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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO
ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRÁTICA
REGISTRADO(A) SOB N°

ACÓRDÃO *02813386*

Vistos, relatados e discutidos estes autos de


Apelação n° 992.08.024520-9, da Comarca de Santo
André, em que é apelante TELECOMUNICAÇÕES DE SÃO
PAULO SA TELESP sendo apelado ADEMIR BRAZ DE FRANÇA.

ACORDAM, em 26 a Câmara de Direito Privado do


Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte
decisão: "DERAM PROVIMENTO EM PARTE AO RECURSO. V.
U.", de conformidade com o voto do Relator, que
integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos


Desembargadores FELIPE FERREIRA (Presidente),
ANDREATTA RIZZO E VIANNA COTRIM.

São Paulo, 10 de fevereiro de 2010.

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UjL? W ^
FELIPE FERREIRA
PRESIDENTE E RELATOR
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26a CÂMARA

APELAÇÃO N° 992.08.024520-9

Comarca : Santo André - 5a Vara Cível


Apte : Telecomunicações de São Paulo S/A - TELESP
Apdo : Ademir Braz de França

VOTO N° 19.016

EMENTA: PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. AÇÃO


DECLARATÓRIA C.C. INDENIZAÇÃO. 1. A Indevida
inscrição do nome do consumidor nos cadastros
de proteção ao crédito ultrapassa o mero dissabor,
gerando inconteste abalo moral e justificando a
reparação do dano daí decorrente e oriundo do
agir indiligente da prestadora de serviços. 2. Na
fixação da indenização pelo dano moral cabe ao
juiz nortear-se pelo princípio da razoabilidade,
para não aviltar a pureza essencial do sofrimento,
que é do espírito, evitando a insignificância que o
recrudesce ou o excesso que poderia masoquisá-
lo. 3. O termo inicial para a contagem da
atualização monetária da condenação por danos
morais deve ser a data do arbitramento da
indenização. Inteligência da Súmula 362, do
Superior Tribunal de Justiça. Recurso
parcialmente provido.

Trata-se de recurso de apelação contra


a respeitável sentença de fls. 171/174, que julgou procedente a
ação para condenar a ré ao pagamento de indenização no
valor de R$ 5.700,00, com atualização monetária desde a data
do indevido registro, incidência de juros moratórios contados
da citação, além das custas, despesas processuais e
honorários advocatícios fixados em 10% do valor da
condenação.
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26a CÂMARA

APELAÇÃO N° 992.08.024520-9

Pleiteia a apelante a reforma do julgado,


alegando, em resumo, que não há como lhe imputar a
responsabilidade pelos fatos narrados na exordial. Afirma que
não foram demonstrados os elementos imprescindíveis à
desejada reparação, razão pela qual esta deve ser afastada,
sob pena de violação das disposições legais e princípios de
direito aplicáveis ao caso. Aduz que não há comprovação do
dano moral pretendido. Requer o provimento do recurso para
julgar improcedente a ação, invertendo-se o ônus
sucumbencial, ou, subsidiariamente, a redução do montante
indenizatório. Finalmente, discorda do termo inicial para a
contagem da correção monetária.

Apresentadas as contrarrazões, subiram


os autos a esta Corte de Justiça.

É o relatório.

O recurso merece prosperar


parcialmente.

Com efeito, trata-se de ação de


indenização por danos morais decorrentes da indevida
negativação do nome do autor.

Neste esteio, bem andou a ilustre


magistrada sentenciante ao decidir, com usual percuciência, a
controvérsia nos seguintes termos:
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APELAÇÃO N° 992.08.024520-9

"As partes controvertem quanto ao ilícito civil e o abalo de


credibilidade. Nessa quadra, se efetivamente restar
demonstrado o ilícito civil, o abalo de responsabilidade se
presume.

Os documentos que informam a inicial atestam o registro


perante os órgãos de proteção ao crédito (fls. 24/25) e a
existência de sentença, em grau de recurso, que
reconheceu a inexigibiiiaade ao débito.

Ora, se o débito está sendo discutido, nada justifica a


comunicação (ou então sua manutenção nele) para cadastro
e divulgação de inadimplentes."(fls. 171/172)

Assim, evidenciada a "culpa" negada


pela apelante, pois sem qualquer precaução, ao menos
comprovada nestes autos, providenciou a restrição do nome do
apelado, parecendo mais do que razoável que suporte os
riscos de seu agir imprudente.

Ademais, é certo que conforme voto da


lavra do eminente Desembargador ANDREATTA RIZZO, nos
autos da Apelação n° 992.06.039024-6, julgado em 07/10/09,
houve a confirmação da sentença que declarou inexigível os
débitos.

É certo que conforme a doutrina e


jurisprudência pacificada, para a caracterização do dano moral,
é bastante a indevida inclusão do nome do autor na lista dos
maus pagadores, fato que maculou seu bom nome e restringiu
seu crédito, gerando, inequivocamente, degradação moral.
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APELAÇÃO N° 992.08.024520-9

Nesse sentido, oportuna a lição de


Antônio Jeová Santos, ("Dano Moral Indenizável", Ed. RT, 4a
ed., págs. 461/463), que com peculiar percuciência sistematiza
a questão, apontando inclusive inúmeros julgados sobre a
matéria, nos seguintes termos:

"... o dano exsurge vistosamente pelo fato de o


nome constar erroneamente do cadastro. Nada
mais é necessário provar. Houve o lançamento
irregular, ilícito e injusto, o dano ocorre in re
ipsa.

Não constitui, assim, requisito para a


configuração do dano moral, a 'não obtenção de
crédito no comércio em função da inscrição do
nome naquele cadastro de maus pagadores.

Esse já seria um dano econômico, de natureza


patrimonial, sujeito à demonstração. Não é
dessa espécie o dano que os autores pretendem
seja reparado. Pretendem, isto sim, a reparação
do dano moral, este originado no agravo que
produz dor psíquica, abalo do sistema nervoso,
depressão, vergonha insônia, e que fere a
dignidade da pessoa. É o dano interno que toda
pessoa honesta sofre, mas impossível de ser
revelado no processo, porque diz com o
sentimento da alma' (JTJ-LEX 170/35 e ss., rei.
Des. Ruiter Oliva).

O Superior Tribunal de Justiça entende que o


banco que promove a indevida inscrição de
devedor no SPC e em outros bancos de dados
responde pela reparação do dano moral que
decorre dessa inscrição.
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A exigência de prova de dano moral


(extrapatrimonial) se satisfaz com a
demonstração da existência da inscrição
irregular (REsp. 51.158, Ac. 21.047, rei. Min. Ruy
Rosado de Aguiar).

A inclusão indevida do nome de alguém em


banco de dados, também pode causar dano
patrimonial. A pessoa pode ter deixado de
efetuar algum negócio, ou ficar impedido de
incrementar seu comércio ou indústria.

Se pugna pela indenização do dano patrimonial


há de efetuar a prova por todos os meios
admitidos no Direito brasileiro. 'O dano material
depende de comprovação efetiva da lesão
patrimonial. Simples expectativa de mútuo
bancário, frustrada por motivo atribuível a
negativação equivocada do cliente no SPC,
desacompanhada de comprovação cabal da
relação causai, não é de molde a sustentar a
pretensão indenização' (RT 739/356).

Os postulantes de indenização, por dano


causado no abalo de crédito, deverão ficar
atentos. Se o pleito é de ressarcimento do dano
moral, basta a existência da negativação feita de
maneira irregular, sendo despicienda a longa
narrativa sobre o aconteceu com o requerente
em razão de ter o seu nome colocado nos
cadastros.

Ao contrário, se também requerer indenização


por lesão patrimonial, terá de mencionar na
petição inicial os fatos e fundamentos de pedido
e estar preparado para a demonstração do dano.
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É, em suma, o que decidiu o Tribunal de Justiça


do Estado de São Paulo quando mencionou
que: 'O injusto ou indevido apontamento no
cadastro de maus pagadores do nome de
qualquer pessoa que tenha natural sensibilidade
aos rumores resultantes de um abalo de crédito,
produz, nessa pessoa, uma reação psíquica de
profunda amargura e vergonha, que lhe acarreta
sofrimento e lhe afeta a dignidade.

Essa dor é o dano moral indenizável, e carece


de demonstração, pois emerge do agravo de
forma latente, sofrendo-a qualquer um que
tenha o mínimo de respeito e apreço por sua
dignidade e honradez' (JTJ-LEX 170/37, rei. Des.
Ruiter Oliva).

O direito à indenização, o injusto suscetível de


ressarcimento, nasce do próprio ato, do
lançamento do nome da vítima no rol destinado
a inadimplentes. Nada de exigir prova acerca da
angústia e humilhação que o ofendido nem
sempre se submete.

O ilícito está no ato culposo de


encaminhamento do nome de alguém a banco
de dados que visam à proteção de crédito. E é o
bastante para que haja indenização.

Despiciendo se torna ao autor efetuar ginástica


intelectual na tentativa de mostrar que sofreu
vexação em algum estabelecimento comercial,
quando foi efetuar compra e foi glosado porque
seu nome apareceu na 'lista negra'. Este fato
nem sempre ocorre e nem por isso, o ofensor
deixará de ser responsável pela injuridicidade
de seu ato.
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Reiterado deve ser o fato de que o dano ocorre


in re ipsa. Surge ex facto. Para a moderna
concepção do direito de danos, quando se trata
de indenização por agravos morais, ao julgador
basta a verificação da incidência do fato, da
lesão, do dano, para que se materialize o direito
à indenização.

Nenhum prejuízo há de ser demonstrado. Esta


tese, sobre a não necessidade de provar dano
moral decorrente de fatos similares aos tratados
neste capítulo, é sufragada pelo Superior
Tribunal de Justiça, como se verifica do
seguinte aresto:

'A jurisprudência desta Corte está consolidada


no sentido de que na concepção moderna de
reparação do dano moral prevalece a orientação
de que a responsabilização do agente se opera
por força do simples fato da violação, de modo
a tornar-se desnecessária a prova do prejuízo
em concreto. (RSTJ 124/401, rei. Min. César
Asfor Rocha)."

Portanto, a indevida inscrição do nome


do consumidor nos cadastros de proteção ao crédito ultrapassa
o mero dissabor, gerando inconteste abalo moral e justificando
a reparação do dano daí decorrente e oriundo do agir
indiligente da prestadora de serviços.

Por fim, quanto à minoração da


indenização pelos danos morais reconhecidos na sentença e
aqui confirmados, não tem razão a apelante, impondo-se a
manutenção do valor fixado na sentença.
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Sobre o tema, oportuna a lição do Prof.


Silvio de Salvo Venosa ("Direito Civil, vol. IV, 3a ed., Atlas,
2003), segundo a qual:

"Se, até 1988, a discussão era indenizar ou não


o dano moral, a partir de então a ótica desloca-
se para os limites e formas de indenização,
problemática que passou a preocupar a doutrina
e a jurisprudência." (pág. 203).

"Há um duplo sentido na indenização por dano


moral: ressarcimento e prevenção. Acrescente-
se ainda o cunho educativo que essas
indenizações apresentam para a sociedade.
Quem, por exemplo, foi condenado por vultosa
quantia porque indevidamente remeteu título a
protesto; ou porque ofendeu a honra ou imagem
de outrem, pensará muito em fazê-lo
novamente."(pág. 207).

No tocante à fixação de um valor pelo dano


moral, os tribunais utilizaram-se no passado,
por analogia, do Código Brasileiro de
Telecomunicações (Lei n° 4.117/62) e da Lei de
Imprensa (n° 2.250/69), únicos diplomas que
apontaram parâmetros para a satisfação de
danos morais, no passado.

No Código Brasileiro de Telecomunicações, os


valores oscilavam de 5 a 100 salários mínimos,
enquanto na Lei de Imprensa, de 5 a 200
salários mínimos. Não se trata, no entanto, de
aplicação inflexível, mas de mera base de
raciocínio do juiz, que não está adstrito a
qualquer regra nesse campo .. ."(pág. 207/20
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"A falta de legislação específica nessa


problemática tem gerado, todavia, decisões
díspares e incongruentes. (pág. 209).

Na verdade, na fixação da indenização


pelo dano moral, como já tivemos a oportunidade de decidir1
cabe ao juiz nortear-se pelo princípio da razoabilidade, para
não aviltar a pureza essencial do sofrimento que é do espírito,
evitando a insignificância que o recrudesce ou o excesso que
poderia masoquisá-lo.

Nesse sentido, o Colendo Superior


Tribunal de Justiça, no julgamento publicado na RSTJ 112/216,
com voto condutor do eminente Ministro SÁLVIO DE
FIGUEIREDO, bem ponderou:

"Na fixação da indenização por danos morais,


recomendável que o arbitramento seja feito com
moderação, proporcionalmente ao grau de
culpa, ao nível socioeconômico dos autores, e,
ainda, ao porte da empresa recorrida,
orientando-se o juiz pelos critérios sugeridos
pela doutrina e pela jurisprudência, com
razoabilidade, valendo-se de sua experiência e
do bom senso, atento à realidade da vida e às
peculiaridades de cada caso".

1
Ap. s/ Rev. 563.866-00/7 - 2a Câm - extinto 2o TAC - Rei Juiz FELIPE FERREIRA - J
7.2.2000 , Al 719 075-00/2 - 2a Câm - extinto 2o TAC - Rei Juiz FELIPE FERREIRA - J
17 12 2001
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É o que afirma, noutras palavras, o


eminente Des. Rui Stoco, citando lição do Prof. Caio Mário da
Silva Pereira, no sentido de que a indenização não pode ser
"nem tão grande que se converta em fonte de
enriquecimento, nem tão pequena que se torne
inexpressiva" (in Responsabilidade Civil, RT, 3a edição, pag.
524).

Em suma: levando-se em consideração


as circunstâncias do caso concreto, com as repercussões
pessoais e sociais, os inconvenientes naturais suportados pelo
apelado, seu nível socioeconômico, e, ainda, o porte da
empresa recorrida, a indenização pelos danos materiais e
morais fica mantida, valor suficiente para confortar o abalo
indevidamente experimentado pelo autor e, ao mesmo tempo,
desestimular a conduta indiligente da ré.

Finalmente, incide na espécie os termos


da Súmula 362, do Superior Tribunal de Justiça, isto é, a
atualização monetária da condenação terá como termo inicial a
data da prolação da sentença de primeiro grau.

Ante o exposto, nos exatos termos


supra dá-se parcial provimento ao recurso.

FELIPEJ^ERREIR^
Relator

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