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Hoje, através da nossa presença aqui e das celebrações que têm lugar noutras partes do
nosso país e do mundo, conferimos glória e esperança à liberdade recém-conquistada.
Devemos tudo isto a nós próprios e aos povos do mundo, hoje aqui tão bem
representados.
Sem a menor hesitação, digo aos meus compatriotas que cada um de nós está tão
intimamente enraizado no solo deste belo país como estão as célebres jacarandás de
Pretória e as mimosas do bushveld.
Cada vez que tocamos no solo desta terra, experimentamos uma sensação de renovação
pessoal. O clima da nação muda com as estações.
Uma sensação de alegria e euforia comove-nos quando a erva se torna verde e as flores
desabrocham.
Esta união espiritual e física que partilhamos com esta pátria comum explica a profunda
dor que trazíamos no nosso coração quando víamos o nosso país despedaçar-se num
terrível conflito, quando o víamos desprezado, proscrito e isolado pelos povos do
mundo, precisamente por se ter tornado a sede universal da perniciosa ideologia e
prática do racismo e da opressão racial.
Nós, o povo sul-africano, sentimo-nos realizados pelo facto de a humanidade nos ter de
novo acolhido no seu seio; por nós, proscritos até há pouco tempo, termos recebido hoje
o privilégio de acolhermos as nações do mundo no nosso próprio território.
Como símbolo do seu compromisso de renovar o nosso país, o novo governo provisório
de Unidade Nacional abordará, com maior urgência, a questão da amnistia para várias
categorias de pessoas que se encontram actualmente a cumprir penas de prisão.
Dedicamos o dia de hoje a todos os heróis e heroínas deste país e do resto do mundo
que se sacrificaram de diversas formas e deram as suas vidas para que nós pudéssemos
ser livres.
Mesmo assim, temos consciência de que o caminho para a liberdade não é fácil.
Sabemos muito bem que nenhum de nós pode ser bem-sucedido agindo sozinho.
Por conseguinte, temos que agir em conjunto, como um povo unido, pela reconciliação
nacional, pela construção da nação, pelo nascimento de um novo mundo.
Que cada um de nós saiba que o seu corpo, a sua mente e a sua alma foram libertados
para se realizarem.
Nunca, nunca e nunca mais voltará esta maravilhosa terra a experimentar a opressão de
uns sobre os outros, nem a sofrer a humilhação de ser a escória do mundo.