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Autores
Cristina Guazelli1
Publicação: Dez-2006
Planejamento familiar é um direito humano, no qual os casais têm a livre opção de escolher o
momento mais adequado para a gravidez e o número de filhos que pretendem ter, podendo,
para isto, fazer uso de métodos contraceptivos. Um serviço de planejamento familiar deve ter
alguns elementos fundamentais como:
• informação sobre todos os métodos,
• competência técnica,
• permitir ao casal a escolha livre do método,
• seguimento do usuário,
• bom relacionamento usuário-serviço.
O condom, se utilizado de forma adequada, impede que o esperma entre em contato com a
vagina, evitando assim o encontro de espermatozóide com o óvulo.
O seu uso correto é fundamental para melhorar a eficácia. Inicialmente, deve ser checada a
integridade da embalagem e prazo de validade. O condom não deve ser utilizado se apresentar
aspecto alterado, mudança de cor ou ressecamento. A abertura da embalagem deve ser feita
com cuidado, evitando-se o uso de instrumentos cortantes (tesoura, faca) ou mesmo os dentes.
Não deve haver nenhum contato dos genitais antes da colocação do condom. O preservativo
deve ser colocado no pênis ereto, sendo desenrolado progressiva e suavemente até a base do
1
Professora Adjunto da Disciplina de Obstetrícia da Universidade Federal de São Paulo;
Chefe do Setor de Planejamento Familiar.
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órgão. Deve ser retirado o ar do receptáculo localizado na extremidade do preservativo com
uma leve pressão. Após a ejaculação, retirar o pênis, ainda ereto, da vagina, orientando a
segurar o preservativo na base para evitar que se escorregue ou derrame esperma na vagina
ou no intróito. Após a retirada, observe se o preservativo está íntegro e despreze-o. O condom
nunca deve ser reutilizado.
A camisinha feminina foi elaborada em resposta à necessidade de métodos que pudessem ser
controlados pela própria mulher e que a protegesse de doenças sexualmente transmissíveis. É
constituída de uma bolsa de poliuretano com dois anéis: um flexível em sua extremidade
fechada, que serve como mecanismo de ancoramento e de inserção sobre a cérvix, outro que
sustenta as bordas da extremidade aberta, protegendo os lábios e a base do pênis durante a
relação. O produto é lubrificado e deve ser utilizado apenas uma vez
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A eficácia depende da forma de utilização, se for adequada e consistente, sempre no mesmo
horário, sem esquecimentos ou atrasos, a incidência de falhas é de 0,1 mulheres grávidas por
100 mulheres por ano de uso (uma em cada mil). A eficácia em uso rotineiro ou típico está
associada a uma falha maior, de 6 a 8 gestações por 100 mulheres no primeiro ano de uso.
13 - Com que idade pode ser iniciado o uso do anticoncepcional hormonal oral
combinado e até que idade ele pode ser usado?
Pode ser iniciada após seis meses do parto mesmo se estiverem em amenorréia. Em pacientes
após seis meses do parto, que já voltaram a menstruar, deve ser iniciada no primeiro dia do
ciclo.
A anticoncepção hormonal combinada não é método de primeira escolha para mulheres que
amamentam. Em mulheres que não estejam amamentando, pode ser iniciada cerca de três a
seis semanas após parto. Não há necessidade de se aguardar o retorno da menstruação,
desde que a gravidez seja afastada.
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da idade que foram utilizados. Auxilia na acne, hirsutismo, dependendo do progestógeno
utilizado.
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19 - Quais são as vantagens e desvantagens do uso do anticoncepcional hormonal oral
combinado?
Entre as desvantagens do seu uso está o fato de que é um método diário, que não deve ser
interrompido e que pode causar alguns efeitos colaterais, como náuseas (mais comum nos três
primeiros meses), cefaléia leve, sensibilidade mamária, nervosismo e acne. A incidência
desses efeitos costuma ser inferior a 10%.
Se a paciente atrasou para iniciar o uso do anticoncepcional hormonal, ela deve fazer
abstinência sexual ou usar preservativo nos primeiros sete dias do método. Se esqueceu uma
pílula, deve tomá-la assim que se lembrar e continuar tomando o restante normalmente. Se
esqueceu duas ou mais pílulas, deve parar o anticoncepcional, aguardar o sangramento e
reiniciar.
21 - Como deve ser orientada a paciente que apresentou vômitos ou diarréia durante a
utilização de contraceptivo hormonal oral combinado?
Se a paciente por algum motivo vomitou ou apresentou diarréia cerca de até duas horas após a
utilização do anticoncepcional hormonal oral combinado, ela deve tomar outra pílula e fazer uso
de método de barreira.
Este anticoncepcional pode ser usado por todas as mulheres, mas é indicado, principalmente,
para as que apresentem contra-indicações para estrogênio, como, por exemplo, durante o
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aleitamento, em mulheres fumantes ou com intercorrências clínicas, como hipertensão arterial,
diabetes, lúpus eritematoso, anemia falciforme e outras doenças.
Em mulheres que estejam menstruando normalmente, deve ser iniciado no primeiro dia do ciclo
ou em qualquer momento, desde que seja afastada gravidez. Se for iniciado após o quinto dia
de sangramento, a orientação de abstinência sexual ou de uso de método de barreira é
necessária.
Em mulheres que estejam amamentando, o método pode ser iniciado após a sexta semana do
parto. Se a menstruação já retornou, a mulher pode começar a tomar a minipílula a qualquer
momento, desde que se tenha certeza de que não esteja grávida. Em mulheres que não
estejam amamentando, o método pode ser iniciado imediatamente, ou a qualquer momento
durante as quatro primeiras semanas, não sendo necessário esperar o retorno das
menstruações. Em mulheres pós-aborto espontâneo ou provocado, o método pode ser iniciado
imediatamente.
O anticoncepcional hormonal oral só com progestógeno deve ser utilizado todos os dias no
mesmo horário, sem esquecer ou atrasar. Mulheres que amamentam devem ser orientadas a
tomá-lo logo após uma mamada. O seu uso é contínuo, sem pausas.
O método injetável só com progestógeno mais utilizado em nosso meio é o que contém acetato
de medroxiprogesterona na dose de 150 mg, para aplicação intramuscular profunda, a cada 90
dias, com tolerância de mais ou menos 15 dias. Pode ser utilizado em mulheres que desejam
anticoncepção e, principalmente, nas que apresentam contra-indicações para uso de
estrogênio. É um método fácil, prático, de ação prolongada e que não interfere com a
amamentação e com o desenvolvimento do recém nascido. É um método reversível, mas o
retorno à fertilidade pode demorar mais de seis meses.
Seu uso está contra-indicado para mulheres com câncer de mama, tumores benignos ou
malignos de fígado, com sangramento uterino sem etiologia esclarecida, com cirrose e com
suspeita de gravidez.
É um método de alta eficácia se utilizado de forma correta, sendo o índice de falha de 0,3 por
100 mulheres que usaram o método por um ano.
Em mulheres em amenorréia, pode ser iniciado a qualquer momento, desde que se afaste
gravidez. Há necessidade de abstenção sexual ou de uso de métodos de barreira, como o
preservativo, nos sete dias após o início do tratamento.
Em mulheres que estejam amamentando, o método pode ser iniciado após a sexta semana do
parto. Se a menstruação já retornou, a mulher pode começar a tomar o injetável a qualquer
momento, desde que se tenha certeza de que não está grávida. Em mulheres que não estejam
amamentando, o método pode ser iniciado imediatamente, ou a qualquer momento durante as
quatro primeiras semanas; não sendo necessário esperar o retorno das menstruações. Em
mulheres pós-aborto espontâneo ou provocado o método pode ser iniciado imediatamente.
33 - O que pode ser orientado para a mulher que apresenta alterações de sangramento
uterino quando faz uso de contraceptivo hormonal oral ou injetável só com
progestógeno?
Se a paciente apresenta amenorréia, ela deve ser orientada que esta é uma alteração
freqüente e que não necessita de tratamento. As mulheres que utilizam contraceptivo hormonal
oral só com progestógeno têm uma incidência de amenorréia de 30% a 40% após um ano de
uso, enquanto nas usuárias do injetável trimestral esta incidência é maior, podendo atingir 70%
a 80% delas.
Se a paciente refere sangramento em pequena quantidade (manchas), deve ser informada que
isto é freqüente, principalmente nos primeiros meses de uso, e que deve melhorar após seis
meses. Existem várias alternativas para contornar o sangramento irregular, como o uso de
estrogênio (se não houver contra-indicação) ou de antiinflamatórios, mas nenhuma apresenta
ótimos resultados.
A inserção é feita no subcutâneo da face interna do braço e o momento ideal para sua
colocação é entre o primeiro e o quinto dia do ciclo menstrual, para garantir a eficácia desde o
primeiro mês de uso. A inserção é feita ambulatorialmente com anestesia local, obedecendo as
condições adequadas de assepsia. Sua ação é de três anos.
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Pode ser colocado, se a paciente não faz uso de nenhum método, entre o primeiro e o quinto
dia do ciclo menstrual. Quando a paciente é usuária de anticoncepcional hormonal oral, o
implante deve ser inserido preferencialmente no dia seguinte após o último comprimido ativo.
Após parto ou abortamento do segundo trimestre, o implante pode ser colocado após 6
semanas. Se o aborto for de primeiro trimestre, ele pode ser colocado imediatamente.
A anticoncepção de emergência é um método que pode ser usado após um coito para prevenir
uma gravidez indesejada. O seu uso está indicado após violência sexual, relação não
planejada e desprotegida (freqüente entre os adolescentes), uso inadequado ou não uso de
método anticoncepcional e na presença de falha anticoncepcional presumida.
Vários mecanismos podem intervir, dependendo do período do ciclo em que ocorre a relação
sexual desprotegida e a tomada das pílulas, sendo que todos interferem na fecundação, que é
a união do óvulo com o espermatozóide. Os mecanismos mais estudados são a inibição e o
retardo da ovulação, a alteração na função do corpo lúteo, a interferência no transporte ovular
e na capacitação de espermatozóides e fatores que interferem na fertilização. A eficácia sobre
a interferência na fecundação é maior quanto menor o tempo entre o coito e a ingestão das
pílulas. Isso explica porque a anticoncepção de emergência é mais efetiva quanto mais
precocemente depois do coito, for tomada. A anticoncepção oral de emergência não afeta a
implantação de um óvulo já fecundado nem interrompe uma gravidez já estabelecida.
38 - Como deve ser orientada a paciente para prevenir náuseas e vômitos na utilização
de anticoncepção de emergência?
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O dispositivo intra-uterino, especialmente o que contém cobre, estimula uma reação
inflamatória pronunciada no útero, por ser um corpo estranho. Desta forma, pode haver
aumento da concentração de diversos tipos de leucócitos, prostaglandinas e enzimas nos
fluídos uterino e tubários. Estas alterações bioquímicas interferem no transporte dos
espermatozóides no aparelho genital, impedindo a fecundação. Assim, estes mecanismos
permitem afirmar que o dispositivo intra-uterino apresenta um complexo e variado conjunto de
alterações espermáticas, ovulares, cervicais, endometriais e tubárias que causam o
impedimento da fertilização.
O dispositivo intra-uterino pode ser usado por todas as mulheres que receberam informações
sobre seu uso e que apresentem condições adequadas para sua inserção. Não deve ser
utilizado em pacientes com suspeita de gravidez, sangramento uterino de causa desconhecida,
câncer de colo de útero ou de endométrio, miomas que alteram a cavidade uterina, alterações
anatômicas congênitas ou adquiridas da cavidade uterina, doença inflamatória pélvica ou
cervicite purulenta.
No puerpério, a inserção pode ser imediata, isto é, logo após a dequitação ou mais tarde, após
6 semanas do parto. O DIU também pode ser inserido logo após uma curetagem por
abortamento não infectado. A inserção deve ser evitada no pós-parto, quando houver atonia
uterina, hemorragia genital ou história de amniorrexis ou nos casos de infecção, mesmo se
houver dúvida.
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conseqüências sérias. Neste caso, o procedimento deve ser interrompido e a nova
inserção deverá ser marcada para a próxima menstruação. Quando ocorrer perfuração
durante a inserção, o DIU deve ser retirado, mesmo em situação de suspeita. A
paciente deve ser observada por um período de pelo menos duas horas e na ausência
de sangramento ou dor poderá ser dispensada. Caso contrário deverá permanecer em
ambiente hospitalar por 24 horas.
• Sangramento uterino: na grande maioria das vezes é originário do colo uterino, onde se
fixam as pontas da pinça de Pozzi. Costuma ser de fácil controle e cessa com
compressão do colo uterino. Quando o sangramento vem da cavidade uterina e é
persistente, o DIU deve ser retirado.
46 - O que pode ser orientado para a mulher que apresenta alterações de sangramento
uterino quando faz uso do dispositivo intra-uterino?
As mulheres que desejam utilizar este método devem ser informadas que ele pode causar
alterações de sangramento como, sangramento irregular e aumento de fluxo e da duração da
perda sanguínea e que ocorrem mais freqüentemente nos primeiros três a seis meses após a
inserção. Para algumas mulheres, o uso de antiinflamatório não hormonal por um período de 5-
7 dias pode melhorar estes sintomas.
47 - O que deve ser feito quando uma mulher usuária de dispositivo intra-uterino
engravida?
A incidência de falha com o uso de DIU tem sido muito baixa. As pacientes em uso de DIU
devem ser orientadas a procurar o serviço se houver atraso menstrual. Quando o diagnóstico
de gravidez é confirmado, o DIU deve ser imediatamente retirado, independente da sua
posição. Deve ser feito exame ginecológico, com exame especular e na visualização do fio, o
DIU deve ser retirado. Se o fio não estiver visível o DIU não pode ser retirado. A paciente
deverá ter a gravidez monitorada freqüentemente.
Por serem definitivos, tanto a vasectomia como a ligadura tubárea, devem ser resultantes de
decisão consciente e amadurecida do casal, tomada de preferência fora da gestação ou no
início da mesma, e não no momento do parto. As condições do recém-nascido devem ser
levadas em consideração sempre.
Devem ser respeitadas as orientações da Lei 9263, de 1996, que trata de Planejamento
Familiar e se refere à esterilização voluntária, restringindo a esterilização cirúrgica no puerpério
nos casos de comprovada necessidade (risco de vida materna) ou por cesarianas sucessivas
anteriores.
49 - Literatura recomendada
FFPRHC Guidance (April 2006). Emergency contraception. J Fam Plann Reprod Health Care.
2006 Apr;32(2):121-8.
FFPRHC Guidance (January 2004). The copper intrauterine device as long-term contraception.
J Fam Plann Reprod Health Care. 2004 Jan;30(1):29-41; quiz 42. Erratum in: J Fam Plann
Reprod Health Care. 2004 Apr;30(2):134.
Speroff,L., Darney,P. A clinical guide for contraception. 2.ed. Baltimore: Williams & Wilkins
Waverly Co., 1996, 308p.
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World Health Organization. Medical eligibility criteria for contraceptive use. Reproductive Health
and Research, 3th edition: Geneve:World Health Organization; 2004
Curtis S, Chrisman CE., Peterson HB et al. Contraception for woman in selected circumstances.
Obstet Gynecol 2002;99:1100-1112.
Farley TM, Collins J, Schlesselman JJ. Hormonal contraception and risk of cardiovascular
disease. Contraception 57:211-230,1998.
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