECOMENDAÇÕES
• 6 a 14 g por dia
• 2 ou 3:1:1
62
• Caseína e Whey Protein
(Fischborn, 2009; Carvalho, et al. 2008; Haraguchi, Abreu, Paula, 2006)
Presentes em todos os tipos de leite, a proteína do leite bovino contém cerca de 80% de
caseína e 20% de proteínas do soro, percentual que pode variar em função da raça do gado, da
ração fornecida e do país de origem.
Estudos recentes têm demonstrado que adicionar proteína a uma bebida esportiva rica
em carboidrato, aumenta a capacidade de endurance, aumenta a reidratação, atenua
marcadores bioquímicos de degradação muscular, e melhora a função muscular
subseqüente ao exercício.
• Creatina
% % (Volek, 2004; Guzun et al., 2011; Kreider et al., 2004; Greenwood et al., 2003, Vatani et
al., 2011)
A utilização da energia via creatina necessita de Magnésio, que deve ser lembrada a fonte
na dieta para garantir a disponibilidade de energia via creatina.
64
Estimula e estabiliza a atividade mitocondrial;
Apresenta efeito antioxidante leve (na mitocôndria) portanto reduz dano oxidativo no ATP
mitocondrial.
Aumenta o volume muscular por retenção de água tendo como propriedade a capacidade
de regular água celular.
Segundo Arazi et al (2011), o uso de 20g de creatina monoidratada por 7 dias tem como
resultado o aumento da velocidade, do volume muscular, da força muscular, da velocidade no
sprint, da energia jump, da resistência e da fadiga. Além disso, com o uso de 20g/dia segundo
Vatani et al (2011) ocorre a modulação hormonal com aumento de produção de GH e
testosterona e diminuição do cortisol em nadadores.
Toxicidade/efeitos colaterais
RECOMENDAÇÕES
• 2 a 3 g diariamente
65
6.2. Alimento Funcional e Fitoterápico para o Sistema
imunológico
Existem fortes evidências de que atletas que treinam de forma intensa, ou tenham
competido recentemente tem um aumento do risco de adoecer e ter infecções principalmente as
respiratórias normalmente causadas por vírus que não respondem a antibióticos, isto pode ser
piorado pelo baixo consumo de calorias e carboidratos que comprometem o funcionamento do
sistema imune. Somado a altos níveis de hormônios relacionados ao stress metabólico (cortisol,
epinefrina/adrenalina) e citocinas inflamatórias (interleucina 6 e 10) (Jeukendrup, 2010).
Por outro lado algumas vitaminas são essenciais para o funcionamento adequado do
sistema imunológico entre elas as Vitaminas A e E, o ácido fólico, B6, B12 e vitamina C, além
disso minerais como o zinco, ferro, magnésio, selênio e cobre, lembrando que o ferro e o zinco
parecem ter um requerimento maior, evidenciado pela maior perda na urina, no entanto o
excesso de suplemento destes pode prejudicar a função imune.
Alguns atletas têm mais riscos em relação a estas deficiências, entre eles:
66
Gleeson (2006) e Neiman (2008) relatam que estudos demonstram que o uso de
carboidrato durante a atividade física de longa duração atenuam os efeitos nocivos da atividade
física sobre o sistema imune, no entanto esta evidência foi demonstrada em um universo
pequeno. A Tabela 6.2.1. apresenta alguns dos possíveis suplementos relacionado a
imunonutrição.
67
A tabela 6.2.2. mostra as principais fontes alimentares das substâncias bioativas
68
• Gingerol
(obs. Curcumim apresenta características muito semelhantes)
(Muller and Hings, 2013; Braun and Marc, 2010; Whatson and Preedy, 2010; Su et al.,
2008; Concepición, 2007; Eskin e Tamir, 2006; Coates et al., 2005)
O sumo do gengibre (2 a 4ml/kg por via oral) parece ter efeito superior ao fármaco.
Trabalhos mostram também ação do gengibre no aumento da motilidade gástrica reduzindo o
feedback para quimiorreceptores centrais relacionados à saciedade
Toxicidade/efeitos colaterais
RECOMENDAÇÕES
Gingerol
• (1g 2x/dia)
Curcumim
• 300 mg ou
69
• Alicina
(Mueller and Hings, 2013; Braun and Marc, 2010; Whatson and Preedy, 2010; Su et al.,
2008; Concepición, 2007; Eskin e Tamir, 2006; Coates et al., 2005)
Considerado um dos primeiro agentes fitoterápicos utilizado por atletas, na Grécia antiga
era utilizado para aumentar a força e resistência durante a competição desportiva e da guerra.
Existem mais de 30 compostos sulfurados do alho que podem proporcionar benefícios anti
inflamatórios e auxiliam na imunidade, a alicina é o encontrado em maior quantidade.
Estudos laboratoriais, principalmente com animais, vem mostrando que o extrato de alho
envelhecido (AGE) pode beneficiar a saúde do músculo esquelético durante o treinamento,
além de auxiliar a combater infecções e resfriados comuns. Rico em arginina que está
associada a propriedades antioxidantes quando consumida junto com carboidratos complexos,
além disso a quantidade de selênio e flavonóides presentes podem influenciar seu efeito.
Toxicidade/efeitos colaterais
Contraindicado para pacientes com uso de retrovirais por interferir na ação dos mesmos.
5 - Família de proteínas chamadas Citocromos P450, são enzimas envolvidas na conversão de compostos
insolúveis como fármacos ou outras moléculas em substâncias hidrossolúveis, facilitando a excreção por via
urinária, bile, suor, leite ou saliva. Importante na biotransformação de xenobióticos em moléculas inertes em
espécies químicas altamente reativas que podem causar dano celular/tecidual.
70
RECOMENDAÇÕES
• Glutationa (GSH)
(Matthaiou et al., 2014; Ribas et al., 2014; Muller and Hings, 2013, Braun and Marc,
2010; Whatson and Preedy, 2010; Greenwood et al., 2008; Coates et al., 2005)
O uso de suco de romã pode auxiliar no aumento de GSH, diminuição de ERON e reduzir
lipídios. Modular o estresse oxidativo após exercício, mas não inibir, pois é importante para o
ganho de massa
71
RECOMENDAÇÕES
• Precursores de GDH
• Quercetina (isoflavonas)
(Muller and Hings, 2013; Braun and Marc, 2010; Huber e Rodrigues, 2008; Coates et al.,
2005)
RECOMENDAÇÕES
• Resveratrol
(Muller and Hings, 2013; Braun e Marc, 2010; Li et al., 2008; Concepción, 2007)
Os dados disponíveis sugerem que o resveratrol pode exercer os seus efeitos através de
diferentes mecanismos (antioxidante, agregação de plaquetas, de transcrição de genes), alguma
forma dependente da dose, e também tem sido classificada como um fitoestrogênio uma vez
que é um agonista do receptor parcial estrogênio.
Toxicidade/efeitos colaterais
Pode interagir com digoxina (plástico, papéis e pesticidas) e inibir P-gp6 (glicoproteína P)
e CYPs (citocromo P450), pode ter propriedades pró-oxidantes e citotóxicas.
RECOMENDAÇÕES
• 200 a 400mg
6 - Transportadores ativos de drogas nas membranas, responsáveis pela biodisponibilidade de muitas drogas, de
um modo geral, a ativação do funcionamento (indução) da bomba P-gp reduz a absorção e aumenta a excreção de
drogas
73
• Probióticos
(Hold, 2014; Tilg e Moschen, 2014; Dominguez-Bello et al., 2010; Koenig et al.,
2011; Albenberg e Wu, 2014; Faith et al., 2013; Tihonen et al., 2010)
Livro compostos bioativos dos alimentos -
Capítulo 9 - O papel da fibra na promoção da saúde e na dieta.
Percegoni, NUNES, Gomes, 2015
Inicialmente, as bactérias que colonizam o intestino de bebês nascidos com parto normal
são as bactérias típicas da região vaginal e da microbiota fecal como Lactobacillus e Prevotella
ssp. Já nos bebês que nascem por parto cesáreo, a microbiota intestinal é colonizada por
bactérias presentes na pele e no ambiente hospitalar .
RECOMENDAÇÕES
74
Tabela 5.3. Principais bactérias que podem estar presentes na microbiota intestinal
influenciando positivamente o sistema imunológico e como são afetadas pela dieta
UFC: Unidades Formadoras de Colônias; PPT: Proteínas; LIP: lipídeos; n-6: ácido graxo ômega 6; PUFA:
ácidos graxos poliinsaturados
Fonte: Adaptado de: Lerayer, Antunes e Oliveira, 2013; Franklin et al., 2001; Brown, DeCoffe, Molcan e
Cols, 2012;
75
6.3. Alimento Funcional e Fitoterápico Antioxidantes
Esporte de alto rendimento apresenta grandes exigências e muitas vezes períodos longos
de treinamento pesado, isto pode levar a um estado de oxidação contínua. Esta situação acaba
levando a uma produção excessiva de radicais livres que podem produzir fadiga crónica. Nesta
situação o corpo precisa lançar mão de antioxidantes que atuam modulando e retardando a
oxidação de outras moléculas evitando maiores danos a tecidos e membranas celulares, as
vitaminas de uma forma geral possuem propriedades antioxidantes, e entre os minerais se
destacam o zinco, o selênio e em outra classificação os polifenóis, que se caracterizam como
um conjunto heterogêneo de moléculas com características comuns, entre os quais o grupo de
flavonóides (Gil-Antuñano et al., 2009).
• Coco (TCM)
(Choo et al., 2010; Reranil et al., 2011; Ferreira et al., 2003; Silva et al., 2011;
St-Onge et al., 2003)
O óleo de coco é um óleo composto por ácidos graxos de cadeia média que apresentam
rápida metabolização no fígado. Apresenta diferentes ácidos graxos em sua composição, entre
eles destaca-se o ácido láurico, o de maior concentração, que também é encontrado no leite
materno e possui propriedades na saúde humana . Além disso, o óleo de coco apresenta um
maior teor de polifenóis e antioxidantes naturais do que outros óleos comestíveis.
Parte desses benefícios podem estar associados à presença dos triglicerídeos de cadeia
média (TCM) no óleo de coco, os quais estão relacionados a maior gasto energético e
76
oxidação, o que levaria à diminuição dos depósitos de gordura do corpo. Os autores acreditam
que o óleo de coco possa exercer efeitos benéficos no perfil lipídico e cardiovascular de
indivíduos dislipidêmicos.
RECOMENDAÇÕES
• Capsaicina
(Muller and Hings, 2013; Whatson and Preedy, 2010; Eskin e Tamir, 2006; Kovacs e
Mela , 2006)
Existe evidência de que a capsaicina pode ajudar a aumentar a queima de energia por
meio da ativação do sistema nervoso simpático.
77
A capsaicina atua por estimulação da secreção de catecolaminas a partir da medula
adrenal, principalmente através da activação simpática do sistema nervoso central.
• Coenzima Q10
(OBs. Princípio ativo de origem de alimento funcional de fonte animal)
Atletas com doenças musculares, tais como a distrofia muscular, bem como atletas
diabéticos apresentam menores níveis de coenzima Q10 e podem se beneficiar com a
suplementação.
Tem sido usado com 50% de sucesso para indivíduos com enxaqueca
Toxicidade/efeitos colaterais
Pode apresentar náuseas, perda de apetite, dor de estômago e diarréia devido a inúmeras
interações fármaco-nutrientes
78
RECOMENDAÇÕES
• 60 a 300 mg
• (100 mg 3x/dia)
Alimentos como o óleo de coco e a vitamina D, parecem ter algum um papel no controle
do peso corporal, outros alimentos considerados termogênicos como a pimenta, canela e o café,
podem ser utilizados como recursos terapêuticos no controle do peso dos atletas no entanto o
ganho de peso de um indivíduo ainda depende de uma série de fatores, entre eles os fatores
genéticos.
A obesidade é uma doença de causa multifatorial sendo que o acúmulo de tecido adiposo
é dependente de uma interação complexa entre a herança genética e os contextos sociais e
ambientais. Embora existam vários fatores que podem contribuir para a obesidade, é consenso
que a causa principal seja o aumento na absorção de nutrientes fontes de energia e a redução do
gasto calórico (Lattimer & Haub, 2010)
Mas o que causa a obesidade? Pode-se dizer de forma sucinta que em humanos, a base
genética explica cerca de 40% da variação da massa corporal gorda e pode ocorrer por
mutações no gene IRX3 (presente no hipotálamo), no gene FTO (Fat mass and obesity
associated) e em mais de 70 genes relacionados à obesidade,que em geral se expressam mais
no cérebro de pessoas que são obesas (Melmed et al., 2011). Dentre as alterações genéticas,
pode-se destacar:
79
1. Mutação da expressão gênica e dos receptores de leptina;
6. Obesidade por síndrome pleiotrópica (os cromossomos homólogos não se pareiam para
o crossing-over causando um distúrbio que pode ocasionar problemas genéticos);
7. Síndrome de Prader-Willi e
8. Mutação do gene SIM I (the human homolog of the Drosophila single minded).
Contudo, somente a genética não poderia explicar o aumento crescente dos índices
epidemiológicos de obesidade nos últimos anos. A contribuição dos outros 60% de fatores
restantes que contribuem com o aumento do peso, segundo Melmed et al., (2011) pode ser
explicitada de forma mais resumida a seguir:
80
no que se refere aos fatores genéticos quanto aos fatores psicossociais (Lattimer & Haub, 2010;
Cremers, 2012; Kasubuch, Hasegawa, & Hiramatsu, 2015).
Outro ponto que torna importante a prescrição dietoterápica com a inclusão de fibras na
dieta é que para as pessoas mais obesas, o balanço energético negativo e a consequente perda
de peso, podem ser mais facilmente alcançados pela diminuição da ingestão de alimentos
calóricos que pelo aumento da atividade física. Portanto, a intervenção dietética e o uso de
fibras na alimentação são considerados fatores imprescindíveis na terapia de perda de peso,
controle e prevenção da obesidade (Melmed et al., 2011).
• Fibra da Dieta
(Lattimer et al., 2010; Lattimer e Haub, 2010; Melmed et al., 2011; Dokkum, 2010;
Chaves, et al., 2014)
Livro compostos bioativos dos alimentos
Capítulo 9 - O papel da fibra na promoção da saúde e na dieta
Percegoni, NUNES, Gomes, 2015
A inclusão de fibras na dieta é que para as pessoas mais obesas, o balanço energético
negativo e a consequente perda de peso, podem ser mais facilmente alcançados pela
diminuição da ingestão de alimentos calóricos que pelo aumento da atividade física. Portanto, a
intervenção dietética e o uso de fibras na alimentação são considerados fatores imprescindíveis
na terapia de perda de peso, controle e prevenção da obesidade (Melmed et al 2011).
81
Segundo Lattimer e Haub (2010) a maioria dos estudos indica que o consumo de fibras
tanto solúveis quanto insolúveis proporciona o aumento da saciedade e diminui a fome e a
ingestão calórica (Lattimer e Haub, 2010); já McCleary e Prosky (2001) descrevem que a
utilização de uma mistura de fibras solúvel e insolúvel parece ser mais eficiente que o uso
isolado de uma ou outra para a perda de peso corporal (McCleary e Prosky, 2001). A partir do
consumo de 8g de fibra a cada 1000 kcal já se obtém esse efeito na perda de peso e o consumo
de 14 g de fibra/dia está associado a uma diminuição de 10% no consumo de energia e a uma
perda de peso de 1,9 kg após 3,8 meses de dieta (Dokkum, 2010).
Figura 6.4.1. Classificação das fibras alimentares segundo suas propriedades químicas
Fonte: Livro compostos bioativos dos alimentos - Capítulo 9 - O papel da fibra na promoção da saúde e na dieta.
Percegoni, NUNES, Gomes, 2015
Tanto a fibra solúvel quanto a insolúvel contribuem para o controle de peso no que se
refere à obesidade; isso ocorre porque o aumento do consumo de fibra dietética resulta em uma
diminuição do teor de energia metabolizável da dieta (Lattimer e Haub, 2010).
82
Mas como a fibra auxilia e contribui com a diminuição das reservas adiposas? Dentre os
mecanismos de ação das fibras no auxílio à redução de peso corpóreo destacam-se
principalmente os seguintes aspectos (Dokkum, 2010; Chaves et al., 2014):
Desta forma, a inserção de fibras à dieta para perda ou manutenção de peso corporal,
consiste em uma estratégia imprescindível ao sucesso da conduta nutricional nestes casos. Vale
lembrar que esta dieta deverá conter diferentes tipos de fibras em todas as refeições (Figura
6.4.1.), visando manutenção dos benefícios explicitados acima de forma homogênea ao longo
do dia.
83
Alimento Funcional e
Fitoterapia aplicada ao Esporte:
Teacrina e a Medicina Baseada em Evidência
7
A teacrina (ácido 1,3,7,9-Tetrametilúrico), é um alcalóide
composto por 4 radicais metil, metabolizado no organismo em
cafeína e que segundo seus fabricantes, melhora os processos
metabólicos naturais do corpo para fornecer energia, aumentar
performance por reduzir a fadiga, além de melhorar a
MBE motivação, humor e cognição.
(Medicina Mas poucos trabalhos são encontrados em humanos e se a
Baseada em substância é encontrada em alguns tipos de café e cupuaçú que
são plantas encontradas facilmente e de consumo no Brasil,
Evidência) por que deveríamos prescrever teacrina?
Mas apesar da Nutrição ser uma ciência nova, estamos evoluindo ao ponto de
percebermos que existe muito mais princípios ativos em um alimento interagindo para nossa
saúde que uma simples substância isolada.
Por isso Nutricionistas conscientes preferem prescrever alimentos como o principal nível
de atuação e fazem uso de substâncias e suplementos de forma mais isolada.
Mas vamos aos fatos, já que a teacrina é uma substância antiga, já identificada
anteriormente, seria consenso a prescrição da mesma? Para chegarmos a esta resposta iremos
lançar mão de alguns artigos científicos e a metodologia de MBE par decidirmos nossa conduta
profissional baseada em níveis de evidência e grau de recomendação.
Para tomarmos uma decisão sobre uma conduta nova ou a escolha de uma prescrição
fazemos uma tomada de decisão sobre a recomendação do uso de Teacrina e prescrição
fitoterápica. Neste sentido escolhemos um fabricante do produto e avaliamos os artigos
utilizados pelo mesmo para determinar o grau de evidência e o nível de recomendação das
informações apresentadas pela indústria de suplementos.
85
% 7.2. Artigos avaliados
F1 - Li, k.; Shi, X.; Yang, X.; Wang, Y.; Ye, C.; Yang, Z. Antioxidative activities and the
chemical constituents of two Chinese teas, Camellia kucha and C. ptilophylla.
International Journal of Food Science and Technology.p.1-9, 2011.
F2 - Li, W.X.; Li, W.F.;JiaZhai, Y.; Chen, W.M.;Kurihara, H.; He, R.R. Theacrine, a
Purine Alkaloid Obtained from Camellia assamica var. kucha , Attenuates Restraint
Stress- Provoked Liver Damage in Mice. Journal of Agricultural and Food
Chemistry.v.61, p.6328 – 6335, 2013.
Xu JK, Kurihara H, Zhao L, Yao XS. Theacrine, a special purine alkaloid with sedative
and hypnotic properties from Cammelia assamica var. kucha in mice. J Asian Nat Prod
Res 2007;9(6-8):665-72. View abstract.
Wang Y, Yang X, Zheng X, et al. Theacrine, a purine alkaloid with anti-inflammatory and
analgesic activities. Fitoterapia 2010;81(6):627-31. View abstract.
86
Feduccia AA, Wang Y, Simms JA, et al. Locomotor activation by theacrine, a purine
alkaloid structurally similar to caffeine: involvement of adenosine and dopamine
receptors. Pharmacol Biochem Behav. 2012;102(2):241-8. View abstract.
Li, K; Shi, X; Yang, X et al. Antioxidative activities and the chemical constituents of two
Chinese teas, Camellia kucha and C. ptilophylla. International Journal of Food Science
and Technology 2012, 47, 1063–1071
Li WX, Li YF, Zhai YJ, et al. Theacrine, a purine alkaloid obtained from Camellia
assamica var. kucha, attenuates restraint stress-provoked liver damage in mice. J Agric
Food Chem 2013; 61(26):6328-35.
Li, SB; Li, YF; Mao, ZF; et al. Differing chemical compositions of three teas may explain
their different effects on acute blood pressure in spontaneously hypertensive rats. J Sci
Food Agric 2015; 95: 1236–1242
Kuhman, D.; Joyner, KJ; Bloomer, RJ. Cognitive Performance and Mood Following
Ingestion of a Theacrine-Containing Dietary Supplement, Caffeine, or Placebo by Young
Men and Women. Nutrients 2015, 7, 9618–9632; doi:10.3390/nu7115484
Tsoi, B; Yi, RN; Cao, KF; et al. Comparing antioxidant capacity of purine alkaloids: A
new, efficient trio for screening and discovering potential antioxidants in vitro and in vivo.
Food Chemistry 176 (2015) 411–419
Clewell, A. Hirka, G; Glávits, R.; et al. A 90-Day Oral Toxicological Evaluation of the
Methylurate Purine Alkaloid Theacrine. Journal of Toxicology (2016), Article ID
6206859, 17 pages. http://dx.doi.org/10.1155/2016/6206859
87
Tabela 7.1. Fator de Impacto das revistas
Em saúde consideramos que artigos que tenham fator de impacto abaixo de 4, devem ser
considerados com ressalvas, tendo em vista que são revistas de menor circulação e portanto
seus autores não são muito conhecidos no meio científico, ou a produção não é tão relevante ao
ponto de conseguir ser publicada em uma revista de grande circulação.
Pela leitura de todos 11 artigos, pode-se perceber que os artigos utilizados pelo informe
técnico da indústria de suplemento tem baixo fator de impacto e o único realizado em humanos
foi publicado em uma revista que sequer é indexada pelo JCR, a leitura do artigo mostra
inúmeras possibilidades de viés e uma randomização fraca como pode ser visto no resumo da
tabela 7.1 a sequir
88
Tabela 7.2. Tipo de estudo realizado, metodologia e características
89
7.3. Avaliação da MBE
Como podemos observar pela tabela, apenas dois estudos foram feitos em humanos, sendo
um com erros metodológicos sérios, o segundo estudo (Kulman et al, 2015) foi feito em 20
dias, e apresenta um modelo experimental muito bem estruturado e planejado, no entanto seu N
é pequeno e o tempo de estudo curto, o mesmo estudo relata que existem apenas mais 2
estudos em humanos com teacrina, mas não relata as conclusões dos mesmos.
90
O restante dos estudos ou são determinações quantitativas, que não entram na nossa
avaliação, ou são estudo em ratos (D5) que não devem ser considerados como parâmetro para a
prescrição e pelo contrário, indicam que se forem a única fonte não deve ser prescrita a
conduta.
Três artigos tratam diretamente sobre teacrina, destes um é sobre dosagem do produto em
plantas, o outro um ensaio animal e o terceiro um ensaio randomizado com duas etapas, sendo
a primeira com 9 pacientes e a segunda com 15 pacientes duplo cego com fortes evidências de
viés no processo randômico, publicado em revista sem fator de impacto.
Foram avaliados 8 estudos, sendo que um estudo tratava de avaliação in vitro, dois
estudos tratavam de dosagem do princípio ativo, 4 experimentação dose efeito em ratos e 1
ensaio clínico randomizado de menor qualidade, realizado com 20 voluntários, muito bem
estruturado e relata ser o terceiro estudo em humanos realizado até o momento.
• Considerações Finais
Existe apenas um estudo analisado com grau de evidência 2B, ou seja: Estudo que
recomenda a ação e que por conta deste estudo podem ser encontradas evidências importantes
no desfecho.
Pode-se pensar que a conclusão seria de que há benefício na escolha da ação em relação aos
riscos do dano, mas a existência de uma única evidências razoáveis para apoiar a
recomendação, e tendo em vista o fato de que o restante dos estudos que podem ser avaliados
91
foram feitos com animais, que nos leva a 5 estudos com o nível 5 que é classificado como
estudo inconclusivo. Estes estudos são considerados de pobre qualidade e existem fortes
evidências para descartar a recomendação neste caso.
Esta seria no momento a conduta recomendada tendo em vista que sequer sabemos o
custo benefício do princípio ativo e as possíveis interações que doses elevadas podem causar
na epigenética do indivíduo que faz uso do mesmo.
A nutrição é uma ciência nova e em evidência, mas nossa credibilidade deve ser pautada
em condutas conscientes e baseadas em ciência e comprovação, não em modismos, acho
inocente e de certa forma manipulados os profissionais que acham que uma única substância
(ou um pequeno grupo delas) dará conta de "salvar" ou atuar sobre determinadas situações
metabólicas, e se isso acontecer, não estamos tratando a causa e sim o sintoma, e neste sentido
condenamos o indivíduo a tomar determinado tipo de medicamento e suplemento para o resto
da vida...
A prática de “Nutricionismo”está cada dia mais corrente, principalmente entre os que tem
pouco conhecimento técnico, mas em um mundo tão competitivo ao final deste estudo fica
uma pergunta:
92
8. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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