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fore nour Targino de yice-nesron Adon JA. d pimvox pa mpurscar Oswaldo Métis io Carlos ‘EAUFSCar- Bditora da Universidade Federal de Sto Cs ‘ontat jase Bduardo dos Santos consntH0 woIT _ TENHO UM ALUNO SURDO, E AGORA? INTRODUGAO A LIBRAS E EDUCACAO DE SURDOS emanda do Nascimento swcRETARIA EXECUTIVA Cristina Broglia Feitosa de Lacerda Lara Ferreira dos Santos (Organizadoras) v1 DESAO CARLOS: aonoupeNALDRSTO GARDE bet : edurscar ‘Sto Carlos, 2013 “iter chon feta emt eo aoig, dos autores capa Rafee Chiat Fr et ones Lape roparagoovevio de texto Marodo Dine Saes Peres | Danica ir Guanals Costa ultoragao eletsbca Jeane da silva Corde riche clalogefca bored plo DePT da Bi con: 571.912 (209 a: 396.28 odorant ven Nem predate Ps - oe eos 4 cetrinicos on inctuindo ieee oe gens pe i tare de serpin en Ten onde = : SUMARIO APRESENTACAO 7 Cristina Brogs Peitosa de Lacerda e Lara Pereia dos Santos PARTE 1 INTRODUCAO AS QUESTOES DA SURDEZ EDALIBRAS 11 capimaio 1 SuRDEZ E LINGUAGEM 13 Maria Cectla de Moura carinii 2 LiBRAS: APRESENTANDO A LINGUA E SUAS caRACTERISTICAS 27 thn Mare Facheco Harrison carirue 3 EDUCACAO INCLUSIVA PARA SURDOS EAS POLITICAS vicentes 37 Mariana de Lima sane Leandro Campos PARTE 2. LIBRAS: ASPECTOS LINGUISTICOS E HISTORICOS 63 capiruio 4 ASPECTOS DA GRAMATICA DA UBRAS 65 Alera Morand Ges e Maina de Lia a Leandro Campos carituLo 5. A CONSTRUCAO DOS SINAIS E SUA MOBILIDADE Especirica 81 Ne de Aquino bres capttuto 6 CoMUNICACAO EM LIBRAS: PARA ALEM DOS SINAIS 99 Nea de gun bes carina 7 POLISSEMIA NA LIBRAS: A SIGNIFICACAO E 0 CONTEXTO 115 ‘Vina de Aquino Abres Santiago capiruto 4 ASPECTOS DA GRAMATICA DA LIBRAS exe Morand Ges ‘Mariana de ima lea Leandro Carpos da gramética somente foi re- Este capftulo tem como objetivo apresentar alguns asp da Lusras, Embora essa os em nosso pai conhecida em 2002, por meio da Lei Federal n® 10.436, de 24 de abril de 2002.' A comunidade surda ficou muito feliz pela conquista do reconhecimento lin. guistico de sua ingua de sinais ¢ ‘e Tidicularizou os surdos por serem diferentes durante muito tempo. Os surdos, or muitos anos, foram obrigados a ser oralizados e “normalizados” para pudessem ser inclufdos na sociedade, Lipras foi a si de estudos linguisticos do Brasil, que participou da regulamentagao da lingua para pessoas surdas em nosso pais, Outros paises ja, como aconte- a portuguesa, a Kingua ingles: espanhola, @ ingua alem, Vale lembrar que Lrpras no éa tradugao d: portugues: seja, nfo se trata de realizar o portugués sinalizado: a Liskas & uma ou com gramatica ¢ caracteristicas proprias. O portugués sinal década de 1970 pela filosofia do bimodalismo/co! era utilizar 08 sinais como ferran recurso para o desenvolvimento da 1 estrutura gramatical prépria e parte de uma cultura surda. ttura gramatical prépria, com todos os el a gramatical presente nas demais Iinguas o ‘Stamética da Luseas nao é uma adaptagdo de gramética da lingua portuguesa. Hd niveis linguisticos que também fazem parte da lingua de sinais, que sio a intaxe, a semantica, a pragmitica. ‘Nas linguas orais-anditivas, existem as palavras (estruturas minimas de sig~ ficagdo),¢ nas Iinguas de sinais também existem os itens lexicais, que recebem nome de-sinais. A diferenca encontra-se na sua modalidade de articulate, que espacial, Para a comunicagio em L1axas no basta apenas conhecer os ‘do fundamental conhecer a sua gramitica propria, usada de acordo Fonologia, a morfologia, é visual-< sinais, seni Saat com o contexto das expressdes pretendidas. Os sinais diferenciam-se por pardmetros como as configurages de mao, Jontos de articulagio (locais no espago ou no corpo onde ‘fe to ts 1s quais, juntos, as orientagdes de mao e as expressées nfo mant: pte as nidades basicas dessa lingua, Assim, a Laas seapresents come ‘um sistema linguistico que permite a transmissio de ideias e fatos, oriun de comunidades de pessoas surdas do Brasil, Como em qualquer Iingue, também srencas regionais, portanto deve-se ter atengao as varlagses a Linnas possibilita a expresso de qualquer pensamento, diversidade de expresses em quaisquer areas de estu- sia, piadas, filosofia, elementos técnicos, etc. pode softer varia- se verificam dife linguisticas. Entéo, bem como apresentar dos, tais como literatura e poe: ; Destaca-se também que a gramiética da lingua de sin ges a depender do contexto comunicativo: formal nizado, A Lusras €, portanto, a io visual-espactal. aan og naturel das psons suds Lipaas parted ct da comunidades surdas. Sd consideradas linguas artificiis as inventadas por um, ddeterminado grupo para um propésito expecifico, para comunicagso intermacio bak por exemplo. No cao das lingua de sina ft erlado 0 Gestuno, cone, como um sistem cde smal internacional = Raney gree fal da Federagio Mundial de Surdos em 1951 ~€ ‘ ane tectoa pra falta comune etre sudos de iio abs HISTORIA DA SURDEZ E DA LINGUA DE SINAIS Pretende-se aqui mostrar a evolugéo histrica da lingua de sinais, a partir ddas diferentes visBes em relagio a essa lingua e também aos surdos, em diversos Tugares do mundo; para tl, serd usada como referencia bisicaa obra de Strobel? ‘Strobel oa). informal, regional e padro: = gif ngua utilizada pelos surdos como forma de, «| ‘nav a ain pave ea ‘A lingua de sinais jd existia antes de Cristo ¢ esta presente em muitas hist6- rias no mundo todo, desde tempos remotos até os dias de hoje. Na Antiguicade, 476 d.C,, em Roma, as pessoas surdas eram castigadas ou enfeitigadas, ¢ a ques- tao da surdez era resolvida por abandono ou com a eliminagio fisica - 08 surdos eram jogedos no rio Tevere. Apenas sobreviviam aqueles que conseguiam sair do rio ou eram escondidos por seus préprios pais. A partir daf, os surdos se torna- vam escravos de senhores ouvintes, sendo obrigados a passar toda a vida dentro de moinhos de trigo, realizando trabalhos bragais. ‘Nessa mesma época, no Egito ena Pérsia, 08 surdos eram considerados cria- turas privilegiadas, enviados dos deuses, pois o povo acreditava que os surdos. comunicavam em segredo com os deuses. Muitos surdos tinham uma vida ina. fiva c ndo cram educados devido a sua forma de comunicagao diferente, a qual a sociedade desconhecia e néo tinha dominio, Na Idade Média, na Grécia, os surdos eram proibidos de receber a comu- bio, pois eram incapaves de confessar seus pecados; havia também decretos biblicos que proibiam 0 casamento de duas pessoas surdas, menos os que rece- biam favor do Papa. Ainda em 530 4.C., ne Itdlia, encontram-se relatos de que os monges beneditinos empregavam uma forma de sia fim de no violer o rigido voto de silencio, Na Idade Moderna, século XVI, 0 médico e fildsofo italiano Girolamo Cardano, interessado em estudar o caso de seu filho surdo, reconheceu as habi- lidades do surdo ¢ afirmou que a surdez e a mudez ndo impediam o desenvolvi- jento da aprendizagem, Cardano ainda defendia que o melhor método para 08 surdos aprenderem era por meio da éscrita, pois para ele era um crime nio ins- truir um surdo-mudo, Ele utilizava a lingua de sinais ¢ a escrita com 0s surdos. Na Espanha, Pedro Ponce Leon estabeleceu um método cago de surdos em um monastério de Val inicialmente ensi ‘ego € italiano, conceitos de fisica ¢ astronomia a dois irmaos surdos, Francisco € Pedro Velasco, membros de uma importante familia de aristocratas espanhiis. Francisco conquistou o diveito de receber a heranca como marqués de Berlanger Pedro se tornou padre, com a permissio do Papa. Ainda, Pedro Leon criou mé- todos para educar surdos por meio de datilologia, escrita e oralizagio ecriou tam- }bém uma escola para professores surdos, Apds sua morte, néo houve publicagio € seu método caiu no esquecimento, pois a tradigéo na época era guardar segredo Sobre o8 métodos de educagio de surdos, Em 2613, Fray de Melchor Yebra, de Madri, escreveu um livro chamado Refit- ‘sium Infirmorum, que descreve e ilustra o alfabeto manual, Na Espanha, Juan Pablo Bonet (1579-1623) iniciou a educagao de outro membro surdo da farnilia Velasco, Dom Luis, por meio de sinais, treinamento da fala e uso de alfabeto datilolégico. icagdo entre mal para a edu- Seu método teve tanto sucesso que ele foi nomeado pelo rei Henrique LV como Marqués de Frenzo, Em 1620, em Madi, Juan Pablo Bonet publicou 0 primetro ‘vro sobre « educagao de surdos, Reduccién de las letras y arte para ensefar a hablar ‘alos mudos, em que expunha o seu método oral. Bonet defendia também 0 ensino precoce de alfabeto manual aos surdos. Em 1648, John Bulwer publicou Philocopus, no qual afirmava que sinais era capaz de expressar os mesmos conceitos que a lingua or ‘Alemanha, Samuel Heinicke (1729-1790) foi o pioneiro do método d o a um jovem que aprendeu a falar, a ler 0s abi {cou a obra Observazées sobre os rudos e sobre a palavra 10 puro para surdos em Leipaig, ao da lingua de sinais, Ficou juade 1755, na puro e teve sucesso no et cescrever. Heinicke ¢ fundou, em 1778, a primeira escola de oral nna Alemanha, que se opunha fortemente a conhecido como “padre do método alems Na Franca, 6 abade Charles Michel de LEpée foi um educador filantrépico francés do século XVIIL, que ficou conhecido como “pai dos surdos” Ele se apro~ xximou da comunidade surda que vagava ao redor de Paris ¢ aprend de sinais usada pelos surdos franceses. A partir dessa lingua, ction 0: ‘metédicos’, que eram a jung da lingua de sinais usada pelos surdos com alg sinais criados por ele para fa ‘aos surdos, Assint, foi o primeiro a respeitar ern algun por uma comunidade surda e a tentar usé-la pas pr em 1760, aprimeiza escola publica para surdos,o Insti ‘Mudos de Par \imetos professores para surdos, ¢ publicou sobre o ensino dos surdos e mudos por meio de sinais metédicos: A verdadeira maneira de instruir os surdos-mudos. Colocou as regras sintiticas e também alfabeto manual inventado por Pabl tada com a teoria pelo abade Rach-Ambroise Sicard, © abade Charles Michel de Ppée faleceu em 1789, tendo fandado um total de 21 escolas para surdos na Franca e em outros paises da Europa. Em 1760, na Gra-Bretanha, Thomas Braidwood fundou a primeira escola os em Edimburgo, na Escécia, como academia privada, onde ros os significados das palavras e sua prondincia, valorizando @ io para Jovens Surdos ¢ ivro inglesa para su censinava aos leitura orofacial, ‘No século XIX, o americano Thomas Hopkins Gallaudet parte para a Europe para buscar métodos de ensino aos surdos. Na Inglaterra, Gallaudet foi conhe- ‘cer o trabalho realizado por Braidwood, na escola Watson's Asylum (uma escola odos eram secretos, caros ¢ ciumentamente que usavaa sdido, recusaram-se @ export onde os i lingua oral na educacéo dos surdos; porém, foi para ele a metodologia. Nao tendo outra opgio, Gallaudet foi para a Pranga, onde et; essa obra foi, mais tarde, comple foi bem acolhido e se impre peasants método de lingua de sinais usado pelo professor surdo francés para os Estados Uni e- gaa, un tao edncactonlconsdean a ingunde soa. Eas Bdward Gallaudet fondow a primeira universdade nacional norte-americare para surdos, a Gallaudet University em Washington, que era um sonho de 7 pai, Thomas Hopkins Gallaudet. ‘ Em 1855, 0 professor trado e dot Dom instr cia de mes- do impera- iro Il, com a in as por meio da LSE C ipoio do imperador para fundar & escola de surdos no Rio de Janeiro, em 18 se le Janeiro, em 1857, 0 INES, int oo 7 ctiado pela Lei n® 939 de 26 Cabe lembrat aqui que a Lipras ea ASL f i foram influenciadas pela LSE, mas, com o tempo, cada lingua foi se transformando de acordo a pais. Assim, a or dos no Bra ligada a0 reconhecimento da lingua de sinais co! para pessoas surdas, Ressalta-se que de sinais nao é mi - is. Nessa época, a LipRAs estava se constituindo, porém com inflan que nao foram os portugueses que trouxeram @ le sinais 20 Brasil, A Lipnas tem sua origem na Franga, conforme exposto riormente, por meio do professor surdo francés Hernest Hue mente instrula as pessoas surdas utilizando a LSE. seus proprios métodos de educagio aprendidos. Paris, a i sa Foi nessa escola que surgiu a mistura da lingua de sinais francesa com os as jd usados pelos surdos de varias regides do Brasil, e a LiBras foi entéo se configurando, Em 1870, Alexander Graham Bell, foniatra e inventor do telefone, publ vari ‘ ae ando casamentos entre pessoas surdas, a cultura surda e as escolas residenciais para surdos, alegando serem fatores que favoreciam Em 1880, em Milo, ‘Mudez, que causou Esse . aconteceu o TT Congresto Internacional de Surdo- ;ctoem todo o mundo com relagio A educagao de surdos. tes na drea de surdez, todos defensores do oralismo puro. Foi entéo organi- zada uma votagio para escolher o método mais adequado para educar surdos, se bormeio do oralismo, da lingua desinas ou de ambos, Os profesores surdos nio tiveram o direito de votar e foram excluidos do congresso. adequado para a pois para os expecialistas esc lingua destrula a capacidade de fala dos surdos, Des- taca-se que Alexander Graham Bell teve grande influéncia no referido congress no Brasil o oralismo foi adotado como forma oficial de trabalho com os alunos surdos, Em 1957, Ana Rimola de Faria Daoria assumiu a diregio do Ives, coma assessoria da professora Alpia Couto, proibindo oficialmente o uso da lingua de sinais nas salas de aula, Mesmo com a proibigéo, os alunos surdos continuaram, usando a lingua de sinais nos corredores, nos patios da escola, ¢ alguns se comu- nicavam escondidos dos professores e funciondios “Apenas em 1982, 0 padre americano Eugenio Oates publicou no Brasil a obra Linguagem das mos, que continha 1.258 sinais fotografados, configurando-se como um primeio dicionério ilustrado da ingua de sinais usada no pais. Em 1987, fundou-se a Federagio Nacional de Echicagio e tntegragio dos Surdos (Fewt1s), 6 pelo guistico dos surdos ao uso da lingua de sinais. A Frets conquistou sus: sede prépria no dia 8 de janeiro de 1993, Fm 2002, a Fists formou agentes mul o de Lipras, com 0 cirso denominado: ‘Lipras em Contexto, em parceria com 0 Ministério da Educago (MEC). ‘A lingua de sinais no Brasil foi reconhecida como meio de co expresso das surdos em 2002 pela Lei n®0.436, de 24 de abril Essa lei foi post tiormente regulamentada pelo Decreto n° 5,626, de 22 de dezembro de 2005, que: trata com maior profundidade da educagio de surdos em todos os niveis de ensit ‘eda formagao de professores bilingues, instrutores surdos ¢ intérpretes de LIBRAs: Em decorréncia do referido decreto, em 2006 iniciou-se a primeira turma do curso de graduacao na modalidade dees ia ~ Letras/Lapras ~ en nove polos espalhados por todo o Brasil, ministradas por insituigdes de ensino superior piblicas federais e estaduais, ob a coordenacio da Universidade Fedes ral de Santa Catarina. Trata-se de um curso de graduagio que oferta dois tipos de: formacio: licen de Linas e 0 segundo & para formagio de intérpretes de ‘2008, foi oferecida a segunda turma desse curso em 35 polos em todo o pats. Emi 2009, foi criada a primeira turma do curso de graduagio Letras/LIBRAs «de modalidade de ensino presencial na Universidade Federal de Santa Catarina. icagio-e -1 e bacharelado, O primeiro € para formagao de professores gua de sinais, Bm gig de x8 de setembro de 20 Percebe-se que a histéria da lingua de sinais sofrew mudangas e foi mui- tas vezes influenciada por diferentes grupos em diversos momentos ¢ contextos, Partiu-se da descoberta da comunicagio natural de pessoas surdas, para tentati- vvas de oralizagio com 0 intuito de “normalizar” os surcios, até 0 reconhecimen da Lipras como lingua de comunicagao de pessoas surdas em nosso pais. Houve a proibigao da lingua de sinais, o que prejudicou a e dos e também 0 progresso de pesquisas e producdes cie estudos linguisticos da lingua de sinais. Mas com o reconhecimento da L1zras pela Lei 10.436, emergiram possibilidades para o livre uso da lingua de sinais e 10 de novos cursos e de novos e diferentes espagos de estudos linguisticos ido a lingua de sinais. ASPECTOS GRAMATICAIS DA LIBRAS «6 conhecida também como alfabeto datilolégico ou d possivel soletrar 27 diferentes letras (conta 6a configuragio de mao da letra C co: Nio se deve pensar que o 7 cle € utilizado para soletrar nomes préprios de pessoas ou lugares, siglas, sm Cada pafs tem seu proprio alfabeto mai Canada tém alfabetos manuais iguais. No caso dos pafses britanicos, 0 alfabeto ‘manual é realizado com as duas maos. Hf também o alfabeto manual para as pes- Soas surdas-cegas, também realizado com ambas as maos para soletrar as palavras, mas n necessidade de pegar na mio do interlocutor para tatear tos manuais de diversos pafses: sntam-se 08 & : b 6 CLEe ead wh AAS Ay PRD (B,J TB, BS GE AE Be he Re Bre IP By Be Or: BBA Be i Figura British Sign Language ~ BSL. Figura 4 American Sign Language - ASL, ebebobe Leoreyy Pr ARGH Hvar “igura 5 Langue des Signes Frangaise ~ LSE. OS PARAMETROS FONOLOGICOS QUE COMPOEM A LIBRAS Segundo Gesser? a estrutura da lingua d pardmetros que se combinam. Ao descrever os niveis fonal6gicos e morfoldgicos da ASL, 0 linguista William Stokoe apontou, em 1960, trés principais parkmetros ituem o$ sinais e os classificou em: configuracio de mao (CM); ponto Jagdo (PA) ou localizagao (1); € movimento (M). iadros & Katnopp descrevem 1¢ CM, 1.e M sto “unidades femas nas linguas de ‘morfemas nas linguas orais"® Ou s movimento e locagio de mao, e nao carregam significados isoladamente. f se fossem fonemas de Lipras, sendo os fonemas cada um dos partimetros, interligados formam um morfema com um sentido, que combinados configuram signos emt gicos dos si ‘Ainda segundo Gesser parimetro da lingua de sinais: wre um quar ‘A partir da década de 1970, os Linguistas Robbin Battison (1974), Bdward S. Klima & Ursulla Be 1979) condi estudos mais eprofundados sobre'a gramtica da ASL, espe~ cificamente sobre 08 aspectos fonolégicos, descrevendo um quarto parimetro: a orientagao da palma da mio (0)? Um significado em Liars pode ser formacionais: configuracio da mio, movimento, locagéo de mio/ponto de art culagéo, orientagio da mao e expresso nao man "As configuragbes de mao nao se restringem as configuragées do alfabet je sio descritas 63 diferentes configuragées que permitem a comu- BRAS, So formas de configurar as maos para representar diferentes tra-se a figura das 62 configuragdes de mao: 7 Gesser (2005) 8 Quadros & Karnopp (2004-749) 9 Genser (2009,0-14). mas. Desse modo, se organiza os modelos fonol6gicos ¢ morfol6- _) ie fl qe * te be fo ca he ta" io 2 i 4 ee He ee kee ea A? RES Bete |S ee eee we LS he a ee criado a partir dos pardmetros ss os 2 Ske be Re tO Le Le te | 0 q ¢ & |e fp a ft t LB LG Figura 6 Configuragdes de mao, ‘Uma mesma configuragio de mao pode ser usada para representar diferen- tes sinais, isso porque & configuragio de mao se somam os demais pardmetros de mio/ponto de atticulagio, orientagio da mo e/ou expresso néo ») Figura 7 a) Exemplo; b) Desculpar;c) Azar sm Stokoe, € um igua de sinais. A locagao é a area do proprio corpo ow espagon a0 corpo onde os sinais sao articulados. Para articular um sins 1ma regido do préprio corpo, que pode sera ca- bega, 0 tronco, bragos, ombros ou maos, ou ainda um espaco neutro relativamen- te distante do corpo. A seguir sio apresentados exemplos em que a configuragio de mio é mantida ¢ variam a locagio de mio/ponto de articulagzo, configurando diferentes sinais. A locagto de dos principais aspectos for ‘enquanto 0 sinal referentea “aprender” 6 localizado na testa, O sinal para “ot se localiza na orelha direita. O movimento & outro pardmetro fonolégico que envolve diferentes formas ¢ diregdes desde os movimentos da mao. As autoras Quadros & Karnopp citam Klima & Bellugi para descrever o conceito de movimento como um pardmetro complexo que pode envolver uma vasta rede de maovimentos do pulso, os movimentos direcionais no espago.® A seguir sio mostrados exemplos do parimetro movimento, que cria dife- rentes significagdes na lingua de sinais a) » Figura 9 ) Ter; b) Pecar; ¢) Fei. Essas imagens p racter mt perceber as oposicbes de movimento e 0 configuragao de mao do sinal referente a “te do propés o es linguistico estrutural para a formagéo dos sinais em trés is parimetzos: CM, L e M. Contudo, segundo Quadros & Karno} jado & direcéo da palma da mao também colabora par , ou seja, a diregao para qual a pai pode ser um trago pode estar orientada pa cima, para baixo, para o corpo, pata a frente, para a esquerda ou para a direita cionado nesse lado, Por exemplo, se 0 objeto ou pessoa esti a a configuracio de mio muda para esse lado, apontando para tal objeto/pessoa, {As expresses ndo manueis sio os movimentos da face, dos olhos, da cabeca apresentados exemplos de sinais com diferentes orientagbes de iro papel marca referéncias espectficas, referencias las negativas, advérbios, grat ou aspecto. Jé o segundo papel ‘marca as sentengas interrogativas, exclamativas, oragées relativas, topicalizacies, concordancia e foco. Precisamos estar atentos ds expresses facia € corporais que sao feitas simultaneamente com certos sinais ou com toda a frase. Por exemplo, quando trans da celhas ¢ expressio ficam neutras ¢ a cabeca se movimenta pata cima e para baixos quando ¢ interrogativa, as sobrancelhas so franzidas e ha um ligeiro movimento 4 a negacio pode ser feta por meio de trés Kingua de sinais: primeiro, com 0 acréscimo do sin. :mativa; ou, segundo, com a incorporagao de um mo negado; ou, terceiro, com um aceno de cabega, que pode ser feito si com a.ago que esté sendo negada ou juntamente Vintes, acostumados com a oralidade, usam pouco a express facial para cor cio e terd0 utilizé-la na comunicagio em Lrsras, 8 que as diferentes expressOes faciais sto fundamentais na lingua ¢ também para a interacio com pessoas surdas. Portanto, para compreender a gramitica de uma ling € estudar as regras de formacao ¢ de combinagao de seus el petceber os diferentes contextos de uso de determinados sinais para a formagio de frases em Linras. A atengio ao con é preciso aprender rodugio, a Lusnas péde ser percebida a partir de al Vocés, ouvintes, devem reconhecer que a li impediu a evolugio de mais pesquisas referentes ti A lingua dos surdlos foi prejudicada pela sociedade majoritéria de uvintes, que tinha como objetivo “normalizar” o surdo por meio de treinamento otal-auditivo, pelo uso de proteses e até de , Acesso em: 12.maio 2010. ira de Sinais ~ Lipras. Didrio Oficial [da] * CAPITULO 5. A CONSTRUCAO DOS SINAIS E SUA MOBILIDADE ESPECIFICA ‘Nea de Aquin Ares ACADA SINAL UM POR... VIR (PROVISORIEDADE) Procuramos, neste trabalho, levantat na linguagem, Para Bakhtin, hé uma mol € 08 falantes da lingua se atém ao clement gumas questdes sobre a significagéo uso da Na realidade, o locutor serve-se da lingua para suas neces sidades enunciativas concretas (para o locutor, a construgio ygua estd orientada no sentido da enunciagao da fal ‘Trata-se, para ele, de tamos, por enqus Para ele, o centro de gravidade da a legitimidade d ide & norma da forma na nova significagio que essa forma adquit ‘que importa nio € 0 aspecto da forma qualquer caso em que esta é utilizada, permanece sempre {déntico, Nio; para o locutor © que importa € aquilo que rtancia enquanto sinal estavel e sempre 1s somtente enquanto signo sempre variével © flexivel. Este 6 0 ponto de vista do locutor! Balin 25} 990. 92-9. eee eee £ na interagio com 0 outro, em um determinado contexto ¢ tempo especifico, que os sinais vao tomandi icado, Nesse proceso, procuramos compreender a fala do outro com quem conversamos, levando em consideragio as pessoas envolvidas, sas fungdes sociais ¢ os discursos “atravessados” neste novo Para Dias, “o problema fund: Ida de conciliar-se a polissemia da palavra com sua abordagem semantico-enunciativa, ¢ impossivel const lavra ou da lingua de sinais sem que seja construfda dentro de uma cemunciagio. Especificamente, a enunciagio se constitai, do ponto de vista de Bakht ndo orientado pelo contexto e por uma situa- ica reside na dificuldade lade em um signo variivel eflexiv io precis 0 estencial na tarefa de descoditicag nhecer a forma utilizada, mas compreend concreto preciso, compreender sua significa ciagio particulat, Bm sume, tata-se de perceber seu caréter le novidade e no somente sua conformidade & norma. Em pertencente & mesma comunidad da como um signo varidvele flexivel e no comio um sinalimuté- vel e sempre idéntico a si mesmo? 5, 0 recepte ‘Trataremos 4 seguir da descrigdo da forma dos sinais, trazendo os estudos Jsticos sobre a particularidade das linguas de sinais, como a iconicidade e agio dos sinais ‘movimento da Linas por uma situag ado do sinal. Hé ferentes enunciagbes, ¢ a ficidade de situagées enunciativas, mobilidade a depender da espe 2 Dias (2005, p00) SINAL,‘ 0 QUE TE MOTIVA? ICONICIDADE E ARBITRARIEDADE A icon para sua cra ide éa propriedade das palavras ou dos sinais de tomer co} 0 as caracteristicas fisicas do referente, parte deste mesmo a relagdo cultural que o homem tem com esse ref Klima & Bellugi® desenvolveram as primeiras descrigées sobre a propriedade das linguas de sinais, Comparando diferentes linguas de sinais, afirmam que todas i fazem i da iconicidade para a produgdo dos seus sinais. Embora o sinal lc linguas de sinais de diferentes nacionalidades seja distinto para um mesmo referente, como no exemplo a seguit, para "todos eles possuem algama #08 afirmam existir um laco de universalidade na con- if Lingua dinamaequesa de ase 0 todo, ou ingua de sinais. was Lingua chinesa de snais, yma pata si a representagao da it- vore como um todo, ou seja, base, tronco e ° we, tronco e copa. Por sua vez, nai dinamarquesa també ' saeciai ess aoa produgéo arti 0 penssmento do ho no cato de pessoas ita propria alas sendo esta representada primeiramente por uma pantomima ¢, em seguida, pelo Jia lingua de sinaischinesa toma como mosivago para construir 0 sinal de sinal padronizado da ASL. Arvore apenas parte do referente, ou sea, 0 tronco. Arvore ~ Linas. Foote: Albees* one: Kina & A possibilidade de o sinal da lingua de sinsis ter sido, em sua origem, moti- vad por alguma caracteristica fisica ou relacional do objeto néo significa que o sinal e o objeto que ele nomeia formam uma estrutura tinica, No Brasil, a Lranas, assim como a ASL, para esse sinal, construiu um sinal icdnico, tendo como motivagio 0 tronco, a copa ea base. ‘Uni cosiveité importante de ser introduzido 6 0 de arbitrariedade, Apesar da possibilidade de’alguns sinais terem motivagdo em caracteristicas do que tepr Para Vigotski, “a palavra é uma generalizagé rentam, 05 sinais nio sfo os objetos que representam, Desta forma, cada comu~ ieeldade i cate Chinen andl gh ae tt sds =m nidade linguistica pode, a0 se relacionar com esse referente, escolher qualquer ccseyq oly: tabilidade dos significados da palavra ¢ do ph eects at heal parte dele-ou qualquer outro signo distante de qualquer associnglo/relagio com 2.55 53 Dessa forma, independentemente da motivagio Setanta! ria do sina, a relagio articuletériae semantica nfo & uma unidade imediata para jy 08 falantes da lingua de si 0 diferenciada no discurso nem conscientizada. Muitos sinais icbnicos perderam sua historicidade de motivagio articulatéria e, dependendo da idade e experiéncias de cada sujeito, esse significado pode vir a ser mutavel, pode ter diferentes complexidades. Apesar dessa complexidade da lingua, aprendizes dela como segunda lin- gua geralmente recortem & associagéo da produgao articulatéria como referente para aprender o sinal, No Brasil, é comum dizer que toda produgao articulatéria manual que toma o formato do objeto é cLassieicapor. Uma pesquisa bem de- talhada sobre esse processo descreve que h4 diversos tipos de classificadores. : Para Emmorey et al, “classificadores nas inguas de sinus séo geralmente con- iguragdes de mao que funcionam como morfemas e construgées de classificador 6 referente, Isso significa que a palavra ou-o sinal de uma lingua ndo se prem. 39, de simplesmente’pela sua representatividade, mas depende de uma produgi0 n5 455 social-coletiva para a construgao dessa significagio na lingua. Seguindo as proposicées de Quadros & Karnopp, “toda arbitrariedade & convencional, pois quando um grupo seleciona um trago como caract ddo sinal, outro grupo pode selecionar outro trago para identificé-1o"? Dessa for- ma, podemos afirmar que existe uma gradagio desta iconicidade ou até mesmo sua auséncia. Klima & Bellugi” revelam ainda a distinggo entre pantomima ¢ os sinais das linguas de modalidade gestual-visual, Definem que as pentomimas sio sig nificativamente mais longas e consideravelmente mais variéveis do gue os sinais. da ASI para a mesma palavra. Na imagem seguinte, apresentarn a palavra OVO, Ales (008). 9 Quadros &eKarnopp (2004 p32) 10 Kila Bello (1979) md tid, 2 Vigest (20015 p. 407) sao predicados complexos que podem expressar algum ou todos os seguintes: mo- vimento, posigio, descritivo-estdtico ou informagao ce manuscic’® HA quatro tipos de classificadores propostos por Emmorey et el: 4, Classificadores de entidade inteira (whole entity classifiers) ‘sto usados como predicado de algo sobre entidades inteiras, como uma pessoa ou uma moeda ou um grupo de entidades vistas como um todo, como uma pitha de mmoedas, Esses morfemas se referem a um objeto em seu todo, como am carro, uma pessoa, um lapis ou um pedago de papel Mesa ~ Lisras. Fonte Al 2, Verbos de instrumento ow manus’ Sio usados em verbos que denotam um agente animado usando a(s) méo(s) para sogurar uma entidade ou menuseat um instrumento que no seja a mo (por exemplo, faa, arma). Verbos de manuseio representam iconicsmente uma centidade como um todo, mas implica semanticamente em um agente que manti- sein a entidade, (08, p10) 4. Abbes (008) um gtd problem no proces le mana, que indica de ‘ verbor samo 980 mans, Bor eo, gsumios a tad forma ulhoro sentido de manusear um Instrument, Li O sinal acima sod a! aia representa una pessoa escovando os cael, tendo em sua brodupioartculatria a condigto de segura escola ¢ 9 movimento de para baixo representando a acao de escovar. Bscovar-cabelo ~ Lipras. Fonte: bres. 3. Classificadores de membros (limb classifiers) i A categorizagao de classificadores observando a funcionalidade pode auxi ln compres o getal de classficadores, A classificagdo geral das categorias nufiguragao de mao, que representa membros de humanos ou animais (por exeinplo, pernas, pés, patas). Pessos lando ~ Linas, ont Albnes®? Osinal acima representa uma pessoa andando, t Intra expresso de dois dedos pra baxo epresentande as per pt as pernas d 16 Albre( Hebi 40 geométrico-visual (visual-geometric description) ae otreaen «congue de mio, movimenio, localizagao e orien- aan a representa o formato do objeto ota descrigio de algo, Profundida- iyi ‘de superficie também podem set explicadas nessa categoria. tagdo da pall de, largura e con sala ~ Fonts Albvos* © sinal cima representa um espago quadrado, 0 ms a métrico-) wuadrado refere-se a uma descricéo geo . coe pmienr sala, quarto, exspago, quadrado, caxa, entre outros, “Além disso, ificar: sala, sea ea n ferramentas ou objetos manipuliveis so mut Copofbeber ~ Linas. ose: Albee” 18 ith, a8 19 Emmorey el. (200) 20. Albes (208). Alguns sinais, conforme mostra a figura acima, t2m em sua significagio uma sombra de ambiguidade, uma vez que pode representar pela configuraséo de mio a descrigio do proprio objeto (um cilindro) ow com segura o objeto, Pelo mo- vimento, pode-se compreender que o pretendiido pode sero verbo beber, Pode-se pensar que, dessa forma, pela iconicidade e por um tinico sin: aprender lingua de sinais. Engano seguir essa afirma- ta de sinais ter a propriedade de iconicidade, ler escolha icdnica é a0 mesmo tempo arbitrér cria suas convengées a depender de sua condigao hist rma unidade indecomponivel do , © significado da palavra 6, a0 mesmo tempo, um fenémeno do discurso e intelectual’ Na tentativa de aprender outra camento abstrato, disso, um certo horizonte social definido e estabelecido que determina a criagio ideolégica de um grupo social e da época que pertencemos, um horizonte contemporineo da nossa ratura, da nossa ciéncia, da Por tudo o que vimos até aqui, podemos dizer que os surdos criaram uma lingua diferente da lingua dos ouvintes, os achados linguisticos nos trazem ele- mentos de reflexo sobre ess isfo também humana, a partir de sua con- de sua condigéo essencialmente visual, a partir de seu lugar modo de othar. Cada grupo social, por seus valores, pela sua forma de ver o mundo, produz sua lingua e transforma-se pelo uso dela, Vejamos o exemplo abaixo, a convengio ara um sinal de Go1ana em duas regides do Brasil. (inal usedo em Sao Paulo, SP) ~ Liseas. Fonte: Adres ido para motivagio do massa externa. Pela comunidade surda de Sio Paulo, SP, foi eset sinal o formato da fruta, por ter uma polpa interna e um Goiabe (sinal usado em Campo Grande, MS) ~ Lisnas. Fonte: bees inde, MS, a motivagdo esteve re- J4 para a comunidade surda de Campo lacionada ao formato da fruta (redondo) e pela condigéo de que em seu processo de apodrecimento haver larvas em se! Por isso, a afirmativa de que @ lingua 6 arbitréria, pois ela esta determinada pela convengio de seus falantes. Mesmo que os falantes da lingua tenham um bom esioque social dos sig- que usam, a palavra ou sinal é produto da interagéo do cutor, a “palavra ¢ territério comum”.* Desta forma, o interlocutor é dono da outra parte da palavra, no momen- to de cor fo estamos passando por uma zona fronteiriga. Assim, ndo se aprende uma lingua conhecendo o vocabulirio cristalizado em um dicionatio. Para além das palavras hé os sentidos de um sinal que podem, a todo momento, tomar outros rumos. SENTIDOS OUTROS PRETENDIDOS COM OS SINAIS Para Vigotski, “o sentido de uma palavra & a soma de todos os fatos psico- ogicos que ela desperta em nossa consciéncia. Assim sendo, o sentido é sempre uma formagao dindmica, fluida, complexa ¢ tem varias zonas de estabilidade ‘variada’® O significado & uma dessas zonas de sentido que a palavra adquire no contexto do discurso. Para Vigotski, no discurso hé uma poténcia do sentido: Ose textos diferentes a palavra muda facil ‘Tomadi isoladamente no léxico, @ palavra tem apenss nificado, Mas este nao € mais que uma pottncia que se realiza ro discurso vivo, no qual o significado é apenas uma pedra no edificio do sentido.” O significado de u que transit do, como fendmeno do pensamento, elevando a conceitos mais abstratos. a A questao & que, como falantes de uma lingua, néo transitamos apenas com ~ © campo do significado, mas também com 0 campo do sentido. Os estudos sobre jguas de sinais recentemente passaram a olhar para os diversos significados pre- 1990. A de Lakoff & Johns que uma conceitualizagao abstrata é tomada pelo uso de termos c 26 Vigotk (200ub,p. 455) 27H ibd p46 a. 29° Lakolf Jonson to). Se Pee Dessa forma, as ideias abstratas revelam o conhecimento que o homem tem sobre ‘o manuseio dos objetos do mundo. 2000, Wilcox publi to Metaphor in American Sign Language, Ela desenvolven um mapeamento das metiforas em ASL e chegou as seguintes categorias de ‘Primeiro grupo ~ ideias so objetos e a mente é um contéiner: ideias so obje- tos sujeitos forsa fica, ideias so objetos manipuléveis ou colocdveis em algum lugar, idetas sao palpaveis, objetos que podem ser cuidadosamente dis- criminados e selecionados. Segundo grupo ~ metéforas estruturais. as idetas tém uma relagso com a con- \ga0 da mio.” Em outra pesquisa em que analisa 0 discurso de um surdo americano, Wil tar outros significados, nada ou 0 exemplo abaixo ¢ citado pela autora, em que a mente hamana é compa- , rada-a um computador ¢ transgride-os sigr inais isolados ABRIR COMPUTADOR/CABEGA. Abrir o computador ~ American Sign Language. Ponte: Wilcox Nesse caso, a mente & comparada @ um contéi guardar informagées e, no caso da sinalizagio analisada, pode-se abrir esse reci- piente (cabega/mente) como no sinal registrado acima, 30 Wileox (2000) BH Go.) y p20 Imprimir papel (cjetado da testa) ~ American Sign Language. Fonte Wilcox” nte la em comparagio com win contéiner, agora uma a mio em formato de plano e icamente uma folha de papel que sai da impressora Mas esse pedlago de papel sai de sua testa no sentido de que o homem produz e imprime conhecimento, de que coisas/historias saem de sua mente. Para Viotti & McCleary, o estudo do significado ¢ feito pelo campo de pes- 4quisa da semantica e pela pragmitica. Consideram que ao compa da Lunas, Considera vel de detalhe que elas envolver ‘emos um levantamento de expressées da lin inais, senclo algumas destas formadas por metéforas. © objet vo foi a comparagao da Lraras com a lingua portuguesa." As expressbes foram categorizadas da seguinte forma: ificados iguais, ificando que se gasta 0 1. Expresses equivalentes nas di por exemplo, /DINHEIRO-VOAR- rola de ofcing sobre interpretato de Linsas ns Assciagto de Intépretes de Mato Grosso do Sul. O pri leva ‘dere de crap a pattir de conversasto com e entre sardas e da au exp ‘parte pritce da fic favorecen comparthamento das possbildedes de ortugus de is expres dinheiro rapidamente, que nem se percebe e 0 que tinha economi zado jé foi usado para pagar alguima conta. Dinheiro-voar-bolso ~ Linras, Fonts: Albres™ lentes nas duas Iinguas com significados diferen- lo, fcoroa/, que significa em portugues “mulher mais ‘ecm Liaras “pessoa entendida ent 2, Expressées tes, por ex velha, mas en: assunto”, Coroa ~ Lisas. Ponte: Albees” 36 Albres (2006 p.3) By Wid sine fen nce} 3. Expressdes diferentes na produgéo lingufstica das linguas, mas com significados equivalentes, por exemplo, “pegar no flagra” em por gués e /VER-HORA/ na LipRas, em que existe uma correspondéncia perfeita de ideias, mas ndo nas formas usadas para representé-las, /ver-HoRa/ + movimento brusco ~ LIBRAS. ont Albee" Diminuir-nivel-cabega ~ Limnas, Fonte Albus” 3A did, pas 29 Td. bids pa ‘Vamos partir do pressuposto que o estudante provavelmente conhece 0 por- tugués, que hé metéforas em portugués que comparam o proceso de encher um recipiente e, ao ser transbordado, tém o sentido de “estar cheio’, de “nao aguentar mais’, ou mesmo de uma pessoa inconveniente; esse 6 um sentido comum entre lingua de sinais e lingua portuguesa. Todavia, a nogio contréria nio é usada em portugués, a analogia de que ao /DIMINUIR-NiVEL-CaBRGA/, que a0 nivel desse liquido no recipiente, no caso, isso, na mente, traria tranquil alivio, ete, Essa expresso é prépria da lingua de sinais. Fstudamos até aqui que os significados dos sinais estio estabelecidos social- mente, todavia o significado dos sinais é largo e pode, sim, um sinal incorporar mais de um significado compartithado socialmente, Ha zonas conceituais, ou seja, ha formas de recortar e citcunscrever os conceitos, Dessa forma, as expressdes idiométicas normalmente tém um significado pre- iso, 0 que nio ocorre em geral com as metaforas, Além disso, para compreender le uma “coisa” como outta “coisa” Apesar de ser possivel desenvolver um levantamento significativo das me téforas empregadas em uma lingua e das expressdes idiomsticas produzidas por ‘uma cultura, a cada novo discurso essa mesma metéfora estard em “suspenso’ pois dependera do momento da enuinciagao, dos interlocutores envolvidos para ‘a construgao do sentido deste novo discurso, Para Bakhtin, “o sentido da palavra é totalmente determinado por seu ci texto, De fato, ha tantas significagées possiveis quantos contextos pos receptor tem um papel ativo de perceber a cada enunciado seu caréter de novidade econstruir a significagao deste enunciado, A lingua é um por vir constante, a cada idlogo nos damos conta das possibilidades do uso das palavras ou dos sinsis, CONSIDERACOES FINAIS (Os estudos sobre a ASL abriram novos campos de estudos para outras lin- guas de sinais usadas no mundo, A comprovagao de que linguas de sinais eram Iinguas naturais instigou linguistas para a tomada dos fenémenos em diferentes nfveis de andlise (fonologia, morfologia, sintaxe, etc.) como objeto de estudo. ‘0 desafio dos primeiros linguistas foi apontar a existéncia de elementos univer sais e diversos aos das linguas até entio estudadas, as linguas orais. Nas descrigées 4 Bakbuin (929) 199, . 208). 0 linguisticas, o tratamento sobre a forma linguistica em um enunciado € discutido a partir da necessidade do contexto, do tempo verbal para a mudanga de significado, por exemplo, Mas este quadto ainda esté distante do materialismo de Bakhtin, de fntico-enunciativa. Para Bakhtin, a forma linguistica nio é o signo emsi a se torna signo na entinciagio que apreenda o social. O signo linguistico tem uma mobilidade especifica.* Aprendizes de Limras precisam aprender conceitos como: iconicidade e simultaneidade (que antes pouco ou nada eram vistos em Knguas orais); olhar sobre as linguas de sinais ¢ pela sua diversa modalidade gestual-visual se fez construir em detalhadas anzlises; ¢ conscientizacéo das possibilidades de comu- nicagdo em Lianas, usando esses recursos da lingua Nao é s6 reconhecer a forma utilizada, mas compreendé-la num contex to concreto preciso, compreender sua significagio numa enunciagdo particular, deve considerar o signo varidvel e flexivel.® Aprendet uma segunda lingua aprender a usé-la em situagdes comunicativas especificas, em que a mobilidade do significado dos sinais, como anunciado no titulo deste capitulo, éa regra endo tama excegiio, REFERENCIAS Atsuss, N. A. Tena “olho caro": a interpretagdo de expressdes idiométicas da dle sinais brasileira, In: ENcowrno Dz TRADUTORKS IwTéRPRETES DB Lin- ‘GUA BRASILEIA Dz Smvais DE Mato GROSSO Do SUL, 2, Anais... APILMS, 2006. De sinal em sinal: comunicagio em Liaras para educadores, So Paulo: FeNEIs, 2008, Baxnrrin, M, ligag]. Marxismo ¢ filosofia da linguagem. 6. ed. Tradugtio de Mi- chel Lahud e Yara Frateschi Vieira, S40 Paulo: Hucitec, 1992, giistica na visio de Bakhtin, In: Brarn, B. lo. Campinas: Editora UNIGAM®, 2005. Dias, L, B. Significagdo e forma Bakhtin: dialogismo e construgio de sen Emmoney, K. et al. Motor-iconicity of sign language does not alter the neural systems underlying tool and action naming. Brain and Language, n. 89, 2004. Dis ontvel em: . Acesso em: 12 maio 20n, Bid, p98 4 Mii p93 | Kuma, By Bentuar, U. The signs of language, Cambridge: Harvard University Press, t 1979. Laxore, G; Jounson, M. Metaphors we live by. Chicago: University of Chicago Press, 1980, Quapros, R. 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