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LITERATURA ODEPÓRICA:

OS RELATOS DE ANDRÉ THEVET ACERCA DO IMAGINÁRIO DAS AMAZONAS


BRASILEIRAS DO SÉCULO XVI

Paula Milena Magalhães Miranda¹

Resumo
O objetivo principal deste projeto é analisar um caso específico dos relatos de André
Thevet em sua obra As singularidades da França Antártica de 1558, no qual o viajante narra
características de um grupo guerrilheiro de mulheres nativas da Amazônia. Ao investigar e
propor a redescoberta das narrativas pretende-se contribuir para os estudos coloniais e, desta
forma, provocar o diálogo entre história e literatura. Para Lucinéia Rinaldi (2007, p. 17), foram
muitos os “aprendizes deslumbrados”, sendo os cronistas os árbitros entre a narrativa e o espaço,
além de ilustradores encarregados de contar descritivamente sobre o povo e a terra.
No período de globalização do século XVI, a expansão ultramarina internacional
encarnava o desejo de superação dos perigos reais e imaginários dos mares, que marcada por
uma Europa deficiente de recursos, simbolizava aceitar duas probabilidades, viver ou morrer,
enquanto perpetuadores da fé cristã e fantasistas por desejar encontrar algo que jamais viram. De
acordo com Janice Theodoro (1987, p. 39), aprimoravam-se conforme acumulavam as suas
experiências de viagens, tornando os mapas e diários, principais mediadores entre a figuração e
ilustração da imaginação do navegante.
A literatura Odepórica ou, de viagem, é um gênero que retrata a perspectiva dos relatos
de viajantes enquanto narrativas pessoais. Permitindo assim, em alguns casos, que o historiador
interceda e problematize a respeito destes relatos enquanto fontes documentais, investigando os
testemunhos do passado e conhecendo o universo cultural do viajante (SCHEMES, 2015, p. 1).
A perspectiva histórica enriqueceu ao longo do tempo o ensaio das dimensões culturais
no qual determinada narrativa literária ilustra a sua época, considerando que, a literatura é uma
das manifestações favorecidas por transitar entre os imaginários sociais de períodos passados. O
imaginário é, portanto, fruto das representações que conseguem sustentar as duas vertentes de

¹ UEMASUL – Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão; Acadêmica de


História Licenciatura; milena.mirandaa@hotmail.com.
compreensão do mundo, a cientificidade e a sensibilidade, retratando e cedendo a realidade, mas
sem torná-la sua, mantendo nela apenas a sua representação (PESAVENTO, 2006, p. 2).
O cenário favorece a descrição das figuras relatadas com o sentimento extasiado, sempre
com detalhes meticulosos, principalmente quando se trata de elementos exteriores que
simbolizam a natureza e fazem deles elementos vivos (FIGUEIREDO, 2001, p. 156). Como
guerreiras solitárias, muitas foram as características narradas sobre a sua existência (DEL
PRIORE, 2016, p. 39), e talvez, poucos foram os viajantes que passaram pelas terras
desconhecidas da Amazônia e puderam observá-las.
O monge Thevet, reputado como o narrador de inverdades e inventor de histórias, como
um viajante do seu tempo, as descreve de forma mais próxima da realidade indígena da época,
mesmo que, limitado a tornar exótico tudo o que captasse (RINALDI, 2007, p. 26). Enquanto a
conotação de Amazonas, é importante atentar-se à volta do pensamento clássico logo após o
Renascimento, que enaltecia antigos mitos gregos, tencionando algumas das abordagens quanto a
percepção cultural não existente sob os povos nativos da região.
Portanto, não cabe a esta análise validar ou não a existência dessa comunidade matriarcal,
e sim investigar os detalhes de um mundo que embora novo, era reflexo da formação social
existente de um povo que a milênios se estabeleceu nessa região. E, ainda que não tenham sido
encontrados vestígios humanos destas mulheres, não quer dizer necessariamente que elas não
tenham existido.
Referências
FIGUEIREDO, Carmem Lúcia Negreiros de. O romance e a invenção da paisagem brasileira: o
caso de Iracema. In: NEGREIROS, Carmem; ALVES, Ida; LEMOS, Masé (Org). Literatura e
Paisagem em Diálogo. Rio de Janeiro: Edições Makunaima, 2012.

PESAVENTO, Sandra Jatahy. História & Literatura: uma velha-nova história. Revista Nuevo
Mundo Mundos Nuevos, 2006. Disponível em:< https://nuevomundo.revues.org/1560>. Acesso
em: 13 de nov. de 2017.

PRIORE, Mary del. História da Gente Brasileira, vol. I: Colônia. São Paulo: Editora Leya,
2016.
RINALDI, Lucinéia. Cronista de Viagem e Viajantes Cronistas: O Pêndulo da
Representação no Brasil Colonial. 2007. 107p. Dissertação (Mestrado) - Universidade de São
Paulo, Programa de Pós-Graduação em Literatura Brasileira, São Paulo, 2013.

SCHEMES, Elisa Freitas. A literatura de viagem como gênero literário e como fonte de
pesquisa, 2015. Disponível em:<
http://www.snh2015.anpuh.org/resources/anais/39/1439245917_ARQUIVO_2.ARTIGOANPUH201
5Elisa-Final.pdf> Acesso em: 13 de nov. de 2017.

THEODORO, Janice. Descobrimentos e colonização. São Paulo: Editora Ática, 1987.

THEVET, André. As singularidades da França Antártica. Belo Horizonte/São Paulo:


Itatiaia/EDUSP, 1978.

Palavras-Chave: Fontes históricas, Literatura, Imaginário e Amazonas.


Eixos temáticos: Arte, Literatura e Poesia

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