Começa questionando se a identificação do plágio seria uma maneira de proteger o autor, mas será que estamos de acordo com isso? É realmente de interesse do autor? Há dinâmicas de interesse social e econômico. O plágio acadêmico é algo que afeta de maneira fulminante a maneira de fazer o ensino. O plágio é como uma cola numa prova, afeta o ensino. Isso se dá porque se substitui a produção de novos textos por textos já existentes. Há justificativas no estilo de “estamos escolhendo um inglês melhor” para os plágios. O professor fez uma propaganda do livro que estava a R$30,00 dizendo que estava a um bom preço e que faria uma boa presença como presente. Na acadêmia o autor não tem a menor preocupação se seu trabalho será plagiado ou não, agora a academia em si tem essa preocupação em prol do ensino propriamente dito.
Prof. Marcos Wachovicz
O professor inicia falando sobre o livro que reúne as melhores palestras e artigos que trazem à comunidade acadêmica uma discussão adequada sobre o tema. Cita o 4º capítulo que cita as modalidades de plágio acadêmico. Ele diz que o plágio sempre existiu na academia, mas os direitos autorais não. O plágio é anterior ao direito autoral. O primeiro plágio remonta a 400 a.C. quando no concurso em Roma se plagia. Plágio é a usurpação de determinada obra se atribuindo a si mesmo. O plágio é doloso, nunca culposo. Ele cita o caso do Bruno Mars que teve que pagar 8 milhões de indenização por utilizar um sopro de determinado cantor em sua música, apesar da música em si ser totalmente diferente. Ele diz que você escapa do plágio por uma paráfrase. O prof. cita o Denis Borges Barbosa, que fizeram homenagem ontem, que escreveu a obra Introdução ao Estudo da propriedade intelectual. Ele diz que o plágio na academia difere do plágio na música. O direito de autor não protege a ideia, protege o suporte tangível da exteriorização da ideia. Existem vários tipos de plágio. Cada autor faz sua classificação, pois não há classificação legal. Plágio por encomenda: o aluno tem um prazo para entregar o TCC e encomenda a obra. Não existe direito do autor sem identificação do autor, sempre há uma personalidade humana. Plágio invertido: classificação da Sara Lin. Tira-se a autoria de determinada pessoa e coloca como anônimo. Autoplágio é quando você diz que seu trabalho é inédito. Nas academias há indução de plágio, as próprias academias pagam a tradução para autoplágio, publicação em entidades internacionais. Plágio consentido: aluna faz o trabalho, o professor coloca seu nome com a autorização dela e publica. Esse plágio seria um estupro acadêmico, conforme o professor. É uma violação ao princípio ético do individual para com o coletivo. Representa todo um sistema de mercado auditorial. Retoma a falar de livro, que surgiu dentro da academia, após os pergaminhos, nos monastérios. O livro surge para difusão do conhecimento e ideia, não para enriquecimento. O livro sobrepõe o pergaminho no século XVIII ou XIX, pois o livro chancela o conhecimento. Hoje é o inverso, o mercado dita o livro que está dentro da universidade. Não há nas universidade top 5 de direito alguma que tenha orientações sobre plágio.
Prof. Adelaide H. P. Silva
Plágio acadêmico: uma questão de estilo Dois aspectos de uma mesma moeda: identificação de autoria: baseada em pistas do estilo do autor, ou seja, forma textual de se expressar, suas feições e escolhas sobre estruturas linguísticas (sotaque do registro escrito). A professora dá exemplo de um post no facebook que é citado como de autoria de Machado de Assis, o que não seria verdade. Ela decompõe toda uma análise textual para desconstruir essa afirmação, contradizendo o estilo do texto citado e confrontando-o com as reais características das obras, escritas, personagens de Machado de Assis. Estilo é uma junção de traços pessoais do autor: exemplos, cacoetes, escolhas lexicais. E do plágio, há vários exemplos, que ela pula uma vez que o prof Marcos já explicou detalhadamente. Ela dá exemplos de plágios. Prosódia, Texto com plágio contém problemas de coesão, escolhas equivocadas de termos, define equivocadamente o parâmetro que se propõe a trabalhar. Resume ao final, que os textos plagiados são menos cuidados, menos engenhosos, apresentam pistas e estilos diferentes, de outros autores. PAINEL VI – DIREITO AUTORAL E MÚSICA NA INTERNET – Streaming / Rádio Web / Gestão Coletiva
Prof. Daniel Campelo Queiroz
O professor inicia rasgando sedas para a prof. Vanisa e para o cantor Frejat, presentes na mesa. Ele começa falando sobre o cenário de inovações, concentrado nos EUA e Europa, isso antes da tecnologia. Hoje há grande velocidade de distribuição de músicas e similares entre os continentes do mundo. Ele diferencia as músicas em meio físico, digital e streaming. Anteriormente havia uma limitação para consumo de mídias físicas, hoje com streaming pode haver consumo continuo e ilimitado. Isso desembocou no aumento no consumo de banda larga e assinaturas de serviços streaming, que embora ainda pequenos, crescem em larga escala. Ele cita os problemas enfrentados pelos artistas com o streaming e diz que isso não está afetando as distribuidoras/gravadoras. Ele questiona se o mercado é capaz de se autoregular. Diz que não, pois economia não significa Estado menor. Ele diz que quanto maior o grau de cooperação, maior a integração e menores os conflitos. Fala sobre a lei 12.853/2013 e traz possíveis soluções. Ele afirma que as mudanças trazidas pela referida lei, trazem leveza para as transações econômicas. Termina questionando se streaming é execução pública? E diz que isso deve ser regulado pelo Legislativo com ajuda de especialista e não pelo Judiciário, pois este geralmente não tem interesse nos direitos de autor.
Prof. Vanisa Santiago
Ela inicia falando sobre gestão coletiva, traz um conceito, que diz que é uma coletividade de autores que se reúnem para exercício comum dos seus direitos. Afirma que existem diversas modalidades, que dependem de vários aspectos históricos, políticos socioeconômicos, culturais de cada país. Existem também diversas formas de administrar, as expressões artísticas, formas de exploração e fala também sobre bureaux. Diz que servem para assegurar prerrogativas que a lei comina sobre obras, facilitando os negócios. Servem também para facilitar o acesso e difusão dessas obras. A organização de gestão coletiva seria uma denominação genérica que abrange vários tipos de coletividades de titulares associados. Aduz que o ECAD não é sinônimo de gestão coletiva. Na era dos usos digitais em alguns países, pouco mudou. Em algumas associações houve reunião para licenciamento pan-europeu em plataformas específicas (ARMONIA e ICE). Na América Latina, há o LATINAUTOR, para licenciamento conjunto. No Brasil, os produtores fonográficos não permitiram ao Ecad a cobrança dos direitos sobre webcasting, mas utilizam o sistema Ecad para simulcasting. A professora diz que a lei 12.853/13 institui a necessidade de homologação de associações. Os produtores fonográficos assinam acordos mundiais com as plataformas (Global Deal) e recebem das plataformas aproximadamente 86% do total da verba repassada para titulares de direitos. Ela cita o Resp 1.559.264 interposto pelo Ecad. Sobre as disputas Youtube e Ecad. Foi fechado um acordo entre eles, que acabou vencendo sem renovação por inércia das partes. Ao ser notificado o Youtube, através do Google, propôs ação e requereu liminar que foi concedida, depositando os valores em juízo. A professora frisa que não há legislação que determine uma porcentagem sobre valores a serem pagos por direitos.
Prof. Ricardo Molina
O jurista inicia dando um contexto histórico sobre as mídias para difusão de músicas. Diz que o mercado se organizou conforme as novas tecnologias, que o custo de produção antigamente era altíssimo, mas, mesmo assim, as vendas eram estrondosas, hoje o custo não é tão alto, devido ao streaming, e houve diminuição das vendas nas mídias físicas. Cantor Roberto Frejat Inicia dizendo que não é especialista na parte técnica dos direitos autorais na área musical, mas tem experiência prática. Fala sobre as porcentagens recebidas pelos artistas e que a indústria já inicia negociando sobre 90% do total, embolsando unilateralmente os outros 10%. Fala do início de sua carreira e como a pirataria ia aumentando gradativamente conforme seu sucesso como cantor. Alega que o sistema do streaming é ótimo como meio de consumo, mas péssimo meio de negócio, pois as gravadoras fazem contratos bilionários com as empresas de streaming, onde estas pagam para aquelas um valor absurdo fechado e cobram um valor irrisório por música para o artista, prejudicando-o. Ele diferencia as remunerações pré e pós execução pública, onde o músico acompanhante, o que efetivamente canta, é excluído dos pagamentos no pós execução pública. Ao final o cantor clama por justiça para com os envolvidos e responsáveis pela confecção cultural que é a música. Afirma que a solução não é dar fim ao streaming e similares, mas sim renegociar os contratos e redirecionar os capitais. O cantor também afirma que o sistema de pagamento através de quantidade de acessos é uma incógnita, ou seja, a empresa diz que tem um X valor para pagar e o artista tem que se sujeitar.
PAINEL VII – DIREITO AUTORAL E DESAFIOS
CONTEMPORÂNEOS – Novos modelos / Produção / Criação
Wilson Furtado Roberto
O palestrante trata, inicialmente, sobre exaustão da propriedade intelectual, sobre alguns aspectos. Inicia falando de sua viagem para o Japão e disse que lá descobriu que os produtos japoneses eram melhores que os chineses, devido à qualidade das peças utilizadas. Fala do caso Adams vs Burke e da doutrina da licença tácita. Percorre os caminhos da limitação da propriedade intelectual, falando, além dos casos temporários. Fala, em seguida, sobre a doutrina da exaustão, originária da Alemanha, e classifica os tipos de exaustão. Essa exaustão poderia ser nacional, internacional ou regional. Nacional seria no Brasil, no nosso caso, internacional, fora do Brasil e regional poderia ser nos países do mercosul ou numa região específica. Ele cita o caso Kirtsaeng vs John Wiley & Sohns, que se deu na Suprema Corte nos Estados Unidos. O orador traz o caso da empresa Microsoft que combateu, nos EUA em 2007, a importação paralela. O caso da empresa Usedsoft, decidido no TJUE na União Europeia. A exaustão, conforme dito, ocorre em três momentos, no primeiro ato comercial, na primeira venda e na licença tácita. Sobre a distribuição de direitos autorais em linha, ele diz que deve haver possibilidade de controle na distribuição na internet; licenciamento de bits e bytes; conceito de download como primeira venda para o princípio da exaustão; categorias de obras; etc.
Prof. Valentina Delich
A professora trata de direito de propriedade intelectual, intercalando entre leitura e explanação. Fala que os instrumentos de inovação devem ser protegidos e que amanhã poderíamos estar discutindo num congresso no Brasil sobre uma lei Argentina de proteção aos direitos de autor e que a discussão seria a mesma. Fala sobre o Netflix e sobre o processo de mutação do direito autoral e também sobre instrumentos oferecidos pelos Estados para suprimir violações a esses direitos. A professora fala sobre a concentração no mercado de streaming, cita especificamente o iTunes, serviço da Apple. Fala também sobre não poder atacar com armas, mas atacar com celulares Samsung que explodem, fazendo menção sobre os incidentes com produtos Samsung que estavam explodindo ou pegando fogo. Prof. Pedro Mizukami O professor inicia tratando do desafio principal de direito autoral no Brasil: pirataria e enforcement, ou observância, na era das plataformas. Ele fala que o termo pirataria não é o mais adequado. Fala sobre a diversidade e complexidade do cenário atual, os problemas de ordem internacional e transjurisdicional, problemas bastante técnicos, dificuldade em atingir o termo-médio, dificuldades políticas, etc. Fala sobre pluralidade de temas como proteção a dados pessoais, criptografia e seus usos, anonimato e navegação anônima, reternção de dados, bloqueio de sites, neutralidade da rede, modelos de negócios, etc. Ele fala que acreditava-se que a internet causaria a desintermediação, mas que na verdade ela causou a reintermediação, dá exemplo da discussão que se deu no painel anterior. Traz também uma linha do tempo esquematizada dos direitos autorais no ambiente digital. Diz que o Brasil sofria mais com problemas de pirataria de rua e nem tanto de internet. Explica sobre o DMCA PLUS, mecanismos de notificação e retirada de conteúdo, proteção contra violação de TPMs e DRM, tecnologia de identificação de conteúdo, regimes de governança de plataformas, acordos entre plataformas e detentores de direitos, acesso direto a sistemas de gestão de direitos, atuação sobre intermediários, etc. Cita a classificação proposta pela jurista Bridy, que divide em dois tipos de enforcement: 1) agentes que encontram-se submetidos às regras do DMCA e 2) agentes fora dos regimes do DMCA; seis tipos de intermediários e quatro medidas DMCA-plus. O professor Staut finaliza falando sobre os 5 direitos fundamentais sob a visão de um ex-aluno: entre outros, direito de acesso ao facebook, acesso ao whatsapp e acesso ao netflix.
CERIMÔNIA DE ENCERRAMENTO
Na mesa, professores Dr. Wachovicz, Dr. José Augusto, Dr.
Luiz Fernando e Dr. Staut. Professora Vera Karam ausente.