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AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA À CORROSÃO DE MATERIAIS METÁLICOS

UTILIZADOS EM APARELHOS ORTODÔNTICOS FIXOS

José Tarcísio Lima Ferreira

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS


PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS
PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA
METALÚRGICA E DE MATERIAIS.

Aprovado por:

Prof. José Antônio da Cunha Ponciano Gomes, D.Sc.

Profa. Glória Dulce de Almeida Soares, D.Sc.

Prof. Lúcio Sathler, D.Sc.

Profa. Denise Souza de Freitas, Ph.D.

Prof. Antônio Carlos de Oliveira Ruellas, D.Sc.

Prof. Paulo Eduardo Baggio, D.Sc.

RIO DE JANEIRO - RJ
OUTUBRO 2005
FERREIRA, JOSÉ TARCÍSIO LIMA

Avaliação da resistência à corrosão


de materiais metálicos utilizados em
aparelhos ortodônticos fixos. [Rio de
Janeiro] 2005
XVI, 241 p. 29.7 cm (COPPE/UFRJ,
D.Sc., Engenharia Metalúrgica e de
Materiais, 2005)
Tese – Universidade Federal do Rio
de Janeiro, COPPE
1. Corrosão
2. Ortodontia
3. Biotransformação
4. Ions
5. Fluoreto
I.COPPE/UFRJ II.Título (série)

ii
Um momento, horas, dias talvez...
Não! Anos. Anos de convívio, de presenças, de certezas.
Por alegria, por prazer, por momentos felizes, por amor a vocês.
Por tudo o que representam, pelo carinho e dedicação...
A vocês, meus pais – Aloysio e Heloisa;
À minha mãe por afeto – Custódia;
Aos meus irmãos – Ana Elisa, Rosário e Sávio;
Às minhas sobrinhas – Isabela e Juliana;
À minha cunhada e cunhados – Adriana, Daniel e Marco Antônio;
Minha gratidão vai além das palavras e, a vocês,
DEDICO

A vida é equilíbrio, é natureza, é lazer...


é trabalho, mas também é prazer.
Nela, buscamos o incerto que em muitas vezes
nos ofusca a visão de tão evidente, tão certo e tão
presente.
Ah, como seria se melhor a compreendêssemos?
O que se buscaria... se pensaria...
no completar, somar, construir, deixar...
Deixar o passado, como pilar do presente, para no
futuro se dizer: vivi, vivo e... deixarei viver!
Tarcísio

iii
AGRADECIMENTOS

A Deus – a certeza de que estivestes presente em minha vida é a prova de

ter conseguido superar todos os obstáculos e estar aqui hoje, vencendo mais esta

etapa.

Ao Professor Doutor José Antônio da Cunha Ponciano Gomes,

Professor da Faculdade de Engenharia da UFRJ, pelo seu empenho, determinação e

dedicação ao ensino da Metalurgia. Meu sincero agradecimento, não apenas pela

orientação precisa e segura deste trabalho, mas por tudo que mostrou ser em cada

momento do meu doutoramento em Engenharia Metalúrgica e Materiais; por sua

postura como professor, orientador e amigo.

À Professora Doutora Glória Dulce de Almeida Soares, Coordenadora

dos Cursos de Pós-Graduação em Engenharia Metalúrgica de Materiais (Doutorado e

Mestrado), da Escola de Engenharia da UFRJ, pelo seu dinamismo e desprendimento,

sempre buscando a perfeição, não apenas no aspecto administrativo, mas também no

ensino e no convívio diário. Minha admiração e profundo respeito.

Aos Professores do Curso de Doutorado em Engenharia Metalúrgica e

Materiais da Faculdade de Engenharia da UFRJ, Dr. Lúcio Sathler, Dr. Luis Carlos

Pereira, Dr. Luis Marcelo Marques Tavares, Dr. Luiz Roberto de Miranda,

Dra. Maria Cecília S. Nóbrega, Dr. Luiz Roberto M.de Miranda, Dr. Rupen Adamian

e Dr. Walter A. Mannheimer, pelos conhecimentos transmitidos ao longo destes

quatro anos de convívio, minha sincera gratidão. Pessoas admiráveis que se farão

sempre presentes em cada momento da minha carreira universitária.

Ao Professor Dr. Orlando Chevitarese (in memoriam), por sua dedicação,

desprendimento e exemplo de profundo pesquisador. Meu respeito, admiração e

gratidão pelos ensinamentos profissionais e pessoais. Um exemplo de vida!

Ninguém cresce e aprende sozinho. É preciso um olhar, uma palavra de

incentivo, compreensão, carinho e força. Por isso, as alegrias de hoje, também são

tuas: Alysson Helton Santos Bueno, Dayanne Dutra de Menezes,

iv
Denise Souza de Freitas, Emília Martins Ribeiro, Jeffrey Lowe, Gláucia Maria

Oliveira de Queiroz, Helga Stefania Maranhão Bodstein, Ladimir José de

Carvalho, Laisa Cristina Cândido, Leila Yone Reznik, Lélia Maria Ximenes Lowe,

Márcio Aguiar Correa da Silva, fica a eterna lembrança de cada passo galgado na

construção do meu ideal.

Aos funcionários da Faculdade de Engenharia Metalúrgica Alecir Zenaide

de Oliveira, Bruno Meirelles de Souza, Claudia Souza Lauria Fialho,

Elias Xavier Pereira, Felipe Sabatino, Flávio Antunes Maia, José Manuel Neves

Alves, Júlio Ferreira, Lucas R. Ferreira, Márcia Soares Sader pela amizade, auxílio

e atenção dispensados a mim durante os quatro anos de convívio. Minha homenagem

a vocês, que são parte fundamental para todos que passamos por esta casa.

Ao amigo Francisco José Cortes Telles, pelo apoio inestimável,

compreensão, força e disponibilidade em ajudar, meu sincero agradecimento.

Aos grandes amigos Ademar Barbosa Guimarães, Ana Elizabeth

Giácomo, Anderson Pinto da Silva Braga, Ariadne Carneiro Mendes,

Celso Gnazzo Mitidieri, Cristina Lougon Borges de Mattos, Daniela Kimaid

Schroeder, Edgard Norões Rodrigues da Matta, Luis Fernando Pomatti,

Manoel Raposo do Couto, Marco Antônio Schroeder, Mayra Reis Seixas,

Mônica Pereira Saporetti, Pablo Martínez de Azambuya, Roberto Amarante Costa

Pinto e Sônia Regina de Sousa Ribeiro por suas presenças a cada instante;

pessoas fundamentais e de grande valor em cada passo desta conquista. Agradecer

apenas não seria bastante; fica aqui o carinho, minha admiração e profundo respeito

por tudo o que representam.

Aos colegas Bruno Barbosa Castro, Daniel Felipe de Jimenez

Monteiro, Elizabete Regina Caruzo Leão, Fabyana Freire Ventin, Leandro Rosa

dos Santos, Leila Bucci dos Santos Azevedo, Magda Martins Vieira, Paulo Márcio

Galvão Silva, Paulo Roberto Araújo Martins, Simone Louise Delarue Cezar Brasil,

v
fica a saudade e a alegria dos bons momentos que muito contribuíram para a

solidificação de vastos conhecimentos, pessoais e, principalmente, profissionais.

Ao professor Roberto Santana pelo apoio e orientação. Pelo seu

desprendimento e determinação, características de um excelente educador.

Aos professores e amigos Ademar Valente, Adilson Thomazinho, Carla

Enoki, Elizabeth Norie Morizono, Marcelo Antônio Mestriner, Maria Bernadete

Sasso Stuani e Mírian Aiko Nakane Matsumoto, meu reconhecimento pelo

inestimável apoio na conquista de mais esta etapa.

Aos professores do Departamento de Clínica Infantil e Odontologia

Preventiva e Social da FORP-USP: Aldevina Campos de Freitas, Alexandra

Mussolino de Queiroz, Euler Rocha Garcia, Janete Cinira Bregagnolo, José

Arnaldo Vianna Cione, Kranya Victoria Díaz Serrano, Lea Assed Bezerra da Silva,

Maria Cristina Borsatto, Maria da Conceição Pereira Saraiva, Marlívia Gonçalves

de Carvalho Watanabe, Paulo Nelson Filho, Sada Assed e Wilson Mestriner

Júnior. Aos funcionários: Benedita Viana Rodrigues, Carmo Eurípedes Terra

Barreto, Carolina Paes Torres, Dorival Gaspar, Fátima Aparecida Jacinto Daniel,

Fátima Aparecida Rizoli, Gisele Faria, José Aparecido Neves do Nascimento,

José Augusto Paciência, Marco Antônio dos Santos, Nadir das Dores Gardin

Felício, Nilva Aparecida Afonso Ruggiero, Osvaldo Aparecido Pinheiro, Raquel

Assed Bezerra da Silva, Rejane Gomes Cavalheiro Mazer, Renata Aparecida

Fernandes e Vera Ribeiro do Nascimento pelo companheirismo e convívio.

A FAPERJ, CNPq e à Fundação COPPETEC pelo apoio financeiro

concedido.

A todos que, de algum modo, auxiliaram na elaboração desta pesquisa.

vi
Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários

para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.).

AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA À CORROSÃO DE MATERIAIS METÁLICOS

UTILIZADOS EM APARELHOS ORTODÔNTICOS FIXOS.

José Tarcísio Lima Ferreira

Outubro / 2005

Orientador: José Antônio da Cunha Ponciano Gomes

Programa: Engenharia Metalúrgica e de Materiais

O surgimento de novos materiais oriundos do aprimoramento tecnológico

na Ortodontia tem possibilitado a simplificação do tratamento ortodôntico. Em amplo

contexto, avaliação de novos materiais deve ser conduzida uma vez que para a

montagem de um aparelho ortodôntico fixo, diversas possibilidades e variações de

materiais podem ser empregados. Por isso este trabalho teve o propósito de avaliar a

possibilidade de ocorrer corrosão nas ligas metálicas utilizadas em aparelho

ortodôntico constituído de arcos pré-contornados, bráquetes e bandas, bem como

estimar a quantidade de íons liberados no processo corrosivo. Curvas de polarização

anódica em saliva artificial, com e sem flúor, a 37°C foram levantadas nos aparelhos

ortodônticos constituídos com arcos de aço inoxidável, CrNi, NiTi (superelástico e

termoativado) e titânio beta; bráquetes de aço inoxidável e titânio. Avaliação por EDS,

ensaios corrente x tempo, liberação de íons cromo e níquel, microscopia ótica e

eletrônica de varredura foram realizadas. O processo corrosivo foi identificado apenas

nas junções de solda a ponto e os íons liberados estiveram abaixo dos valores

consumidos diariamente na dieta.

vii
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.)

EVALUATION OF THE CORROSION RESISTANCE OF METALLIC MATERIALS

USED IN FIXED ORTHODONTIC APPLIANCES

José Tarcísio Lima Ferreira

October / 2005

Advisor: José Antônio da Cunha Ponciano Gomes

Departament: Materials and Metallurgical Engineering

The development of new materials as a result of the technological advance

in Orthodontics has contributed to simplify of the orthodontic treatments. New

orthodontic materials should undergo evaluation in a wide context, considering that

several possibilities and combinations of materials may be used for construction of

fixed orthodontic appliances. Therefore, the purpose of this study was to evaluate the

possibility of corrosion occurrence of metal alloys used in orthodontic appliances

fabricated with precontoured archwires, brackets and bands, as well as estimate the

amount of ions released from the corrosive process. Anodic polarization curves in

artificial saliva with and without fluoride, at 37°C, were obtained in orthodontic

appliances composed by precontoured archwires made from stainless steel,

chromium-nickel, nickel-titanium (superelastic and thermoactivated) and

beta-titanium (TMA); and brackets made from stainless steel and titanium.

The specimens were submitted to EDS analyses, current versus time tests, analysis of

chromium and nickel ions release, and optical and scanning electron microscopy.

The corrosive process was identified only at the soldered metal connections and the

released ions were below the values consumed in the daily diet.

viii
INDICE ANALÍTICO

1. Introdução .................................................................................................................. 1
2. Revisão da Literatura................................................................................................. 3
2.1. Tratamento ortodôntico.......................................................................................... 3
2.1.1. Movimento dentário fisiológico............................................................................ 3
2.1.2. Movimentos dentários sob a ação de forças ortodônticas .................................. 4
2.1.2.1. Reabsorção óssea............................................................................................ 5
2.1.2.2. Formação óssea ............................................................................................... 6
2.1.2.3. Tipos de movimento dentário ........................................................................... 6
A) Movimento de inclinação..................................................................................... 6
B) Movimento de verticalização............................................................................... 7
C) Movimento de translação .................................................................................... 8
D) Movimento de torque .......................................................................................... 9
E) Movimento de rotação....................................................................................... 10
F) Movimento de extrusão..................................................................................... 10
G) Movimento de intrusão...................................................................................... 11
2.1.3. Força ótima ou ideal.......................................................................................... 11
2.1.3.1. Magnitude de força e sua relação com o movimento dentário ....................... 12
2.1.4. Fases de um tratamento ortodôntico ................................................................ 15
2.1.4.1. Fase de alinhamento e nivelamento............................................................... 16
2.1.4.1.1 Princípios na escolha dos arcos de alinhamento e nivelamento.................. 16
A) Material do arco ................................................................................................ 17
B) Dimensão do fio ................................................................................................ 18
C) Distância entre os bráquetes ............................................................................ 18
2.2. Histórico dos materiais metálicos utilizados em Ortodontia................................. 19
2.3. Aparelho Ortodôntico ........................................................................................... 19
2.3.1. Fios Ortodônticos .............................................................................................. 29
A) Aço inoxidável ................................................................................................... 32
B) Fios de aço trançados....................................................................................... 37
C) Ligas de cobalto-cromo..................................................................................... 40
D) Ligas de titânio-beta (titânio-molibdênio) .......................................................... 51
E) Ligas de níquel-titânio ....................................................................................... 56
2.3.2. Bráquetes ortodônticos ..................................................................................... 71
A) Aço inoxidável ................................................................................................... 71
B) Titânio ............................................................................................................... 78
2.3.3. Bandas ortodônticas ......................................................................................... 91
2.3.4. Soldas ............................................................................................................... 92
A) Solda de prata................................................................................................... 92
B) Brasagem a base de cobre ............................................................................... 94
2.4. Biodegradação do aparelho ortodôntico .............................................................. 97
2.4.1. Corrosão ........................................................................................................... 97
2.4.1.1. Tipos de corrosão possíveis na cavidade bucal ........................................... 108
2.4.1.1.1 Corrosão por pite........................................................................................ 109
2.4.1.1.2 Corrosão por crévice .................................................................................. 110
2.4.1.1.3 Corrosão intergranular................................................................................ 112
2.4.1.1.4 Corrosão por fadiga.................................................................................... 112
2.4.1.1.5 Corrosão por atrito...................................................................................... 114
2.4.1.1.6 Corrosão microbiológica............................................................................. 114
2.4.1.1.7 Corrosão sob tensão .................................................................................. 115
2.4.1.1.8 Corrosão galvânica..................................................................................... 116
A) Efeitos biológicos de correntes intrabucais..................................................... 121
2.4.2. Biocompatibilidade .......................................................................................... 121
2.4.2.1. Reações de hipersensibilidade..................................................................... 129
3. Materiais e Metodologia......................................................................................... 141

ix
3.1. Materiais ............................................................................................................ 141
3.1.1. Caracterização dos materiais.......................................................................... 143
3.1.1.1. Microscopia eletrônica de varredura dos arcos ortodônticos não
ensaiados ..................................................................................................... 143
3.1.1.2. Microscopia eletrônica de varredura dos bráquetes de aço inoxidável
não ensaiados .............................................................................................. 144
3.1.1.3. Microscopia eletrônica de varredura dos bráquetes de titânio não
ensaiados ..................................................................................................... 144
3.2. Metodologia ....................................................................................................... 145
4. Resultados ............................................................................................................. 151
4.1. EDS ................................................................................................................... 151
4.1.1. EDS para os arcos ortodônticos de aço inoxidável pré-contornados. ............ 151
4.1.2. EDS para os arcos ortodônticos de CrNi. ....................................................... 152
4.1.3. EDS para os arcos ortodônticos de NiTi superelástico................................... 155
4.1.4. EDS para os arcos ortodônticos de NiTi termoativado. .................................. 157
4.1.5. EDS para os arcos ortodônticos de titânio-beta (TMA)................................... 159
4.2. Curvas de polarização anódica potenciostática................................................. 162
4.2.1. Saliva artificial sem flúor ................................................................................. 162
4.2.2. Saliva artificial com flúor ................................................................................. 167
4.3. Ensaio par galvânico.......................................................................................... 172
4.3.1. Aparelhos ortodônticos em saliva artificial sem flúor ...................................... 177
4.3.2. Aparelhos ortodônticos em saliva artificial com flúor ...................................... 179
4.4. Curvas Corrente X Tempo ................................................................................. 181
4.4.1. Saliva artificial sem flúor ................................................................................. 182
4.4.2. Saliva artificial com flúor ................................................................................. 185
4.5. Aparelho ortodôntico de titânio .......................................................................... 188
4.6. Avaliação da liberação de íons .......................................................................... 189
4.7. Avaliação dos aparelhos ortodônticos em microscopia ótica ............................ 195
4.8. Avaliação da superfície dos arcos ortodônticos em MEV.................................. 197
4.8.1. Aço inoxidável pré-contornado........................................................................ 197
4.8.2. Liga de cromo-níquel ...................................................................................... 198
4.8.3. Liga de NiTi superelástico............................................................................... 199
4.8.4. Liga de NiTi termoativado ............................................................................... 200
4.8.5. Liga de titânio-beta (TMA)............................................................................... 201
4.9. Avaliação da superfície dos bráquetes ortodônticos em MEV........................... 202
4.9.1. Bráquete de aço inoxidável............................................................................. 202
4.9.2. Bráquete de titânio .......................................................................................... 203
5. Discussão .............................................................................................................. 204
6. Conclusão .............................................................................................................. 222
7. Sugestões para trabalhos futuros .......................................................................... 224
8. Bibliografia ............................................................................................................. 225
9. Glossário................................................................................................................ 238

x
INDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Reabsorção óssea................................................................................... 5


Figura 2 – Inclinação simples ................................................................................... 7
Figura 3 – Movimento de verticalização ................................................................... 8
Figura 4 – Movimento de translação ........................................................................ 8
Figura 5 – Movimento de torque............................................................................... 9
Figura 6 – Movimento de rotação ........................................................................... 10
Figura 7 – Movimento de extrusão ......................................................................... 10
Figura 8 – Movimento de intrusão .......................................................................... 11
Figura 9 – Movimento dentário ............................................................................... 13
Figura 10 – Movimento dentário e aplicação de força.............................................. 15
Figura 11 – Aparelho ortodôntico ............................................................................. 20
Figura 12 – Curva carga-deflexão ............................................................................ 21
Figura 13 – Curva tensão x deformação .................................................................. 26
Figura 14 – Curva força x deflexão........................................................................... 27
Figura 15 – Curva carga x deflexão.......................................................................... 38
Figura 16 – Seção transversa de arcos ortodônticos ............................................... 38
Figura 17 – Deformação permanente x força aplicada............................................. 43
Figura 18 – Curvas densidade – potencial de corrente ............................................ 50
Figura 19 – Curvas tensão x deformação................................................................. 54
Figura 20 – Momento de flexão x deflexão angular.................................................. 55
Figura 21 – Teste de dobragem ............................................................................... 59
Figura 22 – Deformação permanente x deflexão ..................................................... 60
Figura 23 – Deformação permanente x deflexão ..................................................... 60
Figura 24 – Curvas de rigidez................................................................................... 64
Figura 25 – Curvas carga x deformação .................................................................. 70
Figura 26 – Curva tensão x deformação .................................................................. 71
Figura 27 – Bráquete ortodôntico ............................................................................. 72
Figura 28 – Voltametria ............................................................................................ 85
Figura 29 – Proliferação celular.............................................................................. 126
Figura 30 – Microscopia eletrônica de varredura dos arcos ortodônticos não
ensaiados ............................................................................................ 143
Figura 31 – Microscopia eletrônica de varredura dos bráquetes de aço
inoxidável não ensaiados .................................................................... 144
Figura 32 – Microscopia eletrônica de varredura dos bráquetes de titânio não
ensaiados ............................................................................................ 144
Figura 33 – Ensaio para levantamento das curvas de polarização ........................ 147
Figura 34 – Aparelho ortodôntico fixo..................................................................... 148
Figura 35 – Aço inoxidável não ensaiado............................................................... 152
Figura 36 – Liga de CrNi não ensaiada. ................................................................. 153
Figura 37 – Liga de CrNi experimento 1................................................................. 153
Figura 38 – Liga de CrNi experimento 2................................................................. 154
Figura 39 – Liga de CrNi experimento 3................................................................. 154
Figura 40 – Liga de CrNi experimento 2................................................................. 155
Figura 41 – Liga de NiTi superelástico não ensaiado............................................. 156
Figura 42 – Liga de NiTi superelástico experimento 2. .......................................... 156
Figura 43 – Liga de NiTi termoativado não ensaiada. ............................................ 157
Figura 44 – Liga de NiTi termoativado experimento 2............................................ 158
Figura 45 – Liga de NiTi termoativado experimento 2............................................ 158
Figura 46 – Liga de titânio-beta não ensaiado ....................................................... 159
Figura 47 – Liga de titânio-beta experimento 1. ..................................................... 160
Figura 48 – Liga de titânio-beta experimento 2. ..................................................... 160
Figura 49 – Liga de titânio-beta experimento 3. ..................................................... 161
Figura 50 – Liga de titânio-beta experimento 1. ..................................................... 161

xi
Figura 51 – Liga de titânio-beta experimento 3. ..................................................... 162
Figura 52 – Curva de polarização para os corpos-de-prova de aço inoxidável
304 ensaiados em saliva artificial sem flúor. ....................................... 163
Figura 53 – Curva de polarização para os corpos-de-prova de aço inoxidável
316L ensaiados em saliva artificial sem flúor. ..................................... 163
Figura 54 – Curva de polarização para os corpos-de-prova de titânio puro
ensaiados em saliva artificial sem flúor. .............................................. 164
Figura 55 – Curva de polarização para os arcos ortodônticos de aço inoxidável
pré-contornados ensaiados em saliva artificial sem flúor.................... 164
Figura 56 – Curva de polarização para os arcos ortodônticos de cromo-níquel
ensaiados em saliva artificial sem flúor. .............................................. 165
Figura 57 – Curva de polarização para os arcos ortodônticos NiTi
superelásticos ensaiados em saliva artificial sem flúor. ...................... 165
Figura 58 – Curva de polarização para os arcos ortodônticos NiTi
termoativados ensaiados em saliva artificial sem flúor. ...................... 166
Figura 59 – Curva de polarização para os arcos ortodônticos titânio-beta
(TMA) ensaiados em saliva artificial sem flúor. ................................... 166
Figura 60 – Curva de polarização para os corpos de prova de aço inoxidável
304 ensaiados saliva artificial com flúor. ............................................. 168
Figura 61 – Curva de polarização para os corpos de prova de aço inoxidável
316L ensaiados em saliva artificial com flúor. ..................................... 168
Figura 62 – Curva de polarização para os corpos de prova de titânio puro
ensaiados em saliva artificial com flúor. .............................................. 169
Figura 63 – Curva de polarização para os arcos ortodônticos de aço inoxidável
pré-contornados ensaiados em saliva artificial com flúor.................... 169
Figura 64 – Curva de polarização para os arcos ortodônticos de cromo-níquel
ensaiados em saliva artificial com flúor. .............................................. 170
Figura 65 – Curva de polarização para os arcos ortodônticos de NiTi
superelásticos ensaiados em saliva artificial com flúor. ...................... 170
Figura 66 – Curva de polarização para os arcos ortodônticos de NiTi
termoativados ensaiados em saliva artificial com flúor. ...................... 171
Figura 67 – Curva de polarização para os arcos ortodônticos de titânio-beta
(TMA) ensaiados em saliva artificial com flúor. ................................... 171
Figura 68 – Potencial de corrosão para os diferentes materiais avaliados
em saliva artificial sem flúor. ............................................................... 172
Figura 69 – Potencial de corrosão para os diferentes materiais avaliados
em saliva artificial com flúor. ............................................................... 173
Figura 70 – Valor máximo da corrente de passivação para os diferentes
materiais avaliados em saliva artificial sem flúor................................. 174
Figura 71 – Potencial relativo aos maiores valores de corrente no domínio de
passivação para os diferentes materiais avaliados em saliva
artificial sem flúor................................................................................. 174
Figura 72 – Valor máximo da corrente de passivação para os diferentes
materiais avaliados em saliva artificial com flúor................................. 175
Figura 73 – Potencial relativo aos maiores valores de corrente no domínio
de passivação para os diferentes materiais avaliados em saliva
artificial com flúor................................................................................. 176
Figura 74 – Par Galvânico CrNi e titânio puro em saliva artificial com e sem
flúor...................................................................................................... 177
Figura 75 – Curva de polarização para os aparelhos ortodônticos ensaiados
em saliva artificial sem flúor. ............................................................... 178
Figura 76 – Correntes registradas durante ensaio dos aparelhos ortodônticos
fixos em saliva artificial sem flúor. ....................................................... 179
Figura 77 – Curva de polarização para os aparelhos ortodônticos ensaiados
em saliva artificial com flúor. ............................................................... 180

xii
Figura 78 – Correntes registradas durante ensaio dos aparelhos ortodônticos
em saliva artificial com flúor. ............................................................... 181
Figura 79 – Polarização para o aparelho ortodôntico com o fio de aço inoxidável
pré-contornado ensaiado em saliva artificial sem flúor. ...................... 183
Figura 80 – Polarização para o aparelho ortodôntico com o fio de CrNi ensaiado
em saliva artificial sem flúor. ............................................................... 183
Figura 81 – Polarização para o aparelho ortodôntico com o fio de NiTi
superelástico ensaiado em saliva artificial sem flúor........................... 184
Figura 82 – Polarização para o aparelho ortodôntico com o fio de NiTi
termoativado ensaiado em saliva artificial sem flúor. .......................... 184
Figura 83 – Polarização para o aparelho ortodôntico com o fio de titânio-beta
(TMA) ensaiado em saliva artificial sem flúor...................................... 185
Figura 84 – Polarização para o aparelho ortodôntico com o fio de aço inoxidável
pré-contornado ensaiado em saliva artificial com flúor ....................... 186
Figura 85 – Polarização para o aparelho ortodôntico com o fio de CrNi
ensaiado em saliva artificial com flúor................................................. 186
Figura 86 – Polarização para o aparelho ortodôntico com o fio de NiTi
superelástico ensaiado em saliva artificial com flúor........................... 187
Figura 87 – Polarização para o aparelho ortodôntico com o fio de NiTi
termoativado ensaiado em saliva artificial com flúor. .......................... 187
Figura 88 – Polarização para o aparelho ortodôntico com o fio de titânio-beta
(TMA) ensaiado em saliva artificial com flúor...................................... 188
Figura 89 – Polarização para o aparelho ortodôntico (bráquetes de titânio)
com o fio de aço inoxidável pré-contornado ensaiado em saliva
artificial com flúor................................................................................. 189
Figura 90 – Liberação de íons nos aparelhos ortodônticos de aço inoxidável
avaliados no experimento 1................................................................. 191
Figura 91 – Liberação de íons nos aparelhos ortodônticos de aço inoxidável
avaliados no experimento 2................................................................. 192
Figura 92 – Liberação de íons nos aparelhos ortodônticos de aço inoxidável
avaliados no experimento 3................................................................. 193
Figura 93 – Liberação de íons no aparelho ortodôntico de titânio avaliado em
saliva artificial com flúor. ..................................................................... 194
Figura 94 – Microscopia ótica dos aparelhos ortodônticos de titânio ensaiados
em saliva artificial com flúor ................................................................ 195
Figura 95 – Microscopia ótica dos aparelhos ortodônticos com bráquetes
de aço inoxidável em saliva artificial com e sem flúor e seus
respectivos arcos ortodônticos ............................................................ 196
Figura 96 – Microscopia eletrônica de varredura para a liga de aço inoxidável
pré-contornado, aumento 500X........................................................... 197
Figura 97 – Microscopia eletrônica de varredura para a liga de CrNi, aumento
500X. ................................................................................................... 198
Figura 98 – Microscopia eletrônica de varredura para a liga de NiTi
superelástico, aumento 500X. ............................................................. 199
Figura 99 – Microscopia eletrônica de varredura para a liga de NiTi
termoativado, aumento 500X. ............................................................. 200
Figura 100 – Microscopia eletrônica de varredura para a liga de titânio-beta
(TMA), aumento 500X. ........................................................................ 201
Figura 101 – Microscopia eletrônica de varredura para bráquetes de aço
inoxidável com vários aumentos, em saliva artificial com e
sem flúor.............................................................................................. 202
Figura 102 – Microscopia eletrônica de varredura para bráquetes titânio com
vários aumentos, em saliva artificial com flúor .................................... 203
Figura 103 – Média das curvas de polarização para os corpos de prova e
as diversas ligas ensaiados em saliva artificial sem flúor. .................. 201

xiii
Figura 104 – Curvas de polarização para os fios de aço inoxidável reto
ensaiados em saliva artificial sem flúor ............................................... 202
Figura 105 – Curvas de polarização para os fios de aço inoxidável reto
polidos ensaiados em saliva artificial sem flúor................................... 203
Figura 106 – Média das curvas de polarização para os corpos de prova e
as diversas ligas ensaiados em saliva artificial com flúor ................... 203
Figura 107 – Curvas de polarização para os fios de aço inoxidável reto
ensaiados em saliva artificial com flúor ............................................... 202
Figura 108 – Curvas de polarização para os fios de aço inoxidável reto
polidos ensaiados em saliva artificial com flúor................................... 203

xiv
INDICE DE QUADROS

Quadro 1 – Composição dos aços ........................................................................... 129

xv
INDICE DAS TABELAS

Tabela 1 – Forças ótimas para o movimento dentário ortodôntico.............................. 7


Tabela 2 – Número de rigidez da seção transversa (Cs) de fios redondos............... 23
Tabela 3 – Número de rigidez do material (Ms)......................................................... 24
Tabela 4 – Limite de elasticidade e módulo de elasticidade...................................... 25
Tabela 5 – Fase do desenvolvimento dos arcos ortodônticos................................... 32
Tabela 6 – Propriedades mecânicas de fios ortodônticos ......................................... 36
Tabela 7 – Relações da recuperação elástica para vários materiais ........................ 39
Tabela 8 – Detalhes dos fios de arcos ortodônticos testados ................................... 40
Tabela 9 – Variação das propriedades mecânicas.................................................... 41
Tabela 10 – Força requerida ....................................................................................... 44
Tabela 11 – Deformação permanente do fio de cobalto-cromo tratado
termicamente ........................................................................................... 45
Tabela 12 – Análise da composição química das amostras........................................ 48
Tabela 13 – Liberação de íons das amostras.............................................................. 49
Tabela 14 – Potenciais de corrosão por pite e repassivação ...................................... 49
Tabela 15 – Resultados do teste de tensão, conformabilidade e elasticidade ............ 53
Tabela 16 – Propriedades mecânicas dos fios ortodônticos ....................................... 55
Tabela 17 – Média de rigidez ...................................................................................... 63
Tabela 18 – Caracterização das manchas de corrosão clínica em bráquetes
ortodônticos ............................................................................................. 75
Tabela 19 – Metais liberados de fios de aço inoxidável (Unitek Standard)
soldados com solda de prata ................................................................... 93
Tabela 20 – Metais liberados de fios de cobalto-cromo semiresiliente (Elgiloy –
Rocky Mountain) soldado com solda de prata......................................... 93
Tabela 21 – Citotoxicidade .......................................................................................... 96
Tabela 22 – Níveis de cromo e níquel na saliva .......................................................... 99
Tabela 23 – Níveis de cromo e níquel no soro ............................................................ 99
Tabela 24 – Liberação de Ni, Cr e Cu em aparelho ortodôntico................................ 101
Tabela 25 – Liberação de Ni, Cr e Cu em aparelho ortodôntico................................ 101
Tabela 26 – Potenciais de Eletrodos Padrão............................................................. 105
Tabela 27 – Resistência à corrosão por pite ............................................................. 110
Tabela 28 – Resistência à fadiga .............................................................................. 113
Tabela 29 – Correntes calculadas ............................................................................. 120
Tabela 30 – Resumo dos resultados ......................................................................... 124
Tabela 31 – Métodos para estudo da liberação de níquel......................................... 136
Tabela 32 – Composição da saliva artificial utilizada nos experimentos. .................. 142
Tabela 33 – Limite de detecção avaliados para o Cr, Ni e Ti em ppb. ...................... 190

xvi
1. Introdução

O desenvolvimento tecnológico do homem tem sido marcado por uma

busca contínua de novos materiais. Este esforço resultou em diversas classes de

materiais que afetam quase todos os aspectos da vida contemporânea, incluindo a

área de Ortodontia. Assim sendo, uma grande diversidade de materiais está disponível

para um ortodontista ao programar a montagem de um aparelho ortodôntico fixo.

Por outro lado, em cada ambiente a que são expostos, os materiais

metálicos sofrem corrosão em algum grau. Na cavidade bucal, os aparelhos

ortodônticos podem estar sujeitos a danos, por corrosão ou mecânicos, com possível

perda de resistência e possibilidade de falha. Em alguns casos, pode-se considerar

que os aparelhos e/ou seus produtos de corrosão podem causar dano tecidual local

que não poderia ser clinicamente diferenciado de uma gengivite de etiologia

bacteriana, por exemplo. Todavia, o uso clínico de aparelhos ortodônticos é

freqüentemente associado a um aumento de gengivites, o que é freqüentemente

atribuído a uma higiene bucal deficiente.

O conhecimento das propriedades dos materiais utilizados em Ortodontia,

assim como a avaliação de seus potenciais efeitos de irritação, alergênico e os efeitos

tóxicos dos mesmos são essenciais para avaliação da etiologia dos sintomas e para

um diagnóstico mais preciso sobre as manifestações adversas que eventualmente

ocorrem em pacientes submetidos a tratamento ortodôntico. Por essa razão, a

previsão de uma possível combinação de danos físicos e por corrosão é de particular

interesse no que se refere aos materiais atualmente disponíveis em Ortodontia.

No momento, encontra-se na literatura cientifica, pouca informação sobre a

biodegradação de aparelhos ortodônticos in vitro, assim como, informações mais

extensas sobre o quanto dos produtos de biodegradação seriam absorvidos pelo

paciente. Considerando-se a diversidade de materiais que podem ser empregados no

decorrer de um tratamento ortodôntico corretivo total, o trabalho proposto objetiva

realizar estudos in vitro para:

1
- avaliar a possibilidade de ocorrência de corrosão em um grupo de ligas

metálicas utilizadas clinicamente em tratamentos ortodônticos;

- estimar a quantidade de ions mais relevantes liberados a partir dos processos

de corrosão identificados na etapa anterior.

2
2. Revisão da Literatura

2.1. Tratamento ortodôntico

O tratamento ortodôntico busca, entre outros objetivos, alcançar equilíbrio

entre a saúde bucal, estética e função e, ainda, propiciar a estabilidade da correção

ortodôntica, realizada em harmonia com o crescimento e desenvolvimento crânio-

facial. O equilíbrio e a harmonia das partes que constituem a face, como a estrutura

óssea, as arcadas dentárias e os tecidos moles adjacentes, requerem muita atenção

para se chegar ao resultado ideal em cada paciente.

Intervir no sistema mastigatório significa interagir com um complexo de

forças que em grande parte determinam a direção e a duração do crescimento facial,

as posições dos dentes e a eficácia da oclusão. Essas forças podem ser agrupadas

como:

a) naturais ou intrínsecas – aquelas relativas a própria musculatura bucal como

por exemplo a força exercida pela língua durante a deglutição atípica, e

b) artificiais ou extrínsecas – aquelas relativas a agentes externos à

musculatura bucal ou ocasionadas de maneira artificial, como por exemplo as

forças induzidas por aparelhos ortodônticos ou por sucção digital.

2.1.1. Movimento dentário fisiológico

O movimento dentário fisiológico ocorre quando os dentes mudam sua

relação com as diversas partes anatômicas do crânio, o que é observado com o

passar dos anos à medida que a dentição se desenvolve. Esta mudança de posição é

devida a alterações tissulares que estão associadas com o crescimento das partes

adjacentes e também, pela atividade celular dentro das estruturas de suporte do dente

estimulado pela função normal dos elementos dentários.

Reações tissulares, no âmbito da Ortodontia, são caracterizadas pelas

mudanças histológicas ocorridas ao longo do ligamento periodontal (células, fibras de

3
suporte, capilares e nervos) e, particularmente, no osso alveolar localizado em torno

de um dente que tenha sido movimentado com finalidade ortodôntica.

O movimento dentário fisiológico designa, primariamente, o leve

movimento de inclinação experimentado pelo dente durante a função mastigatória e,

secundariamente, o movimento do dente de uma pessoa jovem, durante e após a

irrupção. A migração dentária em jovens e adultos é sempre relacionada a mudanças

teciduais definitivas que podem ser observadas em cortes histológicos. O novo tecido

depositado durante esta migração apresenta várias fases de evolução, uma vez que a

formação do osso passa por três estágios seqüenciados a saber:

1) formação de osteóide - produzido pelos osteoblastos, é encontrado em todas

as superfícies ósseas onde está havendo nova deposição. Como não

apresenta sinais de calcificação, o osteóide não é absorvido por osteoclastos;

2) formação de osso fasciculado - a partir do instante em que surgem os

primeiros sinais de calcificação, o tecido recebe a denominação de osso

fasciculado. Quando este alcança uma certa espessura e maturidade as

partes deste osso reorganizam-se e formam o osso lamelado, e

3) formação de osso lamelado – apresenta fibrilas finas em sua matriz. A lâmina

dura reaparecerá subseqüentemente como uma linha radiopaca muito fina.

Esta seqüência é, em princípio, a mesma que se observa na formação

óssea que se segue ao movimento dentário induzido pela pressão/tensão imposta pelo

aparelho ortodôntico. Sendo a intensidade das forças ortodônticas maior, é importante

ressaltar que a recuperação dos tecidos se faz de forma mais demorada, residindo aí

a principal diferença entre o movimento dentário fisiológico e o ortodôntico.

2.1.2. Movimentos dentários sob a ação de forças ortodônticas

Sob a ação de forças ortodônticas, basicamente não há diferença de

comportamento em relação aos tecidos e células envolvidos no movimento dentário

fisiológico. Contudo, como os dentes são movidos mais rapidamente durante o

4
tratamento ortodôntico, as mudanças teciduais produzidas por forças ortodônticas são

conseqüentemente mais extensas e marcantes. Esta diferença também está refletida

no tempo mais longo necessário para o início da formação de osso em áreas

previamente reabsorvidas após a aplicação de forças ortodônticas.

Um período de 4 a 5 dias é necessário para que uma tensão trativa possa

produzir formação óssea em áreas previamente reabsorvidas durante o movimento

dentário fisiológico. Para a movimentação dentária promovida por forças ortodônticas

o tempo necessário é de 8 a 10 dias. Este acréscimo de tempo indica que existe uma

diferença entre as mudanças teciduais fisiológicas e aquelas ocasionadas por

movimentação ortodôntica (GRABER E VANARSDALL, 1994).

2.1.2.1. Reabsorção óssea

A aplicação de forças ortodônticas leves resulta em reabsorção óssea

direta nos pontos em que ocorre compressão (Figura 1). Uma reabsorção óssea direta

é ocasionada por osteoclastos que são formados diretamente ao longo da superfície

óssea na área correspondendo às fibras periodontais comprimidas. Para que essa

reabsorção ocorra, as fibras devem ser comprimidas somente em certa extensão, sem

causar hialinização. Como regra, considera-se que a reabsorção direta não ocorre

durante o estágio inicial do movimento dentário.

Figura 1 – Reabsorção óssea


1 – inclinação com reabsorção óssea direta em A e formação de osteóide em B.
2 – na maioria dos casos o movimento dentário é iniciado pela formação de uma
área de célula livre em A e novo osteóide formado em C. A1 e B1 representam
os lados de compressão e de tração respectivamente na região apical
(modificada de GRABER e VANARSDALL, 1994).

5
2.1.2.2. Formação óssea

Simultaneamente com as mudanças que ocorrem no lado de compressão,

haverá inicialmente uma proliferação celular que será seguida por deposição de tecido

osteóide no lado em que atua uma tensão trativa. As numerosas células novas

existentes neste lado, sob tração são distintas e estão, freqüentemente, organizadas

em uma zona de proliferação contendo cadeias de osteoblastos.

2.1.2.3. Tipos de movimento dentário

Os dentes, durante uma correção ortodôntica, estão sujeitos aos seguintes

tipos de movimentos: inclinação, verticalização, translação, torque, rotação, extrusão e

intrusão.

A) Movimento de inclinação

A inclinação é um movimento coronário em torno de um eixo que se

encontra próximo ao ápice radicular. Uma força exercida sobre a coroa do dente fará

com que ele se desloque para o lado oposto ao da aplicação da força. Desta forma, o

ligamento periodontal fica submetido à seguinte situação: a) na região radicular, tração

do lado oposto à força e compressão do lado da força; b) na região próximo à coroa,

tração do lado da força e compressão do lado oposto à força. Como conseqüência da

compressão, o osso alveolar sofre uma reabsorção, e do lado da tração haverá uma

aposição óssea. Estes fenômenos tendem a manter constante a espessura do

ligamento alvéolo-dentário (Figura 2 – página 7).

A capacidade de adaptação deste ligamento a diferentes forças que nele

incidem é a chave de todos os movimentos ortodônticos. A qualidade, quantidade e

velocidade dos movimentos variam proporcionalmente com a intensidade da força

aplicada sobre o dente. PROFFIT (1992) afirmou que a força ótima para o movimento

de inclinação é de 50 a 75g.f (Tabela 1 – página 7).

6
Figura 2 – Inclinação simples
A raiz roda em torno de um eixo sobre o ponto de apoio
resistente entre as áreas gengival e apical. Efeitos de pressão
e tensão são maiores na área do eixo de movimento do dente,
diminuindo a zero na área oposta ao eixo de rotação
(modificada de THUROW, 1972).

Tabela 1 – Forças ótimas para o movimento dentário ortodôntico


(modificada de PROFFIT, 1992)

Tipo de movimento Força* (g.f)


Inclinação 50 – 75
Movimento de corpo (translação) 100 – 150
Verticalização 75 – 125
Rotação 50 – 75
Extrusão 50 – 75
Intrusão 15 – 25
* Valores dependendo em parte do tamanho do
dente; valores menores aproximados para os
incisivos, valores mais altos para dentes posteriores
multirradiculares.

B) Movimento de verticalização

É um movimento bastante semelhante ao de inclinação no qual a coroa

permanece estática enquanto o ápice se desloca (Figura 3). Muito empregado durante

7
a fase de fechamento de espaço de exodontia. Durante este movimento, devido à

aplicação da força ser exercida sobre o ápice do dente, gera uma região de atrito entre

o mesmo e a crista alveolar, que pode resultar em reabsorção radicular. Segundo

PROFFIT (1992) a força ótima para o movimento de verticalização é de 75 a 125g.f

(Tabela 1 – página 7).

A B

Figura 3 – Movimento de verticalização


A, dentes inclinados para mesial; B, dentes verticalizados
(modificada de GRABER e VANARSDALL, 1994).

C) Movimento de translação

É um movimento perpendicular ao longo do eixo do dente. A raiz se

desloca exatamente à mesma distância que a coroa (Figura 4).

Ainda segundo PROFFIT (1992) considera-se que a força ótima para o

movimento de translação é de 100 a 150g.f (Tabela 1 – página 7).

A B

Figura 4 – Movimento de translação


A, É possível observar: A, tecido hialinizado; B, compressão
inicial leve como resultado da inclinação do dente.
B, Verticalização gradual causada por reabsorção óssea
aumentada. A, reabsorção óssea no lado de compressão; B,
deposição óssea no lado de tração (modificada de GRABER e
VANARSDALL, 1994).

8
D) Movimento de torque

Durante este movimento o ponto de apoio ou centro de rotação situa-se no

bráquete ou em outro acessório qualquer utilizado. Graças à composição das forças

aplicadas, a raiz se desloca, enquanto que a coroa se mantém fixa (Figura 5).

Figura 5 – Movimento de torque


Primeiro pré-molar superior (modificada de GRABER e
VANARSDALL, 1994).

O torque pode ser:

a) anterior - corresponde ao movimento efetuado sobre os incisivos para que, ao

final do tratamento, estes tenham uma relação aceitável entre si e com o

restante da face do paciente, e

b) posterior - não apresenta índices preestabelecidos por nenhum autor no que

diz respeito à composição facial. É incorporado a um ou mais dentes do

segmento posterior com o intuito de alcançar melhor intercuspidação.

Quanto ao sentido de deslocamento da raiz, o torque pode ser chamado

de radículo-vestibular ou radículo-lingual.

9
E) Movimento de rotação

É o movimento do dente em torno de seu eixo longitudinal. Consiste na

aplicação de duas forças de sentido contrário e com a mesma intensidade (Figura 6).

A correção das rotações, embora não seja o mais difícil dos movimentos a ser

realizado, provavelmente é o mais difícil de ser contido após o tratamento, pois o

grupo de fibras gengivais é o responsável pelas recidivas neste tipo de movimento.

PROFFIT (1992) afirmou que a força ótima para o movimento de rotação é

de 50 a 75g.f (Tabela 1 – página 7).

Figura 6 – Movimento de rotação


(modificada de GRABER e VANARSDALL, 1994)

F) Movimento de extrusão

É o movimento mais fácil de ser promovido, pois desloca o dente no

sentido de sua irrupção (Figura 7).

PROFFIT (1992) afirmou que a força ótima para o movimento de extrusão

é de 50 a 75g.f (Tabela 1 – página 7).

Figura 7 – Movimento de extrusão


(modificada de GRABER e VANARSDALL, 1994).

10
G) Movimento de intrusão

Processo de troca de posição de um dente em relação a seus vizinhos,

obtida por um movimento de reimplantação do dente contra o alvéolo (Figura 8).

PROFFIT (1992) afirmou que a força ótima para o movimento de intrusão é de

15 a 25g.f (Tabela 1 – página 7).

Figura 8 – Movimento de intrusão


(modificada de GRABER e VANARSDALL, 1994)

2.1.3. Força ótima ou ideal

Sob o ponto de vista clínico, uma força ótima é aquela que produz uma

taxa rápida de movimento dentário sem implicar em desconforto para o paciente ou

dano tecidual (perda de inserção óssea e reabsorção de raiz). Sob o ponto de vista

histológico uma força ótima é aquela que produz um nível de tensão no ligamento

periodontal que: (a) mantém a vitalidade dos tecidos por toda sua extensão e que

(b) induz uma resposta celular máxima (aposição e reabsorção). Forças ótimas,

portanto, produzem reabsorção direta do processo alveolar. Segundo GRABER e

VANARSDALL (1994), desde que forças ótimas não requerem algum período de

tempo para reparo, aparentemente tais forças podem atuar continuamente.

11
2.1.3.1. Magnitude de força e sua relação com o movimento dentário

Segundo GRABER e VANARSDALL (1994) o movimento dentário é

definido como sendo o deslocamento do dente por unidade de tempo, sendo

usualmente medido em milímetro por hora, dia ou semana. As taxas de médias diárias

podem ser estabelecidas dividindo-se o deslocamento absoluto pelo número de dias

durante os quais as medidas foram feitas. A tendência de tais métodos é de definição

de curvas com taxas suaves de movimentação, eliminando a flutuação na taxa que

poderia ser observada a cada dia. Para propostas práticas, se não é possível medir

aumentos diários dos movimentos, taxas médias de movimento dentário podem ser

usadas.

De acordo com GRABER e VANARSDALL (1994), duas possíveis relações

entre taxa de deslocamento e força podem ser estudadas. A primeira relaciona a

magnitude da força e o deslocamento dentário em valores absolutos. A segunda tenta

estabelecer a relação entre tensão-deformação (força por unidade de área e

deslocamento por unidade de comprimento respectivamente) no ligamento periodontal

com o deslocamento dentário. Até mesmo o melhor método experimental é limitado

pelo fato de que valores de tensão-deformação devem ser calculados por métodos

matemáticos não podendo ser obtidos por experimentos in vivo.

Conforme os relatos de GRABER e VANARSDALL (1994), a dificuldade de

se correlacionar forças e movimento dentário é causada pelo grande número de

variáveis que podem influenciar a taxa de movimentação dentária. Forças no tecido

conjuntivo operando através da gengiva e fibras transeptais ou forças da língua,

musculatura peribucal e músculos da mastigação podem alterar o sistema de forças

que atua sobre um elemento dentário. Por estas razões, não é ainda possível afirmar,

com precisão, quais seriam as relações entre a força atuante e o deslocamento

dentário promovido.

Um gráfico típico correlaciona taxa de movimentação dentária e tempo

(Figura 9 – página 13). Três fases do movimento dentário podem ser diferenciadas:

12
a) uma fase inicial, b) uma fase de redução do movimento e c) uma fase pós-redução

do movimento.

mm/dias

Dias

Figura 9 – Movimento dentário


Gráfico típico no qual a relação do movimento é plotada como
o número de dias após a aplicação de uma força contínua
(125g). A relação é dada para o fechamento recíproco de um
diastema entre dois incisivos centrais (modificada de GRABER
e VANARSDALL, 1994).

A fase inicial é caracterizada por um período de movimentação rápida e

normalmente dura alguns poucos dias. A rapidez do deslocamento e seu início

imediatamente após a aplicação da força no dente sugerem que o movimento dentário

nesta fase representa, em uma maior proporção, o deslocamento de um dente no

espaço periodontal.

Imediatamente após a fase inicial, uma fase de redução do movimento é

observada durante a qual o dente não move ou tem relativamente uma baixa taxa de

deslocamento. Algumas explicações podem ser postuladas para explicar este período.

Foi sugerido que esta fase é produzida pela desvitalização (hialinização) do ligamento

periodontal nas áreas de tensão máxima e que nenhum movimento dentário ocorrerá

até que esta área desvitalizada seja removida por processos celulares. Uma outra

13
explicação para este período poderia se relacionar com o tempo requerido para o osso

compacto mais espesso da lâmina dura ser absorvido, sendo, conseqüentemente a

taxa de movimentação dentária reduzida. A terceira fase do movimento dentário ocorre

quando a taxa de movimento aumenta novamente, gradualmente ou de forma

repentina.

Em estudos relativos a taxas de movimentação dentária, a maior variação

na resposta para sistemas de forças relativamente idênticos é significativa. Isto não é

surpresa uma vez que a magnitude da força imposta ao dente é uma dentre as muitas

variáveis que determinam o seu deslocamento. Se forças constantes forem impostas a

um dente, esperar-se-ia que o mesmo se movesse a uma taxa constante por todo o

processo alveolar. Determinações clínicas, no entanto, mostram a variação de taxa,

não apenas durante as fases inicial e de redução do movimento, mas também durante

o movimento subseqüente do elemento dentário.

Uma questão crítica em terapia ortodôntica tem sido a relação entre a

magnitude de força e a taxa de movimento dentário. Na Figura 10 (página 15), taxas

médias de movimentos dentários são plotadas contra um número de dias após

inserção de aparelho de força contínua. Comparando-se a aplicação de uma força de

10g com uma de 200g imposta em um incisivo central, uma resposta inicial

semelhante é observada.

Forças leves seriam capazes de mover os dentes de forma mais gradual,

enquanto que forças mais intensas se relacionariam com interrupção do movimento,

seguida de uma movimentação rápida. A complexidade das mudanças teciduais, tanto

quanto a interveniência de um grande número de variáveis, sugere que há dificuldades

inerentes em se postular qualquer relação simples entre magnitude de força e taxa do

movimento dentário.

14
mm/dias

Dias

Figura 10 – Movimento dentário e aplicação de força


Relação do movimento dentário com aplicações de forças
diferentes. Linha pontilhada, 200g; linha sólida, 10g. Relações
dadas por fechamento recíproco de um diastema entre dois
incisivos centrais (modificada de GRABER e VANARSDALL,
1994).

2.1.4. Fases de um tratamento ortodôntico

ACKERMAN e MUSICH (1975) afirmaram que em qualquer técnica

Edgewise, há quatro fases básicas:

1) fase de alinhamento e nivelamento

2) fase de trabalho ou fase do movimento dentário ativo

3) fase de estabilização, e

4) fase de finalização.

Já PROFFIT (1992) afirmou que os estágios que compreendem um

tratamento ortodôntico completo são três:

5) alinhamento e nivelamento

6) correção da relação molar e fechamento de espaços, e

7) finalização

15
Aqui, será considerada somente a primeira fase do tratamento.

2.1.4.1. Fase de alinhamento e nivelamento

Para PROFFIT (1992) esta etapa consiste em conduzir os dentes para o

alinhamento e correção das discrepâncias verticais por meio do nivelamento dos

arcos. É necessário controlar a posição ântero-posterior dos incisivos, a largura e a

forma das arcadas dentárias. No nivelamento do arco, é necessário determinar e

controlar se o mesmo ocorre por extrusão dos dentes posteriores, intrusão dos

anteriores ou por uma combinação de ambos.

As formas dos arcos dentários variam entre os pacientes. Resultados mais

estáveis são alcançados quando a forma original da arcada dentária do paciente é

preservada durante o tratamento ortodôntico. No início do tratamento os arcos devem

refletir cada forma da arcada do indivíduo. Assim, se arcos pré-contornados são

utilizados, sua forma deve ser selecionada e ajustada para cada paciente

(PROFFIT, 1992).

Como objetivos do alinhamento/nivelamento, MARCOTTE (1993) cita:

- Corrigir rotações e posições dentárias incorretas;

- Melhorar relações de largura e assimetrias dos arcos;

- Corrigir mordidas cruzadas;

- Melhorar relação intermaxilar, e

- Corrigir sobremordida exagerada e inclinações axiais incorretas nos

segmentos posteriores.

2.1.4.1.1 Princípios na escolha dos arcos de alinhamento e

nivelamento

Para promover o alinhamento de um dente, uma combinação de inclinação

labiolingual e mesiodistal guiada por um arco ortodôntico é necessária, porém a

16
movimentação radicular não. Isto ocorre devido aos ápices radiculares estarem mais

próximos à posição normal do que as coroas dentárias em uma maloclusão. Para

propostas de alinhamento e nivelamento, idealmente deveria se ter uma curva carga-

deflexão quase plana, com o fio liberando em torno de 50g para qualquer grau de

deflexão. As variáveis na seleção de arcos ortodônticos apropriados para esta etapa

do tratamento são o material do arco, sua dimensão e a distância entre os bráquetes

(PROFFIT, 1992).

De acordo com PROFFIT (1992), os princípios para escolha dos arcos

ortodônticos para a fase de alinhamento e nivelamento são:

8) os arcos iniciais devem fornecer forças leves e continuas para produzir

movimentos dentários de inclinação mais eficientes;

9) os arcos devem ser capazes de mover-se livremente dentro dos encaixes dos

bráquetes, sendo para isso necessária uma folga entre o fio e os encaixes de

pelo menos 0.002 polegada sendo, o desejável, 0.004 polegada.

10) arcos retangulares devem ser evitados. Nesta etapa, arcos redondos

são os preferidos.

A) Material do arco

Um movimento dentário ortodôntico ótimo é produzido por forças leves e

contínuas (PROFFIT, 1992). O desafio em projetar e utilizar um aparelho ortodôntico é

produzir um sistema de força com esta característica, criando forças com magnitude

adequada e que não variam significativamente com o tempo. É particularmente

importante que forças leves não diminuam rapidamente, decaindo ou devido à perda

de elasticidade do próprio material ou à pequena quantidade de movimento dentário

causando uma grande mudança na magnitude de força liberada. Ambos, o

comportamento elástico dos materiais e os fatores mecânicos na resposta do dente

devem ser considerados no projeto de um sistema de aparelhagem ortodôntica

corretiva total.

17
B) Dimensão do fio

Segundo PROFFIT (1992), em fios NiTi-A (austeníticos) superelásticos, a

preparação do material pelo fabricante determina seu desempenho clínico. Para

NiTi-M (martensítico), Ti-beta (titânio-molibdênio) ou para fios de aço, a dimensão do

fio é um critério importante. Se a dimensão do fio aumenta, as forças geradas no

regime elástico aumentam, porém a deformação elástica diminui. Para o alinhamento

e nivelamento, considerando-se fios de um mesmo material, a menor dimensão, com

resistência à deformação plástica adequada, deve ser a preferida. Quando fios

multifilamentados de mesma dimensão são usados, forças mais elevadas seriam

geradas enquanto a flexibilidade (capacidade de se deformar elasticamente sob

flexão) não é relativamente afetava quando comparado com o de aço inoxidável de

filamento único. Este método de combinar múltiplos filamentos de aço que

individualmente não seriam resistentes o suficiente para permitir a ausência de alças

no aço é indicado para o estágio inicial do tratamento.

C) Distância entre os bráquetes

A largura dos bráquetes é um fator importante, pois quanto mais largos

forem esses acessórios, menores serão as distâncias interbráquete, o que dificultará a

inserção de um fio de aço inoxidável nos encaixes dos bráquetes. Esta inserção está

na dependência da gravidade da maloclusão, bem como da dimensão do fio em

questão. Com o aumento da distância entre dois bráquetes a resistência do fio

ortodôntico entre os referidos acessórios diminui rapidamente permitindo, dessa forma,

uma melhor deflexão. Uma maneira de aumentar a deflexão sem sacrificar a

resistência de um arco ortodôntico, é dobrar uma alça entre dois dentes, aumentando

assim a distância ao longo do arco entre os bráquetes.

18
2.2. Histórico dos materiais metálicos utilizados em Ortodontia

A evolução da Ortodontia mostra a utilização de vários metais como

constituintes de arcos ortodônticos em diferentes fases. Até o início da década de 40

ligas de ouro tipo IV (número de dureza Vickers ≥ 150) foram amplamente utilizadas

na fabricação de fios ortodônticos. A partir do final das décadas de 30 e 40, além do

ouro, o aço inoxidável foi disponibilizado para utilização em fios e aparelhos

ortodônticos. Em seguida, fios de aço multifilamentados, trançados ou torcidos, foram

desenvolvidos, aumentando assim a resiliência e o limite de elasticidade do aço. Logo

após, ligas de cobalto-cromo passaram a ser utilizadas na fabricação de fios

ortodônticos.

No início da década de 60 a liga níquel-titânio (Nitinol, 55 a 60% de Ni e

40 a 45% de Ti) propiciou aos ortodontistas uma extensão de trabalho maior

juntamente com a possibilidade de utilização de forças mais leves. Em seguida, ligas

de titânio-beta (titânio-molibdênio) e novas ligas de níquel-titânio foram desenvolvidas,

trazendo aos profissionais novas possibilidades de seleção.

2.3. Aparelho Ortodôntico

Um aparelho ortodôntico fixo padrão é constituído por componentes

individuais incluindo bráquetes (aço inoxidável com e sem níquel; titânio), bandas (aço

inoxidável), uniões metálicas por meio de soldas (solda de prata por brazagem; solda

a ponto com eletrodos de cobre), arcos ortodônticos (aço inoxidável; fios de aço

trançados; ligas de cobalto-cromo; ligas de titânio-beta, e ligas de

níquel-titânio), elos de elastômero e ligaduras metálicas (aço inoxidável) para

amarração (Figura 11 – página 20). O projeto de um aparelho pode ser conduzido de

maneira a facilitar o tratamento de uma dada maloclusão uma vez que numerosas

possibilidades de cada componente atualmente estão disponíveis para a montagem

desse dispositivo.

19
Bráquete
Banda

Ligadura
elastomérica
Ligadura
metálica Arco
ortodôntico

Figura 11 – Aparelho ortodôntico


Foto do perfil de um aparelho ortodôntico fixo total.

Para a correta utilização dos aparelhos ortodônticos deve-se ter um amplo

conhecimento dos materiais com os quais eles são feitos. WATERS, HOUSTON et al.

(1981) afirmaram que para se obter total vantagem do material, um ortodontista deve

compreender as propriedades do fio e a natureza do compromisso no tratamento para

poder selecionar o fio mais apropriado para uma aplicação particular. De acordo com

KUSY (1997) nos fios ortodônticos usados para tratar pacientes, suas propriedades

elásticas indicam que cada liga se sobressai em um momento particular, seja em um

estágio inicial, intermediário ou final do tratamento. Na verdade, não há um fio que

seja melhor para todos os estágios do tratamento, assim como não há um fio

ortodôntico ideal.

As propriedades, mecânica e física, dos fios podem ser alteradas sob

condições de manipulação variadas. As pressões leves e contínuas produzidas por

estes aparelhos estimulam remodelações ósseas na direção desejada. Assim a

atuação do aparelho tem uma natureza dinâmica, produzindo compressão suficiente

para estimular o movimento dentário pretendido, sem, contudo, levar a um

tensionamento passível de causar necrose do ligamento periodontal e do tecido ósseo.

Como o aparelho deve atuar dentro de limites máximos e mínimos de tensionamento,

sua capacidade de aplicação de força deve ser conhecida.

20
A prática mais tradicional em Ortodontia preconiza a mudança da

dimensão do fio para se variar a rigidez. Alguns fatores que afetam a rigidez do fio

incluem o material do fio (sua dureza, estado de tratamento térmico, etc), dimensões e

tipo de seção transversa. A rigidez final obtida para o fio será também afetada pela

largura do bráquete, distância interbráquete, comprimento do fio e incorporação de

alças, uma vez que estas características irão influenciar diretamente na quantidade de

fio disponível entre dois acessórios consecutivos. A rigidez do fio (Figura 12 –

página 21), relativo à sua dimensão (seção transversa), é útil na determinação da

dureza do aparelho ortodôntico, somente se uma mesma liga for utilizada. Para

qualquer curva carga-deflexão o fio mais elástico apresenta uma curva mais horizontal

e o mais rígido apresenta uma curva mais vertical.

Fio 1
Força (tensão)

Fio 2

Deflexão (deformação)

Figura 12 – Curva carga-deflexão


Para dois fios (modificado de EVANS e DURNING, 1996). Fio
1, menos elástico; Fio 2, mais elástico.
a = ponto de escoamento (mudança das propriedades físicas
de elástica para plástica).
b/c = módulo de elasticidade ou rigidez do fio.

BURSTONE (1981) afirmou que toda dureza do aparelho (S) é

determinada por dois fatores: um fator seria o próprio fio, (Ws), e o outro o projeto do

aparelho (As).

21
S = Ws x As
S = relação carga-deflexão do aparelho
Ws = rigidez do fio
As = fator de dureza do projeto
Em termos gerais,

Dureza do aparelho = Rigidez do fio x Dureza do projeto

A flexibilidade de um determinado comprimento de arco ortodôntico

dependerá: 1) da dimensão e das propriedades elásticas do fio; 2) da distância

interbráquete e dimensões do bráquete, e 3) da configuração do arco ortodôntico. O

projeto do aparelho pode ser mudado ao se aumentar a extensão de fio entre os

bráquetes ou adição de alças; sua dureza pode ser reduzida tanto quanto o fator de

rigidez do projeto é modificado. BURSTONE em 1981, analisando as condições

necessárias para se alterar a rigidez de um fio comenta que a rigidez é determinada

por dois fatores - a seção transversa e o material dos fios:

Ws = Ms x Cs
Ws = número de rigidez do fio
Ms = número de rigidez do material
Cs = número de rigidez da seção transversa
Em termos gerais,

Rigidez do fio = Rigidez do material x Rigidez da seção transversa.

Segundo BURSTONE (1981), a rigidez do fio é determinada pelo momento

de inércia da seção transversa e pelo módulo de elasticidade do material empregado.

A maior razão para um ortodontista selecionar um tamanho de fio particular é a sua

rigidez ou sua relação carga-deflexão; secundariamente, esta escolha é dependente

da magnitude das forças e momentos requeridos.

BURSTONE (1981) afirmou que deflexões elásticas máximas variam

inversamente com a dimensão do fio. Um fio 0.016 polegada teria somente 1,15 vez a

mais de deflexão elástica máxima se comparado com um fio de 0.018 polegada.

22
Pequenas mudanças na seção transversa produzem grandes mudanças na relação

carga-deflexão, uma vez que esta relação varia com a quarta potência do diâmetro

dos fios redondos. ADAMS, POWERS et al. (1987) afirmaram que a força necessária

para deflexionar um fio ortodôntico em uma dada extensão, dentro de seu regime

elástico, é igual à força reativa do fio ortodôntico que causa movimento dentário.

Em 1981, BURSTONE desenvolveu um método numérico simples para

calcular a rigidez relativa de fios de diferentes seções transversas quando o material

do fio é o mesmo. O número de rigidez da seção transversa Cs usa um fio de 0,1mm

(0.004 polegada) como valor base 1. Um fio de 0.006 polegada tem um Cs de 5,0 que

designa para a mesma ativação, uma força liberada cinco vezes maior. Um fio com

seção transversa de 0.016 polegada tem um número de rigidez de 256. Isto significa

que, para uma ativação idêntica, poderia liberar uma força 256 vezes maior do que um

fio redondo de 0.004 polegada (Tabela 2).

Tabela 2 – Número de rigidez da seção transversa (Cs) de fios


redondos
(modificada de BURSTONE, 1981).

Seção transversa
Cs
(Polegada) (mm)

0.004 0,102 1,00


0.010 0,254 39,06
0.014 0,356 150,06
0.016 0,406 256,00
0.018 0,457 410,06
0.020 0,508 625,00
0.022 0,559 915,06
0.030 0,762 3.164,06
0.036 0,914 6.561,00

Em parte, ligas odontológicas são compostas por uma variedade de metais

para atingir certas propriedades tais como: possibilidade de serem fundidas,

23
resistência mecânica, resistência à corrosão etc. Anteriormente, quando muitos

ortodontistas usavam somente o aço inoxidável, com módulo de elasticidade

aproximadamente idêntico, somente a dimensão do fio variava e nenhuma referência

era feita à propriedade do material que determina a rigidez do fio.

Manter a mesma seção transversa do fio usando materiais diferentes com

rigidez diferenciada pode produzir uma ampla variação de forças e relação

carga-deflexão requerida para uma Ortodontia mais abrangente. O número de rigidez

do material (Ms) é baseado no módulo de elasticidade do mesmo (Tabela 3 – página

24, dados obtidos por testes de flexão de várias ligas com 0.016 polegada). Embora o

módulo de elasticidade seja considerado uma constante, deve ser lembrado que a

história do fio, particularmente seu processo de fabricação, pode ter alguma influência

sobre o módulo de elasticidade.

Tabela 3 – Número de rigidez do material (Ms)


De ligas ortodônticas e fios de aço trançados
(modificada de BURSTONE, 1981)

Material Número de rigidez (Ms)*

Ligas

Aço inoxidável (ss) 1,00

Titânio-beta (TMA) 0,42

NiTi (Nitinol) 0,26

Cobalto-cromo (Elgiloy azul) 1,19


Cobalto-cromo (Elgiloy azul, tratado
1,22
termicamente)
Trançados

Aço inoxidável (Twist-flex) 0,18 – 0,20

Force-9 0,14 – 0,16

Drect 0,04 – 0,08

Repond 0,07 – 0,08


* Baseado em E = 25 x 106 psi.

24
O módulo de elasticidade é definido como a relação entre tensão e

deformação no regime elástico. Quanto mais alta a relação do limite de elasticidade

para o módulo de elasticidade, melhores serão as propriedades elásticas de um fio

ortodôntico, definidas na verdade por sua resiliência. O desempenho clínico de

qualquer material nesse caso poderá ser descrito em termos de sua rigidez sob flexão

e pela recuperação elástica possível. A Tabela 4 (página 25) apresenta os valores

para o limite de elasticidade e módulo de elasticidade de vários materiais que

constituem os fios ortodônticos.

Tabela 4 – Limite de elasticidade e módulo de elasticidade


Valores para vários materiais de arcos ortodônticos
(modificada de EVANS e DURNING, 1996).

Limite de Elasticidade Módulo de Elasticidade


Liga Arco Ortodôntico
(psi) (psi)

Liga de ouro Tipo IV 50.000 – 160.000 15.000.000

Aço inoxidável 50.000 – 280.000 23.000.000 – 32.000.000


(5-20%)* (10%)*

28.500.000 – 34.000.000
Elgiloy 200.000 – 280.000
(10-20%)*

Aço inoxidável
200.000 890.000 – 5.100.000
multifilamentado

Titânio- molibdênio
170.000 8.000.000 – 16.000.000
(TMA)

NiTi (Nitinol -
martensítico 230.000 – 250.000 4.800.000
estabilizado)

NiTi Austenítico ativo


120.000 8.000.000
superelástico

NiTi Martensítico
ativo sensível 170.000 – 200.000 2.000.000
termicamente
* Refere-se ao aumento do valor durante o tratamento térmico

25
Na Figura 13 é possível observar que o módulo de elasticidade para o aço

é quase duas vezes o do fio de ouro forjado. Desde que um alto módulo de

elasticidade coincida com baixa resiliência, um fio de ouro seria aproximadamente

duas vezes mais resiliente do que um de aço do mesmo diâmetro. Está ilustrada

nessa figura uma relação típica entre tensão e deformação resultante para fios de ouro

e de aço. A deformação permanecerá diretamente proporcional à tensão e nenhuma

deformação permanente permanecerá após a tensão ser removida ao longo dos

valores não excedidos de P e P’ (limite de elasticidade).

Figura 13 – Curva tensão x deformação


Típica para fios de aço inoxidável e ouro
Gráfico baseado nas características das propriedades físicas
dos fabricantes (modificada de KOHL, 1964).

Segundo KOHL (1964), o módulo de resiliência, que é o trabalho requerido

para o tensionamento de uma unidade de volume de um material até o seu limite

elástico, pode ser determinado pela fórmula R=P2/2E, onde P representa o limite

26
elástico e E o módulo de elasticidade. Pode ser visto nesta equação que o limite

elástico é o principal fator que governa o módulo de resiliência de um fio, pois R varia

linearmente com 1/E e com o quadrado de P. Um fio de ouro forjado dobrará duas

vezes mais do que o fio de aço de um mesmo tamanho quando submetido a forças

iguais dentro do regime elástico.

Clinicamente isto significa que um dente será movido por uma extensão

duas vezes maior com uma mola de ouro forjada do que com uma mola de aço do

mesmo tamanho sob forças iniciais iguais. Para impor a mesma quantidade de

deslocamento de um dente, a mola de aço necessitaria ajustes mais freqüentes. O alto

módulo de elasticidade do aço pode ser compensado usando fios de dimensões

menores quando grandes deflexões são requeridas.

Na Figura 14, a área abaixo das curvas de tensão-deformação para um

valor máximo de tensão elástica representa a resiliência de dois fios ortodônticos. A

resiliência tem dimensão de energia, representando a energia elástica absorvida pelo

fio ao ser tensionado. O fio 1 apresenta uma menor energia armazenada do que

o fio 2.

Fio 1
A = 0-1-2

Força Fio 2
A = 0-3-4

F Max

Deflexão

Figura 14 – Curva força x deflexão


Energia armazenada para dois fios, onde A = área
representando a energia armazenada para uma força máxima
(modificada de EVANS e DURNING, 1996).

27
De acordo com KOHL (1964), para conformar um arco ortodôntico com

várias alças e molas, o fio deve apresentar a capacidade de ser deformado

plasticamente sem fraturar. Esta propriedade é conhecida como ductilidade. Se a

ductilidade do fio é baixa demais ele irá fraturar no dobramento. Como mencionado

anteriormente, o limite elástico designa a tensão máxima em que uma deformação

permanece ainda diretamente proporcional à tensão. Ele determina a tensão a ser

exercida para se fazer uma dobra permanente no fio e é dependente da composição

química do fio, do tratamento térmico e da quantidade de trabalho a frio que o fio tem

que ser submetido.

A fratura de um fio ocorre mediante a aplicação de uma tensão constante

ou que se modifica lentamente ao longo do tempo em temperaturas que são baixas

quando comparadas à temperatura de fusão do material (CALLISTER, 2000). Tensões

muito altas podem ser aplicadas se elas são uniformemente distribuídas ao longo do

fio. Onde dobras severas em um arco ortodôntico são realizadas, concentrações

localizadas de tensões são produzidas e podem resultar em fratura se as mesmas não

forem liberadas por tratamento térmico. Em tempo e temperatura adequados, este

ocasionará alívio de tensões.

Aparelhos ortodônticos estão sujeitos também a tensões de pequena

amplitude, cíclicas, que podem causar a fadiga do metal. A fadiga é um processo que

conduz à fratura sob tensões repetidas ou flutuantes que tem valor máximo menor do

que a resistência à tração do metal. A vida em fadiga de um metal é governada por

muitos fatores incluindo microestrutura, condição de superfície e resistência à

corrosão. A incidência de falha por fadiga é também aumentada pela presença de

pequenos defeitos de superfície tais como pites ou trincas. Estes quando presentes

em um fio podem causar uma concentração localizada de tensão, resultando em

fratura. Em muitos casos a corrosão causa pites microscópicos que podem encurtar a

vida em fadiga do aparelho.

28
Para a montagem de um aparelho ortodôntico, diversos são os materiais

disponíveis para escolha do profissional, dentre eles podem ser relacionados:

1) fios ortodônticos

a) aço inoxidável

b) fios de aço trançados

c) ligas de cobalto-cromo

d) ligas de titânio-beta (titânio-molibdênio)

e) ligas de níquel-titânio

f) ligas de titânio-nióbio.

2) bráquetes ortodônticos

a) aço inoxidável

b) titânio

c) cerâmico, e

d) policarbonato

3) bandas ortodônticas de aço inoxidável

4) solda

a) solda de prata, e

b) brasagem a base de cobre

2.3.1. Fios Ortodônticos

Os fios ortodônticos podem ser classificados de acordo com a composição

química, microestrutura ou propriedades mecânicas. Os primeiros dois fatores

determinam o terceiro. É importante lembrar que somente a composição não pré-

determina as propriedades, desde que o arranjo microestrutural dos vários

componentes tem uma influência significante.

BURSTONE e GOLDBERG (1980) afirmaram que numerosas

propriedades, físicas e mecânicas, podem ser usadas para descrever os fios

29
ortodônticos. A intenção de qualquer classificação é caracterizar clinicamente os

parâmetros mais significativos para o desempenho dos materiais. Por essa razão, o

limite de elasticidade (σe) e o módulo de elasticidade (E) são importantes, não apenas

porque eles são propriedades básicas do material, que podem ser medidas com

procedimentos de laboratório, padronizados, mas também porque definirão as

características do fio.

Em 1981 WATERS, HOUSTON et al. afirmaram que o menor raio de

curvatura segundo o qual um fio pode ser deflexionado e a recuperação elástica da

sua forma original indicam as propriedades elásticas do fio conforme foi fabricado.

A recuperação elástica para uma dada curvatura de um fio aumenta à medida que sua

dimensão diminui. A recuperação elástica ou a deflexão elástica máxima do fio está

relacionada à relação de σe/E. Valores de recuperação elástica mais altos permitem

uma ativação mais extensa, o que é sempre desejável, a menos que outras

propriedades tais como a conformabilidade estejam sendo sacrificadas

excessivamente. A magnitude da força liberada por um aparelho é proporcional ao seu

módulo de elasticidade. Conformabilidade e resistência à fratura são importantes uma

vez que muitos aparelhos requerem pelo menos uma modificação menor do fio pelo

profissional e que muitas situações demandam conformação plástica e dobras

extensas.

O teste de dobragem a frio descrito na Especificação 32 da American

Dental Association é indicativo da resistência do fio à fratura durante seu dobramento.

Porém, a facilidade em dar forma é ainda, provavelmente, mais bem descrita em

termos da experiência prática com alicates ortodônticos característicos. A capacidade

e a facilidade de serem unidos por solda (soldabilidade) é um outro importante

parâmetro clínico, sendo que a resistência à corrosão de tais uniões e dos próprios

fios deve ser satisfatória.

30
Em 1996, EVANS e DURNING apresentaram uma classificação do

desenvolvimento dos arcos ortodônticos distribuídos em cinco fases cronológicas

(Tabela 5 – página 32):

Fase I

♦ ligas de ouro, e

♦ aço inoxidável

Fase II

♦ ligas de titânio-beta (titânio-molibdênio), e

♦ ligas de níquel-titânio estabilizadas - a liga tem uma composição fixa

que é incapaz de demonstrar mudanças na sua estrutura cristalina.

Suas propriedades elásticas são resultado da sua própria estrutura

estável

Fase III

♦ ligas de níquel-titânio superelásticas - termo utilizado para aqueles

materiais que demonstram curvas de histerese única sob condições

variadas de temperatura ou tensão, e

♦ ligas de níquel-titânio austeníticas ativas - na aplicação de tensão, o

níquel-titânio sofre uma mudança na estrutura cristalina de austenita

para martensita;

Fase IV

♦ ligas de níquel-titânio termodinâmicas (martensítica ativa) - refere-se à

habilidade de um fio ortodôntico retornar à sua forma pretendida uma

vez atingida sua temperatura de transição. Para ser de validade clínica,

os arcos ortodônticos devem ter uma temperatura de transição próxima

à temperatura da boca, e

Fase V

♦ arcos ortodônticos de níquel-titânio termodinamicamente alterados.

31
Tabela 5 – Fase do desenvolvimento dos arcos ortodônticos
Características da força liberada (modificada de EVANS e
DURNING, 1996).

Fase Método Características força/deflexão Material

Variação na dimensão do Características força/deflexão Aço inoxidável,


I
arco ortodôntico linear ouro
Variação no material do Titânio-beta
arco ortodôntico, porém (titânio-
com mesma dimensão Características força/deflexão molibdênio),
II
(i.e. variável módulo linear Níquel-titânio,
ortodôntico, Aço inoxidável,
Burstone 1981) Cobalto-cromo
Características força/deflexão
Variação no diâmetro do Níquel-titânio
III não linear devido à tensão da
arco ortodôntico superelástico
mudança estrutural induzida
Características força/deflexão
Variação na composição Níquel-titânio
não linear ditada pela mudança
IV estrutural do material do ativado
estrutural induzida termicamente
arco ortodôntico termicamente
em todo o arco ortodôntico
Características força/deflexão
Variação na Graduado,
não linear ditada pelas
composição/estrutura do níquel-titânio
V diferentes mudanças estruturais
material do arco ativado
induzidas termicamente nas
ortodôntico termicamente
seções do arco ortodôntico

A) Aço inoxidável

Na década de 1940, o aço inoxidável austenítico começou a substituir o

ouro como liga primária para os fios ortodônticos. Suas propriedades mecânicas são

sensíveis ao teor de carbono, que é normalmente inferior a 1%p (porcentagem em

peso). Os aços inoxidáveis são altamente resistentes à corrosão em uma variedade de

ambientes. Seu elemento de liga predominante é o cromo, sendo que este material

deve se apresentar pelo menos na quantidade de 11%p (porcentagem em peso).

Como composição geral para os aços inoxidáveis austeníticos, O’BRIEN (1997) e

BRANTLEY e ELIADES (2001) citaram: 17%-20% Cr, 8%-12% Ni, máximo de 0,15%

C, aproximadamente 70% Fe.

GASTON (1951) chamou a atenção para o fato de que os fios de aço

inoxidável de uso ortodôntico, aço níquel-cromo estabilizado 18-8 do tipo 302 ou 304,

32
geralmente obedecem a especificações do Instituto Americano do Ferro e Aço (AISI),

e são, normalmente, projetados especificamente para este fim.

Os aços inoxidáveis estão divididos, simplificadamente, em três classes,

com base na fase predominante na sua microestrutura, quais sejam: martensítica,

ferrítica ou austenítica. Uma ampla variedade de propriedades mecânicas combinadas

a uma excelente resistência à corrosão torna os aços inoxidáveis muito versáteis no

que se refere ao seu domínio de aplicação.

Para os aços inoxidáveis austeníticos, o campo de fases austenítico (ou

fase gama) se estende até a temperatura ambiente. Estes aços apresentam o Ni como

estabilizador primário da austenita, estando incluído nessa categoria o tipo 316L (com

baixo conteúdo de carbono). Já os ferríticos são compostos pela fase ferrita α (CCC).

Os aços inoxidáveis austeníticos e ferríticos são endurecidos e têm sua resistência

aumentada mediante deformação plástica a frio, uma vez que não são tratáveis

termicamente. Os aços austeníticos são, em geral, mais resistentes à corrosão, devido

aos elevados teores de cromo e níquel. Os aços austeníticos é que são empregados

comumente em Ortodontia.

Segundo ANUSAVICE (1996), geralmente o aço inoxidável austenítico é

preferível ao ferrítico devido: 1) maior ductilidade e capacidade de trabalho a frio sem

fraturar; 2) aumento de resistência mecânica após o trabalho a frio; 3) maior facilidade

de soldagem; 4) supera prontamente bem a sensitização; 5) menor tendência a

crescimento de grão, e 6) maior facilidade de conformação.

Os aços inoxidáveis austeníticos mais conhecidos e populares são da

classe 18-8, com 18% de cromo e 8% de níquel, que conferem ao aço melhor

resistência à corrosão. EVANS e DURNING (1996) afirmaram que aços austeníticos

apresentam ainda maiores limite e módulo de elasticidade o que lhes trouxe uma

vantagem em condições em que fios mais rígidos são requeridos.

A disponibilidade do aço inoxidável austenítico tem sido o suporte principal

para a utilização em fios ortodônticos devido ao seu bom equilíbrio de estabilidade

33
ambiental, rigidez, resiliência e conformabilidade. GASTON (1951), sobre o aço

inoxidável utilizado em Ortodontia, ressaltou que se deve considerar:

1) alteração da propriedade mecânica devido ao superaquecimento não é capaz

de ser recuperada com sucesso, porém o emprego de técnica apropriada

evitaria este problema;

2) a resistência à tração do material é tanto mais alta do que a de outros

materiais geralmente empregados nos fios de dimensão consideravelmente

menor, indicados para produzir as mesmas tensões, e

3) embora essa alta resistência à tração seja um fator que retarda a ruptura na

boca, aumenta a possibilidade de fratura durante a conformação,

especialmente no ponto onde dobras aguçadas forem realizadas.

De acordo com TOMS (1988), o aço inoxidável não é totalmente resistente

à corrosão e sua susceptibilidade é devida a uma determinada condição ou a uma

combinação das seguintes condições:

1) superfície não homogênea;

2) áreas trabalhadas a frio (endurecimento por trabalho) produtoras de tensão e

compressão que seriam de menor resistência à corrosão;

3) incorporação de impurezas na superfície, isto é, manipulação descuidada do

fio com alicates de aço carbono ou cortar um aço com broca pode resultar

em inclusões de superfície.

4) uniões por soldagem atuam como pares galvânicos, e

5) ataque por cloreto de ferro ao se usar algum produto de limpeza de dentadura

para limpar o aparelho.

O tratamento térmico dos aços inoxidáveis austeníticos em tempo e

temperatura adequados promoverá um alívio de tensões, não permitindo que ocorra

precipitação de carbeto de cromo. Em 1988, TOMS avaliou fios de aço inoxidável

18:8 K C Smith (rígido) de 0,7 mm de diâmetro. Seis grupos foram considerados:

1) fios conforme recebidos do fabricante; 2) conforme recebidos que tinham sido

34
tratados termicamente ao ar aquecido a 400°C durante 10 minutos; 3) conforme

recebidos formando uma mola digital; 4) conforme recebidos formando mola digital

deixando exposta somente a mola; 5) conforme recebidos formando um grampo de

Adams e 6) fios conforme recebidos formando grampo de Adams deixando exposto

apenas o grampo. Todas as amostras tiveram suas dimensões previamente

registradas com um micrômetro e um calibrador Vernier. Os fios foram limpos por

imersão em tolueno por 5 minutos, e depois enxaguados em água destilada e secos.

Em seguida foram unidos a um eletrodo de trabalho e isolados em um meio corrosivo

por meio de um tubo de PVC e uma borracha Impregum. O tubo foi encolhido por meio

de ar aquecido para evitar o revenido. Ácido sulfúrico 0,5M a 30°C foi usado como

meio corrosivo para obter dados básicos para futura comparação de dados corrosivos

(ASTM Standars, 1980; NACE, 1980). O ácido foi purificado com nitrogênio livre de

oxigênio por trinta minutos, antes do experimento, para assegurar uma solução

anaeróbica a temperatura constante. A purificação também teve como função agitar o

meio corrosivo. A solução ácida foi renovada após cada medida de resistência de

polarização.

TOMS (1988) concluiu que as medidas de resistência de polarização de

um grampo de Adams produziram resultados interessantes, senão conclusivos. Onde

o fio foi tensionado, a corrosão foi mais intensa do que aquela verificada no fio

conforme recebido do fabricante, no fio tratado termicamente e na mola digital.

GOLDBERG, VANDERBY et al. (1977) utilizaram a máquina universal

Instron para avaliar o módulo de elasticidade dos fios ortodônticos de aço inoxidável

(Standard Permachrome, Unitek Corp.) na condição em que foram recebidos e após

tratamento térmico. Estes últimos foram avaliados após 5 minutos de tratamento

térmico à temperatura de 1010°C e após 3 minutos de tratamento térmico à

temperatura de 454°C e 400°C, temperaturas empregadas em tratamentos térmicos

para alívio de tensão em fios ortodônticos. Os valores obtidos para os fios conforme

recebidos do fabricante variaram de 21,3 a 24,8 x 106 psi. Afirmaram que esse valor

35
está 20% abaixo daquele geralmente aceito, que é de 28,0 a 29,0 x 106 psi. Em

relação aos materiais tratados termicamente a 1010°C, o valor médio medido foi de

27,6 x 106 psi. Já aqueles tratados a 400°C não mostraram diferença estatisticamente

significante em relação ao material como foi recebido. Porém os tratados a 454°C

exibiram um pequeno aumento no módulo de elasticidade e diminuição de 0,01% e

0,10% no limite de escoamento (Tabela 6).

Alto módulo de elasticidade implica na utilização de fios de menor

dimensão para procedimentos de alinhamento e nivelamento, quando forças menores

são indicadas. Dimensões reduzidas de fios, por outro lado, resultam em dificuldade

de adaptação ao bráquete e possível perda de controle no tratamento. Para se

contornar as limitações inerentes aos altos módulos de elasticidade, a incorporação de

alças aos arcos ortodônticos feitos em aço inoxidável é indicada.

Tabela 6 – Propriedades mecânicas de fios ortodônticos


Fios ortodônticos de 0,406mm (0.016 polegada) após
tratamento para alívio de tensão (modificada de GOLDBERG,
VANDERBY e BURSTONE, 1977).

Propriedade 400°C 454°C


Como recebido
Mecânica 3 minutos 3 minutos

Módulo de elasticidade
x 104 Mpa 15,6 ± 0,8* 14,9 ± 0,6 16,9 ± 0,8
(x 106 psi) (22,6 ± 1,2) (21,5 ± 0,8) (24,5 ± 1,1)
0,1% compensação

Limite de elasticidade
x 102 Mpa 10,4 ± 0,9 9,5 ± 1,5 8,5 ± 0,8
(x 104 psi) (15,0 ± 1,4) (13,8 ± 2,2) (12,4 ± 1,2)
0,10% compensação

Limite de elasticidade
18,8 ± 1,5 17,0 ± 2,1 15,1 ± 0,8
x 102 Mpa
(x 104 psi) (27,2 ± 2,2) (24,6 ± 3,0) (21,9 ± 1,2)

*
Média ± Desvio Padrão

36
Em geral, o aço inoxidável apresenta uma excelente conformabilidade,

embora os fios com limite de elasticidade mais elevado possam apresentar fragilidade.

Pode ser soldado, embora a técnica seja requerida eventualmente. Finalmente,

considera-se que estes fios têm boa resistência à corrosão, embora as uniões de

solda possam se corroer na cavidade bucal. A adequada combinação de recuperação

elástica, boa conformabilidade e custo moderado respondem pela popularidade do aço

inoxidável como arco ortodôntico.

B) Fios de aço trançados

A utilização de fios múltiplos trançados é também comum na Ortodontia.

Essa configuração apropria-se das vantagens de pequenas seções resistentes que

apresentam deflexões elásticas máximas mais altas e que no processamento

produzem fios que têm rigidez relativamente baixa (Tabela 3 – página 24). WATERS,

HOUSTON et al. (1981) afirmaram que a rigidez à flexão de um fio trançado parece

depender muito pouco do modo como são entrelaçados.

O objetivo de se empregar filamentos finos no local de um arco simples do

mesmo material e com a mesma área de seção transversa é aumentar a

deformabilidade elástica (módulo de elasticidade) enquanto a inclinação da curva

carga-deflexão (expressa a rigidez de um material) se mantém inalterada (Figura 15 –

página 38) (STEPHENS, HOUSTON et al., 1971).

STEPHENS, HOUSTON et al. (1971) afirmaram que os arcos de

filamentos múltiplos são classificados pelos seus diâmetros externos, embora a área

da seção transversa dos fios seja menor do que aquela de um fio de filamento simples

de mesmo diâmetro (Figura 16 – página 38). Assim, um arco de filamento múltiplo de

diâmetro 0,45mm (0.018 polegada) pode ser considerado equivalente a um de

filamento simples de 0,3mm (0.012 polegada) em termos de características carga-

deflexão. É evidente que por conter menor secção resistente total, o arco de filamento

múltiplo de 0,45 mm de diâmetro nominal libera forças muito menores do que um arco

37
simples de 0,45 mm de diâmetro quando deflexionado em uma mesma quantidade. No

entanto, um arco de filamento múltiplo pode sofrer deflexão por completo a uma

distância maior sem se deformar permanentemente.

Múltiplo
Carga

Simples

Deflexão

Figura 15 – Curva carga x deflexão


Arcos de filamentos múltiplos comparados com os simples
(modificada de STEPHENS, HOUSTON et al., 1971).

Figura 16 – Seção transversa de arcos ortodônticos


Área de um arco de filamentos múltiplos comparado com um
fio sólido de mesmo diâmetro global (modificada de
STEPHENS, HOUSTON et al., 1971).

38
De acordo com EVANS e DURNING (1996) ao se comparar o aço

inoxidável de fio único com o aço inoxidável de filamento triplo de diâmetro

semelhante, este último produz um módulo de elasticidade de 1/5 e uma variação de

trabalho que é de 150 a 200% maior (Tabela 7).

Tabela 7 – Relações da recuperação elástica para vários


materiais
(modificada de EVANS e DURNING, 1996).

Aço inoxidável Níquel-titânio Níquel-titânio


Aço Titânio-
de filamento martensítico austenítico
inoxidável beta
triplo estabilizado ativo

1 1,5 – 2 1,75 2,5 4–5

STEPHENS, HOUSTON et al. (1971) testaram vários fios de filamentos

múltiplos 0,45mm (0.018 polegada). Alguns arcos de filamento múltiplo (por exemplo,

arco de fio geminado, arco Bundle) têm seus filamentos paralelos, enquanto outros

(por exemplo, Twistflex e Orhoflex) têm seus filamentos trançados um no outro

(Tabela 8 – página 40). Os testes empregados envolveram medidas de raio mínimo no

qual houve completa recuperação elástica. Os autores concluíram que: 1) arcos de

filamentos múltiplos oferecem vantagens consideráveis como arco inicial de

alinhamento com qualquer tipo de bráquete devido à sua flexibilidade em todos os

planos; 2) o arco de fio múltiplo deveria substituir a utilização do aço inoxidável rígido

na seção anterior de um arco de fio duplo (geminado), e 3) dos arcos testados, o

Orthoflex por ter baixa rigidez demonstrou propriedades, clínica e laboratorial,

superiores.

39
Tabela 8 – Detalhes dos fios de arcos ortodônticos testados
(modificada de STEPHENS, HOUSTON e WATERS, 1971).

Produto Material Forma Fabricante

Filamentos de
0,45mm Tratado termicamente,
3 x 0,04mm,
(0.018 pol.) alta elasticidade, Dentaurum
fortemente trançados,
Orthoflex aço inoxidável
16 voltas por polegada

Filamentos de
0,45mm
Alta elasticidade, 3 x 0,04mm,
(0.018 pol.) Dentaurum
aço inoxidável fortemente trançados,
Orthoflex
16 voltas por polegada

0,45mm Filamentos de
Alta elasticidade,
(0.018 pol.) 3 x 0,04mm, Unitek
aço inoxidável
Twistflex 5 voltas por polegada

0,45mm
Elgiloy vermelho 4 filamentos Rocky
(0.018 pol.)
Elgiloy verde paralelamente estendidos Mountain
Arco Bundle

2 filamentos
Fio de Arco Aço inoxidável
0,25mm, ---
Geminado rígido
paralelamente estendidos

C) Ligas de cobalto-cromo

Uma liga particular de cobalto-cromo conhecida como Elgiloy encontrou

ampla aplicação em Ortodontia. Este material foi desenvolvido pela companhia Elgin

para uso em componentes de relógios. Apresenta como base o cobalto, contendo

ainda cromo, níquel, e ferro com pequenas quantidades de molibdênio, magnésio,

berílio e carbono.

Estas ligas têm aparência e propriedades mecânicas semelhantes às do

aço inoxidável (Tabela 9 – página 41), sendo que a diferença está no seu rápido

endurecimento por trabalho mecânico (encruamento) e no comportamento sob

tratamento térmico. Isto produz maiores alterações no comportamento elástico,

resultando em um maior limite de elasticidade e resiliência mais alta nas ligas de

40
cobalto-cromo do que nos de aço inoxidável. Como vantagem em relação ao aço

inoxidável, esta liga apresenta propriedades físicas superiores, maior resistência à

fadiga e distorção e aplicação mais adequada como mola resiliente. Podem ser polidas

eletroliticamente, facilmente soldadas e facilmente tratadas termicamente para

remover tensões internas e aumentar o desempenho da mola.

Tabela 9 – Variação das propriedades mecânicas


Principal importância clínica da tensão para quatro maiores
ligas ortodônticas e fios conforme recebidos (modificada de
O’BRIEN, 1997).

Módulo de elasticidade Limite de elasticidade


Fio de liga
(GPa) (MPa)

Aço inoxidável
160 – 180 1.100 – 1.500
(resiliente)

Cobalto-cromo
160 – 190 830 – 1000
(Elgiloy – dureza macia)

Titânio-beta
62 – 69 690 – 970
(titânio-molibdênio, TMA)

Níquel-titânio
34 210 – 410
(Nitinol)

Para utilização em Ortodontia, a liga de cobalto-cromo está disponível na

forma de fio em têmperas e dimensões diferentes, permitindo seu emprego durante

todo o tratamento. Como composição geral para as ligas de cobalto-cromo, O’BRIEN

(1997) e BRANTLEY e ELIADES (2001) citaram: 40% Co, 20% Cr, 15% Ni, 15,8% Fe,

7% Mo, 2% Mn, 0,15% C e 0,04% Be para a liga Elgiloy (Rocky Mountain

Orthodontics) muito comumente usada.

Quatro tipos de ligas de cobalto-cromo foram eventualmente

comercializadas, variando de uma capacidade inicial de formação, de uma liga com

têmpera rígida e resiliente superelástica, designada “vermelha”, a uma liga leve e

deformável, designada “azul”. Duas destas ligas, a “azul” e uma levemente menos

41
deformável, mas não menos dúctil, a “amarela”, foram desenvolvidas entre 1958 e

1961, com o objetivo de igualar, em seus estados termicamente tratados, à têmpera

dos aços inoxidáveis convencionais e extra-duros daquela época (FRANSEEN, 1995

apud KUSY, 1997). As diferenças nas propriedades mecânicas surgem nas variações

das propriedades do processo de fabricação do fio, sendo a de dureza macia a liga

mais popular entre os clínicos. A de têmpera macia é facilmente deformada e

conformada nos aparelhos quando tratada termicamente, o que lhe confere valores

mais elevados de limite de elasticidade e resiliência. O módulo de elasticidade destes

fios é de 28.500.000 a 30.000.000 psi o que confere a este tipo de liga uma

característica de mola – ou elasticidade – semelhante ao aço inoxidável.

A recuperação elástica para a liga Elgiloy® macia foi determinada variando de

0,0045 a 0,0065 para cinco diferentes dimensões de fios conforme recebidos dos

fabricantes e, após terem sido submetidas a tratamento térmico, essa variação foi de

0,0054 a 0,0074.

Comparando as propriedades físicas da liga de cobalto-cromo com um aço

empregado em relógios a corda, o fabricante alega que a primeira liga é superior em

275% em resistência para fixação, 100% em resistência à fadiga. Apresentam uma

alta resistência à corrosão, um limite de elasticidade levemente mais alto, dureza e

limite de resistência à tração elevados, além de poderem ser facilmente soldadas.

Segundo FILMORE e TOMLINSON (1976), em 1958 DENVER conduziu

uma investigação sobre fios de cobalto-cromo para determinar os efeitos do

tratamento térmico a 900°F por três minutos sobre sua ductilidade e também a

capacidade de uma alça vertical resistir à deformação permanente. O autor relatou

70% de redução na ductilidade e uma melhoria de 60% na capacidade do fio para

resistir à deformação permanente após tratamento térmico.

FILLMORE e TOMLINSON (1976) usaram a liga de cobalto-cromo de

têmpera macia e quantificaram os efeitos apresentados pelas várias temperaturas de

tratamento térmico sobre a habilidade de cada têmpera particular resistir à deformação

42
permanente. Eles compararam fios retangulares 0.016 x 0.022 polegada tratados

termicamente com uma unidade de resistência elétrica com aqueles tratados em um

forno odontológico. Verificaram que um tratamento térmico a temperaturas de até

1200°F aumenta a resistência à deformação permanente (Figura 17), com um ganho

de 95% a 900°F. O máximo de resistência ocorreu entre as temperaturas de 1100°F e

1200°F por um tempo de 5 minutos em forno odontológico. Um rápido declínio na

resistência à deformação foi observado nos fios tratados a temperaturas acima de

1200°F devido ao recozimento parcial. Já aqueles tratados a 1500°F mostraram um

aumento marcado na deformação permanente quando cargas de deformação maiores

que 350g foram aplicadas. Para cargas acima de 500g, os fios tratados termicamente

a 1500°F deformaram permanentemente mais do que aqueles que não sofreram

tratamento térmico. Fios tratados a 1400°F mostraram, entretanto, uma resposta

semelhante, porém não representativa para cargas acima de 500g (Tabela 10 –

página 44).

Figura 17 – Deformação permanente x força aplicada


Fios com várias temperaturas de tratamento térmico
(modifiada de FILLMORE e TOMLINSON, 1976).

43
Tabela 10 – Força requerida
Para uma deformação permanente de 0,1 mm de uma liga de
cobalto-cromo em um fio de 0.016 x 0.022 polegada (média e
desvio padrão de 6 espécimes de fio) (modificada de
FILLMORE e TOMLINSON, 1976).

Temperatura Força (g.f) Temperatura Força (g.f)

Não aquecido 139,7 ± 12,3 1100°F 350,0 ± 00,0


600°F 191,7 ± 12,9 1200°F 383,3 ± 20,4
700°F 233,3 ± 12,9 1300°F 375,0 ± 22,4
800°F 244,5 ± 16,5 1400°F 375,0 ± 22,4
900°F 272,3 ± 4,1 1500°F 300,0 ± 0,0
1000°F 294,5 ± 13,5 950°F 208,3 ± 20,4

A Tabela 11 (página 45) mostra a força média em gramas requerida para

causar 0,1mm de deformação permanente para cada grupo tratado.

44
Tabela 11 – Deformação permanente do fio de cobalto-cromo tratado termicamente
Deformações permanente (mm) do fio de cobalto-cromo de 0.016 x 0.022 polegada para várias temperaturas. Média e
Desvio Padrão de seis espécies de fios (modificado de FILLMORE e TOMLINSON, 1976).

Temperatura Deformação do Fio em Grama.Força (g.f)


Tratamento
Térmico
50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650

Sem
Tratamento --- --- 0,15 ± 0,05 0,67 ± 0,23 1,45 ± 0,40 2,65 ± 0,61 4,15 ± 0,80 6,13 ± 1,03 8,72 ± 1,49 11,67 ± 1,86 15,12 ± 2,17 18,87 ± 2,32 21,67 ± 2,70

600°F --- --- --- 0,13 ± 0,05 0,33 ± 0,08 0,73 ± 0,21 1,45 ± 0,23 2,42 ± 0,33 3,95 ± 0,59 6,38 ± 0,79 9,87 ± 0,71 13,87 ± 0,93 18,09 ± 1,09

700°F --- --- --- --- 0,17 ± 0,05 0,50 ± 0,17 1,08 ± 0,23 1,85 ± 0,48 3,00 ± 0,67 4,88 ± 1,05 7,50 ± 1,56 11,23 ± 1,90 14,93 ± 2,56

800°F --- --- --- --- 0,12 ± 0,06 0,35 ± 0,05 0,72 ± 0,15 1,28 ± 0,18 2,18 ± 0,24 3,50 ± 0,35 5,63 ± 0,51 8,78 ± 0,51 12,88 ± 1,41

900°F --- --- --- --- --- 0,23 ± 0,05 0,48 ± 0,08 0,93 ± 0,25 1,52 ± 0,33 2,37 ± 0,63 3,80 ± 0,93 6,12 ± 1,41 9,45 ± 2,15

1000°F --- --- --- --- --- 0,13 ± 0,08 0,32 ± 0,12 0,50 ± 0,13 0,82 ± 0,27 1,33 ± 0,45 2,00 ± 0,64 3,12 ± 1,12 4,95 ± 1,82

1100°F --- --- --- --- --- --- 0,10 ± 0,00 0,20 ± 0,00 0,35 ± 0,05 0,57 ± 0,10 0,90 ± 0,13 1,45 ± 0,27 2,37 ± 0,50

1200°F --- --- --- --- --- --- 0,02 ± 0,04 0,15 ± 0,05 0,30 ± 0,11 0,53 ± 0,15 0,78 ± 0,15 1,33 ± 0,15 2,25 ± 0,39

1300°F --- --- --- --- --- --- 0,03 ± 0,05 0,18 ± 0,08 0,28 ± 0,08 0,55 ± 0,08 0,93 ± 0,10 1,70 ± 0,13 3,12 ± 0,40

1400°F --- --- --- --- --- --- 0,03 ± 0,05 0,17 ± 0,05 0,27 ± 0,05 0,65 ± 0,10 1,30 ± 0,14 3,89 ± 1,06 7,12 ± 0,93

1500°F --- --- --- --- --- 0,10 ± 0,00 0,53 ± 0,26 2,08 ± 1,04 6,10 ± 2,47 11,53 ± 3,45 17,38 ± 3,36 22,38 ± 3,09 26,98 ± 2,88

950°F
Flash Paste --- --- --- 0,08 ± 0,04 0,22 ± 0,08 0,45 ± 0,10 0,75 ± 0,14 1,32 ± 0,26 2,05 ± 0,43 3,32 ± 0,73 5,22 ± 1,19 7,93 ± 1,76 11,48 ± 2,40

45
Com relação ao tratamento térmico usando uma unidade de resistência a

uma temperatura de 950°F, FILLMORE e TOMLINSON (1976) afirmaram que o

aumento na resistência à deformação permanente foi semelhante aos fios tratados

termicamente em um forno odontológico entre as temperaturas de 800°F e 900°F.

Sabe-se que a composição química e o tratamento termodinâmico da liga

de cobalto-cromo apresentam impacto na sua resistência à corrosão. Neste contexto,

a mesma importância deve ser dada à qualidade da superfície do material. Uma

rugosidade, superfície não homogênea com inclusões de carbeto, facilita o início do

processo de corrosão, tal como corrosão por pite. ES-SOUNI, FISCHER-BRANDIES et

al. (2003) objetivando contribuir para a compreensão dos efeitos da topografia de

superfície e composição química no comportamento em relação à corrosão, bem

como, a biocompatibilidade da liga de cobalto-cromo, avaliaram a biocompatibilidade

in vitro do cobalto-cromo (Elgiloy®), uma liga a base de cobalto, comparados a duas

ligas de titânio. Para isso, utilizaram duas barras de fios – cobalto-cromo azul (Elgiloy®

azul, macio – semi resiliente) e cobalto-cromo amarelo (Elgiloy® amarelo, dúctil –

resiliente) (RMO, Denver, CO, USA) de dimensões 0.016 x 0.022 polegada. O grupo

controle foi submetido às mesmas condições, sendo constituído de uma liga binária

NiTi (Neo SentalloyTM - GAC, Central Islip, NY, USA) e uma liga titânio-molibdênio

(Ti-III-β, TMA® - Ormco, Glendora, CA, USA) utilizadas na forma de arcos ortodônticos

de 0.016 x 0.022 polegada.

Relativo aos testes quanto à corrosão, ES-SOUNI, FISCHER-BRANDIES

et al. (2003) utilizaram ensaios potenciodinâmicos a 37°C com os fios imersos a 2cm

de profundidade. Dois diferentes eletrólitos foram utilizados: solução de Ringer (Merck,

Darmstadt, Germany) e solução de saliva artificial como a proposta por BARRET,

BISHARA et al. (1993). Durante o experimento os fios foram objeto de uma

polarização anódica crescente. A variação de potencial foi entre –1,5V e +1,5V, sendo

a taxa de variação de 2mV/s.

46
Para a detecção de íons Ni e Co, após os ensaios de polarização,

ES-SOUNI, FISCHER-BRANDIES et al. (2003) examinaram, por meio de fotometria

(560 e 620 nm), os eletrólitos usados com Kits de teste prontos para serem usados

(Hach, Düsseldorf, Germany) seguindo o método PAN (1-[2 pyridylazo]-2-naphthol).

Considerando os testes de biocompatibilidade in vitro ES-SOUNI,

FISCHER-BRANDIES et al. (2003) utilizaram o MTT (3-[4,5-dimetiltiazol-2-yl]-

-2,5-brometo de difeniltetrazolium) como proposto por TADA, SHIBO et al. em 1986.

O teste foi realizado em três diferentes culturas de células: L929 (ACC2), uma linha de

célula de fibroblasto de rato (DMSZ, Braunschweig, Germany); um fibroblasto humano

primário e uma cultura de célula epitelial cultivada em células gengivais saudáveis.

Resultados das análises de EDS da composição química das amostras

testadas por ES-SOUNI, FISCHER-BRANDIES et al. (2003) mostraram que

cobalto-cromo (Elgiloy® azul) e cobalto-cromo (Elgiloy® amarelo) diferem levemente

em suas composições químicas, NiTi (Neo SentalloyTM) e titânio-molibdênio (TMA®)

exibem as composições típicas de ligas de memória de forma binárias NiTi e ligas

Ti-III-β (titânio-molibdênio) respectivamente (Tabela 12 – página 48). Com respeito à

liberação de íons, foi possível observar que a liga binária NiTi tem conteúdo de Ni

substancialmente mais alto do que cobalto-cromo (Elgiloy®) (Tabela 12 – página 48).

Ambas as amostras de cobalto-cromo (Elgiloy®) mostraram uma liberação de íons

relativamente mais alta de Ni e Co, especialmente na solução de Ringer muito rica em

cloreto (Tabela 13 – página 49). O cobalto-cromo amarelo (Elgiloy® amarelo) liberou

quantidades levemente mais altas de íons de Ni e Co do que o cobalto-cromo azul

macio (Elgiloy® azul macio). Nenhum dos fios controle liberaram quantidades

identificáveis de íons de Ni ou Co em seus eletrólitos (Tabela 13 – página 49).

Resultados dos ensaios de polarização (Tabela 14 – página 49 e

Figura 18 – página 50) realizados por ES-SOUNI, FISCHER-BRANDIES et al. (2003)

também mostraram que cobalto-cromo azul (Elgiloy® azul) e cobalto-cromo amarelo

(Elgiloy® amarelo) diferem levemente. Ambos exibiram potenciais de corrosão por pites

47
satisfatório de 0,9 e 1,0V em saliva artificial e em solução de Ringer (Tabela 14 –

página 49). Entretanto houve um aumento surpreendente na densidade de corrente

após o início da corrosão por pites, especialmente na solução de Ringer muito rica em

cloreto. As densidades de corrente na polarização anódica e catódica entre os

potenciais máximos (+1,5V) e potencial de repassivação diferiram, de modo que os

potenciais de repassivação de 0,9 e 0,8V (Tabela 14 – página 49) foram claramente

menores que os potenciais de pite correspondentes. Os dois grupos controle exibiram

substancialmente melhor resistência à corrosão, com a composição dos eletrólitos

tendo muito menos influência na curva de densidade de corrente. Como esperado, a

liga titânio-molibdênio (Ti-III-β TMA®) não apresentou corrosão na faixa de potencial

testada (Figura 18 – página 50). Ao contrário, níquel-titânio (Neo SentalloyTM) teve um

potencial de pite de 1,15V com um aumento pequeno na densidade de corrente no

curso total da polarização anódica. Entretanto as curvas de polarização anódica e

catódica não indicaram qualquer mudança no caso dos dois fios controle.

Tabela 12 – Análise da composição química das amostras


Análise realizada por meio de Espectroscopia de Energia
Dispersiva (EDS) (modificada de ES-SOUNI, FISCHER-
BRANDIES et al., 2003).

Amostra Cobalto-cromo Cobalto-cromo NiTi Titânio-beta


Têmperas (Elgiloy® Azul) (Elgiloy® Amarelo) (Neo SentalloyTM) TMA®

Mo 7,79 8,32 13,00

Cr 17,84 19,22

Fe 15,36 15,13

Co 41,86 41,18

Ni 17,15 16,15 57,6

Ti 42,4 75,10

Zr 7,20

Sn 4,70

Total 100 100 100 100

48
Tabela 13 – Liberação de íons das amostras
Liberação de íons em solução de Ringer e solução de saliva
artificial determinada pelo método PAN (em mg/cm2)
(modificada de ES-SOUNI, FISCHER-BRANDIES et al.,
2003).

Solução de Ringer Solução de Barrett


Amostra/Têmperas
Ni Co Ni Co
Cobalto-cromo
0,095 0,173 0,020 0,040
(Elgiloy® Azul)
Cobalto-cromo
0,110 0,188 0,030 0,060
(Elgiloy® Amarelo)
NiTi
0,001 0 0,001 0
(Neo SentalloyTM)
Titânio-beta
0 0 0 0
(TMA®)

Tabela 14 – Potenciais de corrosão por pite e repassivação


Amostras testadas em solução de Ringer e solução de saliva
artificial em um pH de 6,7 e 37°C, determinado por teste PDC
(in V) (modificada de ES-SOUNI, FISCHER-BRANDIES et al.,
2003).

Solução de Ringer Solução de Barret


Amostra/Têmperas
PCP RP PCP RP
Cobalto-cromo
1,0 0,9 0,9 0,8
(Elgiloy® azul)
Cobalto-cromo
1,0 0,9 0,9 0,8
(Elgiloy® amarelo)
NiTi
1,15 1,11 1,26 1,2
(Neo SentalloyTM)
Titânio-beta
>2,0 >2,0 >2,0 >2,0
(TMA®)

De acordo com ES-SOUNI, FISCHER-BRANDIES et al. (2003) a topografia

de superfície do cobalto-cromo azul (Elgiloy® azul) e cobalto-cromo amarelo (Elgiloy®

amarelo) ambas são caracterizadas por sulcos longitudinais profundos. Numerosas

inclusões escuras, especialmente no caso de cobalto-cromo amarelo (Elgiloy®

amarelo) foram identificadas por análise de EDS como carbetos. As superfícies polidas

49
eletroliticamente diferiram consistentemente. Em ambos os casos, nenhuma estrutura

do grão foi visível, mas numerosas linhas de escorregamento indicaram deformação

plástica do material. Ambas as superfícies exibiram corrosão distinta após teste de

polarização. Análise de EDS das áreas corroídas mostrou que este processo se iniciou

primariamente em sítios quimicamente heterogêneos, como fases intermetálicas ou

inclusões.

Figura 18 – Curvas densidade – potencial de corrente


Registrada em solução de Ringer e solução de saliva artificial
a um pH de 6,7 e 37°C (modificada de ES-SOUNI, FISCHER-
BRANDIES et al., 2003).

Segundo ES-SOUNI, FISCHER-BRANDIES et al. (2003) a topografia de

superfície dos grupos controle apresentou corrosão e não mudou substancialmente

quando comparada às amostras conforme recebidas. Níquel-titânio (Neo SentalloyTM)

mostrou uma superfície lisa com uma microestrutura típica de ligas de memória de

forma à base de NiTi, caracterizadas por estrutura martensítica-austenítica.

Esporadicamente constatou-se a ocorrência de pequenas áreas escuras identificadas

por análise de EDS como sendo carbetos e nitretos de Ti. Após a corrosão, somente

algumas poucas áreas, com poucos pites foram encontradas. A superfície do titânio-

50
beta (TMA®) em ambos estados, conforme recebido e após corrosão, estavam lisas e

homogêneas com algumas áreas recristalizadas.

Conforme os relatos de ES-SOUNI, FISCHER-BRANDIES et al. (2003) os

resultados dos testes de biocompatibilidade in vitro mostraram claramente uma

atividade de hidrogenase marcadamente inferior em ambas as amostras

cobalto-cromo (Elgiloy®) do que nos dois grupos controle a 73% e 68% de densidade

ótica relativa para períodos de incubação de 24 e 48 horas respectivamente. Um

aspecto notável é que, enquanto os grupos controle mostraram um leve aumento na

atividade enzimática após um período de incubação de 48 horas, as amostras de

cobalto-cromo (Elgiloy®) induziram uma diminuição adicional na atividade enzimática

em torno de 5%. Estes resultados foram válidos para todos os três tipos de células de

cultura.

ES-SOUNI, FISCHER-BRANDIES et al. (2003) concluíram que cobalto-

cromo (Elgiloy®) é caracterizada por menor resistência à corrosão e biocompatibilidade

do que a liga de memória de forma a base de NiTi binária (Neo SentalloyTM) e a liga de

titânio-molibdênio (Ti-III-β TMA®). Isto é atribuído à qualidade de acabamento de

superfície inferior, ao processo de endurecimento por tensão e à presença de

numerosas inclusões e precipitados. Desde que uma resistência reduzida à corrosão

in vitro não possa ser controlada, a utilização do Elgiloy® na qualidade de superfície

apresentada deveria ser reconsiderada, pelo menos em pacientes com uma

comprovada alergia a metal. Em tais casos, preferência deveria ser dada a alternativas

apresentadas (ligas Ti e NiTi), cuja melhor resistência à corrosão foi demonstrada.

D) Ligas de titânio-beta (titânio-molibdênio)

Na década de 60 uma forma de titânio a "alta temperatura",

completamente diferente, tornou-se disponível. Em temperaturas acima de 1625°F

(885°C), o titânio arranja-se dentro de um retículo cristalino cúbico de corpo centrado

(CCC), referido como fase "beta". Esta forma cristalina confere, a este tipo de liga, boa

51
conformabilidade mesmo após considerável trabalho a frio. Apresenta-se meta-estável

à temperatura ambiente devido à adição de elementos tais como molibdênio, zircônio,

estanho, vanádio, nióbio, tântalo, manganês, ferro, cromo, cobalto, níquel e cobre.

Esta liga apresenta alta recuperação elástica, baixa rigidez e boa

conformabilidade. Permite união de componentes por soldagem direta, sem redução

apreciável da sua resiliência. Como composição geral para as ligas de titânio-beta

(titânio-molibdênio, TMA - Ormco), O’BRIEN (1997) e BRANTLEY e ELIADES (2001)

citaram: 77,8% Ti, 11,3% Mo, 6,6% Zr e 4,3% Sn.

Para competir com o aço inoxidável, um fio deve possuir pelo menos

comparável conformabilidade e recuperação elástica, que é proporcional à relação

entre o limite de elasticidade e o módulo de elasticidade (σe/E). Para um fio ortodôntico

de aço inoxidável, esta relação é aproximadamente 1,1 x 10-2, como é para algumas

das ligas à base de ouro e cobalto-cromo.

Com o processamento apropriado de uma liga de titânio-beta (titânio-

molibdênio) com 11,3% de molibdênio, 6,6% de zircônio e 4,3% de estanho,

equilibrados com titânio, GOLBERG e BURSTONE em 1979 demonstraram que é

possível desenvolver um fio ortodôntico com módulo de elasticidade de 9.400.000 psi

e limite de elasticidade de 170.000 psi. A relação resultante σe/E é de 1,8 x 10-2,

portanto superior a 1,1 x 10-2 obtida para o aço inoxidável (Tabela 15 – página 53).

O módulo de elasticidade do titânio-beta (titânio-molibdênio) é

aproximadamente duas vezes o do níquel-titânio, sendo menor do que a metade do

módulo de elasticidade do aço inoxidável (Tabela 4, página 25). Sua rigidez o torna

ideal em aparelhos onde magnitudes de força menores do que as liberadas pelo aço

são requeridas, mas onde materiais de baixo módulo de elasticidade seriam

inadequados para desenvolver magnitudes de força apropriadas.

52
Tabela 15 – Resultados do teste de tensão, conformabilidade e elasticidade
Para fios de aço inoxidável e titânio-beta (modificada de GOLBERG e BURSTONE, 1979).

Limite de Elasticidade
Diâmetro Módulo de Teste**
Elasticidade a 0,10% Relação ∆, (para Número médio
Fio / Condição mm Elasticidade x104 F/∆,
offset x102 MN/m2 σe/E x10-2 escoamento de dobras a frio
(polegada) MN/m2 (x106 psi) g.f/mm
(x103 psi) plástico) mm

Aço inoxidável
0,406 17,3 ± 1,0* 18,6 ± 2,1
tensão liberada 11 1,07 7,5 ± 0,5 27,2 ± 1,9 5,1 ± 0,8
(0.016) (25,1 ± 1,5) (270 ± 31)
min. a 400°C (750°F)

Aço inoxidável / 0,756 15,8 ± 0,3 16,5 ± 1,8


1,04 --- --- ---
conforme recebido (0.030) (22,9 ± 0,5) (239 ± 26)

Titânio / conforme 0,330 6,5 ± 0,2 11,7 ± 0,9+


1,81 12 ± 1,0 12,7 ± 1,2 6,2 ± 0,9
projetado (0.013) (9,4 ± 0,3) (170 ± 14)

Titânio / conforme 0,756 6,9 ± 0,3 10,4 ± 0,7


1,49 --- --- ---
projetado (0.030) (10,1 ± 0,4) (151 ± 10)

Titânio / SHT +
0,356 9,5 ± 0,3 13,9 ± 1,2
envelhecido 4hs a 1,46 12 ± 1,0 21,2 ±0,9 3,8 ± 0,8
(0.014) (13,8 ± 0,5) (201 ± 18)
482°C (900°F)

Titânio / SHT +
0,756 9,2 ± 0,6 12,2 ± 1,2
envelhecido 4hs a 1,42 --- --- ---
(0.030) (13,4 ± 0,9) (191 ± 17)
482°C (900°F)
* Média ± Desvio Padrão
** Corrigido para diâmetros diferentes
+
Fratura ocorrida entre 0,01% e 0,10% offset

53
De acordo com o COUNCIL ON DENTAL MATERIALS, INSTRUMENTS

AND EQUIPAMENT (1982), comparações do titânio-beta (titânio-molibdênio) e aço

inoxidável sob tensão-deformação e deflexão angular são apresentadas na Figura 19

e na Figura 20 (página 55) respectivamente. A liga de titânio-beta (titânio-molibdênio)

pode sustentar maiores deflexões elásticas, requerer baixas forças para deflexões

comparáveis e mantém forças mais constantes durante a desativação. Valores

representativos das propriedades mecânicas destes fios são mostrados na Tabela 16

(página 55).

Aço inoxidável
Tensão MN/m2

Titânio-beta

Deformação mm2

Figura 19 – Curvas tensão x deformação


Para o aço inoxidável e o fio ortodôntico de titânio-beta
(titânio-molibdênio). Limite de elasticidade para 0,01% e
0,010% offsets são indicados (modificada de COUNCIL ON
DENTAL MATERIALS, INSTRUMENTS AND EQUIPAMENT,
1982).

54
Momento de flexão (g.f/mm)

Aço inoxidável

IN-1b
Titânio-beta

Deflexão angular (graus)

Figura 20 – Momento de flexão x deflexão angular


Para extensão de um cantilever de 1 polegada nos fios
ortodônticos de aço inoxidável e titânio-beta (titânio-
molibdênio) (modificada de COUNCIL ON DENTAL
MATERIALS, INSTRUMENTS AND EQUIPAMENT, 1982).

Tabela 16 – Propriedades mecânicas dos fios ortodônticos


(modificada de COUNCIL ON DENTAL MATERIALS,
INSTRUMENTS AND EQUIPMENT, 1982)

Módulo de Limite de
YS / E
elasticidade (E) elasticidade (YS)

Titânio-beta 9,4 x 106 psi 170 x 103 psi 1,8 x 10-2

Aço inoxidável 25 x 106 275 x 103 1,1 x 10-2

Cobalto-cromo 29 x 106 319 x 103 1,1 x 10-2

55
Fios ortodônticos de titânio-beta (titânio-molibdênio) podem ser usados em

várias aplicações, desde simples fios planos a configurações mais elaboradas usando

alças ou compostos soldados. As forças produzidas são aproximadamente

0,4 vez menor àquelas produzidas pelos fios de aço inoxidável. As altas propriedades

de recuperação elástica podem oferecer simplificação no desenho total das alças. A

ductilidade dos fios titânio-beta (titânio-molibdênio) permite a colocação de ômegas,

dobras mais elaboradas, e alças de diferentes configurações. Também oferece a

possibilidade de variar a magnitude da força pela escolha do material em lugar de se

alterar a seção transversa do fio.

E) Ligas de níquel-titânio

As ligas de níquel-titânio são mecanicamente resistentes, pois é possível

obter limites de resistência à tração na temperatura ambiente tão elevados quanto

1400 MPa (200.000 psi), produzindo resistências específicas excepcionais

comparadas às ligas até então utilizadas. Ademais, as ligas são muito dúcteis e

facilmente forjadas e usinadas. Existem duas fases importantes nos fios de NiTi:

a) fase austenítica que tem uma estrutura cúbica de corpo centrado ordenada, que

ocorre a altas temperaturas e baixas tensões, e b) a fase martensítica que apresenta

uma estrutura monoclínica, triclínica ou hexagonal e se forma a baixas temperaturas e

altas tensões. O’BRIEN (1997) e BRANTLEY e ELIADES (2001), como composição

geral para estas ligas, citaram: 55% Ni, 45% Ti em peso aproximadamente e podem

conter pequenas quantidades de Cu e outros elementos.

A principal limitação do titânio está na sua reatividade química com outros

materiais a temperaturas elevadas. Essa propriedade exigiu o desenvolvimento de

técnicas não-convencionais de beneficiamento, fusão e fundição. Conseqüentemente,

as ligas de titânio são bastante caras. Apesar dessa elevada reatividade a

temperaturas mais altas, a sua resistência à corrosão nas temperaturas normais é

56
incomumente alta. São virtualmente imunes ao ar, a ambientes marinhos e a uma

variedade de ambientes industriais.

Ligas de titânio têm sido usadas em diversas aplicações biomédicas, tais

como parafusos ósseos e válvulas esféricas de próteses cardiovasculares. Estas ligas

apresentaram-se estáveis em ambiente biológico e são bem toleradas pelos tecidos

(WILLIAMS e ROAF, 1973 apud ADA COUNCIL ON DENTAL MATERIALS,

INSTRUMENTS, AND EQUIPMENT, 1982a).

ANDREASEN (1980b) afirmou que William F. Buehler investigou a liga de

níquel-titânio (Nitinol) de 1968 a 1976 e encontrou muitas vantagens em usá-la para o

tratamento ortodôntico. Segundo ANDREASEN e MORROW (1978) o uso clínico da

liga de níquel-titânio (Nitinol) em Ortodontia começou em maio de 1972 e sua

utilização tem aumentado a partir da sua introdução. Desde então esta liga tem sido

avaliada tanto por clínicos quanto por pesquisadores, apresentando resultados,

clínicos e laboratoriais, bastante semelhantes. Relataram ainda que esta liga pode ser

projetada em dois tipos de fios – níquel-titânio superelástico (Nitinol superelástico) e

níquel-titânio termoativado (Nitinol termoativado) – cada qual com propriedades que

lhes são particulares.

BURSTONE e GOLDBERG (1980) afirmaram que essa liga contém

aproximadamente 52% de níquel, 45% de titânio e 3% de cobalto. Relataram ainda

que o endurecimento por precipitação em estado sólido e trabalho a frio são os

mecanismos de resistência básicos empregados neste tipo de liga. Com o tratamento

térmico apropriado a liga demonstra mudanças significantes nas propriedades

mecânicas e arranjo cristalográfico, sendo este último o responsável pelo efeito de

memória de forma. Em 1996, EVANS e DURNING afirmaram que os materiais

capazes de sofrer esse tipo de transformação são ditos ativos.

A característica mais proeminente, o efeito de memória de forma, envolve

a recuperação da deformação induzida em temperatura baixa e, como conseqüência,

uma mudança controlada na forma quando a liga é aquecida acima de sua

57
temperatura de transição. Este fenômeno é o resultado da transformação na estrutura

cristalina da liga e deformações grandes, submetidas por uma tensão em torno de 8%

segundo WEVER, VELDHUIZEN et al. (1997), pode ser completamente recuperada.

Baixo módulo de elasticidade (4.800.000 psi), combinado com uma

resistência à tração de 240.000 psi, permitem a essa liga grandes deflexões elásticas,

pois apresentam uma resistência alta à deformação plástica, o que reflete nas suas

características de alta recuperação elástica e flexibilidade. Estas propriedades

resultam na liberação de forças mais leves e maior movimentação dentária. Segundo

GOLDBERG, MORTON et al. (1983), o maior atrativo nesta liga martensítica

estabilizada era sua baixa força por unidade de desativação (baixa rigidez). A

utilização plena dessa liga é limitada, já que a mesma não pode receber solda.

O fio de níquel-titânio apresenta conformabilidade limitada, o que contra-

indica seu uso em situações onde dobras de pequena amplitude são requeridas. Além

do mais, as propriedades de recuperação elástica são diminuídas após a confecção de

dobras. Para demonstrar as características de recuperação elástica, LOPEZ,

GOLDBERG et al. (1979) usaram ensaios mecânicos para testar a rigidez do fio de

níquel-titânio (Nitinol). Testes de dobragem de seções retas de fios 0.018 polegada

foram avaliados de três diferentes modos (Figura 21 – página 59). Uma outra série de

testes consistiu em dobrar os fios em 90 graus e em seguida retornar a dobra a 35

graus. As amostras foram testadas na mesma direção da última dobra.

Quanto às seções de fio reto (Figura 21A – página 59) LOPEZ,

GOLDBERG et al. (1979) observaram que a capacidade da liga de níquel-titânio

(Nitinol) sofrer maiores deflexões elásticas é claramente demonstrada na Figura 22

(página 60), onde se observa que o fio níquel-titânio (Nitinol) sustentou 23 graus de

ativação contra 13 graus do aço inoxidável antes de qualquer deformação permanente

estar evidente.

O comportamento dos fios após a introdução de dobras permanentes pode

ser observado na Figura 23 (página 60), onde o níquel-titânio (Nitinol) sofreu uma

58
grande variação quando testado em diferentes modos. Quando o níquel-titânio (Nitinol)

foi testado em uma direção oposta à dobra permanente (Figura 21B – página 59)

houve uma considerável perda no comportamento elástico. Quando o fio de níquel-

titânio (Nitinol) foi dobrado em 90 graus e retornado a 35 graus (Figura 21C – página

59) novamente demonstrou deformação permanente desejável, porém seu

desempenho não foi comparável ao teste anterior de um fio reto (LOPEZ, GOLDBERG

e BURSTONE, 1979).

Figura 21 – Teste de dobragem


Três modos de teste. P indica a direção da dobra na
configuração antes do carregamento, que é representada
pelas linhas pontilhadas. Em C, P1 e P2 mostram mudança na
direção da aplicação de carga para produzir configuração
anterior ao carregamento. F mostra a direção do
carregamento usado durante o teste (modificada de LOPEZ,
GOLDBERG et al., 1979).

59
Deformação permanente (graus)

Aço inoxidável

Nitinol

Deflexão (graus)

Figura 22 – Deformação permanente x deflexão


Para seções de fio reto, modo A na Figura 21, página 61
(modificada de LOPEZ, GOLDBERG et al., 1979).

Aço inoxidável
Deformação permanente (graus)

C Nitinol
A B
C
B A

Deflexão (graus)

Figura 23 – Deformação permanente x deflexão


Para três modos de teste ilustrados na Figura 21, página 59
(modificada de LOPEZ, GOLDBERG et al., 1979).

60
SCHWANINGER, SARKAR et al. (1982) testaram os efeitos da corrosão

nas propriedades de flexão do níquel-titânio (Nitinol), incluindo-se o módulo de rigidez,

limite de elasticidade e ciclos de flexão por fadiga. Arcos ortodônticos de níquel-titânio

(Nitinol) de 0.016 polegada foram avaliados após períodos de imersão, de 1 a 11

meses, em solução de cloreto de sódio a 1% a 37°C. As propriedades físicas da

amostra e do grupo controle não mostraram diferença significativa (p < 0,05) para o

teste “t” de Student. As superfícies fraturadas do grupo controle bem como as

amostras corroídas depois de serem dobradas foram examinadas no microscópio

eletrônico de varredura para determinar o modo de fratura. Os resultados sugerem que

a falha esporádica dos arcos ortodônticos de níquel-titânio (Nitinol) é devida à

presença de defeitos de superfície gerados durante a industrialização e não aos

efeitos gerados pela corrosão.

KUSY (1981) comparou a liga de níquel-titânio com a de aço inoxidável

utilizando a rigidez aparente como critério para determinação de sistemas de força

equivalentes estabelecidos na mesma região elástica. O autor observou que em teste

de dobragem a liga de níquel-titânio é superior no início do tratamento e que os fios de

0.016, 0.018 e 0.018 x 0.018 polegada apresentam rigidez semelhante aos fios

multifilamentados 0.0175 polegada, circulares 0.012 e 0.014 polegada de aço

inoxidável, respectivamente.

Em 1971, ANDREASEN e HILLERMAN avaliaram três tipos de fios

ortodônticos: níquel-titânio (Nitinol), aço inoxidável de filamento único e aço inoxidável

de três filamentos trançados um ao redor do outro (twistflex). Limites elásticos e a

relação carga-deflexão de dois tipos de fio de níquel-titânio (Nitinol 0.019 polegada

recozido e não tratado termicamente) foram comparados com fios simples de aço

inoxidável 18-8 com as seguintes dimensões em polegada: 0.012, 0.014, 0.016, 0.018

e 0.020, bem como com fios de aço inoxidável trançados 0.0175, 0.0195 e 0.0215

polegada. O aço inoxidável e o aço inoxidável de filamentos trançados (twistflex) não

foram tratados termicamente.

61
Para determinar a relação carga-deflexão (rigidez) dos fios de níquel-titânio

(Nitinol) ANDREASEN e HILLERMAN (1971) embutiram três dentes adjacentes em

gesso (incisivo lateral, canino e primeiro pré-molar). O canino estava livre para se

mover, enquanto os outros dois dentes permaneciam rígidos. Cada dente foi bandado

com bráquetes standard geminados 0.022 x 0.028 polegada. Os fios foram inseridos

nos bráquetes dos dentes que foram posicionados a 1, 2 e 3 mm do plano oclusal. Um

total de dez fios, selecionados aleatoriamente, foi testado e medido por uma escala

padrão Correx. As medições foram avaliadas por dois investigadores independentes.

Média e desvio padrão foram registrados na Tabela 17 (página 63) para

cada milímetro de deflexão do fio nas curvas de rigidez. A Figura 24 (página 64)

mostra a média das curvas carga-deflexão registrada em forma de gráfico

(ANDREASEN e HILLERMAN, 1971).

A constatação mais relevante feita por ANDREASEN e HILLERMAN

(1971) foi a de que as propriedades elásticas do fio de níquel-titânio (Nitinol) 0.019

polegada não tratado termicamente apresentaram uma melhor faixa de ativação. Este

fio pode ser inserido na ranhura de bráquetes de dentes mal posicionados em pelo

menos um terço a mais, sem ser deformado plasticamente quando comparado aos fios

de aço inoxidável trançado (twistflex) e os fios de aço inoxidável 18-8. Dessa forma, a

elasticidade do fio de níquel-titânio (Nitinol) não tratado termicamente na variação de 0

a 3 mm é apropriada para as propostas de nivelamento de um arco dentário.

Correspondentemente, de 35 a 40% a mais de força linear está disponível no fio de

níquel-titânio (Nitinol) não tratado termicamente, se necessário para nivelamento,

quando comparado com o fio de níquel-titânio (Nitinol) recozido.

62
Tabela 17 – Média de rigidez
Amostras avaliadas (em gramas) e desvios padrões (em
gramas) para os dois investigadores (modificada de
ANDREASEN e HILLERMAN, 1971).

Deflexão Média Desvio padrão


Fio NiTi
(mm) (grama.força) (grama.força)

0,012 1 212,00 9,54


2 477,00 29,60
3 644,50 34,38
0,014 1 458,00 29,93
2 752,50 42,15
3 857,00 59,34
0,016 1 658,00 50,90
2 125,00 147,72
0,018 1 81,50 53,64
2 123,00 350,34
0,020 1 1070,00 37,61
0,0175 1 169,00 17,58
2 416,00 62,48
3 602,00 46,22
0,0195 1 301,00 63,16
2 594,50 43,38
3 750,50 63,42
0,0125 1 490,00 52,35
2 977,50 63,22
0,019 1 544,00 26,07

Nitinol 2 1200,00 141,41


fortalecido 3 1404,00 79,50
0,019 1 340,00 24,50

Nitinol 2 846,00 68,10


não fortalecido 3 1214,00 55,90
N = 10

63
ANDREASEN e BARRETT (1973) avaliando os mesmos tipos e dimensões

de fios analisados por ANDREASEN e HILLERMAN (1971), exceção feita ao aço

inoxidável 0.012 e 0.020 polegada, observaram um aumento significativo na extensão

da quantidade de trabalho. Os autores afirmaram que essa melhoria aumentou em 5%

para uma deflexão de 1,5 mm, e em 50% para uma deflexão de aproximadamente

4 mm sobre todos os outros fios testados.

Aço inoxidável (Twistflex)


NiTi (Nitinol)
18-8 Aço inoxidável
Aço inoxidável

Recozido

Não tratado
Força (grama.força)

termicamente

Deflexão mm

Figura 24 – Curvas de rigidez


Fios testados – aço inoxidável, Nitinol, twistflex (modificada
de ANDREASEN e HILLERMAN, 1971).

Quando comparado ao aço inoxidável, a característica clínica mais

significativa do fio de níquel-titânio (Nitinol) é sua baixa comformabilidade, o que pode

representar um problema quando é necessário conformar dobras para dentro e para

fora, alças e torques. Fazer alças e ômegas no níquel-titânio não é recomendado. Eles

consomem tempo de dobra e são fontes potenciais de falhas quando se está tentando

fechar as alças. Trata-se de uma liga mais difícil de ser deformada permanentemente,

64
pois pode ser quase que totalmente curvada sem sofrer deformação permanente. Esta

característica de elasticidade excepcional, sendo atualmente empregada sob a forma

de arco pré-contornado, é que oferece ao clínico um avanço real na aplicação de

materiais ortodônticos, pois reduz a necessidade de inserir alças para alinhar e nivelar

os dentes. Esta qualidade proporciona um tempo de trabalho extenso aos fios de

níquel-titânio sem necessitar de serem substituídos. Tratando uma maloclusão com fio

de níquel-titânio, o profissional não necessita ascender em diâmetros dos arcos

ortodônticos, o que ocorre quando um fio de aço inoxidável é empregado.

Os mais importantes benefícios do fio de níquel-titânio são obtidos quando

o fio retangular é inserido precocemente no tratamento. Rotação, alinhamento e

nivelamento, inclinação e torque podem ser executados precocemente com um fio

retangular resiliente (elástico) de níquel-titânio. Este fio empregado com bráquetes

pré-torqueados e pré-angulados requer monitoramento cuidadoso do movimento

dentário devido à alta elasticidade do mesmo, produzindo uma força mais contínua.

Portanto, o intervalo de tempo entre as consultas não pode ser estendido.

Segundo BISHARA, WINTERBOTTOM et al. (1995) na década de 80

Andreasen testou fios de níquel-titânio termodinâmicos, embora estes fios tenham sido

introduzidos comercialmente para utilização clínica em Ortodontia somente alguns

anos mais tarde. Essencialmente esses fios podem retornar a uma forma previamente

memorizada quando na sua temperatura de transição (TTR), comumente entre 31°C e

45°C. ANDREASEN (1980b) primeiro sugeriu que mudanças na forma dos fios de

níquel-titânio poderiam ser usadas para aplicar forças nos dentes para movê-los

ortodonticamente. Afirmou ainda que um arco ortodôntico de níquel-titânio (Nitinol)

termodinâmico de 0.019 polegada de diâmetro exerce forças comparáveis a um arco

ortodôntico de aço inoxidável de 0.012 polegada.

Um arco ortodôntico de níquel-titânio termodinâmico pode ser

completamente amarrado nos bráquetes de dentes mal posicionados e quando o calor

da boca faz com que o fio atinja a sua TTR, este começará a recuperar sua forma

65
original. Como resultado dessas mudanças, forças ortodônticas são aplicadas aos

dentes. Para aproveitar esta propriedade, o fio deve primeiro ser conformado na forma

desejada enquanto sofre tratamento térmico a alta temperatura, 450°C por 10 minutos,

aproximadamente.

Um fio de níquel-titânio termodinâmico teria as seguintes características: 1)

levemente passivo à temperatura ambiente de forma que possa ser facilmente

amarrado; 2) ativado instantaneamente pela temperatura da boca; 3) capaz de aplicar

forças ortodônticas aceitáveis clinicamente que resultariam em movimento dentário; 4)

uma vez completamente ativado, não seria afetado por aumento da temperatura na

boca, e 5) a temperatura de transição (TTR), compreendida em uma faixa bastante

estreita, deveria ser completamente ativa na temperatura da cavidade bucal e

completamente passivo a temperaturas mais baixas. Esta propriedade permitiria ao

clínico tempo suficiente para amarrar o arco nas ranhuras dos bráquetes antes da

temperatura da boca ativar o fio.

SARKAR, REDMOND et al. (1979) relataram que o fio de níquel-titânio

exibe maior tendência a sofrer corrosão do que o fio de aço inoxidável como

observado durante a dissolução anódica. SARKAR e SCHWANINGER (1980)

considerando a corrosão in vivo em fios de níquel-titânio avaliaram 7 fios após a

utilização clínica de três semanas a cinco meses analisados em microscópio eletrônico

de varredura e raios-X de energia dispersiva. Os autores observaram numerosas

crateras de corrosão entremeadas com produtos de corrosão na superfície de cada fio.

Estes produtos foram identificados como sendo ricos em titânio, provavelmente um

óxido misto de titânio e níquel. As superfícies fraturadas de dois fios foram

caracterizadas por pequenas crateras, aparentemente de mesmo tamanho, resultantes

da coalescência de micro lacunas dentro das zonas do contorno de grão. EDIE e

ANDREASEN (1980) também observaram pequenas fissuras na superfície externa do

fio de níquel-titânio após utilização clínica.

66
EDIE, ANDREASEN et al. (1981) avaliaram as características de superfície

através da aparência topográfica com um microscópio eletrônico de varredura (MEV),

pelo conteúdo químico qualitativo com espectrometria de energia dispersiva (EDS) e

pela quantificação relativa do conteúdo de oxigênio com espectrometria de

comprimento de onda dispersiva (WDS). Foram avaliados onze fios de níquel-titânio e

onze de aço inoxidável recuperados após utilização clínica por períodos variando de

um a oito meses.

Os arcos ortodônticos, juntamente com as porções não usadas de seis fios

de níquel-titânio e quatro fios de aço inoxidável, foram montados para observação no

MEV em uma microssonda ARL EMX-SM. Adicionalmente, quatro fios de níquel-titânio

(Nitinol), que foram previamente objeto de dissolução anódica por 2 minutos a 6mA,

foram também montados. Os fios usados foram observados antes e após a limpeza

através de ultrassom em um banho de acetona. Uma película de ouro-paládio foi

aplicada para melhorar os sinais de força dos elétrons secundários. O pico de oxigênio

líquido Ka foi monitorado em três diferentes pontos do fio usando um cristal RAP. Dois

fios adicionais de níquel-titânio marcados foram analisados antes de serem colocados

na boca de um voluntário e reexaminados no mesmo ponto para evidência de

corrosão superficial quando removidos com intervalos de um e dois meses de

utilização (EDIE, ANDREASEN e ZAYTOUN, 1981).

O exame dos fios não utilizados revelou grandes variações na textura de

superfície dos fios de níquel-titânio quando comparados com os fios de aço inoxidável.

Estes últimos são geralmente mais lisos, mas com pequenas proeminências metálicas.

Os fios de níquel-titânio exibem freqüentemente uma aparência de ondulações em

formato de bolhas ou mosqueadas. Os fios que não foram limpos são freqüentemente

cobertos por uma camada orgânica que pode possuir elementos tais como Na, P, S,

Cl, K ou Ca. Essas camadas geralmente não estão presentes nos fios limpos.

Ausência de pites ou superfícies típicas de dissolução anódica foram observadas nos

67
fios de níquel-titânio (Nitinol) e aço inoxidável (EDIE, ANDREASEN e ZAYTOUN,

1981).

AZEVEDO (2003) avaliou a resistência à corrosão de fios NiTi,

termoativado e superelástico, em presença de íons fluoreto. Foram utilizados arcos

pré-contornados de 0.018 polegada de dois fabricantes diferentes, U e M, disponíveis

comercialmente. Os arcos foram submetidos a ensaios eletroquímicos sendo o

eletrólito uma solução salina preconizada por MONDELLI (1995), com e sem a

presença de NaF, a 37°C. Os ensaios eletroquímicos consistiram de: (e)

• curvas de polarização anódica potenciostática em saliva sintética, com e sem

flúor;

• curvas corrente x tempo em saliva com flúor aplicando-se potencial dentro da

faixa de passivação de cada material, por um período de 1 hora, para avaliar

a estabilidade do estado passivo, e

• curvas de polarização potenciodinâmica com velocidades de varredura de

potencial de 75mV/m e 15mV/m em saliva sintética sem fluoreto e saliva

sintética com adição de gel acidulado de NaF a 10%.

Os materiais estudados foram avaliados em microscopia eletrônica de

varredura (MEV) e submetidos à análise por EDS. Os autores concluíram que:

1) os fios de NiTi utilizados em Ortodontia podem apresentar corrosão localizada em

saliva artificial contendo cloreto mesmo sem adição de fluoreto; 2) o fluoreto torna o

meio de ensaio mais agressivo em relação ao NiTi; 3) o flúor gel acidulado para

aplicação tópica adicionado à saliva sintética eliminou a passivação da liga NiTi,

induzindo dissolução ativa dos materiais analisados, e 4) maior resistência à corrosão

dos fios M foi observada, podendo-se esta ser atribuída ao melhor acabamento de

superfície, uma vez que a composição das ligas e sua microestrutura não

apresentaram diferenças significativas.

Ao avaliar a influência do tratamento de superfície em relação a resistência

à corrosão de arcos ortodônticos de NiTi termoativado, AZEVEDO e PONCIANO

68
(2004) testaram o referido arco em saliva artificial com e sem fllúor, considerando

porém o tratamento eletrolítico para eliminar as rugosidades de superfície. Para isso,

curvas de polarização potenciostática foram determinadas nos arcos conforme

recebidos do fabricante e após o polimento elétrico. Corrosão localizada foi observada

somente nos arcos em que não houve polimento eletrolítico, o que comprova a

melhora da resistência à corrosão através da eliminação das rugosidades de

superfície.

Em 1985, BURSTONE, QIN et al. afirmaram que uma nova liga de

níquel-titânio foi desenvolvida especialmente para aplicações ortodônticas pelo Dr.

Tien Hua Cheng e associados para o Instituto de Pesquisa Geral de Metais Não-

Ferrosos em Beijing, China. Esta liga tem características únicas e oferece potencial

significativo de aplicação no projeto dos aparelhos ortodônticos. O seu histórico de

pouco endurecimento e uma fase austenítica prévia levam a propriedades mecânicas

que diferem significativamente do fio de níquel-titânio convencional (Nitinol). Além

disso, o fio NiTi Chinês apresenta uma temperatura de transição bem mais baixa do

que o fio de Nitinol.

Ao comparar essa nova liga de NiTi chinês com o níquel-titânio (Nitinol) e

aço inoxidável, em fios de 0.016 polegada submetidos a teste de flexão usando uma

configuração cantilever, BURSTONE, QIN et al. (1985) concluíram: 1) o fio NiTi chinês

tem uma recuperação elástica que é 4,4 vezes maior do que a do fio de aço inoxidável

e 1,6 vez quando comparado com o Nitinol, se a recuperação elástica medida for

baseada em rendimento de um dobramento de 5 mm; 2) a 80° de ativação a rigidez

média do fio de NiTi chinês é 73% menor em relação ao fio de aço inoxidável e

36% menor em relação ao fio de níquel-titânio (Nitinol); 3) a curva de carregamento

não linear constrói no fio de NiTi um mecanismo de força constante de variação média

de desativação. Isto é uma característica potencial de projeto, importante para

aparelhos de força constante; 4) diferente dos fios de outras ligas ortodônticas, a

característica de rigidez é determinada pela quantidade de ativação. A relação carga-

69
deformação para uma pequena ativação é consideravelmente mais alta do que para

ativações maiores (Figura 25); 5) A deformação do fio NiTi chinês não é dependente

do tempo e, diferente do fio de níquel-titânio (Nitinol), não continuará a deformar de

maneira significativa na boca entre os ajustes, e 6) o fio NiTi chinês é altamente

apropriado se baixa rigidez é requerida e uma grande deflexão é necessária. A mais

alta rigidez para pequenas ativações o faz mais efetivo do que os fios de ligas

tradicionais cujos níveis de força podem ser também compatíveis com as pequenas

ativações.

NiTi – Fio de 0.016 polegada de 5mm de extensão


Teste de Flexão
gr-m m /g ra u

ra u
au
m /g r

m /g

u
g r-m
g r-m

ra
/g
m
-m
gr

u
/ g ra
mm
gr-

ra u
g r- m m /g

Figura 25 – Curvas carga x deformação


A. Curvas de ativação e desativação para o fio NiTi.
Diferentemente dos fios de aço inoxidável e Nitinol, as curvas
de descarregamento mudam para diferentes ativações
(BURSTONE, QIN e MORTON, 1985).
B. Comparação da dureza média do fio de NiTi para
ativações de 80° a 5° nas curvas de descarregamento
mostradas na Fig. 24A. Dureza aumenta 3,8 vezes da maior
para a menor ativação (modificada de BURSTONE, QIN et
al., 1985).

Em 1986, MIURA, MOGI et al. afirmaram que para concorrer com o NiTi

chinês, os japoneses introduziram sua versão para esta liga. Vários estudos realizados

in vitro, dentre eles: BURSTONE, QIN et al. (1985); MIURA, MOGI et al. (1986);

70
HURST, DUNCANSON et al. (1990); KHIER, BRANTLEY et al. (1991); MOHLIN,

MULLER et al. (1991); CHEN, ZHI et al. (1992); TONNER e WATERS (1994)

demonstraram que essas ligas possuem propriedades de recuperação elástica

excelente e fornecem liberação de força constante para uma deflexão aumentada.

Em virtude da sua curva de histerese (curva tensão-deformação) não

linear, a versão japonesa apresenta propriedades superelásticas (Figura 26). Estas

ligas são capazes de demonstrar uma única curva tensão-deformação devido a sua

estrutura cristalina variável sob diferentes condições ambientais, exceção feita à liga

de níquel-titânio estabilizada. Dessa forma, o material é capaz de sofrer transformação

de fase sob condições de tensão e temperatura, sendo assim denominado ativo.

Aço inoxidável
Tensão (kgf/mm2)

NiTi endurecido por trabalho

NiTi Japonês

Deformação

Figura 26 – Curva tensão x deformação


Para três diferentes fios ortodônticos. Curva de Histerese
demonstrada pelo níquel-titânio Japonês (modificada de
EVANS e DURNING, 1996).

2.3.2. Bráquetes ortodônticos

A) Aço inoxidável

Antigamente, bráquetes unidos à banda por solda a ponto, foram muito

utilizados. Com o tempo, a localização de junções ortodônticas por uniões com solda

em pequenas bases de aço inoxidável que são diretamente unidas ao esmalte tornou-

71
se comum na terapia ortodôntica. A primeira aplicação dessa técnica foi relatada em

1971 por MIZRAHI e SMITH. Nos anos seguintes bases de bráquetes perfuradas e

bases de malhas não reforçadas foram largamente produzidas, necessitando de

resinas ativadas por luz ultravioleta e quimicamente para união ao esmalte.

Um bráquete ortodôntico de aço inoxidável convencional consiste de três

grandes partes: aletas e ranhura de aço inoxidável, uma camada de solda e uma base

(Figura 27). A camada de solda contém normalmente uma combinação de prata, ouro

e metais não preciosos tais como AgCu, AuNi ou NiFeCu. Quando as aletas e a

ranhura de aço inoxidável são expostas à saliva, o resultado da corrosão libera íons de

metais pesados na cavidade bucal. Isto pode conduzir a falha na união da base do

bráquete durante o tratamento ou remoção do mesmo.

Solda por Perfil do Base do


brasagem bráquete bráquete

Figura 27 – Bráquete ortodôntico


Partes de um bráquete ortodôntico típico de aço inoxidável
(modificada de HAMULA, HAMULA et al., 1996).

GWINNETT e CEEN (1978) avaliaram a distribuição de placa bacteriana

em bráquetes ortodônticos, com base de malha metálica e com base perfurada, unidos

diretamente ao dente. Os autores observaram: a) uma ampla distribuição de placa nos

bráquetes perfurados; b) placa abundante localizada na resina próximo à periferia do

72
dente ou onde a resina foi expulsa nas perfurações das bases; c) superfícies metálicas

lisas foram quase destituídas de placa, e d) desenvolvimento de placa na junção entre

a base e sua união e entre as aletas dos bráquetes. Afirmaram ainda: desde que os

bráquetes unidos diretamente com resina predispõem a formação de placa, o controle

desta durante o tratamento ortodôntico, utilizando-se de meios profiláticos, é o primeiro

requisito.

Na tentativa de fornecer melhor higiene, melhorando a estética e

propiciando vantagens mecânicas aumentando a distância entre os bráquetes, os

fabricantes, nos últimos anos, têm reduzido o tamanho destes acessórios, enquanto os

sistemas de união ortodôntica tornaram-se mais confiáveis. Uma redução bem

sucedida requer adição de metais pesados (níquel e cromo) para dar maior resistência

à corrosão a este acessório, porém aumenta a probabilidade de que metais pesados

sejam liberados na cavidade bucal, caso a corrosão venha ocorrer.

A maioria dos bráquetes ortodônticos e bases são feitos de aço inoxidável

tipo 304. Este aço contém de 18 a 20% de cromo e de 8 a 10% de níquel, com

pequenas quantidades de manganês e silício e uma quantidade de carbono inferior a

0,1%. Outro tipo de aço utilizado, o 316, que tem o mais alto conteúdo de níquel, de

2 a 3% de molibdênio e ainda uma baixa concentração de carbono o que melhora os

procedimentos de solda, bem como a resistência à corrosão. O aço do tipo 317

também pode ser usado e apresenta modificações na formulação para uma melhora

adicional na sua resistência ao processo corrosivo. O próprio bráquete ortodôntico

pode estar colocado em um complexo de camadas de ligas que difere em composição

e condição mecânica, uma vez que várias partes podem ser unidas por solda a ponto

ou por brasagem.

No aço inoxidável o filme de passivação deve ser mantido por oxigenação

para garantir resistência à corrosão. Se a área de oxigênio é esgotada, (por exemplo,

em uma fenda estreita entre a resina e a base do bráquete ou superfície do dente),

ocorre corrosão localizada, tal como crévice ou pite, especialmente na presença de íon

73
cloreto. Ruptura mecânica do filme de óxido protetor pode ocorrer também no uso

produzido por função e escovação.

O trabalhar a frio dos aços inoxidáveis 304 e 316 reduz a resistência à

corrosão em solução salina fisiológica (MAIJER e SMITH, 1982). Além disso, corrosão

localizada é aumentada nesta solução quando proteínas do soro estão presentes.

Assim, o ambiente bucal pode ser deteriorador para o aço inoxidável no que diz

respeito à corrosão localizada e microrganismos da placa podem contribuir tanto com

proteína quanto com ácido para esgotar o oxigênio, condições que favorecem a

ocorrência de crévice.

Em 1982, MAIJER e SMITH avaliaram doze casos clínicos onde a higiene

bucal foi de moderada a pobre. Os autores observaram um predomínio de manchas

pretas e afirmaram a possibilidade de que o ambiente ácido produzido pelos

organismos da placa possa substituir o ambiente da base do bráquete de uma

situação passiva estável para uma condição mais propensa à corrosão. Um depósito

preto é freqüentemente associado com corrosão do aço inoxidável, especialmente na

ligação de soldas ou junções de solda (Tabela 18 – página 75).

Segundo MAIJER e SMITH (1982), um número de possibilidades existe em

relação à formação de produtos de corrosão coloridos, desde que os elementos,

níquel e cromo, estejam presentes. Neste trabalho, os autores afirmaram que óxido de

níquel e sulfeto de níquel são pretos, enquanto que hidróxido de níquel é verde.

Sulfeto de cromo é preto, e fosfato de cromo é violeta. Óxido de cromo hidratado e

fluoreto de cromo são verdes. Fluoreto de níquel e fosfato de níquel são verdes.

Nos casos em que ambas as manchas, verde e preta, foram observadas, a

mancha verde foi identificada em um lado da base do bráquete e a preta no outro lado.

De acordo com MAIJER e SMITH (1982), isto parece indicar que o próprio bráquete

atua como célula de concentração devido a leve infiltração em um dos lados. O fato de

que cores variadas aparecem em diferentes lados da base do bráquete sugere

fortemente que infiltração é um fator crítico induzindo corrosão por crévice. Em todos

74
os 12 casos registrados, a base do bráquete de aço inoxidável foi do tipo 304.

Nenhuma mancha foi observada na base do bráquete de aço do tipo 316 em centenas

de bráquetes e dentes correspondentes examinados no tempo de descolamento.

Tabela 18 – Caracterização das manchas de corrosão clínica em


bráquetes ortodônticos
(modificada de MAIJER e SMITH, 1982).

Número Localização da Meses


Código Cor Adesivo
do dente* mancha no local
LH 12 Mesiogengival preto 6 Autotach

DW 21 Mesioincisal Preto / Castanho 4 Dynabond

WL 11 Mesioincisal Preto 20 Autotach

DR 11 Mesioincisal Preto 8 Dynabond

DT 21 Mesioincisal Preto / Amarelo 24 Concise

DB 11 Mesiogengival Preto 8 Dynabond

DG 22 Incisal Preto 4 Dynabond

AG 12 Incisal Preto 10 Dynabond

DP 25 Cervical Preto / Verde** 18 Concise

SS 13 Cervical Preto / Verde** 8 Dynabond


Por baixo do
MW 11 Verde / Preto** 18 Dynabond
bráquete
WP 22 Mesiogengival Preto 10 Dynabond
*
Classificação dos dentes pela F.D.I.
**
Cor indelével após limpeza convencional

HWANG, SHIN et al. (2001) avaliaram a liberação de metais em aparelhos

ortodônticos fixos in vitro. Um total de 320 aparelhos correspondendo a metade de um

arco maxilar foram imersos em 50 mL de saliva artificial (pH 6,75 ± 0,15 a 37°C) em

tubos de polietileno, por três meses. Os bráquetes constituídos de aço inoxidável do

incisivo central, canino, primeiro e segundo pré-molares foram fixados por um ponto de

solda e os tubos do primeiro e segundo molares foram fixados por dois pontos de

solda, simulando soldagem clínica. Os bráquetes do incisivo lateral não foram

75
soldados, mas fixos. Segundo HWANG, SHIN et al. (2001), quatro grupos foram

estabelecidos de acordo com o fabricante do aparelho e o tipo de metal em fios

ortodônticos 0.016 x 0.022 polegada. Cada grupo possuía 80 amostras, sendo este

total dividido em 8 subgrupos. Estes, por sua vez, foram subdivididos novamente de

acordo com os tempos de imersão dos aparelhos em saliva artificial dentro dos

seguintes subgrupos: 1 dia, 3 dias, 7 dias, 2 semanas, 3 semanas, 4 semanas, 8

semanas e 12 semanas. Dois grupos controle foram preparados para cada subgrupo.

Os grupos A e B foram constituídos de arcos ortodônticos de aço inoxidável da Ormco

(Glendora, Calif) e Dentaurum (Ispringen, Germany) respectivamente, e os grupos C e

D foram ambos arcos ortodônticos NiTi com cobre da Ormco e Tomy's Bioforce

Sentalloy, respectivamente. Arcos ortodônticos de aço inoxidável foram tratados

termicamente em um forno elétrico a 500°C por 1 minuto e resfriados bruscamente na

água. Foram medidas as quantidades de níquel, cromo e ferro em todos os grupos, e

as quantidades de titânio e cobre nos grupos C e D, todos quantificados em

espectroscopia de plasma-massa. Os resultados foram submetidos ao teste “t” de

Student. Os autores concluíram que a quantidade diária de cromo e níquel liberados

foi insignificante quando comparados com a quantidade desses metais consumidos na

dieta diária. Durante os três meses de investigação foi observada uma diminuição nos

metais liberados com o aumento do tempo de imersão.

JENSEN, LISBY et al. (2003) pesquisaram três parâmetros: 1) liberação de

níquel em saliva artificial e suor em 4 diferentes ligas de aço inoxidável austenítico

freqüentemente utilizadas em aparelhos ortodônticos; 2) análise da possibilidade de

conteúdo de níquel em células colhidas da mucosa bucal de três pacientes

odontológicos antes e após a colocação dos aparelhos ortodônticos; 3) teste padrão

de reatividade em 4 ligas de aço inoxidável testado em 31 pessoas sensíveis ao

níquel. Dez discos obtidos de cada tipo de liga foram inseridos em garrafas de

polietileno contendo 5 ml de saliva artificial em pH 5,1 e outros 10 discos de cada liga

em garrafa de polietileno contendo 5 ml de suor artificial em pH 6,5. As garrafas foram

76
colocadas em agitador e mantidas na temperatura de 37°C por 1, 3, 7, 14 ou 21 dias.

Após estes intervalos de tempo os discos foram removidos das soluções e a liberação

de níquel foi quantificada por meio de espectroscopia de absorção atômica.

De acordo com JENSEN, LISBY et al. (2003), células da mucosa bucal de

dois pacientes foram colhidas para análise de conteúdo de níquel antes e após

1 semana da colocação do aparelho constituído por diferentes tipos de ligas metálicas,

cujo conteúdo de níquel variou de 3,0 a 18,0 (wg% - porcentagem em peso).

Adicionalmente, células da mucosa bucal de uma pessoa que possuía 6 bráquetes de

aço inoxidável colocados no arco superior nos incisivos centrais, laterais e caninos por

3 semanas foram colhidas para análise de conteúdo de níquel antes e a cada dois dias

até 21 dias após a colocação dos bráquetes.

Os testes de sensibilidade padrão foram realizados através da manutenção

de discos dos quatro tipos de ligas de aço inoxidável por dois dias na parte superior

das costas de 31 voluntários sensíveis ao níquel. A avaliação dos testes foi realizada

em diferentes tempos, em dois pontos, 5 dias após a remoção dos discos (JENSEN,

LISBY et al., 2003).

Os autores observaram ausência de coloração de ferrugem na saliva ou no

suor artificial em qualquer das amostras ou em qualquer dos discos de aço inoxidável.

Todas as 4 ligas de aço inoxidável liberaram pequenas quantidades de íons níquel na

saliva artificial (variação de 0,005 a 0,152 µg/cm2/semana) e suor artificial (variação de

0,007 a 0,059 µg/cm2/semana). As quantidades de íons níquel liberados de cada uma

das ligas de aço inoxidável foram variáveis com o tempo e não foram totalmente

consistentes. Nenhuma quantidade mensurável de níquel foi encontrada em quaisquer

das amostras da mucosa bucal. Nenhuma das 31 pessoas sensíveis ao níquel

reagiram ao teste padrão com as 4 ligas de aço inoxidável. JENSEN, LISBY et al.

(2003) concluíram que estas ligas de aço inoxidável seriam seguras para serem

usadas em contato direto e prolongado com a pele.

77
B) Titânio

Como já se observou anteriormente, ligas de titânio de interesse para a

Odontologia existem em três formas: alfa, beta e alfa-beta. Estes tipos são originados

quando o titânio puro é aquecido, misturado com elementos tais como o alumínio e o

vanádio em certas concentrações, e então resfriados. Este tratamento produz

soluções sólidas verdadeiras e os elementos adicionados atuam como estabilizadores

de fase.

Iwatani Co. – Osaka, Japão – (1978) segundo relatado por TAIRA, MOSER

et al. (1989) e IDA, TSUTSUMI et al. (1980) desenvolveram novos modelos de

máquinas para fundição odontológica comercial com um sistema de arco de argônio

denominado Castmatic. Essas máquinas provêem um ambiente livre de oxigênio (para

padrões odontológicos) e o arco de tungstênio não consumível permite alcançar

rapidamente a temperatura de 2000°C, o que propiciou várias investigações sobre o

titânio utilizado em Odontologia em laboratórios odontológicos. O metal puro tem

densidade relativamente baixa (4,5 g/cm3), elevado ponto de fusão 1668°C (3035°F), e

um módulo de elasticidade de 107 GPa (1,5 x 106 psi).

O titânio é conhecido por sua biocompatibilidade, resistência à corrosão e

resistência mecânica. Estas são qualidades desejáveis considerando que os materiais

restauradores na cavidade bucal devem resistir a um grande número de substâncias

químicas, como aquelas que ocorrem nos alimentos, saliva, creme dental e agentes

profiláticos, ou aquelas que podem ser produtos da corrosão, metabolismo da placa

bacteriana, ou decomposição de alimentos.

IDA, TSUTSUMI et al. (1980) avaliaram as propriedades do titânio ou ligas

de titânio para o uso odontológico. Foram utilizados titânio puro ou ligas de titânio

incluindo níquel, cobalto, cromo ou alumínio com composições binária ou ternária. As

propriedades das ligas foram investigadas na temperatura de fusão, limite de

resistência à tração, rigidez, fundibilidade e capacidade de sofrer oxidação. Os autores

78
concluíram que a soldabilidade e as propriedades mecânicas do titânio foram tão boas

quanto àquelas verificadas para as ligas de cobalto-cromo comercial ou níquel-cromo.

A estabilidade do titânio em um meio corrosivo resulta da formação de um

filme de passivação altamente protetor na sua superfície, cuja espessura está entre

10 e 20 nm. O titânio puro, que é muito reativo e extremamente oxidável quando

diretamente exposto, pode desenvolver vários óxidos de diferentes estequiometrias

(TiO, Ti2O3, TiO2); sendo, o mais comumente visto, o TiO2.

Irregularidades de superfície tais como arranhão ou marcas de fresagem

podem influenciar o filme de óxido e conduzir à ruptura do filme protetor em pontos

isolados. Este tipo de alteração envolve os mecanismos de corrosão por crévice e

corrosão por pite, que são raros em ligas de titânio que foram especialmente

preparadas para uso clínico. Uma tensão imposta pode produzir uma combinação de

efeitos ambientais e mecânicos no metal, mudando suas propriedades e as

propriedades do óxido da superfície.

O titânio exibe excelente resistência à corrosão em soluções de teste

variadas, tais como saliva artificial, solução de Ringer, solução a 0,9% de NaCl, ou

solução salina fisiológica. Mesmo em condições mais agressivas, tais como soluções

concentradas contendo ácidos fortes (HCl e H2SO4), a corrosão do titânio permanece

extremamente baixa. Este metal pode ser colocado em contato com outros metais sem

risco de perder sua passividade. Quando em contato com metais cujo potencial de

corrosão é maior, poderia induzir condução galvânica. Quando o titânio é posto em

contato com metais que permanecem passivos (tais como ligas de cobalto-cromo),

uma combinação estável e passiva é produzida. MEARS (1975), TOMPSON e

BUCHOVAN (1979), KUMMER e ROSE (1983) recomendaram evitar contato com

metais que não sejam tão passivos como o titânio, como, por exemplo, os aços

inoxidáveis.

Na prática odontológica, tem sido observado que em um meio fluoretado,

especialmente em soluções fluoretadas aciduladas, o titânio é facilmente degradado.

79
Este fenômeno é interpretado como sendo o resultado da incorporação de íons

fluoreto (F−) na camada de óxido, cujas propriedades protetoras são

consideravelmente reduzidas.

Uma quantidade baixa de fluoreto, na presença de meio ácido, induz a

seguinte reação química:

NaF + CH3-COOH → HF + CH3-COONa

A molécula de ácido fluorídrico pode então reagir no óxido de titânio e

gerar oxido-fluoreto de titânio em estado sólido, o qual induz defeitos estruturais na

cobertura do óxido, cuja proteção é notavelmente reduzida.

TiO2 + 2HF → H2O + TiOF2

BARD (1976) citado por TOUMELIN-CHEMLA (1996) afirmou que

Yamaguchi e Otsuda foram os primeiros a descrever a desintegração do titânio,

quando submetido a soluções ácidas de HF a 48% durante períodos curtos de tempo.

Por definição, o termo fluoreto aplicado topicamente é usado para

descrever aqueles sistemas à base de flúor que promovem uma reação química local

nas superfícies expostas de dentes irrompidos. Estes sistemas incluem medidas

designadas para aplicação profissional no consultório odontológico, tais como pastas

profiláticas contendo fluoretos, soluções, géis e vernizes, bem como os sistemas

designados para a utilização caseira não controlada como dentifrícios fluoretados e

bochechos. Indiferentemente à natureza dos sistemas, soluções, incluídas na

categoria de fluoretos aplicados topicamente, contém invariavelmente concentrações

elevadas de fluoreto para acelerar as reações químicas, não devendo, portanto, ser

ingeridos.

80
Devido a um grande número de resultados favoráveis, a utilização de géis

fluoretados concentrados pelo Cirurgião-Dentista obteve a aprovação da

US Food & Drug Administration, e um número de preparações comerciais foi aprovado

pelo Council on Dental Therapeutic of the American Dental Association. Esses géis

dentais constituem preparações fluoretadas e ácidas. O pH do meio usado geralmente

está entre 3,2 e 7,7. Vários estudos comprovaram que é possível aumentar a

efetividade tópica do flúor diminuindo seu pH cada vez mais, encorajando assim a

formação de fluoreto de cálcio na superfície do dente.

TINANOFF, MANWELL et al. (1989) observaram uma redução significante

de gengivite em adultos para duas escovações dentárias diárias usando gel de fluoreto

estanhoso (SnF2) a 0.4%, contendo 1000 ppm F−, 2950 ppm Sn++, com pH 3. Um gel

de fluoreto de sódio (NaF), com mesma concentração de fluoreto (1000 ppm F−) mas

com um pH 7 também foi utilizado. O SnF2 apresentou 50% de redução nos scores de

Índice Gengival quando comparado com o NaF. Em 1995, HOSCH e STRIETZEL

afirmaram que baixos valores de pH aceleram mais a liberação de íons de titânio

quando na presença de íons fluoreto.

Um ambiente especial causando corrosão do titânio puro utilizado

comercialmente foi descrito no estudo de LAUSMAA, KASEMO et al. (1985). Eles

registraram que, quando implantes de titânio são autoclavados, uma solução de 3 ppm

de NaF ou uma solução de 1 ppm de Na2SiF6 é capaz de manchar a superfície.

Descoloração forte foi observada com uma solução de 0,1% de Na2SiF6.

A descoloração foi analisada e observada como uma camada de óxido dez vezes mais

espessa do que sem contaminação por fluoreto. MIMURA e MIYAGAWA (1996)

citados por NAKAGAWA, MATSUYA et al. (1999) afirmam que o titânio não foi

considerado resistente à corrosão em solução contendo 500 ppm F-.

Em 1991, SIIRILÄ e KÖNÖNEN avaliaram o risco de corrosão em 36

peças de titânio, 24 utilizadas em testes de imersão e 12 em testes de escovação, por

meio de uso acidental ou não autorizado de meios preventivos a base de fluoretos na

81
boca. Peças polidas de titânio puro grau 1 (ASTM) utilizadas comercialmente foram

imersas em fluoretos usados topicamente: a) creme dental – Elmex (Orion Ou, Espoo,

Finland) com aminofluoreto (F 0,125%) com abrasivo e Sensodyne (Stafford-Miller,

Hatfield, Herts, England) sem fluoreto, contendo 10% de SrCl2 e 1,5% de ácido

derivado da taurina (substância química existente nos ácidos biliares) e com abrasivo;

b) gel – Elmex (Orion Ou, Espoo, Finland) contendo aminofluoreto e fluoreto de sódio,

1ml contendo 12,5 mg de fluoreto ionizável, F 1,25% sem abrasivo, e

c) verniz com fluoreto Duraphat (Woelm Pharma GmbH & Co, Eschwege, Germany),

um mililitro contendo 50 mg NaF, F 2,26%.

As peças foram escovadas, in vitro, com pasta e gel correspondendo ao

tempo e efeito de escovação com pasta duas vezes ao dia por 6 anos e com gel uma

vez por semana por 12 anos. Os resultados indicaram que um creme dental de

aminofluoreto com baixo fluoreto ionizável contendo 0,125% usado na escovação

natural dos dentes não causou deterioração nos implantes de titânio na mesma boca

se o titânio tem grau de pureza 1. A utilização cuidadosamente controlada de gel

fluoretado (F 1,25%) e verniz (F 2,25%) não é igualmente perigosa. A abrasão

mecânica causada pelas cerdas da escova parece ser o principal fator de deterioração

para a superfície do titânio (SIIRILÄ e KÖNÖNEN, 1991).

PRÖBSTER, LIN et al. (1992) avaliaram o efeito de agentes profiláticos

fluoretados na superfície do titânio (grau 2 – ASTM) após serem preparadas, polidas e

secas. Os espécimes foram armazenados a uma temperatura de 25°C. Depois de

aplicados por 1, 5 e 10 minutos, os géis e soluções foram removidos e as amostras

imediatamente enxaguadas com água destilada e secas. Os seguintes agentes foram

utilizados: três géis de fluoreto de sódio; um gel de aminofluoreto; duas soluções de

fluoreto de sódio; uma solução de aminofluoreto e um spray de fluoreto de sódio.

Todas as preparações foram propostas para uso intrabucal como meio preventivo de

cárie ou para tratamento de dentes sensíveis. Ácido fluorídrico e ácido fosfórico na

concentração de 1% foram usados como substâncias de referência. Os autores

82
concluíram que agentes fluoretados ácidos causam danos severos na superfície que

são comparáveis aos efeitos do ácido fluorídrico. As alterações de superfície foram

analisadas por meio de profilometria e microscopia eletrônica de varredura. Afirmaram

ainda que agentes fluoretados não deveriam ser usados em pacientes com implantes

ou restaurações de titânio.

RECLARU e MEYER (1995) afirmaram que a presença de fluoreto no

eletrólito diminui a resistência à corrosão de ligas, particularmente do titânio. Para um

pH de 6 a 7 o máximo de concentração de íons F− que induz corrosão localizada é

20ppm. Ao avaliarem o comportamento da corrosão em ligas odontológicas utilizaram

7 tipos de ligas (5 ligas nobres - ligas a base de prata, CoCrMo e aço inoxidável 316L)

que foram colocadas em contato com o titânio em saliva artificial com e sem íons

fluoreto na concentração de 0,1%. Utilizando curvas de polarização, os autores

observaram que em um eletrólito fluoretado o titânio torna-se anódico a –60mV SCE

(+20mV sem a presença do flúor) o que também foi observado com ligas a base de

prata (+58 x 85mV), CoCrMo (–170 x –132mV) e o aço inoxidável 316L

(–232 x –56mV). Avaliando correntes galvânicas de cada liga quando em contato com

o titânio por um período de 24 horas, observaram que em meio fluoretado os valores

encontrados foram de 10 a 100 vezes mais elevados: de 10−4 a 10−7 A/cm2 x 10−6 a

10−8 A/cm2 sem F−. Relataram ainda que a diferença de potencial resultando em

eletrogalvanismo resulta em corrosão localizada (corrosão por pite e crévice).

Em 1996, TOUMELIN-CHEMLA, ROUELLE et al. estudaram o

comportamento eletroquímico do titânio puro e uma liga de titânio produzida por

Pechiney (France). O método voltamétrico de varredura linear, usando um eletrodo

rotatório, assegura um controle completo dos parâmetros físico-químicos. Cada

experimento foi repetido quatro vezes, sendo que os resultados obtidos estão idênticos

dentro da precisão das medidas de corrente de corrosão que é ± 5%.

83
Segundo TOUMELIN-CHEMLA, ROUELLE et al. (1996), o dispositivo de

eletrodo de disco de rotação (EDI 101 T Tacussel), compreende uma ponta de Teflon

adaptável dentro da qual o espécime de titânio é montado, de forma que a superfície

metálica em contato com o eletrólito é um disco plano com 3 mm de diâmetro. A

velocidade de rotação foi fixada em 2500 rpm. No primeiro experimento, a variação

dos potenciais ocorreu entre o intervalo –500 a + 1500 mV contra um eletrodo

saturado de calomelano. As condições do procedimento são semelhantes àquelas

definidas por SARKAR, REDMOND et al. (1979) e STRUB, EYER et al. (1986).

O meio avaliado por TOUMELIN-CHEMLA, ROUELLE et al. (1996) foi o

gel odontológico fluoretado Fluogel (Labo, Dentoria) que é composto de:

NaF 0.553 g
NH4F 1.126 g
Sorbato de potássio 0.553 g
Excipiente (pH = 5,5) q.s.p. 100 g

Substituindo a solução de Ringer por um gel fluoretado dental de pH = 5,5

Fluogel para aplicação tópica, TOUMELIN-CHEMLA, ROUELLE et al. (1996)

observaram um comportamento completamente diferente no eletrodo de titânio

(Figura 28 – página 85). A primeira voltametria mostra uma corrente de oxidação que é

claramente mais alta, 70 µA para zero mVECS e chegando rapidamente a 160 µA para

+1500 mVECS. Por outro lado, em voltametrias sucessivas não houve qualquer redução

na intensidade de corrente, revelando assim a ausência de passivação do metal.

Neste ambiente ácido e fluoretado produzido pelo meio Fluogel, o filme de óxido

protetor foi degradado, conduzindo assim a um rápido processo de corrosão do metal.

A observação da superfície do eletrodo no microscópio confirma este resultado, uma

vez que o titânio mostra uma superfície completamente rugosa devido à formação de

crévice resultante da dissolução do metal.

84
Primeira Voltametria

Quarta Voltametria
Corrosão
I µA

E (mV/S.C.E.)

Figura 28 – Voltametria
Do titânio puro (J. Matthey) em Fluogel. Sucessivas leituras
demonstram um forte processo corrosivo (modificada de
TOUMELIN-CHEMLA, ROUELLE et al., 1996).

BALTAZAR, ELIAS et al. (1997) avaliaram o efeito da aplicação tópica do

flúor gel acidulado sobre a superfície do titânio, utilizando conexões de titânio-vanádio-

alumínio de implantes osseointegrados quando em contato com o flúor tópico

acidulado. As amostras foram analisadas em microscopia eletrônica de varredura em

tempo zero, antes e após o emprego do gel de flúor fosfato acidulado em 4, 8 e 12

minutos após imersão em gel de flúor. Comparando-se as amostras antes e após a

imersão, foi possível observar mudança na aparência externa e formação de defeitos

microestruturais com características de corrosão. Os autores ainda afirmaram que os

resultados sugerem que a aplicação tópica de gel de flúor fosfatado acidulado deve

ser cuidadosamente selecionada e prescrita em pacientes portadores de próteses

osseointegradas com exposição da conexão de titânio.

Em 2001, HARZER, SCHRÖTER et al. avaliaram a sensibilidade de

bráquetes de titânio para a influência corrosiva de dentifrícios e chás contendo

85
fluoreto. Foram utilizados dezoito pacientes com aparelho ortodôntico fixo composto

de bandas nos molares e bráquetes colados nos incisivos, caninos e pré-molares.

Bráquetes de titânio (Dentaurum, Pforzheim, Germany; German material nº 3.7065,

grau de titânio 1) foram colados no lado esquerdo das arcadas superior e inferior,

enquanto os de aço inoxidável foram colados no lado direito. Para escovação diária

(a cada manhã e noite) 15 pacientes utilizaram dentifrício Gel Kam (Colgate, Hamburg,

Germany) contendo fluoreto estanhoso solúvel (pH 3,2; grupo F+). O grupo controle foi

composto de três pacientes que escovaram com um dentifrício Putzi livre de flúor

(Dental Kosmetik, Dresden, Germany), cujo pH variou de 9,1 a 9,7 (grupo F-). Fios de

níquel-titânio e twistflex de aço foram utilizados para o tratamento ortodôntico, sendo

estes fixados aos bráquetes com ligaduras elastoméricas. A ingestão de chás, preto e

verde, foi considerado nessa investigação devido à presença de fluoreto em suas

composições.

Segundo os relatos de HARZER, SCHRÖTER et al. (2001), os bráquetes

foram removidos para avaliação em microscopia ótica e microscopia eletrônica de

varredura entre 5,5 a 7,0 meses, 7,5 e 17 meses após a sua colagem. Cinco

bráquetes de titânio foram testados em uma solução Gel Kam por 170 minutos para

comparação com as condições in vitro. A cada 10 minutos, eram lavados em um

banho de ultrassom com 80% de álcool. Os bráquetes não mostraram nenhuma

mudança nem sinal de corrosão. Doze bráquetes de titânio adicionais e 12 de aço

foram testados em soluções de chá verde e preto (6:6 de cada bráquete e tipo de chá)

a uma temperatura de 50 a 55°C por 14 dias. Os bráquetes mostraram uma quantia

muito pequena de fluoreto (1,01 porcentagem em peso) com um erro integrado alto

(17,21).

A investigação envolveu 165 bráquetes de titânio e 90 de aço inoxidável

retirados aleatoriamente de cada grupo e tempo de contato com a boca. Avaliação

macroscópica revelou traços de ação mecânica causada por atrito dos fios e ligaduras,

no fundo da ranhura, entre as aletas dos bráquetes, porém não houve diferença

86
significante entre os bráquetes, fios e dentifrícios utilizados. Avaliação microscópica

quanto à ocorrência de corrosão por pite, devido à rugosidade de superfície dos

bráquetes de titânio ocasionados pelo seu processamento, identificou fissuras nas

aletas de três bráquetes em dois pacientes (Gel Kam), sendo que elas pareceram ser

extendidas depois de 1 a 7 meses respectivamente. Microscopia eletrônica de

varredura revelou que o comprimento do crévice foi quase o mesmo após a utilização

de dentifrício fluoretado (325,5 e 315,3µm, respectivamente), mas a largura foi

dobrada (10,6µm para 24,5µm). Na análise dos elementos no crévice, nenhum fluoreto

foi encontrado (HARZER, SCHRÖTER et al., 2001).

Segundo HARZER, SCHRÖTER et al. (2001), a análise de elementos em

17 bráquetes de titânio e 7 de aço inoxidável revelou ocorrência muito infrequente de

fluoreto ao nível de 0,1%, que foi detectada em somente 2 bráquetes de titânio e dois

de aço inoxidável de três pacientes. Em 1 bráquete de titânio, de um paciente do

grupo controle que consumiu chá, a análise revelou uma pequena quantidade de

fluoreto semelhante ao teste in vitro.

HARZER, SCHRÖTER et al. (2001) concluíram:

1) bráquetes de titânio mostraram acúmulo de placa mais alto do que os de aço

inoxidável. Isto é causado pela superfície áspera com uma camada exterior

lisa. A biocompatibilidade devia ser melhorada, modificando o processo

industrial, mas esta influência é menor do que em bráquetes de aço

inoxidável;

2) contrastando os resultados das investigações in vitro, pites e crévices foram

encontrados sob condições ácidas abaixo de pH 3,5 em poucos bráquetes. A

razão para esta diferença deve ser o curto tempo de reação de íons fluoreto

e diluição por saliva e líquidos, e

3) a utilização combinada de bráquetes de titânio com dentifrício de fluoreto

acidulado e alimentos fluoretados foi completamente inofensiva para os

bráquetes e não ocasionou corrosão.

87
Em 2002, CONZ, SOARES et al. avaliaram o efeito da aplicação de

fluoretos sobre a superfície de uma liga de Ti-Al-V. Foram avaliadas 8 conexões

comerciais do tipo duplo parafusamento, uma conforme recebida e as outras 7 foram

completamente imersas em substâncias contendo flúor – Fluordent da Johnson &

Johnson: flúor gel neutro (Topgel da Vigodent) e flúor ácido (Gel de Flúor Fosfatado

Acidulado da Odachan), com o tempo de imersão variando de 4 a 12 minutos. Logo

após os materiais foram lavados e secos para serem analisados em MEV dotado de

espectrômetro de energia dispersiva para análise qualitativa. Numa segunda etapa,

eletrodos de uma liga Ti-6Al-4V para avaliação em curvas de polarização anódica

foram imersos em substâncias contendo flúor diluídas em água destilada (50% de

volume). Os resultados mostraram que o gel de flúor neutro e o fluoreto de sódio

utilizado em bochechos não são agressivos em relação à liga de Ti-Al-V. Entretanto a

aplicação tópica de flúor ácido por tempo prolongado deve ser evitada em pacientes

portadores de prótese sobre implantes com conexões da referida liga, devido à

significativa corrosão verificada.

SCHIFF, GROSGOGEAT et al. (2002) avaliaram a corrosão do titânio e

suas ligas em ambiente fluoretado e ácido. O meio utilizado foi saliva de Fusayama

Meyer em diferentes concentrações de pH e flúor. Os resultados mostraram que titânio

e a liga TiAl6V4 apresentam uma boa resistência à corrosão em soluções salivares

neutra e ácida, exceto as ligas NiTi e NiTiCo. Observaram uma notável deterioração

do titânio e suas ligas em soluções salivares fluoretada e fluoretada acidulada.

Afirmaram ainda que o flúor deveria causar a desintegração da camada de passivação

protetora que normalmente existe no titânio e suas ligas, induzindo corrosão por pite.

Os autores recomendaram prudência na prescrição de agentes profiláticos fluoretados

em pacientes em tratamento ortodôntico e com implante dental.

WATANABE e WATANABE (2003) investigaram o efeito de agentes

profiláticos fluoretados nas superfícies de fios ortodônticos à base de titânio. Quatro

tipos de fios, 2 de níquel-titânio (níquel-titânio e cobre-níquel-titânio) e 2 de titânio-beta

88
(titânio-molibdênio e titânio-nióbio), todos da Ormco (Glendora, Califórnia) com

tamanhos semelhantes foram preparados e imersos em 5 agentes profiláticos

fluoretados. Foram utilizados 2 agentes de fluoreto fosfatado acidulado: Nupro APF

(Dentsply International, York, Pa) pH 3,9 e Florentine III (Confi-Dental, Louisville, Colo)

pH 3,5; 1 agente neutro - Neupro neutro (Dentsply International) pH 6,7 e 2 agentes de

fluoreto estanhoso: Florentine II (Confi-Dental) pH 2,8 e Perio-Med (Omni International,

Warrenton, Va) pH 3,3.

Vinte porções de fios (0,48 x 0,64 x 10 mm) foram preparadas e divididas

em 4 grupos, que foram imersos em cada agente fluoretado por 5 minutos, 1 hora e 24

horas. O último grupo, o controle, não foi imerso nos agentes fluoretados. A mudança

de cor de superfície foi registrada por 2 Cirurgiões-Dentistas e 3 técnicos dentais,

quantificados em uma escala de 0 a 12. Após imersão, os dados da rugosidade de

superfície média foram analisados estatisticamente por meio de análise de variância e

pelo teste de Tuckey para o nível de significância de α = 0,05 (WATANABE e

WATANABE, 2003).

De acordo com WATANABE e WATANABE (2003), não houve diferença

significante no valor de rugosidade de superfície média entre as soluções fluoretadas

ou fios ortodônticos, exceto para o fio titânio-molibdênio (TMA) que apresentou

significativamente valores de rugosidade de superfície média mais alta após imersão

em Nupro APF por 24 horas, observados em MEV. Os resultados sugeriram que das

duas ligas de titânio-beta, o fio de titânio-molibdênio (TMA) imerso em agente Nupro

APF mudou a cor e morfologia de superfície após 1 hora e mostrou um alto valor após

24 horas. Dessa forma, poucas aplicações de agentes fluoretados fosfatados

acidulados poderia causar descoloração dos fios de titânio-beta, particularmente do fio

titânio-molibdênio, que contém uma grande quantidade de titânio (em torno de 80%).

SCHIFF, GROSGOGEAT et al. (2004) avaliaram a influência de colutórios

fluoretados na resistência à corrosão de fios ortodônticos. Foram analisados 4 ligas a

base de titânio: titânio-molibdênio (TMA), TiNb, NiTi e CuNiTi testados em três

89
substâncias para enxágüe: Elmex® (2a solução teste – ingrediente ativo: 100 ppm de

aminofluoreto Olafluor e 150 ppm de fluoreto de sódio, com pH 4,3), Meridol® (3a

solução teste – ingrediente ativo: 125 ppm de aminofluoreto Olafluor e 125 ppm de

fluoreto de estanho, com pH 4,2) e Acorea® (4a solução teste – ingrediente ativo: 65,9

ppm de monofluorfosfato de sódio, com pH 4,5) e também a saliva artificial de

Fusayama Meyer como solução de referência, cujo pH foi 5,3. Os experimentos foram

realizados três vezes para cada tipo de fio ortodôntico em cada solução teste. O

estudo eletroquímico mostrou que as ligas podem ser divididas em dois grupos. Em

um grupo estavam as ligas a base de NiTi que sofreram forte corrosão na presença de

monofluorfosfato encontrado na solução Acorea®. No outro grupo estavam TiNb que

foi o mais resistente à corrosão e titânio-molibdênio (TMA) que corroeu fortemente

com o fluoreto estanhoso encontrado no colutório Meridol®. Os resultados obtidos no

presente estudo podem ajudar os Cirurgiões-Dentistas a decidir qual colutório

prescrever para seus pacientes, dependendo da fase do tratamento e da liga usada.

Assim, o colutório Elmex® pode ser recomendado para pacientes com fios ortodônticos

titânio-molibdênio (TMA) e fios a base de NiTi, já os colutórios Acorea® ou Meridol®

para pacientes com fios ortodônticos TiNb.

WALKER, WHITE et al. (2005) avaliaram o efeito de agentes profiláticos

fluoretados nas propriedades mecânicas dos fios ortodônticos de níquel-titânio (NiTi) e

cobre-níquel-titânio (Cu-Ni-Ti). Fios retangulares foram imersos em agentes

fluoretados com alta concentração de íon fluoreto [Phos-flur gel (Colgate Oral

Pharmaceuticals, Canton, Mass) de pH=5,1 e Prevident 5000 (Colgate Oral

Pharmaceuticals) de pH=7] e o grupo controle foi imerso em água destilada por um

período de 1 hora e 30 minutos a 37°C. Após a imersão, o carregamento e o

descarregamento, o módulo de elasticidade e o limite de elasticidade foram medidos

por meio de teste de dobragem dos fios em três pontos, de acordo com os critérios da

American National Standard/American Dental Association Specification No. 32 para os

fios ortodônticos (2000). Microscopia eletrônica de varredura foi utilizada para

90
caracterizar os efeitos do flúor na topografia dos fios. Os resultados mostraram que as

propriedades mecânicas de descarregamento dos fios de NiTi foram significativamente

diminuídos após exposição em ambos agentes fluoretados, entretanto as propriedades

mecânicas dos fios Cu-Ni-Ti não foram significativamente afetadas pelos agentes

fluoretados. Alterações decorrentes da corrosão na topografia de superfície foram

observadas em ambos os fios, porém Cu-Ni-Ti pareceu ser afetado mais severamente.

Os resultados sugerem que a utilização tópica de agentes fluoretados com fios de NiTi

diminui significativamente as propriedades mecânicas de descarregamento. Esta

redução pode ser clinicamente relevante uma vez que as forças de descarregamento

dos fios produzem o movimento dentário ortodôntico, o que pode contribuir para o

aumento do tempo de tratamento ortodôntico.

2.3.3. Bandas ortodônticas

As bandas molares empregadas em Ortodontia têm uma estrutura mais

complexa, pois recebem acessórios de aço inoxidável que são soldados por brasagem

ou unidos por solda a ponto (GRIMSDOTTIR, HENSTEN-PETTERSEN et al., 1992). O

maior progresso no emprego deste metal foi o uso da soldagem elétrica a ponto para

construir os diversos aparelhos. Com a introdução, em 1934, da máquina de solda a

ponto, feita especialmente para uso ortodôntico, ocorreu um progresso real na

utilização do aço inoxidável para a confecção dos aparelhos. Mesmo assim, os

pesquisadores continuaram a divergir quanto às vantagens e às dificuldades

encontradas entre a soldagem a ponto e a brasagem com fluxo e solda (GASTON,

1951), uma vez que estes dois tipos de soldagem podem causar deterioração das

propriedades físicas e mecânicas se o fio de aço inoxidável for superaquecido

(CRAIG, 1987).

A resistência à corrosão do aço inoxidável é devida à presença de um filme

de óxido hidratado (GASTON, 1951) que é estabilizado por cromo (ANUSAVICE,

1996). Este filme é formado naturalmente sobre a superfície do aço inoxidável em

91
exposição adequada a um ambiente (GASTON, 1951; ANUSAVICE, 1996). O filme de

óxido de cromo varia em composição de liga para liga, não podendo ser observado

microscopicamente, sendo transparente e insolúvel. Se houver quebra da sua

continuidade por soldagem a ponto, brasagem ou trabalho mecânico, ele será

restaurado naturalmente em pouco tempo pela exposição ao ar. Sua formação pode

ser acelerada pela exposição a agentes fortemente oxidantes. Se, entretanto, essa

superfície tiver que ser exposta imediatamente à saliva e à decomposição de

alimentos, este filme poderá ser restaurado rapidamente por um processo chamado

passivação (BIEN e AYERS, 1959).

Passivação é um processo eletroquímico que ocorre por meio da reação

de uma determinada liga quando em contato com o oxigênio presente no meio em

questão (eletrólito) formando uma camada de óxido na superfície do metal que é muito

resistente ao ataque químico, sendo altamente protetora.

2.3.4. Soldas

A) Solda de prata

A resistência à corrosão de materiais como o aço inoxidável pode ser

reduzida como resultado dos procedimentos de solda. A prata utilizada como base

para a soldagem, introduz um par galvânico que facilita a liberação de metais. BERGE,

GJERDET et al. (1982) ao avaliarem a quantidade de metais liberados dos fios

ortodônticos de aço inoxidável e cobalto-cromo, testando 10 espécimes de cada tipo,

unidos através de solda de prata, após 3 dias e 24 dias de imersão em solução a 0.9%

de cloreto de sódio a 37°C observaram que cobre e zinco são mais facilmente

liberados pela solda de prata do que qualquer outro metal (Tabela 19 – página 93;

Tabela 20 – página 93). Afirmaram ainda que as soldas dos fios cobalto-cromo se

corroeram mais do que aquelas dos fios de aço inoxidável e que os valores

apresentados foram estatisticamente significativos para o cádmio e zinco após 3 dias e

para o cobre após 24 dias.

92
Tabela 19 – Metais liberados de fios de aço inoxidável (Unitek
Standard) soldados com solda de prata
Os resultados são baseados nas dez amostras. Os valores
dos 24 dias são somas dos valores após 3 dias mais os
valores após 21 dias em eletrólito fresco. x: média aritmética;
s: desvio padrão, e n.a.: não analisado (modificada de
BERGE, GJERDET e ERICHSEN, 1982).

x, µg s x, µg s

Ni 5,3 0,5 6,2 0,4

Meio constituinte Cr 2,3 0,6 3,0 1,7


do fio Fe 24,8 3,4 27,8 4,4
Co n.a. n.a.

Ag < 0,1 --- 1,1 0,3

Meio constituinte Cd 0,5 0,1 16,4 1,8


da solda Cu 70,1 8,4 157,5 64,0
Zn 28,7 3,4 173,5 8,2

Tabela 20 – Metais liberados de fios de cobalto-cromo


semiresiliente (Elgiloy – Rocky Mountain) soldado
com solda de prata
Condições como aquelas da Tabela 19 (modificada de
BERGE, GJERDET e ERICHSEN, 1982).

x, µg s x, µg s

Ni 0,8 0,4 1,3 0,4

Meio constituinte Cr < 0,1 --- 0,1 0,1


do fio Fe n.a. n.a.
Co 2,2 0,4 4,2 0,6

Ag < 0,1 --- 1,7 0,6

Meio constituinte Cd 1,2 0,3 18,6 1,8


da solda Cu 69,6 6,5 2380,0 49,6
Zn 44,6 3,6 166,0 12,7

GJERDET, KALLUS et al. (1987) realizaram teste de cultura de célula de

Agar em fios ortodônticos de Fe-Cr-Ni e Co-Cr-Ni, conforme foram recebidos e uniões

93
soldadas com prata. Os resultados mostraram extensas zonas de 20-25mm de lise

celular em torno dos espécimes soldados para ambos os tipos de fio, enquanto que

nenhuma zona de reação observável foi encontrada nos espécimes dos fios conforme

recebidos.

B) Brasagem a base de cobre

GRIMSDOTTIR, HENSTEN-PETTERSEN et al. (1992) realizaram

experimentos in vitro para avaliar a citotoxicidade de materiais ortodônticos e

afirmaram que as bandas foram citotóxicas devido a ligas de solda à base de prata e

cobre.

ZANARINI, SOLMI et al. (2002) avaliaram a citotoxicidade da solda a ponto

e por brasagem por meio da análise in vitro do comportamento de fibroblastos

gengivais humanos. Foram utilizadas 12 placas com metais ortodônticos, sendo 4

soldadas a ponto; 4 soldadas por brasagem e 4 do grupo controle. Adesão e

proliferação de fibroblastos foram monitorados por 6 e 24 horas, e por 7 e 16 dias após

o implante. Análise no MEV revelou que a adesão e proliferação foram semelhantes

nas amostras de solda a ponto bem como no grupo controle, enquanto que a adesão e

proliferação celular foram sempre exponencialmente diminuídas com os metais unidos

por brasagem. Os resultados confirmam que a ausência de materiais tais como ligas

unidas por brasagem à base de cobre e solda a ponto pode limitar a corrosão e a

subseqüente liberação de íons metálicos que é responsável pela citotoxicidade local.

Os autores concluíram que a liberação de íons metálicos na boca como conseqüência

da corrosão de metais unidos com ligas por brasagem à base de cobre pode induzir

reações alérgicas e toxicidade local. O cobre é mais citotóxico do que níquel, o que

poderia explicar a maior lise celular em torno das amostras com solda de prata.

Ainda em 2002 MOCKERS, DEROZE et al. avaliaram 28 materiais novos e

9 clinicamente usados por um período de 15-25 meses, incluindo bráquetes, bandas

de molares e arcos ortodônticos. Apenas bandas de molares e bráquetes de aço

94
inoxidável foram avaliados como materiais novos e usados; já os arcos ortodônticos

foram avaliados somente na condição de materiais novos. Os seguintes materiais

metálicos foram utilizados: aço inoxidável, aço banhado a ouro, titânio puro,

níquel-titânio, titânio-molibdênio e liga para solda a base de prata. Após um período de

permanência dos materiais em meio de cultura (0,1 mg/ml) por 3 a 14 dias a

viabilidade de fibroblastos de ratos L929 cultivados neste meio foram comparados com

a de um grupo controle negativo com dosador MTT (coloração da mitocôndria de

células vivas – dosagem MTT). A citotoxicidade das amostras utilizadas clinicamente

foi equivalente àquelas da mesma amostra não utilizada, exceto a citotoxicidade da

amostra para 14 dias, correspondendo a bandas molares utilizadas clinicamente e

soldadas, fato este provavelmente devido à presença de solda. Apesar da amostra

citotóxica, os autores concluíram que os materiais ortodônticos podem ser

considerados como não citotóxicos, porém recomendaram que o profissional deve

prestar atenção à composição e polimento das soldas nas ligas à base de prata

contendo cobre e zinco para limitar a liberação de íons citotóxicos.

FACCIONI, FRANCESCHETTI et al. (2003) investigaram a

biocompatibilidade in vivo de aparelhos ortodônticos fixos, avaliando a presença de

íons metálicos nas células da mucosa bucal, sua citotoxicidade, e possíveis efeitos

tóxicos geneticamente. Para isso, células epiteliais da mucosa bucal foram coletadas

da parte interna das bochechas direita e esquerda de 55 pacientes ortodônticos e 30

pessoas que não receberam tratamento ortodôntico, constituindo o grupo controle. A

compatibilidade biológica dos aparelhos ortodônticos nas células bucais foi avaliada

por variáveis citogenéticas, incluindo as freqüências de células com alteração no DNA

e células apoptóticas, e pela viabilidade celular. As células foram imediatamente

preparadas para ensaio da viabilidade celular e para avaliação de alterações no DNA

pelo método de microscopia de fluorescência sensitiva. Conteúdo de níquel e de

cobalto na célula foram quantificados por espectrometria em massa de plasma. Teste

95
estatístico não-paramétrico Mann-Whitney foi utilizado para analisar as diferenças

entre os pacientes que utilizaram aparelho ortodôntico e o grupo controle.

De acordo com FACCIONI, FRANCESCHETTI et al. (2003), os resultados

indicaram que no grupo controle, a concentração de cobalto e níquel foi 0,20 ng/ml e

0,73 ng/ml, respectivamente, enquanto que os mesmos metais nos pacientes

apresentaram-se nas concentrações 0,57 ng/ml e 2,52 ng/ml, respectivamente. Os

efeitos biológicos realizados por avaliação por meio de microscopia de fluorescência

sensitiva são consistentes com a evidência de que ambos os metais induzem estes

efeitos biológicos adversos. Uma alta freqüência de células com alteração no DNA

(células alongadas, com cauda) e com apoptose foi quantificada, sendo um número

médio estabelecido ao acaso de 100 células (50 células para cada lado da boca)

encontrada no grupo dos pacientes. Os resultados mostraram um aumento marcado

nestes parâmetros nas células da mucosa bucal dos pacientes comparados com o

grupo controle (P = 0,0047 e P = 0,02, respectivamente). Houve uma diminuição

significante na viabilidade celular (P < 0,0001) (Tabela 21) embora o conteúdo de

níquel e cobalto foi diferente nos arcos ortodônticos estudados. Estes dados indicam

que as ligas de níquel e cobalto nos aparelhos ortodônticos que permanecem na boca

por 2 ou 4 anos, emitem íons metálicos em quantidades suficiente pra induzir efeitos

citotóxicos evidentes.

Tabela 21 – Citotoxicidade
Citotoxicidade e freqüência de células bucais alongadas
e com apoptose no grupo controle e em pacientes com
aparelhos ortodônticos fixos por 2-4 anos (modificada de
FACCIONI, FRANCESCHETTI et al., 2003).

Parâmetros Controles Pacientes P valorg


Células alongadas*
11,43 ± 6,58 17,62 ± 10,08 0,0047
(100 células por amostra)
Apoptose*
1,00 ± 2,26 3,15 ± 4,93 0,021
(100 células por amostra)

Viabilidade (%) 73,43 ± 12,29 50,40 ± 13,55 0,0001


* Valores médios ± desvio padrão da média de cada pessoa
g
Significância determinada pelo teste Mann-Whitney

96
2.4. Biodegradação do aparelho ortodôntico

O ambiente bucal é particularmente ideal para biodegradação de metais

devido às suas propriedades iônicas, térmicas, microbiológicas e enzimáticas. Algum

nível de exposição do paciente aos produtos de corrosão dessas ligas pode ser

assumido, se não assegurado.

Em Odontologia, os fatores mais importantes que afetam a escolha de

metais e ligas odontológicas são: biocompatibilidade, propriedades mecânicas,

possibilidade de trabalho, resistência ao manchamento e corrosão. Dois desses

fatores serão aqui considerados: corrosão e biocompatibilidade.

2.4.1. Corrosão

De acordo com a nomenclatura adotada pela ASTM (Sociedade Americana

de Testes e Materiais), corrosão é definida como “reações, química ou eletroquímica,

entre um material, normalmente um metal, e seu ambiente, que produz uma

deterioração no material e de suas propriedades”. Se a corrosão de um material

metálico ocorre ou não, dependerá da estabilidade termodinâmica do metal em

questão, enquanto a taxa de corrosão dependerá de fatores cinéticos.

A maioria dos biomateriais metálicos quando expostos a fluidos corpóreos

podem estar sujeitos à corrosão. Pouquíssimos metais, a rigor, somente o ouro puro e

a platina, são estáveis sob quase todas as condições. Praticamente em todos os

materiais metálicos utilizados em restaurações e aparelhos na cavidade bucal pode-se

esperar que sofram corrosão, pelo menos em alguma extensão.

O problema de corrosão em Odontologia foi reconhecido inicialmente como

devido à natureza do ambiente bucal. A utilização de metais nobres e ligas de metais

nobres, em Odontologia Restauradora, reduziu os problemas de corrosão. Entretanto,

as ligas não-preciosas são muito utilizadas, como é o caso do amálgama, ligas de

cobalto-cromo e o próprio aço inoxidável. Manifestações de corrosão em ligas

97
odontológicas podem exibir efeitos biológicos, funcionais e estéticos, sendo os efeitos

biológicos os de maior significância.

A corrosão de aparelhos ortodônticos pode ter implicações clínicas sérias

variando da perda de dimensão, que resulta em forças menores sendo aplicadas aos

dentes até a uma possível falha por corrosão sob tensão do aparelho. No processo

corrosivo, ainda, íons metálicos são liberados, podendo entrar em contato com as

células e tecidos no ambiente imediato ou serem distribuídos através de todo o corpo.

A produção de possíveis produtos de corrosão tóxicos pelo aparelho e suas absorções

pelos tecidos circundantes é indesejável. Portanto, é importante caracterizar o

comportamento clínico dos aparelhos ortodônticos em relação à corrosão.

A extensão da liberação de íons metálicos causados pela corrosão

depende substancialmente da composição química e microestrutura da liga e das suas

condições de produção e processamento. Entretanto, esses processos também são

dependentes das características específicas dos diferentes ambientes da cavidade

bucal. Se esses íons não são biocompatíveis, o organismo pode ser agredido

(toxicidade e risco de sensibilização). Dessa forma, somente ligas com liberação

mínima de íons metálicos devem ser usadas. Considerando a concentração média de

cromo e níquel presente na saliva, de acordo com BERGE, GJERDET et al. (1982),

deMELO, GJERDET et al. (1983), KEROUSUO, MOE et al. (1997), o valor encontrado

para o cromo está entre 1 a 61 ppb, já para o níquel entre 1 a 55 ppb [BERGE,

GJERDET et al. (1982), GJERDET, ERICHSEN et al. (1991), KEROUSUO, MOE et al.

(1997)].

AGAOGLU, ARUN et al. (2001), avaliaram os níveis de níquel e cromo

presentes na saliva e soro de pacientes com aparelhos ortodônticos constituídos em

média de 4 bandas e 20 bráquetes fabricados pela Unitek, fios de níquel-titânio

fabricados pela Ormco e fios de aço inoxidável fabricados pela Unitek. Constataram

que houve liberação de íons quando os aparelhos foram inseridos na boca do

paciente. Afirmaram que há diferenças na quantidade de níquel e cromo liberados por

98
estes aparelhos durante períodos diferentes da correção ortodôntica. O nível de cromo

na saliva variou de 0,53 a 1,53 ppb e do níquel de 4,12 a 11,53 ppb (Tabela 22). No

soro, o nível de cromo variou de 6,16 a 10,98 ppb e o de níquel entre 7,87 e 10,27 ppb

(Tabela 23). Contudo, os valores liberados não alcançaram nível tóxico destes metais,

tanto na saliva quanto no soro e são semelhantes àqueles encontrados em indivíduos

saudáveis.

Tabela 22 – Níveis de cromo e níquel Tabela 23 – Níveis de cromo e níquel


na saliva no soro
Níveis de cromo e níquel na saliva em Níveis de cromo e níquel no soro em
diferentes períodos de tempo do tratamento diferentes períodos de tempo do tratamento
ortodôntico (ppb) (modificada de AGAOGLU, ortodôntico (ppb) (modificada de AGAOGLU,
ARUN et al., 2001). ARUN et al., 2001).

Grupos Média Desvio Padrão Grupos Média Desvio Padrão


Cr 1 0,76 1,43 Cr 1 6,21 21,30
Cr 2 0,53 0,57 Cr 2 6,23 21,62
Cr 3 1,53 3,31 Cr 3 7,02 21,43
Cr 4 0,91 1,03 Cr 4 6,16 20,76
Cr 5 0,54 0,67 Cr 5 10,98 29,28
Ni 1 4,45 2,87 Ni 1 8,36 11,20
Ni 2 4,12 2,65 Ni 2 9,03 10,45
Ni 3 11,53 9,24 Ni 3 8,53 10,81
Ni 4 7,01 7,15 Ni 4 7,87 12,08
Ni 5 4,44 4,00 Ni 5 10,27 14,17

Cr 1 e Ni 1, média da coleta antes da inserção do aparelho;


Cr 2 e Ni 2, média da coleta no final da primeira semana;
Cr 3 e Ni 3, média da coleta no final do primeiro mês;
Cr 4 e Ni 4, média da coleta no final do primeiro ano;
Cr 5 e Ni 5, média da coleta no final do segundo ano.

Uma mesma liga pode mostrar diferentes suscetibilidades à corrosão em

estados estruturais diferentes. Por exemplo, HERO, JORGENSEN et al. (1982)

estudaram uma liga de baixo ouro em estruturas diferentes, criadas por meio de

tratamento térmico. Observaram variações substanciais na perda de brilho e

resistência à corrosão e nos tipos de ataques que ocorreram nessas estruturas.

Variações na composição e distribuição da fase em diferentes estados estruturais de

99
uma liga influenciarão no comportamento em relação à corrosão. Mesmo em uma liga

mais homogênea, de uma única fase, a presença de segregações tem importância no

que se refere à suscetibilidade à corrosão.

Propriedades que confiram aos metais e ligas resistência ao ataque

corrosivo dependem, sobretudo, de suas composições, de seus potenciais de eletrodo,

da tensão sobre os metais e da rugosidade da superfície. Ao testar os efeitos da

corrosão nas propriedades de flexão do níquel-titânio (Nitinol), SCHWANINGER,

SARKAR et al. (1982) sugeriram que a falha esporádica dessa liga é devida à

presença de defeitos de superfície gerados durante a industrialização e não aos

efeitos de corrosão. HUNT, CUNNINGHAM et al. (1999) avaliando os efeitos da

rugosidade de superfície nas taxas de corrosão de quatro ligas de fios ortodônticos,

aço inoxidável, cobalto-cromo, titânio-beta (titânio-molibdênio) e níquel-titânio

observaram que o níquel-titânio conforme recebido do fabricante corroeu mais rápido

do que as outras três ligas e que o polimento reduziu a taxa de corrosão da referida

liga.

Adicionalmente a esses fatores relacionados ao metal, as propriedades

corrosivas são também dependentes das características específicas na diferença de

ambientes bucais: saliva, placa dental, bactéria presente na cavidade bucal, refluxo de

ácido gástrico, nível de oxigenação, temperatura, velocidade de mistura e os inibidores

do meio também afetam o processo corrosivo.

Muitos metais e ligas que são usados na boca deveriam resistir à umidade,

mudanças de temperatura (0 a 70°C) e mudanças de pH (2 a 11) que ocorrem durante

a mastigação de alimentos quentes. Desafortunadamente, os alimentos mostram

diferentes níveis de pH, sendo que muitos deles mostram pH abaixo de 7, o que

poderia aumentar as taxas de corrosão. STAFFOLANI, DAMIANI et al. 1999, avaliando

a liberação de íons em aparelhos ortodônticos em soluções ácidas inorgânicas (pH 3,5

a 6,5) e orgânicas [peso/volume 1% de cada, ácido tartárico, cítrico e ascórbico em pH

2,2 (TCA) ou 1,5% de cada, ácido lático e acético em pH 2,5 (LA)], concluíram que a

100
liberação diária de níquel, cobre e cromo por um aparelho ortodôntico em pH ácido

ficou abaixo da quantidade ingerida normalmente na dieta diária (Tabelas 24 e 25),

estimada entre 200-300 µg/d para o níquel (BARCELOUX 1999) e 50-200 µg/d para o

cromo (ANDERSON 1986 citado por AGAOGLU, ARUN et al., 2001).

Tabela 24 – Liberação de Ni, Cr e Cu em aparelho ortodôntico


Expressos em µg/aparelho. Os valores para 14 dias são o
somatório de 1 + 13 dias; os valores para 28 dias são o
somatório de 1 + 13 + 14 dias (modificada de STAFFOLANI,
DAMIANI et al., 1999).

Ni Cr Cu
Dias 1 14 28 1 14 28 1 14 28
pH 3,5 2,75 6,17 8,73 1,43 2,79 3,36 6,25 7,15 10,88
pH 4,5 2,44 5,68 7,36 1,17 1,47 1,60 2,83 3,58 6,93
pH 5,5 0,52 1,57 1,85 0,33 0,49 0,66 0,44 1,12 1,46
pH 6,5 0,41 1,25 1,62 0,09 0,21 0,36 0,11 0,20 0,27

Tabela 25 – Liberação de Ni, Cr e Cu em aparelho ortodôntico


Expresso em µg/aparelho (modificada de STAFFOLANI,
DAMIANI et al., 1999).

Ni Cr Cu

1 dia 6,74 1,60 1,20


TCA 28 dias 3,75 1,89 0,49
1 + 27 dias 10,49 3,49 1,69

1 dia 5,13 1,60 3,20


LA 28 dias 3,27 1,32 0,59
1 + 27 dias 8,40 2,92 3,79

Em 2005, KOBAYASHI, OHGOE et al. (2005) avaliaram a cobertura de

filmes de carbono nos arcos ortodônticos. Dois grupos de amostras, um com fios em

que o filme DLC foi aplicado e outro em que não havia aplicação deste filme. Dois

101
tipos de teste foram realizados: a) teste de polimento mecânico e teste de imersão. O

efeito da força mecânica nas propriedades de adesão entre os filmes à base de

carbono aplicados nos arcos ortodônticos NiTi foi determinado por testes de polimento

com uma escova de dentes. O fio com o filme DLC foi polido constantemente por um

período de 24 horas a uma carga de 35g, o que simula uma escovação diária de

dentes por um período de 6 meses. A superfície dos fios foi avaliada em microscopia

eletrônica de varredura (MEV) antes e após o polimento. Adicionalmente a estrutura

dos filmes DLC foi avaliada por meio de espectrofotômetro Ar-laser Raman.

O teste de imersão, segundo KOBAYASHI, OHGOE et al. (2005) teve

como objetivo avaliar a alta estabilidade do filme DLC aplicado na superfície de fios,

conferindo-lhes resistência à corrosão. Os fios com e sem cobertura DLC foram

imersos em solução salina fisiológica à temperatura constante. O primeiro teste de

imersão foi realizado em 14 dias a uma temperatura de 80°C. O efeito do revestimento

DLC foi determinado medindo a liberação de Ni dos fios NiTi utilizando

espectofotômetro de massa a plasma. O teste de imersão por um longo tempo foi

realizado inserindo cada gupo da amostra na solução salina por 6 meses a uma

temperatura constante de 37°C. Após este tempo, a liberação de níquel foi medida e a

resistência à corrosão, bem como aparência da superfície de cada amostra foi

observada em MEV. A concentração de íons Ni nos fios cobertos por DLC esteve

próximo a níveis não detectados nos primeiros dias, enquanto que nos fios onde o

filme de cobertura não foi aplicado aumentou gradualmente nos primeiros dias,

assumindo, em seguida, valores estáveis. Acrescentam que a superfície dos fios

cobertos por DLC não mostraram diferença nas observações antes e após imersão.

Entretanto nos fios sem cobertura, a superfície antes da imersão foi significativamente

mais lisa e mais homogênea do que após a imersão. Os íons Ni liberados após 6

meses para os fios sem cobertura foi de 933 ppb, enquanto que para os fios com

cobertura DLC foi de 150 ppb.

102
Os resultados revelaram que os fios com cobertura DLC mostraram

propriedades mecânicas e de adesão excelentes quando usados com uma escova de

dentes mecânica. Foi comprovado também a resistência à corrosão do filme DLC uma

vez que os fios cobertos apresentaram menor liberação de íons Ni (KOBAYASHI,

OHGOE et al., 2005).

A corrosão em meio aquoso é um processo eletroquímico. Para que ocorra

corrosão do metal, uma reação de oxidação (geralmente uma dissolução do metal ou

formação de óxido) e uma reação de redução, dita catódica (redução do hidrogênio ou

do oxigênio principalmente) devem ocorrer simultaneamente. Nesta situação as

seguintes reações de eletrodo ocorrerão:

reação anódica : Me → Men+ + ne− (1)


reação catódica : Ox + ne− → Red (2)

Assim, para tornar possível a corrosão eletroquímica de um determinado

metal é necessário a presença de um meio oxidante, que possa ser reduzido de

acordo com a equação (2). Os elétrons produzidos pela reação anódica têm que ser

consumidos na mesma proporção pela reação catódica.

O2 + 2H2O + 4e− → 4OH− (3)


+
O2 + 4H + 4e− → 2H2O (4)
+
2H + 2e− → H2 (5)

Separadamente na oxidação metálica a reação anódica pode também ser

uma oxidação de compostos orgânicos existentes na saliva. A reação catódica

representada pela equação (3) é normalmente a mais relevante na cavidade bucal.

Entretanto, as equações (4) e (5) devem, algumas vezes, ser consideradas em pites e

crévices onde o pH pode alcançar valores ácidos.

O metal sob corrosão é equivalente a uma célula de produção de energia

de um pequeno circuito, onde a energia é dissipada durante o consumo do reagente

catódico e a formação de produtos de corrosão. Uma vez que elétrons são liberados

pela reação anódica e consumidos pela reação catódica, a corrosão pode ser

103
expressa em termos de uma corrente eletroquímica. Assim, a corrente total formada

pela reação catódica deve ser igual e de sinal oposto àquela consumida pela reação

anódica.

Quando um espécime metálico é imerso em um meio corrosivo, ambos os

processos, redução e oxidação, ocorrem na sua superfície, onde o material metálico

que oxida corrói e alguma outra espécie será reduzida. O corpo de prova deve

funcionar como ambos, anodo e catodo, e ambas as correntes, anódicas e catódicas,

são geradas na superfície do metal. Quando o metal está em contato com o meio

corrosivo ele assume um potencial Ecorr (relativo a um eletrodo de referência),

chamado de potencial de corrosão. No potencial de corrosão, ambas as correntes, de

polaridade inversa, anódica e catódica, são iguais em sua magnitude, não existindo

nenhuma corrente que possa ser medida externamente. Se o metal é polarizado por

uma fonte externa para um valor mais positivo do que o potencial de corrosão, uma

corrente anódica predomina; e, analogamente, se polarizado por um valor negativo

uma corrente catódica predomina.

A tendência de metais em se corroer por deslocamento de H+ nas soluções

é indicado por sua posição nas séries eletroquímicas. Quanto mais negativo o

potencial elétrico dos elementos maior a sua reatividade, sendo passíveis de sofrer

corrosão, por outro lado os elementos que apresentam potencial elétrico positivo são

menos reativos, sendo alguns deles chamados de metais nobres (Tabela 26 – página

105).

Considerando-se o potencial de eletrodo padrão, os valores de potencial

na Tabela 26 (página 105) se aplicam somente em condições onde o metal puro está

em contato com uma solução, na qual a atividade do íon indicado é 1mol/l de água

para uma temperatura padrão de 25°C. Em qualquer solução cuja composição de

eletrodo ou temperatura sejam diferentes, os valores de potenciais desenvolvidos

podem não ser coincidentes.

104
Tabela 26 – Potenciais de Eletrodos Padrão
(modificada de WEST, 1980)

Metal Potencial Metal Potencial

Au 1 50 Ga - 0 56
Pt 1,2 Cr - 0,74
Ag 0,80 Zn - 0,76
Hg 0,79 V - 1,18
Cu 0,35 Mn - 1,18
Bi 0,32 Al - 1,66
Ge 0,23 Ti - 1,8
Pb - 0,13 U - 1,80
Sn - 0,14 Be - 1,97
Ni - 0,23 Mg - 2,36
Co - 0,28 Na - 2,71
Tl - 0,34 Ca -2,87
Cd - 0,40 K -2,92
Fe - 0,44 Li -3,04

Alguns metais e ligas tendem a tornar-se passivos devido à formação de

uma película fina e aderente de óxido ou outro composto insolúvel na sua superfície. A

passivação faz com que esses materiais funcionem como áreas catódicas. Dessa

forma, dependendo do meio, uma vez conhecidas as curvas de polarização, os metais

e ligas podem ser considerados como sendo ativos ou passivos em função de seu

potencial de eletrodo em estado estacionário. As taxas de corrosão de metais ativos

são mais altas do que daqueles metais passivos.

Taxas de corrosão de metais e ligas podem ser determinadas usando

métodos químicos e eletroquímicos. Os métodos químicos para identificar tendência à

corrosão são os seguintes: 1) perda de massa do metal e liga que se corrói;

2) avaliação da quantidade de produtos de corrosão no meio corrosivo, e 3) avaliação

da quantidade de gás produzido durante a reação de corrosão. Curvas de polarização

catódica e anódica, polarização linear, determinação de potencial a circuito aberto e

105
espectroscopia de impedância eletroquímica são alguns dos métodos eletroquímicos

utilizados em estudos sobre corrosão.

TOMS (1988) afirmou que o caminho confiável para se avaliar o

comportamento quanto à corrosão de um metal é in vivo, porém esse método é muito

lento. Para realizar avaliação in vitro, é normalmente necessário acelerar o processo.

Para o teste ser significativo e reprodutível é fundamental que todos os fatores do

experimento possam ser controlados. A ASTM (American Society of Testing and

Materials) e NACE (National Association of Corrosion Engineers) para avaliar a

corrosão padroniza todas as condições essenciais para os espécimes, meios

corrosivos e testes realizados no meio ambiente. A avaliação da taxa de corrosão e

dano corrosivo provocado pode ser feita de várias formas:

a) Perda de peso – é o método mais antigo de avaliar a corrosão, porém só é

válido quando a corrosão for perfeitamente uniforme, e que quaisquer

produtos de corrosão tenham sido removidos antes da pesagem. A taxa de

corrosão pode ser descrita em termos de perda em peso por unidade de área

por tempo, ou perda na espessura por unidade de tempo;

b) Profundidade do pite – um pite é uma área de ataque localizado no metal, e é

medido por compassos calibrados ou um microscópio com o ajuste de foco

calibrado;

c) Perda das propriedades mecânicas – a severidade da corrosão pode ser

avaliada pela perda das propriedades mecânicas após exposição. Um

controle é mantido em armazenamento seco para ser testado com a amostra

após o experimento. A redução do limite de resistência à tração seria a

melhor medida, pois incluem os efeitos de ambos ataques corrosivos, geral e

localizado;

d) Aparência – mancha e descoloração são exemplos visíveis de corrosão, mas

o exame por microscópio eletrônico de varredura dá os melhores resultados;

106
e) Efeito do meio corrosivo – processos de corrosão podem causar muitas

mudanças significantes no meio corrosivo tal como uma alteração do pH ou

um aumento na concentração de íons metálicos resultantes da corrosão, e

f) Eletroquímica – métodos elétricos para medir a corrosão envolvem medidas

das mudanças na resistência do espécime metálico (TOMS, 1988).

O estudo conjunto dessas variáveis permitirá indicar o material mais

adequado para ser utilizado em situações específicas.

Em 1982, MAIJER e SMITH realizando um estudo in vivo, avaliaram 12

bráquetes que foram unidos ao elemento dentário pela técnica de ataque ácido

convencional e sistemas de união apropriados. Nos doze casos registrados, a higiene

bucal variou de moderada a pobre. O potencial de ambiente ácido produzido pelos

microrganismos da placa pode ter substituído o ambiente da base do bráquete de uma

situação estável passiva, para um ambiente propenso à corrosão. Conforme dito

anteriormente, o predomínio de manchas observado foi preto. Um depósito preto é

freqüentemente associado com corrosão do aço inoxidável, especialmente na relação

de soldas ou uniões de solda. Um número de possibilidades existe em relação a

produtos de corrosão colorido, desde que ambos, níquel e cromo, estejam presentes.

Diferentes graus de aço inoxidável para bráquetes – um dos quais 316L,

que seria mais resistente à corrosão por crévice – tem sido empregado. Este tipo de

aço tem um alto conteúdo de níquel, de 2 a 3% de molibdênio e ainda baixo conteúdo

de carbono para melhorar as características de solda, melhorando também a

resistência à corrosão. O próprio encaixe ortodôntico pode ser reproduzido em

complexas camadas de ligas diferindo na composição e estado mecânico nas várias

partes e podem ser soldadas ou unidas com solda de alta fusão.

Em 1992 GRIMSDOTTIR, GJERDET et al. analisaram diferentes tipos de

ligas utilizadas em Ortodontia. Em relação aos bráquetes avaliados, considerando-se a

liberação de níquel devido à existência de corrosão, os autores obtiveram a mais alta

liberação de íons em bráquetes de aço inoxidável que pareceram ser construídos de

107
uma peça sólida única. Afirmaram ainda que o segundo valor mais alto foi observado

em bráquetes cobertos com uma camada de titânio e que se esta não for

perfeitamente impermeável, a cobertura de titânio introduz um par galvânico que altera

a resistência à corrosão.

Segundo ELIADES e ATHANASIOU (2002), estudos recentes relataram

alterações nos fios de NiTi e no arco interno de aparelhos extra-bucais de aço

inoxidável. Foi observado que as superfícies do material são cobertas por uma

camada de proteínas formadas dentro do ambiente bucal que mascaram a topografia

de superfície da liga a uma extensão dependente das condições ambientais bucais de

cada paciente e do período de exposição intra-bucal. Os constituintes orgânicos do

filme na superfície da liga foram amido, álcool e carbonato, enquanto que os

espécimes de elementos predominantes foram sódio, potássio, cloro e precipitados

cristalinos de fosfato de cálcio nas superfícies dos fios, confirmado por imagens

microanalíticas de raios-X. Regiões mineralizadas podem fornecer um efeito protetor

sob o substrato, especialmente sob condições de pH baixo, cuja taxa de corrosão dos

fios de aço inoxidável e NiTi é aumentada.

Os produtos de corrosão devem ser considerados devido ao seu papel nas

reações alérgicas, particularmente naquelas ligas que contém níquel. De particular

interesse, são os efeitos alérgicos dos metais e seus produtos de corrosão em

indivíduos sensibilizados.

2.4.1.1. Tipos de corrosão possíveis na cavidade bucal

Numerosas formas de corrosão podem ocorrer na cavidade bucal, dentre

elas pode-se citar: corrosão por pite, corrosão por crévice, corrosão intergranular,

corrosão por fadiga, corrosão por atrito, corrosão microbiológica, corrosão sob tensão

e corrosão galvânica.

108
2.4.1.1.1 Corrosão por pite

É um tipo de ataque corrosivo extremamente localizado que se processa

em pontos ou em pequenas áreas, resultando em pequenos buracos (pites) na

superfície do metal, após o mesmo ter sido passivado. Embora afete somente

pequenas partes da superfície metálica, é um tipo muito sério de dano corrosivo, pois

pode causar perda localizada de espessura do material metálico, originando

perfurações e pontos de concentração de tensões, levando assim a uma redução da

resistência mecânica e a conseqüente possibilidade de fratura.

Se o ataque é confinado a uma área fixa relativamente pequena, o metal

atua como um catodo e os pites resultantes são descritos como profundos. Se a área

de ataque é relativamente maior e não tão profunda, os pites são chamados rasos. A

profundidade do pite é algumas vezes expressa pelo termo fator de pite. Ao avaliar o

ataque ocasionado por pites, deve-se considerar: a) o número de pites por unidade de

área; b) o diâmetro dos pites, e c) a profundidade dos pites.

A composição química do meio corrosivo ou do material metálico tem

influência essencial na incidência de ataque por pites. Dessa forma, a presença de

cloreto no meio corrosivo acelera a formação de pites no aço inoxidável, assim como a

presença de inclusões de sulfeto são responsáveis pelo início do ataque por pite em

aço carbono e aço inoxidável, desde que previamente passivados.

A Tabela 27 apresenta o efeito, na resistência à corrosão por pite, da

adição de alguns elementos em ligas de aço inoxidável (GENTIL, 1996).

109
Tabela 27 – Resistência à corrosão por pite
Frente à adição de alguns elementos em ligas de aço
inoxidável (GENTIL, 1996).

Elemento Resistência à formação de pite

Carbono Diminui, especialmente em aço sensitizado


Cromo Aumenta
Enxofre e selênio Diminui
Molibdênio Aumenta
Níquel Aumenta
Nitrogênio Aumenta
Silício Diminui; aumenta quando presente com molibdênio
Titânio e nióbio Diminui em FeCl3; sem efeito em outros meios

Segundo ELIADES e ATHANASIOU (2002), a forma de corrosão por pites

foi identificada em bráquetes e fios. OSHIDA, SACHDEVA et al. (1992) avaliando a

caracterização microanalítica e a modificação de superfície de arcos ortodônticos de

NiTi, afirmaram que experimentos de polarização potenciodinâmica e observações ao

microscópio eletrônico de varredura de arcos ortodônticos de aço inoxidável, CoCr,

NiCr, NiTi e Ti-β expostos à corrosão eletroquímica em saliva artificial mostraram

evidência de corrosão por pites nas superfícies do fio. Os autores relataram que

estudos eletroquímicos também indicaram que corrosão por pites em arcos

ortodônticos de NiTi ocorre em solução salina a 1%.

2.4.1.1.2 Corrosão por crévice

É um ataque corrosivo também localizado que ocorre na superfície do

metal com menor exposição ao ambiente. É uma forma agressiva de corrosão que

resulta no estabelecimento de uma célula de oxigenação diferencial e restrição à saída

de produtos de oxidação, constituindo o que se chama de célula oclusa. Está

associada a uma fenda e acontece nela ou imediatamente em torno dela. Este tipo de

corrosão é causado pelo confinamento do líquido corrosivo na fenda, onde ele

110
permanece quase estagnado. Nesta situação, o oxigênio dentro do eletrólito na

crévice, é progressivamente consumido enquanto que na superfície externa à crévice

(ou fenda), exposta mais diretamente ao meio, se tem acesso mais fácil para o

oxigênio, tornando-se essa região externa catódica em relação à área interna da

crévice. Isso confere uma condição de pilha ao material, favorecendo assim o

processo corrosivo.

A condição eletroquímica no interior de uma crévice é caracterizada pela

alta concentração de íons cloreto, baixa concentração de oxigênio e baixo valor de pH.

Resulta em maior agressividade em uma fenda mais estreita e mais longa, pois os

processos de difusão entre o seu interior e o meio externo, particularmente aqueles

envolvendo oxigênio, são mais restritos, intensificando o processo descrito.

BIEN e AYERS (1959) avaliando as uniões de solda em aço inoxidável

afirmaram que corrosão por crévice pode ser claramente demonstrada em um aço

inoxidável austenítico 304 do tipo 18-8 e em ligas 80 níquel – 20 cromo. No caso da

crévice, a corrosão ocorre devido a uma descontinuidade entre as superfícies e em

relação ao aço inoxidável, devido à sensitização do material. Afirmaram ainda que

nem todas as uniões desintegrarão em uma mesma boca e nem mesmo se

desintegram nas bocas de todos os pacientes. Desde que a corrosão por crévice foi

demonstrada após a passivação prévia por meio químico ou eletroquímico, os autores

concluíram que ambas as passivações das ligas de níquel-cromo podem melhor

preceder a solda por brasagem. Reportaram também que onde for possível o uso de

uma liga de níquel-cromo soldada, esta deveria ser mecanicamente escovada, limpa,

seca e então fixada a parte para ser passivada atmosfericamente.

ELIADES e ATHANASIOU (2002), avaliando o envelhecimento das ligas

utilizadas em Ortodontia in vivo, observaram que a profundidade de uma crévice pode

alcançar de 2 a 5mm, perfurando a base dos bráquetes (aço inoxidável).

111
2.4.1.1.3 Corrosão intergranular

Identificada nos contornos de grão pela mudança de sua composição

devida a precipitações de fases que aí ocorrem, concentração de impurezas, ou

depleção elementar em cromo próxima à área do contorno de grão. É uma forma de

corrosão que pode ocorrer em torno do cordão de solda em aços inoxidáveis não

estabilizados ou com teores de carbono acima de 0,03%.

HEIDEMANN, WITT et al. (2002) avaliando três técnicas de soldagem

(a chama de hidrogênio, com ponta de eletrodo de carbono e por transferência),

identificaram a ocorrência de união incompleta das superfícies pela solda, porosidades

resultantes do processo de produção da solda, mudanças estruturais devido ao

superaquecimento, e união deficiente na margem da solda. A técnica de soldagem por

aquecimento pode produzir o melhor resultado em relação à aparência externa,

estabilidade mecânica e resistência à corrosão se a temperatura e tempo de soldagem

são mantidos dentro de tolerâncias adequadas. Afirmaram que variações de qualidade

foram também detectadas entre as soldagens feitas por diferentes técnicos de

laboratório. Suas análises confirmam a necessidade de se buscar uma qualidade

assegurada das técnicas de soldagem e para a necessidade de um suporte maior das

técnicas de união alternativa como a soldagem por laser.

2.4.1.1.4 Corrosão por fadiga

Este tipo de corrosão é importante ser considerado em aplicações de

movimentação cíclica. O ambiente corrosivo pode resultar em ataque local que

acentua o efeito de várias imperfeições. O ataque corrosivo será influenciado pelo tipo

de solução, seu pH, conteúdo de oxigênio e temperatura.

Resistência à fadiga medida em meio aquoso normalmente é menor do

que aquela medida no ar, considerado como sendo um ambiente inerte. Testes de

corrosão por fadiga foram conduzidos por CAHOON e HOLTE (1981) no aço

112
inoxidável 316L em solução fisiológica sintética aquecida à temperatura de 37°C com

um pH de 7,6 ± 0,2 sob carregamento axial com relação de tensão R = 0 para uma

freqência de 140 Hz. Uma diminuição de 10 a 15% na resistência à fadiga para um

dado nível de tolerância foi encontrada quando testado em solução se comparado com

o ar a 37°C com 25% de umidade relativa. A resistência à fadiga foi estimada ser de

20 a 30% menor quando determinada a uma freqüência de 1Hz. Teste de fadiga em

dobras foram executados também por POHLER e STRAUMANN (1980) citado por

AMERICAN SOCIETY FOR METALS: METALS HANDBOOK (1980) em solução de

Ringer para uma freqüência de 1 Hz no aço inoxidável 316L e uma liga de cobalto-

cromo. Os resultados mostraram uma redução na resistência à fadiga de ambos

materiais quando testados em solução (Tabela 28).

Tabela 28 – Resistência à fadiga


Aço inoxidável 316L e ligas de cobalto-cromo em Solução de
Ringer com freqüência de 1Hz (modificada de AMERICAN
SOCIETY FOR METALS: METALS HANDBOOK, 1980).

Ciclos de fadiga 40Kg/mm2 ou carga de 57 ksi


Liga
Ar Solução de Ringer
Aço inoxidável 316L 5 x 105 9 x 104
Cobalto-cromo 1,5 x 107 3,3 x 105

Segundo ELIADES e ATHANASIOU (2002), corrosão por fadiga ocorre

freqüentemente em fios que permanecem no ambiente intrabucal por longos períodos

de tempo sujeitos à carga, sendo, em geral, caracterizada por áreas levemente

fraturadas que incluem um local de uma aparência cristalina e rugosidade aumentada.

113
2.4.1.1.5 Corrosão por atrito

Processo envolvendo corrosão e movimentação relativa entre duas

superfícies em contato. Envolve desgaste e corrosão, onde as partículas removidas da

superfície formam óxidos que são abrasivos e aumentam a taxa de desgaste, sendo

que seus fragmentos podem ser solúveis e não promovem acréscimo de desgaste. As

reações químicas neste caso desempenhariam um papel maior na deterioração do

metal. O atrito destrói o filme de passivação pelo qual o metal torna-se mais resistente

à corrosão. Este tipo de corrosão pode ocorrer em bráquetes e/ou fios ortodônticos.

2.4.1.1.6 Corrosão microbiológica

Este tipo de corrosão causa destruição por proliferação de formas de vida

na superfície do metal e envolve a formação de metabólitos ácidos, sendo que a taxa

de corrosão pode ser acelerada pela ação de microrganismos vivos tais como

bactérias. Dependendo da distribuição dos organismos e dos produtos do

metabolismo, a corrosão pode ser localizada ou generalizada. Em Ortodontia a

possibilidade de ocorrer corrosão microbiológica está relacionada à formação de

células de aeração diferencial. ELIADES e ATHANASIOU (2002) afirmaram que a

ocorrência destes fenômenos em bráquetes resulta na formação de crateras em suas

bases, o que poderia levar a um descolamento desses acessórios.

OTULAKOWSKA, KRYSINSKI et al. (2002) afirmaram que a presença de

microrganismos no meio bucal pode participar no processo corrosivo de dentaduras

metálicas. Os autores avaliaram os efeitos in vivo da biocorrosão nas ligas

odontológicas, utilizando dentaduras fixas (coroas; pontes de prata-paládio, uma com

alto teor de ouro e uma com ligas de Cr-Ni, bem como de aço inoxidável), sendo que

alguns materiais estiveram presentes na cavidade bucal por muitos anos. A superfície

de cada liga foi examinada usando microscópio eletrônico de varredura e microanálise

por EDS. Efeitos de corrosão foram freqüentemente observados como descolorações

114
em dentes e próteses fixas metálicas, especialmente manchas pretas, na superfície

interna de coroas e na área externa da gengiva marginal.

De acordo com OTULAKOWSKA, KRYSINSKI et al. (2002), descolorações

na presença de microrganismos são explicadas por enxofre ou redução de sulfetos

para hidrogênio sulfurado e formação de sulfitos escuros insolúveis. Em relação a

variações de oxigênio quantitativo, carbono e enxofre, sempre foram detectados em

manchas, pites e depósitos. Estes efeitos não foram observados nas ligas do grupo

controle (sem microrganismos). Os autores concluíram que conteúdo de enxofre,

tipicamente na extensão de variadas porcentagens em peso, foi a demonstração da

atividade do processo corrosivo na cavidade bucal.

2.4.1.1.7 Corrosão sob tensão

A corrosão sob tensão consiste num processo de nucleação e propagação

de trincas provocado pela ação combinada de uma tensão de tração e de um

ambiente corrosivo específico sobre um material metálico. A superfície do metal

normalmente é muito pouco atacada, porém fendas localizadas se propagam através

da seção do metal. Tensões que provocam este tipo de corrosão podem ser residuais

ou aplicadas. Tensões residuais podem ser originadas devido a processos de

conformação e de soldagem, a transformações de fase durante o tratamento térmico.

Parece não haver uma regra geral que defina os ambientes que provocam corrosão

sob tensão nas ligas metálicas.

A maioria dos mecanismos deste tipo de corrosão envolve duas fases ou

estágios: a fase de iniciação de trinca e a fase em que essa trinca se propaga. Devido

às tensões de tração que atuam no material, cria-se uma zona de concentração de

tensões na extremidade da trinca. Uma tensão trativa é uma condição necessária

tanto para a iniciação como para a propagação de trincas, sendo também importante

para provocar a ruptura dos filmes superficiais. A diminuição do nível da tensão faz

aumentar o tempo necessário para a fissuração. A temperatura e o ambiente são

115
também fatores importantes para que ocorra fissura por corrosão sob tensão (SMITH

1998).

2.4.1.1.8 Corrosão galvânica

Tipo de corrosão ocasionada quando dois materiais metálicos, com

diferentes potenciais, estão em contato na presença de um eletrólito comum,

ocorrendo uma diferença de potencial e a conseqüente transferência de elétrons, onde

o metal menos nobre torna-se o anodo e o outro metal o catodo. A relação de área,

entre anodo e catodo, deve ser considerada quando essa forma de corrosão é

avaliada, pois um par metálico constituído por um grande anodo e um pequeno catodo

produziria uma baixa densidade de corrente, indicativo de uma pequena taxa de

corrosão.

A corrosão galvânica caracteriza-se por apresentar corrosão localizada

próximo à região da união, ocasionando profundas perfurações no material metálico

que funciona como um anodo. O processo corrosivo que ocorre no anodo é mais

acentuado do que a corrosão isolada desse material sob a ação do mesmo meio

corrosivo; a corrosão no catodo, em contrapartida, é acentuadamente menor. Quanto

maior a variação do potencial de corrosão, mais extensa será a reação de corrosão.

Segundo SCHRIEVER e DIAMOND (1952); FUSAYAMA, KATAYORI et al. (1963);

JOHANSSON, STENMAN et al. (1984) a ocorrência de corrosão galvânica entre

restaurações diferentes na cavidade bucal tem sido considerada de grande interesse

como uma fonte possível de desconforto bucal e dor.

Este tipo de corrosão envolve um conjunto de células de corrosão

eletroquímica. Tais células galvânicas gerando corrente na cavidade bucal são,

especialmente, célula bimetálica e célula de concentração, esta última surgindo

principalmente devido a diferenças de concentração do oxigênio dissolvido no

eletrólito.

116
A célula bimetálica envolverá a presença de dois materiais metálicos

distintos. Corrosão bimetálica pode ocorrer na cavidade bucal entre metais de nobreza

diferente, como por exemplo, entre uma coroa de ouro e uma obturação de amálgama.

HOLLAND (1980) avaliando um amálgama odontológico observou que para o

amálgama convencional, a densidade de corrente máxima aumentou com o aumento

da área de contato, exceção feita ao amálgama com ausência da fase γ2 onde a

corrente foi menor, não dependendo ainda da área de contato. A corrosão poderá ser

severa se a área de superfície do anodo é menor em relação à área de superfície do

catodo. O transporte total de oxigênio (a influência do oxigênio) é aumentado se há um

aumento na área de superfície disponível para a reação catódica.

BEAGUE (1992) avaliou a possibilidade de ocorrer corrosão galvânica em

restaurações de amálgama em contato com bráquetes/bandas ortodônticas. Foram

usados oito dentes com restauração MOD de amálgama (Johnson & Johnson

Dispersalloy). Em sete dentes foram adaptadas bandas ortodônticas de aço inoxidável

que estavam em contato com as caixas proximais da restauração e um dente

permaneceu sem banda para ser usado como referência. As amostras foram

colocadas em uma solução de NaCl a 1% sob agitação por 35 dias, a 37°C. A amostra

de referência desenvolveu uma camada exterior de cor acastanhada que

provavelmente era um óxido de cobertura; os demais elementos dentários que tinham

bandas ortodônticas não apresentaram esta camada na sua superfície. Ao serem

examinadas, observou-se um resíduo branco na superfície do amálgama nos pontos

que estavam em contato com as bandas. Após serem escovadas e examinadas em

microscópio eletrônico de varredura, observou-se a existência de pite. Depósitos de

sais e manchas também foram observados na superfície dos pontos de contato. O

autor concluiu que nos 35 dias de teste nenhuma falha no amálgama foi observada,

afirmando ainda que talvez em 1000 dias (correspondendo a três anos de tratamento

ortodôntico) o teste realizado poderia apresentar apreciável destruição do amálgama.

117
Adicionalmente, certas restaurações metálicas simples de composição

heterogênea podem ser consideradas como constituintes de um grande número de

células metálicas. Por exemplo, em uma obturação de amálgama as diferentes fases

metálicas presentes têm potenciais de eletrodos diferentes em relação à saliva.

Além disso, as células bimetálicas, células de concentração, que causam

corrosão por fenda (crévice) e ataque sob depósito, são de interesse no âmbito de

qualquer discussão da atividade galvânica bucal. Uma dificuldade de renovação da

saliva e uma aeração diferenciada que causa diferenças no conteúdo de oxigênio

ocorrem em fendas estreitas (crévices) e sob depósitos. O valor de pH na crévice

diminuirá devido à hidrólise dos íons metálicos dissolvidos e à concentração de íons

cloreto aumentada. Sob estas circunstâncias, qualquer recomposição na superfície da

camada passiva que foi rompida pode ser difícultada.

Em 1978 BERGMAN, GINSTRUP et al. avaliaram medidas de potencial e

polarização in vivo de galvanismo bucal. Os autores observaram a existência de

diferença de potencial entre materiais e nos mesmos materiais restauradores

metálicos. Afirmaram que as correntes galvânicas resultantes foram da magnitude de

1 a 36µA sendo que alguns dos valores mais altos dessa variação foram encontrados

no grupo controle. Relataram ainda que correntes galvânicas de 5µA ou mais nos

dentes poderiam ser a explicação para os desconfortos bucais verificados em alguns

pacientes e que se o galvanismo causará ou não dor e desconforto a um paciente em

particular é uma questão mais complexa.

Como parte do programa de pesquisa concernente à ocorrência de

corrosão bucal e sua relação com certos sintomas locais (queimação na boca, dor

aguda bucal, gosto metálico, mudanças na salivação e diminuição no seu fluxo

observada em muitos casos, e reações de hipersensibilidade), uma série de estudos

clínicos foram executados por BERGMAN em 1986. Os pacientes foram enviados à

Faculdade de Odontologia da Universidade de Umea (Suécia), para avaliação com

relação ao chamado galvanismo bucal, paralelamente a uma extensiva investigação

118
odontológica. Dados eletroquímicos foram registrados e usados para o cálculo de

possíveis correntes nas células bimetálicas intrabucais. O autor afirmou que nos

estudos acima referidos, assim como em um estudo similar realizado por NILNER

(1981), amplas variações nas correntes calculadas foram encontradas tanto para

diferentes pares de dentes restaurados quanto para indivíduos diferentes.

No trabalho de JOHANSSON e LUNDMARK (1984), bem como no de

BERGMAN (1986), um equipamento que permite o registro direto das correntes entre

diferentes restaurações na cavidade bucal, em contato proximal ou com o dente

antagonista, foi usado. Separadamente da corrente inicial, que tem a duração menor

do que 1 segundo, a corrente registrada após 10 segundos foi em torno de 1 µA.

A partir dos resultados obtidos, BERGMAN (1986) chegou às seguintes

conclusões:

1) os sintomas locais de desconforto bucal e dor podem, em muitos casos, ser

explicados pela ocorrência de afecções e condições, cujo tratamento é de

competência do Cirurgião Dentista;

2) sintomas mais gerais e não específicos podem, em poucos casos, ser

devidos à intolerância ou reações de hipersensibilidade a materiais dentários

ou constituintes do material;

3) a distribuição de correntes que pode ser criada por restaurações metálicas

odontológicas em contato é semelhante em pacientes com sintomas

atribuídos ao chamado "galvanismo bucal" e naquelas do grupo controle, com

ausência de sintoma, mas que apresentavam o mesmo tipo de distribuição de

restaurações odontológicas metálicas, e

4) atenção deveria ser dada à ocorrência de baixos valores para limites de

tolerância biológica.

JOHANSSON e LUNDMARK (1984) avaliaram o registro direto e indireto

das correntes entre restaurações metálicas na cavidade bucal, sendo as medidas

realizadas com restaurações secas e molhadas. Os autores constataram que depois

119
da medida inicial da corrente e após 10 segundos, as restaurações molhadas

apresentaram magnitudes significantemente mais altas (Tabela 29) do que as

correntes correspondentes nas restaurações secas em todos os 175 contatos

considerados nos 20 pacientes que compunham a amostra (teste T, p<0,001).

Em 1984, JOHANSSON e LUNDMARK afirmaram ainda que a diferença

entre as correntes medidas nas restaurações molhadas e secas indica que a saliva

e/ou filmes de passivação são de grande importância para a corrosão na cavidade

bucal, pois uma corrosão galvânica entre restaurações com contato metálico

intermitente pode ser ocasionada por abrasão mecânica dos filmes protetores das

restaurações em questão. Os autores relataram ainda que se uma corrosão

aumentada ocorrer em casos de bruxismo, não deve ser negligenciada.

Tabela 29 – Correntes calculadas


Medidas para contatos diferentes entre restaurações
metálicas (modificada de JOHANSSON e LUNDMARK,
1984).

Correntes
Correntes medidas, média ± D.P., µA
calculadas

Média ± D.P. Restaurações molhadas Restaurações seca

n µA Após 10s Inicial Após 10s Inicial

Contatos
antagônicos 63 4 ± 4,5 0,9 ± 1,00 16 ± 16,1 0,8 ± 1,10 13 ± 15,7
funcional
Diferenças de
potencial entre
contatos 62 1 ± 1,2 0,5 ± 0,65 8 ± 10,1 0,4 ± 0,55 6 ± 8,1
proximais
≤ 20 mV
Diferenças de
potencial entre
contatos 50 5 ± 3,6 0,7 ± 0,69 14 ± 12,0 0,6 ± 0,61 12 ± 13,2
proximais
>20 mV

Total 175 3 ± 3,8 0,7 ± 0,82 13 ± 13,4 0,6 ± 0,82 10 ± 13,0

120
A) Efeitos biológicos de correntes intrabucais

Os efeitos biológicos de correntes intrabucais poderiam, do ponto de vista

teórico, ser por estímulo elétrico de células excitáveis tais como nervos, músculos ou

células glandulares, ou, secundariamente, pela concentração de íons em tecidos com

irritação química concomitante. Este último ocorre quando o efeito da corrente através

do tecido é de considerável duração com uma magnitude de 50 a 100µA. BERGMAN

(1986) afirmou que a probabilidade de um fenômeno deste tipo aparecer na cavidade

bucal, como um efeito secundário da atividade galvânica, é pequena e o risco de

influenciar regiões externas da boca pode ser considerado ainda menor.

No entanto, reações biológicas aos materiais dentários na cavidade bucal

ocorrem. Por exemplo, reações aos materiais dentários podem ocorrer ou devido à

intolerância que é ligada à bioquímica humoral ou devido à hipersensibilidade que é

relacionada à bioquímica do tecido. Produtos de corrosão que são liberados de

restaurações metálicas dentárias podem penetrar nos tecidos duros e moles bucais. A

permanência desses produtos de corrosão que não são excretados faz com que sejam

distribuídos para várias partes do organismo humano, podendo ser acumulados em

órgãos específicos.

2.4.2. Biocompatibilidade

As ligas odontológicas podem ser classificadas em ligas nobres,

constituídas basicamente de ouro e paládio, ou ligas de metais base, constituídas

principalmente de níquel e cobalto. Ligas de metal base contendo níquel estão

encontrando aplicação ampla na Odontologia com porcentagem variando de

60 a 80%. Estas foram desenvolvidas como alternativas às ligas nobres, devido ao

aumento no preço do ouro, possuindo alta resistência e também resistência à

corrosão.

Os efeitos das ligas odontológicas no ambiente bucal têm a capacidade de

produzir mudanças locais, à distância ou sistêmicas que podem ser de curta duração,

121
longa duração ou repetitiva (sensibilização). Interações das ligas odontológicas com o

ambiente bucal têm o potencial de gerar condições tais como: gosto metálico,

descoloração dos dentes, dor galvânica, lesões bucais, formação de cárie dentária,

hipersensibilidade alérgica, dermatite e estomatite, falhas endodônticas, rejeição de

implante dental e formação de tumor. Atualmente, a reação de hipersensibilidade ao

níquel no ser humano tem sido uma preocupação entre os Cirurgiões-Dentistas.

Evidências recentes têm atribuído ação carcinogênica, mutagênica, citotóxica e

alergênica ao níquel em várias formas e compostos.

Em 1981, LEITÃO e HEGDAHL afirmaram que a rugosidade é uma

propriedade importante no fenômeno de superfície, possuindo o efeito de aumentar a

área da superfície, afetando o atrito e fornecendo união mecânica para materiais

estranhos (acúmulo de placa na superfície). Estudos tanto in vivo quanto in vitro

mostraram que resposta celular mínima é obtida usando espécimes polidos ao invés

daqueles ásperos. Já HUANG, CHIU et al. (2003) ao avaliar a resistência à corrosão

de quatro tipos de fios ortodônticos de NiTi disponíveis no mercado afirmaram que fios

de NiTi com rugosidade de superfície não exibiram maior liberação de íons.

WIDU, DRESCHER et al. (1999) avaliaram a corrosão e a

biocompatibilidade de fios ortodônticos na dimensão de 0,406 x 0,559 mm. Foram

utilizados 4 tipos de fios ortodônticos de NiTi, 2 superelásticos (fio com memória de

forma de titânio American Orthodontics e Neo Sentalloy) e 2 de alta resiliência (Nitinol

e NiTi Ormco). Um fio de titânio-molibdênio e outro de aço inoxidável foram incluídos

por propósitos comparativos. O comportamento quanto à corrosão foi testado por

exposição à polarização anódica e por tensão mecânica na saliva de Fusayama

modificada. A perda de níquel foi quantificada com especrofotometria de absorção

atômica. Acrescentaram que um fio de NiTi (Nitinol) foi examinado com microscopia de

força atômica (AFM) após uso clínico para comparar suas características de superfície

com resultados laboratoriais. Observações em espectrometria de absorção atômica

mostraram que ranhuras típicas causadas pelo processo de produção são visíveis em

122
todos os fios, exceto o Neo Sentalloy que pareceu ser o mais rugoso. O fio com

memória de forma de titânio (American Orthodontics) e o de aço inoxidável foram os

mais lisos no estado conforme recebidos. A amostra não polarizada de Nitinol

apresentou-se mais rugosa do que o fio com memória de forma de titânio (American

Orthodontics). Porém, os defeitos de superfície após sua utilização na clínica foram

comparáveis aos dos processos corrosivos do fio com memória de forma de titânio

(American Orthodontics) polarizado.

Segundo WIDU, DRESCHER et al. (1999), comparando a rugosidade de

superfície dos fios não polarizados com aqueles polarizados, o valor de rugosidade

aumentou significativamente somente para o fio com memória de forma de titânio

(American Orthodontics) (Tabela 30 – página 124). Não houve mudança significante

no valor de rugosidade após polarização para todos os outros fios. A dissolução de

níquel medida em saliva artificial foi mais alta para o fio com memória de forma de

titânio (American Orthodontics) o que correlaciona muito bem com as mudanças na

sua estrutura de superfície após polarização. A segunda maior perda de níquel foi

determinada para o Neo Sentalloy, mas correlação com mudanças no valor de

rugosidade não pôde ser assegurada. Os demais fios não mostraram perda de níquel

significante. Tensão mecânica e eletroquímica combinadas não têm qualquer efeito no

comportamento da corrosão, estrutura de superfície ou perda de níquel comparados

com tensão potenciostática pura.

WIDU, DRESCHER et al. (1999) concluíram que a caracterização do

comportamento de corrosão não é implicitamente uma caracterização de

biocompatibilidade dos fios analisados. Afirmaram ainda que os resultados deste

trabalho não podem ser transferidos irrestritamente para condições clínicas, pois

existem mais fatores além da corrosão que são influentes na biocompatibilidade.

Reportaram também que os resultados desta pesquisa podem ajudar a otimizar o

processo de produção e esclarecer os efeitos da interação entre a composição da liga,

estrutura cristalina e rugosidade de superfície no comportamento em relação à

123
corrosão, pois estes ainda não são totalmente compreendidos. Um outro aspecto da

otimização é a redução da rugosidade de superfície, o que ocasionará um efeito

positivo no progresso do tratamento, aparência estética e retenção de placa.

Tabela 30 – Resumo dos resultados


(modificada de WIDU, DRESCHER et al., 1999)

Ra Concentração de Ni
Ra não (1 min) (10 min)
Produto Liga tensionado 0,72 1,22 0,72 1,22
(nm) V/NHE V/NHE V/NHE V/NHE
(nm) (nm) (mg l-1) (mg l-1)
Fio com
> 290
memória de Níquel-titânio 110 (25) 180 (60) 23,0 39,4
(180)
forma de titânio
Neo Sentalloy Níquel-titânio 325 (30) 335 (80) 340 (35) 3,1 17,7

Ni-Ti Níquel-titânio 335 (100) 260 (65) 215 (25) 0,2 0,2

Nitinol Níquel-titânio 325 (70) 355 (75) 385 (55) 0,1 0,3

Titânio-
TMA 340 (80) 270 (60) 425 (170) -- --
molibdênio
Aço
Aço inoxidável 80 (35) 65 (10) 55 (10) 0,4 0,7
inoxidável

MANCEUR, CHELLAT et al. (2003) avaliaram a biocompatibilidade in vitro

de quatro grupos de cristais simples de NiTi 50,8% na orientação <001> após 4

diferentes tratamentos térmicos em uma atmosfera de hélio seguida por polimento

mecânico. O estudo foi realizado no material extraído após imersão dos espécimes em

meio de cultura de célula (DMEM) por 7 dias a 37°C sob agitação constante (240 rpm).

Os estudos de citotoxicidade foram realizados em fibroblastos de rato L-929 usando

avaliação MTT. Macrófagos J-774 foram usados para avaliar o potencial de efeito

inflamatório nos extratos por dosagem IL1-beta e TNF-alfa (método sanduíche ELISA).

Exposição ao L-929 dos materiais ensaiados não afetou a viabilidade celular.

Adicionalmente, a secreção IL1-beta e TNF-alfa não foi estimulada após incubação

com extratos de NiTi comparados aos controles negativos. Através de espectroscopia

124
de absorção atômica não foram detectados íons nos extratos com uma resolução de 1

ppm e nenhuma corrosão por pite ou crévice foi observada. Dentro dos limites do teste

in vitro, os resultados demonstram que o NiTi (50,8%) de cristais simples não inicia

uma reação citotóxica.

ROCHER, MEDAWAR et al. (2004) avaliaram a biocorrosão e

citocompatibilidade das ligas de memória de forma de NiTi. Cinco ligas foram

examinadas por ensaios eletroquímicos a 37°C em pH = 7 e por testes de cultura de

célula com diferentes tipos de células (células embriológicas do epitélio humano –

linha de célula L132, ATCC CCL5; células do mesênquima do palato embriológicas

humana – linha de célula HEPM, ATCC CRL 1486, e fibroblastos do tecido conjuntivo

de rato NIH3T3 – ATTC CRL 1658). Foram utilizadas ligas de NiTi (49% Ni, 51% Ti),

níquel de alta pureza (hp-Ni), Ti puro disponível comercialmente (cp-Ti), Ti6Al4V e de

aço inoxidável 316L. As ligas foram incluídas em cilindros de 12 a 15 mm de diâmetro

e posteriormente cortadas em discos de 12 mm de espessura. As amostras foram

polidas, lavadas em banho de etanol em ultrassom, secas e esterilizadas.

Avaliação potenciodinâmica foi realizada e o potencial de corrosão para

todos os materiais avaliados foi menor na saliva artificial. O Hp-Ni e o aço inoxidável

316L quando avaliados em meio de cultura complementado com 10% de soro fetal de

bezerro e no soro onde linha de células de linfócitos humanos foram adicionados,

apresentaram tendência em aumentar o potencial de corrosão na seguinte ordem:

saliva < soro < soro + linhagem de célula. A ordem apresentada para o NiTi foi saliva <

soro + linhagem de célula < soro; para o Ti6Al4V foi saliva < soro = soro + linhagem de

célula, e para o cp-Ti foi soro < soro + linhagem de célula < saliva. O cp-Ti e Ti6Al4V

em todos os meios avaliados e a liga de NiTi apenas na presença de saliva artificial

apresentaram quebra do potencial de passivação acima de 1000 mV. O material com

menor valor de perda do estado passivo foi o Hp-Ni, seguido pelo aço inoxidável 316L.

Em relação aos testes biológicos observaram baixa proliferação celular para todos os

tipos de células em relação ao grupo controle. NiTi e Ti6Al4V foram os materiais com

125
maior citocompatibilidade; eles induziram taxas de proliferação próximas ao cp-Ti. Hp-

Ni produziu a mais baixa taxa de proliferação com células HEPM (34%), NIH3T3 (16%)

e células L132 (11%). Dessa forma, seu potencial tóxico parece ser dependente do

tipo celular, isto é, Ni é mais tóxico para células L132 do que para células HEPM. As

taxas de proliferação para o aço inoxidável 316L foram situadas entre 24% e 35%

(ROCHER, MEDAWAR et al., 2004) (Figura 29).

100%

80%

60% HEPM

L132
40%
NIH3T3
20%

0%
Niquel Titânio NiTi TiAV 316L

Figura 29 – Proliferação celular


proliferação de células HEPM, L132 e NIH3T3 em contato
direto durante 3 dias sobre as amostras metálicas testadas
em relação ao grupo de culturas controle (100%) (modificada
de ROCHER, MEDAWAR et al., 2004).

De acordo com ROCHER, MEDAWAR et al. (2004), em relação à liberação

de íons as concentrações de Ti foram significativamente diferentes daquelas das

culturas controle, que não excederam 0,01 ppm. A liberação de Ni na liga de NiTi foi

muito baixa (valor médio 0,1 ppm), mas um pouco mais alta nas amostras de Ni puro:

6,6 e 11,4 ppm após as culturas de 3 e 6 dias, respectivamente. Titânio não foi

detectado no grupo controle. Sua liberação foi extremamte baixa no cp-Ti e levemente

aumentada nas amostras NiTi. Nenhuma diferença significante foi observada nas

culturas após 3 e 6 dias.

Com relação aos testes de citotoxidade rotineira e em particular avaliação

das funções celulares mais expressivas na determinação de efeitos inflamatórios e na

integridade da célula os autores confirmaram que o níquel além de sofrer corrosão é

um material citotóxico. Seu potencial citotóxico depende do tipo celular: é mais tóxico

126
para células L132 do que células HEPM ou NIH3T3. Sua utilização em implantes,

próteses e outros dispositivos devem ser regulados dentro da condição de liberação

mais baixa. Apresentaram-se biocompatíveis e particularmente resistentes à corrosão

cp-Ti e NiTi. Evidências mostraram que a introdução de níquel nas ligas não gera

qualquer reação citotóxica nem altera o comportamento fisiológico e funcional das

células. Todos os testes mostraram um desempenho biológico e eletroquímico alto do

Ti6Al4V e do NiTi.

GIOKA, BOURAUEL et al. (2004) avaliaram a estrutura, composição,

dureza e liberação de íons de dois tipos de bráquetes de titânio: Orthos2 (Ormco,

USA) and Rematitan (Dentaurum, Germany). Cinco espécimes de cada grupo foram

examinados com microtomografia de raios-X computadorizada, para observar a

morfologia e estrutura dos bráquetes. Metalografia foi observada em MEV e EDS e

medidas de microdureza Vickers dos espécimes foram avaliadas. Após imersão dos

bráquetes em solução salina normal a 0,9% na temperatura de 37°C por dois meses, a

liberação de íons foi determinada com Espectroscopia de Emissão Atômica a Plasma.

Os bráquetes Orthos2 eram formados por duas partes: a base de dureza menor (Hv =

145), constituída por titânio comercialmente puro grau II e as aletas de dureza maior

(Hv = 392) constituída de liga de Ti-6Al-4V, foram unidas por solda a laser. Os

bráquetes Rematitan eram de titânio comercialmente puro grau IV, fabricados em uma

peça única de dureza virtualmente idêntica (p > 0.05) da base e aletas, caracterizando

um preenchimento tela-base soldado a laser. A dureza dos bráquetes Rematitan foi

significativamente inferior à dureza das aletas do Orthos2, porém o dobro da dureza

da base do Orthos2. Os níveis de Ti liberados foram abaixo do nível limite (1 ng/ml)

nas análises de ambos os materiais, enquanto traços de Alumínio (3 ppm) e Vanádio

(2 ppm) foram encontrados no meio de imersão pra a liga Ti-6Al-4V.

Concluindo GIOKA, BOURAUEL et al. (2004) afirmaram que diferenças na

estrutura e dureza encontradas podem influenciar as características de transferência

de torque em fios ortodônticos ativados nos bráquetes bem como o potencial de

127
corrosão por crévice na interface base-aleta (Orthos2). A detecção de Al e V no meio

em que foi imerso Orthos2 pode implicar uma resposta biológica diferente nos dois

tipos de bráquetes de Ti.

Em 2004 ELIADES, PRATSINIS et al. caracterizaram qualitativamente e

quantitativamente as substâncias liberadas nos bráquetes e fios de níquel-titânio

ortodônticos e comparativamente avaliaram a citotoxicidade dos íons liberados por

estas ligas. Dois conjuntos completos de bráquetes de aço inoxidável (20 bráquetes

cada) e 2 grupos de arcos ortodônticos de NiTi (10 fios cada de 0.018 x 0.025

polegada) foram imersos em tubos plásticos estéreis contendo 50 ml de solução salina

a 0,9% peso/volume e mantidos a 37°C durante um mês. Durante o período de

imersão a solução foi agitada duas vezes ao dia. Os meios de imersão foram

analisados em espectroscopia de emissão atômica por plasma. Cada material

constituinte dos dois grupos foi analisado três vezes e uma média dos resultados foi

obtida. O conteúdo iônico foi estatisticamente analisado com teste de variância

(ANOVA).

Fibroblastos do ligamento periodontal humano e fibroblastos gengivais,

conforme os relatos de ELIADES, PRATSINIS et al. (2004), foram avaliados em

relação a citotoxicidade analisados pelo teste MTT modificado e avaliação da síntese

de DNA. Os resultados não indicaram liberação de íon para a liga de níquel-titânio na

solução, enquanto que quantidade mensurável de níquel e traços de cromo foram

detectados na solução onde os bráquetes de aço inoxidável estiveram imersos. Os

autores concluíram que nenhum material ortodôntico, tanto o aço inoxidável quanto a

liga de NiTi derivados do meio de imersão, tiveram qualquer efeito na sobrevivência

celular e síntese de DNA, tanto nos fibroblastos do ligamento periodontal quanto nos

fibroblastos gengivais, mesmo nas concentrações máximas testadas.

Muitas ligas usadas em Ortodontia contêm potencialmente níquel tóxico,

cromo e cobalto. Alguns aços austeníticos utilizados na confecção de bráquetes são

indicados no Quadro 1 (página 129).

128
Quadro 1 – Composição dos aços
Aços, normalmente, utilizados na fabricação dos bráquetes
(modificado de MATASA, 1995).

DESIGNAÇÃO COMPOSIÇÃO (%)

AISI UNS DIN C Mn Si Cr Ni P S OUTROS

303 S-30300 14305 0,15 2,0 1,0 17-19 8-10 0,20 0,02 0,6 Mo

304 S-30400 ---- 0,08 2,0 1,0 18-20 8-10,5 0,04 0,03 ----

304L S-30403 14306 0,03 2,0 1,0 18-20 8-12 0,04 0,03 ----

316 S-31600 14401 0,08 2,0 1,0 16-18 10-14 0,04 0,03 2-3 Mo

316L S-31603 14404 0,03 2,0 1,0 16-18 10-14 0,04 0,03 2-3 Mo

317 S-31700 14438 0,08 2,0 1,0 18-20 11-15 0,04 0,03 3-4 Mo
4 Cu
630/17-4 PH S-17400 14542 0,07 1,0 1,0 15,5-17 3-5 0,04 0,03
3 Nb
631/17-7 PH S-17700 ---- 0,09 1,0 1,0 16-18 6,5-7,5 0,04 0,04 0,8-1,5 Al

ASTM-A 669 S-31803 ---- 0,0 1,0 0,5 22 5,5 0,02 0,02 3 Mo

2.4.2.1. Reações de hipersensibilidade

A literatura odontológica contém muitos artigos sobre respostas alérgicas

causadas por diferentes ligas utilizadas em Odontologia. A sensibilização a qualquer

substância é um processo que compreende o desenvolvimento de uma reação a um

sensibilizador específico (liga), conduzindo a sinais evidentes e sintomas sobre um

período de tempo. Hipersensibilidade ou alergia é comum, porém apresentam-se

diferentes na toxicidade que é a qualidade de ser venenoso.

Reações alérgicas a muitos elementos são registradas e alguns dos mais

freqüentes causadores são: cromo, cobalto, cobre, ouro, mercúrio, níquel, paládio,

estanho, zinco e outros. Algumas manifestações clínicas são líquen plano, língua

geográfica, glossite, queilite angular e inflamação gengival em torno das restaurações.

Muitas condições tornam-se progressivamente piores com o tempo (METAL PHOBIA

AND METAL CONTRA-INDICATORS IN FIXED PROSTHETICS, 1995).

129
HENSTEN-PETTERSEN e LYBERG (1984) citado por BERGMAN, (1986)

em uma comunicação em Congresso afirmaram que dermatite/mucosite por contato

tóxico agudo é descrita como uma reação dérmico/mucosa a agentes tóxicos

primários, resultante de uma influência física ou química; por exemplo, radiação

ionizante, calor, álcali, ácidos ou a outras substâncias químicas reativas. Essas

substâncias exercem um efeito citotóxico direto nas células, nas camadas externas da

pele/mucosa, sendo que a severidade da reação dependerá da concentração da

substância e da duração da exposição. Um estímulo cumulativo ocorre na

dermatite/mucosite devido à influência repetida a agentes tóxicos primários em baixas

doses sobre períodos prolongados.

Dermatite de contato alérgica é o tipo de reação de hipersensibilidade

atrasada, sendo, predominantemente uma reação celular. Esta desordem tem duas

fases: a fase de indução e a de reação. A fase de indução é o período do contato

inicial com uma substância química até o reconhecimento dos linfócitos e resposta a

essa substância. A fase de reação é o período de re-exposição à substância química

até o aparecimento da dermatite.

Enquanto ligas parecem reduzir marcadamente o potencial citotóxico de

metais tais como, níquel, cromo e berílio, dados adicionais são necessários no que diz

respeito à toxicidade da degradação e produtos de corrosão de ligas metálicas

fundamentais odontológicas, bem como, outros tipos de ligas utilizadas em

Odontologia. Um exemplo bem conhecido é a incidência de reações alérgicas ao

níquel, que é capaz de produzir resposta tóxica e alérgica (MCKAY, MACNAIR

et al., 1996).

Devido à presença do níquel em quase todos os ambientes, reações a este

metal aparecem com maior freqüência na população em geral. A resposta alérgica a

ligas odontológicas contendo níquel foi estudada por MOFFA, BEDKET et al. (1977);

80% dos pacientes que confirmaram sensibilidade ao níquel também tinham uma

resposta dérmica positiva à liga odontológica níquel-cromo. Quando pacientes

130
sensíveis ao níquel foram expostos de forma intrabucal a ligas de metal base

níquel-cromo, 30% apresentaram reação alérgica em 48 horas. Observaram também

que a exposição intrabucal em pacientes sensíveis ao níquel pode resultar em uma

exacerbação de locais de reações prévias em outro lugar do corpo, mesmo na

ausência de sintomas na cavidade bucal. Esses sintomas cessam, em um ou dois

dias, após a remoção da liga.

Em 1982, FRANZ afirmou que alergias a materiais odontológicos não

parecem estar aumentando e que os alérgenos mais freqüentes são encontrados no

grupo cobalto-cromo-níquel. Uma vez que, a sensibilização tenha ocorrido, contato

repetido com a substância em questão causará aparecimento de manifestações

clínicas. São aqueles sintomas que podem aparecer, separadamente, em uma região

de um novo contato. Essas reações são algumas vezes vistas em outras regiões.

A irritação primária da mucosa bucal é uma resposta não específica que

pode se manifestar como uma reação a muitas substâncias assim como trauma e

calor. Reações alérgicas, por outro lado, ocorrem devido à sensibilização imunológica

específica. Em geral a mucosa bucal é mais resistente do que a pele para ambos,

irritação e sensibilização. Isso é, principalmente, devido ao efeito de irritação e

proteção da saliva e ao baixo nível de proteínas formadoras de alérgenos. Dermatite e

urticária, manifestações primárias da hipersensibilidade ao níquel, podem ser

encontradas na área de contato, bem como, em regiões distantes da fonte de níquel.

Compostos de níquel estimulam esse tipo de resposta imune por sua entrada pelo

tecido conjuntivo do hospedeiro em contato direto com a pele ou mucosa.

Pacientes com hipersensibilidade suspeitada devem ser referidos a um

alergologista ou dermatologista para a realização de um teste, pois este procedimento

deve ser executado e interpretado por um profissional específico. Questionamentos a

respeito da saúde dental devem incluir perguntas sobre reações de pele anteriores a

jóias e/ou conhecimento de alergia a metais. Devido à maior exposição, mulheres

seriam mais susceptíveis a esses problemas. Metais, se possível, devem ser evitados

131
em pessoas que apresentam essas manifestações, pois PRYSTOWSKY, ALLENET

et al. (1979) afirmaram que há evidência presumível para indicar que exposições

aumentadas a agentes sensibilizantes podem resultar em uma sensibilidade

aumentada.

JANSON, DAINESI et al. (1998) avaliaram a prevalência de reação de

hipersensibilidade ao níquel antes, durante e depois do tratamento ortodôntico com

bráquetes e fios de aço inoxidável convencional. Testes padrões para o níquel e um

questionário foram utilizados para avaliar a hipersensibilidade a este metal. A amostra

consistiu de 170 pacientes do Departamento de Ortodontia da Faculdade de

Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, que foram divididos em três grupos

a seguir: A (n=60; 27 homens e 33 mulheres), pacientes antes de começar o

tratamento ortodôntico; B (n=66; 21 homens e 45 mulheres), pacientes durante o

tratamento ortodôntico, e C (n=44; 17 homens e 27 mulheres), pacientes que tinham

concluído o tratamento ortodôntico entre 2 meses a 6 anos.

De acordo com JANSON, DAINESI et al. (1998), a análise estatística

mostrou reação alérgica em 28,3% da amostra total sendo 23% nas mulheres e 5,3%

nos homens, sendo que os três grupos apresentaram reação de hipersensibilidade

com prevalência semelhante (χ2=0,39; p = 0,848 → 18 pacientes do grupo A, 17

pacientes do B e 13 do C). Foi constatada diferença sexual para hipersensibilidade ao

níquel (χ2=10,75; p < 0,001) com prevalência para mulheres de 4,33:1. Houve uma

associação positiva entre a hipersensibilidade ao níquel e pessoas com história

alérgica prévia a metais (χ2=34,88; p < 0,0001) tanto quanto com pessoas que faziam

uso diário de objetos metálicos (χ2=11,95; p < 0,0005). Os resultados sugerem que o

tratamento ortodôntico com aparelhos de aço inoxidável convencional não inicia ou

agrava uma reação de hipersensibilidade ao níquel.

Não há evidência experimental de que compostos de níquel são

carcinogênicos quando administrados por via bucal ou cutânea. Em uma apresentação

132
em um Workshop de Biocompatibilidade de Metais em Odontologia, AUTIAN (1984)

discutiu o potencial carcinogênico dos metais. Ele afirmou que somente poucos metais

mostraram produzir atividade carcinogênica no homem ou em animais para sugerir um

risco de carcinogenicidade em humanos. O autor concluiu que "em aplicações destes

metais na prática odontológica, parece haver pouco risco em usar metais e ligas

metálicas, mesmo aqueles que foram classificados como carcinogênicos, se a

consideração é dada ao comprimento, intensidade e a rota de exposição junto com a

forma física do metal".

Em uma revisão sobre a toxicidade e o efeito carcinogênico do níquel

DENKHAUS e SALNIKOW (2002) afirmaram que exposição a doses baixas do níquel

é inevitável e pode não ser prejudicial aos humanos, uma vez que níquel está presente

em toda parte no ambiente. Já a exposição em altas doses de níquel prejudica a

homeostase celular via mudanças nos níveis de cálcio intracelular, produzindo

também estresse oxidativo. Pode ocorrer também transcrição de fatores que

eventualmente conduz a alterações na expressão gênica. Estes eventos são

provavelmente envolvidos na carcinogênese do níquel.

Em geral, a exposição do homem mais significante ao níquel, cromo e

titânio ocorre por meio da dieta, atmosfera, água de beber, botões de roupas, jóias e

pelo uso iatrogênico de artigos contendo esses metais. As maiores fontes na dieta

desses três metais são vegetais, grãos e cereais. A média na dieta desses metais foi

estimada ser de 300 a 600 µg/dia para o níquel, 280 µg/dia para o cromo e 300 a

2000 µg/dia para o titânio.

BARRETT, BISHARA et al. (1993) compararam a taxa de corrosão in vitro

de um aparelho ortodôntico padrão constituído de bandas, bráquetes e fios de aço

inoxidável ou níquel-titânio 0.017 x 0.025 polegada e 12,5cm de comprimento. Os

autores analisaram produtos de corrosão, níquel e cromo, liberados nos aparelhos

imersos por quatro semanas em saliva artificial a 37°C. Dez aparelhos ortodônticos

completos utilizados no arco maxilar foram avaliados, sendo cinco unidos a arcos de

133
aço inoxidável e os outros cinco ligados a arcos de níquel-titânio. As amostras foram

avaliadas após 1, 7, 14, 21 e 28 dias. Os resultados indicaram que: 1) aparelhos

ortodônticos liberam quantidades mensuráveis de níquel e cromo quando colocados

em saliva artificial; 2) a liberação de níquel alcança uma taxa máxima após

aproximadamente 1 semana e então diminui com o tempo; 3) a liberação de cromo

aumenta durante as duas primeiras semanas, estabilizando-se nas duas semanas

subseqüentes; 4) as taxas liberadas de níquel e cromo nos arcos de aço inoxidável e

níquel-titânio não foram significantemente diferentes, e 5) para ambos os arcos

ortodônticos, a taxa de liberação para o níquel foi 37 vezes maior do que para o

cromo, e 6) as taxas liberadas estimadas para um aparelho ortodôntico total foi menor

do que 10% da média diária registrada na dieta para o níquel e 0,25% daquela

registrada para o cromo.

HUANG, CHIUET et al. (2003) avaliaram a liberação de íons em fios

ortodônticos de NiTi imersos em saliva artificial em diferentes valores de pH (2,5; 3,75;

5,0 e 6,25) ajustado por ácido lático ou hidróxido de sódio em 1, 3, 7, 14 e 28 dias.

Quatro tipos de fios ortodônticos de NiTi disponíveis no mercado foram avaliados

conforme recebidos, onde 2cm do fio foi imerso em 2ml de saliva artificial a 37°C. Para

cada teste de imersão, nove repetições foram realizadas. A quantidade de íons

liberados de Ni e Ti nos fios de NiTi foi determinada usando espectroscopia de

adsorção atômica. Morfologia de superfície e rugosidade dos fios foram relacionadas

com a resistência à corrosão.

Os resultados do trabalho de HUANG, CHIUET et al. (2003) mostraram

que o fabricante, o valor do pH e o período de imersão, respectivamente, tinham uma

influência estatisticamente significante na quantidade de liberação de íons Ni e Ti.

A quantidade de íons metálicos liberados aumentou com período de imersão em todas

as soluções teste, enquanto a média de íons liberados por dia diminuiu com o período

de imersão. Em pH ≥ 3,75 a quantidade de íons liberados foi muito menor do que em

pH 2,5. Ordem de magnitude semelhante entre a quantidade de íon liberada de Ni e Ti

134
foi observada para todos os fios de NiTi testados em pH 2,5; enquanto em pH ≥ 3,75 a

quantidade de íons liberada de titânio comparada aos íons Ni foi muito menor. A média

de íons Ni liberada por dia dos fios de NiTi testados em saliva artificial com acidez

variada, foi bem abaixo da concentração crítica necessária para induzir alergia, bem

como do nível consumido na dieta diária. De acordo com a quantidade de íons Ti

liberados, o filme passivo (TiO2) nos fios de NiTi foi bastante resistente contra a

corrosão em saliva artificial ligeiramente ácida.

MENEZES e BOLOGNESE (2000) ao estudarem as reações aos metais

utilizados em Ortodontia, avaliaram 55 pacientes quanto às reações ao teste de

contato aos antígenos cloreto de cobalto, sulfato de cobre, bicromato de potássio,

sulfato de ferro, cloreto de manganês, sal de molibdênio, sulfato de níquel e óxido de

titânio. Afirmaram haver reação positiva, estatisticamente significativa, ao sulfato de

níquel (21,1%), ao bicromato de potássio (21,1%) e ao cloreto de manganês (7,9%);

sendo as reações de sulfato de níquel de maior intensidade. Não encontraram

diferença estatística em relação ao uso do aparelho ortodôntico; afirmaram que, no

período avaliado, o aparelho não foi capaz de sensibilizar os pacientes ou induzir a

tolerância aos metais considerados (avaliação antes da montagem e após dois meses

de uso). Também não encontraram diferença estatística em relação ao gênero para

nenhuma das substâncias avaliadas. Observaram, porém, maior tendência à

positividade ao sulfato de níquel para as mulheres e ao bicromato de potássio para os

homens. Afirmaram ainda, haver diferença significativa, com aumento da quantidade

de níquel na urina, após a colocação do aparelho, porém não encontraram diferença

entre gêneros.

Em 2002, ELIADES e ATHANASIOU apresentaram uma tabela (Tabela 31

– página 136) que contém uma classificação e crítica aos protocolos adotados para

investigar a liberação de Ni associada às ligas ortodônticas. Os estudos podem ser

classificados em três categorias importantes baseadas no ambiente usado, isto é, in

135
vitro, recuperação (exemplo - investigação de amostras envelhecidas in vivo),

e in vivo.

Tabela 31 – Métodos para estudo da liberação de níquel


Ligas contendo níquel
(modificada de ELIADES e ATHANASIOU, 2002)

Confiabilidade e
Ambiente Método
Relevância Clínica
Método sem controle visual; não
informa o que é atualmente liberado;
Pesar antes e após imersão em
não informa sobre o mecanismo; falta
In vitro soluções solventes ou ácidas
relevância clínica (flora bucal, placa, e
(HCl, ácido lático)
processo de calcificação não são
integrados no modelo)
O mesmo citado acima, porém o Falta relevância clínica; não informa
Ni é detectado na solução por sobre a condição de liberação de Ni
métodos de espectroscopia. (livre x combinações) que afetam
amplamente sua reatividade
O níquel liberado rapidamente alcança
um nível de estabilização devido ao
Estimativa de liberação de níquel
estabelecimento de equilíbrio entre os
nas ligas sem agitação e sem
íons presentes na solução e na
complementação dos meios de
interface solução-liga; descrição falsa
armazenamento
da cinética de liberação; falta
relevância clínica
Recuperação
Mapeamento elementar do
(exemplo -
conteúdo de Ni nos espécimes É formulada a hipótese de que o níquel
investigação
recuperados após colocação perdido foi liberado; não informa sobre
de amostras
intrabucal e em espécimes o mecanismo; clinicamente relevante
envelhecidas in
conforme recebidas
vivo)
Fornece informação sobre os níveis de
Ni na primeira quantidade diluída no
Medida dos níveis de Ni na corpo humano; a amostra deve ser
saliva em pacientes antes e seguida no tratamento por extenso
In vivo após o início do tratamento ou período de tempo para coletar dados
comparação dos níveis com cumulativos e permitir uma estimativa
aqueles da população controle do efeito da idade do material e fadiga
na liberação do Ni; clinicamente
significante
Fornece informação sobre os níveis de
Medidas dos níveis de Ni na
Ni após liberação excretada; valores
urina ou soro em pacientes
diminuídos podem ser erradamente
antes e após o início do
atribuídos a baixos níveis de liberação
tratamento ou comparação dos
e não a baixa liberação de Ni
níveis com aqueles da
excretada associada com acúmulo em
população controle
um órgão

O níquel é a causa mais comum de alergia de contato em mulheres

européias. Dados epidemiológicos indicam que o número de mulheres sensíveis a

136
esse metal aumentou, especialmente, entre grupos de mulheres jovens. Mulheres são

mais susceptíveis devido à sensibilização do níquel liberado de irregularidades na

superfície de coberturas de bijuterias.

A quantidade normal de níquel na urina humana é geralmente pequena e a

média de excreção diária registrada é em torno de 2,5 a 28 µg, não sendo alterada por

acidez, alcalinidade ou mesmo restrição, bem como, excesso de líquidos.

A quantidade de níquel na saliva humana varia de 0,8 a 4,5 µg/litro.

LENZA, MOOREET et al. (1993) afirmaram que fios ortodônticos

compostos de ligas de alta concentração de níquel permitem um movimento dentário

mais fisiológico. No entanto, o referido metal causa mais dermatite de contato do que

todos os outros metais combinados.

Complicações devem ser esperadas entre pessoas que apresentam

reações de hipersensibilidade, normalmente, devido ao contato dérmico antes da

introdução destes metais na cavidade bucal. Aparelhos ortodônticos metálicos são

normalmente feitos de aço inoxidável 18/8 (18% cromo e 8% níquel). Alguns arcos

ortodônticos com propriedades elásticas (ligas com memória de forma) podem conter

mais do que 50% de níquel. O metal com memória, ou aquele que apresenta

habilidade para retornar à forma prefixada, a percentagem de níquel está em torno de

55% a 60%. A liberação desse metal nos aparelhos ortodônticos tem sido avaliada em

vários estudos in vitro nos últimos anos.

STAERKJAER e MENNÉ (1990) registraram que houve baixo risco

envolvido nos pacientes sensíveis ao níquel durante o tratamento ortodôntico. Em

geral, pacientes sensíveis ao níquel não apresentaram ter qualquer risco mais

acentuado de desenvolver desconforto na cavidade bucal durante o tratamento

ortodôntico comparado com pacientes não sensíveis.

KEROSUO, KULLAA et al. (1996) investigaram a freqüência de

hipersensibilidade ao níquel em adolescentes em relação ao gênero durante o início,

duração e tipo de tratamento ortodôntico, e a idade na qual as orelhas foram

137
perfuradas. Foram avaliados 700 adolescentes entre 14 e 18 anos de idade, dos quais

476 (68%) tinham história de tratamento ortodôntico com aparelhos metálicos. O

estudo consistiu de teste para alergia ao níquel e da história do paciente obtida por um

questionário e da ficha do paciente. A freqüência de sensibilização ao níquel em todo

o grupo pesquisado foi de 19%. Alergia ao referido metal foi significantemente mais

freqüente em mulheres (30%) do que em homens (3%) e nas pessoas com orelhas

perfuradas (31%) do que naquelas sem a presença de perfuração (2%). Sintomas de

pele, eczema, em sítios de contato com o metal foram registrados por 53% das

mulheres e 4% dos homens. Nenhuma das mulheres tratadas com aparelhos

ortodônticos fixos antes de perfurar a orelha no início do tratamento ortodôntico foram

sensibilizadas ao níquel. Os autores concluíram que o tratamento ortodôntico não

aumenta o risco de hipersensibilidade ao níquel e que os resultados obtidos parecem

sugerir que o tratamento ortodôntico com aparelhos metálicos antes da sensibilização

ao níquel (perfuração da orelha) pode até reduzir a hipersensibilidade a esse metal.

Por outro lado, estudos indicaram que exposição bucal a ligas contendo

níquel pode induzir tolerância a este metal e reduzir reações alérgicas. Também, em

um estudo epidemiológico de eczema na mão, VAN DER BURGE, BRUYNZEEL et al.

(1986) observaram que enfermeiras jovens que tiveram tratamento ortodôntico em

idades precoce tinham freqüência mais baixa de alergia ao níquel do que aquelas com

ausência de história de tratamento. Semelhantemente, freqüência reduzida de alergia

ao níquel foi encontrada tanto em pacientes do gênero masculino quanto do gênero

feminino que tinham usado aparelhos ortodônticos removíveis pelo menos por seis

meses antes de perfurarem suas orelhas.

SCHUSTER, REICHLEET et al. (2004) avaliaram a incidência de reações

alérgicas induzidas por ligas utilizadas em Ortodontia. Questionário sobre reações

alérgicas nas ligas utilizadas em Ortodontia nos últimos 5 anos foi enviado a 89

consultórios particulares de Ortodontia na Alemanha, estado de Hesse. Com base na

resposta de 68 clínicas, a incidência de reações alérgicas em pacientes submetidos a

138
tratamento ortodôntico foi em torno de 0,23% dos 60.000 pacientes atendidos nestas

clínicas. Isto implica que a expectativa de reações alérgicas em Ortodontia é de 1 para

cada 430 pacientes.

Alterações de pele, variando de fissuras e inflamações peribucais a

eczema na face e extremidades foram observadas em 45% dos pacientes. Já as

intrabucais como vermelhidão, edema e gengivites foram observadas em 17% dos

pacientes, sendo ambas alterações extra e intrabucais observadas em 38% dos casos.

Num total de 53% dos pacientes afetados no tratamento, em muitos casos, a

terapêutica foi modificada utilizando materiais com baixo teor de níquel ou materiais

com ausência deste metal. Em 33% o planejamento foi continuado com os mesmos

materiais após um breve intervalo de recuperação, porém, em alguns casos, os fios de

aço foram substituídos por fios de TMA. O tratamento foi interrompido em 14% dos

pacientes o que corresponde a 1 em cada 3.150 pacientes.

Para SCHUSTER, REICHLE et al. (2004), a tolerância individual pode

freqüentemente ser testada pela inserção de um bráquete ou uma banda na cavidade

bucal. Materiais reciclados devem ser evitados, pois procedimentos de reciclagem

resultam em danos, uma vez que a taxa de liberação de íons nestes materiais é mais

alta. Adicionalmente, tratamento ortodôntico precoce parece promover uma certa

tolerância imune, especialmente em relação a contatos extrabucais com o níquel. No

entanto se o paciente relatar alergia ao níquel, materiais contendo este metal devem

ser evitados na terapia ortodôntica. Os autores concluíram que alterações de pele que

ocorrem durante o tratamento ortodôntico devem ser examinadas e verificadas por um

dermatologista. Para minimizar a possibilidade de reações de contato alérgicas,

materiais resistentes à corrosão devem ser utilizados. Por esta razão, solda a laser

deve ser preferida em relação à soldagem convencional e a reciclagem de bráquetes e

bandas é obsoleta em todos os eventos.

Uma vez que vários materiais podem ser empregados no decorrer de um

tratamento ortodôntico corretivo total, objetiva-se com esta pesquisa in vitro avaliar a

139
possibilidade de ocorrer corrosão nos materiais constituintes de uma aparelho, bem

como estimar a liberação de íons caso este processo corrosivo seja confirmado.

140
3. Materiais e Metodologia

3.1. Materiais

Para a realização da parte experimental dessa pesquisa foram

selecionados os seguintes materiais metálicos:

Fios ortodônticos de 0.016 polegada:

a) aço inoxidável (produzido por GAC International Inc. – Bohemia, NY

USA)

b) cromo-níquel (produzido por Dental Morelli – Sorocaba, SP Brasil)

c) titânio-beta (titânio-molibdênio – TMA) (produzido por GAC International

Inc. – Bohemia, NY USA)

d) níquel-titânio (superelástico e termoativado) (produzido por Dental

Morelli – Sorocaba, SP Brasil)

Bráquetes ortodônticos:

a) aço inoxidável (produzido por Dental Morelli – Sorocaba, SP Brasil)

b) titânio (produzido por Dentaurum J. P. Winkelstroeter KG – Ispringen,

Deutschland)

Bandas ortodônticas:

a) aço inoxidável (produzido por Dental Morelli – Sorocaba, SP Brasil)

Corpos-de-prova:

a) aço inoxidável 304

b) aço inoxidável 316L

c) titânio puro de utilização industrial; (CONZ, SOARES, et al., 2002).

Os materiais ortodônticos (arcos, bandas, bráquetes, ligaduras

elastoméricas e tubos) foram adquiridos comercialmente, disponibilizados por três

fabricantes: Dentaurum, GAC e Morelli. Todos os fios foram adquiridos já

pré-contornados e ensaiados na condição superficial conforme recebidos. Arcos

141
ortodônticos de cobalto-cromo não foram aqui incluídos por serem pouco utilizados

clinicamente, devido ao seu alto custo.

Para poder avaliar as possibilidades de ocorrer corrosão, bem como suas

conseqüências nos materiais utilizados em uma terapia ortodôntica, foram utilizados

de forma complementar os seguintes materiais: modelo de uma arcada superior em

resina acrílica auto polimerizável Dencor (Artigos Odontológicos Clássico – São Paulo,

SP, Brasil), agentes cimentantes – cimento de oxifosfato de zinco – Cimento LS

(Vigodent S/A Indústria e Comércio – Rio de Janeiro, RJ, Brasil), ligaduras

elastoméricas (produzidas por Dental Morelli – Sorocaba, SP Brasil) e fluoreto de

sódio PA.

Como meio de ensaio, foi utilizada uma solução salina (saliva artificial)

preconizada por MONDELLI (1995) com a seguinte composição (Tabela 32):

Tabela 32 – Composição da saliva artificial utilizada nos


experimentos.

Composto mg/l

NaH2PO4.H2O 780
NaCl 500
KCl 500
CaCl2.H2O 795
Na2S.9H2O 5
(NH4)2SO4 300
Ácido cítrico 5
NaHCO3 100
Uréia 1000

Para avaliar a influência dos íons fluoreto, foram acrescentados 2g/l de

fluoreto de sódio (NaF) P.A. à saliva artificial, de acordo com AZEVEDO (2003).

142
3.1.1. Caracterização dos materiais

3.1.1.1. Microscopia eletrônica de varredura dos arcos ortodônticos

não ensaiados

Após avaliação em microscopia eletrônica de varredura das ligas

constituintes dos arcos ortodônticos não ensaiados foi possível observar que todos

apresentaram irregularidades no acabamento de superfície. Dos cinco arcos

avaliados, o arco de níquel-titânio superelástico foi o que apresentou uma superfície

com melhor acabamento (Figura 30).

A B C

D E

Figura 30 – Microscopia eletrônica de varredura dos arcos


ortodônticos não ensaiados
Aumento 500X. A. aço inoxidável pré-contornado; B. liga de
cromo-níquel; C. liga de níquel-titânio superelástico; D. liga de
níquel-titânio termoativado; E. liga de titânio-beta (TMA).

143
3.1.1.2. Microscopia eletrônica de varredura dos bráquetes de aço

inoxidável não ensaiados

Após avaliação em microscopia eletrônica de varredura dos bráquetes de

aço inoxidável não ensaiados foi possível observar irregularidades no acabamento de

superfície como ranhuras, agregados e fendas (Figura 31).

A B C

Figura 31 – Microscopia eletrônica de varredura dos bráquetes


de aço inoxidável não ensaiados
A. aumento de 500 vezes; B. aumento de 1000 vezes, e
C. aumento de 2000 vezes.

3.1.1.3. Microscopia eletrônica de varredura dos bráquetes de titânio

não ensaiados

Após avaliação em microscopia eletrônica de varredura dos bráquetes de

titânio não ensaiados foi possível observar irregularidades no acabamento de

superfície como ranhuras e trincas (Figura 32).

A B C

Figura 32 – Microscopia eletrônica de varredura dos bráquetes


de titânio não ensaiados
A. aumento de 500 vezes; B. aumento de 1000 vezes, e
C. aumento de 3000 vezes.

144
3.2. Metodologia

A metodologia baseou-se na realização de ensaios eletroquímicos

simulando as diferentes condições de emprego dos materiais na cavidade bucal. Os

ensaios referentes às curvas de polarização anódica consistiram em alterar o potencial

do corpo de prova em questão após estabilizado o potencial de corrosão (ECORR). Este

ensaio potencializa o processo corrosivo e permite quantificar a variação de corrente

durante a polarização. Uma corrente ascendente, principalmente a condição em que

um aumento brusco de corrente anodica ocorre, caracteriza a quebra do filme de

passivação da liga polarizada, indicando, assim, a ocorrência do processo corrosivo.

Já os ensaios referentes às avaliações corrente x tempo são realizados com o objetivo

de observar o comportamento da corrente por um tempo determinado, quando a liga

submetida à polarização é mantida a um potencial constante. Da mesma forma, uma

alteração da corrente no sentido ascendente indicaria a incidência de corrosão

localizada em um material inicialmente passivo.

Segundo MONDELLI (1995), diversas tentativas têm sido feitas com o

objetivo de reproduzir soluções que simulem de forma mais fiel o ambiente bucal, uma

vez que a saliva é complexa e apresenta variações em sua composição. Isto ocorre

porque foi reconhecido que o meio de armazenamento, consistindo em eletrólito ou

soluções ácidas empregado in vitro, não pode simular o ambiente intrabucal.

Na busca de uma saliva artificial que reproduza de maneira mais precisa

os testes de laboratório, quatro soluções foram avaliadas, dentre elas: saliva artificial

produzida pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo

de Ribeirão Preto; saliva artificial produzida pela Faculdade de Farmácia da

Universidade Federal do Rio de Janeiro; solução salina SAGF proposta por GAL,

FOVET (1995) citada por FOVET, POURREYRON et al. (2001) (possuía somente

compostos inorgânicos) e solução salina preconizada por MONDELLI (elaborada por

Olinda Tárzia do Departamento de Bioquímica da Faculdade de Odontologia da

Universidade de São Paulo – Bauru). Esta última solução foi escolhida por apresentar

145
somente compostos inorgânicos em sua composição (ausência de degradação e

viscosidade), boa estabilidade de pH (neste estudo variou de 5,8 a 6,1), além de ser

de fácil preparação e utilização.

A pesquisa consistiu de duas etapas distintas, a saber:

1a Etapa

Foram realizados ensaios eletroquímicos (curvas de polarização anódica e

corrente x tempo) com fios de aço inoxidável, cobalto-cromo, níquel-titânio

(superelástico e termoativado), titânio-beta (titânio-molibdênio – TMA) e com os

corpos-de-prova de aço inoxidável 304 e 316L e titânio puro.

Os fios uma vez preparados, com delimitação de área de 0,8 cm2 e os

corpos de prova (cuja variação de área ficou entre 0,65 a 0,99 cm2) envoltos por resina

acrílica, foram montados em uma célula eletroquímica de três eletrodos contendo,

como eletrólito a solução preconizada por MONDELLI (1995), com e sem fluoreto de

sódio (NaF). Tanto os fios pré-contornados quanto os corpos de prova constituíram os

eletrodos de trabalho. Como eletrodo de referência foi utilizado o calomelano saturado

e como contra-eletrodo um fio de platina. Para controle da temperatura do meio de

ensaio a 37°C, foi utilizado um aquecedor com resistência embutida em tubo de vidro

e um termômetro. Um agitador magnético foi usado para homogeneizar a temperatura

e a solução (Figura 33 – página 147).

Devido à dificuldade apresentada em determinar a área e distribuição de

correntes em bráquetes e bandas, as curvas de polarização e os ensaios

corrente x tempo foram realizados com corpos de prova dos metais puros com os

quais os referidos acessórios foram fabricados, aço inoxidável e titânio. A célula

eletroquímica conforme descrita na página anterior foi acoplada a dois diferentes

sistemas de instrumentação para medidas eletroquímicas que foram:

- Potenciostato Omnimetra PG 05 – para determinação de curvas de

polarização potenciostática, e

146
- Potenciostato Omnimetra PG 05 + Multímetro digital Agilent 3401 controlado

por computador – para determinação de curvas de corrente x tempo a

potencial constante.

Figura 33 – Ensaio para levantamento das curvas de polarização


A. potenciostato e célula eletroquímica utilizados para
levantamento das curvas de polarização potenciostáticas;
B. detalhe da célula eletroquímica, com sistema de
aquecimento, colocada sobre um agitador.

Os ensaios eletroquímicos foram realizados na seguinte seqüência:

1) Determinação de curvas de polarização anódica potenciostáticas em solução

salina com e sem flúor para os fios ortodônticos e para os metais com os

quais bandas e bráquetes são fabricados. As curvas de polarização foram

tomadas após o período de 1 hora de imersão, dos corpos-de-prova ou das

ligas avaliadas nesta investigação, na solução salina preconizada por

MONDELLI (1995), à temperatura de 37°C;

2) Uma vez determinados os potenciais de corrosão (ECORR) de todos os

materiais avaliados, os pares de materiais que apresentaram maior diferença

de potencial de corrosão foram então avaliados em ensaios de

147
corrente x tempo, por um período de 1 hora, com intuito de verificar a

possibilidade de ocorrência de corrosão galvânica.

2a Etapa

Foram avaliadas as possibilidades de ocorrer corrosão em um aparelho

ortodôntico fixo in vitro, utilizando-se um conjunto de bráquetes (de aço inoxidável e de

titânio) para cada ensaio, bandas (aço inoxidável) e fios ortodônticos (aço inoxidável,

cromo-níquel, NiTi superelástico, NiTi termoativado e titânio-beta). Em modelo de

resina acrílica simulando dentes superiores corretamente posicionados, foi montado

um aparelho fixo total, do primeiro molar permanente do lado direito ao primeiro molar

permanente do lado esquerdo (Figura 34A). Bráquetes ortodônticos foram colados

com resina acrílica nos incisivos (central e lateral), caninos e pré-molares (1°s e 2°s

pré-molares); nos primeiros molares os tubos foram unidos à banda ortodôntica por

meio de soldagem a ponto à base de cobre, que por sua vez foram fixadas por meio

de material cimentante. Tanto os bráquetes quanto os tubos foram colados com

ausência de inclinação.

Figura 34 – Aparelho ortodôntico fixo


A. vista aproximada do lado direito da arcada;
B. vista lateral do aparelho fixo com um arco ortodôntico
amarrado com ligaduras elastoméricas.

148
Após a montagem do aparelho, o arco ortodôntico foi inserido nas ranhuras

dos bráquetes e amarrados com ligaduras elastoméricas (Figura 34B – página 148).

As extremidades dos arcos não foram cortadas, permanecendo como extensão onde

os eletrodos foram conectados para aplicação de corrente, possibilitando, assim, a

avaliação por testes eletroquímicos - curvas de polarização (ensaio 1) e curvas

corrente x tempo (ensaios 2 e 3) à temperatura de 37°C.

Nos ensaios onde bráquetes de titânio foram utilizados, o aparelho ortodôntico

montado foi assim constituído: bráquetes de titânio do segundo pré-molar direito ao

segundo pré-molar esquerdo. Tanto no primeiro molar direito quanto no esquerdo

foram cimentadas bandas de aço inoxidável onde um tubo, também de aço inoxidável,

foi soldado por meio de solda a ponto como eletrodos de cobre. Considerando que o

titânio é passível de corroer na presença de íons flúor [KASEMO et al. (1985),

PRÖBSTER, LIN et al. (1992), HOSCH e STRIETZEL (1995), LAUSMAA, RECLARU e

MEYER (1995), TOUMELIN-CHEMLA, ROUELLE et al. (1996), BALTAZAR, ELIAS et

al. (1997)], o aparelho de titânio foi testado somente com o fio de aço inoxidável pré-

contornado em saliva artificial fluoretada.

Os ensaios eletroquímicos foram realizados na seguinte seqüência:

1) Determinação das curvas de polarização anódica potenciostáticas em solução

salina com e sem adição de flúor dos aparelhos ortodônticos montados em

uma arcada superior de resina acrílica, após o período de 1 hora de imersão

(ensaio 1) à temperatura de 37°C;

2) Determinação das curvas corrente x tempo em solução salina com e sem

flúor, aplicando-se um potencial dentro da faixa de passivação de cada

material, por um período de 3 horas (ensaios 2 e 3), respectivamente, para

poder avaliar a estabilidade do estado passivo do conjunto que compõe o

aparelho ortodôntico. Estes ensaios também foram realizados respeitando o

período de 1 hora para estabelecer o ECORR, à temperatura de 37°C.

149
No total, foram realizados seis tipos de ensaios para cada conjunto de

aparelho ortodôntico com bráquetes de aço inoxidável (três ensaios em solução sem

fluoreto e três ensaios em solução fluoretada). Ensaio 1 para determinação das curvas

de polarização potenciostáticas e ensaios 2 e 3 para determinação das curvas

corrente x tempo. Para os aparelhos montados com bráquetes de titânio, foram

realizados apenas dois experimentos para avaliação corrente x tempo por um período

de 1 hora (ensaio 1) e 3 horas (ensaio 2).

Os ensaios de medida de corrente em função do tempo para os aparelhos

de titânio foram feitos utilizando-se a saliva artificial com adição de NaF à temperatura

de 37°C após o período de 1 hora de estabilização do potencial de corrosão. Os

experimentos foram realizados em potencial anódico constante, dentro da faixa de

passivação com leitura automatizada de corrente em intervalos de 5 minutos durante 1

hora (ensaio 1) e em intervalos de 30 segundos durante 3 horas (ensaio 2).

Os arcos ortodônticos, as bandas e bráquetes (tanto os de aço inoxidável

quanto os de titânio) submetidos a ensaio nesta fase da pesquisa foram avaliados em

microscopia eletrônica de varredura.

Para quantificar a porcentagem de íons liberados dos materiais metálicos

utilizados nesta investigação, foi utilizado um equipamento Zeenit AS 60, com

aquecimento transversal e corretor Zeeman, associado a um mostrador automático,

sendo as determinações realizadas por absorção atômica em forno de grafite. Cada

ensaio realizado com aparelhos ortodônticos foi executado em 300ml de saliva

artificial, com ou sem flúor. Antes de conduzir a saliva submetida a ensaio para análise

da liberação de íons seu pH foi reduzido. Assim, a variação de pH deste estudo (5,8 a

6,1) foi reduzido ao valor de pH igual a 1 por adição de HNO3 (ácido nítrico). Após a

redução do pH o volume foi acondicionado em frasco de polietileno de cor leitosa

devidamente identificado em relação ao material ensaiado, bem como a qual grupo de

experimento ele pertencia e só então enviado para quantificação dos íons liberados.

150
4. Resultados

4.1. EDS

Os resultados da análise por EDS (Espectrometria de Energia Dispersiva)

estão apresentados a seguir segundo o tipo de liga utilizado no aparelho e numerados

de acordo com a seqüência de ensaios realizados para cada tipo de liga. Os

resultados apresentados a seguir são referentes àquelas condições em que a leitura

obtida diferiu do mesmo tipo de liga não submetida a ensaio. O alumínio presente nas

leituras por EDS é atribuído à base utilizada para fixação das amostras no microscópio

eletrônico de varredura.

4.1.1. EDS para os arcos ortodônticos de aço inoxidável pré-

contornados.

Na Figura 35 (página 152) é possível observar o resultado da análise por

EDS do arco ortodôntico de aço inoxidável não ensaiado. Nesta avaliação é possível

constatar somente a presença dos constituintes de uma liga de aço inoxidável

(O’BRIEN, 1997; BRANTLEY e ELIADES, 2001 – página 32). O EDS das ligas de aço

inoxidável ensaiadas, tanto em solução sem a presença de fluoreto quanto em solução

fluoretada, apresenta os mesmos constituintes encontrados nessa mesma liga não

submetida à avaliação experimental.

151
Figura 35 – Aço inoxidável não ensaiado.

4.1.2. EDS para os arcos ortodônticos de CrNi.

Na Figura 36 (página 153) é possível observar o resultado da análise por

EDS do arco ortodôntico de liga CrNi não ensaiado. A composição da referida liga

corresponde àquela citada por O’BRIEN (1997), BRANTLEY e ELIADES (2001) na

página 32, portanto, sendo classificada como um aço inoxidável. É importante

ressaltar que o Si, C e O estão presentes tanto na liga não ensaiada, quanto naquelas

submetidas a ensaios. Já o EDS das ligas de CrNi ensaiadas, tanto em solução sem a

presença de fluoreto quanto em solução fluoretada, apresenta alguns constituintes

diferentes daqueles obtidos da liga que não foi submetida a avaliação experimental:

Mn (Figura 37 – página 153), Br (Figura 38 – página 154), K (Figura 39 – página 154 e

Figura 40 – página 155), Mg (Figura 40 – página 155) e Ca (Figuras 40 – pagina 155).

152
Figura 36 – Liga de CrNi não ensaiada.

A) Saliva artificial sem flúor.

Figura 37 – Liga de CrNi experimento 1.

153
Figura 38 – Liga de CrNi experimento 2.

Figura 39 – Liga de CrNi experimento 3.

154
B) Saliva artificial com flúor.

Figura 40 – Liga de CrNi experimento 2.

4.1.3. EDS para os arcos ortodônticos de NiTi superelástico.

Na Figura 41 (página 156) é possível observar o resultado da análise por

EDS do arco ortodôntico de NiTi superelástico não ensaiado. Níquel e titânio são os

elementos predominantes (O’BRIEN, 1997; BRANTLEY e ELIADES, 2001 –

página 56), porém, é possível identificar ainda O e C. O EDS das ligas de NiTi

superelástico ensaiadas, tanto em solução sem a presença de fluoreto quanto em

solução fluoretada, apresenta alguns constituintes diferentes daqueles obtidos da liga

que não foi submetida a avaliação experimental: Si, Ca e Cl (Figura 42 – página 156).

Nesta mesma Figura é possível observar um pico de C, caracterizando um alto

conteúdo deste elemento na liga de NiTi superelástico para o experimento 2.

155
Figura 41 – Liga de NiTi superelástico não ensaiado.

A) Saliva artifical sem flúor.

Figura 42 – Liga de NiTi superelástico experimento 2.

156
4.1.4. EDS para os arcos ortodônticos de NiTi termoativado.

Na Figura 43 é possível observar o resultado da análise por EDS do arco

ortodôntico de NiTi termoativado. Segundo O’BRIEN (1997) e BRANTLEY e ELIADES

(2001) na página 56, os elementos constituintes dessa liga são Ni e Ti, o que pode ser

comprovado pelo EDS da liga não ensaiada. O EDS das ligas de NiTi superelástico

ensaiadas em saliva artificial sem e com flúor apresentaram o C como constituinte da

liga (Figuras 44 e 45 – página 158).

Figura 43 – Liga de NiTi termoativado não ensaiada.

157
A) Saliva artificial sem flúor.

Figura 44 – Liga de NiTi termoativado experimento 2.

B) Saliva artificial com flúor.

Figura 45 – Liga de NiTi termoativado experimento 2.

158
4.1.5. EDS para os arcos ortodônticos de titânio-beta (TMA).

Na Figura de número 46 é possível observar o resultado da análise por

EDS do arco ortodôntico titânio-beta (TMA) não ensaiado. Além dos elementos citados

por O’BRIEN (1997) e BRANTLEY e ELIADES (2001) na página 52, foi possível

identificar a presença de C, S/Mo (estes dois elementos apresentam um pico que se

sobrepõe, dificultando sua diferenciação) e oxigênio. O EDS das ligas de titânio-beta

ensaiadas, tanto em solução sem a presença de fluoreto quanto em solução

fluoretada, apresenta alguns constituintes diferentes daqueles obtidos da liga que não

foi submetida a avaliação experimental: Ca (Figura 48 – página 160, Figura 49 –

página 161, Figura 51 – página 162), Cr (Figura 47 – página 160, Figura 49 – página

161), Fe (Figura 47 – página 160, e Figura 48 – página 160, Figura 49 – página 161 e

Figura 50 – página 161), N (Figura 47 – página 160 e Figura 50 – página 161), Mn

(Figura 50 – página 161) e Na (Figura 47 – página 160 e Figura 48 – página 160,

Figura 49 – página 161).

Figura 46 – Liga de titânio-beta não ensaiado

159
A) Saliva artificial sem flúor.

Figura 47 – Liga de titânio-beta experimento 1.

Figura 48 – Liga de titânio-beta experimento 2.

160
Figura 49 – Liga de titânio-beta experimento 3.

B) Saliva artificial com flúor.

Figura 50 – Liga de titânio-beta experimento 1.

161
Figura 51 – Liga de titânio-beta experimento 3.

4.2. Curvas de polarização anódica potenciostática

4.2.1. Saliva artificial sem flúor

Nos fios ortodônticos ensaiados utilizando-se como meio a solução salina

preconizada por MONDELLI (1995) sem adição de fluoretos, foi possível observar que

o potencial de corrosão variou de – 500 (mV)ECS para o titânio puro a + 50 (mV)ECS

para o cromo-níquel. A ocorrência de pite, através da quebra do filme de passivação

variou de +180 a +360 (mV)ECS para os corpos-de-prova de aço inoxidável 304; de

+220 a +280 (mV)ECS para os corpos-de-prova de aço inoxidável 316L. Para o titânio

puro não ocorreu aumento da corrente, não havendo, dessa forma, quebra do filme de

passivação. O aumento de corrente para os arcos ortodônticos de aço inoxidável pré-

contornados variou de +480 a +530 (mV)ECS e para arcos de cromo-niquel variou de

+650 a +910 (mV)ECS. Nos demais arcos ortodônticos, níquel-titânio superelástico e

termoativado e titânio-beta, não foi identificado aumento abrupto de corrente, não

havendo, portanto, quebra do filme de passivação. Durante todo o experimento

realizado em saliva artificial sem flúor, as densidades de corrente para todas as ligas

162
avaliadas, corpos de prova e arcos ortodônticos, foram inferiores a 10µA/cm2 (Figura

52 a Figura 59 – página 166). O maior valor de potencial alcançado foi de 1600 mV por

apenas um dos corpos-de-prova de titânio puro.

500 500

400 400

300 300
ECS

200 200
Potencial (mV)

100 100

0 0

-100 Aço Inoxidável 304 (01) -100


Aço Inoxidável 304 (02)
-200 -200
Aço Inoxidável 304 (03)
-300 Aço Inoxidável 304 (04) -300

0,1 1 10 100
2
Densidade de corrente (µA/cm )

Figura 52 – Curva de polarização para os corpos-de-prova de


aço inoxidável 304 ensaiados em saliva artificial
sem flúor.

500 500

400 400

300 300
ECS

200 200
Potencial (mV)

100 100

0 0

-100 Aço Inoxidável 316L (01) -100


Aço Inoxidável 316L (02)
-200 Aço Inoxidável 316L (03) -200
Aço Inoxidável 316L (04)
-300 -300
0,1 1 10 100
2
Densidade de corrente (µA/cm )

Figura 53 – Curva de polarização para os corpos-de-prova de


aço inoxidável 316L ensaiados em saliva artificial
sem flúor.

163
1500 1500

1000 1000
ECS
Potencial (mV)

500 500

0 Ti puro (01) 0
Ti puro (02)
Ti puro (03)
-500 Ti puro (04) -500

0,1 1 10 100
2
Densidade de corrente (µA/cm )

Figura 54 – Curva de polarização para os corpos-de-prova de


titânio puro ensaiados em saliva artificial sem flúor.

600 600

500 500
ECS

400 400
Potencial (mV)

300 300

200 200
Aço pré-contornado (01)
100 Aço pré-contornado (02) 100
Aço pré-contornado (03)
0 Aço pré-contornado (04) 0

0,1 1 10 100
2
Densidade de corrente (µA/cm )

Figura 55 – Curva de polarização para os arcos ortodônticos de


aço inoxidável pré-contornados ensaiados em saliva
artificial sem flúor.

164
1400 1400

1200 1200

1000 1000
ECS
Potencial (mV)

800 800

600 600

400 400
CrNi (01)
CrNi (02)
200 200
CrNi (03)
0
CrNi (04) 0

0,1 1 10 100
2
Densidade de corrente (µA/cm )

Figura 56 – Curva de polarização para os arcos ortodônticos de


cromo-níquel ensaiados em saliva artificial sem
flúor.

1400 1400

1200 1200

1000 1000

800 800
ECS
Potencial (mV)

600 600

400 400

200 200
NiTi superelástico (01)
0 NiTi superelástico (02) 0

-200
NiTi superelástico (03) -200
NiTi superelástico (04)
-400 -400
0,1 1 10 100
2
Densidade de corrente (µA/cm )

Figura 57 – Curva de polarização para os arcos ortodônticos


NiTi superelásticos ensaiados em saliva artificial
sem flúor.

165
1400 1400

1200 1200

1000 1000
ECS

800 800
Potencial (mV)

600 600

400 400

200 200
NiTi termoativado (01)
0 0
NiTi termoativado (02)
-200 NiTi termoativado (03) -200

-400 NiTi termoativado (04) -400

0,1 1 10 100
2
Densidade de corrente (µA/cm )

Figura 58 – Curva de polarização para os arcos ortodônticos


NiTi termoativados ensaiados em saliva artificial
sem flúor.

1600 1600

1400 1400

1200 1200
ECS

1000 1000
Potencial (mV)

800 800

600 600

400 400
Ti-beta (01)
200 Ti-beta (02) 200

0 Ti-beta (03) 0
Ti-beta (04)
-200 -200
0,1 1 10 100
2
Densidade de corrente (µA/cm )

Figura 59 – Curva de polarização para os arcos ortodônticos


titânio-beta (TMA) ensaiados em saliva artificial sem
flúor.

166
4.2.2. Saliva artificial com flúor

Para os fios ortodônticos ensaiados na solução salina preconizada por

MONDELLI (1995) com adição de fluoreto, foi possível observar que o potencial de

corrosão variou de – 600 (mV)ECS para o titânio puro a + 50 (mV)ECS para o arco

ortodôntico de aço inoxidável pré-contornado. A ocorrência de pite, através da quebra

do filme de passivação variou de +440 a +540 (mV)ECS para os corpos-de-prova de

aço inoxidável 304; de +280 a +390 (mV)ECS para os corpos-de-prova de aço

inoxidável 316L; de +470 a +560 (mV)ECS para os arcos ortodônticos de aço inoxidável

pré-contornados e de +650 a +1110 (mV)ECS para os arcos ortodônticos de

cromo-níquel. Nos demais arcos ortodônticos, níquel-titânio superelástico e

termoativado e titânio-beta, não foi identificado aumento abrupto de corrente, não

havendo, portanto, quebra do filme de passivação (Figura 60 – página 168 a Figura 67

– página 171).

Durante todo o experimento realizado em saliva artificial com flúor as

densidades de corrente em que ocorreu pite foi superior a 10µA/cm2 em apenas dois

corpos-de-prova de aço inoxidável 304, três corpos de prova 316L, para todos os

corpos de prova de titânio puro, para todos os arcos ortodônticos de ligas NiTi

(superelásticos e termoativados) e titânio-beta (TMA). Exceção foi feita para todos os

arcos ortodônticos de aço inoxidável pré-contornados e de liga de cromo-níquel que

foram inferiores a este valor (Figura 60 – página 168 a Figura 67 página 171). O maior

valor de potencial alcançado foi de +1600 mV para o corpo-de-prova de titânio puro

(Figura 62 – página 169).

167
600 600

500 500

400 400
ECS

300 300
Potencial (mV)

200 200

100 100

0 0
Aço Inoxi 304 + NaF (01)
-100 Aço Inoxi 304 + NaF (02) -100
Aço Inoxi 304 + NaF (03)
-200 Aço Inoxi 304 + NaF (04) -200

0,1 1 10 100

2
Densidade de corrente (µA/cm )

Figura 60 – Curva de polarização para os corpos de prova de


aço inoxidável 304 ensaiados saliva artificial com
flúor.

600 600

500 500

400 400
ECS

300 300
Potencial (mV)

200 200

100 100

0 0
Aço Inoxi 316L + NaF (01)
-100 Aço Inoxi 316L + NaF (02) -100
Aço Inoxi 316L + NaF (03)
-200 Aço Inoxi 316L + NaF (04) -200

0,1 1 10 100
2
Densidade de corrente (µA/cm )

Figura 61 – Curva de polarização para os corpos de prova de


aço inoxidável 316L ensaiados em saliva artificial
com flúor.

168
1500 1500

1000 1000
ECS
Potencial (mV)

500 500

0 0
Ti puro + NaF (01)
Ti puro + NaF (01)
-500 Ti puro + NaF (03) -500
Ti puro + NaF (04)

0,1 1 10 100
2
Densidade de corrente (µA/cm )

Figura 62 – Curva de polarização para os corpos de prova de


titânio puro ensaiados em saliva artificial com flúor.

600 600

500 500
ECS

400 400
Potencial (mV)

300 300

200 200
Aço pé-contornado + NaF (01)
100 Aço pé-contornado + NaF (02) 100
Aço pé-contornado + NaF (03)
0 Aço pé-contornado + NaF (04) 0

0,1 1 10 100
2
Densidade de corrente (µA/cm )

Figura 63 – Curva de polarização para os arcos ortodônticos de


aço inoxidável pré-contornados ensaiados em saliva
artificial com flúor.

169
1200 1200

1000 1000
ECS

800 800
Potencial (mV)

600 600

400 CrNi + NaF (01) 400

CrNi + NaF (02)


200 200
CrNi + NaF (03)
CrNi + NaF (04)
0 0
0,1 1 10 100
2
Densidade de corrente (µA/cm )

Figura 64 – Curva de polarização para os arcos ortodônticos de


cromo-níquel ensaiados em saliva artificial com
flúor.

1400 1400

1200 1200

1000 1000

800 800
ECS
Potencial (mV)

600 600

400 400

200 200
NiTi superelástico + NaF (01)
0 0
NiTi superelástico + NaF (02)
-200 NiTi superelástico + NaF (03) -200
NiTi superelástico + NaF (04)
-400 -400
0,1 1 10 100
2
Densidde de corrente (µA/cm )

Figura 65 – Curva de polarização para os arcos ortodônticos de


NiTi superelásticos ensaiados em saliva artificial
com flúor.

170
1400 1400

1200 1200

1000 1000

800 800
ECS

600 600
Potencial (mV)

400 400

200 200

0 NiTi termoativado + NaF (01) 0


NiTi termoativado + NaF (02)
-200 -200
NiTi termoativado + NaF (03)
-400 NiTi termoativado + NaF (04) -400

0,1 1 10 100
2
Densidade de corrente (µA/cm )

Figura 66 – Curva de polarização para os arcos ortodônticos de


NiTi termoativados ensaiados em saliva artificial
com flúor.

1600 1600

1400 1400

1200 1200

1000 1000
ECS

800 800
Potencial (mV)

600 600

400 400

200 Ti-beta + NaF (01) 200

0
Ti-beta + NaF (02) 0
Ti-beta + NaF (03)
-200 Ti-beta + NaF (04) -200

0,1 1 10 100
2
Densidade de corrente (µA/cm )

Figura 67 – Curva de polarização para os arcos ortodônticos de


titânio-beta (TMA) ensaiados em saliva artificial com
flúor.

171
4.3. Ensaio par galvânico

Uma vez realizados os ensaios eletroquímicos de polarização anódica foi

possível estabelecer os potenciais de corrosão (Ecorr) dos arcos ortodônticos e

corpos-de-prova nos experimentos avaliados em saliva artificial sem flúor (Figura 68),

bem como naqueles em que o fluoreto estava presente na composição do eletrólito

(Figura 69 – página 173). O maior potencial registrado foi para a liga de CrNi tanto em

meio sem fluoreto quanto na solução fluoretada, atingindo um valor de 100 mV na

saliva sem flúor (Figura 68) e um valor de 102 mV na saliva com fluoreto (Figura 69 –

página 173).

200 Potencial de corrosão 200

0 0
Potencial (mV)ECS

-200 -200
Aço pré-contornado

-400 -400
Aço 316L
Aço 304

NiTi SE

NiTi TA

-600 -600
Ti puro

Ti-beta
CrNi

Materiais

Figura 68 – Potencial de corrosão para os diferentes materiais


avaliados em saliva artificial sem flúor.

172
200 Potencial de corrosão 200

0 0
Potencial (mV)ECS

-200 -200

-400 Aço pré-contornado -400

-600 -600
Aço 316L
Aço 304

NiTi SE

NiTi TA

Ti-beta
Ti puro
CrNi

-800 -800

Materiais

Figura 69 – Potencial de corrosão para os diferentes materiais


avaliados em saliva artificial com flúor.

Para os experimentos realizados em saliva artificial sem fluoreto, as

maiores densidades de corrente registradas quando houve quebra do filme de

passivação ocorreram nas ligas dos arcos ortodônticos de aço inoxidável pré-

contornados e CrNi (Figura 70 – página 174), sendo o valor de corrente registrado

ligeiramente superior a 50 µA para o aço inoxidável pré-contornado e levemente

inferior a 50 µA para a liga de CrNi. Os referidos potenciais para essas correntes

variaram de 510 a 560 mV para os arcos ortodônticos de aço inoxidável pré-

contornados e de 680 a 940 mV para a liga de CrNi (Figura 71 – página 174).

173
120 120
Valor máximo de corrente de passivação

80 80

40 40
Corrente (µA)

0 0

Aço pré-contornado
-40 -40
Aço 316L
Aço 304

NiTi SE

NiTi TA

Ti puro

Ti-beta
-80 CrNi -80

Materiais

Figura 70 – Valor máximo da corrente de passivação para os


diferentes materiais avaliados em saliva artificial
sem flúor.

1800 1800
Potencial com maior densidade de corrente
1500 1500

1200 1200
Potencial (mV)ECS

900 900

600 600
Aço pré-contornado

300 300

0 0
Aço 316L
Aço 304

NiTi SE

NiTi TA

-300 -300
Ti puro

Ti-beta
CrNi

-600 -600

Materiais

Figura 71 – Potencial relativo aos maiores valores de corrente


no domínio de passivação para os diferentes
materiais avaliados em saliva artificial sem flúor.

174
Para os experimentos realizados em saliva artificial com flúor, as maiores

densidades de corrente registradas no momento em que houve quebra do filme de

passivação podem ser observadas na Figura 72, sendo o maior valor identificado para

a liga de CrNi, correspondendo a um valor de 210 µA (Figura 72). Os referidos

potenciais para essas correntes podem ser visualizados na Figura 73 (página 176) e o

maior valor de potencial obtido para a liga de CrNi foi de 1130 mV (Figura 73 –

página 176).

400 Valor máximo de corrente de passivação 400

200 200
Corrente (µA)

0 0
Aço pré-contornado

-200 -200
Aço 316L
Aço 304

NiTi SE

NiTi TA

Ti-beta
Ti puro
CrNi

-400 -400

Materiais

Figura 72 – Valor máximo da corrente de passivação para os


diferentes materiais avaliados em saliva artificial
com flúor.

175
1800 1800
Potencial com maior densidade de corrente
1500 1500

1200 1200
Potencial (mV)ECS

900 900

600 600

Aço pré-contornado
300 300

0 0
Aço 316L

-300 -300
Aço 304

NiTi SE

NiTi TA

Ti-beta
Ti puro
CrNi

-600 -600

Materiais

Figura 73 – Potencial relativo aos maiores valores de corrente


no domínio de passivação para os diferentes
materiais avaliados em saliva artificial com flúor.

Os pares de materiais que apresentaram maior diferença de potencial de

corrosão foram então avaliados, em ensaios de corrente x tempo por um período de

1 hora, com intuito de verificar a possibilidade de ocorrer corrosão galvânica em saliva

artificial com e sem flúor (Figura 74 – página 177). Para ambas as soluções, sem

fluoreto e com flúor, foi possível observar um decréscimo da corrente ao longo do

experimento (Figura 74 – página 177).

176
50 (C r-N i) + T i - S aliva S intética com F lu or
(C r-N i) + T i - S aliva S intética sem F lu or
( A)

40
C orrente G alvânica µ

30

20

10

0
0 5 00 1 000 1 500 2 000 2 500 3 000 3 500 4 000

Tem po (s)

Figura 74 – Par Galvânico CrNi e titânio puro em saliva artificial


com e sem flúor.

4.3.1. Aparelhos ortodônticos em saliva artificial sem flúor

Após imersão dos aparelhos ortodônticos em solução salina sem adição de

fluoreto por um período de 1 hora (ensaio 1 – página 149), foi possível observar que o

potencial de corrosão (ECORR) variou de –80 a –70 (mV)ECS (Figura 75 – página 178).

Na obtenção das curvas de polarização dos referidos aparelhos, entre os valores de

+50 a +70 (mV)ECS as correntes registradas para todas as ligas constituintes dos fios

ortodônticos aumentaram (Figura 75 – página 178). O ensaio foi interrompido neste

momento, sendo estabelecido o valor de potencial de +60 (mV)ECS para as avaliações

por meio de curvas corrente x tempo realizadas como etapas seguintes, por um

período de 3 horas (ensaios 2 e 3 – página 149). É importante ressaltar que nos

ensaios de polarização anódica dos aparelhos ortodônticos não foi possível quantificar

177
a densidade de corrente, uma vez que a determinação da área total do aparelho é

difícil de ser estabelecida. Isso se deve à diversidade da forma dos materiais que em

conjunto constituem o aparelho ortodôntico (bandas, bráquetes e fios), principalmente

à forma complexa dos bráquetes. Assim, nestes ensaios foram quantificados valores

de corrente que podem ser observados na Figura 76 (página 179).

80 80

60 60

40 40

20 20
Potencial (mV)ECS

0 0

-20 -20

-40 Aço Pré-contornado -40

-60
CrNi -60
NiTi Superelástico
-80 -80
NiTi Termoativado
-100 Titânio-beta -100

-120 -120
1 10 100
Corrente (µΑ)

Figura 75 – Curva de polarização para os aparelhos


ortodônticos ensaiados em saliva artificial sem
flúor.

178
600 600
Valores de corrente

400 400

200 200
Corrente (µA)

0 0
Aço pré-contornado

-200 -200

-400 -400
NiTi SE

NiTi TA

Ti-beta
CrNi

-600 -600
Arcos ortodônticos

Figura 76 – Correntes registradas durante ensaio dos aparelhos


ortodônticos fixos em saliva artificial sem flúor.

4.3.2. Aparelhos ortodônticos em saliva artificial com flúor

Após imersão dos aparelhos ortodônticos em solução com adição de

fluoreto por um período de 1 hora (ensaio 1 – página 149), foi possível observar que o

potencial de corrosão (ECORR) variou de –120 a –110 (mV)ECS (Figura 77 –

página 180). Na obtenção das curvas de polarização dos referidos aparelhos, entre os

valores de –20 a +10 (mV)ECS as correntes registradas para todas as ligas constituintes

dos fios ortodônticos mostraram uma tendência à diminuição de seu valor (Figura 77 –

página 180). O ensaio foi interrompido neste momento, sendo estabelecido o valor de

potencial de Zero (mV)ECS para as avaliações por meio de curvas corrente x tempo

179
realizadas como etapas seguintes, por um período de 3 horas (ensaios 2 e 3 – página

149). É importante ressaltar também que conforme ocorrido nos ensaios de

polarização anódica em solução sem adição de fluoreto, nestes aparelhos

ortodônticos, não foi possível quantificar densidade de corrente, devido à

complexidade envolvida na determinação da área total do aparelho. Isso se deve à

diversidade da forma dos materiais que em conjunto constituem o aparelho ortodôntico

(bandas, bráquetes e fios), principalmente à forma complexa dos bráquetes. Assim,

nestes ensaios foram quantificados valores de corrente que podem ser observados na

Figura 78 (página 181).

20 20

0 Aço Pré-contornado 0
CrNi
-20 NiTi Superelástico -20
Potencial (mV)ECS

NiTi Termoativado
-40 -40
Titânio-beta
-60 -60

-80 -80

-100 -100

-120 -120

1 10 100
Corrente (µA)

Figura 77 – Curva de polarização para os aparelhos


ortodônticos ensaiados em saliva artificial com
flúor.

180
400 400
Valores de corrente

200 200
Corrente (µA)

0 0
Aço pré-contornado

-200 NiTi SE -200

NiTi TA

Ti-beta
CrNi

-400 -400
Arcos ortodônticos

Figura 78 – Correntes registradas durante ensaio dos aparelhos


ortodônticos em saliva artificial com flúor.

4.4. Curvas Corrente X Tempo

Os ensaios de medida de corrente em função do tempo foram realizados

utilizando-se a solução salina com e sem adição de NaF, com o objetivo de verificar a

susceptibilidade à corrosão localizada dos conjuntos, aparelhos e arcos ortodônticos.

Os experimentos foram avaliados em potencial anódico constante, dentro da faixa de

passivação com leitura automatizada de corrente a intervalos de 30 segundos, durante

3 horas (ensaios 2 e 3 – página 149).

181
4.4.1. Saliva artificial sem flúor

Os resultados obtidos estão apresentados da Figura 79 (páginas 183) à

Figura 83 (páginas 185). Na curva B da Figura 79 (página 183), referente ao aparelho

ortodôntico que teve como arco o aço inoxidável pré-contornado amarrado com

ligadura elastomérica, é possível verificar que após um leve aumento na corrente,

houve uma pequena queda e em torno de 2h e 45 minutos de ensaio a corrente

tendeu a permanecer constante. Na curva A da Figura 80 (página 183), em que a liga

de CrNi foi amarrada ao aparelho, nos primeiros 20 minutos a corrente tendeu a

crescer e a partir de então apresentou uma leve tendência a decrescer; já na curva B a

corrente apresentou um ligeiro aumento no início do experimento e manteve-se

constante, em torno de 0,05 mA por todo o ensaio. Na curva A da Figura 81 (página

184), onde a liga de NiTi superelástico foi inserida no aparelho, houve um pico de

corrente inicial, seguido por uma tendência a decrescer até 2 horas e 40 minutos de

experimento, a partir deste ponto, manteve-se constante até o final do ensaio. Na

curva A da Figura 82 (página 184), relativa ao aparelho que tinha como arco a liga de

NiTi termoativado fixada aos bráquetes, foi possível observar que, após um pequeno

aumento da corrente até o período ligeiramente acima de 30 minutos de experimento,

a corrente assumiu uma tendência a decrescer. Em torno de 2 horas e 25 minutos a

corrente voltou a assumir um valor ascendente, permanecendo assim até o final do

ensaio. Na curva A da Figura 83 (página 185), referente a uma liga de titânio-beta

(TMA) unida ao aparelho, é possível notar que a corrente inicialmente tendeu a

aumentar, seguindo de uma pequena queda, onde a partir de então assumiu um valor

constante entre 50 minutos a 1 hora e 15 minutos de experimento. Após este intervalo

de tempo a corrente assumiu um valor ascendente até o final da avaliação. Nos

demais testes de medida de corrente x tempo as correntes assumiram um valor

decrescente até atingir o período de tempo final do experimento.

182
0,45 0,45

0,40 0,40

0,35 0,35
Corrente (mA)

0,30 0,30

0,25 A 0,25

0,20 0,20

0,15 0,15

0,10 0,10
B
0,05 0,05

0,00 0,00
0 1 2 3
Tempo (horas)

Figura 79 – Polarização para o aparelho ortodôntico com o fio


de aço inoxidável pré-contornado ensaiado em
saliva artificial sem flúor.
A. e B. Aparelhos ensaiados por um período de 3 horas.

0,45 0,45

0,40 0,40

0,35 0,35
Corrente (mA)

0,30 0,30

0,25 0,25

0,20 A 0,20

0,15 0,15

0,10 B 0,10

0,05 0,05

0,00 0,00
0 1 2 3
Tempo (horas)

Figura 80 – Polarização para o aparelho ortodôntico com o fio


de CrNi ensaiado em saliva artificial sem flúor.
A. e B. Aparelhos ensaiados por um período de 3 horas.

183
0,45 0,45

0,40 0,40

0,35 0,35
Corrente (mA)

0,30 0,30

0,25 0,25

0,20 A 0,20

0,15 0,15

0,10 0,10
B
0,05 0,05

0,00 0,00
0 1 2 3
Tempo (horas)

Figura 81 – Polarização para o aparelho ortodôntico com o fio


de NiTi superelástico ensaiado em saliva artificial
sem flúor.
A. e B. Aparelhos ensaiados por um período de 3 horas.

0,45 0,45

0,40 0,40

0,35 0,35
Corrente (mA)

0,30 0,30
A
0,25 0,25

0,20 0,20

0,15 0,15

0,10 B 0,10

0,05 0,05

0,00 0,00
0 1 2 3
Tempo (horas)

Figura 82 – Polarização para o aparelho ortodôntico com o fio


de NiTi termoativado ensaiado em saliva artificial
sem flúor.
A. e B. Aparelhos ensaiados por um período de 3 horas.

184
0,45 0,45

0,40 0,40

0,35 0,35
Corrente (mA)

0,30 0,30
A
0,25 0,25

0,20 0,20

0,15 0,15

0,10 0,10
B
0,05 0,05

0,00 0,00
0 1 2 3
Tempo (horas)

Figura 83 – Polarização para o aparelho ortodôntico com o fio


de titânio-beta (TMA) ensaiado em saliva artificial
sem flúor.
A. e B. Aparelhos ensaiados por um período de 3 horas.

4.4.2. Saliva artificial com flúor

Os resultados obtidos estão apresentados da Figura 84 (página 186) à

Figura 88 (página 188). Em todos os ensaios realizados com as ligas que compunham

o aparelho ortodôntico em solução fluoretada, aço inoxidável pré-contornado, liga de

CrNi, ligas de NiTi (superelástico e termoativado) e a liga de titânio-beta (TMA), o valor

da corrente mostrou um sentido decrescente até o final do experimento.

185
0,45 0,45

0,40 0,40

0,35 0,35
Corrente (mA)

0,30 0,30

0,25 0,25

0,20 0,20

0,15 0,15
B
0,10 0,10

0,05 A 0,05

0,00 0,00
0 1 2 3
Tempo (horas)

Figura 84 – Polarização para o aparelho ortodôntico com o fio


de aço inoxidável pré-contornado ensaiado em
saliva artificial com flúor
A. e B. Aparelhos ensaiados por um período de 3 horas.

0,45 0,45

0,40 0,40

0,35 0,35
Corrente (mA)

0,30 0,30

0,25 0,25

0,20 0,20

0,15 0,15

0,10 B 0,10

0,05 A 0,05

0,00 0,00
0 1 2 3
Tempo (horas)

Figura 85 – Polarização para o aparelho ortodôntico com o fio


de CrNi ensaiado em saliva artificial com flúor
A. e B. Aparelhos ensaiados por um período de 3 horas.

186
0,45 0,45

0,40 0,40

0,35 0,35
Corrente (mA)

0,30 0,30

0,25 0,25

0,20 0,20

0,15 B 0,15

0,10 0,10

0,05 A 0,05

0,00 0,00
0 1 2 3
Tempo (horas)

Figura 86 – Polarização para o aparelho ortodôntico com o fio


de NiTi superelástico ensaiado em saliva artificial
com flúor.
A. e B. Aparelhos ensaiados por um período de 3 horas.

0,45 0,45

0,40 0,40

0,35 0,35
Corrente (mA)

0,30 0,30

0,25 0,25

0,20 0,20

0,15 0,15
B
0,10 0,10
A
0,05 0,05

0,00 0,00
0 1 2 3
Tempo (horas)

Figura 87 – Polarização para o aparelho ortodôntico com o fio


de NiTi termoativado ensaiado em saliva artificial
com flúor.
A. e B. Aparelhos ensaiados por um período de 3 horas.

187
0,45 0,45

0,40 0,40

0,35 0,35
Corrente (mA)

0,30 0,30

0,25 0,25

0,20 0,20

0,15 0,15
B
0,10 0,10
A
0,05 0,05

0,00 0,00
0 1 2 3
Tempo (horas)

Figura 88 – Polarização para o aparelho ortodôntico com o fio


de titânio-beta (TMA) ensaiado em saliva artificial
com flúor.
A. e B. Aparelhos ensaiados por um período de 3 horas.

4.5. Aparelho ortodôntico de titânio

Os ensaios de medida de corrente em função do tempo foram feitos

utilizando-se saliva artificial com adição de fluoreto de sódio (NaF), com o objetivo de

verificar a susceptibilidade à corrosão localizada dos conjuntos, aparelhos e arcos

ortodônticos. Os ensaios foram realizados em potencial anódico constante, dentro da

faixa de passivação com leitura automatizada de corrente a intervalos de 5 minutos

durante 1 hora (ensaio 1 – página 149) e em intervalos de 30 segundos durante 3

horas (ensaio 2 – página 149). No ensaio 1 a corrente mostrou uma leve tendência a

decrescer e a partir de 10 minutos de polarização assumiu uma direção ascendente

(curva A da Figura 89 – página 189). Já no experimento 2 tendeu a decrescer até 50

minutos de avaliação, assumindo a partir daí até o final da avaliação uma tendência

ascendente (curva B da Figura 89 – página 189).

188
8 8
A
7 7

6 6
Corrente (µA)

5 5

4 B 4

3 3

2 2

1 1

0 0
0 1 2 3
Tempo (horas)

Figura 89 – Polarização para o aparelho ortodôntico (bráquetes


de titânio) com o fio de aço inoxidável pré-
contornado ensaiado em saliva artificial com flúor.
A. aparelho ensaiado pelo período de 1 hora.
B. aparelho ensaiado por um período de 3 horas.

4.6. Avaliação da liberação de íons

As avaliações dos íons liberados foram realizadas por absorção atômica

no forno de grafite, utilizando-se um equipamento Zeenit AS 60. Foram determinados

os limites de detecção relativos aos elementos Cr, Ni e Ti (Tabela 33 – página 190).

Por limite de detecção entende-se a menor quantidade detectável pelo procedimento

escolhido, com um determinado grau de confiança. No caso, foi utilizado o critério 3s

(99%), onde “s” é o desvio padrão de pelo menos 10 medidas subseqüentes do branco

(saliva não ensaiada), e onde o limite de detecção foi inferior aos valores registrados

na Tabela 33 (página 190) para os três tipos de íons metálicos avaliados. Ou seja, o

limite de detecção é calculado dividindo-se o valor 3s pela inclinação da curva

analítica, m (LD=3s/m). Os valores obtidos dessa forma foram quantificados em ng/g

(coloquialmente, ppb). Em relação aos íons Cr, a maior liberação correspondeu a

189
122 ng/g no experimento 2 para o arco ortodôntico titânio-beta (TMA) em saliva

artificial sem flúor (Figura 91A – página 192) e a menor liberação correspondeu a < 1,5

ng/g para os arcos ortodônticos: aço inoxidável pré-contornado (experimento 2 em

saliva artificial com flúor – Figura 91B, página 192), CrNi (experimento 2 em saliva

artificial com flúor – Figura 91B, página 192 e experimento 3 em saliva artificial sem

flúor – Figura 92A, página 193), NiTi superelástico (experimento 2 em saliva artificial

com flúor – Figura 91B, página 192 e experimento 3 em saliva artificial sem flúor –

Figura 92A, página 193), NiTi termoativado (experimento 3 sem saliva artificial sem

flúor – Figura 92A, página 193) e titânio-beta (TMA: experimento 1 em saliva artificial

sem flúor – Figura 90A, página 191 e experimento 3 em saliva artificial sem flúor –

Figura 92A, página 193). Considerando a liberação de íons Ni, a maior liberação foi de

147 ng/g para o arco ortodôntico NiTi termoativado em saliva artificial sem flúor

(experimento 2 – Figura 91A, página 192) e a menor liberação foi de 4 ng/g para o

arco ortodôntico de aço inoxidável pré-contornado no aparelho titânio em saliva

artificial com flúor (Figura 93, ensaio 2 – página 194). A liberação de Ti em todos os

experimentos foi inferior a 50 ng/g, tanto em solução fluoretada quanto na solução em

que o fluoreto não estava presente (Figura 90 – página 191 a Figura 93 – página 194).

Tabela 33 – Limite de detecção avaliados para o Cr, Ni e Ti em


ppb.

Metais avaliados
Cr Ni Ti

Limite de detecção 1,5 1,0 50

190
160 160
A Aparelho 1 em saliva sem flúor - bráquete aço inox
Cr Ti Ni
120 120
Íons liberados (ppb)

80 80

40 40

0 0
Aço inox

NiTi SE

NiTi TA

TMA
-40 -40
CrNi

Arcos ortodônticos

160 160
B Aparelho 1 em saliva com flúor - bráquete aço inox
Cr Ti Ni
120 120
Íons liberados(ppb)

80 80

40 40

0 0
Aço in ox

NiTi TA
NiT i S E

Ti-b eta
CrNi

-40 -40

Arcos ortodônticos

Figura 90 – Liberação de íons nos aparelhos ortodônticos de


aço inoxidável avaliados no experimento 1
A. Em saliva artificial sem flúor.
B. Em saliva artificial com flúor.

191
200 A Aparelho 2 em saliva sem flúor - bráquete aço inox 200
Cr Ti Ni
160 160
Íons liberados(ppb)

120 120

80 80

40 40

0 0
Aço inox

NiTi SE

NiTi TA

Ti-beta
-40 -40
CrN i

-80 -80

Arcos ortodônticos

200 B Aparelho 2 em saliva com flúor - bráquete aço inox 200


Cr Ti Ni
160 160
Íons liberados(ppb)

120 120

80 80

40 40

0 0
Aço inox

NiTi SE

NiTi TA

Ti-beta

-40 -40
CrNi

-80 -80

Arcos ortodônticos

Figura 91 – Liberação de íons nos aparelhos ortodônticos de


aço inoxidável avaliados no experimento 2
A. Em saliva artificial sem flúor.
B. Em saliva artificial com flúor.

192
160 160
A Aparelho 3 em saliva sem flúor - bráquete aço inox
Cr Ti Ni
120 120
Íons liberados(ppb)

80 80

40 40

0 0
Aço inox

NiTi SE

NiTi TA

Ti-beta
CrNi
-40 -40

Arcos ortodônticos

160 160
B Aparelho 3 em saliva com flúor - bráquete aço inox
Cr Ti Ni
120 120
Íons liberados(ppb)

80 80

40 40

0 0
Aço inox

NiTi SE

NiTi TA

Ti-beta
CrNi

-40 -40

Arcos ortodônticos

Figura 92 – Liberação de íons nos aparelhos ortodônticos de


aço inoxidável avaliados no experimento 3
A. Em saliva artificial sem flúor.
B. Em saliva artificial com flúor.

193
160 160
Aparelho em saliva com flúor - bráquete Ti (ensaio 1)
Cr Ti Ni
120 120
Íons liberados(ppb)

80 80

40 40

0 0

Aço inox
-40 -40

Arcos ortodônticos

160 160
Aparelho em saliva com flúor - bráquete Ti (ensaio 2)
Cr Ti Ni
120 120
Íons liberados(ppb)

80 80

40 40

0 0
Aço inox

-40 -40

Arcos ortodônticos

Figura 93 – Liberação de íons no aparelho ortodôntico de titânio


avaliado em saliva artificial com flúor.
Ensaio 1 e ensaio 2

194
4.7. Avaliação dos aparelhos ortodônticos em microscopia ótica

Após avaliação minuciosa em microscopia ótica de todos os materiais

metálicos constituintes dos aparelhos ortodônticos ensaiados em saliva artificial com e

sem flúor, foi possível observar que o processo corrosivo ocorreu em todos os

aparelhos apenas na região onde os tubos foram soldados às bandas (Figura 94 e

Figura 95 – página 196). O menor ataque corrosivo registrado, identificado

visualmente, foi nos aparelhos que tiveram o tubo terminal de aço inoxidável soldado à

banda de aço inoxidável e, posteriormente, cimentadas nos primeiros molares, sendo

nos demais dentes colados bráquetes de titânio. Este conjunto foi ensaiado em

solução fluoretada (Figura 94). Ao analisar os resultados referentes à liberação de

íons, foi possível confirmar a indicação da microscopia ótica (Figura 94), pois os

aparelhos que tiveram bráquetes de titânio empregados, mesmo ensaiados em saliva

artificial fluoretada, apresentaram a menor taxa de liberação de íons para o Cr, Ni e Ti.

A B C

Figura 94 – Microscopia ótica dos aparelhos ortodônticos de


titânio ensaiados em saliva artificial com flúor
A, B e C. tubo de aço inoxidável fixado à banda molar e arco
de aço inoxidável pré-contornado ensaiados em saliva
artificial com flúor.

195
A B C

D E F

G H I

Figura 95 – Microscopia ótica dos aparelhos ortodônticos com


bráquetes de aço inoxidável em saliva artificial com
e sem flúor e seus respectivos arcos ortodônticos
A. aço inoxidável pré-contornado sem flúor;
B. aço inoxidável pré-contornado com flúor;
C. CrNi sem flúor; D. CrNi com flúor;
E. NiTi SE sem flúor; F. NiTi SE com flúor;
G. NiTi TA sem flúor; H. NiTi TA com flúor;
I. titânio-beta sem flúor e J. titânio-beta com flúor.

196
4.8. Avaliação da superfície dos arcos ortodônticos em MEV

4.8.1. Aço inoxidável pré-contornado

As fotografias obtidas em MEV ilustradas na Figura 96 permitem observar

que mesmo na condição conforme recebido do fabricante (Figura 96A), o arco

ortodôntico de aço inoxidável pré-contornado apresenta-se com ranhuras e trincas que

podem ser consideradas como irregularidades no acabamento de superfície. Nas

fotografias dos arcos submetidos a ensaios, Figura 96 de B a G é possível observar

que as irregularidades no acabamento de superfície persistem, porém em algumas

delas percebe-se a adesão de agregados na superfície da liga, o que está mais

evidente na letra G.

A B C D

E F G

Figura 96 – Microscopia eletrônica de varredura para a liga de


aço inoxidável pré-contornado, aumento 500X.
A. liga não ensaiada; B. ensaio 1 sem flúor; C. ensaio 1 com
flúor; D. ensaio 2 sem flúor; E. ensaio 2 com flúor; F. ensaio 3
sem flúor e G. ensaio 3 com flúor.

197
4.8.2. Liga de cromo-níquel

As fotografias obtidas em MEV ilustradas na Figura 97 permitem observar

que mesmo na condição conforme recebido do fabricante (A), o arco ortodôntico de

CrNi apresenta-se com ranhuras, pequenas cavidades que podem ser consideradas

como irregularidades no acabamento de superfície, bem como impurezas agregadas

na superfície. Nas fotografias dos arcos submetidos a ensaios, Figura 97 de B a G,

nota-se que as irregularidades de superfície persistem, havendo também adesão de

agregados na superfície da liga (letras: C, D, E e G).

A B C D

E F G

Figura 97 – Microscopia eletrônica de varredura para a liga de


CrNi, aumento 500X.
A. liga não ensaiada; B. ensaio 1 sem flúor; C. ensaio 1 com
flúor; D. ensaio 2 sem flúor; E. ensaio 2 com flúor; F. ensaio 3
sem flúor e G. ensaio 3 com flúor.

198
4.8.3. Liga de NiTi superelástico

As fotografias obtidas em MEV ilustradas na Figura 98 permitem observar

que mesmo na condição conforme recebido do fabricante (A), o arco ortodôntico de

NiTi superelástico apresenta-se com ranhuras e pequenas cavidades que podem ser

consideradas como irregularidades no acabamento de superfície. Nas fotografias dos

arcos submetidos a ensaios, Figura 98 de B a G, nota-se que as irregularidades de

superfície persistem, havendo também maior adesão de agregados na superfície da

liga (D) e alteração de coloração com poucos agregados na Figura 98, letras C, E, F e

G.

A B C D

E F G

Figura 98 – Microscopia eletrônica de varredura para a liga de


NiTi superelástico, aumento 500X.
A. liga não ensaiada; B. ensaio 1 sem flúor; C. ensaio 1 com
flúor; D. ensaio 2 sem flúor; E. ensaio 2 com flúor; F. ensaio 3
sem flúor e G. ensaio 3 com flúor.

199
4.8.4. Liga de NiTi termoativado

As fotografias obtidas em MEV ilustradas na Figura 99 permitem observar

que mesmo na condição conforme recebido do fabricante (A), o arco ortodôntico de

NiTi termoativado apresenta-se com ranhuras que podem ser consideradas como

irregularidades no acabamento na superfície, além de alterações de coloração em

algumas regiões. Nas fotografias dos arcos submetidos a ensaios, Figura 99 de B a G,

nota-se que as irregularidades de superfície e alterações de cor persistem. A Figura 99

letra C apresenta uma linha espessa de alteração de cor no sentido vertical, ao longo

da fotografia. Uma ranhura também no sentido vertical pode ser visualizada na Figura

99 letra E. As demais Figuras apresentam poucos agregados e alterações de cor em

pequenas regiões espalhadas nas fotografias.

A B C D

E F G

Figura 99 – Microscopia eletrônica de varredura para a liga de


NiTi termoativado, aumento 500X.
A. liga não ensaiada; B. ensaio 1 sem flúor; C. ensaio 1 com flúor; D. ensaio 2
sem flúor; E. ensaio 2 com flúor; F. ensaio 3 sem flúor e G. ensaio 3 com flúor.

200
4.8.5. Liga de titânio-beta (TMA)

As fotografias obtidas em MEV ilustradas na Figura 100 permitem observar

que mesmo na condição conforme recebido do fabricante (A), o arco ortodôntico de

titânio-beta (TMA) apresenta-se com um aspecto de rugosidade, caracterizada por

sulcos orientados longitudinalmente, provenientes provavelmente de seu processo de

conformação mecânica. Nas fotografias dos arcos submetidos a ensaios, Figura 100

de E a G, é possível observar a presença de agregados na superfície. Já as

fotografias da Figura 100 de B a D, visualiza-se estrutura semelhante àquela

observada na liga não ensaiada.

A B C D

E F G

Figura 100 – Microscopia eletrônica de varredura para a liga de


titânio-beta (TMA), aumento 500X.
Aumento 500X. A. liga não ensaiada; B. ensaio 1 sem flúor;
C. ensaio 1 com flúor; D. ensaio 2 sem flúor;
E. ensaio 2 com flúor; F. ensaio 3 sem flúor e G. ensaio 3
com flúor.

201
4.9. Avaliação da superfície dos bráquetes ortodônticos em MEV

4.9.1. Bráquete de aço inoxidável

As fotografias obtidas em MEV com vários aumentos ilustradas na

Figura 101 permitem observar que nos bráquetes submetidos a ensaios, Figura 101 de

A à O, é possível observar irregularidades no acabamento de superfície (ranhura,

trinca), agregados e manchas.

A B C D

E F G H

I J K L

M N O

Figura 101 – Microscopia eletrônica de varredura para bráquetes de aço


inoxidável com vários aumentos, em saliva artificial com e sem flúor
A. aço ensaiado sem flúor 1k; B. aço ensaiado sem flúor 1k; C. aço ensaiado sem flúor 1k;
D. aço ensaiado sem flúor 1k; E. aço ensaiado sem flúor 1k; F. aço ensaiado sem flúor 1k;
G. aço ensaiado sem flúor 3k; H. aço ensaiado sem flúor 3k; I. aço ensaiado com flúor 500X;
J. aço ensaiado com flúor 500x; K. aço ensaiado com flúor 500x; L. aço ensaiado com flúor 1k;
M. aço ensaiado com flúor 1k; N. aço ensaiado com flúor 1k; O. aço ensaiado com flúor 3k.

202
4.9.2. Bráquete de titânio

As fotografias obtidas em MEV com vários aumentos ilustradas na

Figura 102 permitem observar que mesmo na condição conforme recebido do

fabricante (Figura 102 de A a C), o bráquete de titânio apresenta-se com

irregularidades no acabamento de superfície (ranhuras, trincas), além da presença de

manchas (Figura 102C). Nas fotografias dos bráquetes submetidos a ensaios, Figura

102 de D a F, irregularidades no acabamento de superfície (ranhura, trinca),

agregados e manchas podem ser identificados.

A B C

D E F

Figura 102 – Microscopia eletrônica de varredura para


bráquetes titânio com vários aumentos, em saliva
artificial com flúor
A. titânio ensaiado com flúor 500X
B. titânio ensaiado com flúor 1K
C. titânio ensaiado com flúor 1K
D. titânio ensaiado com flúor 1k
E. titânio ensaiado com flúor 3k
F. titânio ensaiado com flúor 3k

203
5. Discussão

Para melhor compreender os resultados encontrados nesta pesquisa, foi

realizada o EDS (Espectrometria de Energia Dispersiva), avaliação que informa o

conteúdo do material submetido a análise, pois os fabricantes dos materiais utilizados

nesta investigação não informam, com precisão, na embalagem dos mesmos, sua

composição. Por exemplo: normalmente os aços inoxidáveis utilizados em Ortodontia

são aços austeníticos, sendo encontrado neste tipo de liga a presença de níquel.

Devido à ocorrência de alergia a este metal em alguns pacientes, hoje em dia,

estariam disponíveis comercialmente aços inoxidáveis sem a presença de níquel na

sua composição. Isto reforça a necessidade de se especificar os materiais com maior

rigor.

A análise de EDS dos arcos ortodônticos de aço inoxidável pré-

contornados não submetidos a ensaio permite observar além da presença dos

constituintes de uma liga de aço inoxidável segundo citado por O’BRIEN (1997),

BRANTLEY e ELIADES (2001) na página 32, os elementos Si e S (Figura 35 – página

152). Estes elementos podem estar contidos no aço (ASM INTERNATIONAL

HANDBOOK COMMITTEE 1987) como elementos residuais, principalmente

incorporados a inclusões. Os arcos ortodônticos de aço inoxidável ensaiados não

apresentaram componentes extras ao encontrado no mesmo tipo de arco disponível

comercialmente.

Para a liga de CrNi, considerando a composição citada por O’BRIEN

(1997), BRANTLEY e ELIADES (2001) na página 32, além dos elementos constituintes

da liga, foi evidenciada a presença de O, Al e Si na análise de EDS da liga não

ensaiada. O alumínio presente nesta análise é atribuído à base para fixação dos

materiais que foram levados para análise em microscopia eletrônica. Conforme citado

por ASM INTERNATIONAL HANDBOOK COMMITTEE (1987) o Si pode estar

presente em um aço como elemento residual, principalmente incorporado a inclusões.

O K (Figura 39 – página 154 e Figura 40 – página 155) e Ca (Figura 40 – página 155)

204
presentes na análise de EDS, apesar de não serem constituintes da liga avaliada,

provavelmente são oriundos da saliva sintética, uma vez que agregados na superfície

das ligas decorrentes das condições do acabamento de superfície foram identificados

(Figura 97 – página 198). Já o Mn (Figura 37 – página 153), o Br (Figura 38 – página

154) e o Mg (Figura 40 – página 155), não são constituintes dessa liga. Considerando

que para realizar a análise por EDS é preciso delimitar uma área específica da liga

avaliada, é necessário, dessa forma, realizar outras leituras em EDS. Seria

interessante realizar análise química por via úmida caso se pretenda determinar com

maior precisão a composição efetiva das ligas estudadas.

Na análise de EDS da liga de NiTi superelástico, os elementos

predominantes são o Ni e o Ti, o que foi verificado no arco ortodôntico não submetido

a ensaio. Avaliando a literatura disponível, O’BRIEN (1997), BRANTLEY e ELIADES

(2001) na página 58 citam a presença de Cu e outros elementos como partes da

composição geral deste tipo de liga. Na Figura 42 (página 156) o Ca, o C e o Cl

encontrados podem ser relacionados aos constituintes da saliva artificial utilizada, uma

vez que agregados foram encontrados na superfície das ligas ensaiadas, devido às

suas condições no acabamento da superfície (Figura 98 – página 199). Para

confirmar, com precisão, a presença do Si, assim como sugerido para a liga de CrNi,

novas leituras em EDS e análise química por via úmida devem ser realizadas.

Ao avaliar em EDS a liga de NiTi termoativado foi possível constatar

somente a presença dos elementos citados por O’BRIEN (1997), BRANTLEY e

ELIADES (2001) como constituintes dessa liga (página 58). O C presente na Figura 44

(página 158) provavelmente é proveniente de agregados encontrados na superfície

das ligas ensaiadas, devido às condições no acabamento de superfície (Figura 98 –

página 199).

A liga de titânio-beta (TMA) não ensaiada quando submetida a análise por

EDS apresentou o pico do S/Mo que se sobrepõe. É possível considerar que o

elemento presente é o Mo, uma vez que é relacionado por O’BRIEN (1997),

205
BRANTLEY e ELIADES (2001) na página 52, como um dos constituinte desse tipo de

liga. Além dos elementos constituintes dessa liga, vários outros foram identificados,

como pode ser verificado nas análises para os arcos titânio-beta (TMA) ensaiados

disponíveis da Figura 46 (página 159) à Figura 51 (página 162). O pico S/Mo foi

observado em todas as análises de EDS visualizadas nas Figuras 46 (página 159) e

51 (página 162). Além dos elemento citado por O’BRIEN (1997), BRANTLEY e

ELIADES (2001) na página 54 como constituinte de um arco ortodôntico de titânio-

beta, outros elementos não citados como Ca, Cr, C, Fe, N, O e o Na foram

identificados. Possivelmente o Ca, C, N e o Na são oriundos da saliva artificial, uma

vez que agregados foram identificados na superfície desta liga, decorrentes das

condições no acabamento de superfície. Já o Cr, Fe e o O provavelmente estão

presentes devido à presença de agregados na superfície da liga oriundos da corrosão

identificada nos pontos de solda do aparelho ortodôntico (Figura 95 – página 196). É

importante ressaltar que segundo GOLDBERG e BURSTONE (1979) o Cr e o Fe

podem estar incorporados na liga de titânio-beta (TMA) com o objetivo de torná-la

meta-estável à temperatura ambiente.

Ao considerar as curvas de polarização dos materiais metálicos utilizados

em aparelhos ortodônticos ensaiados em saliva artificial sem fluoreto, foi possível

observar que em relação aos corpos de prova de aço inoxidável 304 e 316L

(Figura 69 – página 173), o aço 304 apresentou resistência à corrosão por pite

levemente superior ao aço 316L (Figura 103 – página 207). É provável que o aço 304

tenha sido passivado previamente, o que pode ser comprovado nas Figuras 104

(polarização do aço inoxidável reto) e 105 (polarização do aço inoxidável reto polido)

na página 208, o que comprova passivação prévia. Na composição do aço 316L o Mo

presente como constituinte desta liga lhe confere uma maior resistência à corrosão

quando comparado com o aço 304, o que não foi verificado aqui. A mesma condição

pode ser visualizada para os arcos ortodônticos pré-contornados de aço inoxidável

(Figura 69 – página 173), onde os potenciais de pite para estas ligas estão bem

206
superiores aos verificados para os corpos de prova tanto para o aço 304 quanto para o

aço 316L, sugerindo também uma passivação prévia (Figura 103).

2500 2500
aço inoxidável 304
aço inoxidável 316L
2000 Ti puro 2000
aço pré-contornado
1500 CrNi 1500
Potencial (mV)ECS

NiTi superelástico
NiTi termoativado
1000 1000
Ti-beta

500 500

0 0

-500 -500

0,1 1 10 100
2
Densidade de corrente (µA/cm )

Figura 103 – Média das curvas de polarização para os corpos de


prova e as diversas ligas ensaidos em saliva
artificial sem flúor

207
1200 1200

1000 1000
Potencial (mV)ECS

800 800

Aço Inoxidável Reto (01)


600 600
Aço Inoxidável Reto (02)
Aço Inoxidável Reto (03)
Aço Inoxidável Reto (04)
400 400
1 10 100
2
Densidade de corrente (µA/cm )

Figura 104 – Curvas de polarização para os fios de aço


inoxidável reto ensaidos em saliva artificial sem
flúor

600 600

500 500
Potencial (mV)ECS

400 400

300 300

200 200

100 100
Aço Inoxidável Reto Polido (01)
0 Aço Inoxidável Reto Polido (02) 0
Aço Inoxidável Reto Polido (03)
-100 -100
0,1 1 10 100
2
Densidade de corrente (µA/cm )

Figura 105 – Curvas de polarização para os fios de aço


inoxidável reto polidos ensaidos em saliva artificial
sem flúor

208
A liga de cromo-níquel (Figura 103 – página 207) apresentou um potencial

de pite mais elevado ainda, se comparada com os corpos-de-prova de aço inoxidável

304 e 316L, bem como com o arco ortodôntico de aço inoxidável pré-contornado. Por

ser um comportamento diferente do esperado para uma liga de aço inoxidável, é

possível que esta liga de CrNi tenha sido também previamente passivada. Foi

verificado também que no corpo de prova de titânio puro e em todas as ligas onde o

titânio estava presente (níquel-titânio superelástico e termoativado, titânio-beta)

mostraram-se mais resistentes entre todos os arcos ortodônticos avaliados, uma vez

que apresentaram o maior domínio de passivação (Figura 103 – página 207). Este

resultado está de acordo com LAUSMAA, KASEMO et al. (1985), PROBSTER, LIN et

al. (1992) e RONDELLI (1996) que reportaram a excelente resistência à corrosão do

titânio em soluções teste variadas, incluindo saliva artificial. Em 2003 AZEVEDO

acrescentou que dependendo do material, a resistência à corrosão é diferenciada,

mesmo se for considerado fios de NiTi em proporção equiatômica, sendo o fator

determinante para essa diferenciação o acabamento de superfície. Já SARKAR,

REDMOND et al. (1979) não estão de acordo com o resultado encontrado nesta

pesquisa, pois afirmaram que o fio de níquel-titânio exibe maior tendência a sofrer

corrosão do que o fio de aço inoxidável observado durante a dissolução anódica. A

liga de NiTi superelástico e o Ti-beta não apresentaram quebra do filme passivo. O

mesmo não foi verificado para a liga de NiTi termoativado. SARKAR e

SCHWANINGER (1980) observaram numerosas crateras de corrosão entremeadas

com produtos de corrosão; EDIE e ANDREASEN (1980) também observaram

pequenas fissuras na superfície externa do fio de níquel-titânio (Nitinol) após utilização

clínica. Apesar da identificação de irregularidades no acabamento de superfície em

todas as ligas avaliadas, foi possível constatar que as mesmas apresentaram grande

resistência ao processo corrosivo, devido aos elevados valores de potencial com maior

densidade de corrente registrados nesta investigação (Figura 71 – página 174 e Figura

73 – página 176).

209
Levando em consideração os mesmos materiais ensaiados em saliva

artificial na presença do íon flúor, de uma maneira geral, foi possível observar o

mesmo verificado na saliva artificial sem flúor: leve predomínio da resistência à

corrosão por pite do aço 304 em relação ao aço 316L (Figura 106); a mesma condição

pode ser visualizada também para os arcos ortodônticos pré-contornados de aço

inoxidável, onde os potenciais de pite para estas ligas estão bem superiores aos

verificados para os corpos de prova tanto para o aço 304 quanto para o aço 316L. É

possível supor que estes materiais tenham sido passivados previamente, como pode

ser comprovado na avaliação das Figuras 107 e 108 na página 211.

2500 2500
aço inoxidável 304
aço inoxidável 316L
2000 Ti puro 2000
aço pré-contornado
1500 CrNi 1500
Potencial (mV)ECS

NiTi superelástico
NiTi termoativado
1000 1000
Ti-beta

500 500

0 0

-500 -500

0,1 1 10 100
2
Densidade de corrente (µA/cm )

Figura 106 – Média das curvas de polarização para os corpos de


prova e as diversas ligas ensaidos em saliva
artificial com flúor

210
1200 1200

1000 1000
Potencial (mV)ECS

800 800

600 600

400 400
Aço Inoxidável Reto + NaF (01)
200 Aço Inoxidável Reto + NaF (02) 200

Aço Inoxidável Reto + NaF (03)


0 0
0,1 1 10 100
2
Densidade de corrente (µA/cm )

Figura 107 – Curvas de polarização para os fios de aço


inoxidável reto ensaidos em saliva artificial com
flúor

600 600

400 400
Potencial (mV)ECS

200 200

0 0

Aço Inox Reto Polido + NaF (01)


-200 Aço Inox Reto Polido + NaF (02) -200
Aço Inox Reto Polido + NaF (03)

0,1 1 10 100
2
Densidade de corrente (µA/cm )

Figura 108 – Curvas de polarização para os fios de aço


inoxidável reto polidos ensaidos em saliva artificial
com flúor

211
As demais ligas em que o Ti estava presente (níquel-titânio superelástico e

termoativado, titânio-beta), assim como verificado na saliva artificial sem flúor,

mostraram-se mais resistentes entre todos os arcos ortodônticos avaliados, uma vez

que apresentaram o maior domínio de passivação (Figura 106 – página 210). O titânio

puro e o Ti-beta não apresentaram quebra do filme passivo, caracterizando um maior

domínio de passivação (Figura 106 – página 210), apesar do Ti-beta em solução

fluoretada apresentar o ECORR inferior àquele registrado quando esta mesma liga foi

avaliada em saliva artificial sem flúor (Figura 103 – página 207 e Figura 106 – página

210). Isto provavelmente foi devido à excelente resistência do filme de óxido protetor

que se forma na superfície das ligas em que o Ti está presente, garantindo-lhes

resistência ao processo corrosivo.

Nas ligas ensaiadas em saliva fluoretada também foram identificadas

irregularidades no acabamento de superfície, porém não foi possível constatar

presença de processo corrosivo. Apesar de ser conhecido que o Ti quando em

presença do íon fluoreto, especialmente em presença de soluções fluoretadas e

fluoretadas aciduladas (PRÖBSTER, LIN et al., 1992; TOUMELIN-CHEMLA,

ROUELLE et al., 1996; RONDELLI, VINCENTINI, 1999; CONZ, SOARES et al., 2002;

SCHIFF, GROSGOGEAT et al., 2002) apresenta-se susceptível à corrosão, nesta

pesquisa isto não pôde ser comprovado, o que confere às ligas onde o Ti está

presente como um dos seus constituintes, uma excelente resistência à corrosão, pelo

menos na concentração de íon fluoreto utilizada.

A diferença de potencial entre os diversos materiais metálicos observada

em uma série eletroquímica (Tabela 26 – página 105), pode levar a ocorrência de

corrosão por eletrogalvanismo, caso um dos materiais não sofra passivação no meio

em que ele for empregado. Analisando a possibilidade de ocorrer corrosão galvânica,

os materiais avaliados, utilizados em um aparelho ortodôntico, que apresentaram

maior diferença do potencial de corrosão foram submetidos a ensaios de polarização

212
anódica. Tanto para a saliva artificial sem flúor quanto para a saliva fluoretada, a liga

de cromo-níquel e o titânio puro constituíram o par galvânico avaliado.

Na saliva sem fluoreto, a maior densidade de corrente registrada, quando

da quebra do filme de passivação para a liga de CrNi foi de 90µA (Figura 70 –

página 174) e o potencial relativo ao domínio de passivação para esta mesma liga

correspondeu a uma variação de 680 a 940 mV (Figura 71 – página 174). Ao avaliar a

saliva com fluoreto, a maior densidade de corrente registrada na quebra do filme de

passivação para a liga de CrNi foi de 210µA (Figura 72 – página 175) e o potencial

relativo ao domínio de passivação para esta mesma liga correspondeu a 1130mV

(Figura 73 – página 176). Para uma maior precisão dos resultados, estes pares

galvânicos foram então submetidos a ensaios para avaliar a corrente em função do

tempo. Somente na saliva artificial fluoretada foi observado aumento abrupto de

corrente no início do experimento, atingindo um valor de 47µA (Figura 74 –

página 177). Este aumento provavelmente foi devido ao fato do titânio puro ser reativo

ao íon fluoreto, porém ao final do experimento, baixos valores de corrente foram

registrados, tanto na saliva sem flúor quanto naquela em que o fluoreto estava

presente, indicando, dessa forma, o estado passivo das ligas constituintes do par

galvânico. Este resultado não está de acordo com RECLARU e MEYER (1995) que

avaliando correntes galvânicas de cada liga quando em contato com o titânio por um

período de 24 horas, observaram que em meio fluoretado os valores encontrados

foram de 10 a 100 vezes mais elevados. Relataram ainda que a diferença de potencial

resultando em eletrogalvanismo resulta em corrosão localizada (corrosão por pite e

crévice).

Considerando as curvas de polarização dos experimentos realizados em

saliva artificial sem flúor foi possível visualizar o potencial relativo aos maiores valores

de corrente no domínio de passivação (Figura 71 – página 174). Colocando os

materiais ensaiados neste meio em ordem decrescente em relação a sua resistência à

213
corrosão, tem-se: Ti puro = TMA > NiTi termoativado > NiTi superelástico > CrNi > aço

pré-contornado > aço inoxidável 304 = aço inoxidável 316L. Considerando os mesmos

materiais em saliva com flúor, o potencial relativo aos maiores valores de corrente no

domínio de passivação podem ser visualizados na Figura 72 (página 175). Colocando

estes materiais em ordem decrescente em relação a sua resistência à corrosão, é

possível notar: Ti puro = TMA > NiTi termoativado = NiTi superelástico > CrNi > aço

pré-contornado > aço inoxidável 304 > aço inoxidável 316L.

Os resultados obtidos com os materiais constituintes de um aparelho

ortodôntico avaliados na presente pesquisa permitem descartar a possibilidade de

ocorrer corrosão galvânica em aparelhos ortodônticos, na condição aqui estudada,

pois apesar da diferença de potencial apresentada pelos materiais, eles mostraram-se

passivos. É importante ressaltar que além da diferença de potencial ser o fator

determinante para que este tipo de corrosão possa ocorrer, é necessário considerar

também a elevada resistência de polarização apresentada pelos metais aqui

estudados, uma vez que todos apresentaram estabilidade em relação à passivação. É

importante ressaltar que é necessário realizar investigações clínicas para certificar que

o mesmo possa acontecer, pois no meio bucal, uma variedade de condições aqui

nesta pesquisa não incluídas, estão presentes. Como exemplo é possível citar: a

presença de proteínas e bactérias, além da intensidade do fluxo salivar, entre outros.

Conforme dito anteriormente, na montagem de um aparelho ortodôntico

fixo, uma diversidade de materiais pode ser utilizada. Se os valores de potencial dos

materiais considerados forem muito discrepantes e, caso não haja passivação de uma

determinada liga, pode ocorrer transferência de elétrons entre os metais, resultando no

processo corrosivo por eletrogalvanismo. Para avaliar a resistência à corrosão de

aparelhos ortodônticos fixos, seis conjuntos de aparelhos foram montados e

submetidos à polarização anódica, três em saliva artificial sem flúor e os outros três

em saliva com fluoreto. Na avaliação dos ensaios de polarização anódica de um

aparelho ortodôntico, não foi possível obter os resultados em densidade de corrente,

214
uma vez que a área do aparelho não pôde ser determinada em função da forma

geométrica complexa dos bráquetes. Neste contexto, o que foi possível quantificar foi

a corrente e esta se apresentou muito mais elevada nos aparelhos ortodônticos fixos

avaliados do que nos materiais individuais considerados como constituintes de um

aparelho, ultrapassando em todos os casos 100µA (Figura 75 – página 178 e

Figura 77 – página 180). Comparando os valores de corrente encontrados nos

aparelhos ensaiados em saliva com flúor com aqueles ensaiados em saliva sem flúor é

possível verificar que estes últimos apresentaram os maiores valores de corrente. É

provável que isto tenha ocorrido devido ao íon cloreto ser predominante na saliva sem

flúor e conseqüentemente ser mais agressivo do que o íon fluoreto, pelo menos nas

ligas avaliadas nesta pesquisa. Apesar de ser conhecido que o titânio em presença do

íon fluoreto mostra-se susceptível ao processo corrosivo, mesmo nas ligas em que o

titânio estava presente não foram registrados valores discrepantes de corrente,

segundo observado nos experimentos realizados em saliva com flúor, o que

caracterizaria um processo corrosivo mais agressivo. Após avaliação em microscopia

ótica e eletrônica de varredura dos materiais que constituíram os aparelhos

ortodônticos foi possível constatar que tanto nos aparelhos ensaiados em saliva com

flúor quanto naqueles ensaiados em saliva sem flúor, o processo de corrosão foi

identificado somente na região em que foi realizada soldagem a ponto com eletrodos

de cobre. Esta verificação é corroborada por TOMS (1988) que afirmou ser o aço

inoxidável não totalmente resistente à corrosão, já que uma de suas susceptibilidades

é devida a uniões por soldagem que atuam como pares galvânicos.

Esse processo de corrosão localizado preferencialmente nas junções por

solda poderia ser atribuído a:

- efeito galvânico local ocasionado por diferenças entre os potenciais

eletroquímicos dos materiais constituintes da solda, e

- efeito de sensitização do aço inoxidável austenítico levando a uma corrosão

localizada de morfologia intergranular.

215
Uma definição do mecanismo básico da corrosão nas soldas, contudo, dependeria de

análises complementares que iriam além do escopo do presente trabalho.

Considerando o primeiro ensaio de polarização anódica em saliva artificial

sem flúor das diferentes ligas avaliadas nos aparelhos ortodônticos, é possível

observar nos experimentos onde as curvas de polarização foram obtidas (Figura 74 –

página 178) que desde o potencial de corrosão até o valor em que ocorreu aumento

de corrente onde o ensaio foi interrompido, a faixa de variação de potencial

correspondeu apenas a 150 mV. Nos ensaios 2 e 3 em saliva sem flúor, ficou

registrado a curva corrente X tempo para cada tipo de liga constituinte do aparelho.

Em todos os experimentos destes blocos (ensaios 2 e 3), foi observado um aumento

inicial de corrente (da Figura 79 – página 183 à Figura 83 – página 185) que com o

tempo tendeu a decrescer, caracterizando, dessa forma, atenuação do processo

corrosivo. Exceção a esta condição pode ser verificada no ensaio 3 da liga de CrNi

(curva B da Figura 80 – página 183), ensaio 2 do NiTi termoativado (curva A da Figura

82 – página 184) e ensaio 2 do Ti-beta (curva A da Figura 83 – página 185).

A liga de CrNi apresentou, ao longo do ensaio em saliva sem fluoreto, uma

tendência a manter o valor de corrente inicialmente atingido (curva B da Figura 80 –

página 183). Porém ao considerar os resultados relativos à liberação de íons é

possível observar que os valores encontrados de íons Cr e Ti foram inferiores ao limite

de detecção do aparelho; já em relação ao íon Ni, sua concentração

(34 ng/g – ensaio 3) foi inferior ao encontrado para essa mesma liga nos experimentos

1 (46 ng/g) e 2 (125 ng/g). Em relação ao NiTi termoativado (curva A da Figura 82 –

página 184), após pequena redução no valor de corrente, curva ascendente voltou a

ser registrada. O aparelho em que a liga NiTi termoativado foi utilizada como arco

ortodôntico, apresentou a maior quantidade de íons Ni liberada (147 ng/g). Já para o

arco Ti-beta (curva A da Figura 83 – página 185) houve aumento de corrente durante

todo o experimento. Esta liga apresentou a maior quantidade de íons Cr liberada (122

ng/g). As demais ligas avaliadas em saliva artificial sem flúor apresentaram registros

216
de íons Cr e Ni inferiores aos anteriormente citados. Apesar de serem identificados

valores de íons liberados superiores a 100 ng/g, como pode ser verificado acima,

estes valores acumulados são inferiores àqueles ingeridos diariamente por uma

pessoa, em torno de 200 a 300 µg de Ni (BARCELOUX, 1999) e de 50 a 200 µg de Cr

(ANDERSON, 1986 apud AGAOGLU, ARUN et al., 2001).

Nos experimentos em que aparelhos ortodônticos foram avaliados em

saliva com fluoreto, a variação do potencial de corrosão, desde o ECORR estabelecido

até o valor em que ocorreu aumento de corrente onde o ensaio foi interrompido,

correspondeu apenas a 130 mV. Nos ensaios 2 e 3 da saliva fluoretada, ficou

registrado a curva corrente X tempo para cada tipo de liga constituinte do aparelho.

Em todos os experimentos destes blocos (ensaios 2 e 3), foi observado aumento inicial

de corrente (Figura 84 – página 186 à Figura 88 – página 188) que com o tempo

tendeu a decrescer. Em relação à saliva artificial sem flúor, houve discreta diferença

uma vez que nem todos os ensaios apresentaram tendência da corrente decrescer, o

que possivelmente pode estar relacionado à presença do íon cloreto na saliva artificial

sem fluoreto, que nesta pesquisa mostrou ser mais agressivo do que o íon fluoreto,

principalmente se for considerado a presença do Ti em algumas ligas, uma vez que

este metal é susceptível ao ataque corrosivo quando em presença do flúor.

Considerando os resultados relativos à liberação de íons em saliva artificial

fluoretada, é possível observar que o maior valor de íons Cr registrado foi no

experimento 3 para a liga de aço inoxidável pré-contornado (14 ng/g) e o maior valor

de íons Ni foi registrado para o experimento 3 da liga de NiTi superelástico

(107 ng/g), valores estes inferiores àqueles consumidos diariamente por meio da dieta

(BARCELOUX, 1999; ANDERSON, 1986 apud AGAOGLU, ARUN et al., 2001). As

demais ligas avaliadas em saliva artificial com flúor apresentaram registros de íons Cr

e Ni inferiores aos anteriormente citados.

Ao avaliar os resultados referentes à liberação de íons Ti, os seis grupos

de aparelhos ortodônticos onde bráquetes de aço inoxidável foram utilizados (três

217
avaliados em saliva sem fluoreto e três em saliva fluoretada), é possível verificar que

os valores encontrados em todos os aparelhos estiveram dentro do limite de detecção

da técnica utilizada (< 50 – Tabela 33, página 190; curva A da Figura 90 – página 191

à curva B da Figura 92 – página 193). Sob análise em microscopia ótica todos os

aparelhos avaliados apresentaram corrosão apenas na região em que o tubo terminal

(aço inoxidável) foi unido à banda (aço inoxidável) por solda a ponto com eletrodo de

cobre (Figura 95 – página 196). Este resultado está de acordo com o encontrado por

PACHECO (1995) que avaliou fios de aço inoxidável unidos por solda a ponto em

curvas de polarização anódica. Com relação aos testes de citotoxidade rotineira e, em

particular, na avaliação das funções celulares mais expressivas na determinação de

efeitos inflamatórios e na integridade da célula, ROCHER, MEDAWAR et al. (2004)

confirmaram que o Ni além de sofrer corrosão é um material citotóxico. Mediante a

comprovação da corrosão na região de solda a ponto, é necessário investigar novas

possibilidades de reduzir a deterioração das regiões de solda, tornando mais seguro a

terapia ortodôntica em relação aos pacientes que particularmente apresentam

sensibilidade ao Ni. Como pôde ser observado nesta investigação, a ocorrência de

corrosão na região de solda a ponto foi responsável pela liberação de íons Ni dos

aparelhos ortodônticos avaliados.

Em relação ao aparelho de Ti avaliado com o arco ortodôntico de aço

inoxidável, dois ensaios corrente X tempo foram realizados. Para isso, dois aparelhos

ortodônticos com bráquetes de Ti do segundo pré-molar direito ao segundo

pré-molar esquerdo foram utilizados. Os primeiros molares, direito e esquerdo, foram

cimentados com bandas de aço inoxidável que tiveram o tubo terminal também de aço

inoxidável unido à banda por solda a ponto. Os arcos ortodônticos utilizados neste

ensaio foram de aço inoxidável para evitar maior diversidade de materiais. O primeiro

ensaio registrou uma curva ascendente (curva A da Figura 89 – página 189), enquanto

no segundo ensaio, durante a primeira hora, a corrente assumiu uma curva

decrescente e a partir de então, houve um pico de corrente e deste ponto até o final do

218
experimento a curva mostrou uma tendência ascendente (curva B da Figura 89 –

página 189).

Ao considerar os resultados referentes à liberação de íons em aparelhos

de titânio, os valores encontrados para os diferentes íons avaliados nesta pesquisa

(Cr, Ni e Ti) nos dois aparelhos submetidos a ensaios estiveram dentro do limite de

detecção da técnica utilizada (Tabela 33, página 190). Este resultado corrobora com

os relatos de LAUSMAA, KASEMO et al. (1985), PROBSTER, LIN et al. (1992),

RONDELLI (1996) e NAKAGAWA, MATSUYA et al. (1999) que reportaram a excelente

resistência do titânio à corrosão em soluções teste variadas. Apesar dos aparelhos em

que bráquetes de titânio foram utilizados também apresentarem corrosão na região de

solda a ponto, como ocorreu nos aparelhos onde bráquetes de aço inoxidável foram

utilizados, os aparelhos com bráquetes de titânio (Figura 94 – página 195)

apresentaram menor ataque corrosivo quando comparados com os aparelhos de aço

inoxidável (Figura 95 – página 196), confirmando assim novamente excelência do

titânio em relação à resistência ao processo corrosivo.

Apesar dos bráquetes de titânio e de aço inoxidável (Figuras 31 e 32 –

página 144), assim como os arcos ortodônticos (Figura 30 – página 143) avaliados

nesta investigação apresentarem irregularidades no acabamento de superfície dos

materiais adquiridos comercialmente, não houve qualquer indício de corrosão,

segundo avaliação destes materiais em microscopia ótica e eletrônica de varredura.

Isto veio confirmar o estado passivo das ligas constituintes tanto dos bráquetes quanto

dos arcos ortodônticos frente à saliva artificial utilizada, com ou sem fluoreto, nesta

investigação.

É conhecido que os bráquetes de aço inoxidável são formados por partes

distintas e que entre sua base e a porção em que se encontram as aletas e a ranhura

há uma camada de solda, normalmente à base de prata. Este foi o tipo de bráquete

utilizado neste pesquisa. Apesar dos procedimentos de solda reduzirem a resistência à

corrosão do aço inoxidável devido à quebra do filme de passivação, este filme em

219
pouco tempo será restaurado naturalmente quando exposto ao ar. Isto foi comprovado

nesta pesquisa, uma vez que os bráquetes de aço inoxidável não mostraram indícios

de deterioração pelo processo corrosivo, mesmo apresentando irregularidades no

acabamento de superfície, o que caracterizou o restabelecimento do filme de

passivação.

Em relação aos bráquetes de titânio, os aqui utilizados nos ensaios

eletrolquímicos, são formados em peça única, não havendo, portanto, união por solda.

É conhecido que o titânio é altamente resistente à corrosão e que quando em

presença de íons fluoreto torna-se susceptível ao processo corrosivo. Dessa forma,

era de se esperar alguma deterioração deste material em presença de soluções

fluoretadas, o que não foi verificado nesta investigação, pelo menos na concentração

de flúor utilizada. Apesar das irregularidades encontradas no acabamento de

superfície dos bráquetes de titânio não submetidos a ensaio, o óxido de titânio

formado, provavelmente TiO2, foi suficiente para impedir a ocorrência de reação de

oxi-redução. Tanto os bráquetes de aço inoxidável quanto os de titânio não

apresentaram evidência de deterioração decorrentes da presença do processo

corrosivo, avaliados em microscopia ótica e em microscopia eletrônica de varredura.

Os totais de íons liberados são inferiores aos valores estimados de

absorção diária pela dieta normal. A esse aspecto, soma-se o fato de que a

metodologia de ensaio aqui adotada leva a um processo mais severo de acúmulo de

íons no meio de exposição. No ambiente bucal, verifica-se um processo de renovação

constante da saliva e uma conseqüente diluição em termos de concentração iônica,

diferente do que é observado na exposição direta dos materiais metálicos a um

volume constante de saliva e sob polarização anódica que acelera a dissolução

metálica.

As ligas metálicas utilizadas clinicamente em tratamentos ortodônticos,

avaliadas nesta pesquisa, mostraram-se resistentes ao processo corrosivo. Nem

mesmo a corrosão galvânica dessas ligas foi verificada devido ao seu estado passivo.

220
Quando essas ligas foram avaliadas em um aparelho ortodôntico fixo, novamente

resistência à corrosão foi verificada. O processo corrosivo só foi identificado na região

em que foi utilizado soldagem dos tubos terminais nas bandas molares dos aparelhos

avaliados. Apesar de constatado liberação de íons dos experimentos realizados em

cada conjunto de aparelhos, sua concentração acumulada, em cada ensaio, foi inferior

aos valores consumidos diariamente na dieta.

É importante considerar que os resultados aqui obtidos não podem ser

aplicados irrestritamente na clínica, pois a saliva humana apresenta uma variedade de

condições não consideradas nesta pesquisa, devendo, portanto, serem pontuadas.

Por exemplo, a saliva artificial aqui empregada não possui proteínas em sua

constituição e ainda nem o volume e composição do fluxo salivar dos pacientes é

semelhante para todas as pessoas.

221
6. Conclusão

1. Foi observado corrosão localizada nos corpos de prova de aço inoxidável 304

e 316L, nos arcos ortodônticos de aço inoxidável pré-contornados e na liga

de cromo-níquel na saliva artificial com e sem flúor. As ligas de níquel-titânio

superelástico e termoativada, bem como a de titânio-beta apresentaram-se

passivas, não podendo ser identificado, portanto, corrosão localizada em

saliva artificial com e sem fluoreto.

2. A possibilidade de ocorrer corrosão galvânica nos materiais utilizados em

aparelhos ortodônticos fixos avaliados individualmente, não foi detectada.

Mesmos os materiais que apresentaram maior diferença de potencial não

levaram a incidência de correntes galvânicas expressivas em função da

passivação estável.

3. Os aparelhos ortodônticos fixos apresentaram resistência ao processo

corrosivo, apesar da diversidade de materiais empregados na sua

composição. Nem a corrosão galvânica foi identificada, uma vez que nos

ensaios corrente x tempo foi observado um pico de corrente inicial que com o

tempo tendeu a decrescer, mesmo nas ligas com presença de Ti em saliva

artificial fluoretada.

4. Corrosão foi constatada somente na região onde solda a ponto foi utilizada

para fixar o tubo terminal na banda molar, ambos materiais constituídos de

aço inoxidável.

5. Liberação de íons cromo e níquel foi comprovada nos aparelhos ortodônticos

avaliados, porém a concentração acumulada identificada em cada

experimento esteve abaixo dos valores consumidos diariamente na dieta.

6. O aparelho ortodôntico constituído de bráquetes de titânio, tubo terminal de

aço inoxidável unido à banda por solda a ponto com eletrodo de cobre e arco

ortodôntico de aço inoxidável pré-contornado, foi o conjunto que apresentou

maior resistência ao processo corrosivo. Essa composição também

222
apresentou a menor taxa de íons liberados, podendo, dessa forma,

representar uma alternativa para o tratamento ortodôntico dos pacientes com

comprovada sensibilidade ao níquel.

223
7. Sugestões para trabalhos futuros

1. Avaliar a resistência à corrosão das ligas sem a presença de Ni (nickel free

alloys), determinando-se sua constituição metalúrgica, considerando também a

possibilidade de liberação de íons.

2. Estudar técnicas de melhoria dos procedimentos de soldagem utilizados na

montagem de um aparelho ortodôntico fixo.

3. Avaliar as ligas empregadas nesta pesquisa clinicamente, tanto dos bráquetes

quanto dos arcos ortodônticos.

4. Realizar experimentos nas condições aqui estudadas, adicionando-se tensão e

realizando dobras de compensação nos arcos ortodônticos.

224
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237
9. Glossário

AFM: Microscopia de Força Atômica

AISI: Instituto Americano do Ferro e Aço

ASTM: American Society for Testing and Materials

Bioquímica humoral – Bioquímica relacionada ao desenvolvimento do sistema de

defesa humoral.

Bruxismo - Ato de apertar ou ranger os dentes, com distintos graus de intensidade.

Células apoptóticas - Células em processo de morte celular.

Células de aeração diferencial - Região restrita de uma amostra onde a

concentração de oxigênio difere do restante da amostra.

CoCr: liga de cobalto-cromo

CoCrNi: liga de cobalto-cromo-níquel

Composições binária ou ternária - Composição binária – liga constituída por dois

metais diferentes; Composição ternária – liga constituída por três metais diferentes.

Conformabilidade - Habilidade de se mudar a forma de um material segundo uma

configuração exigida – EVANS E DURNING, 1996.

Crévice ou pite - Tipos de corrosão que podem ocorrer em uma liga metálica.

CuNiTi: liga de cobre-níquel-titânio

Deformação plástica a frio - Operação de conformação de um metal que seja

executada abaixo da temperatura de recristalização do metal.

Desativação - Perda da capacidade do fio de exercer movimentação ortodôntica.

Ductilidade - Representa uma medida do grau de deformação plástica que foi

suportado quando da fratura de um dado material – CALLISTER, 2002.

Dureza do aparelho ortodôntico – Relação entre força solicitante e deformação

resultante de um aparelho ortodôntico. Medida de rigidez do aparelho.

EDS: Espectrometria de Energia Dispersiva

238
Encruamento - Aumento na dureza e na resistência de um metal dúctil à medida que

ele é submetido a uma deformação plástica abaixo da sua temperatura de

recristalização – CALLISTER, 2002.

Extensão de trabalho - Tempo decorrente entre consultas em que o fio ortodôntico

estará dissipando força.

Faixa de ativação - Tempo em que o fio ortodôntico estará ativo dentro da ranhura do

bráquete ortodôntico.

FeCrNi: liga de ferro-cromo-níquel

Filme de passivação – Óxido protetor formado na superfície da liga que lhe confere

um estado de quase imunidade à corrosão (passivação) à liga.

Hialinização - Desaparecimento de células com mudanças na substância intercelular.

Homeostase celular - Estado de equilíbrio celular em relação às suas várias funções

e à sua composição química.

Hospedeiro - Paciente, pessoa que está apresentando a reação imunológica.

Meta-estável: estado de estabilidade relativa, não correspondendo a rigor a uma

condição de estabilidade absoluta sob o ponto de vista termodinâmico.

Metais base – Refere-se aos elementos metálicos que são quimicamente reativos em

seu ambiente.

MEV: Microscopia Eletrônica de Varredura

Módulo de elasticidade - Razão entre a tensão e a deformação quando a

deformação é totalmente elástica; é uma medida de rigidez de um material –

CALLISTER, 2002.

Momento de inércia - Define-se momento de inércia de um objeto em relação a um

eixo como sendo a propriedade do objeto que o faz resistir a uma variação em sua

velocidade angular em relação àquele eixo – KELLER, GETTYS e SKOVE, 1999.

NACE: National Association of Corrosion Engineers

Necrose - Morte, degeneração.

NiCr: liga de níquel-cromo

239
NiTi SE: liga de níquel-titânio superelástico

NiTi TA: liga de níquel-titânio termoativado

NiTi: liga de níquel-titânio

NiTi-A: liga de níquel-titânio austenítico

NiTiCo: liga de níquel-titânio-cobalto

NiTi-M: liga de níquel-titânio martensítico

Nitinol: marca comercial de uma liga de níquel-titânio

Ômegas - Dobras terminais no fio para amarrar o arco ortodôntico.

Osteoblasto - Célula formadora de osso.

Osteoclastos - Macrófagos, freqüentemente multinucleados, responsáveis pela

absorção óssea.

Propriedades - Características de um material expressa em termos da resposta

medida para um estímulo específico que é imposto – CALLISTER, 2002.

Quantidade de trabalho - Período compreendido desde a inserção de um fio

ortodôntico dentro da ranhura de um bráquete, estando ele deflexionado (ativo), até

tornar-se totalmente plano (desativado).

Recuperação elástica - Capacidade de um fio ser deformado sem sofrer deformação

permanente – EVANS e DURNING, 1996.

Resiliência - Capacidade de um material em absorver energia quando deformado

elasticamente.

Restauração MOD - Restauração que abrange as faces mesial, oclusal e distal de um

elemento dentário posterior.

Revenido - Tratamento térmico em que um aço martensítico é aquecido até a uma

temperatura (entre 250 e 650°C) abaixo da temperatura eutetóide durante um intervalo

de tempo específico – CALLISTER, 2002.

Rigidez - Resistência de um elemento (fio) à sua deformação elástica – CALLISTER,

2002. É proporcional ao módulo de elasticidade e à seção transversa do fio.

240
Representa a magnitude de força liberada por um fio para uma dada deflexão –

EVANS e DURNING, 1996.

SCE: Eletrodo de Calomelano Saturado

Sensitização - Tendência à corrosão intergranular causada por precipitação de fases

em contornos de grão.

Técnica Edgewise - Técnica que utiliza bráquetes com encaixe retangular onde

podem ser inseridos fios de secção curcular, quadrada ou retangular.

Temperatura de transição - Aquela variação de temperatura acima da qual a liga

muda de estrutura de martensítica até a fase austenítica – EVANS e DURNING, 1996.

Tempo de trabalho - Período compreendido desde a inserção de um fio ortodôntico

dentro do encaixe de um bráquete, estando ele deflexionado (ativo), até tornar-se

totalmente plano (desativado).

Teste de dobragem a frio - Dobramento a uma temperatura inferior à temperatura de

recristalização.

Ti-β: liga de titânio-beta

TiNb: liga de titânio-nióbio

TMA: liga de titânio-beta, titânio-molibdênio

Trabalho a frio - Deformação plástica produzida abaixo da TR (temperatura de

recristalização).

Twistflex - Marca comercial de um fio de aço inoxidável de três filamentos trançados

um ao redor do outro.

WDS: Espectrometria de Comprimento de Onda Dispersiva

241

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