Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
Nível do uso da força é entendido desde a simples presença policial em uma intervenção
até a utilização da arma de fogo, em seu uso extremo (uso letal).
Uso progressivo da força consiste na seleção adequada de opções de força pelo policial
em resposta ao nível de submissão do indivíduo suspeito ou infrator a ser controlado.
Comentário
Entende-se, assim como Vianna (2000), que o termo utilizado por Silva (1994), violência
legítima não é o mais adequado. Por isso, é importante você empregar e conhecer o seguinte termo:
“uso legítimo da força”. Termo que melhor atende ao assunto, pois este exige padrões legais e éticos,
enquanto a expressão violência não se coaduna, no mínimo, com padrões éticos.
Portanto, se a polícia deixar de cumprir tais requisitos, o uso da força se caracterizará
como ilegítimo, sendo então, apontado como violência, truculência, abuso de poder entre outras
formas de desvios de procedimentos não concebíveis ao policial profissional, integrante de uma
organização que promove a paz social e como tal deve seguir os parâmetros legais.
Aula 2 - Uso da força e a polícia
Parte dos problemas enfrentados hoje com relação ao abuso da autoridade policial, e sua
expressão última que é a brutalidade e a violência policial resultam da ausência de uma reflexão
substantiva sobre o emprego qualificado e comedido da força. A polícia é justamente um meio de
força comedida, que atua na legalidade e na legitimidade dadas pela conciliação na prática dos
requisitos do consentimento público. Não se pode pensar polícia que não seja neste intervalo, senão
não é polícia, é outra coisa qualquer que vigia, que bate, que oprime. Trecho de entrevista extraído do
site Consciência.
(Na sua experiência e na sua vivencia como policial você acredita que os policiais que
estão na ativa têm consciência da importância do legítimo uso da força? Do contrário, a que você
atribuiria o uso indevido da força no desempenho da função policial?)
As organizações policiais brasileiras recebem uma série de meios legais para capacitar
seus integrantes a cumprir seus deveres de aplicação da lei e preservação da ordem, sempre em busca
da paz. Sem estes e outros poderes, tal como aquele de privar as pessoas de sua liberdade, você não
conseguiria desempenhar a sua missão constitucional em defesa da sociedade. É bom estar atento às
palavras de Vianna (2000), quando afirma que embora a atividade policial possa ser descrita como
uma série de funções, como, por exemplo, fazer aplicar a lei ou preservar a ordem, ela pode também
ser definida como sendo uma função só, ou seja, responder a qualquer situação que aconteça no seio
da sociedade, em que a força deve ser usada, de modo a restabelecer uma situação de normalidade
temporária.
Você recebe do Estado a autorização para fazer uso da força e quando age, está fazendo-o
em nome dele. Sobre esse pensamento Rover (2000) lembra que:
O policial tem o dever de aplicar a lei e de reprimir com energia a sua transgressão em
defesa da sociedade. A mesma sociedade da qual ele faz parte e de onde ele foi escolhido para se
juntar à força policial. A tarefa da polícia é delicada na medida em que se reconhece como
inteiramente legítimo o uso de força, para resolução de conflitos, desde que esgotadas todas as
possibilidades de negociação, persuasão e mediação (FARIA, 1999).
A polícia existe para servir à sociedade e para proteger os seus direitos mais
fundamentais. Cerqueira (1994, p. 1), acrescenta essa idéia ao relatar que “O sistema de justiça
criminal, no qual se inclui a polícia, atua fundamentalmente para garantir os direitos humanos, em
sentido estrito, e, portanto, a lógica de uso da força para conter a violência é perfeitamente
compreensível”.
A Força Policial por intermédio da sua atuação existe para assegurar que os direitos
fundamentais dos cidadãos, individual e coletivamente, sejam protegidos. O direito à vida deve ter a
mais alta prioridade. Rover (2000) afirma que o uso de força, principalmente o uso intencional e letal
de armas de fogo, deve ser limitado em absoluto aos casos de circunstâncias excepcionais. Ao atuar
dentro desse parâmetro de “proteger e socorrer”, você está amparado por uma série de legislações,
seja no âmbito internacional como nacional.
O artigo 3° do CCEAL trata diretamente do uso da força pela polícia. Ele estipula que os
encarregados da aplicação da lei só podem empregar a força, quando estritamente necessário e na
medida exigida para o cumprimento do seu dever.
É enfatizado pelo documento que o uso da força deve ser excepcional e nunca ultrapassar
o nível razoavelmente necessário para se atingir os objetivos legítimos de aplicação da lei. Neste
sentido, entende-se que o uso da arma de fogo é uma medida extrema.
Tendo em vista o contido no Código de Conduta sobre o uso de arma de fogo, qual é sua
idéia a respeito? Pensando em sua realidade e na sua experiência profissional, você acredita que o uso
da arma de fogo é uma medida extrema?
Objetivo do Código
O código tem por objetivo sensibilizar os integrantes das Organizações responsáveis pela
Aplicação da Lei, ou seja, sensibilizar você, policial, para a enorme responsabilidade que o Estado
lhes outorga.
Você é um sujeito de autoridade do Estado e como tal está investido de poder de grande
alcance, e a natureza de seus deveres coloca-o em situações de corrupção e violência policial, em
potencial. O documento afirma ainda que, expor abertamente esses perigos escondidos é o primeiro
passo para combatê-los efetivamente. A atitude policial tem uma forte relação com a imagem e
percepção da organização como um todo, carregando assim, alta expectativa com relação aos padrões
éticos mantidos dentro da Força Policial.
Um policial que excede no uso da força ou que seja corrupto, pode fazer com que todos
os policiais sejam vistos como violentos ou corruptos, porque o ato individual reflete como ato
coletivo da organização.
O policial protege e socorre a sociedade, e nesse sentido exige-se um grau de confiança
muito grande entre a Força Policial e a comunidade como um todo. Os padrões estabelecidos pelo
código devem fazer parte da crença de todo policial, e isto significa que esses valores devem estar
conscientemente incorporados na sua atuação policial do dia-a-dia.
Princípios Básicos sobre o Uso da Força e Armas de Fogo - PBUFAF
É o segundo instrumento internacional mais importante sobre o uso da força e arma de
fogo. Esses princípios foram adotados no oitavo Congresso das Nações Unidas sobre a “Prevenção
do Crime e o Tratamento dos Infratores”, realizado em Havana, Cuba, de 27 de agosto a 7 de
setembro de 1990.
Legislação brasileira
São vários os instrumentos nacionais que regulam o uso da força e arma de fogo pela
Força Policial. Veja: Código Penal
Exclusão de ilicitude
Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato:
- em estado de necessidade;
- em legítima defesa;
- em estrito cumprimento do dever legal ou no exercício regular de direito.
Art. 284. Não será permitido o emprego de força, salvo a indispensável no caso de
resistência ou tentativa de fuga do preso.(... )
Art. 293. Se o executor do mandado verificar, com segurança, que o réu entrou ou se
encontra em alguma casa, o morador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão. Se não
for obedecido imediatamente, o executor convocará duas testemunhas e, sendo dia, entrará à força na
casa, arrombando as portas, se preciso; sendo noite, o executor, depois da intimação ao morador, se
não for atendido, fará guardar todas as saídas, tornando a casa incomunicável, e logo que amanheça,
arrombará as portas e efetuará a prisão.
O Código de Processo Penal Militar contém, em seu teor, artigos relacionados com o
emprego de força na ação policial. Veja estes artigos na página seguinte.
Comentário
Uma boa estrutura jurídica pode proporcionar uma orientação para o uso da força, embora
não ofereça uma solução implementável para um conflito a ser resolvido. O Sistema Jurídico
Brasileiro apresenta lacunas e imprecisões quanto à legalidade e limites permitidos do uso da força
(BARBOSA & ANGELO 2001). É necessário, portanto, que a Legislação Brasileira absorva em sua
legislação uma norma única que trate do assunto e oriente tanto a sociedade quanto os policiais
brasileiros.
Não basta estar hígido, equipado e acompanhado para uma ação eficaz; é preciso estar
instruído e preparado para o desempenho das missões, evitando as surpresas e improvisações, causas
freqüentes das falhas e dos excessos;
A prática da violência, isolada ou em público, deve ser prontamente coibida, para não
servir de exemplo e estímulo a outras ações, em situações semelhantes;
Os fatos concretos que exigirem a ação pronta, enérgica e eficaz do policial-militar, sem
excessos, devem ser explorados imediatamente como exemplos para a tropa;
Ao analisar a legislação como instrumento do policial para o emprego do uso da força faz-se
necessário entender esta relação entre o policial e o uso da força, como verá na próxima página.
O policial e o uso da força
Ao fazer uso da força, o policial deve ter conhecimento da lei, deve estar preparado
tecnicamente, através da formação e do treinamento, bem como ter princípios éticos solidificados que
possam nortear sua ação. Ao ultrapassar qualquer desses limites não se esqueça de que você estará
igualando-se às ações de criminosos. Você deixa de fazer o uso legítimo da força para usar a violência e
se tornar um criminoso.
O policial é um cidadão que porta a singular permissão para o uso da força e das armas,
no âmbito da lei, o que lhe confere natural e destacada autoridade para a construção social ou para
sua devastação (Ricardo Balestreri).
Quando o policial está envolvido na solução de uma ocorrência policial, se outra medida
não restar, o uso devido e legal da força ou das armas estará submissa às situações de estrito
cumprimento do dever legal, estado de necessidade, ou à legítima defesa própria, de terceiros ou
putativa, conforme ressalta.
O uso legítimo da força não se confunde com truculência. Como assevera Balestreri:
A fronteira entre a força e a violência é delimitada, no campo formal, pela lei, no campo
racional pela necessidade técnica e, no campo moral, pelo antagonismo que deve reger a metodologia
de policiais e criminosos.
A aplicação da lei não é uma profissão em que se possa utilizar soluções padronizadas
para problemas padronizados que ocorrem em intervalos regulares. (ROVER 2000, p. 274).
Espera-se que você tenha a compreensão do espírito e a forma da lei, bem como saiba
como resolver as circunstâncias únicas de um problema particular. Trata-se de uma arte na aplicação
de palavras como negociação, mediação, persuasão e resolução de conflitos. No entanto, existem
situações em que para se obter os objetivos da legítima aplicação da lei, ou você deixa como está e o
objetivo não será atingido, ou você decide usar a força para alcançá-los.
Em algumas ocorrências, o policial tem o dever de fazer o uso da força para que os
objetivos da aplicação da lei sejam alcançados, desde que não haja outro modo de atingi-los. Um
caso típico é quando um cidadão infrator coloca em risco a vida de pessoas atirando em suas
direções. Nessa situação o policial deve fazer o uso da força para neutralizar a ação do infrator.
Os países não apenas autorizaram seus encarregados da aplicação da lei a usar a força,
mas alguns chegaram a obrigar os encarregados a usá-la”. (ROVER 2000, p. 275)
As dificuldades que os chefes e dirigentes das Organizações Policiais enfrentam se
referem ao desenvolvimento de atitudes pessoais dos policiais que demonstrem a incorporação de
valores éticos, morais e legais, fazendo diminuir o comportamento impulsivo, substituído por reações
tecnicamente sustentadas que não colocarão em risco a população atendida, a imagem pública da
organização policial e do próprio policial.
É importante que você faça uma avaliação individualmente quando houver uma situação
em que surja a opção de uso da força. O policial somente recorrerá ao uso da força, quando todos os
outros meios para atingir um objetivo legítimo tenham falhado, justificando o seu uso.
O quinto princípio dos PBUFAF diz que o policial deve ser moderado no uso da força e
arma de fogo e a agir proporcionalmente à gravidade do delito cometido e o objetivo legítimo a ser
alcançado. Somente será permitido ao policial empregar a quantidade de força necessária para
alcançar um objetivo legítimo. O policial pode chegar à conclusão de que as implicações negativas
do uso da força em uma determinada situação não são equiparadas à importância do objetivo
legítimo a ser alcançado, recomendando-se, neste caso, que os policiais se abstenham de prosseguir.
A autoridade legal para empregar a força, incluindo o uso letal de armas de fogo em
situações em que se torna necessário e inevitável para os propósitos legais da aplicação da lei,
ROVER (2000, p. 271) lembra que isso cria uma situação na qual o policial e membros da
comunidade se encontram em lados opostos o que pode influenciar na qualidade do relacionamento
entre a Força Policial e a comunidade como um todo. No caso de uso da força ilegal e indevida, este
relacionamento será ainda mais prejudicado.
Uso indevido da força
O uso legítimo da força evidencia-se quando o policial aplica os princípios da legalidade,
necessidade, proporcionalidade e ética:
O princípio da legalidade é a observação das normas legais vigentes no Estado;
O princípio da necessidade verifica se o uso da força foi feito de forma imperiosa;
O princípio da proporcionalidade é a utilização da força na medida exigida para o
cumprimento de seu dever;
A ética dita os parâmetros morais para a utilização da força.
O não-atendimento a qualquer desses princípios caracteriza uso indevido da força pela
polícia. Não esqueça disto, policial!
Fica fácil concluir que o uso da força é uma das atividades desempenhadas pela polícia. Mas, cada
policial deve estar cônscio da importância da sua atividade para as políticas de segurança pública. É
necessário que a Força Policial tenha mecanismos de controle da atuação de seus integrantes para
evitar dissabores quanto ao abuso de poder.
Os PBUFAF relatam que os governos deverão assegurar que o uso arbitrário ou abusivo
da força e armas de fogo pelos policiais seja punido como delito criminal, de acordo com a legislação
internacional e nacional.
O uso arbitrário da força e arma de fogo pelos policiais constitui violação do direito
penal, bem como violações dos direitos humanos, cometidos por aqueles que são chamados a manter
e preservar esses direitos. O abuso do uso da força pode ser visto como uma violação da dignidade e
integridade humana. Caso aconteçam, as violações prejudicarão o frágil relacionamento entre a
Polícia e toda a comunidade a que serve.
Para restaurar com sucesso a confiança em um relacionamento abalado, deverá haver um
esforço genuíno por parte da Organização Policial. Sempre que existir uma situação de abuso alegado
ou suspeitado, deve haver uma investigação imediata, imparcial e total, com punição aos policiais
responsáveis.
Conclusão
Neste primeiro módulo você estudou os principais conceitos relacionados ao uso da força
e os aspectos legais, internacional e nacional, que devem nortear a ação do policial. No próximo
módulo você estudará sobre os principais modelos existentes, utilizados pelas diversas polícias do
mundo, sobre gradação do uso da força.
Neste módulo são apresentados exercícios de fixação para auxiliar a compreensão do conteúdo.
O objetivo destes exercícios é complementar as informações apresentadas nas páginas
anteriores.
b) Avalie seu desempenho profissional para a solução da ocorrência, tendo como parâmetro os
conceitos dos textos estudados até aqui.
2. Você viu neste módulo, dois importantes documentos internacionais sobre o uso da força.
Para facilitar a compreensão de seu conteúdo, faça uma síntese dos documentos, elencando três
aspectos que você julga importante de cada um.
3. Durante um deslocamento motorizado você e seu companheiro deparam-se com um grupo
de pessoas solicitando sua intervenção policial para coibir a ação de um homem com uma faca na
mão, que ameaça ferir uma senhora daquele grupo. Quando a sua equipe aborda verbalmente o
suspeito, ele mantém-se passivo, não oferece resistência física, contudo não acata às suas
determinações, fica simplismente parado. Ele resiste, mas sem reagir, sem agredir.
b) Avalie seu desempenho profissional para solucionar a ocorrência, tendo como parâmetro as
legislações estudas.
Uso da força pela polícia, além das telas apresentadas, o material complementar está
disponível para acesso e impressão.
Aula 1 - Propostas de modelos de uso progressivo da força
Cada modelo criado possui um nome que geralmente está associado ao nome do autor
que o apresentou ou à sua origem, como se vê a seguir:
Modelo FLETC: Aplicado pelo Centro de Treinamento da Polícia Federal de Glynco (Federal Law
Enforcement Training Center), Georgia, Estados Unidos da América (EUA).
Modelo GILIESPIE: Apresentado no livro Police - Use of force - A Line Officer’s Guide”, 1998.
Modelo REMSBERG: Apresentado no livro: The Tactical Edge - Surviving High - Risk Patrol” -
1999.
Modelo CANADENSE: Utilizado pela Polícia Canadense.
Fonte - GRAVES & CONNOR (1994, p.8); BARBOSA & ANGELO (2001, p.126)
Modelo GILlESPIE
Comentário
Para o autor, a verbalização é uma graduação de força que se interage
com outros níveis. Inicia- se no segundo nível de força e prossegue até o
penúltimo, antes de se usar a força letal. É um modelo complexo, porém bem
completo em suas opções de ação e reação. O policial que compreende a sua
dinâmica está apto a fazer o uso correto da força. Pode ser adaptado para uso
na Polícia Brasileira, com o devido treinamento, dada a sua complexidade.
Veja o modelo GILIESPIE (Anexo 1)
Modelo REMSBERG
Este modelo é concebido em forma de degraus em elevação. Os degraus mais baixos simbolizam os
níveis de força mais baixos e os mais altos, os níveis de força mais altos. O modelo não faz
correlações do nível de força com a ação do suspeito ou percepção de risco por parte do policial,
embora o autor observe este fato na sua teoria explicativa. São cinco níveis de força e cada um é
subdividido em sub-níveis que também estão em ordem crescente de baixo para cima. Para utilizar
esse modelo, o policial utiliza o degrau correspondente ao nível de força de resposta que os
níveis.
É muito simples e de fácil assimilação pelos policiais. No entanto, não é um modelo completo.
Faz apenas o escalonamento do uso da força.
Modelo REMSBERG
^MADE^GO
ATIRAR
APONTAR
SACAR
MÃO NA ARMA COMANDO VERBAL
INSTRUMENTO DE IMPACTO
USAR O BASTÃO AMEAÇA COM BASTÃO MOSTRAR O BASTÃO APRESENTAR O BASTÃO MÃO NO
BASTÃO AVISO VERBAL
KSSS
CHAVE DE PESCOÇO MEDIDAS DE CONTENÇÃO ATIVA MEDIDAS DE CONTENÇÃO PASSIVA PONTO DE
PRESSÃO PEGADA CONDUÇÃO
SBA3O
AVISO
ACONSELHAMENTO
PERSUASÃO
|PRESENÇA
POSTURA DEFENSIVA POSTURA ALERTA POSTURA
ABERTA
Figura 2 - Modelo "REMBERG" de uso progressivo da força.
Fonte - REMSBERG (1999, p.433)
Modelo CANADENSE
É composto por círculos sobrepostos e subdivididos em níveis diferentes. O círculo interno
corresponde ao comportamento do suspeito e o círculo externo à ação de resposta do policial. No círculo
interno, existem cinco subdivisões, para cada situação de ação do suspeito. É utilizada uma graduação de
tonalidades que vai da cor branca para a ação de menor ameaça do suspeito, até a cor preta, para a ação de
maior ameaça. O círculo externo corresponde à ação de resposta do policial que está graduada em sete níveis
diferentes. Cada nível interage com o outro através da mudança de cores. A mudança não é estanque, ou seja,
onde termina um nível de força, outros ainda estão disponíveis. São usadas sete cores para cada uma das
graduações de força.
Comentário
É um modelo muito prático, de fácil entendimento e memorização por parte do policial. Pode ser
facilmente adaptado pela Polícia Brasileira.
Modelo NASHVILLE
Este modelo possui um formato gráfico em forma de “eixo de coordenadas”. O eixo “x”
corresponde à atitude dos suspeitos e é dividido em cinco níveis. O eixo “y” corresponde aos quatro níveis de
força. A utilização do modelo é feita através da análise do gráfico formado pelo cruzamento dos dois eixos “x
e y”, que pode ser feita de duas formas. Uma mais severa e outra menos severa. Fazendo parte do gráfico,
como orientação, são colocados os fatores e circunstâncias que podem influenciar o policial para a escolha do
nível de força a ser utilizado.
Conclusão
Modelo Sistema de Níveis de forças Avaliação da Percepção de risco Formato
cores (alternativas) atitude do
FLETC Cinco cores Cinco níveis Comando suspeito
Cinco níveis Cinco níveis Gráfico em
representando verbais Controle de Submissa Profissional Tática forma de
níveis comantato Técnicas de Resistência Limiar de ameça degrau, com
diferentes do submissão Táticas passiva Ameça danosa cinco níveis e
GILIESPIE Quatro cores, Cinco níveis que Quatro níveis; Três níveis: Tabela com
representando interagem entre si: Cooperativo Não- Ameaça uso de cores.
níveis Presença Verbalização cooperativo esconhecida Tipo
diferentes de técnicas de mão Armas de agressivo de atividade
REMSBERG percepção do Cinco
Inexistente impacto
níveisArmas de
subdivididos desarmado
Inexistente criminal
Inexistente Gráfico em
em outros níveis: forma de
Presença Verbalização graus.
CANADENS Sete cores. Técnicas de mão
Sete níveis: Armas
Presença Cinco níveis: Não está presente Círculos
E Cada uma está policial Comandos Cooperativo Não- no modelo gráfico. sobrepostos
relacionada verbais Mãos livres (leve) combativo É colocado como
com o nível Mãos livres (+severo) Resistente obs.
NASHVILL Inexistente Quatro níveis: Inexistente, Inexistente, porém Eixo de
E Total submissão Passivo porém insere obs. insere obs. sobre coordenadas
Defensivo Agressão ativa Sobre fatores e fatores que “ y” x,
Antes de fazer o uso da força em uma intervenção policial, responda aos seguintes
questionamentos:
Conforme previsto nos “Princípios Básicos para o Uso da Força e Armas de Fogo”, o policial
NÃO deve USAR arma de fogo, exceto:
Em caso de legítima defesa ou defesa de outra pessoa em situações de ameaça iminente de
morte ou ferimento grave;
Para impedir que se cometa crime particularmente grave que envolva séria ameaça à vida;
Efetuar prisão ou impedir a fuga de alguém que represente tal risco e resista à autoridade.
Os casos citados anteriormente dizem respeito à utilização das armas de fogo por policiais,
contudo, sem dispará-las com fins letais (sacar, apontar disparos de proteção, fixação pelo fogo para
evacuação).
Para fazer o uso da arma de fogo você deverá:
Avisar prévia e claramente sua intenção de usar armas de fogo, com tempo suficiente para
que o aviso seja levado em consideração. A NÃO SER QUE ,tal procedimento represente risco
indevido para os policiais ou acarrete risco de dano grave ou morte para terceiros.
OU
Seja totalmente inadequado ou inútil, dadas as circunstâncias da ocorrência.
Ao utilizar sua arma de fogo durante uma intervenção operacional o policial deve lembrar-se de:
Prestar imediato socorro médico à pessoa ferida. Procurar minimizar os efeitos lesivos dos
disparos.
Comentário
Assistência psicológica e jurídica
Os dirigentes nos diversos níveis e a instituição policial de forma geral deverão empenhar-
se em prestar assistência psicológica e jurídica aos servidores que tenham se envolvido em uso letal de
arma de fogo. O policial não pode vulgarizar os disparos de arma durante o serviço operacional
invertendo a premissa de que somente deve atirar como último recurso. De igual maneira ele deverá
contar com o amparo institucional, dando-lhe segurança e confiabilidade para que não se intimide
diante do confronto operacional sempre que agir dentro dos parâmetros profissionais preconizados.
Treinamento prático
O treinamento deve guardar semelhança com as situações vivenciadas na atividade de
proteção da sociedade e ser mais prático do que estático, devendo ainda ser contínuo e meticuloso,
colocando os policiais aptos ao desempenho de suas funções. As técnicas e táticas vivenciadas no
treinamento são os instrumentos que você tem para utilizar e fazer a diferença para tornar o confronto
desigual a seu favor, ajudando-o a solucionar os mais diversos tipos de intervenções policiais. Assim,
você deve dominar técnicas que lhe proporcionem o máximo de controle, com o mínimo de esforço e
dentro de uma estrutura tática e legal que se ajustem (taticamente aplicável e legalmente aceita).
Comentário
Questões éticas
É importante salientar as questões de natureza ética, que, juntamente com os princípios dos
direitos humanos, devem ser parte importante no treinamento, sendo que esta qualificação deve
preparar os policiais também para o uso de alternativas de força, incluindo a solução pacífica de
conflitos, compreensão do comportamento de multidões e métodos de persuasão, que podem reduzir
consideravelmente a possibilidade de confronto.
Comentário
Uso arbitrário da força: violações
O uso arbitrário da força pelos policiais constitui violações do direito penal. Também
constituem violações dos direitos humanos, cometidas justamente pelos policiais que são os
responsáveis por manter e preservar esses mesmos direitos. O abuso da força pode ser visto como uma
violação da dignidade e integridade humana tanto dos policiais envolvidos como dos próprios
suspeitos ou infratores (alvos da intervenção), que agora passam a assumir a condição de vítimas. No
entanto, não importa como as violações sejam vistas, elas prejudicarão de fato o sensível
relacionamento entre a organização policial e toda a comunidade a que estiver servindo, sendo capazes
de causar "ferimentos" que levarão muito tempo para “cicatrizar”. É por todas as razões expostas
acima que o abuso não pode e não deve ser tolerado.
Deverão ser responsabilizados aqueles policiais que tendo o conhecimento de que outros,
sob o seu comando, estão ou tenham estado, recorrendo ao uso ilegítimo de força e também aqueles
que não tenham tomado todas as providências a seu alcance a fim de impedir, reprimir ou comunicar
tal abuso.
Não serão responsabilizados, no entanto, aqueles que se recusarem a cumprir uma ordem
ilegal para usar força ou armas de fogo ou comunicarem tal uso ilegal realizado por outros policiais.
Obediência a ordens superiores não será nenhuma justificativa quando os policiais souberem que o uso
da força era ilegal e tiverem oportunidade razoável para se recusarem a cumpri-la: Nessas situações, a
responsabilidade caberá também ao superior que tenha dado as ordens ilegais.
Justifica-se a conclusão de que o uso da arma de fogo seja visto como o último recurso. Os
riscos no uso da arma de fogo em termos de danos, ferimentos (graves) ou morte, assim como de não
apresentar nenhuma opção real após seu uso, transformam-na em última barreira na avaliação dos
riscos de uma situação a ser resolvida.
Pois que outros meios os policiais empregarão, se o uso da arma de fogo deixa de
assegurar que os objetivos da aplicação de lei sejam realmente atingidos?
Conclusão
As implicações do uso (letal) de armas de fogo podem ser, é claro, limitadas nos termos
legais.
3. De que forma o policial pode responder, para si mesmo, se o uso da força é necessário?
Uma vez que existam resistências e agressões em variadas formas e graus de intensidade,
o policial terá que adequar sua reação à intensidade da agressão, estabelecendo formas de comandar e
direcionar o suspeito provendo seu controle. (MOREIRA, 2001).
ROVER (2000) afirma que: “Os governos deverão equipar os EAL com uma série de
meios que permitam uma abordagem diferenciada ao uso da força e armas de fogo”.
Lembre-se
O uso legítimo da força pressupõe, como já foi dito, além dos princípios éticos, que seja
baseado na legalidade, necessidade e proporcionalidade.
Cada encontro entre o policial e o cidadão deve fluir em uma seqüência lógica e legal de
causa e efeito, baseada na percepção do risco por parte do policial e na avaliação da atitude daquele
que é o suspeito. Este fluxo deve ser uma constante, como um medidor de suas ações: aumento ou
intervenção, assim como de diminuição ou não-intervenção durante um confronto. Esta seqüência é
chamada de uso progressico da força.
A aplicação progressiva da força compreende três elementos principais de ação: instrumentos, táticas e
uso do tempo (GRAVES & CONNOR (1994, p.3):
Segundo VIANNA (2000), “A ordem de prioridades deve pressupor que a polícia, pela sua
própria condição, deve aceitar alguns riscos e estar certa de que o público em geral não será exposto ao
perigo e que o emprego de armas e métodos serão previamente avaliados para cada caso”.
A polícia está em segundo plano em relação à segurança do público visto que é paga e
treinada para enfrentar o perigo.
O uso progressivo da força consiste na avaliação de três situações diferentes:
Percepção do policial em relação ao indivíduo suspeito;
Alternativas do uso da força legal; e Resposta do policial.
O policial decide a respeito da utilização de força em relação à perspectiva de sua
percepção do indivíduo suspeito, dentro de circunstâncias que são tensas, incertas e rapidamente
envolventes.
Aula 2 - Níveis de força progressiva
Os níveis de força apresentam seis alternativas adequadas do uso da força legal como
formas de controle a serem utilizadas pelos policiais, como se vê a seguir:
A mera presença do policial uniformizado, muitas vezes, será o bastante para conter um
crime ou contravenção ou ainda para prevenir um futuro crime em algumas situações. Sem dizer uma
palavra, um policial alerta pode deter um criminoso passivo, usando apenas gestos. Isso pode ocorrer,
por exemplo, quando um policial se aproxima de uma “briga” em um show barulhento, em que não se
consegue ouvi-lo e os envolvidos cessam suas atitudes. Pois, a presença do policial é entendida
legitimamente como a presença da autoridade do Estado.
Nível 2 - Verbalização
O conteúdo da mensagem é muito importante. A escolha correta das palavras, bem como
a intensidade a serem empregadas, traduz com precisão a eficácia da investida policial. Assegurado
desta postura, o policial terá mais chances de alcançar o seu objetivo. Por outro lado, há que se tomar
cuidado em situações mais sérias, onde deve se evitar comandos longos, ou seja, deve se usar
comandos curtos.
Este nível de força pode e deve ser utilizado em conjunto com qualquer outro nível de
força, sempre que possível.
Dessa forma, se houver uma reação você estará protegido e em condições de se defender.
Esteja com a arma pronta na posição de busca “01” ou “02” conforme o nível de risco
determine.
Como regra mínima de segurança, caso entenda não ser necessário sacar a arma, você deve
desabotoar o coldre e “localizar” a arma colocando sua mão sobre a coronha. Dessa forma, se for
necessário sacar a arma, você não necessitará procurá-la. Caso a situação evolua e o uso da arma de
fogo seja recomendável, proceda conforme as orientações contidas no capítulo sobre uso da força.
Aquele que fala primeiro ganha importante proteção psicológica e, freqüentemente, física,
que poderá favorecer a solução da ocorrência. Empregue, durante todo o tempo, o pensamento tático,
pense no processo mental necessário para que o suspeito possa desferir uma agressão. Pense pró-
ativamente!
Comentário
Caso o suspeito desobedeça, não encerre os comandos. De preferência, com a cobertura
(reforço) de outros policiais, tente dominá-lo. Insista nos comandos! Há chance de que o suspeito não
esteja ouvindo por estar no meio do barulho da rua, ou dentro de um automóvel com o rádio ligado ou
ainda pode ser que ele tenha deficiência auditiva ou esteja sob efeito de álcool e outras drogas. Estando
em supremacia de força, juntamente com os colegas, em trabalho de equipe, tente dominá-lo
fisicamente. Enquanto procedem ao domínio físico, não interrompa os comandos para que ele pare de
resistir e se entregue!
Outros pontos importantes sobre a verbalização:
1. Atenção à linguagem
Uma atenção especial deve ser dada à linguagem. Alguns policiais acreditam que,
utilizando uma linguagem vulgar, “chula” e ameaçadora, desencorajam a resistência do suspeito.
Diálogos dessa natureza causam espanto e demonstram falta de profissionalismo. Além disso, uma
“ameaça verbal” pode desencadear uma reação e propiciar o agravamento da situação. O que se busca,
ao realizar a abordagem verbal, é a redução do uso da força e o controle do suspeito.
Considere ainda que a sua linguagem pode angariar antipatizantes que, possivelmente,
testemunharão contra você em qualquer processo, afirmando que houve agressão desnecessária e uso
abusivo da força (despreparo do policial).
4. Nível da voz
Lembre-se de flexionar o nível de voz sempre que houver acatamento, abaixe o tom,
conquiste a confiança da pessoa abordada. Mas fique sempre atento ao recurso de elevar bruscamente
o tom de voz, caso perceba algo errado. A posição em que o policial empunha sua arma também ajuda
na verbalização, no sentido que ele tenha o recurso de apontá-la ou não, conforme o desenrolar do
caso, buscando sempre partir do nível mínimo de força e evoluir gradativamente.
Ele não te escuta ou não compreende (por deficiência auditiva, por efeito de álcool ou
outras drogas).
Ele não acata o seu comando como forma de meramente desafiar ou desmerecer a ação da
polícia, visando provocar o policial, conduzindo-o a uma situação vexatória ou de abuso de força (por
vezes buscando angariar simpatia de transeuntes).
Ele tem algo a esconder e tenta ganhar tempo e distrair a atenção dos policiais (por vezes
com a presença de comparsas).
Ele tenta ganhar tempo para empreender fuga ou reagir fisicamente contra os policiais.
Quaisquer que sejam as possibilidades, procure pensar taticamente; priorize a sua
segurança e evite cair na armadilha das provocações. Conduza o desfecho com isenção e
profissionalismo. Existe policial que leva este tipo de situação para o campo pessoal e perde o controle
mediante a mínima ponderação do suspeito. Este corre o sério risco de expor desnecessariamente sua
vida e as de seus companheiros, ou ainda, de cometerem atos de violência.
Faça o que deve ser feito. Adote todas as medidas legais que couberem ao caso em
particular, conduza sua atuação conforme preconizado no escalonamento do uso da força. Seja firme e
seja justo. Aja com ética, técnica e legalidade.
Trata-se do emprego de talentos táticos por parte do policial para assegurar o controle e
ganhar cooperação. Em certas situações haverá a necessidade de dominar o suspeito fisicamente. Nesse
nível, os policiais utilizam-se primeiramente de técnicas de mãos livres para imobilizar o indivíduo.
O ideal é que toda ocorrência seja resolvida sem o uso da força utilizando, principalmente,
a verbalização. Porém, nem sempre isso é possível. Os princípios que irão dirigi-lo no uso da força são
a legalidade, necessidade, proporcionalidade e conveniência. O emprego da força pressupõe a busca de
um objetivo legítimo, e, você deve fazê-lo de forma moderada, agindo proporcionalmente à agressão
ou à ameaça de agressão, utilizando a quantidade de força necessária para controlar o suspeito.
Se você é ameaçado ou agredido com força letal, a resposta legal, necessária e proporcional
poderá ser reagir, utilizando força letal para controlar o agressor, defendendo a sua vida ou de uma
terceira pessoa.
Habilidade
Capacidade física do suspeito de causar dano em um policial ou em outra pessoa inocente.
Isso significa, em outras palavras, que o suspeito possui uma arma capaz de provocar morte ou lesão
grave, como por exemplo, uma arma de fogo ou uma faca. Habilidade pode ainda incluir a capacidade
física, através de arte marcial ou de força física, significativamente superior à do policial.
Oportunidade
Diz respeito ao potencial do suspeito em usar sua habilidade para matar ou ferir
gravemente. Um suspeito desarmado, mas muito alto e forte pode ter a habilidade de ferir seriamente
ou matar uma outra pessoa menor e menos condicionada. A oportunidade, entretanto, não existe se o
suspeito está a 20 metros de distância, por exemplo. De igual modo, um suspeito armado com uma
faca tem habilidade para matar ou ferir seriamente, mas pode faltar oportunidade se você aumentar a
distância entre as partes, no caso, você e ele, ou na busca de um abrigo.
Risco
Existe quando um suspeito toma vantagem de sua habilidade e oportunidade para colocar
um policial ou outra pessoa inocente em um iminente perigo físico. Uma situação onde um suspeito
Comentário
Raciocinar sobre o triângulo da força letal pode auxiliá-lo a decidir. Além disso, ao lidar
com um suspeito não-cooperativo que está armado, você deve, em primeiro lugar, buscar um abrigo
para, então, lidar com ele. Em seguida deve aumentar a distância entre você e o agressor o que
dificultará o ataque. Em terceiro lugar, solicite cobertura. Não tente resolver a situação isoladamente.
Aumentar o número e qualidade (equipes especializadas) dos policiais no local pode desencorajar o
agressor. Em último caso, havendo risco demasiado para você e para a comunidade, avalie a
possibilidade de se retirar do local ou facilitar a fuga do agressor, pois “uma prisão sempre pode
aguardar uma nova oportunidade”, mas a perda de uma vida é irreversível! Estando protegido, e,
sendo possível, utilize a negociação e a persuasão determinando ao suspeito que se renda. Quando a
situação permitir, a verbalização deve ser combinada com a demonstração de força. O suspeito deve
entender a sua disposição e firme resolução em controlá-lo utilizando-se, inclusive, de força letal.
Aula 5 - Estudo das reações fisiológicas
O corpo humano sofre reações fisiológicas involuntárias que afetam as habilidades
motoras quando confrontado com situações de sobrevivência. Muitas dessas reações provocam efeitos
negativos na capacidade do policial de se defender em situações de vida ou morte. As habilidades
motoras combinam processos cognitivos e ações físicas que capacitam a pessoa a realizar tarefas
físicas, como, por exemplo, disparar uma arma. Conheça os tipos de coordenação motora e suas
respectivas características:
Uma das chaves para lidar com o estresse em situação de sobrevivência é controlar o
batimento cardíaco, o que pode ser feito respirando profundamente algumas vezes enquanto tenta
“relaxar” e manter o controle.
O objetivo é fazer com que o suspeito cesse seu ataque ilegal, o mais rápido possível com
total eficiência. Considerando todas as variáveis fisiológicas que interferem negativamente,
dificultando o comportamento do policial nestas situações de emergência, caso seja possível, os
disparos devem ser feitos visando minimizar os efeitos traumáticos no agressor.
O policial seleciona a opção de nível de força que mais se ajusta à resistência enfrentada.
A progressão será avaliada e adequada ao tipo de ação do suspeito. Se um nível de força já adotado
falha ou as circunstâncias mudam, o policial pode e deve aumentar o nível de força utilizada de forma
consciente.
Um nível “acima do necessário” poderá ser considerado abuso de poder. E por isso, uma
avaliação correta do nível de força é muito importante para o atingimento dos objetivos legítimos do
uso da força.
O nível de confiança por parte do policial militar ao intervir em uma ocorrência será tanto
maior quanto for o seu nível de treinamento, conhecimento de técnicas, experiência e possibilidade de
uso de equipamentos e tipos de armas diferentes.
A escolha do nível adequado de força a ser usado depende muito de como o policial está
equipado e como está treinado. A opção variada de uso de equipamentos como cassetetes (tonfa), gás
pimenta ou lacrimogêneo, armas não-letais, coletes à prova de balas, conhecimento de técnicas de
defesa pessoal, possibilita um aumento da confiança do policial.
Para atuar em uma ocorrência em que seja necessário o uso da força, o policial precisa
estar equipado com opções variadas de força. Caso o policial chegue em uma intervenção, somente
com sua arma de fogo, sem conhecimento de técnicas de defesa pessoal, lhe restará como única opção
o uso da arma de fogo, na eventual falha da verbalização. O resultado obtido poderá não ser o mais
adequado. Portanto, é muito importante o preparo do policial e a disponibilidade de equipamentos
para uma boa escolha no nível de força a ser utilizado. Quanto maior o número de técnicas e
equipamentos disponíveis aos policiais, melhores serão as condições de escolha do nível de força a
ser usado.
É o que afirma ROVER (2000, p. 279) quando esclarece que os policiais devem ser
equipados com vários tipos de armas e munições, permitindo um uso diferenciado de força e armas de
fogo.
Segundo os PBUFAF, em seu segundo princípio, os policiais devem ser equipados com
equipamentos de autodefesa como escudos, capacetes, coletes à prova de balas e meios de transporte
blindados, de modo a diminuir a necessidade do uso de armas de qualquer espécie. (ONU, 1990).
Algumas polícias utilizam o cão como uma arma. Eles são treinados na captura de
suspeitos armados e perigosos, na busca de suspeitos escondidos e em auxílio à apreensão de drogas.
ROVER (2000, p. 279) lembra que: “Embora não mencionados nos PBUFAF, o cão policial é uma
“arma” valorizada incluída entre aquelas que permitem às organizações uma abordagem diferenciada
ao uso da força e armas de fogo”.
Normalidade
É a situação rotineira do patrulhamento em que não há a necessidade de intervenção da
força policial.
Cooperativo O suspeito é positivo e submisso às determinações dos policiais. Não oferece
resistência e pode ser abordado, revistado e algemado facilmente, caso seja necessário prendê-lo.
Resistente passivo
Em algumas intervenções, o indivíduo pode oferecer um nível preliminar de insubmissão.
A resistência do suspeito é primordialmente passiva, com ele não oferecendo resistência física aos
procedimentos dos policiais, contudo, não acata às determinações, fica simplesmente parado. Ele
resiste, mas sem reagir, sem agredir.
Resistente ativo
A resistência do indivíduo tornou-se mais ativa, tanto em âmbito quanto em intensidade.
A indiferença ao controle aumentou a um nível de forte desafio físico. Como exemplo, podemos citar
o suspeito que tenta fugir empurrando o policial ou vítimas.
Agressão não-letal
A tentativa do policial de obter uma submissão à lei chocou-se com a resistência ativa e
hostil, culminando com um ataque físico do suspeito ao policial ou a pessoas envolvidas na
intervenção.
Agressão letal
Representa a menos encontrada, porém, a mais séria, ameaça à vida do público e do
policial. O policial pode razoavelmente concluir que uma vida está em perigo ou existe a
probabilidade de grande dano físico às pessoas envolvidas na intervenção, como resultado da
agressão.
Concluindo de maneira incisiva, e até mesmo repetitiva, como forma de deixar claro a
você, que o uso efetivo da força depende da sua compreensão, enquanto policial, sobre as relações de
causa e efeito. O policial observa as ações do suspeito dentro de um contexto de confrontação para
escolher o nível mais adequado de força a ser usado. Assim, o policial responde de maneira
preventiva, ativa ou reativa conforme sua avaliação.
Como já foi pontuado, no que tange à importância do conhecimento do uso progressivo da
força, sem perder de vista que cada situação é única.
É preciso estar ciente de que o uso progressivo da força é um processo contínuo e flexível,
podendo progredir a um nível mais avançado ou regredir a um nível de menor graduação de força, no
qual os vários meios para exercer o controle de indivíduos suspeitos já estão posicionados. Para
legitimar tal posicionamento, tome como base a citação de (MOREIRA,2001) como suporte, segundo
ele, a resposta do policial será orientada pelo procedimento do suspeito. Tal procedimento norteará a
ação do policial na escolha de certo nível de força exigida na intervenção em caso, o que justificará
suas ações.
Aula 7 - Percepção do risco
Cada encontro entre o policial e o cidadão deve fluir em uma seqüência lógica e legal de
causa e efeito, baseada na percepção do risco por parte do policial, uma vez que faz parte do conceito
de uso progressivo da força a avaliação dos riscos. Os policiais podem classificá-la da seguinte forma:
Percepção profissional
Representa o fundamento do processo perceptivo. Este nível de percepção abrange as
atividades policiais do dia-a-dia e as exigências cruciais do ambiente em que funciona.
Percepção tática
O policial percebe um aumento da ameaça no cenário do confronto.
1a variável
Número de policiais e número de suspeitos envolvidos.
2a variável
Tipo físico, idade e sexo dos policiais em relação às mesmas variáveis dos indivíduos
suspeitos.
3a variável
Habilidade técnica em defesa pessoal dos policiais envolvidos.
4a variável
Estado mental, emocional, do policial no momento do confronto.
Do mesmo modo, algumas circunstâncias especiais podem influenciar no nível de força
utilizada pelos policiais, como se vê abaixo:
1a circunstância
Possibilidade de o suspeito, em proximidades ao policial, estar portando arma de fogo,
viabilizando um suposto acesso imediato de disparos. Neste caso, o policial pode ser forçado a fazer
uso de um nível maior de força.
2a circunstância
Posicionamento de desvantagem. Um policial encurralado em um “beco” de favela
(aglomerados) sem pontos de proteção à sua segurança, pode ser forçado a empregar um nível de
força mais elevado.
3a circunstância
Nível de habilidade do suspeito. Necessidade de saber se ele possui habilidades em artes
marciais ou possui treinamento militar, por exemplo.
4a circunstância
O policial recebe informações precisas sobre a presença de armas de fogo com o suspeito,
provocando a utilização de um nível mais alto de força para controlar a situação.
5a circunstância
Perigo eminente. O suspeito agride o policial ou ameaça a vida de uma vítima.
Existem inúmeras outras circunstâncias que não podem deixar de ser avaliadas e treinadas
pelos policiais. Aqui, foram destacadas as principais para melhor entendimento do assunto.
MOREIRA, (2001) ao orientar os policiais em seu trabalho, afirma que: “Você precisa estar apto para
avaliar circunstâncias, não apenas para sua opção de uso de força, mas também para se justificar mais
tarde diante daqueles que irão avaliar se sua escolha foi apropriada”.
A combinação de variáveis e circunstâncias em relação à atitude dos suspeitos, durante o
atendimento de uma ocorrência, pode determinar o aumento ou o decréscimo no nível de força usado.
Em situações de alto estresse, o policial pode ficar sem reação. A menos que tenha uma estrutura
prática que possa ajudá-lo a organizar suas opções. Eis um outro ponto forte para dar crédito aos
treinamentos, como este que será dado por meio do curso em exibição, o qual proporcionará ao
policial uma melhora significativa em seu desempenho, frente às situações de risco, não apenas em
sua estrutura física como também mental e psicológica.
CONCLUSÃO
A profissão de policial exige um alto grau de profissionalismo, pois lida com a proteção
da vida humana. Ao se deparar com uma situação de risco, o policial terá que julgar se irá fazer o uso
da força, e se será necessário usá-la em seu grau mais extremo, através do uso letal da arma de fogo,
tirando a vida de alguém, com o intuito de salvar uma outra vida. Muitas vezes, este julgamento é
feito em frações de segundo, exigindo um alto grau de preparo para se evitar erros fatais. Passando a
valer a citação de (VIANNA,2000):
O uso progressivo da força é uma valiosa ferramenta para os policiais no seu dia-a-dia
operacional. O sucesso dele depende em muito do treinamento de técnicas de abordagem, defesa
pessoal e em utilização de equipamentos e armamentos. Logo, a qualidade do desempenho da
atividade policial é amplamente dominada pela qualidade dos recursos humanos disponíveis. A
Polícia Militar, para melhorar cada vez mais sua prestação de serviço à comunidade, deve aprimorar
sempre a qualidade de seu recrutamento, de sua formação e de seu treinamento.
Os PBUFAF exigem que os governos e as agências defensoras da lei assegurem que todos
os EAL recebam um treinamento profissional contínuo e profundo. A partir deste, os policiais devem
estar perfeitamente preparados e testados de acordo com os padrões de perfil apropriados ao uso da
força (ONU, 1990). No treinamento dos policiais, os governos e as organizações devem dar atenção
especial a: questões de natureza ética na aplicação da lei e direitos humanos; alternativas ao uso da
força e armas de fogo, incluindo a solução pacífica de conflitos; compreensão do comportamento de
multidão e métodos de persuasão, negociação e mediação com vistas a limitar o uso da força e armas
de fogo (ROVER, 2000).
Sabendo que o policial é treinado para responder de uma maneira preventiva, ativa ou
reativa para o uso progressivo da força, conforme sua avaliação do comportamento do indivíduo
suspeito ora em observância. O treinamento dado acontece por meio de simulações de elaboração de
cenários, palestras, demonstrações e instruções por computador. Segundo McGOEY (2001), o
treinamento é a chave para o correto uso progressivo da força. Exercícios práticos ajudarão a reforçar
as reações do policial para que as tornem mais apropriadas, evitando as ações instintivas. Ele acelera
as respostas para a escolha do nível de força adequado para cada situação. A prática e o treinamento
contínuo diminuem os efeitos do estresse e torna o resultado pretendido mais seguro.
Contribuindo com seu pensamento, MOREIRA (2001) afirma que o policial deve treinar e
ter condições de controlar um suspeito escolhendo entre respostas táticas que vão desde a simples
presença no local até o uso de arma de fogo. Esse treinamento deve guardar semelhança com as
situações vivenciadas na rua e ser mais prático do que estático, começando lento e ganhando
velocidade.
2. A fim de auxiliar na compreensão nos níveis de força progressiva, faça uma síntese de
cada um dos níveis anotando seus pontos principais.