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ª Edição
A RESPONSABILIDADE SOCIAL
OEIRAS
2011
ÍNDICE
SUMÁRIO EXECUTIVO
1
REDE NACIONAL DE RESPONSABILIDADE SOCIAL - Rede Nacional de Responsabilidade Social
[Em linha].
1 – INTRODUÇÃO
2
CARROLL, Archie - Corporate Social Responsibility: Evolution of a Definitional Construct”. Business
& Society, vol. 38, n.º 3, p. 268-295.
3
SERRA, Catarina - A R.S. das Empresas – Sinais de um instituto jurídico eminente?. Questões
Laborais, Ano XII, Coimbra: Coimbra Editora, 2005
4
Livro Verde, Promover um quadro europeu para a responsabilidade social das empresas. Bruxelas:
CCE, 2001
5
Parecer sobre «Instrumentos de informação e de avaliação da responsabilidade social das
empresas numa economia mundializada».
Este parecer da Comissão refere ainda que um modelo que tenha em conta
as partes interessadas (stakeholders) tem “real interesse” ao lado do modelo
vocacionado para os resultados dos accionistas (shareholders).
O Livro Verde motivou também a criação de parâmetros de referência para a
avaliação e a consequente atribuição do grau de empresa socialmente responsável6.
Neste sentido, esta certificação deveria assistir as organizações a construírem mais
factores de diferenciação e valor acrescentado, atraindo mais confiança dos
investidores e clientes.
4 – O CONCEITO DE R.S.
6
INSTITUTO PORTUGUÊS DA QUALIDADE - Projecto de Norma Portuguesa - prNP 4469-1 [Em
linha]. Caparica: IPQ, 2007.
7
Relatório final da Comissão Mundial da Nações Unidas para o Ambiente e o Desenvolvimento, 1987
8
Livro Verde, Promover um quadro europeu para a responsabilidade social das empresas. Bruxelas:
CCE, 2001
9
ARAGÃO, Alexandra - O principio do poluidor pagador como principio nuclear da responsabilidade
ambiental no direito europeu [Em linha].
10
Conceito segundo o qual a melhoria na forma de utilização dos recursos permite reduzir os
prejuízos ambientais e custos”, ver Livro Verde, Promover um quadro europeu para a
responsabilidade social das empresas. Bruxelas: CCE, 2001.
11
Ainda que não enquadrável directamente na R.S. das Organizações, refira-se a título de exemplo, a
iniciativa privada de atribuição do Prémio de Boas Práticas no Sector Público que vai neste momento
para a sua 12.ª Edição. Mais informação disponível em http://www.boaspraticas.com/index.php.
7 – AS NORMAS DE R.S.
12
ONG internacional surgida em 1946 dedicada à elaboração e difusão, a nível mundial, de padrões
para quase todos os domínios de actividade (excepto engenharia electrotécnica e electrónica) e à
7.2 – NP 4469-1
A Norma Portuguesa 4469-1, de 2008, surgiu durante o desenvolvimento da
ISO 26000, com o intuito de dar resposta à necessidade sentida pelos stakeholders
de deter uma forma de regulação que se pudesse aplicar aos sistemas de gestão da
R.S. 14 para a respectiva avaliação e certificação.
Esta norma entende a R.S. “como as acções voluntárias das organizações
tendo em vista a criação e maximização dos seus impactes positivos, bem como a
redução ou eliminação dos seus impactes negativos.” Neste conceito estão
implícitas a noção de ética e a defesa dos interesses da sociedade, não
correspondendo estes aos interesses da organização. Deste modo, a determinação
dos interesses da sociedade implica um diálogo continuado com as partes
interessadas consideradas como relevantes.
O aspecto diferenciador desta norma consiste na determinação dos requisitos
de um sistema de gestão e R.S. que possibilite à organização o desenvolvimento e a
implementação de uma política de objectivos, considerando a visão dos
stakeholders e a informação referente à R.S.. Uma vez estabelecidos estes
requisitos, o sistema de gestão da R.S. pode ser auditado.
O modelo de gestão da R.S. adoptado por esta Norma caracteriza-se pela
existência de dois ciclos interligados: o da gestão estratégica e o da gestão
operacional. O primeiro tem início com a definição dos valores e princípios
orientadores da organização e com a aceitação, da parte da Gestão de Topo, do
sistema de gestão da R.S. e a sua melhoria contínua. O segundo concretiza a
política da R.S. definida pela Gestão de Topo, por via de actividades como o
planeamento e a implementação.
No que toca aos requisitos, a Norma estabelece que se devem definir
princípios gerais, que devem prevalecer sobre quaisquer outros; operacionais, que
orientam a actuação das organizações; e específicos, dos quais são exemplo o
princípio do poluidor-pagador ou o da precaução. É, também, fundamental obter o
compromisso por parte da Gestão de Topo no que respeita à sua vontade de definir,
desenvolver e implementar o sistema de gestão da responsabilidade social.
14
Por sistemas de gestão da R.S. entende-se o “conjunto de elementos interrelacionados e
interactuantes para estabelecer e concretizar a política e objectivos da responsabilidade social”.
7.3 – SA 8000
À semelhança da NP 4469-1, a norma SA 8000 constitui outra norma de
referência para a R.S. das organizações. É uma norma internacional, que surgiu em
1997, emanada pela Social Accountability International (SAI) e tem como principal
enfoque o desempenho social da organização e os seus colaboradores. A SA 8000
baseia-se num conjunto de convenções da Organização Internacional do Trabalho
(OIT), na Declaração dos Direitos do Homem das Nações Unidas e na Convenção
das Nações Unidas dos Direitos da Criança.
Esta certificação é suportada no cumprimento de requisitos centrados na R.S.
e num conjunto de condições indispensáveis de Sistemas de Gestão. Esta série de
requisitos visa garantir o respeito pela dignidade humana e o combate aos abusos
laborais, traduzindo-se na proibição do trabalho infantil, do trabalho forçado, de
actos discriminatórios e de práticas disciplinares que envolvam punição corporal,
coerção física e abuso verbal. Em contraponto pretende-se assegurar um ambiente
15
Disponível em http://www2.seg-social.pt/left.asp?05.09.09.
16
Disponível em http://www2.seg-social.pt/preview_documentos.asp?r=34223&m=PDF.
17
Resolução de Conselho de Ministros n.º 109/2007, de 20 de Agosto.
do ponto de vista operacional das organizações públicas, esta legislação não impõe
formas de actuação padronizadas nem metodologias comuns ou iniciativas
concretas no domínio da sustentabilidade ambiental. Por conseguinte, as
certificações ambientais (nomeadamente ISO14000) são facultativas e as iniciativas
em prol de um meio ambiente natural sustentável são frequentemente exemplos de
R.S. na vertente ambiental, como no caso que se segue.
No âmbito da Semana Europeia da Mobilidade, que decorreu entre 16 e 22 de
Setembro de 2011, a Câmara Municipal do Barreiro levou a cabo, pelo terceiro ano
consecutivo, a campanha «ECO-Trocas – Viagens a Troco de Lixo» que se insere
numa política municipal de educação e sensibilização ambiental direccionada para a
gestão integrada de resíduos domésticos e o uso de transportes públicos. Esta
iniciativa desafiou a população a recolher e separar resíduos sólidos urbanos
recicláveis para trocar por bilhetes para os transportes públicos do concelho: TCB
(Transportes Colectivos do Barreiro, CP, Transtejo/Soflusa e TST (Transportes Sul
do Tejo).
A troca consistia na oferta de um bilhete de qualquer dos operadores
aderentes contra a entrega de um dos seguintes conjuntos de resíduos: 10
embalagens de metal; 7 embalagens de cartão para líquidos alimentares; 2 kg de
papel ou cartão; 5 garrafas de plástico de 1,5 L; 10 garrafas de plástico pequenas; 3
garrafões de plástico de 5 L.; 20 sacos de plástico limpos; 4 garrafas de vidro de,
pelo menos, 0,75 L; 6 garrafas de vidro pequenas; 12 pilhas; 10 rolhas de cortiça.
A campanha ECO-Trocas teve lugar, em 17 de Setembro passado, no Eco-
Moínho do Jim, no Barreiro. Neste espaço dedicado à educação e informação de
carácter ambiental, a troca de resíduos por bilhetes foi acompanhada por uma
explanação das sucessivas mais-valias ambientais e económicas geradas em cada
etapa do processo (reciclagem de matérias-primas, ganho de uma viagem, menos
trânsito e poluição) em benefício de todos os actores envolvidos (consumidor-
utilizador, empresas e comunidade).
Este programa insere-se claramente na vertente ambiental da R.S. das
Organizações Públicas na medida em que constitui uma acção voluntária (pois não
há nenhuma lei que a imponha) de uma Câmara Municipal no sentido de promover,
junto da comunidade, comportamentos relevantes para a sustentabilidade ambiental
(a separação de resíduos domésticos para posterior reciclagem e o uso dos
transportes públicos) por intermédio de um incentivo concreto, verdadeiramente
9 – Conclusão
A realização do presente trabalho permitiu chegar a um conjunto de
conclusões. A primeira delas corresponde ao facto de o conceito de R.S. não ser
recente e de se ter vindo a desenvolver, nomeadamente, a partir da segunda
metade do séc. XX. Por outro lado, também se conclui que o conceito de R.S. surgiu
e evoluiu no seio do sector privado, tendo transitado para as organizações públicas,
essencialmente, a partir do séc. XXI, quando se desenvolveu um conjunto de
normas com aplicação na esfera pública. Assim, neste trabalho foram analisadas as
normas de referência no domínio de R.S., tanto a nível internacional, como a nível
nacional, verificando-se que existem normas mais gerais e de recomendação, como
o Livro Verde ou a ISO 26000, e normas de que permitem a certificação como a NP
4469-1 e a SA 8000, que são mais específicas. Uma prova de que o conceito de
R.S. se está a enraizar cada vez mais encontra-se, por exemplo, na norma
portuguesa NP 4469-1, uma vez que pretende regular os sistemas de gestão de
R.S., algo que há num passado recente simplesmente não existia.
Por outro lado, com a elaboração deste trabalho foi possível perceber que
existem várias definições de R.S., existindo, no entanto, conceitos e ideias comuns a
todas elas, nomeadamente: visar o desenvolvimento sustentável, ser regida pelo
princípio da ética, exceder voluntariamente as obrigações legais e procurar gerar
impactes positivos nas partes envolvidas e no meio ambiente.
Com a análise de variados casos práticos de aplicação do conceito de R.S.
verificou-se que as iniciativas a este nível se têm vindo a multiplicar nas diversas
organizações do sector público administrativo, tanto na sua vertente interna como
externa. O interesse em produzir impactes positivos por parte das mesmas tem
registado um crescimento notável, facto comprovado pelos diversos programas que
18
Por oposição às acções de sensibilização com recurso a meras campanhas de divulgação nos
media ou a actividades lúdico-educativas, as quais têm uma fraca capacidade de alterar
comportamentos.
Bibliografia:
COSTA, Ana; [et al.] - Guia informativo para organizações [Em linha]. Amadora:
CMA, 2010. [Consult. Out. 2011]. Disponível na internet:
<URL:http://www.redesocial-amadora.com/site/files/ProsAma_Brochura%20(3).pdf>
GUERREIRO, Maria das Dores; [et al.] - Boas Práticas de Conciliação entre Vida
Profissional e Vida Familiar - Manual para as Empresas [Em linha]. Lisboa:
MTSS/CITE, 2006. [Consult. Out. 2011]. Disponível na internet:
<URL:http://www.cite.gov.pt/imgs/downlds/Boas_Praticas_de_Conciliac.pdf>
MOTA, Goreti; DINIS, Alzira - Responsabilidade social das empresas: novo modelo
de gestão para o desenvolvimento sustentável [Em linha]. Porto: UFP, 2005.
[Consult. Out. 2011]. Disponível na internet:
<URL:https://bdigital.ufp.pt/dspace/bitstream/10284/221/1/artigo16.pdf>
DQA - Responsabilidade Social das Empresas [Em linha]. [Consult. Out. 2011].
Disponível na internet: <URL:http://www.dqa.pt/002.aspx?dqa=0:0:0:3:0:0:-
1:0:0&ct=31>