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ENSAIOS PANDÉMICOS (Boris Franco)

uma revolução para nos livrarmos da mania das


revoluções, e nos tornarmos livres e plenos afinal

[parágrafos que já não nos procuram]

livros que questionam os livros que questionam o Livro

livros que são acidentalmente inquestionáveis

algo assexuou a arte, a música & os eventos

a despoetização foi feita a pretexto do conceito

a escolha da tipografia em que este ensaio está publicado é irónica

penso num artista que começou pelo falhanço, pelo anacronismo

participamos numa arte sem importância histórica nenhuma

não somos nem os primeiros nem os últimos

livremo-nos do espectro de Mallarmé

presidiários que se ignoram, caídos na esparrela do John Cage

gosto de ter caído nessa esparrela, e farto-me de rir

a estética da indiferença deixa-me indiferente

o tijolo do Krazy Kat tornou-se na autobiografia do Filliou

os que insistem no eu são caricaturais, os que utilizam todos os métodos para fingirem
que se livram dele são hipócritas

sei que sou contagioso, mas ignoro que doença sou

atiro tijolos à minha cabeça — é a repetida performance que escolhi, é a minha arte
como vida, garantida prova da idiotia e da dor

estes livros são pastiches de Livros de Artista, e não devem ser confundidos com eles
são incursões no mercado burguês, incursões infelizmente de borla

os livros mais alternativos acabam por ter como destinatário os biblófilos — talvez
tenham que esperar um pouco mais

os museus legitimam o coleccionismo, e não parece haver nenhum drama nisso, só é


pena que a legitimidade dos discursos teóricos simule ser tão ingénua

a vanguarda que questionou tudo usou a tipografia do capitalismo e foi conservadora e


classicista no aspecto gráfico

a Academia de Vanguarda tenta ressexualizar e radicalizar formalmente o que periclitou


na vanguarda

não se confunda Suprematismo com Construtivismo — o primeiro foi inovador, o


segundo foi parasitário e tornou-se uma doença totalitária

a metáfora, sempre a metáfora, mas para ser levada ainda mais à letra

o poético promete tornar-se jardim, e não selva

a Vanguarda considera simultaneamente o melhor do tecnológico que está a vir, o


homem que se quer aumentar multiplicando, os bichos e as plantas

mais um passo ao lado do Zuturismo

os humilhados pela história só podem triunfar através das nossas vidas

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