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“Este Governo deve ser mais comu-

nicativo com o povo. Os membros


deste Governo devem encarar
o acesso à informação como um
direito de cidadania consagrado
na Constituição e na lei. A nossa
acção deve estar alicerçada nos
mais altos princípios da ética gov-
ernativa, como a transparência, a
integridade, o primado da lei, a im-
parcialidade, a equidade e a justiça
social” – Filipe Nyusi, Presidente
da República de Moçambique; In:
“Discurso de Tomada de Posse
do Primeiro-Ministro, Ministros e
Vice-Ministros”, proferido a 19 de
Janeiro de 2015.
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TEMA DA SEMANA
2 Savana 13-03-2015

Gilles Cistac

Repulsa e veneração no adeus ao mestre


‡ Frelimo e G-40 foram as ausências mais notiYeis no Yelyrio
Ricardo Mudaukana

N
um clima pesaroso, o auditó- Bach e as músicas “Perfect Love”, de J.
rio do Centro Cultural Uni- Bamby, e “Be Thou my vision”, de Irish
versitário da Universidade Melody.
Eduardo Mondlane (UEM)
teve os seus 950 lugares preenchidos
Frelimo e “G-40”, as ausên-
por pessoas de vários círculos sociais,
cias mais presentes
principalmente do meio académico e
Coerente com a sua posição, nunca
intelectual da capital moçambicana,
expressa publicamente, de se manter
que se foram despedir esta terça-feira
distante das manifestações de repúdio
do Professor Catedrático Gilles Cistac,
pelo homicídio, a Frelimo pautou pela
assassinado no último dia 03. Tantos
ausência do velório de Gilles Cistac.
outros participantes tiveram de assistir
Óscar Monteiro, um histórico do par-
ao velório de pé, ao longo das cerca de
tido, mas já retirado da política activa,
duas horas que a cerimónia durou.
presenciou as exéquias, mas, muito pro-
vavelmente, pelo seu passado de acadé-
A grandeza humana e intelectual do
mico.
homem cujo corpo estava já exposto
Outra ausência muito “presente”, foi a
por volta das 15:30 no palco do auditó-
dos membros do chamado “G-40”, o
rio via-se logo no zelo com que a força grupo de analistas políticos afectos à
combinada da Polícia da República de Frelimo, alguns dos quais discípulos e
Moçambique (PRM) e da Polícia de colegas de Gilles Cistac na Faculdade
Trânsito interditava e desviava o tráfego de Direito da UEM.
que não era parte do cortejo fúnebre, do Alguns membros do G-40 são acusados
troço da Avenida Agostinho Neto, que por certa opinião pública de terem fer-
passa em frente ao auditório. tilizado um clima de hostilidade à volta

Naíta ussene
Uma enorme fila formada pelos enluta- de Cistac, ao defenderem a sua expul-
dos para a mensagem de pêsames num são do país, supostamente por incitar à
dos dois livros de condolências à dispo- subversão, quando argumentou que é
sição no corredor da entrada ao audi- juridicamente atendível a exigência de
tório traduzia a profunda consternação “ Será que as palavras justiça e direito fazem sentido neste país” questiona família Cistac
criação de províncias autónomas.
que se apossou dos juristas moçambica- plano académico, mas também no âm- extremos do palco, a parte mais terrena Meus dias de vida”, pela voz e viola do O Governo, apesar de ter primado por
nos, académicos, estudantes, defensores bito humanístico e cívico. “Escolhemos do velório começou com a intervenção maestro Pedro Tinga. “Os dias e anos uma postura mais discreta, esteve repre-
dos direitos humanos e activistas sociais aquela, porque o Professor gostava”, do presidente do Núcleo dos Estudan- que vivi fazem parte do teu plano; que sentado pelo vice-ministro da Educa-
pela morte do “mestre do método e cul- contou Tinga, mais tarde, ao Savana tes de Direito (NED), Absalão Mapa- seja feita a tua vontade; eu sou o teu ção, Armindo Ngunga, por sinal, tam-
tor do conhecimento”, como o Reitor Originário de um país esmagadora- zente, que manifestou “profundo pesar” servo”, é o refrão, numa tradução livre bém docente universitário. Ao velório,
da UEM, Orlando Quilambo, se referiu mente católico, França, e naturalizado pela morte de Gilles Cistac e expressou do canto em changana. foi, igualmente, António Gaspar, porta-
a Gilles Cistac, no seu elogio fúnebre. cidadão de um país com uma comuni- Ainda foi reservado um momento para -voz do chefe de Estado Filie Nyusi.
a veneração académica que a comuni-
dade católica expressiva, Moçambique, dade estudantil do estabelecimento nu- a recitação do poema “Lustro”, de José Entre os órgãos de soberania, a institui-
A adorada “Amazing Gilles Cistac teve a sua liturgia fúnebre tria pelo malogrado.
Craveirinha, pela actriz Lucrécia Paco, ção que teve a representação mais alta
Grace” do Professor dita pelo frei Pedro da Costa. Seguiu-se o director da Faculdade de
ao som de tambores tocados pelo irmão foi o Tribunal Supremo, através do seu
Sempre em silêncio e em recolhimen- Frank Paco. presidente, Adelino Muchanga, colega
Do livro “Sabedoria”, do Novo Testa- Direito, Armando Dimande, que, no
to, e maioritariamente vestidos de pre- Após os discursos, seguiu-se o momen- de Gilles Cistac, nos tempos em que
mento, Pedro da Costa leu do púlpito o essencial, recordou o curriculum de
to, com alguns trajando t-shirts com a to mais comovente da cerimónia. A aquele era docente na Faculdade Di-
seguinte versículo: “O justo terá repou- Gilles Cistac, assinalando a impressio-
frase “Je suis Cistac”,- “Sou Cistac” em procissão para a derradeira despedida. reito.
so, ainda que morra prematuramente” e nante trajectória da vítima na docência, Os dois principais partidos políticos da
português-, ou “Gilles Cistac Vive”, os Rosimele Cistac, amparada pelo avô
presentes escutaram no arranque das fez a sua própria interpretação do ver- investigação, consultoria jurídica, direc- Jacques, chorou copiosamente, deti- oposição também estiveram representa-
exéquias a popular norte-americana sículo que acabara de ler. “Gilles Cistac ção científica e académica e advocacia. da no féretro do pai, enquanto a mãe dos no velório. Daviz Simango, presi-
“Amazing Grace”, da voz de três mem- enveredou pela justiça, porque procurou Também conhecido por amar a arte, e do professor, Jacqueline, não conse- dente do Movimento Democrático de
bros do coro da UEM, dirigidos pelo sempre a justiça da lei, porque o seu ob- por ter comprado muitas peças de artis- guiu olhar por muito tempo ao corpo Moçambique (MDM), participou na
maestro Pedro Tinga. jectivo primordial era a justiça social. tas pobres que deambulam em Maputo, do filho, saindo com as mãos tapando cerimónia.
O canto, como faz jus o título, foi esco- Ele tinha fome e sede de justiça”. o filho de Toulouse, mas mais tarde de a cara. Como música de fundo para a “Deixou-nos o corpo, ergue-se a obra”,
lhido para condizer com o trajecto “ex- Com um documentário fotográfico a Moçambique, por “adopção”, voltou a vénia final ao Professor, o maestro Tin- parafraseando uma das alocuções do
traordinário” do docente, não apenas no deslizar no painel projectado num dos ter mais um momento de canto. “Os ga e banda escolheram um prelúdio de discurso do reitor da UEM.

Pedido de celeridade da justiça marcou o velório


Por Argunaldo Nhampossa

U
ma semana após ao bár- veu como sendo um homem integro, Gerardon condenou veementemente Timbane, as circunstâncias que leva- Para o bastonário da OAM, com a
baro assassinato de Gilles tenaz e que dedicou toda à sua vida a onda de insultos e odio à figura de ram a morte de Gilles Cistac, levam partida brutal e estúpida de Gilles
Cistac, diversas individua- a causa da justiça e do direito, o que Cistac, protagonizado por um grupo todos a questionar se quando será a Cistac, o direito moçambicano e a
lidades dentre académicos, lhe valeu uma morte bárbara. É pre- denominado G40 nos órgãos de co- sua vez de ser objecto de elogio fú- advocacia em particular, ficaram mais
amigos, familiares, sociedade civil, cisamente devido a esta situação, que municação do sector público. nebre. pobres, porque se apagou uma ex-
políticos e corpo diplomático esca- a família questionou se havia ou não “ Todos aqueles que incapazes de De acordo com Timbene, se a liber- traordinária fonte de conhecimento
laram o Centro Cultural da Uni- sentido de direito a justiça neste país, debater com ele com argumentos de dade de expressão e a vontade de lutar para toda nação, privou-se uns de um
versidade Eduardo Mondlane, para que tanto lutou para o seu desenvol- direito, preferiram o insulto, a rejei- pela justiça está a solta, é mesmo para colega disponível que se notabilizou
prestar a ultima homenagem a um vimento, mas em contrapartida, para ção, as acusações e a intolerância de- perguntar quantos tiros mais haverá pelo enriquecimento de direito de
homem que muito fez para o desen- ser premiado com um assassinato vem hoje questionar-se sobre a sua pelos tiranos que temem essa justiça, Moçambique.
macabro. responsabilidade moral face a este quantos mais, para quem e quando. O bastonário enalteceu as qualida-
volvimento de um estado de direito
O encarregado de negócios da Fran- drama” , precisou o encarregado de “A nossa vida merece a protecção do des de perecido afirmando que se
democrático. Os restos mortais de
ça, Cyril Gerardon disse não duvidar negócios da França em Moçambique. estado, e o estado não pode tolerar calou um vivo servidor da justiça e
Cistac vão repousar na sua terra na- que o crime foi premeditado e perpe- o mesmo assegurou que o governo do que quem não é capaz de rebater um de direito, um homem empenhado,
tal, Toulouse na França. trado por indivíduos que conheciam seu país, através de embaixada está argumento, que não concorda, use o dedicado e excelente profissional de
a sua rotina ao ponto de lhe retirar a determinada a ajudar a família do argumento de intolerância e insulto direito. Aponta ainda, sabendo que a
Numa cerimonia carregada de muita vida em plena manhã. malogrado tanto quanto possível, es- contrariando a ideia e a lógica da for- morte é irreversível, algo que o deixa
emoção, onde os participantes despe- Para Gerardon, Cistac constituía um pecialmente no processo judicial que ça é que deve prevalecer”, disse. confortado, é que as ideias de Cistac
diam-se do corpo, mas celebravam a traço da união entre a França e Mo- se inicia, na espectativa de a verdade Tendo de seguida, questionado se o continuaram a iluminar o direito na-
vida e obra do malogrado, o clamor çambique, sendo por via disso que se ser desvendada o mais breve possível. nosso país merece ter pessoas que cional e internacional, iluminará as
para que se faça a justiça, foi um dos naturalizou moçambicano por forma decidem sobre a nossa vida e a nossa salas de aulas e as mentes dos seus
denominadores comuns nos discur- a contribuir para a construção de um 4uando seri a nossa Yez" morte, se esta terra merece ter gente discípulos.
sos proferidos. país justo onde floresce o debate de Para o bastonário da Ordem dos que se roga o direito divino de dar e Timbane precisou que será difícil
A família do Gilles Cistac, descre- ideias e não o combate de pessoas. Advogados de Moçambique, Tomás tirar a vida. dissociar que o móbil do assassinato
TEMA DA SEMANA
Savana 13-03-2015 3

de Cistac esteja relacionado com os Mais ainda, o reitor afirmou que a ticos de partidos de oposição, fami- Gilles Cistac. que mesma termina na faculdade de
seus últimos pronunciamentos pú- produção de livros e artigos científi- liares, amigos e sociedade civil jun- O itinerário da marcha indicava que direito.
blicos, que terão ofendido os imigos cos por parte de Cistac, foi outra nota taram-se nas proximidades do café a mesma teria a praça de indepen- Depois do comunicado de impren-
da liberdade de expressão e opinião, de extrema importância, porque con- ABC, na avenida Eduardo Mondla- dência como destino final, mas para sa imitido pela comissão política do
o que constitui um marco de intole- tribuiu grandemente, da supressão da ne, local onde foi protagonizado o o desagrado de todos, uma brigada partido Frelimo reagindo a morte de
rância política quer matar a cidadania crise de obras literárias e inspirou na crime, para durante duas horas mar- antimotim armada até aos dentes Gilles Cistac, esperava-se a presen-
activa. produção legislativa. charem em memória do homem que (com novos uniformes) paralisou a ça dos militantes deste partido ou
De forma recorrente, Tomás Timba- devido ao seu domínio constitucio- marcha que era pacifica e sem moti- de membros do governo na marcha
ne foi colocando diversos questiona- PoYo saiu à rua nal foi alvo de tamanhos vilipêndios. vações politicas. promovida para protestar o coartar
mentos no seu discursos, tais como: Na passado sábado, milhares de cida- Durante a marcha, que do local do O porta-voz da PRM no comando da liberdade de expressão e de pen-
“será que Moçambique merecia um dãos nacionais marcharam de forma crime foi desaguar na faculdade di- da cidade de Maputo, justificou a sar. Mas debalde, porque nenhum
cidadão do gabarito de Gilles Cistac. pacifica em homenagem e protesto reito em notórios cartazes, dísticos e medida como sendo uma ordem su- membro do partido no poder e muito
Se um pais que valoriza o conheci- ao assassinato do constitucionalista camisetas com mensagens clamando perior proveniente do município de menos do governo se fez presente no
mento e a técnica merece compa- Gilles Cistac. pela justiça, repudiando o uso das ar- Maputo. Segundo Chefo, o itinerário acto para eco a justificação apresenta-
triotas que se zelam no seu campo Logo pela manha, académicos, polí- mas e ainda enaltecerem os feitos de da marcha que a PRM recebeu indica da no comunicado de imprensa.
profissional”? frisou para quem estas
questões não devem calar, mas sim,
tornar-se objecto de reflexão.

Assassinar um para silen-


ciar à todos
Em representação da sociedade civil
interveio Alda Salomão, directora do
Cento Terra Viva (CTV) que clas-
sificou o assassinato de Cistac como
uma estratégia de assassinar um para
silenciar a todos, pelo que exortou
toda a comunidade académica para
não se deixar vergar e contrair esta
pretensão.
“A força de uma nação não se cala
com a força das armas, calou se uma
voz mas tantas outras se ergueram
para continuar com a luta”, disse.
Segundo Alda Salomão, a morte do
constitucionalista foi perpetrada por
homens sem honra e nem coragem
de enfrenta-lo através do debate de
ideias e livre pensar, tendo recorrido
a cobardia das armas para acabar com
sua vida e silencia-lo de uma vez por
todas. Prosseguiu dizendo que ten-
taram silenciar cobardemente todos
moçambicanos livres e interventivos.
Contudo, diz que foi um homem que
lutou pela liberdade de expressão dos
moçambicanos para construção de
uma sociedade mais educada, mais
justa e rumo a uma verdadeira demo-
cracia.
Uma das marcas indeléveis que diz
ter colhido do finado é que “as pala-
vra libertam” principalmente, quando
proferidas por homens e mulheres
livres e comprometidos com a causa
do povo.
A directora do CTV agradeceu a fa-
mília Cistac por ter criado condições
de modo que o povo moçambicano
partilhasse dos conhecimentos e edu-
cação que proporcionaram ao seu fi-
lho, que acabou escolhendo este país
para ser sua terra e lar.
Aos órgãos da administração da jus-
tiça, Alda Salaomão apelou a celeri-
dade para o rápido esclarecimento
deste assassinato de modo que não
seja como mais um para engrossar a
lista dos casos sem desfecho até hoje.

Academia Àca yrfm tamEpm


O reitor da Universidade Eduardo
Mondlane, Orlando Quilambo dis-
se que não há palavras que possam
expressar a dimensão humana e aca-
démica de Gilles Cistac, que durante
22 anos serviu de forma exemplar a
Universidade Eduardo Mondlane e o
país.
Quilambo aponta que Cistac terá um
lugar de destaque no panteão de do-
centes da instituição que dirige, pelos
seus feitos, pelo que a sua morte dei-
xa também a comunidade académica
órfã, pois, vai se ressentir da sua au-
sência.
Segundo Quilambo, o constitucio-
nalista teve um grande contributo
na introdução e promoção de cursos
de mestrado e doutoramento que
são oferecido pela UEM em parceria
com universidades estrangeiras, pelo
que, será muito difícil apagar a marca
que deixou patente nestes níveis.
TEMA DA SEMANA
4 Savana 13-03-2015

Ao desdoErar-se em MustiÀcao}es na morte de Gilles Cistac

“Frelimo pode ter confessado a sua culpa”


- AÀrma /ourenoo de Rosirio, reitor da UniYersidade A Politpcnica e mediador de diilogo político
Por Argunaldo Nhampossa

O
Reitor da Universidade Política (CP) do partido Frelimo timanhas para se justificar, o que
Politécnica, Lourenço do emitiu um comunicado de impren- pode condicionar as investigações
Rosário, considera que sa no qual condenava veemente- da policia.
o partido Frelimo pode mente o bárbaro e cobarde assas- Sendo que, este acto de justificação
ter confessado o seu envolvimento sinato do professor e académico abre espaço para várias interpreta-
no bárbaro assassinato do consti- Gilles Cistac e apresentou as mais ções.
tucionalista Gilles Cistac, quando sentidas condolências. O académico manifestou o seu re-
na passada quarta-feira, emitiu Dizia o comunicado da Comissão púdio aos discursos protagonizados
comunicado de imprensa no qual Política da Frelimo, que aquele ór- por um grupo de analistas pró-go-
desdobrava-se em justificar que gão do partido no poder repudia verno, vulgarmente conhecidos por
não tinha nada a ver com o assunto. veementemente a postura que está G40, nos órgãos de comunicação
sendo assumida por alguns órgãos do sector publico e não isentou o
O reitor da Universidade Politéc- de Comunicação Social, após a partido de responsabilidade por
nica e mediador do diálogo polí- morte do académico Gilles Cistac não ter conseguido travar aquela
tico entre o Governo e a Renamo, e distancia-se das acusações da- onde de odio-rácico.
Lourenço de Rosário, manifestou queles que recorrendo a manobras “Quando os cachorros tecem este
na passada quinta-feira, durante a dilatórias, acusam o partido de ser tipo de comentários nas redes só-
oração de sapiência que marcou o responsável pela morte do acadé- cias, o assunto até pode ser pacífico
arranque do académico na insti- mico Cistac, tentando pôr em causa e interpretado de outra maneira,
tuição que dirige, o seu repúdio ao a honra, o bom nome e imagem da mas quando os cachorros esgrimem
assassinato do académico Gilles Frelimo e seus dirigentes. actos de racismo e até propor a exe-
Cistac, ocorrido na terça-feira da Está na hora do dono dos “cachorros” manda-los recolher ‘- Lourenço de Rosário O mesmo comunicado refere que cução ou expulsão de pessoas em
semana passada. estas manobras e acusações são gra- órgãos de Comunicação Social do
ções constitucionais em torno das Para avançar com este pensamento,
A cerimónia contou com a presen- víssimas e visam fomentar o boato, sector publico, significa que estão a
províncias autónomas que vinha o reitor socorreu-se de um provér-
ça de António Hama Thay, quadro semear confusão, incitar a violência cumprir um determinado coman-
sénior do partido Frelimo e depu- defendendo nos últimos tempos. bio segundo o qual “se alguém se e desestabilizar o país. do, que só por si da entender que é
tado da mesma bancada na Assem- Assim, condenou a atitude tomada justifica sem que lhe fosse pedido No entender de Lourenço do Ro- um comando superior ”, frisou.
bleia da República. pela Frelimo que ao invés de deba- que se justificasse, pode estar a con- sário, o comunicado da Frelimo de- Segundo do Rosário, já está mais
Visivelmente agastado, Lourenço ter ideias, resvalou para promoção fessar a sua culpa”. veria ter-se limitado simplesmente do que na hora para que o “dono
do Rosário disse ser difícil dissociar de actos que instigassem o racismo Recordar que, um dia após o assas- em condenar o bárbaro assassinato dos cachorros” os recolha porque
a morte de Cistac das interpreta- contra a figura do Cistac. sinato de Gilles Cistac, a Comissão do Cistac e não em procurar ar- estão a atacar pessoas injustamente.

Roubo de crianças aterroriza Chimoio


Por Andrp Catueira, em Manica

U
m clima de inseguran- Piloto e outra no 5 Fepom. A tercei- ria para atuar legalmente. mentada por populares” precisou Luís dos seis casos de tráfico de pessoas
ça e terror ficou insta- ra continua desaparecida e a família Simione, adiantando que um trabalho e de órgãos humanos, que já foram
lado no bairro Piloto, anda desesperada. ,nYestigaomo de base está em curso, para depois se encaminhados para o tribunal.
uma zona de expansão A menina desaparecida foi levada por Em contacto com o SAVANA, o líder avançar com medidas. Dos processos que tinham transi-
da cidade de Chimoio, em Ma- desconhecidos entre um grupo de comunitário do bairro Piloto, confir- tado de 2011, quatro tinham sido
nica, na sequência de uma onda crianças que brincava numa rua do mou o registo dos dois casos de raptos Polícia indiferente julgados, tendo resultado em duas
de rapto de crianças. bairro, não se sabendo até então o seu de crianças, assegurando que está em Por sua vez, o porta-voz da Polícia em condenações e dois absolvidos.
paradeiro, facto que deixou abalado curso uma investigação por suspeita Manica, Belmiro Mutadiua disse que Entre os casos registados destaca-
Trata-se de um fenómeno que todo bairro, ainda com episódios fres- de envolvimento de três moradores, em nenhuma esquadra da corporação -se o de extração de sangue e cére-
já levou às autoridades da justiça cos de outras duas crianças raptadas e com conduta duvidosa. foi registada uma denuncia de rapto bro de uma criança em Mossurize,
naquela província a declararem recuperadas. “Estamos a trabalhar na investigação de menores, sobretudo vindo do bair- para posterior venda na África do
alerta vermelho, pelo que as po- “Não sabemos ao certo de ondem para apurar bem e prendemos pesso- ro Piloto. Sul e a colocação de uma criança,
pulações alertam a necessidade vêm estes ladrões de crianças”, decla- as com as respectivas provas. Há três Disse ainda que na área de jurisdição raptada em Chimoio, à venda num
de um redobrar de vigilância e rou ao SAVANA uma moradora que pessoas suspeitas, que depois de todo da 4ª esquadra, que inclui o bairro 5 mercado informal do distrito de
investigação Policial. se identificou por Clara, queixando- trabalho vamos apresentar as provas”, Fepom, a Polícia nunca foi chamada Manica.
Ao que apurou o SAVANA, -se que a onda de roubo de crianças disse Luís Simione, líder do bairro para intervir num caso de recuperação Um relatório da UNICEF, de
vários episódios de raptos, dos tem mudado a rotina dos pais “que Piloto. de crianças. 2010, sobre tráfico de pessoas,
quais alguns fracassados, suce- preferem levar as crianças cativas para Entre os suspeitos disse, constar um confirma a existência de seitas
dem-se a cada mês desde ano as machambas ao invés de deixa-las homem, que tem passagem na Polícia Manica em alerta Vermelho religiosas que estão directamente
passado naquele bairro, uma brincar sob cuidados dos irmãos”. e envolvido num caso de assassínio Refira-se que em 2012, as autorida- ligadas ao tráfico e constituem um
zona de expansão com um co- A primeira criança recuperada, con- e extração de órgãos genitais a uma des de justiça em Manica, colocaram crime organizado em Moçambi-
cktail de condições que facilitam tou que foi graças ao auxilio de um menor no bairro 3 de Fevereiro, sendo a província em “alerta vermelho” após que.
os casos: falta de iluminação pú- polícia comunitária que seguiu as que o corpo foi encontrado na zona consideram “alarmante” a subida de Em Manica as autoridades da jus-
blica, terrenos com capim alto pistas reveladas por um grupo de de Mudzingaze, próximo de uma casos de tráfico de pessoas e de órgãos tiça associam a intensificação de
e desocupados, um matagal na crianças amigas, que conduziram a zona chamada “Damo”. humanos, mas desde então houve implantação de seitas religiosas
pista de motocross e um cemi- uma casa no bairro 25 de Junho, ten- Simione, disse que numa das incur- uma considerável redução. com o aumento de casos de tráfico,
tério tradicional em forma de do sido encontrada a criança fechada sões, o suspeito terá fechado duas “A província de Manica apresenta um sobretudo de crianças.
floresta sagrada. num quarto escuro. crianças no interior da sua casa, e de- quadro negro no que se refere ao tráfi- A Procuradoria indica que 250
Nas últimas duas semanas, três A segunda criança, adiantou outra pois de várias horas de desespero dos co de pessoas. Esta situação constitui seitas, oriundas do Zimbabué e
crianças desapareceram miste- fonte do jornal, foi achada no bairro pais que as procuravam, foram encon- um alerta para todos de forma a assu- África do Sul, países vizinhos de
riosamente da casa dos proge- 5 Fepom, numa casa com outras de- tradas num quarto fechadas, tendo o mir um papel proactivo na luta contra Moçambique, trabalham com
nitores naquele bairro, tendo zenas de crianças, cujo proprietário proprietário alegado que estava a san- este mal”, disse na ocasião Firmino crianças, que são casadas com
duas delas sido recuperadas, por alegava estarem perdidas. cionar as crianças por terem roubado Emílio, porta-voz da Procuradoria pastores ou levadas para o exte-
esforços próprio dos país, em ca- A Polícia foi chamada a intervir, disse goiabas e atirado pedras sobre a sua Provincial de Manica. rior sem controlo, estando ainda
sas diferentes, uma no bairro 25 ainda, mas está limitou-se a renegar o casa. Naquele ano, as estatísticas da Procu- em curso uma investigação a uma
de Junho, um bairro vizinho do caso, supostamente por não ter maté- “A conduta destas pessoas é muito co- radoria indicavam terem sido regista- igreja.
TEMA
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DA SEMANA
Savana 13-03-2015 5

unite for
children

Trabalhe para a UNICEF – Unidos pelas crianças


O escritório nacional da UNICEF em Moçambique procura cidadãos mo- QUALIFICAÇÕES e COMPETÊNCIAS
oDPELFDQRVDOWDPHQWHPRWLYDGRVHTXDOLÀFDGRVSDUDFRQWULEXLUSDUDDSUR- Educação:(QVLQR6HFXQGiULR&RPSOHWR)RUPDomRRXFHUWLÀFDo}HVHP,QIRUPiWLFD
moção dos direitos das crianças em Moçambique. Procuramos candidatos *HVWmRH$GPLQLVWUDomRVmRGHVHMiYHLV&RQKHFLPHQWRVGHLQIRUPiWLFDHKDELOLGD-
TXHVHMDPDOWDPHQWHSURÀFLHQWHVQDVVXDViUHDVWpFQLFDVHTXHHVWHMDPLQWH- GHVQRXVRHÀFD]GHVLVWHPDVLQIRUPiWLFRVGHHVFULWyULRIHUUDPHQWDVHWHFQRORJLDV
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FRPGLIHUHQWHVKRUL]RQWHVHFXOWXUDV6HpXPDSHVVRDFRPSHWHQWHQRWUDED- ([SHULrQFLD SURÀVVLRQDO 6HLV DQRV GH H[SHULrQFLD SURJUHVVLYD UHVSRQViYHO HP
OKRHPHTXLSDVHQVtYHODRJpQHURHFXOWXUDVGHGLFDGDHSHUVXDVLYDHFDSD] 7HFQRORJLD GH ,QIRUPDomR H &RPXQLFDo}HV H H[SHULrQFLD SUiWLFD FRP YiULDV SOD-
de demonstrar liderança e compromisso pelos direitos da criança, então WDIRUPDVGHFRPSXWDGRUHDSOLFDWLYRV([SHULrQFLDQDSUHVWDomRGHVXSRUWH7&,D
candidate-se à qualquer uma das seguintes vagas. escritórios remotos e em emergências.

1. ASSISTENTE DE VIAGENS, Serviço Geral de Nível 5, sediado em PROCESSO DE CANDIDATURA


MAPUTO, ref. MOZ/VN/2015/010
7RGRVRVFDQGLGDWRVGHYHUmRVHUÁXHQWHVHP,QJOrVH3RUWXJXrV27HUPRGH5HIH-
2FDQGLGDWRVHOHFFLRQDGRSUHVWDUiDSRLRDGPLQLVWUDWLYRQRVHFWRUGH$G- UrQFLDFRPSOHWRGRSRVWRHVWiGLVSRQtYHLVQRSRUWDOwww.unicef.org/mozambique,
ministração na gestão de viagens relacionadas com o pessoal a nível do QDVHFomR´:RUNZLWKXVµVREDUHIHUrQFLDHVSHFtÀFDDFLPDPHQFLRQDGD
escritório do UNICEF em Moçambique.
2VHXWUDEDOKRVHUiJUDWLÀFDGRRXUHPXQHUDGRDWUDYpVGHVDOiULRVFRPSHWLWLYRVH
QUALIFICAÇÕES e COMPETÊNCIAS benefícios, em conformidade com a escala salarial da ONU e com base na sua expe-
Educação: (QVLQR6HFXQGiULR&RPSOHWR&RQKHFLPHQWRGDVUHJUDVHSUiWL- ULrQFLD6HVHOHFFLRQDGRYRFrWHUiXPFRQWUDFWRGHGRLVDQRVUHQRYiYHOFRPEDVH
cas das Nações Unidas relaçionadas com QRVHXGHVHPSHQKRHGLVSRQLELOLGDGHGHÀQDQFLDPHQWR
Viagens. Experiência de trabalho no uso de uma das plataformas de reser-
YDVRQOLQH SRUH[HPSOR$PDGHXV*DOLOHR p 2V&DQGLGDWRVGHYHUmRVXEPHWHUXP)RUPXOiULRGHYLGDPHQWHSUHHQFKLGRHDVVL-
GHVHMiYHO nado, descrevendo a sua História Pessoal e/ou um Curriculum Vitae e cópias das
credenciais endereçadas ao seguinte correio electrónico: hrmaputo@unicef.orgDWp
([SHULrQFLDSURÀVVLRQDO&LQFRDQRVGHH[SHULrQFLDSURJUHVVLYDUHVSRQVi- DRÀPGRGLD25 de Março de 2015 RIRUPXOiULRSRGHUiVHUHQFRQWUDGRQRSRU-
YHOQDiUHDUHODoLRQDGDFRP9LDJHQVWDLVFRPRFRPSDQKLDDpUHDVRXDJrQ- tal www.unicef.org/mozambiqueQDVHFomR´:RUNZLWKXVµ $GLFLRQDOPHQWHRV
FLDGHYLDJHQV8VRGHVLVWHPDVLQIRUPiWLFRVHEDVHGHGDGRVVHUiFRQVLGH- PHPEURV GR SHVVRDO GD 218 GHYHUmR VXEPHWHU DV ~OWLPDV GXDV $YDOLDo}HV GH
rada uma vantagem. 'HVHPSHQKR4XHLUDPSRUIDYRUREVHUYDUTXHRVFDQGLGDWRVLQWHUQRVTXDOLÀFDGRV
terão prioridade.
2. ASSISTENTE DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMU-
NICAÇÃO, Serviço Geral de Nível 6, sediado em MAPUTO, ref. MOZ/ Só serão aceites candidaturas recebidas por correio electrónico. Só serão contac-
VN/2015/011 tados candidatos que satisfaçam todos os requisitos; cartas de reclamação serão
HQYLDGDVDSHQDVSDUDRVFDQGLGDWRVSUpVHOHFFLRQDGRV
2FDQGLGDWRVHOHFFLRQDGRSUHVWDUiDSRLRDRGHSDUWDPHQWRGH7HFQRORJLDV
GH&RPXQLFDomRLQIRUPDomR 7&, HDWRGRVXVXiULRVDQtYHOQDFLRQDODVVH- 08/+(5(6TXDOLÀFDGDVVmRSDUWLFXODUPHQWHHQFRUDMDGDVDFDQGLGDWDUVH
JXUDQGRDSURYLVmRGHXPDVROXomRHÀFLHQWHHHÀFD]DWRGRVRVLQFLGHQWHVH A UNICEF é um ambiente livre de fumo.
FRQVXOWDVUHODFLRQDGRVFRPRSHUDo}HVHVHUYLoRVDQtYHOGDV7&,
SOCIEDADE
6 Savana 13-03-2015

PJ insurge-se com as limitações das liberdades


O
Presidente do Parlamen- luta de todos que é a liberdade. próximos tempos, um revês históri- valores da paz, contudo, tudo farão República a arma de defesa pessoal.
to Juvenil (PJ), Salomão “A liberdade é o cérebro de todas co na medida em que valores de 25 para defender a liberdade e segu- “À polícia e a PGR, que a inércia
Muchanga, manifestou sociedades que se pretendem de- de Junho significam e representam a rança, a República consentindo habitual seja transformada urgente-
a sua preocupação com mocráticas, o fim prioritário e meio independência como liberdade. sacrifícios. mente em justiça célere ao serviço
o crescimento dos índices de viola- principal do desenvolvimento”, dis- Para Muchanga, as eliminações Termina a sua explanação referin- de Moçambique e dos moçambica-
ção dos direitos fundamentais no se. sumárias, assassinatos, aniquilação do que a melhor forma de eternizar nos”.
país. O nosso interlocutor avança a sua humana são contraditórias com os Cistac é fazer da Constituição da (Redacção)
explanação referindo que Gilles
Segundo Muchanga, num país em Cistac foi vítima da armadilha do
que o respeito pelas liberdades de caos, num ciclo vicioso de estupi-
expressão, de opinião, de pensa- dez voluntária e consciente, cuja
mento e académico está consagra- peregrinação pode estar em início
do como direito constitucional não de marcha.
se explica que o regime do dia se “Estamos profundamente ultraja-
comporte de forma déspota. dos. Foi assim com Carlos Cardoso,
Revoltado com o assassinato do foi assim com Siba-Siba Macuácua,
professor catedrático, Gilles Cistac, foi assim com Pedro Langa e foi as-
Muchanga referiu que é um facto sim com Orlando José”, desabafou
que o bem radioso da liberdade para depois frisar que: “tem sido
sofreu um duro golpe mas, os tiros assim com tantos outros cidadãos”.
não matam a liberdade e um povo Muchanga pediu determinação e
nunca morre. garantiu que vai lutar firmemente
Continua a sua explanação referin- para que a justiça seja feita.
do que o país vive um momento di- Para o líder daquele órgão juvenil,
fícil e efervescente, pois, atingiram estes actos radicais de centros sec-
uma das partes mais profundas da tários decadentes, podem sofrer nos

“A liberdade é o cérebro de todas sociedades que se pretendem democráticas”,


Salomão Muchanga

Diferenças abismais entre os preços praticados


em Maputo e Nelspruit

U
m estudo apresentado, esta quarta-feira, pelo Programa de
Apoio ao Desenvolvimento Económico e Empresarial de
Moçambique (SPEED) em parceria com a Confederação
das Associações Económicas de Moçambique (CTA), con-
clui que a diferenciação de preços praticados no mercado da cidade
de Maputo e de Nelspruit (África do Sul) é resultado da ineficiência
e inflexibilidade da legislação moçambicana que versa sobre a activi-
dade comercial.
A questão principal levantada pelo estudo tem a ver com os critérios
legais para a definição das margens de lucro que, para o caso moçam-
bicano, não estão devidamente clarificados. Esta realidade faz com
que haja um “conserto” entre comerciantes para a definição menos
criteriosa das margens de lucro, maximizando as margens até onde
lhes convier.
Intitulado “Variações de Preços Transfronteiroços e as suas Causas”,
o estudo  recomenda a rápida aplicação do decreto 56/2011, de 04
de Novembro, que aprova o Regulamento de Fixação de Margens de
Lucro para Produtos Básicos.
Por outro lado, acrescenta o estudo, as saídas para esta realidade de-
vem também incluir acções de capacitação do Ministério da Indús-
tria e Comércio e de outras agências governamentais na recolha e
análise de dados de mercado e revisão das restrições de importação.
De forma concreta, o estudo indica exemplificando, que alguns preços
praticados na cidade de Maputo (partindo do mesmo fornecedor e
produtor), chegam a custar 90 por cento mais caro se comparado com
preços praticados no mercado sul-africano de Nelspruit, a cidade vizi-
nha mais próxima da capital moçambicana. (E. Conzo)
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Savana 13-03-2015 7
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8 Savana 13-03-2015
Savana 13-03-2015 9
SOCIEDADE

Redução do número de ministérios

Nyusi admite que podia ter sido mais ousado


Por Ricardo Mudaukana

R
ecebida como uma das pro- Filipe Nyusi, argumentando ainda Manutenção da paz
postas mais interessantes do a tese que esteve por trás da criação No encontro com os “oitomarcistas”,
discurso de tomada de posse do pelouro da Segurança Alimentar como os membros do grupo se auto-
do chefe de Estado, a redu- anexado ao Ministério da Agricul- -intitulam, Filipe Nyusi frisou que a
ção do tamanho do Governo ficou tura. sua aposta é a manutenção da paz,
aquém das expectativas, como reco- De acordo com Nyusi, a grave carên- considerando que sente que pode
nheceu o próprio Filipe Nyusi, na cia alimentar que parte substancial ter feito mais para a estabilização do
última segunda-feira, durante um da população moçambicana enfrenta, país.
encontro com representantes da cha- justifica uma atenção redobrada por Colocar o desenvolvimento do país
mada “Geração 08 de Março”. parte do Governo, contexto que pe- ao serviço do combate à pobreza, é
sou para a criação do Ministério da outra das prioridades da governação,
“A redução do Governo não foi sig- Agricultura e Segurança Alimentar. assinalou o chefe de Estado moçam-
nificativa, para 22 ou 23 ministérios, “Precisávamos de um ministério bicano.
entramos com essa ideia, se calhar que se ocupasse apenas da produção Com idades entre os 45 e os 65 anos,
poderíamos ter reduzido mais, mas de comida, porque a nossa popula- alguns já reformados ou à beira dis-
não foi possível”, disse Nyusi, expli- ção precisa de alimentação, devido so, os “oitomarcistas” fazem parte do
cando o facto de a sua promessa de à situação de carência alimentar que grupo de então jovens que em 1977,
enfrenta”, afirmou o chefe de Estado foram obrigados a interromper os es-
formar um executivo mais leve não
tudos para ocupar as posições aban-
ter sido concretizado na escala em moçambicano.
donadas pelos técnicos portugueses
que deu a entender quando foi inves- O Presidente da República apontou
na administração pública, principal-
tido no cargo este ano. ainda o novo Ministério da Educação
mente na educação, como forma de
O Presidente da República explicou e Desenvolvimento Humano, como garantir a continuação dos serviços.
depois a decisão de criar novos mi- uma opção que mostra a sua aposta A decisão foi explicada pelo faleci-
nistérios, apontando o caso do Mi- no provisão de direitos essenciais às do Presidente Samora Machel como
nistério da Terra, como uma decisão futuras gerações. uma necessidade patriótica. “Não é o
derivada da necessidade de ter um Em relação ao Ministério do Mar, que tu queres, não é o que eu quero,
pelouro que apenas gerisse a terra. a ideia é permitir a capitalização do é o que nós queremos, o que o povo
“Pensámos num ministério que se potencial da economia marítima de quer”, sintetizou, dessa forma, Ma-
ocupasse da terra para os recursos na- que Moçambique dispõe, nomeada- chel, a urgência da decisão, numa
turais, da terra necessária para a agri- mente ao nível dos recursos piscató- reunião realizada a 07 de Março de
cultura e para outros fins”, assinalou Filipe Nyusi reconhece que o seu governo não é tão leve como desejava rios, acrescentou Filipe Nyusi. 1977.
10 Savana 13-03-2015
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Buchili inteira-se da penúria da PIC


Por Argunaldo Nhampossa

O
director da Policia de da PIC em função da sua subor-
Investigação Criminal dinação ao comando da PRM da
(PIC), a nível da cidade cidade.
de Maputo, Eugénio Ainda na busca de esclarecimen-
Balane, queixou-se nesta terça-
tos, Buchili questionou uma vez
-feira, à Procuradora Geral da
mais ao director da PIC sobre o
República (PGR), Beatriz Bu-
seu efectivo, alegadamente por
chili, da falta de meios para levar
avante a investigação de cerca de ser o braço direito do ministério
5.400 processos criminais, cujos público, há que saber se o numero
autores são não conhecidos. dos agentes da PIC constitui en-
trave às investigações.
Na ocasião, Balane negou de for- Balane ficou atrapalhado, hesitou
necer informações sobre o real e por fim justificou que por se
efectivo da sua corporação pe- tratar de informação de carácter
rante os órgãos de comunicação, sigilosa não poderia pronuncia-
alegando ser assunto de carácter -la publicamente, mas sim num
sigiloso.
fórum privado.
Numa altura em que o crime de

Ilec Vilanculos
No entender do director da PIC
raptos, conjugado com cárcere
privado, homicídios e roubo qua- Cidade, avançar com o número
lificado, em alguns casos com re- de efectivos da sua corporação
Eugénio Balane queixa-se de falta de meios para investigar perante os órgãos de comunica-
curso a armas de fogo são os que
se fazem mais sentir na cidade de se debatido com sérios problemas igual período em 2013, o que re- entanto, há 5.439 processos com ção de social equivale a entregar o
Maputo, o director da PIC deu de meios para dar segmento as presenta uma subida de 483 ca- autores não conhecidos, facto que ouro ao bandido, porque as redes
claros sinais que a sua corporação investigações criminais que lhe sos, ou seja 5,47 por cento. levou a PGR Buchili a questio- criminosas podem procurar usar
continua longe de vencer esta ba- são colocadas diariamente. Deste total 3.859 processos fo- nar as causas de existência de um essa informação a seu favor.
talha. De acordo com Balane, durante o ram investigados e em conexão elevado número de processos do
Contudo, fora dos contradimen-
É que segundo Eugénio Balane, ano de 2014 a PIC registou 9.298 com os mesmos 4.257 pessoas género.
tos apresentados, Eugénio Balane
a PIC na cidade de Maputo tem casos criminais contra 8.815 de foram constituídos arguidos. No Depois de tantas hesitações, Ba-
lane desabafou colocando a falta garantiu a PGR que bons dias
de meios como um dos principais virão em função da aprovação do
constrangimentos que a sua cor- novo estatuto orgânico da polícia,
poração enfrenta para iniciar as onde a PIC passa gozar de maior
investigações. autonomia e independência. Ali-
“Por vezes somos reportados situ-
Numa altura em que a Frelimo tenta engolir o Estado ás, precisou que a reabilitação
ações de emergência, que acabam do edifício sede da PIC cidade é

Bispos católicos voltam à carga


ficando por terra devido a ausên- um grande avanço, facto que faz
cia de meios quer de locomoção
com que até ao momento esta
como outros tantos para fazer

R
entidade esteja a funcionar pro-
diligências, sem deixar de lado, os
eunidos em mais uma Constituição. a extorsão de terras aos campo- de ordem financeira”, disse. visoriamente no edifício sede do
sessão do Conselho “Não faltam exemplos concre- neses nacionais para a implan- O director da PIC lamentou-se Tribunal Judicial da Cidade de
Permanente, os bis- tos do que acabamos de dizer e tação de mega-projectos que ainda da falta de um departamen- Maputo.
pos católicos de Mo- estão bem patentes aos olhos de só favorecem as multinacionais to de recursos humanos especifico
çambique voltaram à carga e quem quer ver a verdadeira rea- estrangeiras e uma minoria
condenaram um conjunto de lidade do povo moçambicano”, insignificante de cidadãos mo-

AMPCM preocupada com declínio


acções tendentes a mutilar a frisam. çambicanos.
unidade nacional. No entender dos católicos, a O documento reporta que a
unidade nacional, não se pode ambição desmedida de funcio-
Para os bispos católicos, a uni-
dade nacional é um bem ines-
reduzir a uma expressão retóri-
ca ou ser utilizada para excluir
nários públicos que fazem da
corrupção, da pilhagem e do
do sector do cooperativismo

O
timável para todos e constitui milhões de cidadãos moçambi- branqueamento de capitais o presidente da Asso- tem o sector de cooperativismo
uma riqueza que não se pode canos, condenados a viver como seu modus vivendi, para o pró- ciação Moçambicana no país.
renunciar. Contudo, certas apátridas no seu próprio país. prio enriquecimento. de Promoção de Coo- Momede Rofino referiu que a
pessoas encostadas a uma elite “Para consolidar a verdadei- A igreja católica lamenta o es- perativismo Moderno AMPCM tem no seu plano de
procuram usurpar este bem e ra unidade nacional é urgente pírito de arrogância e intole- (AMPCM), Momede Rofino, trabalho o apoio de vários parcei-
tornar monopólio exclusivo de que todos nos empenhemos na rância para impor as próprias mostrou-se preocupado com ros internacional que têm apoia-
alguns grupos fechados em si construção dum país próspero ideias e opiniões.
a queda de cooperativismo em do em actividades específicas.
mesmos e obcecados pela ga- e saudável através da inclusão Recordar que por causa da in-
Moçambique. Momede Rofino referiu que nos
nância do poder político e eco- e políticas de acesso à educação tolerância política, de opinião
últimos anos tem se notado um
nómico. séria e de qualidade”, lê-se. e de expressão foi assassinado,
5RÀQR PDQLIHVWRX HVWD LQTXLH- declínio no sector do cooperati-
Segundo os representantes da Continuam a sua explanação no passado dia 03 de Março o
WDomRQDPDQKmGHVWDTXDUWD- vismo.
igreja católica, por causa da referindo que enquanto a maio- constitucionalista Gilles Cistac.
IHLUD HP 0DSXWR QR GHFRUUHU Para o mais alto responsável da
partidarização de grande parte ria da população moçambicana O documento em referência,
GR HQFRQWUR HQWUH D $03&0 H AMPCM, o maior desafio é en-
das instituições do Estado mo- continua na pobreza extrema, assinado por Dom Lúcio An-
os parceiros de cooperação. contrar pontos de convergências
çambicano, o número dos ex- alguns enriquecem desonesta- drice Muadula, bispo da dio-
O encontro que para além da quer com a sociedade civil, quer
cluídos na tomada de decisões mente e vivem no fausto. cese de Xai-Xai e presidente
AMPCM juntou organizações com o governo de forma a mos-
importantes sobre o nosso país Trata-se de pessoas ligados do Conselho Episcopal de
como WE EFFECT, DGRV trar que o cooperativismo é uma
e seus cidadãos, cresce vertigi- a elite política moçambicana Moçambique, sublinha que há
Die, OCB, Norges NOBA Clu- forma sustentável de desenvolvi-
nosamente e o governo do dia muito próxima do partido Fre- necessidade de consolidação do
revela-se cada vez menos capaz limo. espírito de diálogo e da partici- sa, teve como objectivo principal mento e pode ser uma alternati-
de executar alguns dos objec- A carta fala ainda da ausência pação de todos os moçambica- estudar a situação actual do co- va para encontrar saídas para as
tivos fundamentais daquela de transparência na exploração nos na vida do país através da operativismo em Moçambique e dificuldades que os investidores
agenda que o Estado Moçam- dos recursos naturais e o total escuta sincera e respeitosa das encontrar aspectos positivos de- moçambicanos têm para o forta-
bicano tem bem plasmados na desrespeito do meio ambiente, propostas e opiniões de todos. senvolvidos até ao momento, as- lecimento do cooperativismo.
sim como fazer levantamento dos
problemas que ainda comprome- Por Elisângela Comé
Savana 13-03-2015 11
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República de Moçambique
Ministério dos Negócios Estrangeiros e União Europeia
Cooperação

COMUNICADO
Gabinete do Ordenador Nacional

O Programa de Apoio aos Actores Não Estatais – publicação deste anúncio até 31 de Agosto de 2015.
PAANE gostaria através do pressente comunicado Deste modo, informamos que as propostas a serem
agradecer a todas as Organizações da Sociedade Ci- recebidas neste período não poderão ser analisadas
vil que se dignaram apresentar propostas no âmbito de momento. Agradecíamos, portanto, que voltas-
do Mecanismo de Resposta a Procura (MRP). sem a submeter as propostas apenas após a reaber-
Importa salientar, que desde o lançamento do me- tura do mesmo, a partir de Setembro de 2015.
canismo foram recebidas mais de uma centena de Para mais informações queira por favor contactar-
propostas de projectos. Neste contexto, o mecanis- -nos através do info@paane.co.mz ou 21 48 57 46.
PRSHUPLWLXÀQDQFLDUSURMHFWRVTXHFRUUHVSRQGHP Encorajamos a consulta regular do website do Pro-
aos fundos disponíveis na programação anual de grama (www.paane.co.mz DÀPGHDFHGHUDLQIRU-
Setembro 2014 - Setembro 2015. mação sempre actualizada.
Assim, o Programa de Apoio aos Actores Não Es-
tatais – PAANE vem por este meio comunicar a to-
GRVRVLQWHUHVVDGRVTXHRÀQDQFLDPHQWRDWUDYpVGR
“Mecanismo de Resposta a Procura (MRP)” estará
temporariamente interrompido a partir da data de
PROGRAMA DE APOIO AOS AC- Este Programa é financiado pela União Europeia
TORES NÃO ESTATAIS
Telefone: (258.21) 48 57 46
Gabinete do Ordenador Nacional E-mail: info@paane.co.mz
Av. Julius Nyerere Nº 1A Website: www.paane.mz.co
MAPUTO – MOÇAMBIQUE
12 Savana 13-03-2015
SOCIEDADE

Graves suspeições contra antigo PR na venda parcial da ENI

PGR tem o dever de investigar Guebuza


Por Ericino de Salema

P
ublicou o ‘Canal de Moçam- Dizem-nos Ana Prata, Catarina Veiga actuação, em coordenação com as au-
bique’, na sua edição número e José Manuel Vilalonga (Dicionário toridades competentes dos respectivos
293 [semanário], de 25 de Jurídico; 2009; Direito Penal e Direito Estados, no caso de crimes de corrup-
Fevereiro de 2015, páginas 2 e Processual Penal; Volume II; Coimbra: ção e conexos”.
3, um artigo intitulado ‘Antigo PR nas Almedina) que, em sede do processo Extrai-se, do atrás registado, que ao
malhas da corrupção internacional – penal, o princípio da legalidade resu- GCCC, dirigido por Ana Maria Gêmo,
Como Guebuza vendeu o gás à ENI’, me-se no facto de “a promoção e pros- a peça publicada pelo ‘Canal de Mo-
no qual são feitas, contra o cidadão secução (...) consubstanciar um dever çambique’ é bastante para que se inicie
Armando Guebuza, que foi Presiden- que impende sobre o Ministério Públi- um exercício tão útil ao país, que po-
te da República (PR) de 2 de Fevereiro co: a sua actividade deve desenvolver-se derá recuperar os fundos que ficou por
de 2005 a 15 de Janeiro de 2015, graves sob o signo da estrita vinculação à lei encaixar das ‘Mais-Valias’, como ao ci-
acusações de prática do crime de cor- e não segundo considerações de opor- dadão Armando Guebuza, antigo PR,
rupção e/ou conexos. tunidade de qualquer ordem (política, que terá, nesse exercício, uma soberba
Guebuza troca impressões com Claudio Descalzi, administrador delegado da ENI financeira ou social)” (pág. 389). oportunidade de ‘materializar’ a ‘formal’
O artigo atrás referido, que era o prin- De resto, “o princípio da legalidade visa presunção de inocência que possui, tal
cipal destaque da edição em que o pôr a justiça penal a coberto de sus- como qualquer outro cidadão, a coberto
mesmo foi inserto – capa sob o título do, chega a um acordo [formalizado a trava em ‘Presidência Aberta’; peitas e de tentações de parcialidade da CRM (número 2 do artigo 59). Mas,
‘Guebuza na teia da corrupção interna- 13 de Março de 2013] com a chinesa Em escutas telefónicas a Paolo Scaroni, ou de arbítrio, preservando, assim, um sem que a Procuradora-Geral da Repú-
cional: Vende-pátria –, teve como fonte CNPC (China National Petroleum antigo administrador da ENI, realizadas dos fundamentos essenciais do Estado blica, Beatriz Muchili, que foi nomeada
primordial um trabalho do jornal italia- Corporation), através do qual esta últi- na Itália, no quadro de uma “investiga- de Direito [Democrático], evitando o para o cargo por Armando Guebuza,
no ‘Il Fatto Quotidiano’, que, segundo ma viria a adquirir, por compra, 28.57% ção sobre corrupção internacional leva- perigo de aparecimento de influências em substituição de Augusto Paulino,
a narração do ‘Canal de Moçambique’, da sua participação, com o que a ENI da a cabo pela Procuradoria de Milão”, externas” (idem). o autorize, nada poderá ser processual-
“teve acesso ao processo de investigação cedia 30% da sua participação total; terá sido achado o nome de Armando Além, naturalmente, da CRM e do mente esclarecido.
do caso ENI (Ente Nazionale Idrocar- Como o assunto estivesse a ser “directa- Guebuza, designadamente como tendo Código de Processo Penal (CPP), dois Nos termos da Convenção das Nações
buri)/SAIPEM (Società Anonima Ita- mente tratado com Armando Guebuza oferecido àquele [Paolo Scaroni] um instrumentos legais afiguram-se-nos Unidas contra a Corrupção, que, do-
liana Perforazioni e Montaggi)”. e não com o Estado moçambicano”, terreno paradisíaco no Bilene, “com a capitais para que o MP cumpra com as mesticamente, é lei infraconstitucional,
São feitas nessa peça jornalística, con- de que ele era empregado, aventa-se a possibilidade de um DUAT (Direito de suas obrigações legais quanto ao caso mas vinculando internacionalmente o
forme referido acima e nos termos em hipótese de o então PR ter proposto à Uso e Aproveitamento da Terra) válido aqui vertido: a Lei número 14/2012, de Estado moçambicano, a PGR, enquan-
que será sinteticamente recuperado nas ENI uma espécie de isenção de impos- por 40 anos. Guebuza convida Scaroni 8 de Fevereiro, que introduz alterações to Autoridade Nacional [de Combate à
linhas que se seguem, acusações graves, tos, “num acordo em que os gestores da a construir uma vivenda nesse terreno”; à Lei número 22/2007, de 1 de Agosto Corrupção] na República de Moçam-
aliás, muito graves, a Guebuza, que, ENI teriam que ‘dar refresco’ a Arman- Os ficheiros que estão na Procuradoria (Lei Orgânica do Ministério Público e bique (artigo 2 da Resolução número
pela sua qualidade de antigo PR, de- do Guebuza; de Milão se reportam a telefonemas em Estatuto dos Magistrados do Ministé- 31/2006, de 26 de Dezembro), pode
vem preocupar não só a ele e aos seus Depois que a ‘Africa Energy Intelligen- que é citado o nome do antigo PR de rio Público); e a Convenção das Nações solicitar, à Procuradoria de Milão, na
familiares e sequazes, como a todos os ce’ publicou, na sua edição de Março de Moçambique com a data de 3 de Março Unidas contra a Corrupção, ratificada Itália, cooperação em matéria penal (ar-
moçambicanos que, durante uma déca- 2013, uma peça denunciado que a ENI de 2013, com relevantes chamadas as 9 por Moçambique através da Resolução tigo 43), tendo, todos os Estados-Parte
da, o tiveram como o mais alto magis- estava a tudo empreender para evitar a horas e 42 minutos, as 9 horas e 56 mi- número 31/2006, de 26 de Dezembro, abrangidos (Moçambique e Itália, nes-
trado da nação, termos em que, para o tributação do Imposto das Mais-Valias nutos e as 10 horas e 19 minutos, sendo da Assembleia da República (AR), no te caso) a possibilidade de “considerar
bem do próprio antigo PR e de todos com a venda de parte das suas atrás que, em todas elas, Scaroni é citado a quadro do que aquele instrumento é, no a concessão de assistência mútua na
os contribuintes, o Ministério Público referidas participações de gás natural expressar a sua felicidade pelo valioso nosso país, lei infraconstitucional (nú- investigação e em procedimentos rela-
deve investigar o que se reportou. à CNPC, eis que a Autoridade Tribu- pedaço de que que lhe fora “oferecido meros 1 e 2 do artigo 18 da CRM). tivos a assuntos civis e administrativos
É, de resto, atento ao potencial de os taria de Moçambique (AT), presidida por Guebuza”; Nos termos do artigo 40-H da Lei relacionados com a corrupção”.
órgãos de comunicação social denun- por Rosário Fernandes, chama para si Orgânica do Ministério Público e No quadro do que dispõe o artigo 47
“O que deixa a imprensa italiana admi-
ciarem atropelos à lei criminal (geral a prestação de uma atenção cirúrgica ao Estatuto dos Magistrados do Minis- do mesmo instrumento legal, Moçam-
rada é que a oferta do ‘pedaço do paraí-
ou especial), que o legislador ordinário caso, como forma de, com isso, se evitar tério Público, nos termos em que foi bique, através da PGR, pode, querendo,
so na terra’ ao patrão da ENI não tenha
fez questão de inserir, na Lei número que o Estado moçambicano, que vive aditado pelo artigo 2 da Lei número considerar a transferência, para cá ou
sido feita por uma agência imobiliária,
18/91, de 10 de Agosto (Lei de Im- apelando à caridade pública internacio- 14/2012, de 8 de Fevereiro, compete para lá, “dos processos relativos a uma
mas por Armando Guebuza em pessoa,
prensa), a figura de depósito legal, na nal, fosse prejudicado no potencial de aos magistrados do MP em funções no infracção estabelecida em conformi-
sendo ele nessa altura Presidente da
esteira do que o director de cada órgão enorme encaixe financeiro. Nisso, a AT Gabinete Central de Combate à Cor- dade com a presente Convenção [das
República de Moçambique”; rupção (GCCC), para além do previsto
de informação escrita tem o dever de se apercebe que “afinal a ENI iria bur- Nações Unidas contra a Corrupção],
O referido terreno acha-se localizado na legislação em vigor e no âmbito da
“enviar gratuitamente no dia da publi- lar o Estado em mais de um bilião de nos casos em que essa transferência
numa zona protegida por lei na Re- investigação e instrução preparatória
cação um mínimo de dois exemplares dólares norte-americanos (USD), com seja considerada necessária no interesse
pública de Moçambique (acessível por de crimes de corrupção, peculato, par-
de cada número...[à] Procuradoria- o silêncio cúmplice de Armando Gue- da boa administração da justiça e, em
mar e a partir da lagoa), nomeadamente ticipação económica ilícita, tráfico de
-Geral da República” [alínea c) do ar- buza”, que era PR; especial, quando estejam envolvidas
por ser uma área de “ocorrência de tar- influências, enriquecimento ilícito e
tigo 16]. “Guebuza decide ficar longe do barru- várias jurisdições, a fim de centralizar a
tarugas marinhas”. conexos, “recolher informações relati-
Chamamos atenção para o facto de não lho e dá ordens à AT para actuar sobre instauração dos processos”.
a ENI, mas encarregou-se ele próprio vamente a notícias de factos (sublinha- Guebuza: formalmente inocente, mas...
pretendermos sugerir, com este texto,
de negociar. Por norma, quem devia ne-
Deveres do Ministério Pú- do nosso) susceptíveis de fundamentar Na sua edição de 25 de Fevereiro de
que Armando Guebuza possui mesmo
gociar é o Estado, mais concretamente blico suspeitas de prática de crimes...” [alínea 2015, na qual as graves suspeições con-
responsabilidades, ou o contrário, no O MP, sendo titular da acção penal e
a AT (que só tinha de aplicar a fórmula a) do número 1]. tra Armando Guebuza foram ecoadas,
que o ‘Canal de Moçambique’ e o ‘Il cabendo-lhe zelar pela observância
Fatto Quotidiano’ ecoaram a seu res- de 32% sobre o valor total da operação), Aos magistrados e agentes do MP o ‘Canal de Moçambique’ ouviu Da-
mas Guebuza tratou o assunto como da legalidade, bem como fiscalizar o compete ainda “realizar e dirigir a ins-
peito. Até porque, conforme decorre mião José, porta-voz da Frelimo, que
se fosse privado e marcou o preço dos cumprimento das leis e demais normas trução preparatória, podendo requisitar,
da Constituição da República de Mo- precisou: “Não pode ser verdade. Não
impostos directamente com os gestores legais, tem o dever de investigar uma nos termos legais, documentos, infor-
çambique (CRM), todos os cidadãos há nenhuma verdade sobre isso, porque,
da ENI”; denúncia tão grave e séria como a re- mações, extractos de contas e telefóni- se assim fosse, deveriam apresentar evi-
gozam da presunção de inocência até
O valor total da operação era de 4.2 bi- portada pelos três órgãos de informação cos, registos e outros dados da pessoa dências e dados concretos do que isso,
que exista uma decisão judicial definiti-
liões USD, no qual o Estado, que era atrás citados, termos em que remeter- suspeita de haver cometido os crimes que parece ser mais especulação”, tendo
va ou com trânsito em julgado (número
2 do artigo 59). Mas à PGR, enquan- suposto encaixar 1.3 bilião de dólares -se à inoperatividade, como se de nada de corrupção, peculato, participação ajuntado que o que se visa é “difamar,
to Ministério Público (MP), compete (28%), só encaixou 400 milhões USD, tivesse tomado conhecimento, é, no económica ilícita, tráfico de influências, pôr em causa o bom nome, a honra, a
“exercer a acção penal” e “zelar pela com o “beneplácito” de Guebuza, que mínimo, uma traição aos desígnos do enriquecimento ilícito e conexos” [alí- integridade e a imagem do presidente
observância da legalidade e fiscalizar o “pediu outra parte em espécie, ou seja, Estado de Direito Democrático. nea e) do número 1 do mesmo artigo da Frelimo”. Entretanto, em nenhum
cumprimento das leis e demais normas a construção de uma estação de energia Em boa verdade, o dever de actuar (40-H)]. Uma empreitada de utilidade momento o jornal, muito menos Da-
legais” [alíneas a) e b), respectivamente, de 75 megawatts”, apesar de o Código como guardião da legalidade, por parte pública por Bilene e relevante operado- mião José, explica se essas declarações
do número 1 do artigo 4 da Lei número do Imposto de Rendimento de Pessoas do MP, possui dignidade constitucio- ra de telefonia móvel seria mais do que foram feitas em nome do cidadão Ar-
22/2007, de 1 de Agosto (Lei Orgânica Colectivas (CIRPC) desconhecer, em nal, uma vez dispor a norma contida exigível e/ou expectável, para efeitos de mando Guebuza, sendo a responsabili-
do Ministério Público e Estatuto dos absoluto, o pagamento de tributação no número 2 do artigo 234 da CRM descoberta da verdade. Analisar o dos- dade criminal pessoal e intransmissível.
Magistrados do Ministério Público)]. em espécie; que “No exercício das suas funções, os sier que deve estar nas gavetas da AT é, Conforme referimos extensivamente
Nesse processo todo, em que o Estado, magistrados e agentes do Ministério nisso, mais do que relevante. nas linhas anteriores, Armando Gue-
Das questões de fundo como colectividade, perdeu mais de 900 Público estão sujeitos aos critérios de Aliás, antes mesmo das competências buza, enquanto cidadão, e nos termos
Tendo como ponto de partida o que a milões USD, Guebuza terá reunido, em legalidade, objectividade, isenção e ex- dos procuradores e agentes do MP, da CRM, deve ser presumido inocente.
retro citada publicação transalpina re- privado, com os gestores da ENI, pelo clusiva sujeição às directivas e ordens investigadores inclusos, temos as do Mas, em face das suspeições levantadas
portara, mais o que escrevera a especia- menos duas vezes, tendo sido, a última previstas na lei”. GCCC como tal, que se encontram sobre si, por actos que, alegadamente,
lizada ‘Africa Energy Intelligence’, com reunião, se realizado a 3 de Dezembro Antes mesmo de avançarmos com elencadas no artigo 40-E da Lei Orgâ- terá empreendido enquanto PR, o me-
sede em Paris, capital francesa, o ‘Canal de 2014, em Westin Excelsior, na Via o que o MP deve, em concreto, fazer, nica do Ministério Público e Estatuto lhor que pode suceder é a abertura de
de Moçambique’ insere, na sua edição Veneto, para onde se deslocara em su- vertendo, o sobredito artigo do ‘Canal dos Magistrados do Ministério Público. uma investigação profunda, para que,
de 25 de Fevereiro de 2015, uma série posta missão de “fortificação das rela- de Moçambique’ – que, por impetrati- Quanto ao caso aqui em análise, é por sendo factualnmente inocente, ele seja
de situações nas quais Guebuza aparen- ções de cooperação e amizade” com a vos legais, a PGR o recebe a título não demais relevante o disposto na alínea isento dessas desconfianças. Sucedendo
ta estar em conflito com a lei e com as Itália, e num momento em que Filipe oneroso (gratuito) – sobre tipos legais d) deste artigo [40-E]: “[No âmbito o contrário, o Estado deverá respon-
boas práticas. Reproduzimos, a seguir, o Nyusi já fora, pela Comissão Nacional de crime por excelência públicos (os do seu objecto, compete ao Gabine- sabilizá-lo, nomeadamente através do
essencial dessas situações: de Eleições (CNE), declarado vence- de corrupção e conexos), julgamos ser te Central de Combate à Corrupção] Tribunal Supremo, que é onde, caso
Entre finais de 2012 e princípios de dor das eleições [presidenciais] de 15 útil dissecar minimamente o significa- propor as providências necessárias ao se abra uma investigação que depois se
2013, a ENI, com avultados interesses de Outubro de 2014. A primeira foi a do prático do princípio da legalidade, Procurador-Geral da República sobre traduza em pronúncia, um antigo PR
na ‘Área 4’, em offshore, na Bacia do 14 de Agosto de 2013, no distrito de nomeadamente em sede do processo o prosseguimento das investigações deve ser julgado (número 1 do artigo
Rovuma, na província de Cabo Delga- Changara, em Tete, onde ele se encon- penal. no estrangeiro e acordar as formas de 153).
Savana 13-03-2015 13
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NO CENTRO DO FURACÃO
14 Savana 13-03-2015 Savana 13-03-2015 15

Felisberto Naife em entrevista ao SAVANA

O nosso processo eleitoral é complexo e oneroso


Por Raul Senda (texto) e Naita Ussene (foto)

O
director-geral do Secretaria- para as eleições gerais e das assembleias eleitorais. O que aconteceu? do das primeiras eleições, em que a ral preceitua que o apuramento comece Penso que a incerteza surge do con- A produção do material eleitoral
do Técnico de Administração provinciais, o recenseamento devia ser Foram situações identificadas e em desconfiança era enorme, a participa- na mesa, passe pelo distrito, província, texto em que se realizam as eleições. é muito sensível que até mexe com
Eleitoral (STAE), Felisberto em todo território nacional. Acontece pequena escala e que tiveram nossa ção dos partidos políticos não foi tão nível central e por fim a validação. Isso Por exemplo, entrámos neste processo questões da soberania. No entanto,
Naife, disse em entrevista que algumas partes do país estavam em intervenção imediata. O mesmo não expressivo como no presente pleito. leva muito tempo, o que não acontece eleitoral sob aspecto de tensão político no nosso país essa actividade é ad-
ao SAVANA, que o processo eleitoral conflito e nós tínhamos que registar as acontecia no passado. Desta vez, houve uma integração mui- noutros países. militar. Isso não deixa as pessoas sosse- judicada a empresas nacionais que
moçambicano é dispendioso e comple- pessoas que lá estavam. Já vamos nas quintas eleições gerais, to mais expressiva, até a mesa de as- Porquê é que Moçambique não adop- gadas mas acho que isso não será per- por falta de capacidade juntam as
xo. Segundo Naife, enquanto a média Como todos viram, houve necessida- segundas das assembleias provinciais sembleia de voto, tudo no sentido de ta mecanismos similares a dos países manente. É uma situação passageira. estrangeiras. Por que é que os órgãos
mundial ou regional é de três dólares de de se fazer alguns arranjos ao nível e quartas autárquicas. Porém os er- garantir maior transparência possível. da região A desconfiança existe porque algumas eleitorais não tratam o assunto direc-
americanos por eleitor, em Moçambi- político para que as nossas brigadas ros são os mesmos. São eleitores que O processo realizou-se, houve votação Isso não depende de nós. A nossa mis- partes, no passado estiveram em con- tamente.
que são nove dólares. Naife continua a entrassem nesses lugares. Até tivemos não votam porque os cadernos foram e apuramento, os delegados assinaram são é de executar. Os políticos, através flito armado e, até hoje, ainda não se Vontade não nos falta mas temos que
sua explanação referindo que é por um que prorrogar o censo a fim de permi- trocados ou os nomes não constam, e receberam as actas editais e não re- do órgão legislativo é que aprovam es- desanuviaram. Cada momento é uma cumprir aquilo que é a legislação vi-
STAE profissional e que a integração dos tir que as comunidades que se encon- as assembleias de voto não abriram cebemos reclamações. As reclamações sas leis. Se as coisas estão nestes moldes história e tem seus protagonistas. No gente em Moçambique. A lei obriga
partidos políticos embaraçou em algum travam em zonas de conflito, incluindo entre outros. Porquê? Não será isso começam quando o apuramento chega é porque os partidos políticos se sen- futuro, teremos gerações que não tem que haja concurso público e não pode-
momento. o presidente da Renamo pudessem se intencional? ao nível distrital e na província. tem confortável com o sistema. nada a ver com as armas e a confiança mos fugir disso. A lei nos impede de
Nas linhas abaixo, segue a entrevista recensear. É preciso entender uma coisa. Para as Daquilo que me compete como diri- ... Para dizer que os órgãos eleitorais será enorme. comprar material sem concurso.
onde o director-geral do STAE, abre o São alguns dos impactos originados eleições gerais e das assembleias pro- gente do STAE, acho que o trabalho estão preparados para divulgar resul- Há bastante tempo que se fala do voto
livro sobre processo eleitoral recém ter- pela tensão. Porém, tivemos outros vinciais de 2014 tínhamos que colocar foi feito e houve muito esforço dos tados definitivos em dois ou três dias electrónico, mas nunca se implemen-
minado, comenta a reação dos partidos
STAE politicamente
constrangimentos. Por força do nosso 17.194 mesas de voto em todo o país. membros da Assembleia de voto, in- depois da votação. ta. Para quanto o votação electrónica?
independente?
políticos da oposição e disse que termi- calendário eleitoral, parte das nossas Conseguimos abrir 17.190 mesas. Ti- cluindo os membros dos partidos po- Exactamente. Se for a ver, nos últimos Podemos remeter isso para a aprecia-
Senhor director, o STAE é politica-
nou o processo com um sentimento de actividades são realizadas no tempo vemos a infelicidade de não abrir qua- líticos, no sentido de garantir maior processos eleitorais, os resultados pro- ção junto aos órgãos competentes e a mente independente ?
missão cumprida. chuvoso. É o caso do censo. Por essas tro mesas numa zona do interior do transparência. visórios são divulgados dois ou três dias outros actores do processo eleitoral. O STAE é independente sim porque
alturas, a transitabilidade em alguns distrito de Lago, província de Niassa. Então qual é a razão de tanto baru- depois da votação. Muitas vezes esses É preciso compreender que toda alte- cumpre plenamente com lei. No seio
Sob direcção do senhor Felisberto pontos do país é bastante precária. Esse Agora, se nos avaliarem a partir das lho... resultados não fogem dos resultados ração deve ser bem estudada, bem co- dos nossos funcionários, há convicções
Naife, o STAE terminou, em coor- factor também criou grandes dificulda- quatro mesas que não abrimos no dis- Essa é que a pergunta de todos nós. final. ordenada e ter anuência dos seus acto- politicas o que é normal e faz parte dos
denação com a Comissão Nacional des as nossas brigadas para chegarem a trito de Lago podem dizer que não Afinal o que está a falhar? mas é pre- Os imperativos legais tornam o nosso res principais. direitos dos cidadãos, mas o importan-
de Eleições (CNE), mais um longo e certas comunidades. fomos perfeitos, mas se nos avaliarem ciso decifrar esse mito. Veja que para processo eleitoral complexo e dispen- Não é algo que pode ser pensado ape- te é o cumprimento da lei.
complexo processo eleitoral que cul- O senhor director diz que leva consi- a partir das 17.190 mesas que abrimos além dos membros das mesas das as- dioso? nas pelo STAE ou CNE, mas por ou- O que conta é o dever do funcioná-
minou com a eleição do novo Presi- go um sentimento de missão cumpri- em todo território nacional e no es- sembleias de voto, tivemos elementos Acho que é preciso encontrar meca- tros actores do processo. rio de trabalhar com imparcialidade.
dente da República, do Parlamento da. Como se o processo eleitoral teve trangeiro a avaliação deverá ser outra. indicados pelos partidos políticos e nismos que tornem o nosso processo O país possui condições logísticas Mesmo com a chegada do pessoal dos
nacional, para além das Assembleias muitas assombrações. Entendemos que são dificuldades que delegado de lista, também indicados eleitoral mais simplificado e menos para a introdução do voto electróni- partidos políticos, fizemos questão de
provinciais. Qual é o seu sentimento? Estou de consciência tranquila porque superam o nosso nível. O nosso país é pelos partidos políticos, jornalistas e oneroso. O nosso processo eleitoral é co? incutir a mentalidade que se deviam li-
O meu sentimento é de missão cum- sinto que como dirigente do STAE, vasto, não tem acessos em condições e observadores que acompanharam todo complexo e oneroso. A logística cria-se. É preciso fazer es- vrar das conivências politicas e cumprir
prida. No meio de alguma turbulên- junto da máquina que compõe a ins- há zonas recônditas e de acesso difícil. processo de votação. Agora, a minha Infelizmente, em prol da transparência tudos que podem apurar com exatidão escrupulosamente com a lei.
cia conseguimos dirigir todo processo tituição, houve um esforço enorme no Mesmo assim, accionámos toda logís- questão é: como é que aparecem essas somos obrigados a produzir uma série quais é que podem ser os reais custos ...É que algumas correntes defendem
eleitoral, desde o recenseamento, reali- sentido de se cumprir com todo plano tica e conseguimos levar os eleitores as anomalias? Temos sentar e estudar o de documentos para distribuir pelos dessa modernização. que as falhas do STAE abundam mais
zação de eleições autárquicas em 2013, de actividades. urnas. problema. delegados de mesa de todos partidos Um dos factos que marcou pela nega- nas regiões onde a oposição domina.
recenseamento geral em todo território Sinto-me tranquilo porque, tudo que Também é preciso lembrar que como A oposição bem como parte dos ob- políticos que participam no processo. tiva o presente processo eleitoral, foi Desafio essas correntes a provar que
nacional, incluindo as zonas ora em tínhamos que fazer como órgão do resultado dos entendimentos políticos servadores nacionais concluíram que Isso é trabalhoso e oneroso. o roubo de boletins de voto, em cir- viu tantos casos na zona X sob domí-
tensão político militar, realizaram-se apoio, conseguimos. entre o Governo e a Renamo, tivemos as eleições não foram livres, nem justa A nossa máquina é pesada, tem custos cunstâncias estranhas quando esta- nio deste partido e tantos na zona Y
eleições e foram proclamados vence- Existem opiniões, existem pontos de um novo pacote eleitoral que nos obri- e nem transparentes. A Frelimo disse elevadíssimos para o erário público. vam à caminho da província da Zam- sob domínio de outro partido porque,
dores. Do nosso lado é um espírito de vista diferentes que é preciso respei- gou a reformular o nosso plano de ac- que foram as mais justas e transparen- Veja que o nosso universo permanente bézia. Como é que ficou o processo? sem isso, é difícil aferir a veracidade dos
alívio porque conseguimos cumprir e tar. Também não estamos a dizer que tividades. tes da história democrática moçambi- de funcionários era de cerca de dois mil Os autores foram identificados, já factos.
materializar todas as acções descritas somos infalíveis. Temos erros sim, mas Esta lei, obrigou a todos níveis do cana. Qual é o posição do STAE? e dum momento para o outro, por cau- foram condenados? Sei que tivemos falhas. Mas isso acon-
como sendo da nossa competência esses erros só aparecem onde há traba- STAE, a inclusão de novos elementos O STAE não se auto-avalia. Portanto, sa dos entendimentos políticos tivemos O assunto está com as autoridades teceu por todo país. Tivemos falhas
como STAE. lho. dos partidos políticos com represen- deixo ao critérios de outros actores. que passar para oito mil funcionários. judiciais. Neste momento, não tenho em Maputo, Gaza, Inhambane, Sofala,
Outra situação que nos deixou ainda É bom lembrar que este foi o primeiro tação parlamentar, assim como para ...E na óptica do director geral do Comparativamente com o mundo e detalhes sobre o estágio da tramitação Zambézia, Nampula e noutros círculos
muito mais satisfeitos, é que iniciamos processo eleitoral totalmente digita- compor as mesas de voto. Foi uma ex- STAE a região em que posição estamos em processual. e na medida do possível procuramos
o presente processo eleitoral no meio lizado. Em 2008 e 2009 tivemos um periência nova quer para os partidos Os de fora é que devem fazer essa repa- termos de gastos? Estou a falar da Quando se fala do processo eleitoral todas formas de rectificar.
de tensão político militar, grande parte sistema misto. Manual e digital. Essa políticos, assim como para o STAE. ração. A nós cabe-nos cumprir a mis- média daquilo que o Estado despende equivale falar duma situação em que Entendo isso como aproveitamento
da etapas do mesmo foi feita no meio experiência não prosseguiu porque foi são estabelecida na lei, procurar erros e por cada eleitor. está em jogo a soberania de um Esta- político e nós como órgão eleitoral não
do conflito, haviam zonas inseguras e criticada por vários intervenientes in- A entrada de membros dos “A entrada de membros dos partidos políticos embaraçou-nos em algum momento”, Felisberto Naife tentar corrigi-los. Não tenho dados recentes mas os nú- do. Como é que o material dum pro- podemos cair nessas malhas. Devemos
a incerteza era enorme. Porém, para o cluindo o Conselho Constitucional. partidos políticos embara- O que posso dizer é envidamos todos meros dispararam tanto. Pior com o cesso híper sensível como é o caso de continuar a fazer o nosso trabalho com
agrado de todos, tudo teve um desfe- Levamos em conta as críticas e as su- çou-nos em algum momento chegaram através do concurso público algum tempo com uma instituição muitos problemas porque recebemos esforços no sentido cumprir a lei. novo pacote eleitoral. Já em 2008/2009 eleitoral fica assim tão vulnerável? serenidade, isenção, imparcialidade e
cho satisfatório. gestões e o processo foi todo ele digital. Aparentemente saímos duma ins- e outros por confiança político parti- profissional e depois partidarizada. quadros competentes e a altura do o nosso processo eleitoral era dos mais Isso não é verdade. O cuidado em ter- profissionalismo.
O senhor director diz que devido a si- Era uma experiência nova, mas conse- tituição profissional para um orga- dária. Porem, uma vez aqui somos to- Para si qual é o modelo ideal? processo. A nível provincial, a situação Eleições dispendiosas e com- caros da região e do mundo. Enquanto mos de segurança foi total. Os órgãos E quanto a contratação de empresas
tuação em que o país vivia, na altura, guimos os nossos intentos. nismo partidarizado. Como é foi a dos iguais e devemos obediência a lei. Profissionalização significa que há um também esteve razoavelmente bem, na plexas que a media mundial e regional era de eleitorais observaram todos requisitos ligados a membros da Frelimo para
houve incertezas em torno do proces- É preciso lembrar que uma das gran- integração e a posterior convivência Felizmente, o nosso apelo foi acatado órgão, há uma instituição com profis- medida em que os partidos consegui- Ao contrário doutros países da re- três dólares por cada eleitor, em Mo- para o transporte do material daquela produzir material eleitoral?
so eleitoral. Pode nos explicar até que des queixas das partes interessadas nos dos membros dos partidos políticos e terminamos o processo eleitoral no sionais e o objecto de trabalho concre- ram encontrar pessoas com mais fa- gião, onde um ou dois dias depois çambique cada eleitor custava nove natureza, incluindo a segurança. Agora, O STAE apenas lança concurso. Nesse
nível a tensão política terá influencia- processos eleitorais era o nosso alegado dentro do STAE? meio da convivência pacífica. to. As pessoas dedicam o seu dia-a-dia cilidade de adaptação. Agora, onde se da votação há resultados, o nosso dólares. as pessoas que foram confiadas a segu- anuncio há requisitos. Uma vez cum-
do nestas eleições. distanciamento do resto dos interve- A integração foi um pouco difícil por- A entrada de representantes dos par- ao trabalho em que estão vocacionados verificou mais o défice em termos das processo eleitoral é moroso. Depois Contudo, temos que perceber que cada rança em algum momento se descuida- pridos os requisitos nada podemos
Como disse antes, o processo teve nientes. que entraram no meio do processo. Ti- tidos políticos no STAE trouxe van- e interpretam devidamente a lei. Na habilidades do pessoal foi ao nível do da votação fica-se meses a espera da país é um caso. A democracia de cada ram. Não sabemos quais é que foram fazer. A avaliação não é feita segundo
um desfecho agradável. Contudo, an- Ouvimos a preocupação e nestas elei- veram que fazer um esforço redobrado tagens ou desvantagens... É partidarização o cenário é totalmente distrito. Os partidos tiveram dificulda- validação dos resultados facto que até país tem sua história. Na vertente mo- as motivações. Deixamos o procedi- os nomes dos donos. Isso nem nos in-
tes disso houve de facto incertezas. O ções, trabalhamos de forma aberta, para se poderem enquadrar e integrar. me difícil falar de vantagens e desvan- diferente. A inclinação e a confiança des de encontrar pessoas a altura de tal certo ponto cria desconfianças entre çambicana é preciso entender que a mento disciplinar e o apuramento das teressa. O que queremos são qualifica-
primeiro grande impacto da tensão é o garantimos a participação permanente Apesar de tudo não foi impossível. Do tagens. O que posso dizer é que a pro- partidária soam mais alto. A interpre- forma que tivemos que fazer arranjos os protagonistas. A que se deve? democracia é resultado dum conflito causas do incidente com as autoridades ções estabelecidas na lei.
estado de espírito dos cidadãos em re- dessas organizações, esclarecemos dú- nosso lado também, houve um enorme fissionalização duma instituição é uma tação da lei é de acordo com a prove- em termos de integração e muitas pes- Concordo plenamente contigo. O que armado e o nível de desconfiança é competentes. Nós fizemos a nossa par- O director do STAE é membro de que
lação ao processo eleitoral. As eleições vidas e desbloqueamos alguns entraves. esforço no sentido de ajudar esses cole- coisa e a partidarização é outra. niência política partidária. Em algum soas nem possuíam os requisitos míni- está acontecer na realidade é que a lei enorme entre as partes. Veja que depois te que consistiu na destruição de todo partido?
têm relevância quando há eleitores, Que vantagens trouxe a digitalização gas a se integrarem. Numa instituição profissionalizada, as momento isso deturpa o sentido da- mos exigidos. determina que seja assim. A lei elei- de se ter optado pela profissionalização aquele lote e pedir novo material. Em qualquer profissão o mais impor-
partidos políticos, sociedade civil, ór- do processo eleitoral? O grande problema é que tendo em pessoas entram sabendo o que vão fa- quilo que é o trabalho técnico. Isso dificultou a integração porque as toral do Botswana, da Namíbia ou da dos órgãos eleitorais, dum momento Para dizer que ao nível do STAE nin- tante é o profissionalismo. Podemos ter
gãos eleitorais e um ambiente próprio Muitas. Permitiu mais rigor no con- conta a natureza desses elementos, ha- zer. A sua actividade é fazer aquilo que Para dizer que a integração dos par- pessoas precisavam de ser preparadas. Zâmbia é muito mais flexível compa- para o outro, foram incluídos membros guém foi penalizado. Da nossa parte simpatias partidárias, mas se formos
para tal. trolo de duplas inscrições, acabámos via muita afinidade com os partidos que é o seu dever. Na indicação partidária tidos no STAE, em algum momento, A oposição exigiu a integração dos rativamente com a nossa. Permite a de partidos políticos. Aquilo aconteceu observou-se todos requisitos. Os agen- profissionais, nada irá pôr em causa o
Também não podemos esquecer que com aquelas situações em que o nome representavam, o convívio era na base as pessoas devem se ambientar, se livrar embaraçou o vosso trabalho. seus membros para melhor fiscalizar. proclamação dos resultados finais em porque tínhamos que fazer algo para tes da polícia é que desobedeceram. Ao nosso trabalho. Porém, como é normal,
a Renamo não participou nas eleições e o número do cartão do eleitoral não da proveniência partidária, o mesmo se dos encostos partidários e daí engrenar. Embaraçou. Veja que em vez de nos Contudo, mesmo com os elementos um ou dois dias. atingir um nível em que houvesse con- nível da polícia houve penalização dos neste tipo de actividades é natural que
autárquica de 2013 e isso teve suas coincidisse com o dos cadernos entre verificava no capítulo referente a pres- Isso leva o seu tempo. Trata-se dum concentrar apenas no trabalho, tivemos dos partidos políticos o barulho con- A nossa lei tem pormenores bastantes fiança entre as partes. agentes. Lembrar que aquilo foi um o perdedor nos relacione com o vence-
consequências que até foram reconhe- outros. tação de contas. Tivemos que fazer um tempo que podia servir para fazer ou- que virar as nossas intenções para a tinuou e a oposição não reconheceu que vão da mesa de votação até a di- Noutros países, as eleições são moti- caso insólito e isolado. Mas nós como dor.
cidos pelo Conselho Constitucional na ...mas tivemos situações em que os trabalho no sentido de sensibiliza-los e tras coisas. formação e enquadramento dos novos os resultados alegando fraude. A final vulgação dos resultados. Muitas dessas vo de festa e da consolidação da de- STAE conseguimos evitar que o facto Mas qual é o partido do senhor direc-
validação das eleições autárquicas. eleitores não votaram porque os seus informar que o que nos diferencia é o Vou fazer a questão de outra forma. colegas. de contas o que aconteceu. etapas não acontecem noutros países. mocracia. Em Moçambique são causa tivesse consequências no processo e tor..
Outro grande constrangimento é que nomes não constavam nos cadernos tempo e via de entrada nesta casa. Uns O senhor director trabalhou durante Até que ao nível central, não tivemos Em bom recordar que em 1994, aquan- Por exemplo, a nossa legislação eleito- de incerteza. Por quê senhor director? conseguimos. Isso é pessoal e o voto é secreto.
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16 Savana 13-03-2015

CONCURSO DE REDACÇÕES PARA ESCOLAS SECUNDÁRIAS DA SADC

ANÚNCIO
A Comissão Nacional da SADC, em Moçambique, anuncia o lança- 5. Da decisão do Júri Provincial não há recurso.
mento do 17º CONCURSO DE REDACÇÕES PARA ESCOLAS
SECUNDÁRIAS DA SADC aberto para todos os estudantes nacio-
nais matriculados nas escolas estatais e privadas nas 8ª, 9ª, 10ª, 11ª e
12ª classes, no ano lectivo de 2015.

REGULAMENTO DO CONCURSO
A 34ª Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da SADC adop-
tou o seguinte Lema, em Agosto de 2014: “Exploração dos Recur-
VRV5HJLRQDLV'LYHUVLÀFDGRVSDUDR'HVHQYROYLPHQWR(FRQyPLFR
H 6RFLDO 6XVWHQWiYHO DWUDYpV GD %HQHÀFLDomR H GR $FUpVFLPR GH
Valor”. Desenvolva as modalidades através das
quais esses recursos resultariam em desenvolvimento económico
sustentável.
1. Na redacção, o concorrente deve: 6. Cada Ponto Provincial de Contacto da CONSADC submeterá
ao Secretariado Técnico da CONSADC, em Maputo, as três mel-
a) Discutir os recursos naturais abundantes em relação ao desen- hores redacções da província, por correio electrónico, em forma-
volvimento económico na região da SADC como um todo, desta- to de WORD, até 15 de Maio de 2015 (consadc@yahoo.com) e as
cando os assuntos de apropriação, valores e benefícios monetários redacções em formato físico, até 20 de Maio de 2015.
anuais daí resultantes ao longo dos últimos cinco anos. 3RQWRV  7. Os trabalhos a concurso recebidos das províncias serão anali-
E 5HVSRQGHUVHDUHJLmRGD6$'&EHQHÀFLRXGDVXDDEXQGkQFLDGH sados por um júri, a nível nacional, constituído por elementos a
recursos naturais desde a democratização total devido à queda do serem indicados pelo Director da CONSADC, sob a proposta do
regime de Apartheid na África do Sul em 1994. 3RQWRV  Ministério da Educação, que seleccionará as três melhores obras
F  'LVFXWLU D EHQHÀFLDomR H R DFUpVFLPR GH YDORU FRP SURSRVWDV para serem submetidas ao Secretariado da SADC, em Botswana.
concretas para a região da SADC sobre a apropriação e o proces- 8. Os vencedores a nível nacional em Moçambique serão anun-
VDPHQWR GRV UHFXUVRV PLQHUDLVQDWXUDLV H FRPR EHQHÀFLDUDP DRV ciados no dia 29 de Maio de 2015 e os prémios serão atribuídos
cidadãos da SADC, se tal tiver acontecido, e o que pode ser mel- numa cerimónia pública, na Cidade de Maputo, por ocasião das
horado com vista a maximizar os benefícios para a cidadania da comemorações do Dia da SADC: 17 de Agosto.
SADC. 3RQWRV  9. Haverá três prémios nacionais que serão atribuídos da seguinte
d) Discutir como a região da SADC deverá implementar o Lema maneira: 1º Prémio = o equivalente a USD500 em meticais; 2º
GD  &LPHLUD SDUD R PHVPR EHQHÀFLDU WRGD D UHJLmR LQFOXLQGR Prémio = o equivalente a USD300 em meticais; e 3º Prémio = o
alguns dos seus Estados Membros que não poderão ter tantos recur- equivalente a USD200 em meticais
sos naturais como os outros. 3RQWRV  10. Da decisão do Júri Nacional não há recurso.
e) Discutir o papel a ser desempenhado na operacionalização do 11. Os três vencedores a nível nacional de cada Estado Membro
Lema da 34ª Cimeira pelos actores não-estatais na região da SADC, competirão depois a nível regional.
nomeadamente, sector privado, organizações não-governamentais, 12. Haverá três prémios regionais que serão atribuídos da
autoridades tradicionais e comunidades locais. 3RQWRV  seguinte maneira: 1º Prémio = USD1.500; 2º Prémio = USD1.000
f) Como estudante do ensino secundário, recomendar o papel da e 3º Prémio = USD750
HGXFDomRQDRSHUDFLRQDOL]DomRGR/HPDGD&LPHLUDSDUDEHQHÀ- 13. Os três vencedores regionais participarão em Agosto de 2015
ciar o sector da educação em toda a região. (15 Pontos) na Cerimónia de Abertura da Cimeira dos Chefes de Estado e/
2. Todos os trabalhos a concurso deverão (i) ter entre 1.500 e 2.000 ou Governo da SADC, na República do Botswana, onde o vence-
palavras e (ii) ser numa das línguas de trabalho da SADC, nome- dor do Primeiro Prémio vai ler passagens da sua redacção.
adamente, inglês, português e francês. Embora os trabalhos a con- 14. Peritos do Secretariado da SADC supervisarão o processo
curso possam ser manuscritos, os concorrentes são encorajados a GHFODVVLÀFDomRGDVUHGDFo}HVVXEPHWLGDVDFRQFXUVRQDIDVHUH-
dactilografar as suas redacções. gional.
3. Os trabalhos a concurso deverão conter todos os detalhes de con- 15. Da decisão do Júri Regional não há recurso.
tacto do concorrente, incluindo endereço físico, números de tele- 16. Os familiares directos dos quadros do Secretariado da SADC,
fone/telemóvel e, onde for aplicável, de fax e endereço de correio das Comissões Nacionais da SADC e dos Coordenadores Nacio-
electrónico (E-mail), nome do estudante concorrente, da escola e da nais dos Media da SADC e dos Pontos Nacionais de Contacto da
província. Todos os dados sobre o concorrente devem constar ap- SADC bem como dos Pontos de Contacto da CONSADC a níveis
enas na última página e esta não deve conter conteúdo da redacção. central, provincial e distrital, não participam no concurso.
4. Os trabalhos a concurso devem ser submetidos às Direcções Pro- 17. Recomenda-se que exemplares do regulamento deste Con-
vinciais de Educação e Cultura, até dia 30 de Abril de 2015. Cada FXUVRVHMDPDÀ[DGRVQDVYLWULQDVGHWRGDVDVHVFRODVGDV
Direcção Provincial de Educação e Cultura fará o apuramento das 10ª, 11ª e 12ª classes.
três melhores redacções a nível provincial e submetê-las ao Ponto 18. Cópia deste Regulamento está também disponível no Portal
Provincial de Contacto da CONSADC, até 11 de Maio de 2015, e da CONSADC:
submeterá a lista dos vencedores à FRQVDGF#\DKRRFRP
www.consadcmocambique.blogspot.com
Os Pontos Provinciais de Contacto da CONSADC são: Maputo, 23 de Outubro de 2014.
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Savana 13-03-2015 17
OPINIÃO
18 Savana 13-03-2015

EDITORIAL Cartoon
Estado de segurança da

A Frelimo é vítima da agência David Mahlobo


E, ao contrário
dos reféns, nos
somos uma oferta

sua própria obstinação limitada.

A
Frelimo, através da sua Comissão Política, manifestou revolta
contra artigos publicados em órgãos de comunicação social cul-
pabilizando o partido pela morte do Professor Gilles Cistac, na
semana passada.

Na verdade, no meio de um crime repugnante como este, que certamen-


te deixou todos aqueles que conviveram com a vítima num ambiente de
depressão e o governo gravemente embaraçado, terá sido implausível e de
certo modo irreflectido fazer-se um julgamento sumário e encontrar-se o
culpado mesmo antes que a polícia tivesse dito algo sobre as suas inves-
tigações.
Mas precisamos de encontrar as razões porque a Frelimo aparece sempre
suspeita, ao ponto de em muitos casos ter que se suspender o princípio

O Brasil vai ao dentista


constitucional da presunção de inocência. Para os que a suspeitam, a Freli-
mo é que tem de provar que está limpa.
Para aqueles que conheceram a Frelimo desde os primórdios da indepen-
dência, há a ideia clara de um partido com uma disciplina de ferro, onde
os líderes do topo foram sempre tratados com deferência, um partido em
nome do qual ninguém ousava falar sem que estivesse mandatado para tal. João Carlos Barradas

A
Contudo, as mudanças dos últimos anos, não totalmente dissociadas das corrupção na “Petrobras” obe- compensadas em 2014 pelo aumento políticos de determinadas percentagens
transformações políticas que ocorrem em todo o mundo, propiciaram um dece ao padrão de viciação fi- de vendas aos Estados Unidos de má- (presumivelmente 3%) dos contratos
ambiente de inversão de valores, numa situação em que a necessidade de siológica da política brasileira. quinas e equipamentos, desvalorizan- negociados com a petrolífera.
consolidação do poder ao nível da cúpula exigia a suspensão de princí- do-se o ciclo da soja e matérias-primas As investigações sobre desvios rondan-
pios sagrados do passado. Antigos dirigentes que ousassem emitir alguma “Ajuste fiscal é mais ou menos que nem dinamizado pelas aquisições da China do os 20 mil milhões de reais (mais de
opinião contrária à do poder dominante colocavam-se na mira, no meio ir no dentista. Ninguém quer, mas tem que em 2009 se tornou no principal 6 mil milhões de euros) saldaram-se
de um processo de clivagens que gradualmente ia também reduzindo os que ir”, contemporiza o chefe da Casa parceiro comercial.    em 13 prisões preventivas, 39 acusa-
canais de comunicação dentro do próprio partido. Civil de Dilma Rousseff numa altura A desvalorização do real (<12,5% face ções, além de investigações a centena
A cultura de crítica e auto-crítica que foi apanágio do partido passou para em que a corrupção política estoira o ao dólar desde Janeiro), agravando os e meia de pessoas e mais de 200 em-
a história. Orçamento de Estado. pagamento de uma dívida externa de presas.
Aloizio Mercadante assegura que 80% 230 mil milhões usd, elevado endivi- Na lista de suspeitos avultam 18 depu-
Membros influentes que passaram a não ter espaço para articular as suas
dos cortes orçamentais podem ser leva- damento das famílias, taxa de juro de tados do “Partido Progressista”, bloco
inquietações dentro do partido encontraram esse espaço muitas vezes na
referência a 12,5%, 7,14 de inflação de interesses oriundo de fiéis da dita-
imprensa independente. dos a cabo pelo executivo, sem aval do
anual (agravada pelas secas), obrigam dura militar transmutado em apoiante
Foi neste quadro que surgiu o apelo da liderança máxima para que ques- Congresso, mas a degradação da ima-
a reduções substanciais de gastos com dos governos do PT e esmagadora-
tões do partido fossem debatidas apenas ao nível das suas estruturas. gem da presidente e a devastação que a
subsídios ao consumo, de desemprego mente implicado pelas denúncias de
Em paralelo, estabeleceu-se um mecanismo informal de choque, com a investigação “Lava-Jato” trouxe à inte- e do investimento público.
gridade do sistema partidário obrigam um dos seus: um dos directores da “Pe-
função principal de insuflar a liderança através da diabolização dos seus trobras”, Paulo Roberto Costa. 
perceptíveis detractores. a outras contas. Corrupção Àsiolygica Jogo viciado
Para sexta-feira o Partido dos Traba- À revelia das promessas de Dilma na
Às vezes, as respostas aos críticos surgiam empacotadas na forma de artigos Dois deputados do “Partido do Movi-
lhadores convocou protestos contra a campanha para a reeleição em 2014,
de opinião em meios de comunicação social obedientes, em alguns casos mento Democrático Brasileiro”, prin-
austeridade e domingo saem às ruas cortes orçamentais na ordem dos 18
devassando supostos actos lesivos por si cometidos enquanto dirigentes. cipal aliado de Dilma, e outros tantos
manifestações exigindo a impugnação mil milhões de reais (5,4 mil milhões
Quando o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, protestou contra os resul- do PT figuram entre os suspeitos, en-
de Dilma, sinal que as cáries do siste- de euros) terão de ser impostos a uma
tados das eleições de Outubro passado e lançou o seu projecto de criação ma degeneraram em maleita bem mais quanto no Senado estão sob investiga-
coligação governamental a braços com
de regiões autónomas, os seus opositores não procuraram contrariá-lo com grave.    ção quatros representantes do PMDB,
um escândalo de Estadão.
argumentos fortes que desconstruíssem tal projecto como uma grande fa- três dos PT e três do PP, um do “Par-
A corrupção na “Petrobras” obedece ao
lácia. Concentraram as suas baterias na descaracterização de quem ousasse padrão de viciação fisiológica da políti- tido Trabalhista Brasileiro” e outro do
defender que ao nível da actual Constituição da República havia espaço Feijão com feijão “Partido Social Democrata Brasileiro”
ca brasileira.
Chegar a 1,2% de excedente primário num processo que levará anos e se sal-
para que tal objectivo fosse materializado. A governação de Lula trouxe para a
orçamental (exclui pagamento de juros dará por número incerto de acusações e
O Professor Gilles Cistac foi quem mais deu o seu rosto a favor do pro- esfera do poder grupos tradicional-
da dívida) no final de 2015 - quando mente excluídos dos centros de deci- condenações.
jecto de Dhlakama, trazendo à colação argumentos que acreditava terem
em 2014 o défice se cifrou em 0,6% - são, alargou a viciação do sistema e o Quando entre suspeitos surgem os pre-
fundamento em algumas disposições da Constituição da República.
é o objectivo governamental ainda que “Mensalão”, a canalização de fundos sidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e
No esforço de desconstruir tal posicionamento foi contra o toulousiense as últimas previsões das instituições fi- ilícitos por parte do “Partido dos Tra- do Senado, Renan Calheiros, próceres
naturalizado moçambicano que foi concentrada a maior campanha de vili- nanceiras prevejam uma contracção de do PMDB, ou João Vaccari, tesoureiro
balhadores” para compra de votos no
pêndio, onde a cor da sua pele e origem estrangeira tornaram-se nos únicos 0,66 por cento do PIB em 2015. do PT, é sinal de que o processo de ne-
Congresso Nacional denunciada em
factores de rejeição. O relatório de mercado do Banco Cen- 2004, ficou como caso paradigmático gociação será condicionado por outros
O facto de que esta campanha de destrato era conduzida supostamente em tral de 6 de Março incorpora expecta- dos esquemas de patrocínio típicos da valores que não a eficácia e legitimida-
nome da Frelimo ou por indivíduos que se apresentavam como membros tivas negativas, na sequência de uma governação. de administrativas e políticas.
ou simpatizantes desta formação política não foi, talvez porque assim con- redução do crescimento para 1,3% nos O sistema federal e a pulverização Dilma, que entre 2010 geriu e tutelou
vinha, motivo de censura por parte da direcção máxima do partido. últimos quatro anos, admitindo uma partidária (15 partidos representados a “Petrobras” dificilmente escapará ao
Eis que após o assassinato brutal de Cistac as conclusões apressadas so- retoma para 1,40% em 2016. no Senado e 28 na Câmara dos De- nojo da conivência ou incompetência
bre os possíveis autores morais do crime, assim como o seu móbil, não se Os indicadores apontam, contudo, para putados) com diminuta consistência na cobertura de actos de administração
fizeram tardar. cenários piores a começar pelo crescen- ideológica propiciam a negociação de danosa na empresa, e, para já, tem todo
O facto de a Frelimo ser o partido que suporta o governo atribui-lhe res- te défice comercial: 2.800 milhões usd trocas de favores entre grupos de inte- o jogo político viciado pelo aperto da
ponsabilidades especiais para não permitir que seja quem for, com ou sem em Fevereiro, sem equivalente desde resses regionais, estaduais, económicos justiça a aliados e apaniguados.
razão, se pronuncie de forma desprestigiante mesmo contra os seus oposi- 1980, depois de 2014 com 3.930 mi- e confessionais. Entre ajuste fiscal e apertos da justiça
lhões de prejuízo marcar o primeiro A lavagem e desvio de dinheiro por algo bem pior do que uma ida ao den-
tores, e pior ainda, em seu nome.
ano de balança negativa desde 2000. parte de membros da direcção da “Pe- tista espera a pouco exemplar elite po-
Por o não ter feito, a Frelimo deve suportar as consequências da sua própria
Quebras de 11,8% em relação à China trobras”, em investigação desde 2013, lítica brasileira.  
obstinação.
e de 15,2% para o Mercosul não foram passa por financiamentos a empresas e ·Jornalista

KOk NAM Editor Executivo: Ivone Soares, Luis Guevane, João Miguel Bila
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OPINIÃO
Savana 13-03-2015 19

Os custos da saída da Grécia da Zona Euro


Por Jean Pisani-Ferry·

N
o final do mês passado, posição dos diferentes intervenien- livrar-se-ia de um problema recor- fosse inofensiva. Há três razões pe- forma diferente. Os investidores
depois de vários dias de tes, especialmente dos governos da rente, e uma decisão, por parte da las quais a saída da Grécia do euro nacionais e estrangeiros começa-
discussões tensas, o novo Grécia e da Alemanha. Zona Euro, de permitir ou convidar poderia enfraquecer seriamente a riam a avaliar de forma mais cons-
Governo de Atenas che- Do ponto de vista da Grécia, deixar a Grécia a sair, reforçaria a credibi- união monetária da Europa. cienciosa se o valor de um activo
gou a um acordo com os credores o euro seria altamente perturbador, lidade das suas regras. Desse modo, A primeira e mais importante é que seria afectado por uma dissolução
da Zona Euro, que inclui um paco- o que explica a falta de apoio in- nenhum país se atreveria a chanta- a saída da Grécia viria contrariar a da união monetária. Os governos
te de reformas imediatas e o pro- terno a essa opção. Mas quais são gear os seus parceiros no futuro. suposição tácita que a participação tornar-se-iam mais desconfiados
longamento do programa de assis- os custos da saída da Grécia para o De volta a 2012, a teoria do do- no euro é irrevogável. Certamen- em relaçãos aos riscos a que os seus
tência financeira por quatro meses. resto da Zona Euro? Desde que a minó parecia realista o suficiente te, a história demonstra que ne- parceiros os poderiam expor. De
Mas, apesar do suspiro colectivo questão foi levantada pela primei- para os países credores abandona- nhum compromisso é irrevogável: facto, a suspeita tornar-se-ia irre-
de alívio da Europa, o compromis- ra vez, em 2011-2012, houve dois rem a opção Grexit. Depois de re- de acordo com Jens Nordvig, da versível, e substituiria a crença na
so não exclui a necessidade de mais pontos de vista opostos. flectir e ponderar durante o verão, Nomura Securities, desde o início irreversibilidade da Zona Euro.
negociações duras sobre um novo Um ponto de vista - apelidado de a chanceler alemã Angela Merkel do século XIX dissolveram-se 67 Por fim, uma saída da Zona Euro
programa de assistência financeira teoria do dominó - sustenta que, se foi a Atenas para expressar as suas uniões monetárias. Qualquer saída forçaria os responsáveis políticos
que pode ser introduzido no final a Grécia sair, os mercados começa- “esperanças e desejos” de a Grécia da Zona Euro aumentaria a proba- europeus a formalizar as suas re-
de Junho. rão, de imediato, a questionar quem permanecesse no euro. bilidade de outros países poderem, gras para o divórcio, que até ago-
será o próximo. O destino de ou- Mas hoje, a situação é diferente. A mais cedo ou mais tarde, seguir o ra não foram escritas, nem sequer
Em qualquer negociação, uma das tros países seria posto em causa, tal tensão do mercado diminuiu con- exemplo. especificadas. Além de princípios
variáveis-chave que influencia o como aconteceu durante as crises sideravelmente; a Irlanda e Portu- Em segundo lugar, uma saída do gerais de direito internacional - por
comportamento dos protagonistas monetárias da Ásia de 1997-1998 gal já não estão sob programas de euro daria razão àqueles que consi- exemplo, que o que importa para
e, por consequência, o resultado, é ou a crise da dívida soberana na assistência; o sistema financeiro da deram que a moeda única europeia decidir a denominação da divisa de
o custo, para cada um deles, de não Europa de 2010-2012. Isso poderia Zona Euro foi reforçado pela de- é simplesmente um acordo de fixa- um activo depois do divórcio é a lei
se chegar a um acordo. Neste caso, dar lugar à desintegração da Zona cisão de avançar para uma união ção de taxa de câmbio e não uma que regula o contrato subjacente e
a questão é o custo da saída da Gré- Euro. bancária; e já foram implementa- moeda real. A confiança no dólar a jurisdição correspondente – não
cia da Zona Euro (“Grexit”) - uma O outro ponto de vista - muitas dos instrumentos de gestão de cri- baseia-se no facto de não haver di- há regras acordadas para decidir
perspectiva que foi amplamente vezes apelidado de teoria do lastro ses. Uma reação em cadeia induzi- ferença entre um dólar depositado como se levaria a cabo a conversão
discutida na comunicação social ao - afirma que, na verdade, a Zona da pela saída da Grécia seria muito num banco em Boston de um dó- para uma nova moeda. A saída da
longo das negociações e que gerou Euro ficaria fortalecida com a sa- menos provável. lar depositado em São Francisco. Grécia obrigaria à definição des-
especulações consideráveis sobre a ída da Grécia. A união monetária Mas isso não significa que a perda Mas desde a crise de 2010-2012 sas regras e, portanto, à definição
que isto já não acontece com o de quanto vale um euro segundo o
euro. A fragmentação financeira lugar onde está, quem o tem e de

Porquê Sociedade Civil?


retrocedeu, mas não desapareceu, o que forma. Isto tornaria o risco de
que significa que um empréstimo a separação mais imaginável; mas
uma empresa na Áustria não possui também mais concreto.
exactamente a mesma taxa de juro Nada disto significa que os mem-
que um empréstimo para a mesma bros da Zona Euro devam estar
Tomas Vieira Mário empresa do outro lado da fronteira disponíveis para pagar a permanên-
italiana. Críticos como o econo- cia da Grécia a qualquer custo. Isso,
The growth of civil society has been te de ideias onde elas existam! E, bleia dos Bispos Católicos): fazen-
mista alemão Hans-Werner Sinn obviamente, equivaleria a uma ren-
one of the most  significant trends in sobretudo, onde se acredita na sua do eco dos alertas já lançados in-
tornaram-se especialistas em seguir dição. Mas também não devem ter
international development.  (…)Ci- utilidade! A classe política, já sem sistentemente em diferentes fóruns
a exposição ao risco de colapso. ilusões: a saída da Grécia do euro
vil society organizations (CSOs) play sonhos nem visões estratégicas cívicos, nomeadamente em sede
Nada disto seria fatal neste mo- nunca será uma coisa feliz.
a critical role in helping to amplify de prazo algum, jaz, estatelada de da Agenda 2025 (2013), os Bispos
mento, devido às iniciativas toma-  
the voices of the poor in the decisions bruços sobre o lodaçal do improvi- Católicos Moçambicanos colocam
das nos últimos anos; mas seria ·Jean Pisani-Ferry é professor na
that affect their lives. (The World so quotidiano, derrotada, sem apelo o dedo na ferida da «Unidade Na-
um erro supor que a confiança foi Hertie School of Governance em
Bank, 2015) nem agravo, exactamente, no cam- cional», denunciando, alto e bom restaurada. Os cidadãos europeus Berlim e desempenha actualmente a

A
po das ideias! A terra? O povo? Os som: responderiam à saída de um país função de Comissário-Geral para o
afirmação aqui reprodu- rios? Apenas números para exibir «…a injustiça gritante da pobreza (ou expulsão) da Zona Euro come- Planeamento de Políticas no governo
zida, extraída do sítio da aos olhos esbugalhados do investi- esmagadora da maioria, enquanto çando a olhar para a moeda de uma francês.
Internet do Banco Mun- dor estrangeiro! alguns enriquecem desonestamen-
dial, bem expressa o peso e Partidos políticos: existem? Têm te e vivem no fausto; a ausência de
a relevância social que a sociedade ideias sobre Moçambique e o seu transparência na exploração dos
civil tem vindo a adquirir nos últi- povo? Por que foram, afinal, fun- recursos naturais e o total des-
mos anos, no quadro dos debates e dados? Reúnem-se? Aonde?! De respeito do meio ambiente; a ex-
dos processos de desenvolvimento que falam? Com quem? Líderes de torsão de terras aos camponeses
social, económico e político das partidos políticos da oposição são
nacionais para a implantação de
nações. convidados pelo Presidente da Re-
megaprojectos que só favorecem as
Na época pós-ideológica em que pública para com ele partilharem
multinacionais estrangeiras e uma
vivemos, em que referências a as suas ideias sobre o país: entram
minoria insignificante de cidadãos
opções político-doutrinárias são no Palácio Presidencial mudos e Email: carlosserra_maputo@yahoo.com
moçambicanos; a ambição desme-
preteridas a favor do chamado pa- de lá saem quedos! Tudo quando Portal: http://www.oficinadesociologia.blogspot.com
ragramatismo neoliberal, em que conseguem balbuciar aos repórte- dida de funcionários públicos que
415

Transferência
o comando das nossas vidas é dei- res, no final das audiências: «foi um fazem da corrupção, da pilhagem
xado à mercê da ditadura dos mer- encontro positivo»…Que palco e do branqueamento de capitais o
cados, há um vazio de referências mais nobre teriam para expor aos seu modus vivendi, para o próprio

M
morais na política, que atormenta moçambicanos os seus projectos, enriquecimento; o recurso à força,
arrogância e intolerância para im- ilhares de pessoas, Mas no preciso momento em que
as sociedades em todo o mundo. as suas ideias? Fala-se deles e o regra geral de ori- isso acontece, ocorre a expulsão
Em países pobres como Moçam- povo fica olhando em redor, per- por as próprias ideias e opiniões; os
gem humilde, que completa do projecto de modifi-
bique, os principais «órfãos» e «de- guntando de que se trata: se de pleitos eleitorais feridos frequen-
acorrem aos cultos cação real das condições de vida.
serdados» desse vazio doutrinário chupa-sangues ou de enigmáticos temente de irregularidades, redu-
milagreiros e aos consultórios Com efeito, ao aceitarem que
são os pobres e todos os grupos «enganadores» do povo… zindo assim a sua atendibilidade
dos curandeiros cura-tudo, es- todos os males são obra de en-
marginalizados e vulneráveis da Daí a relevância da sociedade civil. e anulando a participação do povo perando que Deus e os bons es- tidades consideradas maléficas
sociedade: somos, afinal, todos nós! Sem vocação para aceder ao poder na escolha dos governantes do país; píritos os ajudem a libertarem- como os maus espíritos e o dia-
O discurso da classe política, há de Estado, ela tem estado a levan- a exclusão social, económica e polí- -se dos flagelos, criam novos bo, as pessoas acabam por ver
muito sobrevivendo à custa de tar alto a sua voz, denunciando a tica de tantos moçambicanos; tudo espaços identitários, encontram transferida - com plena crença
palavras cansadas, e por isso mes- má gestão da coisa pública e apon- isso torna a nossa «unidade nacio- um sentido para a vida, recebem e adesão - para entidades sobre-
mo decrépito e oco, já a ninguém tando os factores de dissensão e de nal» cada vez mais tremida e nos solidariedade, é-lhes prometida -humanas invisíveis a responsa-
mobiliza para acção alguma, senão perigosa fracturação da sociedade, impede de ser uma verdadeira fa- uma recompensa celestial para bilidade social na génese da mi-
para manter ou arrancar o poder! cansada e desorientada. É nessa mília, onde cada membro se ocupa os males terrenos ou o apoio re- séria e da violência, evacuando o
Com uma única finalidade: exercê- senda que surge a recente mensa- pelo bem-estar do outro”. vigorado dos espíritos propicia- desafio de uma transformação
-lo! Tão-somente! gem do Conselho Permanente da É este o papel de uma Sociedade dos e acalmados. social genuína.
Debate de ideias? Só há deba- Conferência Episcopal (Assem- Civil atenta e alerta!
OPINIÃO
20 Savana 13-03-2015

Heróis Nacionais: ode ao professor Cistac


A TALHE DE FOICE
Por Machado da Graça Por Ilídio Nhantumbo

C
omo um dos meus docentes dizia quando do de Direito também têm esse direito e honra de
eu solicitava a revisão das minhas opini- receber título de Herói Nacional. Poltrona não é ob-
ões escritas, “não se constrói Nação na jectivo dos que estão longe do meu alcance. Deixem
poltrona.” Nunca acompanhei a vida pri- os defensores sinceros da democracia livres da AKM
vada de Gilles Cistac para saber se ele se sentava que mantêm na bandeira nacional; deixem os acadé-
na poltrona para pensar, interpretar, desenhar micos fora desses tiros. Mas quem foi que usou os

Informação pública
suas ideias, mas o que me interessa é que os pen- seis tiros? Defensor e construtor da democracia? Ou
consolidador da democracia? Eu não tenho respos-
samentos de Cistac nunca mais serão ouvidos ou
ta! Da informação disponível Cistac já vinha sendo
lidos ainda frescos.
ameaçado pela sua interpretação da Constituição

D
depois das fraudulentas eleições que levaram ao
Morreu o constitucionalista que não precisaria de
epois do papel que desempe- da. A linha vai sendo traçada à custa de Acordo Dhlakama-Nyusi.
poltrona para expressar suas opiniões num País que
nharam na tentativa de assassi- telefonemas do exterior com “ordens Será que a responsabilização dos criminosos virá ao
politicamente se pretende estar em consolidação. No
nato de caracter de Gilles Cis- superiores a serem cumpridas obriga- público nos próximos dias? Como tem sido o dis-
final é que democracia requer liberdade de opinião,
tac e de outras pessoas que não toriamente”. curso, o Presidente Nyusi coloca pessoas certas no
académica e de expressão; não interessa sua beleza,
afinam pelo diapasão do poder do dia, A nomeação de Tomás Vieira Mário momento certo. Será que esse discurso tornar-se-á
nem exactidão, mas seu respeito.
a questão dos G40 e das direcções sub- para Presidente do Conselho Superior realidade? Quem sabe?! Presidente Nyusi, pressio-
Cistac era constitucionalista e, a meu ver, reflexo da
servientes dos orgãos de informação do da Comunicação Social foi, na minha ne seu Ministro do Interior e a responder urgente-
liberdade académica, de pensamento e opinião. Suas
sector público tem que ser enfrentada e opinião, um passo no bom sentido. mente a esta pergunta. Jaime Monteiro, eu quero
opiniões não se equiparam a um simples jornalismo
resolvida a curto prazo na medida em Embora, formalmente, um membro resposta! Obrigue Jorge Khalau a colaborar consi-
sensacionalista que em momentos de crise propa-
que está a minar a credibilidade desses dos G40, na medida em que o seu nome go. Certamente, que não sou o único a solicitar essa
lam disparates. Suas ideias eram academicamente
orgãos e a ser um factor de desestabili- também vem na lista, ele tem mostrado resposta, mas também outros muitos defensores da
expressas e publicamente ouvidas. Porque é que se
zação social. o seu afastamento de tal grupo manten- liberdade académica, de opinião e expressão. Quere-
requer cobardia para se aparentar ser defensor da
do posições próprias, reflectidas, com mos resposta urgente à esta preocupação. Monteiro,
democracia? Porque é que para se ser herói é preciso
Se bem recordamos esta designação de base legal e bom senso. nos prove da sua competência com brevidade. Que-
ser engrachador de sapato? Porque é que para se ser
G40 surgiu quando o partido Frelimo Talvez a partir do novo cargo para que remos resposta hoje!
herói é preciso olhar-se para a luta de libertação na-
enviou aos orgãos de informação que foi nomeado ele possa ajudar a resolver O assassinato de Cistac não é início da
cional? Será que essas perguntas todas têm respos-
controla uma lista de 40 personalidades este cancro que roi a nossa profissão. ameaça à liberdade de opinião, expressão e demo-
tas? Que me amparem os defensores da democracia
que seriam as únicas autorizadas a fazer E não estou a dizer que os elementos cracia. A teoria é que, como os Cranberries dizem
liberal nas respostas à estas perguntas.
comentário político naqueles jornais, do G40 não possam continuar a dar as “o creme sempre virá ao topo; gente de boa vontade
Foi com melancolia não apenas humana,
rádio, televisão e agência de informa- suas opiniões. Estou a dizer que é pre- morre em primeiro lugar.” Os aparentes defensores
mas também académica que recebi nesta manhã de
ção. ciso que outras pessoas, com opiniões das causas do Povo, são brevemente afastados da
03 Março de 2015, no meu fuso horário, a notícia do
E o resultado está à vista: unanimidade diferentes ou opostas sejam também rota. Os consolidadores políticos da democracia sa-
assassinato do Professor Cistac. Tanta coincidência
total nos comentários. Nos “debates” vistas e ouvidas contrapondo os seus bem afastar da rota os reais defensores da liberdade.
para se questionar o assassinato de Cistac poucos
um participante diz uma coisa e todos pontos de vista aos dos assalariados da Os autênticos defensores da justiça são os primeiros
dias depois da interpretação aprovada lá na casa do
os outros estão de acordo e repetem, por palavra. a serem retirados da rota. Onde está Urias Siman-
Povo. Tal como o académico Eduardo Mondlane, fi-
palavras suas, o que o primeiro afirmou. É preciso que os dirigentes dos orgãos go? Onde está Carlos Cardoso? Hoje é o Professor
gura que estabelece o dia dos Heróis Nacionais pela
E se o partido Frelimo hoje diz que o de informação publicos digam a quem Gilles Cistac. A verdade é que todos são heróis, de-
luta anti-colonial, Cistac não era apenas defensor da
caminho é para a esquerda e, amanhã, os nomear que não vão aceitar cha- clarados ou não, são todos heróis! Não interessa seu
democracia em Moçambique, mas também inspira-
diz que é para a direita, os tais comen- madas telefónicas nem sequer dessa cemitério, nem a atribuição de seus nomes à aveni-
dor dos seus estudantes. Mondlane não foi engra-
tadores inventam hoje argumentos para personalidade que os nomeou. É essa a das. Os defensores da justiça são mártires! Mas não
chador de sapato do regime colonial. Cistac seguiu
provar que o melhor caminho é para atitude que se espera no cumprimento deixemos o medo dominar a coragem.
a mesma rota para o bem do Povo Moçambicano;
a esquerda e, amanhã, já desenvolvem da legislação existente no país. A poltrona é mérito dos utentes dos impostos dos
para a construção da democracia. Se Mondlane foi
outros argumentos opostos salientando E é esse o Estado de Direito que temos cidadãos no Centro de Conferências Joaquim Chis-
o primeiro a merecer a Praça dos Heróis pela Luta
que, sem dúvida, é para a direita que se o dever de exigir. sano, mas a liberdade não afluirá da poltrona. A Na-
de Libertação Nacional, não será Cistac merecedor
deve caminhar. ção não virá do silêncio forçado. A coragem irá pre-
da mesma Praça dos Heróis? Que me respondam os
Como dizia, há poucos dias, o Prof. PS – O Director da Polícia de Investiga- valecer, não da AKM, mas da liberdade académica,
“consolidadores“ políticos da democracia. Esse po-
Lourenço do Rosário, não são verda- ção Criminal dissa à PGR que a sua insti- de pensamento, de expressão. A voz da justiça não
der é vosso, mesmo estando contra a Constituição
deiros intelectuais pois não têm ideias tuição não tem nenhuns meios para traba- se vai ofuscar! Professor Cistac, estamos de luto e
que foi por vós aprovada. Acabo sendo engrachador
próprias. Alugam a sua capacidade ar- lhar, incluindo viaturas para se deslocar ao mergulhados na melancolia. Te afastaram da rota da
académico, não serei?
gumentativa às agendas alheias a quem local dos crimes. Em compensação a FIR liberdade académica e de expressão de que gozavas,
Herói da liberdade académica, do Esta-
servem. aparece equipada com a última palavra como a Constituição que decifravas e ensinavas es-
do de Direito, e construção da democracia, Cistac
Por seu lado, as direcções subservientes em fardamento e com potentes viaturas tabelece. A democracia está de luto, mas a liberdade
merece respeito. O heroísmo não é monopólio nem
dos tais orgãos de informação também blindadas. São as nossas prioridades... não será retirada da rota. Professor Cistac, repouse
da geração de Nachingweia, base de Mbeia, dos que
não traçam a linha editorial a ser segui- em Paz!
assinaram os Acordos de Lusaka e muito menos da
academia G40; os académicos, defensores do Esta-

SACO AZUL Por Luís Guevane

Entre a quantidade e qualidade


I
magine, caro leitor, uma enorme estei- jovens, visivelmente inchadas, o político di- tras de qualidade, em termos de servir ou se admitirmos, por hipótese, que uns tantos
ra e no seu centro uma vasta bandeja ria provavelmente, que já não temos fome no defender o seu eleitorado. Esporadicamen- transformaram-se em parlamentares usando
repleta de uma avantajada quantidade País porque todos se alimentam. O médico te, surge uma e outra a demonstrar alguma e abusando dos tortuosos caminhos da cor-
de xima (chima de farinha de milho iria diagnosticar como causa da anemia o fac- qualidade individual o que não é significativo rupção? Oxalá, isto seja simplesmente uma
ou de mandioca, tanto faz) e um peque- to de os jovens só comerem e não se alimen- para o nível de protagonismo que deveriam hipótese; aliás, cada um dos visados sabe se é
no prato de fundo, que não ultrapassa um tarem. Estaríamos, então, a rodopiar em volta ter. Não é a disciplina partidária que as im- mesmo uma hipótese ou uma realidade para
palmo da nossa mão, com caril (seja do da relação entre quantidade e qualidade. Tal- pede de serem activas em termos individuais esquecer. O importante é que procurem servir
que for); nessa mesma esteira temos uns vez, seja por isso, que as fotos mais apelativas ou de conjunto (na bancada). É a acomoda- e não se servir do povo.
tantos jovens cheios de fome que se aper- sobre África retratem um jovem adolescente ção relativamente aos objectivos pretendidos
tam rodeando o alimento, esperando sim- magrinho com uma barriga enormemente e alcançados, isto é, se a ideia era “entrar” no Cá entre nós: obviamente que o estimado leitor
plesmente por uma ordem para iniciarem desproporcional denunciando meio mundo parlamento e uma vez isso conseguido nada tem muitos outros exemplos que nos mostram
o “ataque”. Cada um dos jovens vai logo culpado por aquela situação – os governos mais resta senão cumprir passivamente o seu a relação entre a quantidade e a qualidade. O
perceber que a xima (chima) é suficiente corruptos. mandato na perspectiva de conseguir um se- anúncio, por parte do Banco Mundial, de uma
e chega para todos e até pode sobrar. O Outro exemplo da relação entre a quanti- gundo ou terceiro. Passar despercebida é uma contribuição de 200 milhões de dólares para o
problema seria a pequena quantidade de dade e a qualidade: Moçambique é tido nos das técnicas não só para elas como para eles.
nosso Orçamento do Estado e a previsão de 300
caril. Porém, uma mão dura poderá obri- últimos tempos (dias) como um dos países Resultado: os jovens continuam a comer e a
ga-los a gerir o caril de modo a que no lusófonos com um significativo número de não se alimentar. Continuam a exibir as suas milhões de dólares para projectos específicos de
fim sobrem o caril e a xima. Perante esta mulheres no parlamento. Se a quantidade é barrigas desproporcionalmente, grandes em investimentos poderão pôr-nos a refletir nessa
realidade, o nutricionista haveria de dizer relevante o mesmo não se poderá dizer da corpos subnutridos; barrigas imitando a dos mesma linha de raciocínio. Essa quantidade de
taxativamente que houve quantidade e ne- qualidade. As nossas parlamentares na As- corruptos que as/os parlamentares não conse- dinheiro resultará em alguma elevação da quali-
nhuma qualidade; diante das barrigas dos sembleia da República não têm dado amos- guem enfrentar. Como combater a corrupção dade de vida para o moçambicano?
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Savana 13-03-2015 21
DESPORTO
22 Savana 13-03-2015

Moçambola-2015

Aos seus lugares e... atenção à chegada!


Por Abílio Maolela

C
inco anos após a estreia do Alberto Simango respondeu que a estes troféus, segundo o seu presi-
Vilanculo FC, no campeo- sua instituição estava em negocia- dente, Amosse Chicualacuala, serão
nato nacional de futebol, o ção com os seus parceiros, de modo a prenda dos 60 anos, que o clube
Moçambola, apadrinhado a garantir o festival de abertura nas completa.
pela então Liga Muçulmana, a vila residências moçambicanas, o que Outro candidato assumido é o
turística daquela parcela do país, dava a entender que a televisão Maxaquene. Os “tricolores” conse-
volta a ser o epicentro das atenções pública ia fazer a transmissão do guiram manter o melhor marcador
dos aficionados pelo futebol. Este primeiro jogo do campeonato, algo da época passada, Isac e a equipa
facto, se prende com o arranque que é contestado por alguns clubes, técnica comandada por Chiquinho
neste sábado, da disputa da trigé- que apontam a liquidação da divi- Conde.
sima edição desta prova mãe, da da, como sendo o primeiro passo a Com fome de título, desde 2012, o
modalidade rei no nosso país. O ser dado pela TVM. Maxaquene começa o campeonato,
pontapé de saída será dado pelo em casa, apadrinhando o regresso
novo caloiro, ENH local e o vete- Sete candidatos ao título do Ferroviário de Nacala.
rano Desportivo de Maputo. Como em qualquer canto do mun-
Depois de uma época para “es-
do e, em cada início de temporada,
quecer”, o Ferroviário de Maputo
as grandes equipas das mesmas
E conhecendo bem as pessoas a sul regressa ao Moçambola com olhos
competições preparam-se ao por-
do Save, que apoiam com muita postos no título e começa a mesma
menor e, em Moçambique não fu-
força os representantes da chama- Moçambola está de volta. deslocando-se à Quelimane para
giram a regra.
da terra de boa gente, nesta prova, defrontar o seu homólogo local.
Costa do Sol, Maxaquene, Liga
desde os tempos do Wan Pone de ao fecho desta edição, não se sabia Até ao fecho da presente edição, O Ferroviário da Beira, duas vezes
Desportiva, Ferroviário e Desporti-
Inhassoro, é de esperar que o Mu- quantos árbitros iam dirigi-la. as mesmas, que consistem na co- consecutivas vice-campeão nacio-
vo, todos de Maputo, Ferroviário da
nicipal de Vilankulo seja bastante Como tem sido habitual, a Cidade locação da relva sintética e na re- nal (2012 e 2013), sobe ao terreno
Beira e HCB de Songo, assumiram,
pequeno para albergar matswas de Maputo será a mais representa- abilitação do muro de vedação, que também com as mesmas aspirações
publicamente, a conquista do título,
vindos de todos os cantos da pro- da com um total de cinco equipas desabou devido as chuvas intensas que os anteriores. Mantendo, qua-
como o seu principal objectivo.
víncia e não só. (Costa do Sol, Liga Desportiva, que fustigam aquela parcela do se, a mesma equipa desde 2012, os
Não sendo possível todos conquis-
A cerimónia está marcada para às Maxaquene, Desportivo e Ferro- país, desde Janeiro último, ainda tarem a mesma prova, perspectiva- “locomotivas de Chiveve, conside-
14 horas e será dirigida pelo pre- viário), seguida pela província de não tinham arrancado. -se uma prova renhida, em função ram 2015 como seu ano, tendo em
sidente da Liga Moçambicana de Nampula, com três (Ferroviário de Segundo Jaime Mausse, vice-presi- dos planteis de cada uma delas. conta os resultados das três últimas
Futebol, Alberto Simango Júnior, Nacala e de Nampula e Desportivo dente do clube, nas primeiras três O campeão nacional, Liga Despor- épocas.
o qual far-se-á acompanhar por de Nacala). A Zambézia completa jornadas, o Ferroviário de Nampula tiva de Maputo, começa a defesa do Sem grandes nomes, o histórico da
dirigentes daquela estrutura des- este pódio, com duas equipas (Fer- fará a troca com os seus adversários, título recebendo o nona campeão, formação moçambicana, Desporti-
portiva, dirigentes governamentais roviário e 1º de Maio de Quelima- ou seja, realizará os jogos no terre- Costa do Sol. Para se alcançar os vo de Maputo, vai ao campeonato
e convidados. ne). Os solteiros da época são pro- no do adversário, mas a não se con- seus objectivos, o campeão resga- com a mesma ambição e, para tal,
Danças e cânticos tradicionais vão venientes de Chibuto, Vilanculo, cluir a reabilitação do 25 de Junho tou o técnico português, Litos, que manteve Antero Cambaco na lide-
coroar a festa, que tem como ponto Beira e Songo. até a quarta jornada (o que é mais conquistou a prova nacional, em rança da equipa e garantiu os prés-
mais alto, o jogo entre os “alvi-ne- provável), os “locomotivas” da ca- 2013 e levou a equipa até a penúl- timos de Pedro Mambo, ex-Estrela
gros” da capital do país e os “hidro- Novidades da prova pital do norte terão que receber os tima eliminatória de acesso a fase Vermelha de Maputo e antigo capi-
carbonetos” de Vilanculo . Este campeonato arranca com três seus jogos no campo do Desportivo de grupos da Taça CAF. Embo- tão do Costa do Sol.
Depois de algum cepticismo à volta novidades, todas relacionadas com de Nacala. ra o regresso não tenha sido feliz, O HCB de Songo preenche a lis-
do arranque desta competição, de- as questões de representatividade. Esta situação, tornar-se-ia numa ao ser eliminado na primeira fase ta dos candidatos aos título. Com
vido aos pronunciamentos do presi- A primeira tem a ver com o fac- novidade, uma vez que será a pri- das eliminatórias de acesso a fase Artur Semedo no comando técni-
dente da Federação Moçambicana to da província chamada capital meira equipa de uma capital pro- de grupos da Liga dos Campeões, co, os “hidroeléctricos” de Cahora
de Futebol, Feizal Sidat, segundo do norte, ser representada por três vincial a receber jogos numa vila. Litos é um conhecedor do fute- Bassa afirmam estar preparados e
as quais “não haverá Moçambola, equipas. A segunda, é o facto de Aliás, será o inverso do que acon- bol moçambicano e terá ajuda de com condições criadas para levar o
enquanto os Clubes não se licen- Nacala ser a primeira vila a ter duas teceu, em 2013, ano da estreia do Manuelito II, que nas últimas três canecão até aquela parcela do país.
ciarem”, o presidente do órgão que equipas a disputarem o campeona- Desportivo de Nacala, em que esta épocas representou o Costa do Sol Entretanto, como seu primeiro tes-
gere a competição, Alberto Siman- to da primeira divisão; e a terceira, equipa recebia os seus jogos no Es- e do jovem Andro, que jogava no te, terão pela frente o desportivo de
go Júnior, garantiu que a prova irá é o facto de Quelimane apresentar, tádio 25 de Junho. Ferroviário de Maputo. Nacala.
arrancar na data prevista, pois, “não igualmente, pela primeira vez, duas A transmissão televisiva desta pro- Por sua vez, o seu adversário, Cos- Não podendo entrar no campo,
tivemos nenhuma comunicação da equipas no campeonato nacional. va é um dos assuntos que marcam ta do Sol, entra para o campeonato neste fim-de-semana, devido aos
FMF, acerca desse assunto”. Enquanto isso, até ao fecho desta o inicio da mesma. O facto, é que com o sorriso nos lábios. O facto, compromissos internacionais do
O arranque do Moçambola repre- edição, não se sabia quantos cam- o contacto que a LMF tinha com a deve-se à conquista, no último fim- seu adversário (Fer. Beira), o vice-
senta o começo da época futebo- pos seriam utilizados na presente Televisão de Moçambique (TVM), -de-semana, da Taça de Honra, -campeão, Ferroviário de Nampu-
lística nacional, embora esta tenha edição, entretanto, o SAVANA estação televisiva que vinha trans- mas não o campeonato não lhe re- la, é um dos candidatos ao título,
iniciado oficialmente, em Fevereiro, avança que na fase inicial da prova, mitindo a prova expirou, tendo se serva boas recordações, em particu- porém não assumiu, limitando-se
com a disputa da supertaça. o Moçambola será disputado em lançado um novo concurso, mas lar nas primeiras voltas. a dizer que “queremos melhorar a
Representa, aliás, o pontapé de saí- 10 campos, um na cidade de Ma- sem datas precisas para a divulga- Na época passada, os canarinhos classificação da época passada (se-
da de uma série de jogos programa- puto (Costa do Sol); três na Pro- ção do vencedor. assumiram conquistar o título, po- gundo lugar)”.
dos até ao mês de Novembro. São víncia de Maputo (Estádio da Ma- Com o Moçambola a iniciar este rém terminariam no “impensável” A primeira jornada do Moçambola
no total, 26 jornadas a serem dis- chava, campo da Liga e da Afrin); fim-de-semana, o SAVANA quis oitavo lugar, atrás do Clube de comporta ainda a partida entre o
putadas que correspondem a 182 um em Chibuto; um em Vilanculo; saber do presidente deste órgão, Chibuto. Clube de Chibuto e o 1º de Que-
jogos; mais de 350 jogadores vão um na Beira; um em Songo; um em quem seria responsável pela trans- Para a presente época, a equipa co- limane.
correr atrás da bola, em represen- Quelimane; e um em Nacala. missão da partida de abertura ou se mandada pelo português, Nelson De realçar que a presença do Ferro-
tação de 14 clubes, vindos de sete O Estádio 25 de Junho, terreno do a mesma não teria direito transmis- Santos, assumiu a conquista da viário da Beira nas provas da CAF
províncias. Cerca de 40 delegados Ferroviário de Nampula, não entra são televisiva, uma vez não se co- dobradinha (campeonato e Taça), faz com que a competição comece
serão evolvidos nesta prova, que até nestas contas por estar em obras. nhecendo o vencedor. como seu principal objectivo. Aliás, com um jogo de atraso.
DESPORTO
Savana 13-03-2015 23

Afrotaças

“Locomotivas” do Chiveve
em busca do sonho
Por Abílio Maolela

O
Ferroviário da Beira menos a história que fazem jogos,
defronta, neste fim-de- mas os 11 jogadores que forem ali-
-semana, o Association nhados para o embate, pelo que o
Sportive Vita Club, mais AS Vita “terá de provar, no campo,
conhecido por AS Vita, da Re- o seu favoritismo”.
pública Democrática do Congo “Vamos ao jogo, com o objectivo
(RDC), em jogo da primeira-mão, de conseguir o melhor resulta-
da primeira eliminatória de aces- do possível. Se conseguirmos um
so a fase de grupos da Taça CAF. empate, melhor ainda, porque nos
A partida terá lugar, no próximo permite encarrarmos a segunda
domingo, na capital congolesa, mão, em casa, com tranquilidade”,
Kinshasa. disse.
Calendário futebolístico congolês
Depois de eliminar o Petite Re- semelhante ao moçambicano
viér Noire, das Ilhas Maurícias, o Anualmente, as equipas moçam-
detentor da Taça de Moçambique, bicanas são eliminadas, precoce-
cruza o caminho de um dos mais mente, das Afrotaças (neste ano,
cotados emblemas do continente a Liga Desportiva de Maputo foi
africano. eliminada, na primeira fase, pelo
Doze vezes campeão da Linafoot APR do Ruanda) e a razão para
(campeonato nacional da RDC), esse facto, tem sido atribuída ao
nove vezes vencedor da Taça local, ritmo competitivo, pelo facto des-
o AS Vita aparece como o terceiro tas cruzarem-se com equipas, que
maior clube daquele país, membro estejam na segunda volta dos seus
da SADC, atrás do TP Mazembe, campeonatos.
de Lubumbashi, com 14 campeo- Entretanto, este não será o proble-
natos nacionais e empatado com o ma a ser apontado pelo Ferroviário
DC Motema Pembe, também de
da Beira. O facto, é que, à seme-
Kinshasa, que conquistou a prova
lhança de Moçambique, o campe-
por 12 vezes.
onato do antigo Zaire é disputado
Ao nível internacional, em par-
de Março à Novembro (mesmo
ticular africano, o adversário do
período que o nosso), porém com
único representante moçambicano
a participação de 16 equipas.
sobrevivente nas Afrotaças, após
Embora este dado traga algum
a eliminação da Liga Desportiva
conforto à equipa técnica, o trei-
de Maputo, pelos ruandeses do
nador-adjunto do Ferroviário da
APR, disputou duas finais da Liga
Beira prefere destacar a responsa-
Dos Campeões Africanos, tendo
conquistado uma em 1973, título bilidade que a equipa tem, face ao
que lhe valeu o estatuto de décimo ambiente que a equipa vai encon-
quinto melhor clube africano no trar, na capital congolesa.
século XX, pela Federação Inter- O jogo AS Vita - Ferroviário da
nacional de História e Estatística Beira, terá lugar no Estádio de
de Futebol. Martyrs, com capacidade para 80
Estes dados, que representam o mil espectadores. Em 2013, este
nível do adversário da equipa mo- recinto esteve lotado para ver o
çambicana nesta eliminatória, não derby da capital, entre o AS Vita e
preocupam os “locomotivas” de o DC Motema Pembe.
Chiveve, que afirmam estar prepa- Aliás, o adversário do Ferroviário
rados para representar, ao mais alto da Beira é o mais popular daquele
nível, a nação moçambicana. país e o ambiente não se advinha
Vally Ramadan, treinador-adjunto fácil, tendo em conta a paixão do
do Ferroviário da Beira, diz que a povo congolês pelo futebol.
sua colectividade está preparada Devido a este jogo, os “locomo-
para o embate, tendo como o hori- tivas” da Beira não se vão estrear,
zonte a próxima eliminatória. neste fim-de-semana, no cam-
Apesar de reconhecer o poderio e peonato nacional, ficando por se
a experiência do adversário nestas marcar a data da realização do
competições, a nossa fonte realça jogo com os seus homólogos de
que não são as estatísticas e muito Nampula.
CULTURA
24 Savana 13-03-2015

Concerto memorável no CCU


O
Por Luís Carlos Patraquim
guitarrista Jimmy Dludlu e a can- actuação memorável.
tora Isabel Novella foram as gran- Ao som da sua guitarra, Jimmy Dludlu, mo-
des atracções do primeiro concerto çambicano radicado na vizinha África do
da série Melhor do Moz Jazz, que Sul, interagiu de forma deslumbrante com
teve lugar a 6 de Março no Centro Cultu- o público e essa interacção conheceu os mo-
ral Universitário da Universidade Eduardo mentos mais altos quando este abandonava o

Assassinato no
Mondlane, na cidade de Maputo, inserido palco para se juntar à plateia.
no âmbito do programa Verão Amarelo, pro- Jonas Alberto, chefe do Grupo de Eventos,
movido pela mcel-Moçambique Celular. Patrocínios e Promoções da mcel, explicou

Os dois jazzistas agraciaram o público que


acorreu em massa àquele local e com excelen-
que “esta edição do Verão Amarelo tem a
particularidade de apostar na música mo-
çambicana e nos seus fazedores. Foi nessa
vertente que notamos que havia um défice
comité central
tes actuações, marcaram com tinta indelével
o primeiro concerto Melhor do Moz Jazz da de concertos deste género musical, o Jazz, “Só na morte não somos estrangeiros”
juntámos estes dois músicos, de gerações di- Eugénio de Andrade
edição 2014/15 do Verão Amarelo.

P
ferentes, no mesmo palco, nomeadamente o
Isabel Novella, a jovem promessa da música odem os sinos dobrar que nada o afecta. Nem os ouve, perdido no dédalo
Jimmy Dludlu e Isabel Novella. E foi uma
moçambicana, a quem coube a soberba res- da cidade velha. Segue displicente, discreto, anónimo, não obstante a impor-
boa aposta, o público aderiu e isso engrande-
ponsabilidade de abrir o concerto, embalou
ce a nossa música”. tantíssima tarefa que tem entre mãos. Foi contratado para isso. Houve um
os presentes com a sua excelente voz, quando
Por seu turno, Vali Sauji da organização, o assassinato no Comité Central mas o agente e investigador parece mais inte-
interpretava temas do seu primeiro CD de
concerto Melhor do Moz Jazz superou todas ressado nos seus incontroláveis apetites de gourmet.
originais, que tem o seu nome como título.
as expectativas, quer em termos de adesão do
Já na segunda parte do concerto, com a entra-
público, quer em termos de qualidade. Os Claro que sabe mais do que aparenta. Já tem o relatório preliminar. Aliás, visitou
da em palco de Jimmy Dludlu, a euforia do
artistas mereceram os aplausos do público. o local do crime. O Comité Central estava reunido, a luz apagou-se de repente e,
público chegou ao seu ponto mais alto. Não
“Tiveram excelentes actuações e as pessoas quando voltou, o secretário-geral jazia esfaqueado, esvaído em sangue. Nada disso
era para menos. O artista cumpriu a promes-
que aderiram ao concerto sentiram-se com- impressiona o nosso detective. Lida com o sangue há muito tempo: no sarapatel,
sa que havia feito quando da conferência de
pensadas”. A.S no arroz de cabidela, nas chouriças. Ele admira o saudável hábito dos Masaï, bem
imprensa que antecedeu ao concerto: uma
pictórico, aliás, de beberem o leito da vaca e sorverem o líquido borbulhante da veia
lacerada do bovino. Apesar do calor, o nosso herói não prescinde do seu cachecol,
talvez de cachemira, enquanto se vai deliciando com os odores das especiarias doidas.
Um assassinato é uma ocorrência vulgar. O que lhe faz alguma espécie não é, sequer, o
lugar onde ocorreu, mas a designação que ainda se dá ao órgão que se reuniu no salão
do hotel. Comité Central é, para o nosso detective, uma designação arcaica, ele que
até leu com entusiasmo, na sua já longínqua juventude, Os Dez Dias que Abalaram
o Mundo, de John Reed. Afaga a calvície. O sol dardeja. Um vendedor ambulante
propõe-lhe uma latinha minúscula. É um creme chinês, milagroso, patrão. Pode pôr.
Sorri enquanto aspira, junto à entrada de uma loja de indianos, o aroma intenso da
mistura indefinível de cominhos, coentros, açafrão, cardamomo, canela, louro, cravi-
nho, gengibre, massala, a malagueta, o piri piri seco, amelo, verde, vermelho. Percebe
que tem de deambular muito para, se tiver sorte, poder encontrar os rins de carneiro,
os túbaros, as tripas, e a garrafeira de vinhos que tanto aprecia. Um dos membros do
Comité Central, um velho amigo dos tempos da sua militância, confidenciou-lhe
sobre uns excelentes néctares sul-africanos e chilenos à venda num Bottle Store, na
Polana. Há lá ir quando se cansar da baixa. Por enquanto, encolhe os ombros.
Jimmy Dludlu disse que vai lecionar música neste ano na ECA-UEM Experimentado como é, ele um ex-militante do Partido, ex-agente da Cia, não se
perdoa do equívoco de amador logo no início das inquirições quando entrou na sala
do hotel e um tipo mais expedito, lábios carnudos, lhe entregou uma lista, com um
headline curioso, G 40. Um Comité Central que se preze tem mais membros, pensou.

Biblioteca infantil no CCBM


Claro que há uma relação com a dimensão do partido, os militantes, a implantação
nas bases, até com a demografia do país. Esses dados ele tinha. Um outro, já no hall
– ainda o reboliço decorria nas instalações do Hotel, entregou-lhe uma segunda lista.

O
O detective quis amarrota-la mas reparou no mutismo determinado depois do gesto
Centro Cultural Brasil-Moçambi- público a partir das 9hs do dia 14 de Março impositivo e brusco do ofertante. Desamarrotou o papel e, reparou pelos nomes, não
que (CCBM), no âmbito da pro- de 2015. O Centro Cultural Brasil-Moçam- muitos, que se tratava de uma lista de, soi-disant, brancos. Perigosos, disse o miste-
moção da leitura abre neste sábado, bique “José Aparecido de Oliveira” foi inau- rioso mensageiro, calado até aquele momento. O instinto do detective alertou-o. Um
14 de Março, uma nova biblioteca gurado no dia 27 de Novembro de 1989. O homem calado é imprevisível. Num repente pode pegar numa kalsah. O nosso Pepe,
que está destinada ao público infantil. Com Centro nasceu no espírito do Acordo Geral chama-se Pepe o detective, ainda se lembrou de perguntar como é que num país de
a abertura da biblioteca, o CCBM lançará o de Cooperação entre o Brasil e Moçambique, genuína maioria onde o ovo é só gema, sem a clara peganhenta como um vómito, uns
livro infantil “Crianças Curiosas”, elaborado firmado em 15 de Setembro de 1981. reles decilitros de baba lívida podem causar tanto alvoroço. Mas calou-se.
pelo escritor Rafo Diaz em parceria com as Esta Instituição que foi concebida como um Ainda amarrotava com as mãos a papelada quando resolveu apanhar um táxi e diri-
crianças da Casa do Gaiato que produziram espaço cultural a serviço da divulgação e da gir-se para a cidade alta. Fazia calor. O cachecol no outro bolso do blazer, de tecido
os textos e as ilustrações. promoção da cultura, não apenas do Brasil, leve. Escolheu um restaurante sofrível. Servia túbaros. Enquanto esperava, beber-
mas também de Moçambique e dos demais ricando um vinho branco fresco, do Cabo, um pouco acidulado mas frutado q.b
A biblioteca tem um acervo de mais de 200 países africanos, veio conferir uma dimensão folheou os jornais. Percebeu que a incompetência das investigações só podia ser pro-
livros e os principais títulos são moçambi- concreta ao projeto de integração cultural positada. Congeminou sobre as múltiplas ilações, sobre as consequências e imaginou
canos, uma sólida colecção de livros infantis afro-brasileiro e inter-africana. os jogos florentinos nos corredores atapetados de vermelho. Graves. Concluiu que o
brasileiros, dentre eles assassinato no Comité Central tinha sido a metáfora de um outro crime, ocorrido
obras que retratam uns dias antes, numa esquina da cidade. Ocorreu-lhe a hipótese absurda de o assas-
histórias afro-brasi- sinato na sala de hotel ainda não tivesse ocorrido. As metáforas instauram sempre
leiras. uma campo polissémico complexo. Um apaixonado e zeloso leitor de textos, no caso,
Para encerrar as ac- do Texto Constitucional, caíra de borco, crivado de baladas, numa esquina da cidade.
tividades de inaugu- Percebeu que a hermenêutica era, neste país que visitava pela primeira vez, um ter-
ração da biblioteca, o ritório minado. Reviu, de memória, as passagens mais significativas da Tragédia do
CCBM acolherá um Rei Cristophe. Ainda conhecera o autor em Paris, um Aimé Césaire sábio e imenso.
planetário móvel edu- Pepe Carvalho percebeu que o seu criador tinha poucas horas para partir para Ban-
cativo. Através deste guecoque. Ziguezagueou com ele até ao aeroporto. Pela primeira vez na vida, desejou
recurso educativo, os perder o emprego. Que não o contratassem para mais nenhuma investigação, que
alunos poderão ob- nenhuma metáfora se concretizasse.
servar virtualmente os
astros. * Assassinato no Comité Central é um romance do catação Manuel Vásquez Mon-
Todas estas activi- talbán. Pepe Carvalho é o nome do personagem principal.
dades são gratuitas
e estarão abertas ao Há falta de bibliotecas infántis em Moçambique
Dobra por aqui
SUPLEMENTO HUMORÍSTICO DO SAVANA Nº 1105 ‡ 1 DE FEVEREIRO DE 2015
2 Savana 13-03-2015 Savana 13-03-2015 3
SUPLEMENTO
OPINIÃO
Savana 13-03-2015 27

Abdul Sulemane (Texto)


Naita Ussene (Fotos)

Afinal quem são


os assassinos?
N
o meu país, muitos casos de mortes mediatizados precisam de muita pres-
são para que a verdade venha a tona. São muitos assuntos que ficam sem
desfecho. Estamos num país que a verdade paira no ar. Então, começamos a
criar as nossas verdades sobre os assuntos. Mas queremos sempre a verdade
com factos.

Ao invés de se procurar a verdade sobre os factos, muitas vezes assistimos as auto-


ridades parecendo que estão tentando ocultá-la de nós.
Todos queremos saber quem foram os assassinos dos nossos compatriotas que ao
longo do tempo manifestaram opiniões contrárias ao regime. São mistérios ainda
por desvendar.
Podem tirar muitas vidas, mas fiquem sabendo que não são imortais. A finalidade de
todos é morrermos, mas claro, cada um no seu tempo. Apenas me indigna quando
tiram a vida de um ser humano por vaidades mundanas e outras situações do tipo
não podem ser contrariados.
Agora, com o assassinato do constitucionalista Gilles Cistac, tiraram-nos nova-
mente, as crostas daquelas feridas de assassinatos impunes que vimos acontecer no
nosso país.
Agora, todos esperam que o trabalho da polícia traga novidades sobre este e outros
casos de assassinatos o mais rápido possível. Será que vai ser como das anteriores
vezes em que o tempo passa e ficamos sem saber dos culpados?
Um dado animador é que o Ministro de Interior fez mudanças em vários sectores
da polícia. Será que isto vai dar mais ímpeto às investigações do caso Gilles Cistac
e os restantes que continuam mal parados? Sempre ficamos a espera e muitas vezes
nada, afinal onde residem as falhas? Será falta de vontade, possibilidades enterram
qualquer tentativa? Parece a velha questão sobre quem matou Samora Machel?
Conselhos não faltam. Todos os dias recebemos conselhos. Por isso que o coman-
dante do exército, Eugénio Mussa, cochicha algo ao Ministro do Interior, Jaime
Basílio Monteiro. Pelo sorriso parecem ser bons conselhos, e esperamos que tragam
respostas positivas para a sociedade moçambicana. Há muito trabalho ai no Minis-
tério do Interior.
Cépticos continuam todos quanto ao desfecho, ou desfechos dos casos policiais.
Como vemos o olhar do criminalista, António Frangoulis, mostra que pela forma
como são tratados as questões de perícia no nosso país deixa a desejar. Mário Mu-
juaburre, sempre com um traje exclusivo mostra a sua indignação. Talvez inspire o
Frangoulis na indumentaria, não que se vista mal, mas assim nunca passará desper-
cebido.
Os Generais na Reserva, João Facitela Pelembe e Américo Fumo também não fi-
caram indiferentes à situação. Os seus olhares parecem estar a dar a entender que
não haverá novidades.
Esta situação preocupa também os homens dos negócios. Claro que o ambiente
de assassinatos bárbaros afugenta investimentos para o país. Minam o cenário de
negócios. Por isso que Rogério Manuel, Presidente do CTA e Agostinho Vuma, seu
vice, estão com pregas na testa de preocupação.
Enquanto isso, Salimo Abdula, PCA da Vodacom, parece querer convencer a todo
o custo o Ministro das Obras Públicas, Carlos Martinho, o Ministro e o vice da
Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, Abduremane Lino de Almeida e
Joaquim Veríssimo respectivamente, que se ao usarem o mPesa nas suas instituições
saem a ganhar. Aliás aqui fica uma boa dica para o pagamento dos serviços de no-
tariado sejam via mPesa. Assim estará “tudo bom” .
À HORA DO FECHO
www.savana.co.mz EF.BSÎPEFt"/099*t/o 1105

iz- se
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IMAGEM DA SEMANA Foto de Ilec Vilanculos
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Saída de Guebuza da presidência do partido à vista? QPSBÎÍP GPJNBOEBEPHVBSEBSBTGSPOUFJSBTEPTUSÈmDPTIVNBOPT

Frelimo em conclave
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Comité Central da Fre- UFOUFTQFEJVBVEJÐODJBBPQSFTJEFOUF WFSOBÎÍPEP1SFTJEFOUFEB3FQÞCMJDB t 5BNCÏNÏVNBRVFTUÍPEFUFNQPPNBJTCBEBMBEPEPTUBCVTOP
limo, órgão máximo do EPQBSUJEPNBTFTUF BOUFTQFEJVRVF 13
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sos, reúne-se de 22 a 26 de EP$POUVEP BPSFDFCFSBBHFOEBEP (VFCV[B EFTQBDIPV  NFNCSPT EB IPNFOTEPTQSJNFJSPTUJSPT BUBMRVFBCSJBQPSUBTQBSBBSFVOJÍP
Março próximo, na cidade da Mato- FODPOUSP DVKP QPOUP ÞOJDP FSB EJT- $PNJTTÍP EB 1PMÓUJDB ËT QSPWÓODJBT NBJPS$PNPBHPSBBEBUBEP$$KÈÏDPOIFDJEB IÈQFMPNFOPT
la, província de Maputo. DVTTÍPEBTVBTVDFTTÍP (VFCV[BOÍP QBSB EFTDPOTUSVJS PT FOUFOEJNFOUPT RVBUSPEJBTQBSBBUBMSFVOJÍPHB[VB
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Em voz baixa
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EFMÓEFS
Será desta que Guebuza deixa a presidência da Frelimo?
Savana 13-03-2015
EVENTOS

EVENTOS
MDSXWo 1 GH MDUoo GH 2015 ‡ ANO ;;II ‡ No 1105

CDM grande campeã africana 2015


C
erca de 250 especialistas prémio de melhor cerveja preta
da indústria cervejeira de África pela segunda vez con-
de todo o mundo, ele- secutiva, após a vitória obtida na
geram recentemente as reunião anterior do IBD, ocorrida
moçambicanas, 2M, Laurentina em 2013 no Gana.
Preta e a Manica, como as me- Por sua vez, a Manica tornou-se a
lhores cervejas do continente melhor cerveja africana na Cate-
africano 2015. goria de Cervejas Claras com teor
de álcool igual ou superior a 5%.
Este grande premio, que orgulha Comentando sobre estas distin-
o país, e as marcas que há anos ções Pedro Cruz, Director Ge-
tem acompanhado os moçam- ral da Cervejas de Moçambique,
bicanos, foi entregue durante a afirmou que é um orgulho para a
reunião bienal do Institute of empresa, para todos os seus cola-
Brewers& Distillers (IBD), onde boradores, que tem suado dia pós
concorreram mais de 50 cervejas dia para fornecer um trabalho de
produzidas em África. excelência, assim como também
A cerveja 2M, que na mesma ce- para o país, que mais uma vez ga-
rimónia já tinha sido distinguida nha destaque além fronteiras. “
com o 1º premio na categoria de Estamos orgulhosos dos prémios
Cervejas Claras com teor de al- recebidos. Eles testemunham a
cóol abaixo de 5%, foi igualmente excelência das nossas cervejas e a
a grande vencedora com o título competência dos nossos mestres
de“Grande Campeão de Cerveja cervejeiros! São prémios que re-
2015”, um título que agrupa to- flectem também a excelência do
das as categorias de cervejas em trabalho desenvolvido individual- marcas nacionais de classe mun- efectivos, 3 fábricas de cerveja, 2 CDM é uma das maiores empre-
competição. mente e em equipa pelos nossos dial”, disse Cruz. de Chibuku, 1 de vinhos e espiri- sas do ramo de bebidas alcoólicas
A Laurentina Preta ganhou o colaboradores para termos estas Com cerca de 1200 trabalhadores tuosas e 7 depósitos de vendas, a de Moçambique.Edson Bernardo

“MO” celebra entrada no mercado moçambicano


P
rimeira loja da marca MO Celso Leão, Administrador da
introduz uma mudança RM, afirma que “Não existem lo-
no sector de retalho em jas com as características da MO
Moçambique com as úl- em Moçambique, com produtos
timas tendências no mundo da de qualidade a preços acessíveis
moda, produtos de qualidade, e com um serviço 100% voltado
a preços atractivos para toda a para o cliente, por isso, estamos
família. A marca de moda inter- confiantes na mudança positiva
nacional MO acaba de se apre- que representa para o país. “Te-
sentar ao mercado moçambicano mos um ambicioso plano de ex-
com a inauguração oficial da pri- pansão para os próximos quatro
meira loja, localizada no centro anos, sendo que o nosso objectivo
de Maputo. é conseguir estar presentes em
todas as províncias do País nesse
A MO, maior empresa portugue-
período de tempo, oferecendo aos
sa de retalho têxtil, pertencente
nossos clientes, produtos de qua-
ao grupo português Sonae, conta
lidade a preços acessíveis, num
com uma vasta experiência não
ambiente de loja moderno e aco-
só em Portugal mas também, ao
nível internacional. A entrada da lhedor”.
MO em Moçambique vem no Em Moçambique, a MO benefi-
seguimento de um plano de ex- cia do novo conceito de loja cen-
pansão internacional e realiza-se trado na inovação ao serviço da
através de um acordo de franchi- mulher e da sua família, disponi-
sing com a RM, Representações bilizando produtos de vestuário,
em Moçambique, empresa par- acessórios e calçado para toda a
da moda internacional. lojas em cinco países: Portu- para França, Bélgica e Roménia,
ticipada pelo Grupo Entreposto, família. Os moçambicanos po-
parceiro local que detém vasta dem ter acesso a produtos moder- A entrada em Moçambique vem gal, Espanha, Malta, Bulgária e onde a marca é comercializada
experiência e know-how em todo nos, trendy e com estilo, alinha- alargar a presença internacional Moçambique. Adicionalmente, em lojas de outros retalhistas.
o país. dos com as principais tendências da MO, que passa a contar com a MO exporta os seus produtos (Elisângela Comé)
2 EVENTOS Savana 13-03-2015

CTGR inaugura Sala Livaningo promove uso


de Informática de energias limpas
A A
Empresa Internacio- conhecer o representante da organização não governa- zação mundial de saúde apontam para um crescente acesso a energias
nal de Energia Quími- CTRG Augusto Sanjane. mental Livaningo, que se que a nível nacional três mulheres limpas e renováveis, facto que pode
ca, Sasol e a Electrici- Ainda na cerimónia inaugural, dedica a defesa do meio morrem por dia devido a inalação ser galvanizado nos próximos anos
dade de Moçambique Paulo Fernando Director pro- ambiente, protagonizou de fumo na cozinha, pelo que a quando começar a exploração do
(EDM), inauguraram na se- vincial da Educação e Cultura recentemente uma marcha, na ca- promoção do uso de fogões melho- gás natural no norte do país.
mana passada, a sala de infor- falou da importância do uso das pital do país como forma de sen- rados e energias limpas visa trazer Deste modo, considera que o con-
mática da Escola Secundária tecnologias de informação em sibilizar às populações a optarem alternativas saudáveis a cozinha e sumo doméstico do gás deve ser
04 de Outubro, localizada no escolas. pelo uso de fogões melhorados ou ao meio ambiente. uma das grandes prioridades do
distrito de Moamba, província “ A existência e a utilização de de energias limpas para preserva- O programa das energias renováveis governo, pois o acesso à energias
de Maputo. uma sala de informática num ção do meio ambiente e do bem- no contexto das mudanças climáti- limpas é uma questão de justiça so-
estabelecimento de ensino -estar social. cas é implementado pela Livaningo cial e não de cariz política.
A oferta de uma sala de infor- constituí uma vertente impres- desde 2011, como deu a entender No tocante às mudanças climáticas
mática com 26 computadores cindível e gratuita. Ela pro- Domingos Pangueia, coordenador Domingos Pangueia, o nosso país o desafio prende-se com urgência
à aquela escola, enquadra-se porciona informação e ideias do programa na área de energia e está entre os seis países mais vul- de se reduzir significativamente as
no projecto de responsabilida- fundamentais para sermos bem mudanças climáticas, aponta que neráveis a estes desastres naturais, emissões provocadas pelas indús-
de social da empresa Central sucedidos na sociedade actual, em Moçambique mais de 75 por abaixo de países como Malawi, Tai- trias e pela destruição das flores-
Térmica de Ressano Garcia baseada na informação e no co- cento da população depende exclu- lândia, Filipinas e Cabo Verde que tas, sendo que uma das vias passa
(CTGR), que investiu cerca nhecimento.” Disse sivamente do uso de lenha e carvão ocupam os lugares cimeiros. necessariamente por engajar a ju-
de 7 milhões de meticais neste E por sua vez, o Director da para cozinhar, facto que acarreta Assim, o nosso interlocutor apon- ventude e a sociedade no geral na
projecto. escola Rodolfo Tangue, agrade- custos económicos, sociais e am- ta que um dos grandes desafios sensibilização do uso de energias
E ainda neste âmbito, serão ceu a CTRG pela reabilitação e bientais. de Moçambique é criar condições limpas.
inaugurados brevemente 3 la- pelo apetrechamento da sala de Segundo Pangueia, actualmente o
boratórios que estão em cons- informática e acredita que esta carvão e lenha que abastece os mer-
trução e a reabilitação da bi- nova sala vai contribuir para os cados da capital, provem há uma
blioteca e a aquisição de livros alunos na área de tecnologia. distância de 400 quilómetros, o que
para a mesma. Segundo deu a (Elisângela Comé) constitui uma das grandes conse-
quências da destruição das florestas.
Devido a esta situação, nos últimos
quatro anos, o preço do carvão su-
biu cerca de 200 por cento. Dos
400 meticais, que custava um saco
em 2011, actualmente ronda entre
1000 a 1200 meticais uma unidade
de 60 quilos.
O coordenador do programa na
área de energia e mudanças climá-
ticas precisou que dados da organi-

TDM entrega mil redes


Standard Bank com mosquiteiras a INGC
novo Administrador C
erca de mil redes mosqui- as vítimas das cheias e esperamos “As famílias já estão a retornar à sua
teiras foram entregues que elas contribuam para a preven- vida normal e estamos neste mo-
nesta quarta-feira, ao Ins- ção da malária”, disse Xavier de Je- mento no processo de reassenta-
tituto Nacional de Gestão sus Maria. mento e a dar assistência às vítimas

Delegado
de Calamidades(INGC) no âmbi- Por seu turno, Marta Manjate, di- em termos de bens alimentares,
to da política de responsabilidade rectora das Zonas Áridas e Semi- sementes, etc”, segundo explicou
social da empresa Telecomunica- -Áridas do INGC, referiu que, Marta Manjate.

O
ções de Moçambique (TDM). embora a situação esteja controlada Sobre a oferta das TDM, a directo-
Standard Bank Moçam- ção de Tecnologias de Informação no que diz respeito à assistência às ra das Zonas Áridas e Semi-Áridas
bique apresentou recen- e Comunicação e Departamento de Esta oferta, que foi resultado das vítimas, a maior preocupação neste do INGC referiu que a mesma vai
temente o seu novo ad- Marketing. De 2011 até à data da contribuições dos gestores, técnicos momento prende-se com a eclosão reforçar as acções de prevenção da
ministrador delegado, em e trabalhadores da empresa, visa de doenças, tais como a malária, có- malária nesta época chuvosa.
sua nomeação ele ocupava o cargo
substituição de António Couti- contribuir no combate à malária, lera, entre outras.
de director da Banca de Particulares
nho, que passa a assumir a direção e Negócios. no seio da população afectada pelas
do Standard Bank em Angola. António Coutinho assume a direc- cheias nas regiões centro e norte do
ção em Angola após 15 anos con- País., concretamente, nas provín-
O mestrado em Administraçao e cias da Zambézia, Tete, Nampula,
secutivos na liderança do Standard
Gestão, Adimohanma Chukwuma Cabo Delgado e Niassa.
Bank Moçambique. Durante estes
Nwokocha, mais conhecido por Falando em volta desta contribui-
anos esta instituição bancária con-
Chuma Nwokocha, é o novo ad- ção, Xavier de Jesus Maria, direc-
tribuiu para o crescimento da eco-
ministrador delegado do Standard tor de Marketing das TDM referiu
nomia nacional, através do finan- que o objectivo é apoiar as acções
Bank Moçambique, que passa a ciamento de importantes projectos
assumir este cargo, no âmbito da de prevenção da malária levadas
nos sectores das telecomunicações, a cabo nas zonas afectadas pelas
rotatividade de quadros no Grupo
construção civil, agro-indústria, cheias, que são consideradas pro-
Standard Bank.
manufactura, mineração e infraes- pensas à eclosão desta e de outras
Chuma Nwokocha, extreiou-se
no Standard Bank em 2005, como truturas. doenças.
director financeiro, tendo em 2009 Chuma Nwokocha assume o car- “É uma situação que afectou parte
assumido o cargo de Chief Ope- go, dando continuidade ao trabalho da população moçambicana e não
rating Officer, onde coordenou as prestado até então pelo seu colega podíamos ficar indiferentes a ela.
actividades da Direcção de Opera- António Coutinho. A oferta das redes mosquiteiras re-
ções, Direcção Financeira, Direc- Edson Bernardo presenta a nossa solidariedade com
Savana 13-03-2015 3
EVENTOS

Armindo Ngunga lança Campanha “Partilha


uma Coca-Cola”
“Introdução a Linguística Bantu” engrandece On
O Spot Marketing
professor catedrático e mo tempo que tenta equilibrar a 2003.
actual Vice-ministro da linguagem para que os seus conteú- Actualmente é investigador e Di-
Educação e Desenvolvi- dos sejam acessíveis aos estudantes. rector do Centro de estudos afri-

A
mento Humano, Armindo Segundo o autor da Obra, este livro canos da UEM. (Elisângela Comé)
Ngunga, lançou recentemente no ON SPOT Marketing lhar felicidade é um processo
complexo pedagógico da Universi- é um trabalho que resulta reforça a sua presença simples. O participante adqui-
da pesquisa das línguas mo- em Moçambique com re uma lata (200ml) e utiliza a
dade Eduardo Mondlane em Ma-
çambicanas durante muito o lançamento do maior “tecnologia” Coca-Cola para a
puto, a obra intitulada Introdução
anos, para além de fazer a momento de activação alguma personalizar com o nome que
à Linguística Bantu, 2ª Edição.
descrição, apresenta uma vez desenvolvido pela agência preferir. Depois é só partilhar
Este Livro cuja primeiro foi uma em 13 anos de actividade. O a sua alegria com os amigos e/
obra de referência em linguística parte muito importante em
termos teóricos daquilo que projecto “Partilha uma Coca- ou familiares através da hashtag
bantu em língua portuguesa, sinte- -Cola” inclui 90 acções e estima #partilhacocacolaMZ.
tiza a personalidade académica do existe de mais recente em
linguística bantu. envolver um universo de 500 Para Eduardo Monteiro, Ma-
autor. mil pessoas. naging Partner da On Spot
Armindo Ngunga, mo-
Marketing ”O “Partilha uma
A obra comporta exemplos de des- çambicano, doutorado em
No ano em que comemora Coca-Cola” é um projecto ali-
crição de fenómenos linguísticos linguística em 1997, pela
quatro anos de presença em ciante não só pelo seu conceito
de quase todas línguas faladas no Universidade de Califórnia,
Moçambique, a On Spot Ma- e dinâmica de partilha de felici-
país, albergando todo o mais mo- em Barkeley, Estados Uni-
rketing vê uma vez mais reco- dade, mas também, pelo desafio
saico linguístico. A “Introdução à dos da América. É professor nhecido o seu trabalho neste de envolver milhares de pessoas
linguística Bantu” propõe-se a ofe- Catedrático em linguística país africano com um novo numa activação única. Por outro
recer ferramentas para a descrição Africana no Departamen- desafio da marca Coca-Cola. lado, vemos aqui o reconheci-
das línguas bantu, tentando o mais to de Faculdade de letras e Com o propósito de materiali- mento da qualidade do trabalho
possível buscar exemplos das mais Ciências Sociais da Univer- zar o sentimento de felicidade que temos vindo a desenvol-
variadas línguas nacionais e ilustrar sidade Eduardo Mondlane de partilhar uma Coca-Cola, a ver no mercado moçambicano,
os fenómenos linguísticos ao mes- (FLCS-UEM) entre 1993- agência de activação desenvol- numa acção ampla que passa por
veu um conceito que tem como vários territórios: vamos visitar
objectivo dar às populações a bairros, mercados locais, praias,
possibilidade de partilharem a escolas e centros comerciais es-
sua lata, personalizando-a atra- palhados pelas regiões Sul (Ma-

Vodacom é pioneira em Política vés de Vending Machines cria-


das para esse efeito.
O Road Show itinerante por
puto, Xai-Xai e Inhambane),
Centro (Beira, Tete e Quelima-
ne) e Norte (Nampula, Nacala e

Interna de Apoio à Maternidade


todo o país começou em Feve- Pemba) e estimamos partilhar
reiro e irá prolongar-se até final mais de 150.000 latas de Coca-
de Abril. Neste projecto espa- -Cola.” (Elisângela Comé)

A
Operadora móvel torna- tica que envolva todas as colabora- “As mulheres compõem actual-
-se numa das primeiras
organizações do mundo a
definir uma Política Glo-
doras de todos os departamentos,
das 30 Empresas operacionais onde
o Grupo Vodafone está presente:
mente, um número significativo
de trabalhadores da Vodacom em
Moçambique e, como tal, é uma
Mulheres marcham pela
bal de Apoio à Maternidade que
engloba todas as mulheres grávidas
que trabalham no Grupo Vodafo-
África, Médio Oriente, Ásia, Euro-
pa e EUA.
Esta nova política, na qual a Voda-
prioridade para nós criar um am-
biente que lhes permita criar uma
família e simultaneamente desen-
igualdade de género

N
ne. fone é pioneira, oferece a todas as volver uma carreira profissional
o âmbito das celebrações valorizada, a título de exemplo, o
futuras mamãs Vodacom, 16 se- de sucesso. Com a implementação
do dia Internacional da governo municipal disse que dos
A Vodacom Moçambique acaba manas de licença de maternidade desta nova política, seremos capa-
Mulher que se assinalou 21 projectos que serão abrangidos
de aderir a uma nova Política Glo- pagas na totalidade e remuneração zes de expandir a nossa política de
no passado dia 8 de Mar- pelos fundos de apoio a projectos
bal de Maternidade lançada nesta integral de 30 horas semanais nos maternidade padrão, bem como dar
ço, a Actionaid em parceria com a distritais 10 são para associações
terça-feira pelo Grupo Vodafone. primeiros seis meses de trabalho a oportunidade das nossas colabo-
Muleide, Fórum Mulher, Amudeia de mulheres, o que significa o
Até ao final de 2015, é objectivo da após a licença de maternidade. radoras de escolherem qual das op-
e outras organizações não governa- comprometimento que o governo
Operadora implementar uma Polí- Para Jerry Mobbs, Presidente do ções lhes é mais vantajosa. Temos
mentais locais, que advogam pelos municipal e distrital assume na luta
Conselho Executivo da Vodacom por isso, a forte convicção que com
direitos das mulheres, organizaram pelo equilíbrio de Género.
o lançamento desta nova política,
no Domingo passado uma mar- Para Clotilde Malate, representan-
seremos capazes não só de atrair,
cha na vila sede da Manhiça sob o te das organizações da Sociedade
mas também, de reter alguns dos
Lema “ Igualdade para as Mulheres Civil (OSC) disse que “ apesar dos
melhores talentos de Moçambique
é progresso para Todos ”. esforços da mulher na sociedade,
e em particular da Vodacom.”
nós sentimentos um recuo em ter-
“Muitas mulheres talentosas dei-
Esta tinha como objectivo princi- mos da proposta de igualdade, por
xam de parte a sua carreira profis-
pal intensificar a luta pela igual- exemplo, quando falamos da parti-
sional porque enfrentam a escolha
dade de género, e a protecção das cipação política das mulheres. Na
difícil entre ser mãe e o desenvol-
mulheres contra violência baseada legislatura passada tínhamos uma
vimento de uma carreira de suces-
no Género. percentagem de mulheres mais ou
so. A nossa nova Política de Ma-
A marcha teve como local de iní- menos daquilo que o protocolo
ternidade Global irá apoiar mais
cio a ponte da entrada da Vila da SADC propõe (que era atingir
de 1.000 funcionárias do Grupo
da Manhiça até a praça, e depois equilíbrio de género até 2015), no
Vodafone por ano, nomeadamente
prosseguiu ate Chibutituine onde entanto, agora reduziu cerca de
em países onde a assistência e apoio
decorreram as cerimónias centrais, 13% o número de mulheres com
legislativo à maternidade é qua-
que culminaram com assinatura e assentos na assembleia da Repú-
se inexistente. “ defende Vittorio
entrega do Banner as autoridades blica e não só, temos uma redução
Colao, Chief Executive do Grupo
locais como forma de comprome- também a nível do Governo, com-
Vodafone.
timento na luta pela igualdade de parados com o governo cessante.
No final do evento, Jerry Mobbs
Género. Não queremos só o aumento de
da Vodacom voltou a reforçar:
Falando naquela ocasião o Presi- número de mulheres, mas quere-
“Acreditamos que o apoio às mães
dente do Conselho Municipal da mos mulheres com capacidade de
que trabalham nos vários departa-
Vila da Manhiça, afirmou que a liderança, com capacidade de in-
mentos e sectores da nossa orga-
mulher joga um papel importan- fluenciar decisões em prol do de-
nização trará melhores resultados
te na sociedade e acrescentou que senvolvimento do país, da mulher
e decisões, e por conseguinte, uma
o governo municipal lutará para e da criança”, enfatizou a represen-
cultura melhor e uma compreensão
que a está se sinta cada vez mais tante da OSC. (Elisângela Comé)
mais profunda das necessidades dos
nossos clientes. (Elisângela Comé)
4 EVENTOS Savana 13-03-2015

“Sexo Fraco” no Gungu


N
inguém estaria em condi- e na sua respectiva educação, não
ções de imaginar a quali- a leva para escola. Porque sempre
dade e a dimensão do passo alega que o mordomo vai fazer
passivel de ser dado por tudo, onde o mordomo chega até ao
companhia Gungu a pois a criação ponto de praticar relações sexuiais
de um espectáculo tão poderoso com sua esposa.
como “Com quem fica a casa do No final da peça Gaspar aceita que
papá”. Ninguém estaria prepara- as tradições estão cheias de tabus
do para antecipar um regresso tão que amedrontam as pessoas. E esses
ancorado na alma moçambicana e rituais já não têm enquadramento
ao mesmo tão distaciado no olhar nos tempos actuais, não obstante
ironico e subtil com que encena esta
em algumas regiões do país ainda
insistência em construir um discur-
se mostrarem muito fortes. Onde
so sobre o modo como nos subju- Actores da Companhia Gungu em cena chega a aceitar o casamento da sua
gamos a práticas tradicionais. A
ele alega que a purificação é um le- problemas” setenciou Gaspar. “Vai de uma voz coral de onde parece es- cunhada com o seu namorado Hé-
ninguém teria antes ocorrido que a
nossa tristeza , como traço de iden- gado secular. Saltando essa etapa o afastar os azares e infortúnios que correr um esboço de comentário ao lio.
tidade, é, afinal, uma imensa alegria. risco seria desastroso. vêm dos espíritos e ancestrais”, dito, ao não dito, ao que está prestes “Sexo Fraco” continua a por em
“Sexo Fraco” é um profundo passeio Começa num verdadeiro vale de acrescentou o purificador. a ser dito. Por outro lado, se numa cena, mas numa identidade que o
pelas veredas onde se constroi o re- lágrimas por parte da sua cunhada, “Sexo Fraco” uma peça arrebetadora leitura superficial este parece ser Director da Companhia, Gilberto
trato fiel de uma sociedade. Helena, pois no ximbitana, todos os destinada a conquistar um espaço um espectáculo onde a forma, ma- Mendes quer mais diversão. Uma
“Quisemos colocar a mulher no membros da família cuspem para na galeria dos mais memoráveis teriazada na beleza estética daquele pluralidade que traduz a riqueza do
lugar que é delas. Olhando para o posteriorimente a viúva beber. A momentos do teatro moçambicano. universo menos onirico criado do que significa o teatro hoje e tirando
homem e para a mulher, sem mui- Clara, irmã mais velha do falecido, Há uma infinda e torturada tristeza primeiro ao último suspiro, logo se proveito também da riqueza criativa
ta atenção, pode parecer que o ho- neste caso proibe a sua cunhada de na voz isolada da viúva Helena, cuja percebe que “Sexo Fraco” está mui- moçambicana.
mem é o sexo forte, mas quando se beber ximbitana, onde ela alega que importâcia em cena vai assumindo to para além de um simples delírio Questionado sobre o estágio das ar-
aprofunda a análise descortina-se não fazia mais sentido em pleno diferentes cambientes à medida que visual pontuado por palavras. Há ali tes cénicas em Moçambique, o Di-
um sexo fraco tremendamente evi- século XXI submeter às mulheres o espectáculo evolui. “Sexo Fraco” um desejo de arrancar as vísceras da rector respondeu nos seguintes ter-
dente. Absurdamente incapaz dos a tratamentos desumanos. “A tradi- convoca em cada momento os fa- alma moçambicana. E isso a com- mos “Falta alguma acção para que
mais nobres comportamentos. Sexo ção não é estática”, justifica a Clara tasmas que habitam as sociedades, panhia Gungu consegue-a como o teatro atinja os patamares deseja-
Fraco é uma alegoria à mulher”, jus- Segue-se os momentos mais emo- desde opressão, descriminação, ninguém. dos”- Concluiu Gilberto Mendes.
tifica a escolha do título o Director cionantes da peça. Gaspar volta a chacina à auto estima das mulhe- A narrativa arrancou o riso ao mais Fazem parte desta peça cinco ac-
da Companhia Gungu, Gilberto ensistir na purificação, onde chega res. Kutchinga obriga a viúva a ter sério espectador do evento, embora
tores: Joanete Rombe no papel de
Mendes. a fixar a sua residência em casa do relações carnais desprotegidas, onde retratasse o drama do género femi-
Clara, Beatriz Munguambe no pa-
“Sexo Fraco” vive um feliz cruza- seu irmão falecido, abandonando a pode também implicar o seu casa- nino.
pel de Helena, Emelda Macamo no
mento de linguagem, com a música, sua esposa Sónia. mento com um parente do defun- No “Sexo Fraco” existe um casa-
“Bebe ximbitana ou terei que te to, mesmo que este seja já casado. mento perfeito do retrato da vida papel de Sónia, Eduardo Gravata
onde pontua com uma viagem feita
tchingar”, coloca contra parede a Alternativamente pode ser indicado social das famílias. no papel de Raul e Gilberto Men-
de inquietudes afogadas em algu-
sua cunhada Helena. Gaspar de- um membro da comunidade consi- Gaspar por um outro lado casou des no papel de Gaspar
mas práticas tradicionais, como o
kutchinga, que equivale a levirato. secadea uma guerra desefriada derado purificador nato e suficien- com Sónia mas não fica em casa Importa sublinhar que “Sexo Fraco”
“Sexo Fraco”, de resto é uma peça no sentido defender a sua posição temente experiente para realizar o porque tem um desejo ferrenho pela ficará em cena durante 4 meses.
teatral que começa no escuro com o como legítimo purificador nato da kutchinga. sua cunhada em nome da tradição. De referir ainda que a encenação e
actor Gaspar (irmão do falecido) a sua cunhada. “Há necessidade de Por um lado, os actores, e o modo e Faz um trespasse dos seus deveres o texto está a cargo do Director da
tentar purificar a sua cunhada He- eu te purificar para que o espírito as circunstâncias em que se colocam ao mordomo, tais como, participar Companhia Gungu.
lena por meio de ximbitana, onde do mano não te persiga e não crie em cena, fazem deles uma espécie nas reuniões da escola da sua filha, (Hermenegildo António)

Nova geração de escritórios BCI e Tropigalia


estabelecem parceria para
chega a Maputo através do financiar seus clientes
Platinum Corporate
O
Banco Comercial e de esclareceu: “Este cartão não acarre-
Investimentos (BCI) e a ta qualquer custo adicional para o
Tropigalia rubricaram na Cliente.” - Afirmou Adolfo Correia

A
pós o sucesso na comer- Maputo que conta com assinatura Corporativa, pisos corporativos tarde desta terça-feira, um O PCE do BCI, Paulo Sousa, que“
cialização das residên- do Arquitecto Frederico Valsassina e ou pisos flexíveis. protocolo de parceria, marcando que o BCI tem sido o Banco que
cias, o Edifício Plati- distingue-se por ser multifuncional, De forma a simplificar o pro- igualmente o lançamento oficial do mais tem apostado na bancarização
num, que representa o flexível e sustentável do ponto de cesso de instalação dos seus Cartão Tropigalia. A formalização do País, contando actualmente, com
primeiro investimento do Grupo vista ambiental. clientes, a Promovalor estabe- do acto esteve a cargo do Admi- 168 unidades de negócio, a maior
Promovalor em Moçambique, Para Tiago Vieira, Administrador leceu uma parceria com a Vec- nistrador-Delegado, Adolfo Cor- rede comercial de Moçambique. Por
inicia em Março de 2015 o arren- do Grupo Promovalor, “O Plati- tor Mais para consultoria em reia, por parte da Tropigalia e do isso, a Tropigalia é a empresa com a
damento da componente de es- num Corporate marca a entrada fit out que visa a personalização Presidente da Comissão Executiva, maior rede de distribuição de pro-
critórios. Um edifício que incor- de uma nova geração de escritórios dos espaços desde a concepção Paulo Sousa, por parte do BCI. Tes- dutos do ramo alimentar em todo o
pora uma fusão de residências, em Maputo – um edifício Classe A, à construção de interiores. temunharam o acto colaboradores País, estando hoje, presente em to-
escritórios e lojas na intemporal que cumpre com os mais exigentes Tiago Vieira acrescenta que “O da Tropigalia e do BCI, parceiros, das as províncias. Noutro desenvol-
Avenida Julius Nyerere, zona no- padrões internacionais de qualidade, Platinum Corporate é a solu- clientes e convidados. vimento destacou as vantagens do
bre de Maputo, e que representa- para as empresas que procuram uma ção adequada para as empresas Cartão Tropigalia: Crédito gratuito
rá uma nova experiência de vida nova sede numa localização prime.” mais exigentes. Um projecto “O BCI, com a sua especialização até 40 dias; Linha de Crédito ajustá-
para quem privilegia poder viver O Platinum Corporate oferece 17 desenhado para atrair as me- na concessão de crédito, atribui um vel às necessidades da cada Empresa;
e trabalhar no “centro da cidade”. pisos de escritórios até 11.228 m2, lhores empresas nacionais e plafonda a cada Cliente, sugeri- Oferta do serviço Alertas BCI SMS;
do 5º ao 21º piso com uma excelente multinacionais que se preten- do pela Tropigalia, o que permite à Acesso permanente ao extracto de
O Platinum Corporate é um vista sobre a cidade e a baía de Ma- dam sediar no centro da cidade, Tropigalia receber o valor facturado, movimentos”.
emblemático centro de negócios, puto. No seu interior o espaço foi respondendo às suas exigências concedendo facilidades de paga- A terminar, Paulo Sousa lembrou
com uma localização prime na concebido de forma a proporcionar a actuais, bem como antecipando mento ao nosso parceiro. Na prática que com esta iniciativa o BCI estava,
Avenida Julius Nyerere e com a máxima eficiência e flexibilidade no as suas necessidades futuras”. é um benefício que se junta a todos uma vez mais, a cumprir a sua Mis-
conveniência de estar perto de aproveitamento das áreas e a máxima Neste momento, a edificação os outros que a Tropigalia já possui, são: “Contribuir activamente para o
tudo. Um projecto de arquitectu- funcionalidade nas soluções técnicas acima do solo já é visível ao ní- mas nos liberta da dependência fi- desenvolvimento económico e social
ra único e distinto que potencia adoptadas. Um formato que permite vel do 20º piso, tendo o Plati- nanceira para podermos continuar a de Moçambique, criando valor e ge-
a imagem corporativa das empre- rentabilizar a área e a sua adaptação num Corporate conclusão pre- investir e desenvolver negócio neste rando satisfação para Clientes, Ac-
sas. Um empreendimento inspi- necessária ao crescimento das equi- vista para o primeiro trimestre mercado tão vasto e tão emergente. cionistas, colaboradores, parceiros e
rado na imagem modernista de pas, quer se trate de uma única Sede de 2016.( Elisângela Comé) Esperamos que o mecanismo seja a comunidade em geral, de modo so-
bem entendido e aceite.” Por fim, cialmente responsável e sustentável.”

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