Vous êtes sur la page 1sur 11

Contracepção

Autores
Cristina Guazelli1
Publicação: Dez-2006

1 - O que é planejamento familiar?

Planejamento familiar é um direito humano, no qual os casais têm a livre opção de escolher o
momento mais adequado para a gravidez e o número de filhos que pretendem ter, podendo,
para isto, fazer uso de métodos contraceptivos. Um serviço de planejamento familiar deve ter
alguns elementos fundamentais como:
• informação sobre todos os métodos,
• competência técnica,
• permitir ao casal a escolha livre do método,
• seguimento do usuário,
• bom relacionamento usuário-serviço.

2 - Como são classificados os métodos contraceptivos?

Os métodos podem ser divididos em:

Temporários: de barreira, os baseados na percepção da fertilidade e naturais, os hormonais e o


dispositivo intra-uterino.

Definitivos: ligadura de trompas, vasectomia.

3 - Quais são os métodos contraceptivos de barreira?

Os métodos de barreira podem ser os preservativos (masculino ou feminino), o diafragma e o


espermicida. São métodos que devem ser utilizados de forma correta e consistente em todas
as relações, apresentando assim uma melhor eficácia e reduzindo o risco de contaminação por
doenças sexualmente transmissíveis como AIDS, gonorréia, sífilis, clamídia.

4 - Qual é o mecanismo de ação do preservativo masculino?

O condom, se utilizado de forma adequada, impede que o esperma entre em contato com a
vagina, evitando assim o encontro de espermatozóide com o óvulo.

5 - Qual a eficácia do preservativo masculino?

O preservativo masculino, na grande maioria das vezes, é confeccionado de látex, sendo o


risco de ruptura menor que 6%. Já os constituídos de poliuretano apresentam chance de
ruptura maior. Para melhor eficácia, é fundamental que seu uso seja correto e consistente, o
que determina um índice de Pearl de 3 (número de gestações para cada 100 mulheres que
usaram o método em um ano). O uso rotineiro, como ocorre na vida real, eleva o índice de
Pearl para 14.

6 - Como deve ser utilizado o preservativo masculino?

O seu uso correto é fundamental para melhorar a eficácia. Inicialmente, deve ser checada a
integridade da embalagem e prazo de validade. O condom não deve ser utilizado se apresentar
aspecto alterado, mudança de cor ou ressecamento. A abertura da embalagem deve ser feita
com cuidado, evitando-se o uso de instrumentos cortantes (tesoura, faca) ou mesmo os dentes.

Não deve haver nenhum contato dos genitais antes da colocação do condom. O preservativo
deve ser colocado no pênis ereto, sendo desenrolado progressiva e suavemente até a base do

1
Professora Adjunto da Disciplina de Obstetrícia da Universidade Federal de São Paulo;
Chefe do Setor de Planejamento Familiar.

www.medicinaatual.com.br
órgão. Deve ser retirado o ar do receptáculo localizado na extremidade do preservativo com
uma leve pressão. Após a ejaculação, retirar o pênis, ainda ereto, da vagina, orientando a
segurar o preservativo na base para evitar que se escorregue ou derrame esperma na vagina
ou no intróito. Após a retirada, observe se o preservativo está íntegro e despreze-o. O condom
nunca deve ser reutilizado.

7 - Quais são os benefícios do uso do preservativo masculino?

O uso constante do preservativo masculino previne doenças sexualmente transmissíveis


(inclusive AIDS), diminui as complicações causadas por estas doenças, como a incidência de
doença inflamatória pélvica, de dor pélvica crônica e, possivelmente, de câncer de colo uterino,
a infertilidade masculina e a feminina. O preservativo masculino ajuda ainda a prevenir gravidez
ectópica e freqüentemente pode auxiliar na ejaculação precoce. Trata-se de método seguro,
que pode ser utilizado durante a gravidez.

8 - O que é a camisinha feminina?

A camisinha feminina foi elaborada em resposta à necessidade de métodos que pudessem ser
controlados pela própria mulher e que a protegesse de doenças sexualmente transmissíveis. É
constituída de uma bolsa de poliuretano com dois anéis: um flexível em sua extremidade
fechada, que serve como mecanismo de ancoramento e de inserção sobre a cérvix, outro que
sustenta as bordas da extremidade aberta, protegendo os lábios e a base do pênis durante a
relação. O produto é lubrificado e deve ser utilizado apenas uma vez

9 - Qual a eficácia da camisinha feminina?

A camisinha feminina feita de poliuretano é mais resistente do que o preservativo masculino.


Para melhor eficácia, seu uso correto e consistente é fundamental, apresentando o índice de
Pearl de 5 (número de gestações para cada 100 mulheres que usaram o método em um ano),
que se eleva para 21 quando usada de forma rotineira.

10 - Como se classificam os contraceptivos hormonais?

Os métodos hormonais podem ser classificados em combinados (contêm estrogênio e


progestógeno) e os que apresentam apenas progestógenos.

Os hormonais combinados podem ser monofásicos (quando todos comprimidos apresentam a


mesma dose hormonal), bifásicos ou trifásicos. Podem ainda ser utilizados por via oral,
parenteral, vaginal ou transdérmica. Os hormonais combinados são classificados, de acordo
com a dose de estrogênio, em alta dose (maior que 50 mcg de etinilestradiol), média dose (50
mcg de etinilestradiol), baixa dose (menor que 50mcg etinilestradiol).

11 - Qual o mecanismo de ação dos anticoncepcionais hormonais combinados?

A anticoncepção hormonal oral combinada consiste de pílulas com componente estrogênico e


progestogênico, que devem ser tomadas diariamente. Apresentam como principal mecanismo
de ação o impedimento de ovulação, que ocorre devido à inibição de secreção de
gonadotrofina por ação no centro pituitário e hipotalâmico. O progestógeno suprime a secreção
do hormônio luteinizante (LH), impedindo a ovulação; enquanto o estrogênio suprime a
secreção do hormônio folículo estimulante (FSH), que impede a seleção e a emergência de um
folículo dominante. O estrogênio apresenta ainda duas funções: propicia estabilidade ao
endométrio, de modo que sangramentos irregulares ou súbitos são minimizados, sua presença
é necessária para potencializar a ação dos progestógenos. O mecanismo para esta ação é
provavelmente o efeito do estrogênio no aumento da concentração de receptores de
progestógenos intracelulares. Portanto, há necessidade de uma concentração adequada de
estrogênio para a manutenção da potência do anticoncepcional. O progestógeno interfere no
endométrio, tornando-o atrofiado, age no muco cervical, que se torna espesso e hostil à
penetração do espermatozóide. Pode, ainda, influenciar no peristaltismo das trompas.

12 - Qual a eficácia da anticoncepção hormonal oral combinada?

www.medicinaatual.com.br
A eficácia depende da forma de utilização, se for adequada e consistente, sempre no mesmo
horário, sem esquecimentos ou atrasos, a incidência de falhas é de 0,1 mulheres grávidas por
100 mulheres por ano de uso (uma em cada mil). A eficácia em uso rotineiro ou típico está
associada a uma falha maior, de 6 a 8 gestações por 100 mulheres no primeiro ano de uso.

13 - Com que idade pode ser iniciado o uso do anticoncepcional hormonal oral
combinado e até que idade ele pode ser usado?

As mulheres podem usar o anticoncepcional hormonal oral combinado durante todo o


menacme. Não há idade mínima ou máxima para seu início. O anticoncepcional hormonal oral
pode ser introduzido quando houver risco de gravidez, independente do tempo da menarca. As
mulheres podem usá-lo até a menopausa, desde que sejam respeitadas suas contra-
indicações. Cuidado com as fumantes que, após os 35 anos, não devem usar anticoncepção
hormonal oral combinada.

14 - Quando, dentro do ciclo menstrual, deve ser iniciado o uso de anticoncepção


hormonal oral combinada?

A anticoncepção hormonal combinada pode ser iniciada se a paciente menstrua regularmente,


até o quinto dia do ciclo menstrual. O mais adequado é o primeiro dia do ciclo menstrual, pois
assegura proteção imediata. Mas a mulher pode iniciar em qualquer momento do ciclo, desde
que afastada gravidez. Se já passaram mais do que cinco dias do início do ciclo menstrual, há
a necessidade de abstenção sexual ou de uso de métodos de barreira, como o preservativo,
nos próximos sete dias.

15 - Quando deve ser iniciada a anticoncepção hormonal oral combinada em mulheres


com amenorréia?

Em mulheres em amenorréia, o uso da anticoncepção hormonal combinada pode ser iniciada a


qualquer momento, desde que se afaste gravidez. Há necessidade de abstenção sexual ou de
uso de métodos de barreira, como o preservativo, nos sete dias que se seguem ao início do
tratamento.

16 - Quando deve ser iniciada a anticoncepção hormonal oral combinada em mulheres


no pós-parto?

Pode ser iniciada após seis meses do parto mesmo se estiverem em amenorréia. Em pacientes
após seis meses do parto, que já voltaram a menstruar, deve ser iniciada no primeiro dia do
ciclo.

A anticoncepção hormonal combinada não é método de primeira escolha para mulheres que
amamentam. Em mulheres que não estejam amamentando, pode ser iniciada cerca de três a
seis semanas após parto. Não há necessidade de se aguardar o retorno da menstruação,
desde que a gravidez seja afastada.

17 - Quando deve ser iniciada a anticoncepção hormonal oral combinada em mulheres


no pós-aborto?

A paciente pode iniciar imediatamente. Não há necessidade de uso de método de barreira ou


de abstenção sexual.

18 - Quais são os benefícios da anticoncepção hormonal oral combinada?

O principal benefício é a contracepção efetiva, diminuindo o risco de abortamento provocado,


de gravidez ectópica, de necessidade de abortamento terapêutico e de esterilização cirúrgica.
As usuárias apresentam ciclos regulares, com menor perda sanguínea, conseqüentemente,
com menor risco de anemia. Ela melhora também a dismenorréia.

O seu uso diminui o risco de câncer de endométrio e de ovário, de doenças benignas de


mama, de leiomiomas, de cistos de ovário e de doença inflamatória pélvica. Eles causam
menor incidência de artrite reumatóide e podem melhorar a densidade óssea na dependência

www.medicinaatual.com.br
da idade que foram utilizados. Auxilia na acne, hirsutismo, dependendo do progestógeno
utilizado.

www.medicinaatual.com.br
19 - Quais são as vantagens e desvantagens do uso do anticoncepcional hormonal oral
combinado?

O uso do contraceptivo hormonal oral combinado apresenta como vantagens a eficácia


elevada, a fácil utilização e acesso e um rápido retorno à fertilidade.

Entre as desvantagens do seu uso está o fato de que é um método diário, que não deve ser
interrompido e que pode causar alguns efeitos colaterais, como náuseas (mais comum nos três
primeiros meses), cefaléia leve, sensibilidade mamária, nervosismo e acne. A incidência
desses efeitos costuma ser inferior a 10%.

Podem ocorrer alterações do ciclo menstrual, como a presença de manchas ou sangramento


irregular, especialmente em casos de esquecimento ou ingestão tardia. Outros efeitos
colaterais pouco comuns são alterações do humor, como depressão e diminuição da libido.

20 - Como deve ser orientada a paciente que esqueceu de tomar as pílulas do


contraceptivo hormonal oral combinado?

Se a paciente atrasou para iniciar o uso do anticoncepcional hormonal, ela deve fazer
abstinência sexual ou usar preservativo nos primeiros sete dias do método. Se esqueceu uma
pílula, deve tomá-la assim que se lembrar e continuar tomando o restante normalmente. Se
esqueceu duas ou mais pílulas, deve parar o anticoncepcional, aguardar o sangramento e
reiniciar.

21 - Como deve ser orientada a paciente que apresentou vômitos ou diarréia durante a
utilização de contraceptivo hormonal oral combinado?

Se a paciente por algum motivo vomitou ou apresentou diarréia cerca de até duas horas após a
utilização do anticoncepcional hormonal oral combinado, ela deve tomar outra pílula e fazer uso
de método de barreira.

22 - Quais são os principais medicamentos que apresentam interação medicamentosa


com os contraceptivos hormonais orais combinados?

Alguns medicamentos apresentam interação medicamentosa e podem, por isto, diminuir o


efeito do anticoncepcional, aumentando o risco de gravidez. São eles: rifampicina, alguns
anticonvulsivantes (fenitoína, carbamazepina, barbitúricos, primidone), griseofulvina e drogas
anti-retrovirais.

23 - Qual o mecanismo de ação de anticoncepção hormonal oral só com progestógeno?

A ação anticoncepcional ocorre principalmente no muco e no endométrio, pois as


gonadotrofinas não são consistentemente suprimidas. O endométrio evolui e se torna hostil à
implantação e o muco cervical torna-se espesso, dificultando a penetração dos
espermatozóides. Eles inibem a ovulação, na dependência da dose de progestógeno utilizada,
em, aproximadamente, metade dos ciclos menstruais.

24 - Qual a eficácia da anticoncepção hormonal oral só com progestógeno?

A eficácia depende da forma de utilização; se for adequada e consistente, sempre no mesmo


horário, sem esquecimentos ou atrasos, apresenta baixo risco de falha. Em mulheres lactantes
é um método muito eficaz se utilizado com todos os cuidados expostos anteriormente,
apresentando uma incidência de falhas de 0,5 mulher grávida por 100 mulheres por ano de
uso. A eficácia em uso típico também é alta, com uma taxa de falha de, aproximadamente, uma
gravidez para cada 100 mulheres em um ano. A alta eficácia durante a lactação ocorre
especialmente quando ela é exclusiva e nos primeiros seis meses.

25 - Qual a indicação de uso de anticoncepção hormonal oral só com progestógeno?

Este anticoncepcional pode ser usado por todas as mulheres, mas é indicado, principalmente,
para as que apresentem contra-indicações para estrogênio, como, por exemplo, durante o

www.medicinaatual.com.br
aleitamento, em mulheres fumantes ou com intercorrências clínicas, como hipertensão arterial,
diabetes, lúpus eritematoso, anemia falciforme e outras doenças.

26 - Quando, no ciclo menstrual, pode ser iniciado o uso de anticoncepção hormonal


oral só com progestógeno?

Em mulheres que estejam menstruando normalmente, deve ser iniciado no primeiro dia do ciclo
ou em qualquer momento, desde que seja afastada gravidez. Se for iniciado após o quinto dia
de sangramento, a orientação de abstinência sexual ou de uso de método de barreira é
necessária.

Em mulheres em amenorréia, o uso da anticoncepção hormonal só com progestógeno pode ser


iniciado a qualquer momento, desde que se afaste gravidez. Há a necessidade de abstenção
sexual ou de uso de métodos de barreira, como o preservativo, nos sete dias que seguem o
início do tratamento.

Em mulheres que estejam amamentando, o método pode ser iniciado após a sexta semana do
parto. Se a menstruação já retornou, a mulher pode começar a tomar a minipílula a qualquer
momento, desde que se tenha certeza de que não esteja grávida. Em mulheres que não
estejam amamentando, o método pode ser iniciado imediatamente, ou a qualquer momento
durante as quatro primeiras semanas, não sendo necessário esperar o retorno das
menstruações. Em mulheres pós-aborto espontâneo ou provocado, o método pode ser iniciado
imediatamente.

27 - Como deve ser utilizado o anticoncepcional hormonal oral só com progestógeno?

O anticoncepcional hormonal oral só com progestógeno deve ser utilizado todos os dias no
mesmo horário, sem esquecer ou atrasar. Mulheres que amamentam devem ser orientadas a
tomá-lo logo após uma mamada. O seu uso é contínuo, sem pausas.

28 - Como deve ser orientada a paciente que esqueceu de tomar as pílulas do


contraceptivo hormonal oral só com progestógeno?

A paciente que atrasou ou esqueceu de tomar as pílulas do contraceptivo hormonal oral só


com progestógeno, ou ainda na presença de situações que interfiram na absorção
gastrointestinal, como em casos de vômitos ou diarréia, a pílula deve ser tomada tão logo seja
possível, devendo ser empregado um método de barreira por pelo menos dois dias.

29 - Qual é o componente do método injetável só com progestógeno mais utilizado no


Brasil e quais são as indicações para o seu uso?

O método injetável só com progestógeno mais utilizado em nosso meio é o que contém acetato
de medroxiprogesterona na dose de 150 mg, para aplicação intramuscular profunda, a cada 90
dias, com tolerância de mais ou menos 15 dias. Pode ser utilizado em mulheres que desejam
anticoncepção e, principalmente, nas que apresentam contra-indicações para uso de
estrogênio. É um método fácil, prático, de ação prolongada e que não interfere com a
amamentação e com o desenvolvimento do recém nascido. É um método reversível, mas o
retorno à fertilidade pode demorar mais de seis meses.

Seu uso está contra-indicado para mulheres com câncer de mama, tumores benignos ou
malignos de fígado, com sangramento uterino sem etiologia esclarecida, com cirrose e com
suspeita de gravidez.

30 - Qual a eficácia de anticoncepção hormonal oral só com progestógeno?

É um método de alta eficácia se utilizado de forma correta, sendo o índice de falha de 0,3 por
100 mulheres que usaram o método por um ano.

31 - Quando pode ser iniciado o método injetável só com progestógeno?

O método injetável só com progestógeno (medroxiprogesterona) em mulheres que estejam


menstruando normalmente deve ser iniciado até o sétimo dia do ciclo menstrual, ou em
qualquer momento desde que seja afastada gravidez. Se for iniciado após o sétimo dia de
www.medicinaatual.com.br
sangramento, a orientação de abstinência sexual ou de uso de método de barreira se faz
necessária.

Em mulheres em amenorréia, pode ser iniciado a qualquer momento, desde que se afaste
gravidez. Há necessidade de abstenção sexual ou de uso de métodos de barreira, como o
preservativo, nos sete dias após o início do tratamento.

Em mulheres que estejam amamentando, o método pode ser iniciado após a sexta semana do
parto. Se a menstruação já retornou, a mulher pode começar a tomar o injetável a qualquer
momento, desde que se tenha certeza de que não está grávida. Em mulheres que não estejam
amamentando, o método pode ser iniciado imediatamente, ou a qualquer momento durante as
quatro primeiras semanas; não sendo necessário esperar o retorno das menstruações. Em
mulheres pós-aborto espontâneo ou provocado o método pode ser iniciado imediatamente.

32 - Quais são os efeitos colaterais que o contraceptivo hormonal oral ou injetável só


com progestógeno pode apresentar?

As alterações menstruais são, provavelmente, o efeito colateral mais indesejável. As usuárias


de contraceptivo hormonal oral ou injetável só com progestógeno podem apresentar
sangramentos freqüentes e irregulares, mas mulheres podem evoluir para amenorréia,
especialmente no primeiro ano de uso. O sangramento se caracteriza principalmente por
spotting (manchas de sangue que não têm necessidade de uso de absorvente) e apresenta
padrão imprevisível (a paciente não sabe quando vai sangrar), variando de usuária para
usuária. Em geral, as alterações de sangramento são toleráveis quando um aconselhamento
adequado é realizado antes do início do método.

33 - O que pode ser orientado para a mulher que apresenta alterações de sangramento
uterino quando faz uso de contraceptivo hormonal oral ou injetável só com
progestógeno?

Se a paciente apresenta amenorréia, ela deve ser orientada que esta é uma alteração
freqüente e que não necessita de tratamento. As mulheres que utilizam contraceptivo hormonal
oral só com progestógeno têm uma incidência de amenorréia de 30% a 40% após um ano de
uso, enquanto nas usuárias do injetável trimestral esta incidência é maior, podendo atingir 70%
a 80% delas.

Se a paciente refere sangramento em pequena quantidade (manchas), deve ser informada que
isto é freqüente, principalmente nos primeiros meses de uso, e que deve melhorar após seis
meses. Existem várias alternativas para contornar o sangramento irregular, como o uso de
estrogênio (se não houver contra-indicação) ou de antiinflamatórios, mas nenhuma apresenta
ótimos resultados.

34 - O que é o implante subdérmico de anticoncepcional?

O implante subdérmico é um método anticoncepcional de ação prolongada, reversível, com


baixa dose de progestógeno e etonogestrel, que é liberado continuamente para a corrente
sanguínea, proporcionando o efeito contraceptivo.

No Brasil, o implante comercializado apresenta um sistema contendo 68 mg de etonogestrel


cristalino em um transportador de etilenovinilacetato, que consiste de um bastonete de 4 cm de
comprimento e 2 mm de diâmetro. A taxa de liberação "in vitro" deste implante é de
aproximadamente 60-70 mcg/dia de etonogestrel durante a quinta e a sexta semanas,
diminuindo para 25-30 mcg/dia no final do terceiro ano de uso. O implante é um método prático
e fácil de ser colocado.

35 - Quando deve ser inserido o implante subdérmico de anticoncepcional?

A inserção é feita no subcutâneo da face interna do braço e o momento ideal para sua
colocação é entre o primeiro e o quinto dia do ciclo menstrual, para garantir a eficácia desde o
primeiro mês de uso. A inserção é feita ambulatorialmente com anestesia local, obedecendo as
condições adequadas de assepsia. Sua ação é de três anos.

www.medicinaatual.com.br
Pode ser colocado, se a paciente não faz uso de nenhum método, entre o primeiro e o quinto
dia do ciclo menstrual. Quando a paciente é usuária de anticoncepcional hormonal oral, o
implante deve ser inserido preferencialmente no dia seguinte após o último comprimido ativo.
Após parto ou abortamento do segundo trimestre, o implante pode ser colocado após 6
semanas. Se o aborto for de primeiro trimestre, ele pode ser colocado imediatamente.

36 - O que é e como deve ser usada a anticoncepção de emergência?

A anticoncepção de emergência é um método que pode ser usado após um coito para prevenir
uma gravidez indesejada. O seu uso está indicado após violência sexual, relação não
planejada e desprotegida (freqüente entre os adolescentes), uso inadequado ou não uso de
método anticoncepcional e na presença de falha anticoncepcional presumida.

Para a anticoncepção de emergência, podem ser utilizados contraceptivos hormonais orais


combinados ou só com progestógenos. Os anticoncepcionais hormonais combinados podem
ser utilizados na dose de 200 mcg (Método de Yuspe) dividida em duas tomadas, com intervalo
de 12 horas, até 72 horas após a relação. Os progestógenos, na dose única de 1,5 mg de
levonorgestrel, até 72 horas após a relação suspeita, são os preferidos, por apresentarem
menor incidência de efeitos colaterais.

37 - Qual o mecanismo de ação da anticoncepção de emergência?

Vários mecanismos podem intervir, dependendo do período do ciclo em que ocorre a relação
sexual desprotegida e a tomada das pílulas, sendo que todos interferem na fecundação, que é
a união do óvulo com o espermatozóide. Os mecanismos mais estudados são a inibição e o
retardo da ovulação, a alteração na função do corpo lúteo, a interferência no transporte ovular
e na capacitação de espermatozóides e fatores que interferem na fertilização. A eficácia sobre
a interferência na fecundação é maior quanto menor o tempo entre o coito e a ingestão das
pílulas. Isso explica porque a anticoncepção de emergência é mais efetiva quanto mais
precocemente depois do coito, for tomada. A anticoncepção oral de emergência não afeta a
implantação de um óvulo já fecundado nem interrompe uma gravidez já estabelecida.

38 - Como deve ser orientada a paciente para prevenir náuseas e vômitos na utilização
de anticoncepção de emergência?

As mulheres devem ser orientadas a usar contracepção de emergência apenas com


levonorgestrel, pois elas causam menos náusea ou vômito do que a contracepção de
emergência com estrogênio e progestógeno. O uso rotineiro de antieméticos antes da
anticoncepção de emergência não é recomendado.

39 - O que é dispositivo intra-uterino?

Os dispositivos intra-uterinos são artefatos de polietileno, com ou sem adição de substâncias


metálicas ou hormonais, que exercem efeito anticonceptivo quando colocados dentro da
cavidade uterina. Podem ser classificados em:
• DIU com cobre, feito de plástico, com filamento de cobre enrolado em sua haste
vertical (TCu-380 A e MLCu-375).
• DIU com liberação de hormônio, feito de plástico e apresenta uma haste vertical
envolvida por uma cápsula que libera continuamente pequenas quantidades de
levonorgestrel.
• DIU inerte ou não medicado, feito de plástico. Este modelo de DIU não se usa na
atualidade; entretanto, mulheres que já são usuárias podem continuar usando até seis
meses após a menopausa, quando deverá ser removido.

40 - Qual o mecanismo de ação do dispositivo intra-uterino?

O principal mecanismo de ação é o impedimento da fecundação. Aparentemente, o DIU torna


mais difícil a passagem do espermatozóide pelo trato reprodutivo feminino, reduzindo a
possibilidade de fertilização do óvulo. Também é possível que o DIU previna a implantação do
ovo fertilizado na parede uterina. Para a Organização Mundial da Saúde, o DIU interfere nas
diferentes etapas do processo reprodutivo que ocorrem previamente à fertilização.

www.medicinaatual.com.br
O dispositivo intra-uterino, especialmente o que contém cobre, estimula uma reação
inflamatória pronunciada no útero, por ser um corpo estranho. Desta forma, pode haver
aumento da concentração de diversos tipos de leucócitos, prostaglandinas e enzimas nos
fluídos uterino e tubários. Estas alterações bioquímicas interferem no transporte dos
espermatozóides no aparelho genital, impedindo a fecundação. Assim, estes mecanismos
permitem afirmar que o dispositivo intra-uterino apresenta um complexo e variado conjunto de
alterações espermáticas, ovulares, cervicais, endometriais e tubárias que causam o
impedimento da fertilização.

41 - Qual a eficácia do dispositivo intra-uterino?

É um método de alta eficácia e de longa duração. O TCu380A apresenta, no primeiro ano de


uso, uma taxa de gravidez de 0,6 a 0,8 por 100 mulheres ano uso, e pode permanecer na
paciente cerca de dez anos. As taxas de gravidez com o uso do MLCu-375 (duração de cinco
anos) também são baixas.

42 - Para quem está indicado o uso do dispositivo intra-uterino?

O dispositivo intra-uterino pode ser usado por todas as mulheres que receberam informações
sobre seu uso e que apresentem condições adequadas para sua inserção. Não deve ser
utilizado em pacientes com suspeita de gravidez, sangramento uterino de causa desconhecida,
câncer de colo de útero ou de endométrio, miomas que alteram a cavidade uterina, alterações
anatômicas congênitas ou adquiridas da cavidade uterina, doença inflamatória pélvica ou
cervicite purulenta.

43 - Quando pode ser inserido o dispositivo intra-uterino?

O dispositivo intra-uterino pode ser inserido em qualquer momento da vida reprodutiva da


mulher, desde que exista a certeza de que não esteja grávida. O momento habitual da inserção
é durante ou logo após a menstruação (preferencialmente até o 5º dia do ciclo), porque
estando o canal cervical mais dilatado a aplicação do DIU é mais fácil e menos dolorosa, além
de evitar a colocação em uma mulher com gestação inicial.

No puerpério, a inserção pode ser imediata, isto é, logo após a dequitação ou mais tarde, após
6 semanas do parto. O DIU também pode ser inserido logo após uma curetagem por
abortamento não infectado. A inserção deve ser evitada no pós-parto, quando houver atonia
uterina, hemorragia genital ou história de amniorrexis ou nos casos de infecção, mesmo se
houver dúvida.

44 - A antibioticoterapia profilática deve ser feita de rotina na inserção do dispositivo


intra-uterino?

O uso rotineiro de antibioticoterapia na inserção do DIU não é recomendado pela Organização


Mundial da Saúde e também não mostraram benefícios em estudos de metanálise. A
antibioticoterapia deve ser feita somente em mulheres com cardiopatias com risco de
endocardite.

45 - Quais são as complicações que podem ocorrer na inserção do dispositivo intra-


uterino?

Algumas pacientes podem apresentar:


• Dor na inserção: em geral não há necessidade de analgésico ou anestésico para a
realização do procedimento. A dor pode ocorrer na passagem do histerômetro ou do
DIU pelo canal cervical. Quando necessário, pode ser feita uma sedação leve.
• Reação vagal: atualmente com dispositivos menores, esta é uma complicação de baixa
incidência. Pode ser prevenida, na maioria das vezes, utilizando-se técnica adequada e
evitando manobras bruscas, principalmente durante a tração uterina. Quando ocorrer
reação vagal, deve ser feito repouso em decúbito dorsal ou manter abaixada a cabeça
da paciente. O uso de atropina costuma ser excepcional.
• Perfuração uterina: é rara; na literatura há referências de que sua freqüência é de 1,2
para 1000 inserções. Quando a perfuração é feita com o histerômetro em geral não há

www.medicinaatual.com.br
conseqüências sérias. Neste caso, o procedimento deve ser interrompido e a nova
inserção deverá ser marcada para a próxima menstruação. Quando ocorrer perfuração
durante a inserção, o DIU deve ser retirado, mesmo em situação de suspeita. A
paciente deve ser observada por um período de pelo menos duas horas e na ausência
de sangramento ou dor poderá ser dispensada. Caso contrário deverá permanecer em
ambiente hospitalar por 24 horas.
• Sangramento uterino: na grande maioria das vezes é originário do colo uterino, onde se
fixam as pontas da pinça de Pozzi. Costuma ser de fácil controle e cessa com
compressão do colo uterino. Quando o sangramento vem da cavidade uterina e é
persistente, o DIU deve ser retirado.

46 - O que pode ser orientado para a mulher que apresenta alterações de sangramento
uterino quando faz uso do dispositivo intra-uterino?

As mulheres que desejam utilizar este método devem ser informadas que ele pode causar
alterações de sangramento como, sangramento irregular e aumento de fluxo e da duração da
perda sanguínea e que ocorrem mais freqüentemente nos primeiros três a seis meses após a
inserção. Para algumas mulheres, o uso de antiinflamatório não hormonal por um período de 5-
7 dias pode melhorar estes sintomas.

47 - O que deve ser feito quando uma mulher usuária de dispositivo intra-uterino
engravida?

A incidência de falha com o uso de DIU tem sido muito baixa. As pacientes em uso de DIU
devem ser orientadas a procurar o serviço se houver atraso menstrual. Quando o diagnóstico
de gravidez é confirmado, o DIU deve ser imediatamente retirado, independente da sua
posição. Deve ser feito exame ginecológico, com exame especular e na visualização do fio, o
DIU deve ser retirado. Se o fio não estiver visível o DIU não pode ser retirado. A paciente
deverá ter a gravidez monitorada freqüentemente.

48 - Quando deve ser indicada a ligadura durante a gravidez?

Por serem definitivos, tanto a vasectomia como a ligadura tubárea, devem ser resultantes de
decisão consciente e amadurecida do casal, tomada de preferência fora da gestação ou no
início da mesma, e não no momento do parto. As condições do recém-nascido devem ser
levadas em consideração sempre.

Devem ser respeitadas as orientações da Lei 9263, de 1996, que trata de Planejamento
Familiar e se refere à esterilização voluntária, restringindo a esterilização cirúrgica no puerpério
nos casos de comprovada necessidade (risco de vida materna) ou por cesarianas sucessivas
anteriores.

49 - Literatura recomendada

FFPRHC Guidance (April 2006). Emergency contraception. J Fam Plann Reprod Health Care.
2006 Apr;32(2):121-8.

FFPRHC Guidance (April 2005). Drug interactions with hormonal contraception.


J Fam Plann Reprod Health Care. 2005 Apr;31(2):139-51.

FFPRHC Guidance (July 2004): Contraceptive choices for breastfeeding women.


J Fam Plann Reprod Health Care. 2004 Jul;30(3):181-9.

FFPRHC Guidance (January 2004). The copper intrauterine device as long-term contraception.
J Fam Plann Reprod Health Care. 2004 Jan;30(1):29-41; quiz 42. Erratum in: J Fam Plann
Reprod Health Care. 2004 Apr;30(2):134.

Grimes, D.A. The Contraception Report, 10(6): 1-30, 2000.

Speroff,L., Darney,P. A clinical guide for contraception. 2.ed. Baltimore: Williams & Wilkins
Waverly Co., 1996, 308p.

www.medicinaatual.com.br
World Health Organization. Medical eligibility criteria for contraceptive use. Reproductive Health
and Research, 3th edition: Geneve:World Health Organization; 2004

Curtis S, Chrisman CE., Peterson HB et al. Contraception for woman in selected circumstances.
Obstet Gynecol 2002;99:1100-1112.

Farley TM, Collins J, Schlesselman JJ. Hormonal contraception and risk of cardiovascular
disease. Contraception 57:211-230,1998.

Hall P, Bahamondes L, Diaz J et al. Introductory study of the once-a-month, injectable


contraceptive Cyclofem in Brazil, Chile, Colombia, and Peru. Contraception 1997;56:353-359.

World Health Organization (WHO) – Cardiovascular disease and steroid hormone


contraception Geneva . World Health Organization 1998. 89p (WHO Technical report series
877)

Frederiksen M.C. Depot medroxyprogesterone acetate contraception in women with medical


problems. Journal Reprod Med 1996;41:414-418.

Febrasco - Comissão Nacional Especializada de Planejamento Familiar. Anticoncepção.


Manual de Orientação, 1997, 127p.

Brasil, Ministério da Saúde. Assistência em Planejamento Familiar: Manual Técnico. 4.ed.


Brasília:Ministério da Saúde, 2002, 152p.

www.medicinaatual.com.br

Vous aimerez peut-être aussi