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RESUMO: o presente texto faz uma crítica à relativização da linguagem legal que visa a, por meio de uma

politização das decisões judiciais, impor uma visão humanística da realidade. Particularmente, essa
tendência, perpetrada por meios de tribunais, ameaça valores tradicionais de influência judaico-cristã,
tendendo a uma silenciosa ditadura normativa. A ameaça se dá tanto a grupos conservadores como a grupos
religiosos, tanto ao Executivo Federal como ao Legislativo.

PALAVRAS-CHAVE: Lei; Religião cristã; Suprema Corte.

O presente texto faz uma crítica à relativização da linguagem legal que visa a, por
meio de uma politização das decisões judiciais, impor uma visão humanística da
realidade. Particularmente, essa tendência, perpetrada por meios de tribunais, ameaça
valores tradicionais de influência judaico-cristã, tendendo a uma silenciosa ditadura
normativa. A ameaça se dá tanto a grupos conservadores como a grupos religiosos, tanto
ao Executivo Federal como ao Legislativo.

A crise de fundamentação

Desde o Iluminismo, a configuração jurídica sofreu profunda mudança. A


influência da filosofia kantiana, “o homem como fim”, levou a uma leitura moderna da
realidade jurídica que considera a autonomia humana como a medida de todo o bem legal.
Entretanto, diante das crises perpetradas pelas Guerras Mundiais do século XX,
fez-se uma reflexão humanística da realidade social que encontrou no Judiciário, como
interprete da lei, uma âncora de apoio para a defesa de minorias e de direitos individuais.
Tal iniciativa, porém, somada às profundas mudanças da compreensão da filosofia
da linguagem moderna, levou a um empoderamento do Poder Judiciário que, nos dias de
hoje, tende a uma ditadura de sua interpretação legal. Isto é, diante da crise de conteúdo
das normas legais, as Cortes Supremas passaram a desempenhar um papel proeminente
na interpretação que, nos dias de hoje, parece sem controle e reduzida ao jogo político.
Ora, essa percepção não é tão recente assim. O autor Francis Schaeffer, em seu
livro “Manifesto Cristão”, que data do início da década de 80, referindo-se a crise jurídica
desencadeada nos Estados Unidos da América, já apontava que o principal motivo de
tamanha mudança foi filosófica: um abandono da cosmovisão judaico-cristã para uma
abordagem humanística. Nesta última, o homem, à parte de influência externas e baseado
nos postulados da imparcialidade e objetividade, era autônomo para decidir seu próprio
destino comunitário. Isto é, o homem passa a ser a base pela qual a lei é criada e medida.
Essa virada humanística tem um alto custo: o afastamento da Constituição e das
normativas legais que passam a ser relativizadas e usadas como uma linguagem para se
tomar decisões políticas nos tribunais, especialmente nas Cortes Supremas.
Ratzinger (2007, p. 170) chama esse esfacelamento linguístico de “virada
linguística” em que se renuncia a verdade a partir da noção de que não se pode atingir o
que está por trás da linguagem e das suas imagens, já que a razão está linguisticamente
condicionada e perpetrada de vícios políticos.
Desse modo, o quadro pode ser resumido no seguinte sentido: a modernidade, com
seu postulado de autonomia, abandonou uma crença no sentido da linguagem, a
relativizando, e se dispôs a atribuir mais força legal ao Poder Judiciário como sendo um
guardião Supremo da interpretação constitucional e das garantias individuais. Entretanto,
isso tem feito com que essas Cortes, sem controle institucional, usem da linguagem
jurídica como um instrumento político para impor uma espécie de “ditadura jurídica
moderna”.

Ditadura jurídica moderna

Diante do quadro apresentado, as crises institucionais e, principalmente, de base


moral e filosófica, que abrange o abandono da influência judaico-cristã, levam a uma
imposição jurídica de ideologias e de crenças dos julgadores que solapam o frágil regime
democrático.
Schaeffer (1985, p. 44) diz que “esta mudança da base judaico-cristã para a lei e
para o desvio das restrições da Constituição, automaticamente milita contra a liberdade
religiosa”. Nesse sentido, a lei se torna um meio de forçar um modo político-ideológico
de pensar sobre a população.
É a tentativa de que uma minoria se imponha legitimamente sobre a maioria. Nas
palavras de C. S. Lewis (2012, p. 56-57), “o poder do Homem para fazer de si mesmo o
que bem quiser significa (...) o poder de alguns homens para fazer dos outros o que bem
quiserem”.
Consequentemente, como já alertava Schaeffer (1985, p. 102) na década de 80, os
tribunais são utilizados, ao invés do legislativo, porque eles não se sujeitam ao crivo da
opinião pública para serem reeleitos e porque podem aumentar a criação de leis sem
passar por um árduo processo de debates legislativos.
Nos tempos mais recentes, coaduna Scruton (2015, p. 256) ao dizer que
É notório o abuso da Suprema Corte, com juristas astutos e perspicazes, ao
criar argumentos que decidem questões de matérias rejeitadas pelo Congresso
eleito, ao mesmo tempo que reivindicam a autoridade de uma Constituição, à
qual todos têm o dever de fidelidade.

Tal atuação, chamada por alguns do Direito de “ativismo judicial”, leva ao


escanteamento da religião do debate público. Os religiosos são ridicularizados como
fundamentalistas, retrógrados, fascistas, reacionários, entre outros.
Com o tempo, esse esvaziamento da moral judaico-cristã é preenchido por falsos
ídolos ideológicos que prometem demais, mas que produzem mais instabilidades e crises.
Não se cria com isso um vácuo que será preenchido por valores objetivos em que o
homem supostamente, analisando a realidade social, cria de sua mente e
democraticamente leis que são melhores para todos. Na verdade, o vazio é preenchido
por valores que são antagônicos a tudo aquilo que taxam de conservador. Como coloca
Razzo (2016, p. 232), “o homem totalitário impõe ao Estado e à sociedade um
ordenamento jurídico revelado de sua própria imaginação, apelando para a ‘mudança
muito mais radical’ como a verdadeira e única fonte do direito”.
Desse modo, o resultado é que, como prenunciava Schaeffer (1985, p. 77), a
Suprema Corte: a) impõe leis sociológicas arbitrárias; b) cria novas leis e formula os
pareceres que vinculam todas as interpretações legais; c) domina os dois outros poderes
governamentais, solapando o princípio da tripartição dos poderes.

Resistência cristã

Em um dos documentos mais antigos do federalismo, em que se postulou a


limitação estatal, Althusius (2003, p. 217) dizia que não é lícito aos administradores
estatais ultrapassar os limites da lei. Quando esses assim o fazem deixam de ser ministros
de Deus e se tornam pessoas privadas, “às quais não mais é devida a obediência naquilo
que excederam os limites de seu poder".
Nesse sentido, é preciso que os cristãos resistam a esses avanços ideológicos que
levam a uma crise estatal e a uma ditadura jurídica por parte dos tribunais. Consideram-
se, assim, três pontos fundamentais apresentados:
Primeiramente, é preciso que se afirme que a linguagem humana tem algum grau
de sentido objetivo que deve ser respeitado quando a lei é aprovada legislativamente. A
hermenêutica não pode ser usada para relativizar e aprisionar o homem em uma espécie
de “gabinete de espelhos das interpretações” (RATZINGER, 2007, p. 172).
Além disso, é essencial que os valores fundamentais, de influência judaico-cristã,
que são base da sociedade moderna, sejam devidamente resgatados porque garantem o
mínimo de segurança jurídica, previsibilidade legal e imparcialidade que limitam os
agentes estatais, e, também, porque são “propriedade de outros que ainda estão por
nascer” (SCRUTON, 2015, p. 272).
Por fim, absolutizar as decisões judiciais que impõem uma agenda ideológica é,
como ensinou Dooyeweerd (2015), considerar autossuficiente o que não é
autossuficiente. Por isso, o Judiciário, que serve para controlar os outros poderes, deve
também ser controlado para que não se permita a perpetuação de uma “ditadura jurídica
moderna”.

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