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O Erro não pertence à esfera das proposições (ou dos enunciados), mas à do juízo (v.), das Commented [JA1]: A proposição é o ato de exprimir um
atitudes valorativas. juízo, o que pode ser feito de diferentes maneiras, contendo
o mesmo valor.
Em geral, pode-se chamar de E. todo juízo ou valoração que contrarie critério reconhecido Proposições podem ser: afirmativas ou negativas /
como válido no campo a que se refere o juízo, ou aos limites de aplicabilidade do próprio verdadeiras ou falsas.
A terra é redonda = afirmativa, falsa.
critério. A terra não é redonda = negativa, verdadeira.
b) que tal critério não seja necessário e infalível. O juízo é o ato pelo qual o espírito afirma alguma coisa de
outra: "Deus é bom".
Sem a condição a) não haveria a possibilidade de distinguir o E. do que não é E. Sem a
condição b) o E. seria impossível em princípio. O juízo comporta então necessariamente três elementos, a
saber: um sujeito, que é o ser de que se afirma ou nega
alguma coisa – um atributo ou predicado: é o que se afirma
ou nega do sujeito – uma afirmação ou uma negação.
Platão procurou satisfazer essas condições com a doutrina do E. exposta em O Sofista.
O sujeito e o atributo compõem a matéria do juízo e a forma
do juízo resulta da afirmação ou da negação.
Platão observou corretamente que o E. é impossível do ponto de vista dos eleatas e seus
discípulos, segundo os quais "o ser é" e que o não-ser não pode ser nem pensado nem Do ponto-de-vista da forma.
expresso. Nesse caso, efetivamente, qualquer coisa que se diga, diz-se o que é, por isso diz-se Distinguem-se os juízos afirmativos e os juízos negativos.
a verdade. Mas se assim é, entre o sofista e o filósofo, entre o charlatão não existe diferença
Do ponto-de-vista da matéria.
alguma. Distinguem-se os juízos analíticos e os juízos sintéticos.
Em outros termos, o erro é uma ação que combina ou une o que, com base em tais regras, não
pode ser combinado ou unido. Portanto, quem diz o falso não diz "o que não é" (o que seria
impossível, O Real, o não-dizível), mas diz algo diferente do que é: exprime uma combinação
de formas (gêneros e espécies) que não se conforma às possibilidades objetivas de relação
entre essas formas.
O E. é como um conjunto de letras sem sentido ou um conjunto de sons sem harmonia (Sof,
263).
Aristóteles parte de uma definição do E. que repete a definição encontrada em O Sofista: 'O E.
é a negação do que é ou a afirmação do que não é" (Met., IV, 7,1011 b 26).
Mas "o que é" não é o mesmo para Aristóteles e para Platão: para este, é a "possibilidade";
para Aristóteles, é a "substância" ou realidade necessária. Aristóteles procura, portanto,
definir a possibilidade do E. justamente em relação à substância, neste caso em seu aspecto de
essência necessária.
Em outros termos, a estrutura necessária do ser exclui a possibilidade de E. no que diz respeito
ao pensamento do ser. O E. fica então circunscrito à esfera das afirmações acidentais, ou seja,
que não têm lugar na ciência.
Em geral, a teoria do E. não é alvo de muita atenção por parte da filosofia contemporânea.
Algumas correntes não elaboram uma teoria do E. pelo mesmo motivo pelo qual Hegel não a
elaborou: porque não admitem a possibilidade do erro.
Para outras correntes, porém, o motivo é diferente: elas reconheceram a intrínseca falibilidade
(v.) dos procedimentos cognoscitivos de que o homem dispõe e, portanto, a possibilidade do
E. não se distingue da possibilidade do conhecimento. Em certo sentido, esse ponto de vista
significa um retorno à teoria platônica do E. ou, pelo menos, ao seu pressuposto de que as
determinações do conhecimento, assim como as do ser, não devem ser consideradas
necessidades, mas possibilidades (v.).
Se é quente ou frio, Protagoras diria que pode ser quente para mim e frio para você, e é isso.
Não há nenhuma realidade "lá fora" para que os sentidos percebam ou percebam mal; A
informação fornecida pelos nossos sentidos é a realidade. E se meus sentidos acontecerem de
contradizer o seu ... bem, então nossas realidades devem ser diferentes. Em questões de
percepção, Protagoras argumentou, todos estavam sempre certos. Protagoras merece
reconhecimento por ser o primeiro filósofo da história ocidental a abordar explicitamente o
problema do erro, mesmo que negando a existência.
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FATO – ABBAGNANO
Dessa análise resulta, portanto, que o fato é: d) uma realidade contingente, atingida ou
testemunhada pela experiência; b) uma realidade fundada em certa conexão causai. Uma
noção de fato assim configurada é a que hoje se chamaria de noção de acontecimento, ou
seja, de realidade contingente que pertence à ordem da natureza. Essa última qualificação é a
que se expressa quando se julga que a verdade de F. baseia-se no princípio causai. Portanto,
essa ainda não é uma noção de F. suficientemente ampla, que possa valer em toda a extensão
da pesquisa científica: para ela, as verdades matemáticas não seriam verdades de fato. A
extensão dessa noção foi realizada por Kant, para quem "os fatos são os objetos dos conceitos
cuja realidade objetiva pode ser provada tanto pela razão quanto pela experiência: no
primeiro caso, com base em dados teóricos ou práticos; em qualquer caso, por meio de uma
intuição correspondente". A partir daí a noção de F. às vezes se aproxima da noção de
fenômeno e outras vezes de um elemento ou condição da razão. Aproxima-se do fenômeno
quando se fala de "F. puro", "cru" ou de "simples F.", pois nesse caso alude-se ao dado
imediato, à aparência simples ou grosseira, da forma como ela se apresenta à primeira vista.
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Errância
O mundo nos impõe, pela sobrevivência, pelos jogos sociais, pela angústia da incompletude,
certa necessidade pelo acerto, pela verdade, pela completude, enfim. O erro, no entanto,
insiste em voltar e assombrar. Ele aponta para uma incomoda evidência: a errância é
fundamental, perene, estrutural. O erro pode ser evitado, corrigido, tamponado, mas a
errância não. Ela está na estrutura primordial da constituição das línguas. É ela que impõe a
interpretação histórica e coloca a língua em curso: discurso.
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