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HISTORIA DO KARATE-DO
Arte marcial japonesa desenvolvida a partir da arte marcial indígena de Oquinaua
sobinfluência da arte da guerra chinesa (chuan fa), das lutas tradicionais japoneses (koryu) e das
disciplinas guerreiras japonesas (budō). Depois, devido a alterações geopolíticas, sobreveio a
predominância das disciplinas de combate do Japão e, nesse período, o modelo tendeu a
simplificar ainda mais os movimentos, tornando-os mais diretos e eliminando o que não seria útil.
O repertório técnico da arte marcial abrange, principalmente, golpes contundentes nos
pontos vitais (atemi waza), como: pontapés, socos, joelhadas, bofetadas, etc., executadas com as
mãos desarmadas. Todavia, técnicas de projeção, imobilização e bloqueios — nage waza,
katame waza, uke waza — também são ensinados, com maior ou menor ênfase, dependendo de
qual estilo ou escola se aprende a arte.
A evolução desta arte marcial aconteceu orientada por renomados mestres, resultando no
caratê moderno, cujo trinômio básico de aprendizado dividi-se em: kihon (técnicas básicas), kata
(sequência de técnicas, simulando luta com várias aplicações práticas) e kumite (enfrentamento
propriamente dito, dar-se de maneira esportiva ou competitiva ou mais próxima da realidade).
Esse processo evolutivo também mostra que a modalidade surgida como se fosse uma única raiz
acabou por se dividir em três partes e, por fim, tornou-se uma miríade de diversas variações
sobre um mesmo tema.
ARTE DAS MÃOS VAZIAS (karate-dō 空手道, Caminho das mãos vazias)
No fim do século XIX, o caratê ainda era marcado de modo forte por quem o ensinava, não
havia, posto que houvesse similitudes entre as técnicas, um padrão, o que dificultava sua maior
aceitação fora de círculos restritos, porque era praticado e ensinado num rígido esquema de
mestre/aluno. Com a mudança do cenário político e com a anexação final de Ryukyu, em 1875,
por parte do Japão, fazendo com que o reino se transmutasse na província de Oquinaua,
rompendo com o isolamento da população do arquipélago e incorporando-os de vez à população
nipônica. E coube a Anko Itosu, um discípulo de Matsumura e secretário do rei de Oquinaua, usar
de sua influência para tentar disseminar a arte marcial.
O mestre via o te (sig. mão chinesa) não somente como arte marcial mas, principalmente,
como uma forma de desenvolver caráter, disciplina e físico das crianças. Ainda assim, o mestre
julgava que os métodos utilizados até a época não eram práticos: o te era ensinado basicamente
por intermédio do treino repetitivo dos kata. Então, Itosu simplificou o treino a unidades
fundamentais, os kihons, que são as técnicas compreendidas em si mesmas, um soco, uma
esquiva, uma base, e, além, compilou a série de kata Pinan com técnicas mais simples e que
passariam a formar o currículo introdutório. A mudança resultou na diminuição, supressão em
alguns casos, de táticas de luta, mas reforçou o caráter esportivo, para benefício da saúde: deu-
se relevo a postura, mobilidade, flexibilidade, tensão, respiração e relaxamento.
vazias), como forma de vencer as barreiras culturais, as resistências para aceitação, pois como
algo com origem chinesa não era visto com bons olhos, por haver tensões latentes entres os dois
países. Todavia, documentado é o fato de o mestre Hanashiro Chomo, numa publicação intitulada
«karate kumite», claramente referir-se à sua arte marcial como mãos vazias.
seria certamente repudiada, pelo que a mudança da arte para o karate-dō (空手道, caminho das
mãos vazias), isto é, com o acréscimo do sufixo "dō", como se deu com muitas das artes marciais
praticadas no Japão. A partícula (do) significa caminho, palavra que é análoga ao familiar
conceito de tao. Daí que o caratê deixou de ser encarado apenas em seu aspecto técnico, ou
jutsu, para serem realçados o filosófico e o físico (educacional).
A modernização e sistematização do caratê no Japão também incluiu a adoção do
uniforme branco (quimono ou karategi) e de faixas coloridas indicadoras do estágio alcançado
pelo aluno, ambos criados e popularizados por Jigoro Kano, fundador do judô. As contribuições
de Jigoro Kano não se limitam ao uniforme de treinamento e à padronização das graduações,
mas vão até as técnicas, que foram compiladas dentro do estilo Shotokan. O conceito de do,
posto que presente há muito, foi de certa forma reinterpretado segundo suas ideias.
TREINAMENTO
O treinamento tradicional de caratê deve começar e terminar com um breve momento de
meditação, mokuso, cuja finalidade é preparar o carateca para os ensinamentos que receberá e,
depois, refletir sobre os mesmos. A cada momento ou exercício faz-se saudação no começo e no
fim, sendo costume difundido em vários dojôs fazer uma reverência ao entrar e sair do local de
treinamento.
Esse caráter mais abrangente do caratê é bem visível pela partícula "dō" (道) de seu nome.
Historicamente, foi o monge Peichin Takahara quem primeiro a descreve a filosofia do "dō", do
caminho de evolução que são as artes marciais, em sintonia com os ensinamentos do caratê.
Ainda no século XVII, ele descreveu as três vertentes que, combinadas, culminam na evolução da
pessoa: ijo, Fo e katsu.
Ijo (径) pode ser expresso em atitudes pró-ativas em favor de terceiros. Também se diz que
Fo (则, princípio) é o compromisso, isto é, a dedicação que alguém tem para com algo; no
“空手に先手無し
DIDÁTICA
Kihon (基本) significa "fundação" ou "fonte", é uma técnica básica, um soco, uma defesa,
uma postura, que é repetida pelo praticante diversas vezes. O escopo é tornar o
movimento tão natural que, quando for executado num kata ou num kumite, não haverá
dificuldades e o aprendizado fluirá.
Kata ( 型 ) significa "forma" ou "modelo". Um kata pretende ser uma luta simulada,
formatada para que o carateca consiga praticar sozinho; são movimentos coreografados
que visam dar desenvoltura frente a situações reais de enfrentamento, contra um ou vários
adversários imaginários.
Kumite (組み手 ou 组手 mãos dadas) representa uma luta, um combate. Seu nome, sendo
traduzido como o encontro das mãos, pretende fazer memento ao lutador que o embate
dar-se-á, pelo menos nos primeiros momentos, em condições de igualdade. Por
conseguinte, deve haver respeito.
Como a modalidade é, antes de tudo, uma arte marcial, exige-se de seu adepto que
pratique os exercícios com dedicação e empenho similares a estar num campo de batalha: a
mente deve estar focada no exercício, de molde a absorver o movimento/conceito na sua
inteireza. Essa atitude é, em verdade, esperada do carateca perante quaisquer situações do
cotidiano, eis que o caratê é concebido como uma disciplina marcial, ética e budo.