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São Paulo
2006
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R427p Requena, Wendie A. Piccinini
O Papel do APL de Jóias e Bijuterias no
Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP / Wendie A.
Piccinini Requena – São Paulo, 2006.
162f. : il. ; 30 cm.
CDD 711
WENDIE APARECIDA PICCININI REQUENA
Dissertação apresentada à
Universidade Presbiteriana Mackenzie
como requisito para obtenção do título
de Mestre em Arquitetura e Urbanismo.
BANCA EXAMINADORA
Em especial:
A minha orientadora, professora Dra. Gilda Collet Bruna, pela dedicação, auxílio e
inestimável transmissão de conhecimentos em todas as etapas desta dissertação.
Ao meu pai, Loise, velhinho e preguiçoso, e a minha mãe, Odete (in memóriam), por
terem me ensinado o valor do conhecimento.
Ao meu irmão, Wade (in memoriam), por ter me mostrado o universo da arquitetura.
Aos professores Dra. Angélica Tanus Benatti Alvim e Dr. Eduardo Trani, pelas
contribuições dadas no exame de qualificação.
Aos amigos:
“(...) – vamos supor que o seu anjo não possa aparecer para avisá-lo, pois
seria contra as regras angelicais. Mas que fosse permitido utilizar disfarces
para interferir em seu caminho – (...)”(LOPES, 2003, p.53).
Juliana Marques e Paula Jorge Vendramini, pelas freqüentes discussões sobre o tema
e pelo importante auxílio na edição final desta dissertação.
Alberto Llinares, irmão por excelência, por emprestar sua capacidade na elaboração
da sobrecapa e divisão de capítulos.
A professora Vólia R. Costa Kato, a Élida Zuffo, e a Juliana Dalbello pelo apoio, dicas
e estímulo constante em diversos momentos.
The Objective of this dissertation is to comprehend the role of the jewel and jewelry
Productive Arrangement in the urban development in the city of Limeira, in the State of
São Paulo. Thus, in the foreground, the concepts of the Local Productive
Arrangements and its economical advantages, are approached, as well as the
organization in the space. Environmental problems resulting from the implanted
industrial practices and their main impacts in the environment are also observed.
The development process in the countryside in the State of São Paulo, the concept of
sustainable development, the region defined by the hydrographical basin and the
municipal planning and management were focused and situated in the context.
After that, the Jewel and jewelry segment of Limeira is analized, focusing its social,
economical and labor generators characteristics, its localization in the urban area, the
current public politics and its relation to the social-environmental development as well.
Introdução ___________________________________________________ 10
Capítulo 1: Quadro Teórico Conceitual _____________________________ 17
1.1 Concentração Geográfica de Empresas: Fatores de Localização __________ 18
1.2 Arranjos Produtivos Locais (APLs) _________________________________ 29
1.3 Características Econômicas do Desenvolvimento______________________ 39
1.4 Características do Desenvolvimento Sustentável ______________________ 41
Capítulo 2: A Interiorização do Desenvolvimento no Estado de São Paulo __ 53
2.1 A Regionalização do Estado de São Paulo entre 1967 e 1988 ____________ 55
2.2 Regiões Administrativas, Regiões de Governo e a Bacia Hidrográfica como
Região de Planejamento_________________________________________ 58
2.3 A Região e o Desenvolvimento Sustentável __________________________ 63
Capítulo 3: O segmento de Jóias e Bijuterias_________________________ 65
3.1 Caracterização do APL de Jóias e Bijuterias do Município de Limeira ______ 70
3.2 Vantagens e Desvantagens do APL para o desenvolvimento Urbano_______ 82
Capítulo 4: O Município de Limeira ________________________________ 89
4.1 Características de Desenvolvimento ________________________________ 90
4.2 Características Gerais do Município de Limeira ______________________ 101
Capítulo 5: Conclusões ________________________________________ 141
Bibliografia __________________________________________________ 155
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Introdução
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Segundo Lessa1 os APLs são sistemas de produção que estão enraizados num local a
partir de vantagens competitivas que essa localização oferece, destacando-se ações
cooperadas e facilidades recíprocas no aperfeiçoamento do conhecimento técnico.
1
Carlos Lessa em discurso no seminário nacional sobre APL, 2004.
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Hélio Barbosa Hissa2 (2003) em seu artigo intitulado “Distritos Industriais (ou Clusters)
como estratégia de desenvolvimento econômico local para o Brasil” cita o conceito de
“Distrito Industrial” descrito por Marshall em 1890, para caracterizar as pequenas e
médias empresas localizadas ao redor de grandes indústrias nos subúrbios das
cidades inglesas. Dessa forma, podem-se dizer que Distritos Indústrias Ingleses eram
constituídos por aglomerações de grandes, pequenas e médias empresas inter-
relacionadas em microrregiões geográficas, produzindo bens em larga escala, tanto
para o mercado interno como para o mercado externo.
2
Hélio Barbosa Hissa é Mestre em Economia Empresarial em Planejamento e Desenvolvimento
Econômico pela UFC – CAEN.
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Todos esses benefícios adquiridos pelas pequenas e micro empresas, nos “Distritos
Industriais Ingleses”, Marshall (1982) denominou de “Economias Externas”.
Após todas estas abordagens, entende-se que nem toda a concentração de empresas
constitui um APL, necessitando para tanto a presença de economias externas assim
como de internas, deste modo optou-se pela definição do SEBRAE para se adotar
neste trabalho.
Através de Porter (apud Machado, 2003) ainda dentro deste quadro técnico conceitual,
estudam-se economias de escala, ou seja, a relação entre custos fixos e custos
variáveis. As ofertas de matéria-prima e infra-estrutura, citadas anteriormente, são
condicionantes que podem reduzir os custos variáveis da empresa, embora não sejam
suficientes para o surgimento de um APL. Se não houver economias de escala no
processo produtivo, as empresas vão se concentrar próximas à demanda, refletindo o
cenário das Metrópoles.
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Outros dados básicos foram fornecidos tanto pelo Plano Diretor do Município de
Limeira, lei complementar no. 199 de 11 de setembro de 1998 como pelo seu Caderno
de Diagnóstico, complementando informações e dados sobre a cidade, legislações e
políticas em vigor. Estas fontes de informações foram muito importantes,
considerando-se que este segmento, ainda é pouco conhecido e estudado.
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Os seres humanos sempre supriram suas necessidades com recursos locais. Com o
tempo tanto as necessidades como os costumes foram diversificando-se, desta forma
os produtores tiveram oportunidade de suprir as necessidades dos consumidores fora
da esfera local, atendendo até mesmo aqueles com os quais tinham poucos meios de
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Num primeiro momento muitas causas levam à localização de uma ou mais indústrias,
num determinado local, mas as condições físicas, climáticas, e a existência de
matéria-prima nas proximidades ou um acesso fácil, seja por terra ou por mar,
costumam ser fatores determinantes.
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Todos estes benefícios adquiridos pelas pequenas e micro empresas nos distritos
industriais ingleses, foram denominados por Marshall como “economias externas”,
sendo apontadas como a principal causa do grande desenvolvimento sócio-econômico
alcançado pela Inglaterra no século XIX.
Shimitz (apud MACHADO, 2003, p.10) afirma que “o agrupamento de empresas abre
oportunidades para ganhos de eficiência que os produtores individuais raramente
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Na América Latina, estas redes baseadas em modelos europeus, vêm aparecer como
alternativa local para vencer os resultados negativos da globalização econômica.
Economias Externas
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Machado (2003) cita o trabalho de alguns autores, dando ênfase à importância dos
aspectos relacionados a economias tecnológicas como fatores de localização de
empresas. Citando Marshall comenta a influência das condições físicas e a facilidade
de acesso como determinantes da concentração física de um determinado tipo de
indústria numa região. Através de Lösch afirma que a concentração geográfica de
empresas se origina na oposição de duas forças: economias de escala e custos de
transportes. As economias de escala, ou seja, a relação entre custos fixos e custos
variáveis, age no sentido de concentrar as empresas. Quanto maior for a economia de
escala, maiores as reduções de custo, estimulando a concentração das atividades
produtivas. Deste modo, uma redução nos custos de transporte, leva a um aumento
das economias de escala e conseqüentemente, um aumento neste tipo de
concentração. Já Isard, segundo Machado (2003) adiciona o custo de transporte à
produção clássica, enquanto Richardson considera os insumos de transportes
similares a taxas de juros, onde o transporte representa o desconto em relação ao
espaço e os juros em relação ao tempo, e Von Thünen analisa no início do século XIX
a localização das atividades agrícolas em relação ao mercado consumidor, com o
objetivo de se atingir o máximo rendimento da terra. Neste modelo a análise é a
função entre a distancia do mercado consumidor e o centro produtor, definido pela
fórmula:
R = (P-C) – TxD
Onde:
3
Gilda Collet Bruna é líder da pesquisa intitulada: Estrutura Urbana e Arranjos Produtivos Locais:
identificação e análise das relações entre processos sociais, efeitos, efeitos espaciais e políticas urbanas
através de estudo dos casos das cidades de Franca e Limeira, no Estado de São Paulo. Essa pesquisa
tem o apoio do fundo Mackenzie de pesquisa – Mackpesquisa e a participação dos profs. Roberto Righ,
Angélica Benatti Alvim, Luiz Guilherme de Castro e Volia Regina da Costa Kato, das mestres Juliana Di
Cesare Margini Marques e Paula Jorge Vendramini, da mestranda Wendie A. P. Requena e da graduanda
Juliana Dalbello.
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Na seqüência, Machado cita Weber (2000 apud MACHADO, 2003) que traz como
base do modelo a minimização de custo, estabelecendo o conceito de fator locacional
como sendo a economia de custo que a indústria obtém com a sua localização. O
autor analisa fatores gerais, distinguindo-os em fatores regionais e fatores
aglomerativos. Os fatores regionais justificam a escolha entre regiões e os
aglomerativos, explicam a aglomeração ou dispersão de indústrias em uma região;
apresenta modelo de análise comparativa entre os custos de transporte e os custos de
mão de obra.
Na interpretação de Machado (2003), este autor faz uma proporção entre dois
indicadores: Índice Material e Peso Locacional.
O índice de Material é obtido pelo coeficiente entre o peso da matéria prima localizada
e o peso do produto final a partir do tipo da matéria-prima utilizada, ou seja, as
ubiqüidades, que podem ser encontradas em qualquer lugar e as matérias primas
localizadas, encontradas apenas em lugares específicos e do peso do produto final.
Deste modo:
Onde:
IM = Índice Material
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Peso Locacional é a razão entre o peso total a ser transportado e o peso do produto
final. O peso total a ser transportado é a soma do peso das matérias-primas
localizadas mais o peso do produto final.
IC = Cmo / Ppf
Onde:
IC = Custo de mão-de-obra
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industrial é produto de um processo histórico que não é nem facilmente imitável nem
alterável (SAXENIAN, apud MARQUES, 2005, p.78)”.
Esta abordagem vista como exemplo de eficiência coletiva aponta também que a
identificação sócio-cultural entre os diversos produtores é essencial para estimular a
cooperação entre as firmas. A confiança em que as empresas possuem entre si ajuda
a equacionar o fator cooperação-concorrência dentro de um Arranjo Produtivo Local.
4
Este comentário surgiu em entrevistas realizadas em Limeira, a princípio em julho/2005, com Sr.
Dionísio J. Gava Jr., diretor adjunto do SINDJÓIAS e posteriormente em outubro/2005 com prestadores
de serviço informais.
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Porter (apud MACHADO, 2003), observa o papel do governo em relação aos APLs,
sendo tão ou mais importante que o governo federal. Embora o governo não tenha
competência para atuar diretamente nos mercados, Porter identifica cinco categorias
básicas para o papel do governo: manter a estabilidade macroeconômica; garantir a
produtividade dos insumos básicos e infra-estrutura, definir regras gerais
microeconômicas garantindo o direto dos consumidores, exercer o papel de facilitador
tendo como objetivo “o reforço de todos os aglomerados sem estabelecer
preferências”, e desenvolver um programa de ação em longo prazo, positivo e
diferenciado.
Economias Internas
As economias internas são vistas como variáveis com ampla literatura na área
econômica, pois dependem das decisões empresariais, podendo ter origem no
mercado, na tecnologia assim como na organização social ou na produção. No caso
deste estudo, onde o interesse está mais voltado para os fatores relativos à
concentração geográfica de empresas, cita-se Krugman, Porter e Schimtz (apud
MACHADO, 2003).
Krugman (apud MACHADO, 2003) afirma baseado nos conceitos de Marshall, que a
concentração geográfica de empresas tem origem na somatória de retornos
crescentes, custos de transportes e demanda, observando a reciprocidade entre
economias de escala internas e demanda elástica, o que estimula as economias
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externas. Demanda elástica pode ser entendida como uma demanda do produto em
função de uma redução do preço. Assim sendo, se existe uma economia de escala
bastante grande, os produtores querem servir os mercados geograficamente extensos
a partir de um determinado centro, o que só é viável com baixos custos variáveis;
entre eles custos de transporte permitindo alcançar localidades mais distantes. Uma
outra fonte de economia interna nas empresas é a interação entre cooperação e
competição que ocorre nos APLs, existindo espaço para cooperação em fases pré-
competitivas ou entre fornecedores, elevando o grau de eficiência interno.
Como já foi citado anteriormente, Porter (apud MACHADO, 2003) destaca a estratégia
das empresas, em seu modelo “Diamante” de competitividade. Um aspecto importante
de ser ressaltado é que Porter é enfático na defesa da competitividade, contrapondo-
se a raciocínios que sugerem que a competição possa levar ä duplicação de esforços
dificultando economias de escala. Porter também se mostra contrário ä concessão de
subsídios estatais. Segundo o autor a concessão de subsídios gera monopólios,
exemplificando com o setor aeroespacial e de telecomunicações nos EUA.
Deste modo, estas ações podem ser de dois tipos: cooperação bilateral e multilateral.
Cooperação Bilateral ocorre entre empresas individuais, podendo ser exemplificada
como relações formais ou informais, pela troca de conhecimento, tecnologia,
desenvolvimento conjunto; até mesmo relações de longo prazo entre cliente e
fornecedor, já a Cooperação Multilateral ocorre quando grupos de firmas aglutinam
forças em associações de negócios ou consórcios de produção, podendo ser
exemplificado por um sindicato de uma associação de produtores, uma cooperativa de
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Nesta reflexão é interessante observar que o conceito de eficiência coletiva não nega
a existência de competição entre as empresas de um aglomerado.
Diversos tipos de fatores foram apontados até agora, objetivando compreender melhor
a concentração espacial de empresas, embora nem toda concentração espacial de
empresas possa ser traduzida em APL.
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Vantagens
Competitivas
Mercado Competição
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entrando em ascensão. Com esse aumento de produção uma série de fatores ligados
à infra-estrutura desta cadeia produtiva tem sua demanda aumentada, aumentando
também a demanda por serviço na região em escala operacional maior, levando à
mudanças quantitativas e qualitativas na estrutura de serviços locais.
Deste modo, a hipótese básica para a origem de um APL, seria caracterizada pelas
seguintes condições: concentração espacial de bem ou produto exportável para outras
regiões; localização como fonte de vantagens competitivas; atração de empresas ou
sub unidades de empresas, crescimento das empresas já instaladas; conhecimento
tácito como fundamental para as empresas especializadas locais; acesso facilitado
para ativos; serviços ou bens públicos complementares importantes para as empresas
locais; cooperação multilateral institucionalizada e a localização novamente, desta vez
exercendo papel fundamental à mercadológica das empresas do setor (SANTOS et al,
2004).
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Entretanto nesta pesquisa não se optou por uma abordagem preferencial, deste modo,
conceitos sobre vários aspectos das atividades produtivas que determinam
aglomerações no território foram abordados.
Assim sendo o estudo destas áreas produtivas, abordadas através dos APLs, também
pode receber outros enfoques e consequentemente outras denominações, de acordo
com as características de sinergia das empresas participantes, como, por exemplo,
Loteamentos Industriais, Distritos ou Parques Industriais, Conglomerados Industriais,
Clusters ou Sistemas Produtivos Locais. Muitas destas áreas nasceram como
resultado da instalação de empresas de pequeno e médio porte num determinado
local, ou ainda, como parte de um programa de planejamento do poder público como
Parques Tecnológicos ou Tecnopólos.
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Iniciativas no sentido de promover arranjos produtivos podem ser vistas não só nos
países desenvolvidos, mas também em países em desenvolvimento, no entanto a
maioria deles “Clusters” é voltada para o setor de alta tecnologia chegando até a se
tornarem paradigmas. As primeiras experiências surgiram entre as décadas de 60 e 70
nos Estados Unidos e na Inglaterra, podendo-se citar como exemplos mais notáveis o
Vale do Silício (EUA), através de um grupo de alta tecnologia; Route 128 – Boston
(EUA), também através de alta tecnologia voltada para o setor de eletrônicos; Sophia
Antipolis (FRA) com sua importância justificada a partir do impacto regional e urbano
em função da ampla participação e intervenção do governo; e Cambridge Área (ING),
através do idealismo de uma universidade de primeira linha (MARQUES, 2005).
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Economia de Escala
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As economias de escala são determinadas pela relação entre custos fixos e custos
variáveis.
custos fixos
economias de escala
custos variáveis
Analisando-se, por exemplo, a relação entre o custo fixo de uma empresa e o seu
custo de transporte, este calculado a partir da diferença entre o custo de transporte da
matéria e do produto acabado, observa-se que quanto menor o custo de transporte
maior a economia de escala, e maior também a tendência à concentração de
empresas de um determinado segmento em um mesmo local. Deste modo conclui-se
que a teoria da redução de custos de transportes contribuiria para reforçar as
vantagens de localização concentrada, vindo de encontro com a proposta de
Krugmam de que os segmentos que tem a tendência à concentração geográfica,
devem apresentar economias de escala.
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Nascimento/ Embrionário
Crescimento
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Esta entrevista foi concedida para a equipe de pesquisa liderada pela prof. Gilda Collet Bruna para a
pesquisa intitulada: Estrutura Urbana e Arranjos Produtivos Locais:identificação e análise das relações
entre processos sociais, efeitos espaciais e políticas urbanas através de estudo dos casos de Franca e
Limeira, no Estado de São Paulo, desenvolvida entre 2005 e 2006. O Sr. Dionísio Gava Jr. além de
empresário do setor é diretor adjunto do SINDJÓIAS Limeira.
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Maturidade
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Nesta fase, pode-se tomar como exemplo o Vale dos Sinos, Schimitz (apud
MACHADO, 2003) observa que nesta fase o APL começou a competir no mercado
externo. As exportações vieram tanto de contatos firmados por importadores que
reconheceram as vantagens de comprar de empresas pertencentes a um APL como
da ação coletiva para buscar pedidos externos, havendo também uma política de
incentivo às exportações dos governos Federal e Estadual. O tamanho das empresas
aumentou nesse período, sendo que 50 empresas tinham mais de 500 empregados, e
algumas delas mais de 1.000.
Pós-Maturidade
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Através deste conceito pode-se concluir que o desenvolvimento de uma região está
associado a fontes de demanda primária, que não restringem a capacidade de gastos
dos residentes ou do governo regional, ou seja, as atividades de exportação
sustentando a renda de uma região. Entretanto fatores que produzem grandes
externalidades têm efeitos parecidos com o das exportações, como gastos públicos de
governos ou investimentos externos sem retorno8, por serem fontes de demanda
autônoma que não reduzem a capacidade de gastos líquidos de uma região, como por
exemplo, cidades planejadas que não tiveram o seu crescimento sustentado por
exportações, mas pela expansão de gastos públicos, como o caso de Belo Horizonte e
8
Investimentos externos sem retorno são aqueles de outras regiões que vão para uma região e que
nunca retornam na forma de lucros e juros. Ex. investimentos de imigrantes, setor público de esfera
superior, investimentos e financiamentos a fundo perdidos, relocalização de sede de empresas (SANTOS,
et al 2004).
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Brasília, o mesmo pode ser exemplificado por regiões que têm o crescimento
sustentado por expansão imobiliária ou imigração (SANTOS, et al 2004), ou ainda a
implantação de grandes obras de infra-estrutura, como hidrovias ou obras de geração
hidroelétrica, dinamizando regiões inóspitas, alterando não só a paisagem, como as
condições iniciais da urbanização (KAHTOUNI, 2005), assim como a presença de
empresas de mineração ou extrativas de grande porte.
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Nos anos 1970, a questão ecológica, promove uma série de encontros, seminários e
congressos com o objetivo de discutir mundialmente as questões ambientais.
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O Clube de Roma foi criado em 1968 na Academia de Lincei , em Roma reuniu intelectuais e
empresários de diversos locais fundando um organização informalpara o estudo dos dilemas atuais e
futuros da humanidade (MEADOWS, 1974).
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Foi ainda em 1972, durante a “Conferência das Nações Unidas para o Ambiente
Humano”, em Estocolmo, que se falou pela primeira vez em Meio Ambiente saudável,
como um direito da população dando origem a princípios inovadores para a época.
(VENDRAMINI, 2005).
Alvim (2003) acrescenta ainda, que este foi o primeiro encontro internacional que
abordou temas centrais, sobre crescimento econômico, desenvolvimento e proteção
ambiental, iniciando-se um novo paradigma de desenvolvimento.
Durante esta Conferência duas opções opostas foram assumidas, uma representada
pelos que previam abundância e consideravam que preocupações como meio
ambiente eram descabidas, implicando num atraso dos países em desenvolvimento
em relação aos desenvolvidos. Esta posição priorizava a aceleração do crescimento
considerando que as externalidades negativas produzidas nesse processo fossem
neutralizadas posteriormente através de soluções técnicas que garantiriam a
continuidade do progresso das sociedades humanas. A outra corrente, representando
os pessimistas, anunciavam o apocalipse em conseqüência do crescimento
demográfico e econômico, ou consumo, se esse não fosse imediatamente estagnado,
prevendo o desaparecimento da humanidade em conseqüência da escassez de
recursos e pelo efeito destrutivo da poluição (SACHS, 2000).
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Deste modo, o Brasil passou a sofrer pressões para que se adotasse uma atitude de
preservação ao meio ambiente, e em resposta a essa questão diplomática cria em
1973 a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), ligadas ao governo Federal
(MILARÉ, 2004 apud VENDRAMINI, 2005).
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próximos ao limite que o meio ambiente pode suportar (VENDRAMINI, 2005; ALVIM,
2003).
Este relatório serviu para a preparação da Conferência das Nações Unidas para o
Meio Ambiente e Desenvolvimento – CNUMDA, ou “Grande Encontro da Terra”,
realizada no Rio de Janeiro em 1992. Esse evento contou com representantes de180
países, incluído 105 chefes de Estado. Simultaneamente realizou-se também o Fórum
Global das Nações não Governamentais – ONGs, reunindo 4000 entidades da
sociedade civil. Esses eventos foram denominados popularmente de ECO’92.
Diversos documentos foram assinados neste encontro, sendo o mais importante a
Agenda 21, transformada em Programa 21 pela ONU. Tratando-se de um plano de
ação visando objetivos de um desenvolvimento sustentável, através de planos de
intenção cuja implementação está condicionada a decisões políticas de governantes e
da sociedade, podendo estar vinculada a agendas nacionais, regionais e locais.
(ALVIM, 2003).
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Posteriormente em 2001, foi aprovado o Estatuto da Cidade através da lei no. 10257 /
2001 que Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal estabelece
diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências.
Deste modo, a elaboração de um Plano Diretor e sua gestão, precisa focalizar também
às questões de preservação do meio ambiente, propondo controlar o uso e ocupação
do solo em determinadas áreas especiais para a manutenção e proteção da
biodiversidade, como também controlar a qualidade do ambiente construído.
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de jóias e folhados se torna mais intensa. Hoje, praticamente toda a cadeia produtiva
está instalada no município, como máquinas e equipamentos, galvanoplastia,
montagem, solda, usinagem e insumos químicos para banhos galvânicos (ALVIM,
KATO, BRUNA, 2005).
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Dado obtido em entrevista com Sr. Lázaro Gilberto Vazques, diretor da Secretaria de Desenvolvimento
da Prefeitura Municipal de Limeira, em 01/07/2005 em Limeira.
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Desde os anos 50, já se observa uma preocupação do Estado com sua organização
regional para fins políticos administrativos. (ALVIM, 1996), embora a escala municipal
sempre tenha prevalecido como unidade efetiva de gestão e planejamento.
Deste modo as cidades médias, passam a fazer o papel de elo urbano-regional, que
segundo Steinberg e Bruna (2001, apud Braga, 2005) “lhes confere o papel de núcleos
estratégicos , da rede urbana brasileira, na medida em que congregam as vantagens
de estar aglomerado no espaço urbano e a possibilidade de estarem articuladas a um
espaço regional”.
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No início dos anos de 1970, o governo do Estado de São Paulo tinha uma estratégia
desenvolvimentista, levando à formação de Pólos de Desenvolvimento Econômicos,
destacando-se alguns municípios que se caracterizavam pela concentração de
indústrias.
Naquela ocasião (ALVIM, 1996) observam-se vários Distritos Industriais nestes pólos,
dentro da expectativa de incentivo à desconcentração industrial da grande São Paulo
à medida que as indústrias procuravam áreas em que pudessem se expandir, posto
que, o zoneamento industrial metropolitano limitava a localização industrial . Tal fato
11
Diante do intenso crescimento da população nas áreas urbanas, o Estado busca uma descentralização
administrativa, objetivando direcionar o desenvolvimento para o interior, deste modo é formado um
convênio entre a Secretaria do Planejamento do Estado de São Paulo e a Universidade de São Paulo –
USP através do Centro de Pesquisas e Estudos Urbanísticos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo –
CPEU-FAUUSP.
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Os Escritórios Regionais de Planejamento – ERPLAN foram criados na sede de cada região
Administrativa com a intenção de se tornar centros de planejamento, orientando os dirigentes regionais
quanto às questões do Estado.
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Este capítulo III é absorvido pela Constituição do Estado de São Paulo de 1989, no
Titulo IV, Municípios e Regiões, no capítulo II da organização Regional, artigos 151 a
159, ao destacar a possibilidade de divisão do território, e para tanto, definir o conceito
de Região Metropolitana, Aglomeração Urbana e Microrregiões, estas unidades
regionais, não eliminam as regiões instituídas anteriormente, mas reabrem debate
sobre assunto (ALVIM, 2003).
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Sabe-se que as ações do homem sob o meio físico sempre se refletiram tanto na
qualidade, como na quantidade da água disponível. A importância da água em um
território é indiscutível, representando ao lado da energia solar condição essencial
para a vida na terra (ALVIM, 2003).
A partir de 1990 a bacia hidrográfica é adotada como unidade de gestão, onde uma
região é definida tendo como referência, não só o recurso água, como também o
território que ela envolve como sustentação dos elementos naturais de uma
comunidade. Sob este aspecto, a bacia sendo um sistema hídrico compartilhado entre
seus habitantes, determina esta sociedade, independente de uma delimitação político-
administrativa.
Com relação à constituição federal de1988 citada anteriormente, esta não enfatizava a
água, entretanto, não deixava de ser centralizadora, reservando esta questão para a
União, no entanto poderia autorizar os Estados a legislar em seu território, prevendo
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Deste modo, dentro desta legislação, mais precisamente a partir do art. 21 (ALVIM,
2003) é definido o SIGRH, os órgãos consultivos e deliberativos que o compõe, e o
sistema que lhe dá o apoio financeiro, sendo ainda instituídos o Conselho Estadual de
Recursos Hídricos (CRH) de caráter consultivo e os Comitês de Bacias Hidrográficas
(CBHs) de caráter deliberativo e consultivo (ALVIM, 2003; REDE DAS ÁGUAS, 2006),
no âmbito de cada bacia hidrográfica. Esta lei estabelece ainda em seu artigo 27 o
apoio do Comitê Coordenador do Plano Estadual de Recursos Hídricos (CORHI),
coordenando a elaboração periódica do Plano Estadual de Recursos Hídricos, onde se
incorporam propostas dos Comitês de Bacias Hidrográficas (CBHs), submetidas ao
Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CRH), devendo os relatórios anuais sobre a
situação dos recursos hídricos no Estado serem elaborados por bacia hidrográfica
havendo integração entre os componentes do SIGRH, uma articulação com os demais
sistemas do Estado , sociedade civil, Estados vizinhos e com os municípios do Estado
de São Paulo.
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Hídricos de 1997 (ALVIM, 2003), como tem evoluído consideravelmente nos últimos
30 anos, enfatizando a gestão do uso múltiplo da água, ou seja, uso agrícola,
industrial, habitacional, energia, incorporando o manejo da qualidade dos recursos às
considerações ambientais e territoriais.
Na gestão do governador Mário Covas em 1995 (ALVIM, 2003) uma nova proposta de
regionalização foi discutida na Secretaria Estadual do Planejamento – SEP, em
conjunto com a Fundação de Pesquisa Ambiental da Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade de São Paulo (FUPAM – FAUUSP), propondo uma divisão
do Estado em 22 regiões, definidas, desta vez, considerando, além das relações
socioeconômicas, os aspectos ambientais e, em especial, os recursos hídricos,
procurando dar uma dimensão ambiental às políticas de desenvolvimento regional.
Deste modo, originou o relatório: “Proposta para a divisão do Estado em regiões sócio-
ambientais e sua gestão”. A idéia da nova regionalização proposta pela FUPAM era
incorporar essa vertente ambiental aos aspectos socioeconômicos que até então não
foram considerados de fato.
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Entende-se, portanto que os comitês de bacias são colegiados instituídos por lei,
portanto, todos são iguais e com as mesmas responsabilidades, assegurando uma
gestão participativa e integrada da água, e atuando na área de sua unidade de
gerenciamento, ou seja, na sua bacia. Uma das principais atribuições dos CHBs é
aprovar o Plano de Bacias, onde são definidas as propostas de utilização de recursos
financeiros, além das ações voltadas à integração entre usuários das águas,
manutenção e recuperação de recursos hídricos. Para tal, cada comitê tem seu próprio
estatuto, definindo regras e procedimentos para a realização das assembléias
deliberativas, formas de participação, eleições e competências (REDE DAS ÁGUAS,
2006).
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Como se observa das condições anteriores, a lógica da localização industrial teve forte
viés no estado de São Paulo influenciando diretamente no desenvolvimento urbano e
regional.
Se por um lado na década de 1970 os pólos eram identificados por questões político-
administrativas, por outro lado eram alvos de concentração de indústrias advindas da
capital. Diversos municípios foram favorecidos pela política de descentralização
urbana regional , constituída pelo governo do Estado em meados de 1970.
Além disto, problemas relativos aos processos produtivos tinham sido detectados, tais
como poluição das águas, ar e solo, ocupação de mangues,varzeas e áreas de
preservação e proteção ambiental. Ou seja, ausencia de desenvolvimento sustentável.
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Suzigan et al, (2002), apontam que recentemente diversos municípios do interior têm
apresentado melhor desempenho do que outros em função da concentração de
determinados setores produtivos. Tal fato indica um novo direcionamento da lógica de
localização industrial: se nos anos de 1970 a indústria se apoiava em políticas de
cunho estadual e regional, atualmente fatores de localização das indústrias em
determinado território, muitas vezes associa-se a existência de empresas de uma
mesma cadeia produtiva. E o o desenvolvimento neste caso, já não evidencia a
unidade regional e sim o território municipal.
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Não está muito claro, porque este segmento industrial acabou se concentrando em
Limeira, estando estas indústrias, antes concentradas em São José do Rio Preto (SP),
Caxias do Sul (RS) e Guaporé (RS), nem porque numa determinada época sete
empresas de Guaporé se deslocam para Limeira e algumas de Minas fazem o mesmo,
atraindo posteriormente mais 17 empresas com sede em outros estados (SAMPAIO,
2002).
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Entrevista concedida à equipe do Mackpesquisa em 01 de julho de 2005 em Limeira.
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Estes dados são para uma máquina fresadora, moldando o desenho no grafite. Este
molde vai para a máquina de eletroerosão a fio, que transfere o desenho para o aço
para fabricar a matriz da ferramenta. Esta matriz passa a seguir por um processo de
polimento mecânico e por um profissional que conclui os detalhes do modelo. Nesta
seqüência de produção as peças ganham a forma final na estamparia, onde máquinas
estão equipadas com bobinas de folhas de latão, variando de 0,70 a 0,80 milímetros
de espessura. Em seguida é feita uma avaliação do produto, verificando o que falta
para a sua finalização, como soldas ou montagens das partes da peça. O processo é
encerrado com uma limpeza.
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Material composto a partir da liga de com 30% de Zinco e 70% de cobre.
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Figuras 8 e 9: Galvanoplastia
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Ainda nesta etapa, após o banho de cobre ácido, há a possibilidade de banhar a peça
com uma camada de níquel antes da douração que finaliza o processo, diferenciando
na duração e preço final do produto, ou seja, melhor qualidade da peça.
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Prestadores de Serviço
Galvanoplastia Montagem Solda Usinagem Ferramentaria
Exportadores Catálogo
Observa-se segundo Sampaio (2002) que nesta estrutura nem toda a matéria prima é
produzida localmente e, constata-se também uma grande informalidade nas etapas
terceirizadas. Nesta pesquisa a terceirização de serviços é considerada uma prática
comum nas empresas do segmento.
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Conforme Dionísio Gava em entrevista à equipe de Pesquisa: Estrutura Urbana e Arranjos Produtivos
Locais: identificação e análise das relações entre processos sociais, efeitos espaciais e políticas urbanas
através de estudo dos casos das cidades de Franca e Limeira, no Estado de São Paulo. Em: 01/07/2005
16
Mesma entrevista anterior.
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Figura 19: Galeria Bijoux e Shopping Aliança Figura 20: Imagem interna
do Shopping Aliança
(...) as percepções são bastante divergentes, não ficando claro qual das
entidades representa um papel de coordenadora do Setor de Folheados em
17
Limeira, parece que ambas – referindo-se à ALJ e ao SINDJOIAS – não
são bem conhecidas ou solicitadas pelos empresários do ramo. Parece que
ambas as instituições estão emparelhadas em termos de poder exercido
sobre os empresários, mas ao que parece, isso divide forças,ao invés de
somá-las, e conduz a uma dispersão em termos de foco, turvando a visão em
termos de caminhos a seguir.
17
Tanto a ALJ, como o SINDJÓ IAS são associações patronais.
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Em entrevista com Dionísio Gava conforme mencionado anteriormente.
19
Esta apresentação foi fornecida em material digital a equipe do Mackenzie em visita realizada ao
município em 01/06/2005.
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Deste modo o design é um aspecto que tem merecido bastante atenção, não só das
entidades de classe como das empresas; em 2000 o SINDJÓIAS com o apoio do
SEBRAE, lança o programa “Limeira Incorpora Design”, programa este que através de
relatório considera que a terceirização extremada existente no APL, transforma o
design numa “tábua de pasteurização” e homogeneização do desgn, mesmo do
copiado (HENRIQUES; SOARES, 2005).
Observa-se, portanto que existe uma determinada infra-estrutura de suporte nas áreas
de pesquisa, ensino e fomento, deste modo, ainda no sentido de abraçar melhorias
tecnológicas e de gestão (HENRIQUES; SOARES, 2005), foram realizadas jornadas
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Além de todas estas ações nas diferentes áreas visando fortalecer o Arranjo Produtivo,
não se pode deixar de considerar a característica altamente poluente do segmento,
envolvendo grande risco para o meio ambiente e a utilização de substâncias
controladas.
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Em visita a empresa “Galvânica AZ” (figura 10), uma das 05 indústrias participantes
deste processo produtivo, conheceu-se o setor de tratamento de água utilizado no
processo de galvanoplastia , assim como o reaproveitamento de cobre ácido, e destino
final de resíduos poluentes.
20
Entrevista com josé Antonio Elias, representante da Galvânica Z em julho de 2006.
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“Os resíduos, por enquanto, são retirados por firmas especializada de São
Paulo, sendo que tanto este transporte como o destino final, são pagos pela
Galvânica,no entanto está para entrar no mercado uma empresa norte
americana que recupera e comercializa este produto, reduzindo deste
modo,não só o custo do processo para a empresa como também, deixando
de existir o resíduo poluente21” (figuras 24 a 26).
21
Seqüência da entrevista.
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O quadro abaixo, elaborado por consultores do projeto APL 2003, mostra aos agentes
produtivos do APL em Limeira os principais problemas de mercado que enfrentam,
alertando por exemplo, que a produção de folheados e bijuterias dos asiáticos em
volume gigantesco, com preços baixíssimos e qualidade cada vez maior, associada à
concorrência de pólos já instalados, como Guaporé (RS) e novos pólos como Juazeiro
(CE), não permite posicionamentos de rixas e rivalidades locais (HENRIQUES;
SOARES, 2005).
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BAIXA ESTAGNAÇÃO /
COMPETITIVIDADE REDUÇÃO DA
-O Mercado é limitado e não PERFORMANCE
sofisticado
-Responder x Buscar x Criar
-Pouca Sofisticação /
Inovação Produto
- Aumento de Oferta
- Redução da Qualidade e
INFORMALIDADE Diferenciação
-Trabalho Informal
-Salários Baixos
-Baixa Qualidade da mão-
de-obra
-Meio Ambiente
-Matéria Prima de Baixa
Qualidade
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Estes dados foram fornecidos à prof. Volia Regina Costa Kato e colocados à disposição da pesquisa
liderada pela prof. Dra. Gilda Collet Bruna, 2006, com o apoio do fundo Mackpesquisa.
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A partir desta identificação foi possível observar que tais concentrações se encontram
preferivelmente em zonas Z1 e Z2 de características diversificadas. Destacando-se
como pólo o entorno das avenidas Marechal Arthur da Costa e Silva, Jardim Glória,
Novo Horizonte e Jardim Anhanguera, (vide mapa, Setor 16), e o bairro denominado
de “Florença – Sthalberg” (Setor 20), englobando a porção do município denominada
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O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
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Jardim Maria Buchi Modeneis, que segundo o SINDJÓIAS (2005), é uma das maiores
concentrações do setor no município. Merecem destaque, também os Bairros de Nova
Suíça, à Leste do Centro e Vila Claúdia - Vila Cristovam (Setor 08) e Jd. São Benedito
(Setor 04).
Atualmente o município de Limeira conta com nove Distritos Industriais, sendo três
municipais e seis particulares. O Distrito Industrial 1 (vide figura 76, página 152), foi
projetado para ser um mini Distrito, com 90 lotes de 500m2. A área destinada a este
Distrito localiza-se em zona Z223, caracteriza parte já ocupada da cidade, consolidada,
de alto potencial de adensamento; faz divisa com uma zona Z924, que é peculiar por
ser predominantemente residencial, e com ocupação de média densidade. Entre estas
duas zonas, Z2 e Z9, há ainda uma área verde municipal não instalada.
A presença deste Distrito Industrial, que tem por alvo as Indústrias de Jóias e
Bijuterias, por um lado estaria promovendo a urbanização de áreas periféricas mais
precárias, e por outro lado, estaria estimulando um aumento de densidade de
ocupação da zona Z9 vizinha, predominantemente residencial.
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O início do povoamento
O pouso, este rancho a 27 léguas (162 km) da cidade de São Paulo, às margens de
um ribeirão denominado Tatuhiby também era conhecido como rancho do Morro Azul,
por se encontrar próximo a uma elevação arredondada que de longe se tingia de azul,
servia de repouso não só para os viajantes que voltavam de Mato grosso como
também para aqueles iam para o interior do país. Esta trilha, ou estrada aberta no
meio da vegetação era utilizada também por tropeiros que vinham do sul, carregados
25
Esta parte do capítulo foi colocada à disposição da pesquisa: Estrutura Urbana e Arranjos Produtivos
Locais: identificação e análise das relações entre processos sociais, efeitos espaciais e políticas urbanas
através de estudo de caso das cidades de Franca e Limeira, desenvolvida entre 2005 e 2006 com o apoio
do Fundo Mackenzie de Pesquisa – Mackpesquisa.
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Fonte: BUSCH, 1967 apud LIMEIRA ON LINE, 2005 Fonte: BUSCH, 1967 apud LIMEIRA ON LINE, 2005
Cada engenho, fazenda ou sítio de acôrdo com a figura 32 abria seu próprio caminho
de interligação com a Vila da Constituição (Piracicaba). Era importante que os
caminhos das fazendas, tivessem ligação direta com as grandes vilas, porque o
açúcar era transportado por burros, por exemplo, a estrada de São Paulo a Campinas,
passava por Jundiaí e a estrada de ligação São Paulo a Piracicaba, passava por Itu.
Assim os lavradores da Região de Limeira solicitavam a abertura de novos leitos
carroçáveis ligando Campinas ao Morro Azul, por onde já passava a estrada de
Piracicaba a São João do Rio Claro e Araraquara. Os serviços relativos à abertura
desta estrada foram iniciados em 1823, por iniciativa do Senador Vergueiro e
finalizados em 1826 com a conclusão das pontes sobre os rios Jaguari e Atibaia dando
início à povoação às margens do ribeirão Tatu (LIMEIRA ON LINE,2005).
A beira desta estrada, cerca de 150 braças à direita do Ribeirão Tatu e do Rancho da
Limeira, foi se formando um núcleo de comércio com venda, estalagens para tropeiros,
casa de arreios, ferradores, carpinteiros. Por volta de 1826, o Capitão Cunha Bastos
doa uma parte das suas terras, próximas a este local para a construção de uma capela
denominada Nossa Senhora das Dores do Tatuhiby, dando início ao desenvolvimento
do povoado.
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Deste modo, o distrito de Tatuhiby foi criado em março de 1830 subordinado a Vila da
Constituição (Piracicaba), sendo criada em dezembro do mesmo ano a freguesia de
Nossa Senhora das Dores de Tatuhiby, mesmo antes da Capela ser levada a Curato,
em 03 de fevereiro de 1831 (LIMEIRA ON LINE, 2005).
Que celebrasse os sacramentos, este local era chamado de Capela Curada e com o
aumento do povoado, seus moradores poderiam solicitar junto à assembléia Provincial
a criação de uma Freguesia. Em seguida a Freguesia poderia ser elevada a Vila, com
maior autonomia política. A Vila tinha Câmara Municipal e Cadeia, porém só seria
reconhecida oficialmente com a instalação do Pelourinho na praça principal, portanto a
Cidade, estágio final desta evolução, concentrava os poderes políticos e Religiosos.
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Desde o plantio até o preparo do açúcar, todo o trabalho era realizado por mão-de-
obra escrava (PREFEITURA MUNICIPAL DE LIMEIRA, 1998b).
A partir de 1840, quando o açúcar perde seu valor comercial como produto de
exportação os fazendeiros, incentivados pela iniciativa de Vergueiro, passam a
substituir a lavoura da cana pelo café, mantendo-se de qualquer forma canaviais para
atender pequenos engenhos de aguardente, os quais vão diminuindo sucessivamente
com a industrialização.
O processo de expansão cafeeira no Estado de São Paulo é iniciado por volta de 1830
no Vale do Paraíba, atingindo a região central do Território Paulista em 1850.
Na região de Limeira a substituição do plantio da cana pelo café inicia-se em 1828, por
iniciativa do Senador Vergueiro, plantando 6.000 pés de café na fazenda Ibicaba de
sua propriedade. Todo trabalho de plantio, colheita e embalagem e até mesmo
transporte ainda era realizado por escravos (LIMEIRA ON LINE, 2005).
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Em 1846, o senador com seus filhos criam a Vergueiro & Cia, para realizar a
colonização de Limeira e Rios Claros. Trazem 423 colonos alemães para trabalhar
pelo sistema de parceria na Colônia Vergueiro. Este sistema de se espalhou pelo
interior paulista e entre 1847 e 1857, vinte e seis colônias são fundadas, estando seis
localizadas nas terras de Vila de Limeira: Colônia Vergueiro, São Jerônimo, Santa
Bárbara, Morro Azul, Tatu e Colônia do pelo sistema de parceria Capitão Diniz.
No ano de 1859, dois fatos marcaram a fazenda Ibicaba: Primeiro o governo alemão
proibiu a imigração para o Brasil e depois a fazenda é abalada com a morte do
Senador Vergueiro, deixando os negócios a cargo dos filhos.
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Figura 35: Estação ferroviária da Cia Paulista Figura 36: Estação ferroviária da
no início do século XX Cia Paulista no início do século
XXI
Ainda com relação à crise de 1929, com a queda da bolsa de Nova York, muitos
cafezais da região de Limeira, foram substituídos por laranja, trazendo para essa
região maior capital e vagas de trabalho disponíveis que em outros municípios.
Em 1926, João Carlos Batista Levy e João Dieberg Junior iniciam as exportações para
a Europa com efeitos negativos devido às embalagens e ao transporte inadequado.
Após uma adequação aos padrões americanos de embalagem, as exportações
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O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
passam a ter êxito. Para tanto é construído um “packing house”26 próximo a estrada de
ferro, com equipamentos importados para seleção, limpeza e classificação das
laranjas, o que veio dar grande impulso ao setor.
A primeira grande indústria foi a de Chapéus instalada por Agostinho Prada, em 1906,
no quintal de sua residência, transferindo-se posteriormente para as imediações da
26
“packing house” - Recepção, armazenamento, embalagens e expedição de frutas. Em inglês, “casa de
embalagens”(SERPA, 1979).
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O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
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estação ferroviária, esta firma tornou-se a Cia Prada Indústria e Comércio, em cujas
instalações hoje está funcionando a sede da Prefeitura municipal de Limeira.
Figura 37: Indústria Cia União de Figura 38: Indústria Cia União de
Refinadores Refinadores
O desenvolvimento industrial
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Figura 39: Edifício da indústria Prada, Figura 40: Atual sede da Prefeitura
Vestuários, Calçados e Artefatos em 1923.
Figura 41: Palacete Levy Figura 42: Soleira que faz referência
Palacete Levy à indústria de máquinas Zaccaria de
1925
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O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
bens de produção ou indiretos são os bens que permitem produzir outros bens e se
destinam a serem utilizados no decurso de um ou vários circuitos de produção, como
matéria-prima, ferramentas, máquinas, conhecimentos científicos ou técnicos
(HENDERSON, 2001).
Neste período pode-se observar ainda a presença das seguintes indústrias Burdim
Calçados; 1942 Lucatto Mecânica; 1943 Ind. Mecânica limeira S.A., de papel e
papelão, e Varga; em 1945, Fumagalli e Máquinas D’Andrea, em 1947.
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da grande São Paulo, associado ao período do milagre econômico deu novo impulso à
instalação de grandes unidades industriais como a Ajinomoto.
27
Esta parte do capítulo foi elaborada e colocada à disposição da pesquisa “Estrutura Urbana e Arranjos
Produtivos Locais: identificação e análise das relações entre processos sociais, efeitos especiais e
políticas urbanas através de estudo de casos das cidades de Franca e Limeira, no Estado de São Paulo”.
Desenvolvida nesta universidade entre 2005 e 2006, com o apoio do fundo Mackenzie de Pesquisa –
Mackpesquisa.
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O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
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Limeira faz divisa ao Sul com Americana (20 km) e Santa Bárbara D’Oeste (15 km), a
leste Engenheiro Coelho (18 km), Artur Nogueira (22 km) e Cosmópolis (23 km), a
Oeste Piracicaba (30 km) e Iracemápolis (15 km) (LIMEIRA ON LINE, 2005).
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O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
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A fundação SEADE, aponta que no ano de 2000 o Estado de São Paulo possuía
239.852 estabelecimentos comerciais, 100.159 estabelecimentos industriais e 240.042
estabelecimentos de serviços. Na Região de governo de Limeira, o número total de
estabelecimentos, no mesmo ano foi da ordem de 9.294, equivalente a 1,60% do total
estadual, sendo 44,20% de comércio, 22,53% de indústria e 33,27% de serviços.
28 o
A Região Metropolitana de Campinas foi instituída pela Lei Estadual complementar n . 870, de 19 de
junho de 2000.
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Em 1991, 48% dos empregos desta região encontravam-se no setor industrial, 31,28%
no setor de serviços e 12,04% no setor de comercio. Em 2000, a porcentagem de
empregos ocupados no setor industrial decaiu para 42,13%. Para o comércio e
serviço, neste mesmo período, têm-se as seguintes porcentagens: 17,06% e 32,58%,
respectivamente.
O PIB do Estado de São Paulo atingiu 370.818,39, milhões de reais, sendo a Região
de Governo de Limeira, responsável por 1,3% deste valor.
O único município que não atingiu renda per capita superior a R$ 300, 00, foi o
município de Conchal, com uma renda de R$ 248,88 em 2000.
Quanto aos serviços básicos de saneamento no ano 2000, a região conta com 99,39%
de atendimento para o abastecimento de água, 99,61% de atendimento para a coleta
de lixo.
Com relação à política de recursos hídricos o município de Limeira faz parte da bacia
do rio Piracicaba que por sua vez pertence à Unidade de Gerenciamento de Recursos
Hídricos das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, localizada na região leste
do Estado de São Paulo, desde a divisa do Estado de Minas Gerais até o reservatório
de Barra Bonita no Rio Tietê, numa extensão em linha reta de aproximadamente 230
km (ROBALLO, 2003).
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O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
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Esta Unidade de Gestão caracteriza o terceiro pólo industrial do país, atrás apenas da
Rede Metropolitana de São Paulo (RMSP) e Rio de Janeiro, possuindo ainda uma
agricultura avançada e irrigação de culturas.
Deste modo se faz uso intensivo da água tanto na indústria como na agricultura,
atingindo uma demanda que muitas vezes supera a disponibilidade, conforme atestam
os conflitos de uso da água e reuso “indireto”da água (ROBALLO, 2003).
Há também nesta bacia, uma grande transferência de água para outras bacias
reduzindo os recursos da região. O sistema Cantareira, por exemplo, recebe água
desta bacia, e é um dos maiores produtores de água do mundo, abastecendo
aproximadamente 10 milhões de habitantes da grande São Paulo.
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O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
Caracterizam-se por usuários da água deste sistema, além dos usuários urbanos
pertencentes aos 58 municípios da bacia e os habitantes da Região Metropolitana de
São Paulo (SABESP, Cantareira), cerca de 3.000 indústrias. Assim sendo, há
elevadas cargas poluidoras industriais. Esta região é também grande produtora de
álcool e a presença de “sucros alcooleiros”29 é preocupante, embora contata-se que a
remoção de cargas industriais é grande, representando 90% dos efluentes industriais,
no entanto os índices de tratamento de esgoto urbano são pequenos.
As cargas poluidoras numa bacia são classificadas por classes de poluição segundo
os especialistas. No caso da bacia do Piracicaba, Capivari e Jundiaí grandes trechos
de cursos de águas principais recebem a classificação “4”, representando uma alta
carga poluidora,ou seja esta classificação é considerada a mais alta.
Com relação aos produtores agrícolas, estes somam 3720 usuários em toda a área da
bacia, sendo na bacia do Piracicaba 2700 produtores. Cabe citar que no Caderno de
Diagnóstico do Plano Diretor de Limeira, em suas diretrizes, há uma preocupação com
a utilização indiscriminada de fertilizantes e agrotóxicos, presentes na produção
agrícola do município.
Aspectos Socioeconômicos
29
Biomassa residual.
106
O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
107
O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
Setor Agrícola
30
Cf. entrevista com Sr. Lázaro Gilberto Vasques, secretário do desenvolvimento da Secretaria executiva
de governo e desenvolvimento da Prefeitura Municipal de Limeira, realizada em julho 2005 e entrevista
com o pesquisador e prof. José Eduardo Heflinger Júnior .
108
O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
da água. Este tipo de contaminação pode ter conseqüências a logo prazo, pois sua
iliminação pode levar vários anos para desaparecer.
20.000
15.000
área (ha)
10.000
5.000
Citrus
Cana-de-açúcar
0
Milho (em grão)
1.990 1.991 1.992 1.993 1.994
anos
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O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
Emprego
30.000
25.000
20.000
pessoas
15.000
10.000
5.000 Indústria
Comércio
0 Serviços
1988 1989 1990 1991 1992 1993 1995
anos
Limeira pode ser considerada um importante centro terciário regional, a cidade consta
com aproximadamente 3.500 estabelecimentos comerciais e 3.000 prestadores de
serviços, estes dados correspondem a mais de 25.000 funcionários registrados.
Algumas das maiores redes varejistas do país possuem lojas na cidade. O
desenvolvimento deste setor veio a ser impulsionado ainda mais com a implantação
do Shopping Center às margens da rodovia Anhanguera na década de 1980, vindo a
ser inaugurado em 1990 (PREFEITURA MUNICIPAL DE LIEMIRA,1998b).
110
O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
31
Estas entrevistas com moradores do Bairro, foram realizadas em outubro de 2005, pela própria
mestranda.
111
O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
32
O Ìndice de Desenvolvimento Humano (IDH) mede aqualidadede vida e resulta da média artimética de
tres indicadores: esperança ao nascer (longevidade), educação e renda. O IDH varia de 0 a 1, sendo até
0,499 – desenvolvimento humano baixo; entre 0,500 e 0,799- desenvolvimento humano médio e maior
que 0,800 – desenvolvimento alto (fonte: www.sesp.pa.gov.br).
112
O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
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O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
No mapa acima, observa-se que nos bairros onde ocorrem as maiores concentrações
de indústrias do ramo de jóias e bijuterias, a renda predominante dos chefes de família
é de até 3 salários mínimos.
114
O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
Infra-estrutura Urbana
Abastecimento de água
Limeira utiliza como principal manancial o Rio Jaguari, da bacia do Rio Piracicaba,
situando-se o ponto de captação à margem direita do rio Jaguari, cerca de 50m da foz
do Ribeirão Pinhal, sendo sua vazão entre 8m3 e 15m3 por segundo suficiente para
atender a demanda atual de Limeira.
Utiliza-se também o Ribeirão Pinhal como fonte da captação, não tendo no período de
seca vazão suficiente. O sistema de captação entrou em operação em 1967, sendo
ampliado em 1985.
Situada junto à rodovia Anhanguera, na altura do Km 141,5 a ETA recebe a água bruta
do Rio Jaguari, que entra para o processo de tratamento físico-químico convencional.
Havendo ainda a captação de água através dos poços São João e Tatu, sendo tratada
através de sistema de cloração (LIMEIRA ON LINE, 2005).
Sistema de Esgoto
115
O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
Atendendo a 99% da área Urbana, com 650 km de rede, composta por 90% de tubo
cerâmico e 10% em PVC, sendo os principais emissários de concreto.
Ao todo são cinco bacias de esgotamento (Bacia do Ribeirão Tatu, Bacia do Ribeirão
dos Pires, Bacia do Ribeirão Lagoa Nova, Bacia do Ribeirão Graminha, Bacia do
Ribeirão água da Serra).
O sistema de esgoto de Limeira conta com duas estações elevatórias e quatro ETEs.
A Estação Elevatória de Esgoto – Egisto Ragazzo (bacia do Ribeirão dos Pires) opera
com um conjunto de recalque que reverte uma parte do esgoto da bacia do Ribeirão
dos Pires para a bacia do Ribeirão Tatu.
ETE Tatu – Situada na porção Sul da cidade, as margens do Ribeirão tatu, possui
sistema aeróbico com tratamento a nível secundário, utilizando filtros biológicos de alta
taxa. A eficiência do tratamento desta ETE em termos de remoção de DBO –
Demanda Bioquímica de oxigênio está prevista em 90%. Atualmente não está em
operação, devido à paralisação de suas obras em 1992. Após a conclusão, prevista
para 2001, sua capacidade de tratamento será de 500 l/s.
116
O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
ETE Nova Limeira – Localizada no bairro do Jd. Nova Limeira, utilizando processo
eletrolítico. Recebe esgoto da bacia do Ribeirão dos Pires, com capacidade nominal
de tratamento de 2,5 l/s, será desativada quando for concluída a estação de recalque
dos Pires, que lançará o esgoto do bairro no emissário do Córrego Alvorada, na bacia
do Ribeirão Tatu (Plano Diretor do município de Limeira, 1998).
Coleta de lixo
117
O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
Drenagem
Além da bacia do rio Tatu, a área urbana da cidade se espalha por outras bacias
limítrofes, como o Ribeirão Graminha, Ribeirão da Lagoa Nova, Ribeirão da água da
serra e Ribeirão dos Pires. A declividade em direção às margens do Ribeirão Tatu
acaba ocasionado escoamentos superficiais de velocidade elevada e grandes volumes
de água com precipitações intensas.
Outros córregos canalizados que fazem parte da bacia do Ribeirão Tatu: o córrego da
União, (que passa sob o pátio da indústria) e o córrego sob a Av. Ana Carolina e
Mercado Municipal.
A grande parte dos talvegues e fundos de vale por onde se desenvolve a malha
hídrica da cidade é muito propensa à erosão devida à sua constituição de solos
arenosos e a falta de cobertura vegetal na maioria dos casos.
118
O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
Pavimentação
Não existe em Limeira uma hierarquização das vias, o sistema viário de Limeira é
caracterizado pela falta de vias expressas, coletoras ou arteriais (vias estruturais)
definidas, ordenando a circulação na cidade. O que existe são percursos arteriais
determinados pelo uso de algumas vias que servem aos principais deslocamentos
pela área urbana.
119
O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
O Anel Viário e a marginal Tatu são duas importantes vias de ligação. A primeira
contornando toda a cidade se caracteriza por seu aspecto de estrada, com uma faixa
de acostamento em cada sentido e intenso tráfego de caminhões. A segunda ao longo
do vale do Ribeirão Tatu ainda não está em plena utilização, existindo um pequeno
trecho a ser finalizado. A situação mais crítica do trânsito de Limeira situa-se na área
central, onde também se encontram os pontos de transposição das duas maiores
barreiras físicas da cidade, o ribeirão Tatu e a ferrovia, transposições feitas pelos
viadutos Jânio Quadros e Francisco D´Andrea e um pouco mais distante o Viaduto
Laércio Cortes. O centro de Limeira caracteriza-se por ser o principal centro de
comércio e serviços da cidade.
Limeira é servida por duas empresas de transporte urbano coletivo, juntas operam um
total de 25 linhas, que operam pelo sistema radial, ou seja, ligam os bairros de um
lado ao outro da cidade passando pelo centro fator este também responsável pela
sobrecarga do sistema viário da área central.
120
O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
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Educação e Saúde
33
Entrevista concedida pelo Sr. Dionísio Gava Jr. para a equipe do fundo Mackenzie de pesquisa como
citado anteriormente.
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O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
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no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
(2 espaços)
34
EMPG - Escola Municipal de Primeiro Grau. , EEPG – Escola Estadual de Primeiro Grau. EESG –
Escola Estadual de Segundo Grau.
127
O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
Dentro da rede municipal de ensino, Limeira conta ainda com escolas rurais que
oferecem vagas para o 1º ciclo do 1º grau, normalmente vinculadas a uma escola de
maior porte, atendendo cerca de 450 alunos na faixa etária de 6 a 9 anos de idade.
Quanto ao ensino superior, Limeira possui duas entidades particulares com cursos
universitários, oferecendo juntas aproximadamente mil vagas aos estudantes e uma
unidade da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) que oferece em torno de
150 vagas por ano em seus cursos. A pequena variedade de cursos e o número
restrito de vagas, são responsáveis pelo grande número de estudantes que procuram
ensino de nível superior fora do município (PREFEITURA MUNICIPAL DE LIEMIRA,
1998b).
35
EPG – Escola de Primeiro Grau, ESG – Escola de Segundo Grau.
128
O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
Ainda com relação à educação, observa-se o mapa da (figura 55), que a maioria dos
bairros onde ocorrem concentrações de indústrias do segmento de Jóias e Bijuterias é
atendida por escolas públicas. A presença de instituições de ensino, dentro destas
áreas de concentração de empresas, facilita aos moradores que prestam serviços
informais ao APL de Jóias e Bijuterias (complementando a renda familiar) deixar as
crianças nas escolas, enquanto trabalham. Em contrapartida a esta idéia, está o bairro
denominado Jardim Maria Modeneis, uma das maiores concentrações do segmento,
sem que haja registro de nenhuma escola dentro da área especificada.
129
O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
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no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
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Cultura e Turismo
132
O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
Com esses princípios o município foi subdivido em zonas: Zona Rural, Zona de
Proteção aos Mananciais, Zona Urbana, Zona de Expansão Urbana.
133
O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
134
O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
Com relação às área de uso industrial e atacadista, formando a zona Z6, observa-se o
início de uma política de descentralização das atividades industriais; por serem
localizadas mais distantes da área central.
No entanto o Plano Diretor criou uma zona Z6, onde já existiam as indústrias mais
antigas preservando-as na área central do município (vide figuras 70 e 71).
O plano diretor de 1998 coincide não só com uma maior preocupação com a lei de uso
e ocupação do solo36 como também com um reconhecimento por parte do poder
público da importância econômica do segmento de Jóias e Bijuterias no Município.
Para cada zona de uso são definidas diretrizes de orientação voltadas tanto ao
desenvolvimento como ao controle urbano, determinando às respectivas categorias de
uso permitidas dimensionamentos, recuos, aproveitamento do terreno, densidade
ocupacional.
Observa-se no traçado das diferentes zonas de uso pelo Plano Diretor de 1998 a
caracterização como Zona industrial, Z6, referentes ao mapa de zoneamento, uma
área nas imediações da Avenida Mal. Arthur da Costa e Silva, que representa uma
aglomeração bastante significativa da cadeia produtiva do APL de jóias e Bijuterias em
estudo (figuras 64 a 67). Essa determinação do Plano Diretor de instalação de novas
zonas industriais (Zona 6), em áreas periféricas, pré-determinadas, e ainda a criação
de Distritos industriais ou Mini Distritos, mostra a importância do segmento industrial
para o município, principalmente da cadeia produtiva de Jóias e Folheados localizadas
em áreas consolidadas.
36
Dados foram fornecidos pelo sr. Gilberto Vasquez, representante da Secretaria do Desenvolvimento da
Prefeitura Municipal de limeira em 01/07/2005.
135
O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
Nota-se, porém que a situação atual do uso e da ocupação do solo é o resultado não
só de um desenvolvimento histórico como também do setor imobiliário como agente
urbano, num primeiro momento associado ao assentamento industrial e em seguida à
especulação imobiliária, resultando numa ocupação descontínua e desordenada da
malha urbana. Verificou-se também um processo de verticalização e concentração de
atividades terciárias no centro histórico (PREFEITURA MUNICIPAL DE LIMERIA.
1998b).
No mapa de Uso do Solo, (figura 68), observa-se também que nos bairros onde
ocorrem as maiores concentrações de indústrias do ramo de jóias e bijuterias
predominam a ocupação de uso residencial, e, nas áreas com maior ocupação de uso
industrial a presença do APL não é tão significativa.
136
O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
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O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
Capítulo 5: Conclusões
141
O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
A partir do parcelamento de uma gleba de terras doada pelo capitão Cunha Bastos,
lavrada em 1823, hoje região central, as margens do Ribeirão Tatuhibi e
posteriormente ao eixo da estrada de ferro, inicia-se a implantação do povoado,
expandindo-se a malha urbana perpendicularmente a esses eixos, com proporções
semelhantes em ambos os espaços delimitados a partir das margens esquerda e
direita do ribeirão e da ferrovia, até a década de 1950.
142
O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
No mapa de evolução urbana, (figura 72), quando comparado com o mapa de áreas
de concentração do segmento de Jóias e Bijuterias, (figura 73) observa-se que nas
áreas ocupadas a partir de 1951 a 1975 existem grandes concentrações dessas
indústrias. Vale observar, que justamente a partir de 1951, é que ocorre o início do
desenvolvimento da firma Lencione & Cardoso, cuja mão de obra especializada deu
origem a outras fabricas deste segmento. Ressaltando que as empresas de Jóias e
Bijuterias tinham a característica inicial de pequenas empresas familiares; portanto, é
natural que tenham se instalado em áreas próximas a “empresa-mãe”, Lencione &
Cardoso.
Ainda com relação ao novo ritmo de implantação industrial, este não é interrompido
considerando-se o processo de desconcentração industrial da Grande São Paulo
associado ao período do milagre econômico, ocorrendo à implantação de grandes
indústrias no município, e onde a terra antes ocupada pela agricultura cede espaço
aos loteamentos. É interessante lembrar que o fim do milagre econômico vem frear o
processo de industrialização nacional e conseqüentemente Limeira sente o impacto
deste esgotamento também, neste momento, é marcante a absorção de algumas
indústrias familiares de maior porte por grupos estrangeiros, associações de indústrias
e orientação voltada para a exportação. Tal crescimento, no entanto ocorreu de forma
desordenada, inclusive na hierarquização do sistema viário, gerando descontinuidade
de traçado e insuficiência de leitos carroçáveis dificultando a comunicação entre as
diversas regiões da cidade.
O processo de expansão urbana em Limeira foi muito intenso nas últimas décadas,
passando de 128 mil habitantes em 1976, para pouco mais de 230 mil em 1.996,
tornando-se clara a área de expansão urbana ocupada por loteamentos residenciais
populares.
A consolidação do traçado urbano no final dos anos 1970 e início dos anos 1980
representou o maior crescimento verificado na malha urbana, com um “boom” de
143
O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
Durante a década de 1990, esta demanda habitacional vem sendo substituída pela
38
proliferação dos “loteamentos econômicos” . Estes são caracterizados por lotes
menores (7m x 20m), além de infra-estrutura incompleta, não sendo exigida a
pavimentação das vias, o que possibilitou o surgimento de 19 loteamentos neste
período totalizando 13.498 lotes. Este dispositivo de lei foi alterado recentemente, em
decorrência do aumento de ruas sem pavimentação, cabendo à prefeitura arcar com a
execução da mesma sem, conseguir repassar aos moradores nem 50% dos custos da
obra.
37
O perímetro urbano é definido pelo Plano Diretor do Município de Limeira, (Lei complementar no. 199,
de 11 de setembro de 1998), no artigo 9º, inciso III
38
Estes loteamentos foram institucionalizados através da lei municipal 1885/83.
144
O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
39
As informações complementares foram feitas sobre o mapa de expansão urbana em entrevista com a
arquiteta Ana Cristina Ferreira Machado, diretora de planejamento regional da secretaria de planejamento
urbano da prefeitura do município de Limeira, em entrevista à equipe do Mackpesquisa em julho de 2005.
145
O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
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O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
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O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
Meio Ambiente
Para efeito de análise a zona rural de Limeira foi dividida em sete setores de acordo
com as respectivas bacias hidrográficas Esta divisão trouxe uma clara influência do
modelo de planejamento, adotado pelo gerenciamento de recursos hídricos do Estado
de São Paulo (Lei no 7.633 de 30 de dezembro de 1991).
A zona rural possui uma área de 489 km2, cortada por 112 estradas municipais com
475,5 km de extensão, 10 ribeirões 18 córregos (PREFEITURA MUNICIPAL DE
LIMERIA,1998b).
A bacia do Ribeirão Tatu com 6,5 km de extensão e mais 14 afluentes cobre 75% da
área urbana de Limeira, ou seja, 40,68 km2. Nasce na zona rural de Cordeirópolis e
deságua no rio Piracicaba, espalhando em seu curso inúmeros problemas como falta
de tratamento de esgoto, poluição urbana e industrial, ausência quase total de matas
ciliares (LIMEIRA ON LINE, 2005).
O ribeirão Pinhal, único manancial alternativo para captação de água, ainda não está
poluído, contudo o crescimento da cidade, a ocupação inadequada do solo e a
urbanização das cabeceiras dos mananciais que alimentam este ribeirão poderão
comprometê-lo.
A área urbana de Limeira compreende hoje 82,39 km2, deste total 6,8 km2, são áreas
municipais, verdes e institucionais, deste total apenas 21% estão efetivamente sendo
utilizadas, com a implantação de escolas, praças, escolas, postos de saúde e outros
usos institucionais.
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O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
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As áreas verdes não utilizadas estão dispersas pelas áreas periféricas da cidade,
principalmente junto aos cursos de água que cortam a malha urbana, muito
provavelmente esse abandono de área verde não as utilizando e equipando é
decorrente da falta de recursos municipais para a efetiva implantação dessas áreas
como pontos de lazer e recreação da cidade.
149
O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
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Com relação às áreas assinaladas no mapa (figuras 76 e 77), estas correspondem aos
distritos Industriais da Prefeitura, em Implantação; sendo o de no. 1, com 90.625,24 m2,
distribuídos em 90 lotes com área média de 500,00 m2, destinado às industrias
pertencentes à cadeia produtiva do APL de Jóias e Bijuterias em fase de crescimento
no município, de acordo com informação do Sr. Lázaro Gilberto Vasques, secretário do
desenvolvimento da secretaria executiva de governo e desenvolvimento da Prefeitura
Municipal de Limeira.
150
O Papel do APL de Jóias e Bijuterias
no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
Na realidade, entretanto, existe muita resistência com relação à mudança por parte
dos empresários, Apesar da conhecida dispersão das empresas o tempo máximo de
ligação entre elas é de aproximadamente 15 minutos, permitindo certa sinergia, o que
pode ser interessante no caso da maioria das empresas estarem Instaladas em sede
própria. O Distrito Industrial precisaria oferecer incentivo através de projetos fiscais e
outras qualidades de projeto, de modo a facilitar a cooperação e a sinergia local,
gerando assim produtos mais competitivos.
40
Estas considerações surgiram em entrevista realizada em Limeira, 2005 com o Sr. Lázaro Gilberto
Vazques, Secretario do Desenvolvimento da Secretaria Executiva de governo e Desenvolvimento da
Prefeitura municípal de Limeira.
41
A arquiteta Ana Cristina Ferreira Machado é Diretora de Planejamento Territorial da Secretaria de
Planejamento Urbano a Prefeitura Municipal de Limeira e concedeu entrevista em Julho de 2005 à nossa
equipe de pesquisa.
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Assim as vantagens trazidas por esse projeto urbano e ambiental devem incluir o
tratamento dos resíduos industriais, permitindo facilidade de acesso para
monitoramento e fiscalização de qualidades ambientais.
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no Desenvolvimento Urbano de Limeira - SP
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Fim da Bib
162
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