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Referência COMPLETA:
I
DO CONTROLE AO AUTOCONTROLE
II
DIFUSÃO DA PRESSÃO PELA PREVIDÊNCIA E AUTOCONTROLE
III
DIMINUIÇÃO DOS CONTRASTES, AUMENTO DA VARIEDADE
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Na minha opinião, trata-se da expansão do sistema capitalista.
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IV
A TRANSFORMAÇÃO DE GUERREIROS EM CORTESÃOS
[215-225]
V
O ABRANDAMENTO DAS PULSÕES:
PSICOLOGIZAÇÃO E RACIONALIZAÇÃO
Começa com um relato sobre as dificuldades da vida na corte. Foi na corte que se
formou, primeiramente, um tipo de sociedade e de relacionamentos humanos onde era
extremamente forte a pressão da opinião das pessoas sobre si mesmas. As intrigas e disputa
de favores, a disputa oratória tomaram o lugar das brigas violentas. Entretanto, nessa
sociedade, os cortesões somente precisam sujeitar suas emoções quando envoltos de seus
pares. Na corte, ao contrário da sociedade burguesa, é mais nítido a opressão aos
sentimentos. [225-227]
“De conformidade com a transformação da sociedade, são, também reconstruídas
as relações interpessoais, a constituição afetiva do indivíduo” (227). As relações
estabelecidas com as pessoas se tornam mais cheias de nuances, mais “psicologizada”
(227). Os sentimentos imediatos prendem o indivíduo a um número menor de opções de
relacionamentos. Conforme o autocontrole se desenvolve, maior a complexibilidade das
relações interpessoais. Também as relações tornam-se mais neutras, pois as ações se
orientam para o “empírico”, para a “experiência”. A percepção cortesã consegui analisar as
relações entre pessoas dentro de um contexto social. A importância das observações sobre o
outro para o estabelecimento de relações interpessoais pode ser percebida na comparação
de dois manuais de conduta. Outro fator revelador do aprofundamento da civilização é a
ampliação da circulação de literatura. Cita a capacidade de alguns escritores de traduzir a
plasticidade das relações existentes nos altos escalões sociais. [227-229]
Assim como a psicologização, a racionalização também vai se tornando perceptível
ao longo da história européia. A racionalização não é um fato isolado, apenas “uma
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racionais. “Mudanças desse tipo, porém, não se ‘originam’ numa classe ou noutra, mas
surgem, sim, em conjunto com as tensões entre diferentes grupos funcionais no campo
social e entre as pessoas que competem dentro deles” (240). Defende a interligação de
diversos fatores na formação da sociedade ocidental. Relativiza a influência dos ‘grandes
homens’ nesse processo de diferenciação. [239-241]
VI
VERGONHA E REPUGNÂNCIA
VII
RESTRIÇÕES CRESCENTES A CLASSE ALTA:
PRESSÕES CERCENTES A PARTIR DE BAIXO
Nas sociedades cortesãs existia um certo asco por algumas atitudes características
das classes inferiores. A segurança expressa pelas classes altas no seu bom gosto – seja para
a comida, seja para roupas ou decoração, por exemplo – “tem origem mais numa instância
de auto-regulação que opera mais ou menos inconscientemente do que uma reflexão
consciente.” (249). É o meio cortesão que proporciona o aprendizado dos gostos. [248-249]
As pressões provenientes dos círculos burgueses para acabar com certos privilégios
aristocráticos é bastante anterior ao século XIX. A própria configuração das cortes é
fortemente ligada as pressões provenientes dos círculos da burguesia. Até o momento da
centralização e monopolização da violência na sociedade, eram comuns a tensão entre os
diferentes grupos sociais descambar para a violência. As restrições antigamente expressas
em meios violentos passaram a serem externalizadas por meios psicológicos internos. Nos
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séculos XVI e XVII, quando a nobreza de espada começava a coexistir com a nobreza da
corte, grupos burgueses se aliavam ora com uma e ora com outra em busca de arraigar
privilégios. “Dada essa estrutura de interdependências, a tensão social produzia uma forte
tensão interna nos membros das classes altas ameaçadas” (251). [249-251]
A principal função da nobreza de corte era justamente era distinguir-se como um
grupo social a parte, em contraposição a burguesia. O aprimoramento do gosto e da conduta
estão diretamente ligados ao tempo gasto nisso. A burguesia tinha menos tempo que a
aristocracia. Com a queda da sociedade de corte, a interdependência entre os dois grupos
aumentou, gerando contato mais estreitos e, conseqüentemente, tensões. Nesse momento,
as profissões e o dinheiro passou a ser mais importante que o refinamento do gosto. O
refinamento foi levado para a esfera privada. O controle dos impulsos era igualmente
necessário na sociedade burguesa, porém destinado agora a esfera das relações de
produção. Destaca a simbologia que Paris e Viena ainda guardam como sinônimo de bom
gosto e erotismo. [251-254]
Mesmo com as variações existentes em cada país, o comportamento das cortes
acabou ultrapassando as barreiras sociais, sendo adotado com graus variados e com
numerosas modificações em vasta medida. Isso foi “resultado da existência de cadeias de
dependência muito entrelaçadas e longas, que ligavam as várias sociedades nacionais do
Ocidente” (254). A partir do século XIX, as “formas civilizadas de conduta se
disseminaram pelas classes mais baixas, em ascensão, da sociedade do Ocidente e pelas
diferentes classes nas colônias, amalgando-se com padrões nativos de conduta” (255).
Inglaterra: fusão de um código de maneiras com um código ético. Para conseguir
disseminar um padrão de conduta era preciso um “grau bem elevado de segurança” (256).
[254-256]
Todos os fenômenos explicitados até o momento tiveram como implicação o
aumento da produtividade no trabalho. Essa condição foi fundamental para elevar o padrão
de vida, consolidar as formas de tributação e concentração da violência, fato que gerou a
segurança típica do Estado Moderno. “Se acompanhamos os delineamentos desses
processos ao longo dos séculos, percebemos uma clara tendência para igualar padrões de
vida e conduta e nivelar contrastes.” (257). Existem duas fases de assimilação dos grupos
subalternos em ascensão. Apesar de adotar um modelo, os membros da classe em ascensão
criam um superego diferenciado. [usando uma linguagem do Bourdieu: hábitus não se
apaga!] [256-258]
O código de comportamento, além de um elemento de prestígio, também é um
elemento de poder, pois o governo das pessoas é internalizado na estrutura psíquica. Os
burgueses do tempo da ascensão da sociedade do corte adotavam a postura e os valores da
aristocracia. O controle moral, principalmente sexual, foi mais forte entre os burgueses do
que nobres corteses nesse período de ascensão. “A crescente divisão das funções sob
pressão da competição, a tendência a maior dependência recíproca de todos, que, a longo
prazo, não permitiu a grupo algum obter maior poder social do que outros e acabou com
os privilégios hereditários” (260). Destaca as diferenças existentes em cada nação. Usa o
exemplo específico da Inglaterra e França. [258-263]
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VIII
CONCLUSÃO
Esse livro pretendeu apresentar o processo que ainda hoje continua, iniciado nos
tempos medievais. Esse livro tentou, com diversos exemplos, tentou mostrar o sentido, que
tem avanços e recuos, do desenvolvimento da sociedade ocidental. Da mesma forma que
antigamente, os Estados formados nesse longo processo hoje lutam por hegemonia, estando
em jogo a supremacia por continentes. A situação de livre competição, seja ela entre
artesãos, empresas ou Estados, leva a formação de monopólios. É impossível prever qual
será o futuro centro formado. [263-265]
O mesmo raciocínio pode ser formulado na análise dos grupos sociais, as tensões
resultantes “entre as pessoas que controlam diretamente certos instrumentos do monopólio
como propriedades hereditárias e aquelas excluídas de tal controle e que participam de
competição sem liberdade” (265). A luta da burguesia contra a nobreza nos tempos do
absolutismo é um exemplo desse tipo de disputa. [265-266]
Ao longo desse estudo, o autor defendeu que “a estrutura das funções psicológicas,
o modelo específico de controle do comportamento num período dado, vincula-se à
estrutura das funções sociais e a mudança nos relacionamentos entre as pessoas” (266).
Exemplifica com as influências mútuas acontecidas entre o comportamento da burguesia e
da nobreza. O comportamento da nossa sociedade precisa ser compreendido a partir de uma
perspectiva histórica. As pressões surgidas na sociedade com o maior entrelaçamento
social, o aumento da qualidade de vida e da segurança foi a mudança na estrutura da
personalidade: as estruturas da sociedade foram internalizadas na estrutura psiquica dos
seus membros. [266-269]