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1
Tiago Henrique Rezende Fonseca
BUQUÊ SUBULATA
2
Este é meu terceiro livro publicado em versão impressa. Desde 1998 rascunhava alguns
versos, que no ano de 2008 somaram o bastante para compor o primeiro, intitulado
Pensamentos & Poesia. Todavia, minha prioridade artística voltava-se à música, por
isso, nos primeiros dez anos de minha carreira, o número de canções compostas
dobravam a quantidade de poemas escritos. Contudo, passei a enxergar a literatura com
outros olhos e além de composições populares, decidi me dedicar mais ao exercício
poético.
3
SUMÁRIO
Capítulo 1
AROMAS DO CAMPO
Capítulo 2
FLORES CANIBAIS
4
36- Chegará
37- Cruzamento
38- Cumplicidade
39- Diário de uma borboleta
40- Do além
Ela ao quadrado
41- Epifânio
42- Imperfeito
(In) decidida
Incomplequitude
43- Leitura masculina
Momento apropriado
Não questione
44- Onze da noite
45- Ponto de vista
Qual o problema?
46- Reminiscência
Segredo
47- Sereia do asfalto
Sintonia
48- Sua presença
Suave detalhe
49- Superfície profunda
Treze vezes
Capítulo 3
ROSAS E ESPINHOS
5
Que poesia
Realizações esquecidas
64- Respiramos e morremos
65- Retórica incorrompível
Ritual errôneo
66- Saúde
Se sentir especial
67- Sozinho e atoa
Todo momento
Totalmente nu
68- Vozes
Capítulo 4
AGRIMÔNIAS
Capítulo 5
ORQUIDÁRIO
86- Indecifrável
Luar
87- Poema sem rima
88- A fórmula
6
89- Olhos de vidro
Para você
90- Caminhos de volta
91- Escola
92- Fim de infância
Frase final
Ouvidos que não ouvem
93- Reflexos
Seres quaisquer
94- Tardes de domingo
Cisociedade
95- Conversa
Coração interrogado
96- Escravos da tecnologia
Poeta consciente
97- Serpente
98- Tempo
7
Capítulo 1
AROMAS DO CAMPO
8
BOA NOITE
O ar
O céu
Um colírio.
9
CAMINHOS OPOSTOS
Um pouco de pimenta
E um som ao pé do ouvido,
Palavras sitiadas
Versos cabulosos
Corações em pedaços
Um quebra-cabeça
Se espalha no ar,
Partes caíram fora do plano
Restou o improviso de um buraco
Deixado pela peça que faltava
Um quadro
Um canto
Uma pintura
Uma parede em branco
Vida.
Vida:
Mistério
Drama,
Comédia,
Ironia.
À noite,
O vinho,
A água,
O terno.
10
CENA DE NOVELA
Depois...
É assim mesmo!
Cinco minutos...
Já lanchei, volto à minha vida...
Pensante, interrogadora,
Na contramão.
11
CONCHAS DO OCEANO
12
CONTRÁRIO
Ofício...
Nem sempre!
Falta de ofício...
Depende!
Artista...
Fome!
Artista...
Ofício!
Dinheiro...
Intelecto!
Intelecto...
Sem dinheiro
Projetos...
Falidos!
Ideias...
Vencidas!
Chance...
Não creio!
Esperança...
Perdida!
Cansado...
De fato!
De fato...
Morrendo!
Igual...
Desigual!
Talento...
Esquece!
Emoção...
Contenha!
O resto...
Que se exploda!
13
DESLIZES DE UMA ESCULTURA
O violão recostado
Com suas cordas todas,
Uma mente acelerada
Procurando a corda certa
As horas reclinam
No horário de verão,
Meu ponteiro atrasado
Não ficará pra traz
Observo, descanso
O ar me contempla
E algumas vozes atrás do muro
Aproveitam a vida como podem.
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DIVISORES
Os dias
Deixaram-me distante
Da minha vida
O tempo
Sempre me desafiou a entender
O que eu não entendo de mim mesmo.
Volto ao mundo
- Ao meu -
O ar é inseguro
O avião balança
Me recomponho,
Questiono,
Leio
Literatura
Óculos
Computador
Rotina
Desespero
Fim de férias...
Outra divisão da vida.
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DOSES DE PAZ
O clima de clube
O cheiro de protetor solar
O frescor do vento
A paisagem inteira
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DUALIDADE
Me compenetro
Numa lógica errônea
Quem diria
Que isso são apenas versos?
ENTENDIMENTO
Pipas voam no ar
A linha segura o bicolor
A mão segura a linha
A linha vai pro carretel
O carretel volta à mão
A mão pulsa junto às veias
As veias levam ao coração.
17
F DE FODA
18
FAGULHAS
Vestígios incontroláveis
Surrupiam uma razão vendida, vendável.
Uma luz briga entre o escuro e o breu,
Incansáveis tentativas deixam os feixes cessarem
Vestígios se escondem
Jogados pelos cantos
Um monte incontrolável abatido no chão
A noite vira
E no meio
O pequeno brilho perde seu tom
O dia chega
O sol raia sobre a cabeça de todos,
O império imaginário se desfaz,
O povo se divide
E o ciclo se repete.
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FEBRE INVASIVA
De tanto um
Se forma o plural,
De tantas coisas
Se perde o muito
Montoeira de palavras
Amontoadas, descartadas, interrogadas?
Não... Não concordo!
ICONOLATRIA
20
LENTAMENTE REVERSÍVEL
Samba um sufocamento
Que me prende a respiração,
Num querer
Abrir e retirar
O envenenamento de uma situação
Corrompidamente
Uma forma inalterada de mudança não mudada
Me joga contra meu próprio jogo
Abarcado novamente pela repetição.
LIBERDADE INVERSA
Parâmetros
Regras
Certeza
Certinho
Correto
Regras
Parâmetros
O absurdo
O caos
A linha
O laço
Liberdade escassa
Presa por um bocado de significados.
21
LIRA POR QUE DELIRAS?
Diga-me
Que suspiras
Quando lê estas linhas
Diga-me
Que não pode me esquecer,
Fala...
O que eu não preciso ouvir
Escreva-me
Dizendo que amou,
Porque disso
Sabes que não preciso escrever.
22
NEBLINA
De manhã
Acordei pensando no meu dia,
À noite
Terminei pensando no amanhã
Crescemos
Sem notar isso
Quando se assusta
Você já é velho o bastante
E tudo depois disso
Pesa como neve.
Me alegro,
Faço cara de conquistador
Te vejo
Te beijo
Olha, de novo,
Te pego.
23
O VÍCIO
Te chamo
Você dá atenção,
Me alegro
Você desfaz a corda
Sou palhaço
Sou vilão
Idiota
Apaixonado
Descontrolado
Manipulado
Por você??
Não!
Por um urso bi-polar
Que vem me visitar nas brincadeiras do meu pensamento,
Vestindo pele de cordeiro
Para não te assustar.
24
OÃÇCIF
Inteligência Artificial,
O homem passa seus segredos a Nano
E se esquece do que ensinou
Mudou...
Tornou-se escravo.
PAISAGEM
Obra de arte
Tintas pelo chão
Peças raras
Natureza estupenda
Uma montanha
Uma árvore
Duas cerâmicas
Vários telhados
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PERIPÉCIAS
PINCELADAS DE PAPELÃO
Nada
Nada
Nada!
Movimentos
Movimentos
Nada
Nada
Nada!
Entenda!
Entende?
Nada
Nada
Nada!
PIQUE - ESCONDE
Mas...
A Natureza ainda olha para tudo
E acha que a brincadeira é pique-pega.
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POEMA DO BECO ESCURO
Lampejos
Assombros
Desejos
Vontades
Um fim
Um novo começo.
QUINTAL
O ar
Ovento
Veloz
Eminente
Neutro
Transportador oitavado
Outrora batia em meu rosto
Fazendo-me voar
Pairando em momentos de intensa paz.
27
SEM PLANOS
Em algum lugar
No mesmo momento
Neste exato instante
Sei que também pensa em mim.
Digo:
Quem sabe de fato não estarei?
A resposta
O vento levará a você.
SENTIDOS
A vida
Às vezes, simplesmente não faz sentido
Não quer dizer que não tenha um
Simplesmente, às vezes não faz sentido.
SONHOS LITORÂNEOS
28
TEMPO E ESPAÇO
Algo físico
Talvez invisível,
Tempo e espaço...
Para alguns, indeterminados.
Para outros, apenas um lapso interrogatório.
Há quem se perde
Há quem se encontra
Há quem procura
Há quem se esconde
TENTATIVA ABANDONADA
29
VELHOS TEMPOS
Parece-me estranho
O verão não é tão quente assim
Estou distante,
E você mais próxima de mim.
30
Capítulo 2
FLORES CANIBAIS
31
A ROTATIVIDADE DA LUA
A velocidade da vida,
Momentos errantes,
Detalhes eternos
Imagens
Sonhos
Planos
Sempre
Um quase reerguendo,
Um simples contratempo
O beijo da surpresa
A saudação de um sorriso
Um pensamento roubado
Um desejo refeito
32
ADOLESCENTES
Um guarda-chuva,
A sorte,
A chuva
A chuva cessa
O guarda-chuva continua aberto,
A escola chega
E agora nunca será a mesma.
33
AVESTRUZ
Eu passei a imagem
De que tudo
Com o tempo ficaria bem
E num ato
Num vacilo burro
Perdi minha imagem de herói
Pior,
Destruí o coração amável
Da mais bela das flores
Que confiava no amor.
34
CHEGARÁ
35
CRUZAMENTO
Sei de mim
Do meu coração,
Do coração junto a mim
Não sei não!
36
CUMPLICIDADE
Você reapareceu...
De um lado, farpas e espinhos,
De outro, cumplicidade e carinho
N’outra vertente
Me perco lamentavelmente
Ligo o rádio
Acendo um incenso
Corro pros braços dela
Vivo
Respiro
Transpiro
Me vejo
Vejo a ti
Nós dois...
Não sei!
37
DIÁRIO DE UMA BORBOLETA
Quanta ficção
Quanta verdade
Quanta mentira
Quanta ilusão
Quanta invenção
Quanta (in)certeza
Exatidão
Expressão
Experiência
Experimento
Ex, é uma palavra forte demais
Para alguém que não esquece.
38
DO ALÉM
ELA AO QUADRADO
39
Infindado por um tempo sem definição.
IMPERFEITO
Preciso partir
Antes que eu parta meu coração,
Minha ilusão quase verdadeira
Não suporta mais
Um verso
No futuro do pretérito.
(IN)DECIDIDA
INCOMPLEQUITUDE
Me fizestes lembrar
De coisas mágicas
De sentimentos nobres
De uma natureza sincera
De uma vida existida
De um amor maior que amor...
Bem mais que um te amo
Pouco menos que o real
Mas tão verdadeiro quanto a vida.
40
LEITURA MASCULINA
MOMENTO APROPRIADO
Desculpas desculpadas
Perdões perdidos e recompostos,
Trâmite, trânsito:
Verbal, animal... humano.
NÃO QUESTIONE
41
ONZE DA NOITE
42
PONTO DE VISTA
A vida
Alguns sonhos
Objetivos
Clareza
Tristeza
QUAL O PROBLEMA?
43
REMINISCÊNCIA
Palavras de amor
Confissões de carinho
Delírios de prazer
Vontade
De voltar para sempre
E viver para sempre.
SEGREDO
Alguns filmes
Fazem passar filmes em nossas lembranças,
Um cinema sempre me foi agradável,
Tua companhia
Era como se meu coração não estivesse só
Como um super-herói
Não posso estar junto a ti
Porque o destino que escolhemos
Mora numa sociedade implacável
Que não permite voltas
Pois a gente mesmo se impede
Não entendo
Pra que contrariar seu próprio coração
E fingir que tudo continua normal
Após confessar seu amor por mim...
Apenas
Leio estes versos em voz sussurrante
E sei que você fará o mesmo
Logo depois guardará para si
44
SEREIA DO ASFALTO
SINTONIA
O andar continua
Meu passo enfraquece, o seu acelera.
O sol arde,
Uma nuvem tapa a luz
45
SUA PRESENÇA
Apago a luz
Mas já não faz diferença
O sol bate na janela...
O silêncio se instaura,
Não sei por quê
SUAVE DETALHE
46
SUPERFÍCIE PROFUNDA
Sentimentos
Sentimentos
Especiais
De uma mágica
De um sonho
De uma vida
Que você me faz sentir
TREZE VEZES
Um canto
Um momento
Um andar depressa
Um olhar desviado
Um reencontro frustrado,
47
Capítulo 3
ROSAS E ESPINHOS
48
A BELEZA ATRÁS DOS MONTES
APAGÃO
O cansaço
A falta de ar
A recompostura
O andar erguido
Com os pés firmes na objetividade
...
O estrondo
O estouro
A falta de energia
Um mero... Desperdício.
49
AS PAZES
A noite
Me espera.
CARROSSEL
Desapareça agora
Sua proximidade me irrita
... O passado, às vezes,
Abre crateras infinitas
Te quero bem,
Não queiras mal
A vida é como uma roda gigante,
Eu só não soube compará-la
A essa metáfora que criei.
50
CORTINA
51
DESCULPADOS
Han!
Pobre bandido!
Quis assaltar um ator em começo de carreira.
Han!
Ingênua gangue
Quis assaltar artistas de salão
52
DESPERTAR
Viajar em sorrisos
Querer o que não se tem
Fazer o contrário
Tentar entender o que isso significa
Ficar parado,
Pensar no tempo...
O cotidiano,
O inverso disso
A rotina,
A fuga do igual,
O desespero... Algo incompreensível
53
DRAGÃO DO MATO
No fim de um ato,
Um mesmo retrato
De uma educação, de uma sociedade
De um povo
E de um certo indivíduo.
ESCONDERIJO DE ANIMAIS
A luz dúbia
Reflete no vidro à frente
A natureza lógica
Apresenta um tom de 5 da manhã
54
EVASÃO
55
FAGULHAS II
Aos poucos,
As coisas voltam ao normal
E nada parece tirar o sossego
Um revólver aponta,
Quando tudo está em dia
Não há problema
As horas passam,
O vidro embaça,
O sonho se vai porque não mais se sonha
56
FILMES QUE NÃO GOSTO
Esse misticismo,
Essas lendas,
Algumas com sentido,
Outras quase verdadeiras
E umas
Verdadeiramente assombrosas
Detesto
Filmes de terror,
Alguns suspenses
Vencem minha razão
FOLHA AZUL
Engraçado
A vida me pede uma dose de conhaque,
Engraçado ao cubo ou dobrado,
Engraçado como o conhaque
Rima com meus versos
Já bebi
Já fumei
Fui viciado (mentira) verdade!
Já reparei
E parei para reparar de novo
57
De um perder-se no horizonte.
FRACIONADO
Queremos amigos
Prezada amizade
Energia, saúde, cumplicidade
Então é só isso:
Trabalhamos demais
Reclamamos demais
Vivemos quando dá
IMBRICAÇÕES
Nada...
Nada mesmo me impede,
Minha costela dá um nó
Minha felicidade visita a dor
Dilacerante
VERSOS ALEGRES
Na brincadeira do poeta
Na brincadeira com o leitor
58
De um olhar perdido.
JOVENS LOUCOS
Vive,
Pensa,
Imagina,
Acredita
Na sua paranóia inversa
Afinal
Quer ser um grande poeta.
O PREÇO DA VIDA
O relógio despertou
Meus olhos não.
O tempo anda,
Meus pais acham que minha vida melhora
E até eu penso que as coisas vão melhorando...
É hora do almoço,
Vou esquentar a marmita;
Queria ver televisão na sala de minha casa,
Queria o almoço da minha mãe,
Queria vê-la preparando o almoço junto com meu pai
O Sol se põe,
Arrumo a mochila,
Guardo a marmita,
Organizo os cadernos
59
ORAÇÃO DO DESCOBRIMENTO
Entendo... mentira
Você sempre esteve aqui
É só tu que me entende
Só em ti eu confio
Sem medo
Abertamente
Com franqueza
Claramente
Impeço,
Permito,
Desviro,
Discordo,
Retiro,
Revolto
60
PEQUENA TEMPESTADE
Acordo às 4 da manhã
A chuva engrossa só porque tenho que sair,
Ouço o barulho do vento
As gotas invadem minha janela
Um chinelo de dedo
Anda mais que alguns pés
A borracha gasta
Diz sobre passeios incomuns
Busco na irrealidade
Algo que pareça comum,
Tremendamente simples,
Tento encontrar a semelhança
Um pássaro voa
Depois pousa no fio de energia.
Uma coruja observa em cima do muro
Um estalo estoura o momento
61
QUE POESIA
REALIZAÇÕES ESQUECIDAS
62
RESPIRAMOS E MORREMOS
Somos artistas
Não temos controle
Não temos rédeas
Somos ideológicos
Utópicos
Crentes e descrentes
Dilacerados, reconstruídos
Desmedidos
Vivenciadores da arte
Criadores, criaturas
Pais e filhos
Filhos e pais
Somos artistas
Vivemos da arte
Fazemos arte
Respiramos e morremos
Arte.
63
RETÓRICA INCORROMPÍVEL
Buscando solução
Perpasso todos os meus momentos
As deduções já moravam em minha mente,
A mente contrariava meu coração
Não!
Não mudo de ideia
Sonho é sonho
Esse nasceu antes de você
Cabe a mim
Celebrar minha ficção
Fixação.
RITUAL ERRÔNEO
Primeiro, o costume
Depois, o hábito
Posteriormente, ação
Em seguida, novamente
Em seguida, o recomeço
Posteriormente, outra vez
Depois, conformados
Segundo, um erro.
64
SAÚDE
Não se sabe
Se sente sempre que o contrário ameaça um estado natural
Uma cama,
Um remédio,
Um copo d’água,
Uma coberta
Estar de pé
Respirando calmamente,
Uma cabeça sem dor
A disposição do novo dia
Repleto de energia
Tomado de calor,
Vigorosamente a espera do amanhã
SE SENTIR ESPECIAL
65
SOZINHO E À TOA
Ironia não?
Logo eu que quero sombra e água fresca...
Acontece,
Que todos estão trabalhando
Então não tem ninguém pra dividir a sombra.
TODO MOMENTO
TOTALMENTE NU
Fecho os olhos
Respiro fundo
Perco as contas de quantas vezes me perdi.
66
VOZES
Quantas poesias,
Enquanto as poesias
Satisfazem meus perpassos mentais
Vou brindando a loucura
Desperdiçada no vício
Que pouco a pouco me consome
Eu poderia
Poderia usar a arte
Minha válvula de escape
Não camuflada
Tampouco escondida
Apenas
Desencontrada.
67
Capítulo 4
AGRIMÔNIAS
68
A FONTE DA NOITE
Ossos cansados
Olhos arregalados
Estátuas de anjos
Imagens estranhas
Pensamento lento
Calor escaldante
Frio que se desfaz
Num suor interrompido
Gelando o coração,
Gelo meus dedos,
Um ataque cardíaco
Uma poesia mal feita.
A FUGA
Observo,
Observo,
Observo
Veja:
Você não é mais a mesma,
Não és a mesma heroína
E de tudo...
Resta-me apenas o pó
Por favor,
Vá embora
69
Antes que eu atire meus olhos n’água.
A MÁGICA DE UM ATOR
Eu poderia dizer
Que estou amando o universo,
Eu deveria falar
Que a vida é linda
E que eu só vejo flores
Que sim
Que a vida é um mar de rosas
Que as coisas são belas
E que tudo pertence aos amores verdadeiros
Eu tinha de escrever
Que o mundo é justo,
O céu é o limite
E as estações são todas como primavera
É verdade...
Seria melhor assim
Mas descobri
Que não sou vendedor de ilusões
Portanto,
Fique com a realidade de alguns versos
E sinta de verdade
O corte doloroso da perda.
ÁCIDO
70
ANACROGIA
Talvez
Acomodado, inalterado...
Envergonhada desvergonha,
Fraqueza insolente
Um animal domesticado,
Uma alma sem sentido,
Uma vida descartada,
Um sonho comedido
Um sonho...
Que luta para ser sonho
Numa realidade anacrônica.
71
ARLOUCO OCUOLAR
Acontece
Que ambos não são tão diferentes,
Pelo menos
Para os ideólogos
Defensores
Do ainda inexistente.
72
ATRASADO
Não posso,
Não posso,
Não mais
Não me interessa
Mas agora,
Não sou mais o passado,
Não mais o equilíbrio...
No momento
Nesse ato
Despido-me com palavras tortas
E me despeço com um simples
Já vai tarde!
73
AUTORRESPOSTA
A felicidade é controversa
Muita gente me fala da tristeza de alguns trechos poéticos,
Acho que as pessoas se acostumaram com as fantasias
Veja
Eu não tenho sentido,
Um pensamento
Fiz virar poesia
Só porque escrevo em forma de versos
Saiba
A alegria
Deve morar no coração
Não em poemas.
O tempo?
Nos mostra
A ânsia
Precipitada
De algo
Pertencente
A um pensamento
Inconsequente
Imaturo
Ou não
Porém,
Na busca
Desesperada
Pela vontade
Que permeia
No cérebro
De um cidadão
Em busca
Do sucesso.
74
BISCOITO DE POLVILHO
A compreensão,
Há... a compreensão...
Porque és tão passível?
CIDADÃO DE ENFEITE
Ora! Ora!
Não se pode ter 10 anos depois de 20?
75
DISPAROS
Desculpa?
Não!
O que foi?
Nada!
Esquece...
Preocupe-se
Com sua vida
Normal.
76
EM OUTRAS MÃOS
Se quiser se defender
Não esqueça a razão
Porque a sua paixão pode ser minha
E o meu desejo não
Se quiser me esquecer
Não me ligue,
Se quiser me entender
Fique distante dos meus olhos
Assim conseguirei mentir
Se quiser me conquistar
Espere eu querer
Pois meu coração é como espinho de ouriço
Forte
Mas quando fora de controle
Despedaçado em outro corpo.
77
HIPOTÉTICA
Porções emblemáticas
Curvaturas fora de grau
Críticas abafadas
Barulho desnorteador
Frio
Inadequado,
Sentido
Contrário
Brinco
De ouro ou de brincadeira?
Bicho
Desconstruído
De racionalidade.
78
IMORTAL
Aliás,
Nada demais
Apenas um colapso de palavras
De um mundo evasivo
Compulsivo,
Distraído
Comum,
Apenas igual.
Que cólera!
Que falta de assunto!
Que morte!
MEDONHO
Não repare
Meu mundo versadamente imaginário é diferente da realidade,
Se eu te faço sonhar
Por que não posso mostrar os pesadelos?
79
O PENETRA
Um metro quadrado
3x4
Suspiros profundos
Barulhos chatos
Pensamento contínuo
Barbaridade errônea
Pálpebras
Violão
Ventilador
Sapatos
Vento
Carteira
Cadeira
Som!
Lua minguante
Coração estraçalhado
As faces se desmancham
Em meio às tempestades de areia
Reações
Perigo adverso
A sinceridade escapada
É uma mentira inversa.
80
PARTANTESTI
Imaginei demais
Fui ao excesso
Cheguei ao extremo
Agora é o fundo
O fundo do poço.
PORTA FECHADA
Você me fascina
Por não introduzir nenhum outro assunto,
Por não falar nada que não tenha a ver com o que quero lhe dizer.
Você...
Simplesmente,
Nem entenderá o tom desse discurso.
81
RIQUEZA ESTÚPIDA
Hoje não,
Não sei o que acontece
Um estado incompreensível
Um peso em minhas costas
Um fardo em minha mente
Um arcabouço entorpecente
Me encontrou – me destruiu
Tudo isso
Para justificar
Uma falsa sabedoria
Fruto da desculpa ininterrupta
Vedada por olhares intrometidos
NÃO
Não...não...não... não
Ham!
Acho que simulei a descompostura
De um estado perfurantemente pobre.
82
SAL
À toa
Não quero mais pensar no que as pessoas não dizem
Ou deixaram de falar.
VERSOS FÚTEIS
Construí abismos,
Cultivei ervas daninhas
E me empolo com a falsa amizade
83
Simbologia de meus versos fúteis, fúnebres, errados!!!
Capítulo 5
ORQUIDÁRIO
84
IN DECIFRÁVEL
LUAR
A lua da janela
Não é a mesma que a lua da roça,
A lua da cidade grande
Não é a mesma que a da janela
O andar pacato
Não é o mesmo que o andar semiapressado
O andar depressa
Se desespera ao olhar para o lado
A velocidade do tempo
Não é igual em cada canto,
A preocupação com o tempo
É diferente em cada olhar para a lua.
85
POEMA SEM RIMA
Incontrolável, escrito
Rimativo;
Que me surpreende, que me faz ausente e me deixa presente
86
A FÓRMULA
Certo dia
Você me disse que nunca se esqueceria daquele momento
... Acontece
Que quem nunca se esqueceu fui eu
Sua voz
Ficou gravada na minha inconsciência
Seu olhar
Ficou fotografado na minha lembrança
Seu jeito
Está guardado no meu pensamento
Se eu a tivesse... A fórmula,
A usaria neste instante.
87
OLHOS DE VIDRO
Olhei de novo,
Sonhei mais uma vez,
Pensei numa lembrança
Sonhei mais uma vez
Eu vi teus olhos
Vi seu corpo... Vi sua boca
Senti seu desejo
Desejei o que senti.
PARA VOCÊ
88
CAMINHO DE VOLTA
Observo o barulho
E ouço o relógio andando
Nos passos do meu passo,
Volto ao início sem começo
E saio outra vez.
89
ESCOLA
Primeiro Grau:
Segundo Grau:
Terceiro Grau:
90
FIM DE INFÂNCIA
O mais legal
É que a cada semana a paixão era diferente
FRASE FINAL
91
Que se externa em expressões perdidas pela incompreensão.
REFLEXOS
Querência de verdade,
Verdade deduzível,
Medo... Coragem, Vida... Imensidão.
SERES QUAISQUER
92
TARDES DE DOMINGO
Sonhos de cochilo,
Calor de verão,
Sobremesa sobre a mesa,
Panelas no fogão
Acordar interrogado
Assustado com a hora
Amanhã é outro dia
Amanhã é outra história.
CISOCIEDADE
A infância acabou
A adolescência em transição
Mais um homem se dobrando à civilização
As brincadeiras já passaram
A curtição já terminou
O peso das responsabilidades
Batem nas costas
Pesando nos ombros do carregador
Agora...
É hora de pensar
Refazer tudo o que foi imaginado
E já era esperado pelo imã da sociedade
93
CONVERSA
Ahh!!!
Salve o silêncio
Por favor
Vamos ouvir o silêncio,
Prestar atenção no pensamento
Esquecer o oba oba e os desfirulamentos
Espera um pouco
Contente-se com o presente
Não tenha necessidade de gritar aos quatro ventos
De repetir novamente
E de novamente se intrometer no meu silêncio
Salve... me salve
Não aguento mais conversa.
CORAÇÃO INTERROGADO
Em momentos
De delírios desconcertantes
De palavras que me matam
De uma voz que me provoca
De gritos que não se calam
De histerias que não acabam
De derrotas constantes
No fim,
A vida está distante
Os olhos sem brilho
E o coração
Cansado de bater em vão.
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ESCRAVOS DA TECNOLOGIA
A exposição da vida
Numa vida virtual
Que ridicularidade é essa?
POETA CONSCIENTE
No silêncio de um pensamento
No suspiro de uma voz
Na vibração de um grito
No desespero da atenção
Na dúvida do amor
Na certeza da morte
Na verdade da vida
Na desistência da verdade,
No soluço da compreensão
Na tristeza do cansaço
No cansaço da destruição
No brilho... do sol... na chuva
Do dia seguinte,
De uma esperança mínima como uma ponta de agulha
Que se enfia no coração.
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SERPENTE
Um animal domesticado
Uma voz astuta
Um pedido de carinho
Um olhar incompreendido
Uma interrogação...
Um duplo momento,
Uma dupla identidade,
Duas vidas
Porque os sonhos se dividem com a realidade
Um entroncamento
Entre o cérebro e o coração,
Uma bifurcação
Entre o objeto, objetivo e abstrato...
Fruto da imaginação
De uma árvore não plantada.
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TEMPO
Não me importa,
Quero apenas o prazer da escrita,
Posteriormente, uma leitura crítica
Aguardar a vida
E o tempo do relógio.
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Espero que tenha interrogado seu jardim...
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Tiago Henrique Rezende Fonseca.
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