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I Seminário de Educação da Regional Metropolitana Sul: Desafios

do Ensino em Escolas Públicas (I SEMETRO)

O TRATAMENTO DA ORALIDADE EM
SALA DE AULA: PRINCÍPIOS
TEÓRICOS E METODOLOGICOS
Publicado em 08/08/2016 - ISBN 978-85-5722-004-1

O TRATAMENTO DA ORALIDADE EM SALA DE AULA: PRINCÍPIOS


TEÓRICOS E METODOLÓGICOS

Aguinaldo Gomes de Souza UFPE/ETE Maximiano Accioly Campos-PE1


Eraldo Batista Filho UFPE/ETE Maximiano Accioly Campos-PE2
Ana Patrícia Silva EREM Felipe Camarão- PE3

CONTATO
www.aguinaldogomes.com
gomes.aguinaldo@gmail.com
anapatriicia07@gmail.com
eraldofilho@hotmail.com

PALAVRAS-CHAVE
Gêneros primários, oralidade, aulas de língua portuguesa.

INTRODUÇÃO

Desde que os PCN introduziram a questão da oralidade nas aulas de língua portuguesa,
já se passaram quase dezoito anos. Hoje, podemos dizer que conhecemos muito mais
sobre as relações entre a língua oral e a língua escrita do que há algumas décadas; são
numerosas as publicações que tratam da questão da oralidade, veja, por exemplo,

1
Doutorando em Linguística pela Universidade Federal de Pernambuco. Professor da ETE Maximiano
Accioly Campos –PE. Professor da Pós-Graduação em Linguística Aplicada ao ensino de Línguas da
FAINTIVSA
2
Doutorando em Linguística pela Universidade Federal de Pernambuco. Professor da ETE Maximiano
Accioly Campos -PE. Professor da DeVry FBV
3
Especialista em Língua Portuguesa pela FAINTIVSA, professora da Escola de Referência Felipe
Camarão.
Castilho (2004, p.29) quando afirma que a “conversação é uma atividade linguística
básica. Ela integra as práticas diárias de qualquer cidadão, independentemente de seu
nível sociocultural”. Ou Petri (2004) quando trata das diferenças entre a língua oral e a
língua escrita, ou ainda Marcuschi (2005, p.25) para quem a oralidade “é uma prática
social interativa para fins comunicativos que se apresenta sob variadas formas ou
gêneros textuais fundados na realidade sonora”. Entretanto, o conhecimento sobre este
estado da língua ainda carece de sistematização, principalmente quando o assunto é o
trabalho com a oralidade em sala de aula.

Fator interessante de nota é que a fala, como mostra Marcuschi (1997, p.39), “é uma
atividade muito mais central do que a escrita, isto quando consideramos o dia a dia da
maioria das pessoas. Contudo, não é estranho verificar que as escolas dão à fala atenção
quase inversa à sua centralidade na relação com a escrita, trata-se de um prestígio dado
a um estado de língua, que não se justifica”. Crucial neste caso, como mostra o autor
(Op. cit.), é que o ensino de língua focado apenas na escrita não se trata de uma
contradição, mas de uma postura. Nesse sentido, a presente mesa tem por objetivo
analisar e descrever o tratamento dado à oralidade nas aulas de língua portuguesa por
professores do ensino médio.

DISPOSITIVO TEÓRICO-METODOLÓGICO

Quanto à abordagem, esta é uma pesquisa qualitativa. Quanto à natureza, essa é uma
pesquisa aplicada, pois visa gerar conhecimentos para aplicação prática. Quanto aos
objetivos, esta é uma pesquisa descritiva uma vez que o trabalho pretende observar e
descrever o tratamento dado à oralidade nas aulas de língua portuguesa.
Em relação aos procedimentos técnicos, esta é uma pesquisa-ação cujo pesquisador é
participante. Desse modo podemos dizer, com Fonseca (2002), que na pesquisa-ação o
pesquisador traz consigo uma série de conhecimentos que serão o substrato para a
realização da sua análise reflexiva sobre a realidade e os elementos que a integram.
Assim, este tipo de pesquisa envolve necessariamente por parte do pesquisador uma
reflexão sobre o seu fazer. A ancoragem teórica se fundamenta na teoria dialógica da
linguagem de Bakhtin (1997) principalmente quando o teórico conceitua as questões
sobre os gêneros do discurso, o dialogismo e os enunciados concretas.

ANALISES E DISCUSSÃO

Neste trabalho analisamos e descrevemos a prática da oralidade em situações de uso por


estudantes do ensino médio integrado ao técnico em uma escola técnica estadual de
Pernambuco. Nesse sentido, é importante frisar que, muito mais que propor uma
metodologia que coloque a oralidade dentro de certos parâmetros, verificou-se que o
trabalho com a língua oral obteve mais êxito quando esta língua passou a ser trabalhada
em relação aos usos que os estudantes fazem e vivenciam na sociedade.
Embora recomendado pelos PCN, o trabalho com a língua na sua modalidade oral ainda
é fator que requer grande empenho por parte dos docentes, seja pela falta de
metodologias próprias para o trabalho com a oralidade, seja pela supremacia e pelo
privilégio que a língua escrita conquistou na sociedade. Nesse sentido, ao analisarmos
as propostas de trabalho com a oralidade em três turmas de ensino médio (um debate,
um júri simulado e uma produção de documentário em vídeo), pudemos verificar que o
trato da oralidade em sala de aula deve acontecer levando em conta um contínuo entre a
fala e a escrita. Marcuschi (2005) já alertava que os sentidos e as respectivas formas de
organização linguística dos textos se dão no uso da língua como atividade situada, isto
tanto no caso da escrita quanto da fala. As contextualizações são necessárias para a
produção e a recepção dos eventos comunicativos, ao contextualizar ações de uso da
língua oral dá-se ao estudante a possibilidade de observar o real funcionamento de um
estado de língua.

Assim, ao analisarmos as atividades propostas para os estudantes pudemos verificar


que, como a língua escrita, a oralidade é uma prática social interativa e serve para os
mais variados fins comunicativos. Ela se funda em gêneros textuais e como a língua
escrita pode e deve ser sistematizada e ensinada nas escolas, desde que se leve em
consideração, como mostra Marcuschi (2005, p.37), “que essas diferenças se dão dentro
do continuum tipológico das práticas sociais de produção textual e não na relação
dicotômica de dois pólos opostos fala/escrita”.

Ainda nessa direção, ao analisarmos o trabalho com a oralidade em sala de aula


pudemos fazer algumas inferências: 1- O trabalho com a oralidade vai se fundamentar
em algum gênero do texto/discursivo; 2- o gênero e a situação de comunicação irão
determinar o padrão formal/informal do uso da língua; 3- a compreensão na interação
oral face a face é o resultado de um projeto conjunto de interlocutores em atividades
colaborativas e coordenadas de coprodução de sentido, como pontua Marcuschi(2006).
Desse modo, podemos dizer que o texto oral é um evento discursivo (Beaugrand, 1997),
além disto, a depender do gênero oral, a negociação entre os interlocutores constitui
fator importante para produção dos sentidos, isto implica dizer que os sentidos são
construídos em interação e em fragmentos semânticos.

Nessa direção observamos algumas particularidades da modalidade oral, como por


exemplo: a natureza dessa língua, a interação entre os interactantes, a possível
fragmentação dos enunciados, os marcadores discursivos, o nível do vocabulário
empregado pelos participantes da atividade oral, as estruturas sintáticas utilizadas etc
que são características típicas deste estado de língua. Nesse sentido, não seria estranho
dizer que o trabalho com a oralidade possui mais possibilidades de ‘didatização’ quando
este é pensando em relação às práticas sociais que as pessoas fazem da língua, isto
implica dizer que esse processo acontecerá ancorado em algum gênero. A língua, seja
oral ou escrita, vai refletir em boa medida a organização da sociedade, como apontou
Marcuschi (2005). Na concepção dos atuais PCNs,
o ensino de língua oral deve ir além da interação dialogal de sala
de aula, reconhece-se que o aluno em idade escolar já dispõe de
competência discursiva e lingüística para uso cotidiano, no
entanto, assume que essas interações não dão conta do amplo
espectro de usos linguísticos que as situações sociais do cidadão
contemporâneo demandam do campo da língua oral, ou seja, não
dão conta da "fala pública" e de seus campos discursivos.
Assim, propõem objetivos, estratégias e sugestões de abordagem
embasados na diversidade de gêneros do oral e das situações de
uso público da fala. BELINTANE (2000)

Assim, ao propor uma análise da língua oral com atividades direcionadas para este fim,
o professor tem que ter em mente que os usos e os propósitos da língua são diversos. E
mais, há um amplo espectro de usos linguístico de usos da língua oral, desse modo,
muito mais que pensar em atividades com a oralidade é prudente pensar quais os
propósitos dessas atividades e quais campos discursivos estão sendo levados a analisar.
Por exemplo, se a atividade é sobre um gênero chamado de júri simulado, o que o
professor observa é algo relacionado ao uso formal da língua, mas se a atividade for um
debate, o objeto composicional desse gênero permite que o professor possa analisar a
macroestrutura semântica da composição da argumentação através da oralidade, como
por exemplo, as retomadas, as referências. De igual modo, se for um documentário o
que pode ser analisado em conjunto com a oralidade é a linguagem mista ou mesmo o
processo de retextualização que um gênero desta natureza exige. Dito de outra forma:
uma vez que os usos da fala são diversificados, a composição do gênero oral irá orientar
o trabalho do professor em uma ou outra direção.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Criar uma metodologia para o ensino da língua na sua modalidade oral requer do
professor que este possua internalizado os conceitos de linguagem e de língua que
estejam além do nível da estrutura, que estejam no nível do discurso e da enunciação.
Nesse sentido, é forçoso dizer que para um trabalho eficaz com a oralidade, tais
concepções devem orientar o trabalho do docente. Uma vez assumida a posição que o
ensino da língua está além do nível da estrutura, resta concordar com os PCN (1998)
quando estes afirmam que Interagir pela linguagem significa realizar uma atividade
discursiva.
Ao ensinar a língua oral, a escola está entre outras coisas, promovendo acesso aos usos
mais formais e convencionais da língua. Tal domínio linguístico se torna importante
uma vez que no exercício da cidadania as pessoas fazem os mais variados usos da
palavra. Ainda assim, acreditamos que não deva haver uma dicotomia entre o ensino da
língua oral e o ensino da língua escrita, elas não são concorrentes, são antes co-
ocorrentes e permitem que sujeitos situados interajam em sociedade. Fator notório aqui
diz respeito a uma metodologia que abarque e sistematize o ensino oral, tal metodologia
deve entre outras coisas, tentar abarcar as diferentes situações sócio-comunicativas em
que os indivíduos atuam.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: 3º e 4º ciclos do Ensino Fundamental:


Língua Portuguesa. Brasília/DF: MEC/SEF, 1998

BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

BEAUGRANDE, R. New foundations for a science of text and discourse: cognition,


communication, and the freedom of access to knowledge and society. Norwood, New
Jersey: Ablex, 1997.

BELINTANE, Claudemir . Linguagem oral na escola em tempo de redes. Educ. Pesqui.


v.26 n.1 São Paulo ene./jun. 2000

CASTILHO, Ataliba de. A língua falada no ensino de português. São Paulo: Contexto,
2004.

FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. Apostila.

MARCUSCHI. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo:


Cortez, 2005
___________ Concepção de língua falada nos manuais de português de 1º. e 2º.
Graus: uma visão crítica. Trabalhos em Lingüística Aplicada, 30: 39-79, 1997.

PRETI, Dino. Estudos de língua oral e escrita. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004.

Como citar:

SOUZA, Aguinaldo Gomes de; SILVA, Ana Patricia da; FILHO, Eraldo Batista da Silva. O TRATAMENTO
DA ORALIDADE EM SALA DE AULA: PRINCÍPIOS TEÓRICOS E METODOLOGICOS.. In: I Seminário
de Educação da Regional Metropolitana Sul: Desafios do Ensino em Escolas Públicas (I SEMETRO).
Anais...Recife(PE) FG, 2016. Disponível em: <https//www.even3.com.br/anais/SEMETRO/31739-O-
TRATAMENTO-DA-ORALIDADE-EM-SALA-DE-AULA--PRINCIPIOS-TEORICOS-E-
METODOLOGICOS>. Acesso em:

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