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e
contos
do
macabro
Ψ
JERRY
DANDRIDGE
2017
A Mansão da
meia noite
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admitir que em minha primeira análise, o achei caso
perdido. Mas havia em seu olhar algum resquício de
sanidade. Conversamos algumas vezes, até arrancar
dele uma louca confissão. Quiçá ser realmente
loucura de sua mente delirante. Ou talvez seja
verdade. Não podemos de maneira alguma duvidar do
sobrenatural. E quem seria deus se não houvesse o
culto sobrenatural a ele? Por isso escrevo agora o
relato de meu paciente, e sobretudo amigo:
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a noite toda por dentro da imensa floresta que
circundava Londres. Sua família era muito
excêntrica, tal como nosso amigo. E haviam
adquirido um costume um tanto gótico de vida. Não
digo que viviam como no conto de Horace Walpole*,
mas circulou boatos de pessoas influentes que a mãe
de nosso amigo, era descendente de uma antiga bruxa
de Salem.
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morte. Caindo um em cima do outro. O cocheiro, que
era corpulento, ficou de olhos esbugalhados ao ver
tamanha violência que a natureza causara aos
animais. Nosso amigo estava inquieto desde o começo
da viagem, e piorou mais ao ver que não estava em
movimento. Abriu a janelinha, e um hálito gélido o
acaricio a face. Pôs a cabeça para fora e brandiu:
- O que diabos estar acontecendo? – Perguntou. – O
cocheiro demorou a responder, pois estava em estado
de letargia total.
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que por isso seria o causador de tanto infortúnio.
Como qualquer nobre, andava sempre armado.
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e uma leve tontura o fez padecer no chão. Estava
lânguido, nada mais o importava. Apenas que o ser
repulsivo de mão esqueléticas e olhos de fogo, o
levasse de uma vez por todas. – E sabe quem era a
rameira? –Perguntou ainda em seu último linear de
força. –Manfred não o olhou nos olhos, pois sabia
de quem estava falando. –Era minha filha, e você
sabia. Sabia e continuo aquele ato horrendo.
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Ψ
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Começou a andar até o topo. Chegando em seu cume,
desabou por um instante, como se tivesse chegado ao
topo de uma íngreme e terrível montanha. Arqueou a
cabeça e viu que porventura suas indagações estavam
corretas. Levantou-se e continuou seu trajeto a uma
antiga propriedade. Como ele me descrevera, a
mansão era quase colonial. Havia um enorme muro que
rodeava toda a extensão da propriedade. Cobria
quase 10 hectares de terra. Nunca havia notado. Era
bem lógico. Já que só viajava por essa estrada no
natal. E sempre a noite. A lua cortou a escuridão
revelando um enorme portão. Galhos secos circundava
aquele portão enferrujado, porém muito resistente.
Um enorme arco pendia das duas extremidades do
muro.
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Sorte a dele que antes de se virar para buscar
outro abrigo, o portão abre-se como em um passe de
mágica. Um som apavorante de dobradiças
enferrujadas gera um calafrio quase sobrenatural em
Manfred. Ele vira-se lentamente, e ver o portão
meio aberto, o convidando a pernoita naquela
mansão, que mais se assemelhava a uma boca
demoníaca. Manfred andejou para dentro da
propriedade. Uma quietude opressora atacou o
coração de nosso amigo. Atacou de uma forma da qual
não posso descrever em palavras. Sua face mudou de
uma forma, que por um instante pensei que eu que
estava louco. Não sendo muito habituado com a
botânica, devo admitir que meu amigo explicou de
forma científica os nomes das árvores que
circundavam o território. Dentre elas a fagus, que
posteriormente descobrir ser a faia. Uma belíssima
árvore. Troncos longos e folhas amareladas. Mas o
clima temperado do Sul às deixou rústicas e de
aparência fantasmagórica. Manfred locomoveu-se tão
rapidamente, que nem percebera o cemitério da
família a alguns metrôs da casa. A casa era rodeada
de lodo e trepadeiras. Janelas tão escuras, que nem
a luz da noite dava possibilidade de ver algo.
Tijolos amarelados e de aparência desgastada. Não
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quis ponderar muita coisa, seu desejo era entrar na
mansão. Subindo a escadaria, uma leve brisa oprimiu
o coração já latente de nosso amigo. Olhou por cima
do ombro, mas não viu nada. Continuou até chegar na
porta principal. A porta principal era de uma cor
escura. Era como se ela tivesse sido queimada e
depois pintada. Mas não era queimadura, era um
enegrecido vivo. Bate na porta, mas apenas houvesse
ecos reverberando de dentro para fora. Tenta uma
segunda vez. O som do silencio é sua única
resposta.
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cima. A pegou e a acendeu em seguida. Agora via
perfeitamente a mansão. Tinha certeza que não era
habitável, pois o lugar estava em ruínas.
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sanguessugas da noite. Percorreu um corredor
exíguo, onde pede perceber algumas pinturas
arabescas. Mas não só do oriente médio. Também
pinturas italianas e francesas.
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encontram nosso amigo ele o agarrava fortemente
junto ao tórax.
Nosso querido irmão chegou da França. Napoleão estar em guerra feroz contra
nossa pátria. Ele foi ferido, mas não é nada para se preocupar. Ele me disse que
quando travava batalha contra o exército napoleônico, foi ferido, e ficou em
estado de choque dentro uma floresta perto de malta. Estava com frio, e seu
ferimento no fígado estava necrosando. Ele me disse que angelicamente um
soldado russo o ajudou. Não sei como nosso irmão sobreviveu tanto, mas tenho lá
minhas dúvidas. Os noruegueses são muito resistentes. Ele apenas lembra-se
que o soldado o levou a uma cabana, e lá cuidou dele. Usando unguentos e ervas
medicinais. Não sei se o homem era realmente um soldado, mas assim mesmo
agradeço a ele. Depois que nosso irmão chegou em casa, contou-me que por um
acaso do destino ajudara esse homem. Disse que foi em uma noite. Estava de
vigia, e viu que alguns homens tentavam tirar a vida desse pobre homem.
Usavam estacas de madeira. Armamentos realmente rústicos. Acabou com a
vida dos malfeitores e ajudou o pobre coitado. Esse rapaz agradeceu ao meu
irmão, e disse que estava em débito com ele. Após aquele dia esse sujeito sumiu.
9 de junho de 1830
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Não sei o que ele trouxe da guerra, mas meu irmão não era mais ele. Sua
aparência estar mudando cada vez mais. Olhos esbranquiçados, pela pálida, e
boca avermelhada. O que é mais estranho é sua repulsa a luz do dia. O que mais
me impactou, e mostrou que meu irmão estava doente, foi que ao tentarmos velá-lo
para fora, um simples toco do raio solar o feriu violentamente. Uma bolha
enorme formou-se em sua pele. Pagamos os melhores médicos do país, mas todos
diziam que ele estava com uma doença misteriosa. Da qual a luz do sol era sua
inimiga. Alguns meses se passaram, e logo notei que meu irmão estava exercendo
uma influência hipnótica sobre todos na casa. De papai até minha filha mais
nova. Devo salientar que era o seu olho. Aquele olho que mais se assemelhava a
de uma coruja. Termino mais um dia sem saber o que acontecerá amanhã. Mais
um dia encoberto em trevas.
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estava pronta. Achava-se extenuado, e não demorou
muito para cair nela. De pouco em pouco seus olhos
pesaram, até que o sono o embalasse como um bebê.
Seria ótimo se fosse só isso. Amanheceria um belo
dia. Com pássaros cantando, e neve caindo, trazendo
o maravilho outono. Não que nosso amigo iria se
importar com pássaros e flores. Mas seria muito
melhor. Dá um sobressalto da cama quando sua
audição capta passos no assoalho. Esses passos
proviam do térreo. Como se mais de uma pessoa
descesse e subisse rapidamente as escadas. Pegou o
revólver e mirou em direção a porta. A mão tremia
igual a de um velho. Transpirava mesmo com o frio.
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os passos. Virou-se rapidamente com arma em punho.
Já tinha perdido a paciência.
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-Quem é você? Estar sozinha querida? – Tentou
conversa com a silhueta.
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sobre seu cabelo, mas desta vez não olhou. Estava
curioso para descobrir a onde a garota o levaria.
Não demorou muito, e a menina soltou sua mão.
Parecia que tinha sido hipnotizado, pois quando
olhou a sua volta, percebeu que encontrava-se em um
cômodo totalmente diferente da mansão.
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-O que isso significa? – Perguntou. Não houve
resposta. -Garotinha eu lhe pergun..............
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pessoas ao seu redor, e isso o fez engatilhar
novamente a arma.
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Não sou admirar de contos de terror, mas admito que
já li alguns. De certa forma ajudou-me na alegoria
do monstro que meu amigo descreve para mim.
Propriamente dito, ou especificamente. O que ele
viu beirava algo sobrenatural e quase profano.
Quando olhou em sua frente, ao invés de ver nada,
encontrou perante ele um homem. Estava despido.
Mas isso não era o total fato hediondo. Seu corpo
estava em estado anatômico. Ou seja, toda pela não
existia. Apenas nervos e um acarminado residia em
seu corpo. Os olhos tão vermelhos quanto a da
garotinha, e dentes afiados como navalha.
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abriu como a de um crocodilo, pronto a atacar a
presa. Mas algo o fez retroceder. Sentiu uma
queimação. Havia no pescoço de Manfred uma cruz de
prata. Um objeto de família. Manfred recobrou a
consciência, e viu que não era nem uma ilusão.
Arrancou a cruz do pescoço e a direcionou. Seu alvo
se contorceu de dor. Brandiu de ódio. ouviu uma
agitação, como se uma manada de elefantes viesse em
sua direção . Era obvio que nosso infortunado amigo
não ficaria para ver o que aconteceria. Correu
escada acima. Voltando ao seu aposento, onde tentou
dormir, usou de tudo para bloquear a porta. A
escrivaninha, a cama, a estante de livro, e por
último um busto de mármore de lord Byron. Se ouviu
gritos hediondos e diversas pancadas na porta.
Verificou quantas janelas tinham no quarto. Contara
apenas uma. E a única estava selada com tábuas.
Agora entendia o motivo de pouco visibilidade. Era
meia noite ou mais. Será que sobreviveria a essa
noite? Passou a madruga de olhos pregados. O
barulho era ininterrupto, mas parecia que a porta
estava bem selada. Sabe aquele leve sono que
pensamos estar acordados? Mas na verdade dormimos
profundamente? Bem, isso aconteceu com Manfred, que
pulou desesperadamente do chão frio. Olhou de um
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lado para o outro, parecia tudo em ordem. Examinou
a janela; queria ver se conseguiria escapar por
ela. Por sorte, a madeira estava podre. E puxar uma
tábua, duas veio a baixo. Arrancou o resto e se viu
livre. Olhou pela janela, e seus olhos
lacrimejaram. Já estava amanhecendo. O Deus sol
irradiava luzes sobre sua pele. Uma brisa fresca
tocava seu rosto. Era como um poema romântico de
Kate. Tudo parecia calma e jovial. Parecia que seus
temores tinham acabado. Antes é claro, queria saber
se havia algum monstro de vigia ainda. Retirou tudo
de frente da porta. Contou até três. Depois a abriu
subitamente, comprovando seu terror. O vampiro
jogou-se sobre Manfred, que caiu fortemente no
chão. Na queda, a cruz caiu de um lado e o revólver
do outro. Estava à deriva. Contemplava a face da
morte. Era o seu fim. Se não fosse é claro o sol.
Algo estranho, mais muito lógico, aconteceu. Algo
que pensei que nunca ouviria de meu amigo
materialista. O vampiro pôs a mão no peito, e de
repente sua cabeça começou a latejar. Latejava de
uma forma que explodiu. Como se seu cérebro não
suporta-se mais seu crânio. Manfred desvencilhou-se
antes que se queimasse. Pois em seguida o corpo
entrou em combustão espontânea. Cinzas sobrevoaram
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o rosto de Manfred. Ele ficou um bom tempo parado,
até recobrar a consciência. Pegou instintivamente o
diário que lera. Não foi difícil para ele descer.
Havia uma escadaria feita de trepadeiras, que o
conduziu são e salvo até ao chão. Ele andou não sei
quantas horas. Porém pelo estado que foi
encontrado, foi deduzido mais ou menos duas horas.
O acharam perto de um moinho, a alguns quilômetros
de um vilarejo muito antigo. Após ele relatar esse
estranho caso, foi levado a polícia. Lá taxado de
louco, foi mandado para cá, onde faleceu essa
manhã. A morte vermelha veio busca-lo. O enterramos
aqui mesmo no cemitério da propriedade. Se tudo
isso foi verdade, não tem a mínima importância
agora. Ele descansará em paz. Não conseguir contado
com a família ainda, esperarei respostas.
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26 anos, foi encontrado em estado deplorável: O
guarda que estava de ronda foi chamado exatamente
às três da madrugada. Ele disse que passava pelo
hospital quando presenciou a chegada do coveiro.
Quando o pobre homem recobrou o fôlego, disse ao
policial que alguém tinha sido morto no cemitério.
Sem hesitar adentrou a propriedade, e viu a cena
grotesca: O médico jazia morto ao pé de uma lápide
quebrada ao meio. Olhos esbugalhados, face
esbranquiçada, e garganta estraçalhada. Era um
crime hediondo. A terra tinha sido revirada,
pegadas firmes podiam ser vistas indo para a rua. O
coveiro disse ter visto um homem que trajava roupas
fúnebres. Olhos vermelhos, afirmou mais de uma vez
ao policial. Ele tinha olhos vermelhos.
FIM
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