Vous êtes sur la page 1sur 5

ERRO – DICIONARIO ABBAGNANO

O Erro não pertence à esfera das proposições (ou dos enunciados), mas à do juízo (v.), das Commented [JA1]: A proposição é o ato de exprimir um
atitudes valorativas. juízo, o que pode ser feito de diferentes maneiras, contendo
o mesmo valor.

É uma frase declarativa com valor de verdade, e que


O erro pode consistir também em julgar um objeto com base num critério estranho ao próprio expressa um juízo.
objeto, ou melhor, ao campo de objetos a que ele pertence, ou então em julgar com base num Não são proposições:
critério apropriado um objeto não discriminável por tal critério. Interrogações, ordens, exclamações, desejos... aquilo que
não pode ser verdadeiro nem falso, ou seja, não carregam
um juízo.

Em geral, pode-se chamar de E. todo juízo ou valoração que contrarie critério reconhecido Proposições podem ser: afirmativas ou negativas /
como válido no campo a que se refere o juízo, ou aos limites de aplicabilidade do próprio verdadeiras ou falsas.
A terra é redonda = afirmativa, falsa.
critério. A terra não é redonda = negativa, verdadeira.

a) proposições universais: aquelas cujo sujeito é um termo


universal, tomado universalmente. Por exemplo: "O homem
O CONTRÁRIO DE UM JUÍZO ERRADO NÃO É UM JUÍZO "VERDADEIRO", COMO COMUMENTE (ou: todo homem) é mortal".
SE CRÊ, MAS UM JUÍZO "CORRETO", "EXATO" OU "REGULAR"; O OPOSTO DE ERRO É b) proposições particulares: aquelas em que o sujeito é um
“CORRETO”. termo particular: "algum homem é virtuoso".
c) proposições singulares: aquelas cujo sujeito é um termo
singular: "Pedro é sábio", "esta árvore é velha". Estas
proposições, pela razão dada anteriormente, devem ser
assimiladas, às proposições universais.
A possibilidade de E. supõe duas condições:
Commented [JA2]: Operação mental que estabelece
a) que haja um critério válido de juízo aplicável na situação dada; concordância ou discordância entre conceitos.

b) que tal critério não seja necessário e infalível. O juízo é o ato pelo qual o espírito afirma alguma coisa de
outra: "Deus é bom".
Sem a condição a) não haveria a possibilidade de distinguir o E. do que não é E. Sem a
condição b) o E. seria impossível em princípio. O juízo comporta então necessariamente três elementos, a
saber: um sujeito, que é o ser de que se afirma ou nega
alguma coisa – um atributo ou predicado: é o que se afirma
ou nega do sujeito – uma afirmação ou uma negação.
Platão procurou satisfazer essas condições com a doutrina do E. exposta em O Sofista.
O sujeito e o atributo compõem a matéria do juízo e a forma
do juízo resulta da afirmação ou da negação.
Platão observou corretamente que o E. é impossível do ponto de vista dos eleatas e seus
discípulos, segundo os quais "o ser é" e que o não-ser não pode ser nem pensado nem Do ponto-de-vista da forma.
expresso. Nesse caso, efetivamente, qualquer coisa que se diga, diz-se o que é, por isso diz-se Distinguem-se os juízos afirmativos e os juízos negativos.
a verdade. Mas se assim é, entre o sofista e o filósofo, entre o charlatão não existe diferença
Do ponto-de-vista da matéria.
alguma. Distinguem-se os juízos analíticos e os juízos sintéticos.

A possibilidade do E. condiciona, em outros termos, a investigação da verdade e não se pode


negar sem negar a própria verdade. Por isso, Platão abandona a tese eleática da necessidade
do ser e define o ser como possibilidade (dynamis, Sof., 247 e). Como possibilidade, o ser não é
nem um nem muitos, nem movimento nem repouso, etc, mas pode ser uma coisa ou outra, e
tudo está em ver quais são as determinações dele que podem unir-se e permanecer juntas, e
quais, ao contrário, são as não suscetíveis disso.
A ciência que estuda as combinações possíveis das formas (ou gêneros) do ser é a dialética —
ciência análoga à gramática, que estuda as combinações possíveis das letras, e à música, que
estuda as combinações possíveis dos sons.

O E. é simplesmente uma combinação de determinações do ser (e de palavras que exprimem


tais determinações) que não se conforma às regras da dialética.

Em outros termos, o erro é uma ação que combina ou une o que, com base em tais regras, não
pode ser combinado ou unido. Portanto, quem diz o falso não diz "o que não é" (o que seria
impossível, O Real, o não-dizível), mas diz algo diferente do que é: exprime uma combinação
de formas (gêneros e espécies) que não se conforma às possibilidades objetivas de relação
entre essas formas.

O E. é como um conjunto de letras sem sentido ou um conjunto de sons sem harmonia (Sof,
263).

Aristóteles parte de uma definição do E. que repete a definição encontrada em O Sofista: 'O E.
é a negação do que é ou a afirmação do que não é" (Met., IV, 7,1011 b 26).

Mas "o que é" não é o mesmo para Aristóteles e para Platão: para este, é a "possibilidade";
para Aristóteles, é a "substância" ou realidade necessária. Aristóteles procura, portanto,
definir a possibilidade do E. justamente em relação à substância, neste caso em seu aspecto de
essência necessária.

Aristóteles reafirma a tese platônica de que o E. é possível só onde há "combinação", "síntese"


de elementos diferentes. Onde há intelecção de indivisíveis não há possibilidade de E.; este
sempre se verifica na síntese (ou, o que dá na mesma, numa divisão), e o princípio que realiza
essa síntese é o intelecto.

Aristóteles restringe a possibilidade do E. à esfera das intelecções que não se referem à


estrutura substancial do ser, já que essa estrutura é apreendida nos seus princípios com um
ato análogo à percepção das qualidades corpóreas (o erro não pode estar na percepção), ato
que, como "intelecção do indivisível", subtrai-se à possibilidade de erro.

Em outros termos, a estrutura necessária do ser exclui a possibilidade de E. no que diz respeito
ao pensamento do ser. O E. fica então circunscrito à esfera das afirmações acidentais, ou seja,
que não têm lugar na ciência.

Na verdade, a partir de Aristóteles, o problema que a filosofia deve enfrentar não é o da


verdade, mas o do E., no sentido de que os princípios a que habitualmente a filosofia recorre
implicam que o homem está "necessariamente" em verdade e excluem, assim, a possibilidade
de erro. Portanto, as soluções mais comuns do problema do E. são as seguintes: 1) o E. não
existe; 2) o E. deve-se a uma força que intervém para perturbar o funcionamento normal do
intelecto, precisamente A) na vontade ou B) na sensibilidade.
A outra alternativa dessa solução é que o E. se deve à sensibilidade ou, pelo menos, à ação da
sensibilidade do intelecto. Essa é a doutrina de Kant a respeito. Um juízo errôneo — e o E.,
assim como a verdade, só pode existir no juízo — é o que confunde a aparência da verdade
com a verdade. Essa confusão não seria possível se o homem não tivesse outra faculdade além
do intelecto. Mas como o homem, além do intelecto, tem sensibilidade, não pode evitar a
influência oculta da sensibilidade sobre o intelecto, e dessa influência nasce a possibilidade de
confundir o subjetivo com o objetivo, ou seja, a aparência da realidade com a própria realidade
(Logik, Einleitung, VII). Essa teoria kantiana retorna em alguns filósofos contemporâneos. P.
ex., para C. I. Lewis o E. é devido à combinação dos dados mediados pela experiência com as
suas interpretações ou integrações habituais, de natureza intelectual (Analysis ofKnowledge
and Valuation, p. 26).

Em geral, a teoria do E. não é alvo de muita atenção por parte da filosofia contemporânea.
Algumas correntes não elaboram uma teoria do E. pelo mesmo motivo pelo qual Hegel não a
elaborou: porque não admitem a possibilidade do erro.

Para outras correntes, porém, o motivo é diferente: elas reconheceram a intrínseca falibilidade
(v.) dos procedimentos cognoscitivos de que o homem dispõe e, portanto, a possibilidade do
E. não se distingue da possibilidade do conhecimento. Em certo sentido, esse ponto de vista
significa um retorno à teoria platônica do E. ou, pelo menos, ao seu pressuposto de que as
determinações do conhecimento, assim como as do ser, não devem ser consideradas
necessidades, mas possibilidades (v.).

Se é quente ou frio, Protagoras diria que pode ser quente para mim e frio para você, e é isso.
Não há nenhuma realidade "lá fora" para que os sentidos percebam ou percebam mal; A
informação fornecida pelos nossos sentidos é a realidade. E se meus sentidos acontecerem de
contradizer o seu ... bem, então nossas realidades devem ser diferentes. Em questões de
percepção, Protagoras argumentou, todos estavam sempre certos. Protagoras merece
reconhecimento por ser o primeiro filósofo da história ocidental a abordar explicitamente o
problema do erro, mesmo que negando a existência.

----------

FATO – ABBAGNANO

Em geral, uma possibilidade objetiva de verificação, constatação ou averiguação, portanto


também de descrição ou previsão – objetiva no sentido de que todos podem fazê-la nas
condições adequadas. "É F. que oi' significa que x pode ser verificado ou confirmado por
qualquer um que disponha dos meios adequados, e que pode ser descrito ou previsto de
forma passível de aferição. A noção de F. é moderna, sendo mais restrita e específica que a de
realidade; nasceu sobretudo para indicar os objetos da pesquisa científica, que devem poder
ser reconhecidos por qualquer pesquisador competente. Portanto, no que se refere à sua
validade, o F. é independente de opiniões, preconceitos e mesmo de juízos e valorações que
não sejam inerentes ao uso dos instrumentos capazes de confirmá-lo. Assim, tem duas
características fundamentais: d) referência a um método apropriado de confirmação ou
verificação; b) independência em relação a crenças subjetivas ou pessoais de quem emprega o
método. Precisamente em vista dessas duas características, a capacidade de "olhar os fatos",
de "considerar os fatos" ou de "aceitar os fatos" hoje é considerada um dos requisitos
fundamentais não só do cientista e do pesquisador em geral, mas de qualquer cidadão. Não
obstante a importância que assumiu na cultura moderna, essa noção raramente foi alvo da
atenção dos filósofos. A história de suas análises dessa noção é parca, podendo-se dizer que
começa no séc. XVII, quando, com a distinção entre "verdade de razão" e "verdade de F.",
também se começa a distinguir — ao menos implicitamente — a esfera própria do fato. O
primeiro a fazer essa distinção foi Hobbes: "Há duas espécies de conhecimento, das quais uma
é o conhecimento de F. e outra é o conhecimento da consequência de uma afirmação
relativamente a outra. A primeira é apenas sentido e memória, sendo conhecimento absoluto,
como quando vemos um F. acontecer ou o lembramos; esse é o conhecimento exigido de uma
testemunha. A outra tem o nome de ciência e é condicional..." (Leviath., I, 9)- Assim como
Hobbes, Leibniz e Hume concordam em considerar que essa esfera é a experiência. Segundo
Leibniz, as verdades de F. são contingentes, ao passo que as de razão são necessárias porque
baseadas no princípio de contradição, de tal modo que seu contrário é impossível (Nouv. ess.,
IV, 2, 1). Para Hume, é sempre possível o contrário das verdades de F., pois nunca implica
contradição, sendo concebido pelo espírito com a mesma facilidade e clareza que há na
conformidade à realidade (Inq. Cone. Underst., IV, 1). Tanto Leibniz quanto Hume concordam
em julgar que o fundamento da verdade de F. é o princípio da causalidade.

Dessa análise resulta, portanto, que o fato é: d) uma realidade contingente, atingida ou
testemunhada pela experiência; b) uma realidade fundada em certa conexão causai. Uma
noção de fato assim configurada é a que hoje se chamaria de noção de acontecimento, ou
seja, de realidade contingente que pertence à ordem da natureza. Essa última qualificação é a
que se expressa quando se julga que a verdade de F. baseia-se no princípio causai. Portanto,
essa ainda não é uma noção de F. suficientemente ampla, que possa valer em toda a extensão
da pesquisa científica: para ela, as verdades matemáticas não seriam verdades de fato. A
extensão dessa noção foi realizada por Kant, para quem "os fatos são os objetos dos conceitos
cuja realidade objetiva pode ser provada tanto pela razão quanto pela experiência: no
primeiro caso, com base em dados teóricos ou práticos; em qualquer caso, por meio de uma
intuição correspondente". A partir daí a noção de F. às vezes se aproxima da noção de
fenômeno e outras vezes de um elemento ou condição da razão. Aproxima-se do fenômeno
quando se fala de "F. puro", "cru" ou de "simples F.", pois nesse caso alude-se ao dado
imediato, à aparência simples ou grosseira, da forma como ela se apresenta à primeira vista.

-----

Errância
O mundo nos impõe, pela sobrevivência, pelos jogos sociais, pela angústia da incompletude,
certa necessidade pelo acerto, pela verdade, pela completude, enfim. O erro, no entanto,
insiste em voltar e assombrar. Ele aponta para uma incomoda evidência: a errância é
fundamental, perene, estrutural. O erro pode ser evitado, corrigido, tamponado, mas a
errância não. Ela está na estrutura primordial da constituição das línguas. É ela que impõe a
interpretação histórica e coloca a língua em curso: discurso.

------

Livro: Being Wrong

P. 74

Vous aimerez peut-être aussi