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Belo Horizonte
2016
MATHEUS FELIPE CIMINO MOTA ROCHA
Belo Horizonte
2016
ACADEMIA DE BOMBEIROS MILITAR
_____________________________________________________
Autor(a)
_____________________________________________________
Orientador(a)
Dedico esta monografia a minha
esposa, Monalisa, e aos meus
familiares, por suportarem minha
ausência e me darem apoio no
processo de gestação desta
pesquisa.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, novamente, por minha esposa, que me suportou durante todo o
trabalho, sendo a primeira a dizer que eu seria capaz. Seus elogios a minha forma
de escrever foram essenciais à minha motivação. Seus beijos antes de se deitar me
confortavam a cada noite estendida de pesquisa e me davam forças para continuar.
O almoço fresco aos domingos... Por tudo que fez ou deixou de fazer por mim, eu
lhe agradeço!
Agradeço ao meu orientador pela liberdade do diálogo que permeou todo o trabalho,
pela busca do meu progresso a cada encontro e pela sábia habilidade de limitar
minha vontade de abraçar o mundo.
Agradeço a minha mãe, pai, irmãos e irmãs, amigos e familiares por suportarem
minha ausência compreendendo este momento ímpar em minha vida.
The research has as a goal to analize the educational actions by the Fire Brigade of
Minas Gerais (CBMMG) directed to children and teenagers, under the new civil’s
protection and defense paradigm. It was detected that the institution is linked both
historically and rightfully to the civil’s prevention and defense themes, highlighted by
its institutional mission found on the Plan Comand 2015 – 2026. By the historical
contextualization given to the expression. “civil defense”, it was noticed that its origin
is linked to the human being, from its evolution to life in society, highlighting the
historical appearance of the term in England, during the second world war. In Brazil,
the appearance of this action also happened during this period. However, its
evolution was slow, pointing out the law in force’s current moment 12.608/2012,
which reworded the Political and Civil’s Protection and Defense National System,
where this updating was influenced by the International Strategy to reduce the risks
of disasters of the United Nations. After such aspects, it was debated the new Civil’s
Protection and Defense paradigm relating it to the CBMMG’s procedure, proposing a
more holistic understanding about the desaster and risk management. Then, the term
“education” was featured by the Brazilian’s educational standards, trying to explain
about the educational levels, the child’s development’s fases and the basic aspects
on learning, ending with a short analysis on the CBMMG’s teaching and the
militaries’ capacity to act on this field. The methodolgy used on this study passed
through descriptive aspects, deductive and dialective ones when it comes to the the
bibliographic review, and used the qualitative and quantitative aspects on the direct
documentation’s analysis, based on the data collecting of the CBMMG’s operational
units’ comunication’s sections and the questionnaries applications given to the
corporation’s indoor public. Based on the colected data and based on the theoretical
reference, we drew to the following conclusion: the CBMMG offers educational
actions directed to children and teenagers, but do not give them an explicit civil’s
protection and defense feature.
Key words: Civil’s protection and defense, prevention, education and child.
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Divisão da população mineira em área urbana e rural por milhões ........ 61
Gráfico 5 – Entendimento dos militares do CBMMG sobre o termo Defesa Civil .... 114
Gráfico 17 – Opinião dos militares sobre a faixa etária mais interessante para se
desenvolver ações educativas direcionadas para crianças e adolescentes ............ 125
LISTAS DE TABELAS
Tabela 6 – Números relativos aos desastres ocorridos no Brasil de 2010 a 2016 .... 67
Tabela 7 – Número de óbitos por causas externas em Minas Gerais entre os anos
2000 – 2013 .............................................................................................................. 67
Tabela 8 - Custo total em reais das internações por causas externas em Minas
Gerais entre Janeiro de 2008 e Março de 2016 ........................................................ 68
GD – Gestão de desastres
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 20
3.1 Fatos históricos e legais que marcaram a Defesa Civil no Brasil ................. 37
6 METODOLOGIA .................................................................................................... 82
7.4 Análise das respostas obtidas por meio de questionário ........................... 110
APÊNDICE A – OFÍCIO PARA COLETA DE DADOS NAS SEÇÕES B/5 DAS OBM
140
APÊNDICE B – OFÍCIO PARA ENVIO DO QUESTIONÁRIO VIA E-MAIL
INSTITUCIONAL ..................................................................................................... 142
1 INTRODUÇÃO
Isso pode ser percebido pelo número crescente de acidentes de trânsito, pelo uso e
ocupação do solo de forma desordenada, pela urbanização acelerada e não
programada que aconteceu no Brasil nas últimas décadas, pelo uso inconsequente
de drogas lícitas e ilícitas, pelo aumento da criminalidade, entre outras mazelas
sociais.
Uma das formas de atuação positiva sobre a sociedade é pelo emprego de ações
educativas e de difusão de conhecimento. No tocante à redução dos impactos de
desastres e acidentes, impele-se a prática em esferas preventivas, de capacitação e
de mitigação do risco, ligado à proteção e defesa civil.
Para esse problema, interpõe-se a hipótese de que o CBMMG executa sim diversas
atividades educativas, porém elas não possuem em seu bojo, ou de forma explícita,
preceitos de proteção e defesa civil e, caso os possua, não estão de forma clara
21
tanto para o âmbito interno da instituição quanto para o público externo que tenha o
contato com essas atividades.
Para se verificar essa hipótese, a presente pesquisa terá como objetivo geral
analisar as ações educativas desenvolvidas pelo CBMMG sob a ótica de preceitos
da educação e do novo paradigma de proteção e defesa civil.
O terceiro capítulo vem para esclarecer a expressão defesa civil e sua evolução ao
longo dos tempos. Para isso, fez-se um breve delineamento legal, destacando a
influência de organismos internacionais no desenvolvimento desse conceito no
âmbito nacional até chegar à Lei 12.608/2012. Destarte, a conclusão desse capítulo
se preza em trazer à tona aspectos da proteção e defesa civil ligados à educação.
Costa (2012, p.25, grifo nosso) corrobora essa afirmação dizendo que:
1
Processo de expansão no qual o CBMMG passa a se fazer presente em diversas cidades do
Estado de Minas Gerais.
24
O dia 2 de julho daquele mesmo 1856 seria como outro qualquer não fosse
a publicação do Decreto nº 1.775, que criava o Corpo Provisório de
Bombeiros da Corte, reunindo sob um só comando as seções dos Arsenais
de Marinha e de Guerra, as duas seções das Obras Públicas e da Casa de
Correção. As quatro primeiras formadas por operários artífices daqueles
órgãos e a última formada por africanos livres, subordinando-o ao Ministério
dos Negócios da Justiça. Era um marco na História do Brasil, era o germinar
de uma instituição hoje secular, destinada exclusivamente a salvar vidas e
bens. A imprensa, na época, assemelhou-a a Cruz Vermelha, cuja
finalidade é o valor da vida humana, independente da situação que se
apresente.
2013). Cabe citar que, segundo o mesmo órgão, nesse período já existiam bombas
manuais e a vapor na cidade de Belo Horizonte, porém não havia pessoal
capacitado para usar esses equipamentos. Outro fato interessante é que em 1987,
ano de fundação da capital mineira, nove outras capitais do país já haviam
implantado sistema de combatentes do fogo ou Corpos de Bombeiros, citando-se a
cidade do Rio de Janeiro, capital do país à época, como destaque nesse tipo de
atividade e, em segundo plano, a cidade de São Paulo, que já despontava por seu
desenvolvimento.
Segundo CBMMG (2013), embora a Lei 557 fosse datada de 1911, só no ano de
1912 foram enviados os primeiros onze homens para treinamentos na capital do
país, à época Rio de Janeiro. Esse pessoal estava ligado à guarda civil e, apesar de
terem concluído o curso com êxito, não foram aproveitados, por questão de
indisciplina. Com isso, no mesmo ano, foram enviados quinze homens da Força
Pública, órgão embrião da atual Polícia Militar mineira, para cumprir o mesmo curso.
No início de 1913, eles retornam, assumindo agora o papel de bombeiros dentro da
26
Porém, segundo CBMMG (2013), mesmo com bom aproveitamento do curso e boa
assunção para o serviço, desde a chegada dos bombeiros à capital mineira, aqueles
homens tiveram diversas dificuldades relativas a equipamentos, quantidade de
pessoal em relação às demandas, forma na qual era feita o acionamento desse
serviço e, principalmente, falta d'água na cidade. Nesse ínterim, em 1915, convocou-
se o Primeiro Sargento João de Azevedo Teixeira, para auxiliar a sanar essas
dificuldades e capacitar os bombeiros mineiros. O referido graduado permaneceu
nessa função até o ano de 1917, deixando um extenso relatório sobre as condições
da Seção de Bombeiros, propondo algumas medidas de gestão e ações
emergenciais.
Além dos destaques temporais dados pelo quadro, deve-se relativizar que os
acontecimentos históricos não resultam em consequências pontuais. Segundo Brasil
(2002, grifo nosso):
Nesse sentido, passos foram dados ao longo do tempo como: a criação da semana
da prevenção por Getúlio Vargas, a atuação dos Corpos de Bombeiros em
campanhas educativas/preventivas e, o mais atual, a formulação legal da
2
A segurança global da população fundamenta-se no direito natural à vida, à saúde, à
segurança, à propriedade e à incolumidade das pessoas e do patrimônio, em todas as condições,
especialmente em circunstâncias de desastres.(CASTRO, 2007, p.7)
29
Apesar dessas medidas, estudos demonstram que a postura adotada pela cultura
geral da população ainda é muito frágil diante das situações ameaçadoras ou de
risco, como pode ser descrito pela afirmação de Castro (2007, p.10):
Deste modo, faz-se mister a atuação dos Corpos de Bombeiros, junto com outros
setores públicos, com ações que visem o aumento da percepção de risco 3 e a
segurança global da população.
3
Impressão ou juízo intuitivo sobre a natureza e a grandeza de um risco determinado.
Percepção sobre a importância ou gravidade de um risco determinado, com base no repertório de
conhecimentos que os indivíduos acumularam durante seu desenvolvimento cultural e no juízo
político e moral de sua significação. (CASTRO, 2007, p.14)
30
instituição. Assim, de uma forma geral, os CB têm suas funções resumidas pela
Constituição Federal, cujo art. 144, § 5º, prevê que "[...] aos corpos de bombeiros
militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades
de defesa civil." (BRASIL, 1988, grifo nosso).
Com a Emenda nº 39, foi inserido o art. 143, que diz "Lei complementar organizará a
Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar." (MINAS GERAIS, 1989)
Sendo assim, no mesmo ano 1999, foi promulgada a Lei Complementar 54, a qual
vem dispor sobre a organização básica do CBMMG. Além de regulamentar o inciso II
31
do art. 142 da CE/89, vem detalhar a função das unidades de execução operacional,
que novamente menciona a expressão “defesa civil” e o termo “prevenção”, como
atribuição e dever de agir.
importância dar uma amplitude maior ao termo prevenção, não somente no campo
teórico, mas também na prática. Em se fazendo compreender que o conceito de
defesa civil abarca também a prevenção, isso já seria um grande avanço no
contexto intrainstitucional.
Com base nos textos legais citados anteriormente, percebe-se que a missão é a
transcrição desses conceitos abordados anteriormente, mas com o intuito de
divulgar e fazer conhecer tais funções. Segundo o CBMMG (2015 p. 29, grifo nosso):
OBJETIVOS
1 2 3 4 5
Buscar Estimular ações Fazer do CBMMG uma Proporcionar o Incentivar a
excelência no preventivas e organização eficiente sentimento de cultura de
atendimento proporcionar na regulação de proteção com prevenção e de
com tempo de respostas eventos e áreas de ações de proteção à vida e ao
resposta eficientes aos risco de incêndio e qualidade patrimônio e ao
desastres pânico meio ambiente
Pode-se inferir com esse quadro-resumo que os temas prevenção e defesa civil
possuem um alinhamento com as diretrizes emanadas pela corporação. Além disso,
corrobora-se a interpretação sobre a afirmação de que a expressão defesa civil e o
termo prevenção estão intimamente ligados, sendo o primeiro mais amplo.
Dentro do Plano de Comando, além das diretrizes a longo prazo, está incluída uma
cartilha de projetos a ser desenvolvida a curto e médio prazo. Dentre os objetivos já
destacados, tem-se o 'Programa bombeiro e comunidade', que visa atender à
estratégia 2, com a seguinte descrição:
A expressão defesa civil foi utilizada amplamente nos capítulos anteriores. Além
disso, por ser parte fundamental para o entendimento deste trabalho, tal conceito
será contextualizado neste capítulo, abordando sua origem no mundo e no Brasil.
Dessa forma, será feita uma breve descrição da política nacional e as conexões
internacionais ligadas ao assunto.
Além dessa afirmação, Gomes Júnior e Alves (2003, p. 21) vem corroborar trazendo
os seguintes dizeres:
Defesa Civil não se trata, seguramente, de matéria nova, nem tão pouco
encontra suas raízes neste século. Pode-se buscar sua origem nos
primeiros agrupamentos humanos, onde a sobrevivência do indivíduo
dependia do seu abrigo no grupo, e a existência do grupo dependia da sua
própria capacidade de organização para garantir a sua defesa e superar o
37
Pode-se dizer, segundo esses autores, que a defesa civil não tem sua origem
histórica demarcada no que diz a respeito a tempo e espaço, sendo ela inerente da
relação humana diante das situações que afetam a sobrevivência coletiva e, até
mesmo, individual.
Esse foi um dos primeiros relatos do uso da expressão defesa civil e, sobre isso,
Cartagena, Santos e Alves (2011, p. 16) dizem que:
Por sua vez, Furtado (2014, p.12) descreve como surgiu, no Brasil, o primeiro órgão
voltado para o atendimento da população:
Inspirado pelo Civil Defense Service – instituído com sucesso pelo governo
britânico para minimizar os efeitos dos frequentes ataques ao seu território
em 1940 – preocupado com eventuais ataques externos, a exemplo do
ocorrido a Pearl Harbor, em dezembro de 1941 e, em resposta aos
numerosos naufrágios de navios brasileiros torpedeados por submarinos
38
Além disso, Mendes (2011, p. 29, grifo nosso) complementa afirmando que:
Cabe ressaltar, porém, que a criação desse primeiro órgão de defesa civil não foi
algo isolado no histórico normativo brasileiro, pois, muito antes, o Brasil já havia
dado passos legais a respeito da defesa civil. Segundo Furtado (2014, p. 12), "em
todas as Cartas Magnas, de 1824 até 1937, são abordados temas de proteção ao
indivíduo, como socorro público, calamidade pública, efeitos da seca, desastres e
perigo iminentes".
Contudo, como foi descrito anteriormente por Furtado, o primeiro serviço voltado a
executar ações de defesa civil, que surgiu no princípio dos anos 40, logo foi extinto
com o término da Segunda Guerra. Enxerga-se, nesse acontecimento, que os
conceitos de defesa civil ainda não haviam se firmado tanto como necessidade para
a população em si quanto como políticas públicas a serem desenvolvidas pelos
governantes nas três esferas do Poder. Mendes (2011, p. 29) confirma essa
interpretação quando afirma que "com o término do conflito, observou-se uma
natural tendência de relaxamento nas medidas de Defesa Civil sendo o Serviço
extinto no ano de 1946, sem que fosse desenvolvida qualquer doutrina ou mesmo
uma mentalidade sobre o assunto.".
Com isso, segundo Furtado (2014), muito tempo se passou para que o governo
brasileiro percebesse que o conceito de defesa civil ia muito além da proteção
puramente dos conflitos bélicos. Foi em decorrência de uma grave seca no nordeste
que, por meio da Lei n. 3742, de 4 de abril de 1960, o governo reconheceu a
necessidade de ressarcir prejuízos causados por fatores naturais. Já em 1966, como
resposta a uma grande enchente que assolou a Região Sudeste, o governo toma
outras medidas legais, firmando um salário mínimo regional para atender as frentes
de trabalho criadas para dar assistência à população vitimada. Com isso, o então
Estado da Guanabara, que sofreu com efeitos dessa mesma enchente, por meio do
Decreto Estadual n. 1.373, de 19 de dezembro de 1966, organizou a Comissão
Central de Defesa Civil do Estado e deu outras providências, tornando-se o primeiro
ente federado a dispor de uma Defesa Civil Estadual organizada.
Já nos artigos 144 e 148, ela implica, respectivamente, a competência dos Corpos
de Bombeiros de executar atividades de defesa civil e a possibilidade, por meio de
lei complementar, de a União dar abertura de crédito para despesas imprevisíveis e
urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública.
Todas essas positivações fizeram a defesa civil atingir outro patamar no âmbito
nacional. Começou-se, então, a pensar nela como um instituto estratégico para
redução de riscos de desastres.
Diante das grandes perdas humanas, sociais e econômicas causadas por desastres
naturais, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou, por intermédio de uma
conferência no ano de 1989, a Década Internacional para a Redução de Desastres
Naturais (1990-2000). Nesse período, muito se produziu no âmbito internacional,
destacando-se a primeira Conferência Mundial sobre Redução de Desastres4,
ocorrida em Yokohama, Japão, que propôs um plano de ação adotado naquela
conferência, fornecendo orientações para a prevenção, preparação e mitigação de
desastres naturais. Após esse período, em 1999, tem-se a avaliação de que,
realmente, os desastres naturais são uma ameaça social e econômica para todo o
mundo. Por conseguinte, no mesmo ano, lança-se a Estratégia Internacional para a
4
World Conference on Disaster Reduction(WCDR), desenvolvida no período de 23 a 27 de
maio em Yokohama, no Japão.
41
Redução de Desastres das Nações Unidas (EIRD/ONU5), que tomou como maior
desafio a criação de uma cultura de prevenção global, por meio da promoção de
conceitos relativos à redução do risco de desastre (UN/ISDR, 2016). Para UN/ISDR
(2009, p. 11, tradução nossa), a redução de risco de desastres compreende "o
conceito e a prática de reduzir os riscos de desastres por intermédio de esforços
sistemáticos para analisar e gerenciar os fatores causais dos desastres.".
Segundo Sulaiman (2014), entende-se que, com base na adoção do MAH e diálogo
com as diretrizes internacionais, o Brasil iniciou um processo de análise de risco e
proposição de medidas para sua redução, mas essa atuação só foi ganhar
legitimidade legal após a criação da Lei nº 12.608/12. Ferreira (2012, p. 30)
corrobora esse entendimento, quando diz:
5
Tradução para United Nations Inter-Agency Secreteriat of International Strategy for Disaster
Reduction (UN/ISDR), também conhecida como, somente, Estratégia Internacional de Redução de
Desastre (EIRD/ONU).
6
Hyogo Framework for Action 2005-2015 adotado na Segunda Conferência Mundial de
Redução de Riscos de Desastres desenvolvida no período de 18 a 22 de Janeiro de 2005 em Kobe
na Província de Hyogo no Japão.
42
Deve haver uma abordagem mais ampla e centrada nas pessoas para
prevenir os riscos de desastres. As práticas de redução do risco de
desastres precisam ser multissetoriais e orientadas para uma variedade de
perigos, devendo ser inclusivas e acessíveis para que possam se tornar
eficientes e eficazes. Reconhecendo seu papel de liderança,
regulamentação e coordenação, os governos devem envolver as partes
interessadas, inclusive mulheres, crianças e jovens, pessoas com
deficiência, pessoas pobres, migrantes, povos indígenas, voluntários,
profissionais da saúde e idosos na concepção e implementação de políticas,
planos e normas. É necessário que os setores público e privado e
organizações da sociedade civil, bem como academia e instituições
científicas e de pesquisa, trabalhem em conjunto e criem oportunidades de
colaboração, e que as empresas integrem o risco de desastres em suas
práticas de gestão. (EIRD/ONU, 2015, p. 5, grifo nosso)
Destaca-se também, nesta mesma seção, que "o presente marco se aplica aos
riscos de pequena e grande escala, frequentes e infrequentes, súbitos e lentos, de
causa natural ou humana, bem como aos riscos e perigos ambientais, tecnológicos e
biológicos." (EIRD/ONU, 2015, p. 6).
7
Sendai Framework for Disaster Risk Reduction 2015–2030 adotado na Terceira conferência
Mundial de Redução de Risco de Desastres, desenvolvida entre 14 a 18 de março de 2015 em Miyadi
na província de Sendai no Japão.
43
Com o passar dos anos, por serem dadas maior ênfase e importância às
ações de Redução de Risco de Desastres, às estratégias de prevenção e
preparação, à articulação institucional e setorial e ao envolvimento social e
comunitário, configurou-se a necessidade de ampliar o conceito de Defesa
Civil, que tinha esse foco historicamente construído na resposta ao
desastre, para Proteção e Defesa Civil, a fim de que a nova nomenclatura
passasse a salientar a relevância dos processos de gestão de riscos de
desastre e das ações protetivas na redução de desastres no País.
Uma política de proteção preocupa-se em identificar as populações mais
vulneráveis; em adotar medidas que minimizem o impacto dos desastres
sobre elas; em garantir que os riscos estejam sendo gerenciados; e em
intervir antes que o desastre ocorra, articulando em nível macro e nas
diferentes esferas de governo e setores sociais, os programas de proteção
adequados. Sendo assim, a mudança da política nacional visa fortalecer
uma cultura de prevenção aos riscos de desastres no Brasil. Tal política
traz em seu bojo a concepção de que não se faz isso sozinho, sendo
fundamental desenvolver políticas e programas integrados, uma vez que os
riscos de desastres apresentam dimensões complexas, multifatoriais e
intersetoriais.
No ano de 1978, por meio do Decreto Estadual nº 19.077, "que dispõe sobre a
Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, CEDEC, e o Fundo Especial para
Calamidade Pública, FUNECAP" (MINAS GERAIS, 1978) , firmou-se que:
Além disso, a Defesa Civil em Minas Gerais está inserida no SINPDEC, ou seja, está
subordinada à forma de operar do Sistema Nacional, atrelando-se a todas as
45
Um ponto relevante a se comentar é que não se tratou aqui, nem no tópico anterior,
sobre detalhes das leis, tanto na esfera Federal quanto Estadual, no que tange a sua
aplicabilidade, a respeito do funcionamento desses órgãos, das transferências de
recursos, entre outros assuntos. Buscou-se dar uma explanação genérica e
introdutória, para proporcionar uma visão inicial a respeito do assunto.
o
Art. 2 É dever da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
adotar as medidas necessárias à redução dos riscos de desastre.
o
§ 1 As medidas previstas no caput poderão ser adotadas com a
colaboração de entidades públicas ou privadas e da sociedade em geral.
o
§ 2 A incerteza quanto ao risco de desastre não constituirá óbice para a
adoção das medidas preventivas e mitigadoras da situação de risco.
o
Art. 3 A PNPDEC abrange as ações de prevenção, mitigação,
preparação, resposta e recuperação voltadas à proteção e defesa civil.
Parágrafo único. A PNPDEC deve integrar-se às políticas de ordenamento
territorial, desenvolvimento urbano, saúde, meio ambiente, mudanças
climáticas, gestão de recursos hídricos, geologia, infraestrutura, educação,
ciência e tecnologia e às demais políticas setoriais, tendo em vista a
promoção do desenvolvimento sustentável.
Art. 4o São diretrizes da PNPDEC:
I - atuação articulada entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios para redução de desastres e apoio às comunidades atingidas;
II - abordagem sistêmica das ações de prevenção, mitigação,
preparação, resposta e recuperação;
III - a prioridade às ações preventivas relacionadas à minimização de
desastres;
[...]
VI - participação da sociedade civil. (BRASIL, 2012, grifo nosso).
46
o
Art. 5 São objetivos da PNPDEC:
I - reduzir os riscos de desastres;
II - prestar socorro e assistência às populações atingidas por desastres;
III - recuperar as áreas afetadas por desastres;
IV - incorporar a redução do risco de desastre e as ações de proteção e
defesa civil entre os elementos da gestão territorial e do planejamento das
políticas setoriais;
V - promover a continuidade das ações de proteção e defesa civil;
VI - estimular o desenvolvimento de cidades resilientes e os processos
sustentáveis de urbanização;
VI - estimular o desenvolvimento de cidades resilientes e os processos
sustentáveis de urbanização;
VII - promover a identificação e avaliação das ameaças, suscetibilidades e
vulnerabilidades a desastres, de modo a evitar ou reduzir sua ocorrência;
XIII - desenvolver consciência nacional acerca dos riscos de desastre;
XIV - orientar as comunidades a adotar comportamentos adequados de
prevenção e de resposta em situação de desastre e promover a
autoproteção; e
XV [...] (BRASIL, 2012, grifo nosso)
8
A conceituação de alguns desses termos serão trabalhados no próximo capítulo.
47
Outro fator que destaca a importância do município foi o lançamento, um ano antes
da vigência dessa política, da campanha 'Construindo Cidades Resilientes: Minha
Cidade está se Preparando'. Segundo o Ministério da Integração, essa campanha
tem o seguinte escopo:
Segundo a CEDEC,
Nesse sentido, o cidadão, ao pensar em Proteção e Defesa Civil, deve ter em mente
os agentes de defesa civil do seu município. Pelo exposto na Lei 12.608/12, os
agentes são:
Partindo desse ponto normativo, enxerga-se mais uma vez o CBMMG como 'o
possível 'agente a ser requisitado pela população. Essa acepção é basilar para este
trabalho, pois é aqui que se depreende que o CBMMG pode ser sim parte do
SINPDEC, sem necessariamente ser coordenador de um órgão de defesa civil local.
Nesse entendimento, muitas funções podem ser desempenhadas por essa
instituição, tais como fomentar a criação e o trabalho da Compdec nas áreas de
atuação de suas respectivas unidades, trabalhar na capacitação de voluntários e da
população civil, auxiliar na confecção de Planos de Contingências, entre outras
ações. Cabe ressaltar que muitas delas já são praticadas, porém, ainda não são
compreendidas, no ambiente intrainstitucional, como ações de Proteção e Defesa
Civil.
O aspecto normativo que vincula a defesa civil às práticas educativas está explícito
na Lei 12.608/2012, em seu art. 29:
Em seu trabalho, Lima (2006) apoiou-se, também, no conceito dado por Vila Nova
(1997), a saber, para que proteção civil seja uma atividade eficientemente realizada
exige-se o envolvimento de todos e dos vários níveis de intervenção do governo,
pelo fato dessa atividade ser responsabilidade de todos.
Em conjunto com o art. 18 da Lei 12.608/2012, citada anteriormente, com o art. 227
da CRFB/88 reforça esse entendimento de Lima (2006), ao afirmar:
Para isso, Lima (2006), em consonância com a Lei 12.608/2012, informa que a
escola deve ser o meio de difusão de informações que afetam a melhoria da
segurança global da população, conforme se verifica na afirmação a seguir:
No que tange ao desenvolvimento do projeto, proposto por Lima (2006), este se deu
pela inserção do ensino dos preceitos da defesa civil de maneira transversal aos
alunos e professores de algumas escolas de Brasília. Segundo Lima (2006, p.125), o
projeto teve o seguinte resultado quantitativo:
Para Lima (2006, p.126), houve resultados positivos no que tange aos aspectos da
prevenção e preparação, como pode ser verificado no trecho abaixo:
Porém, após adoção de conceitos da EIRD, que defende uma ação concentrada na
Redução do Risco do Desastre (RRD), buscou-se uma melhor interpretação das
definições referentes à Proteção e Defesa Civil.
Com isso, para o melhor entendimento dessa conceituação, ressalta-se, para fins
deste trabalho, que o conceito de Proteção e Defesa Civil é referente a um
sistema/conjunto de práticas e não uma entidade ou um órgão. Conforme o Decreto
Presidencial nº 7.257, de 4 de Agosto de 2010, que versa sobre o Sistema Nacional
de Defesa Civil - SINDEC9, art. 2º, inciso I, o termo significa:
o
Art. 2 Para os efeitos deste Decreto, considera-se:
I-defesa civil: conjunto de ações preventivas, de socorro, assistenciais e
recuperativas destinadas a evitar desastres e minimizar seus impactos para
a população e restabelecer a normalidade social; (BRASIL, 2010, grifo
nosso).
Sendo assim, nos termos da Lei nº 12.608/12, art. 3º, a Política Nacional de
Proteção e Defesa Civil (PNPDEC) compreende "as ações de prevenção, mitigação,
preparação, resposta e recuperação voltadas à proteção e defesa civil." (BRASIL,
2012, art. 3º).
9
Observa-se que ainda nesse decreto, que o Sistema Nacional era tratado como SINDEC, sendo
alterado depois de 2012, pela Lei 12.608, para SINPDEC. Assunto explicado no tópico anterior
página 44.
10
Tradução da definição do termo em inglês 'Disaster risk management'.
11
Tradução da definição do termo em inglês 'Emergency management', observa-se que a
tradução literal do termo seria gerenciamento da emergência, porém ela não se encaixa no contexto,
sendo, uma questão meramente de semântica.
12
Terminologia no Risco de Desastre (tradução literal do título), documento foi criado em 2004
e atualizado em 2009 pela EIRD.
53
Pode-se perceber que essa separação não se distancia dos conceitos tratados
anteriormente pelo Decreto 7.257/10, mas amplifica sua definição. Nesse sentido,
depreende-se que o novo paradigma surge como fator dinamizador da atuação dos
agentes de proteção e defesa civil, deixando claro que a primeira etapa é anterior ao
desastre (GRD) e a segunda é posterior à ocorrência do desastre (GD).
patrimônio, como pode ser percebido pela definição dada pelo Decreto nº
7.257/2010, por meio do inciso II do art. 2º:
o
Art. 2 Para os efeitos deste Decreto, considera-se:
II - desastre: resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo
homem sobre um ecossistema vulnerável, causando danos humanos,
materiais ou ambientais e conseqüentes prejuízos econômicos e sociais;
(BRASIL, 2010)
Além disso, Santos e Câmara (2002) complementa essa classificação num campo
teórico em naturais, humanos ou antropogênicos e mistos, delimitando num grupo
denominado de origem do desastre. Todavia, essas duas abordagens não se
distanciam, pois os aspectos tecnológicos apontados pela Cobrade são
correspondentes às causas humanas e mistas. Além dessas classificações tem a
abordagem quanto à evolução, também, apresentada por Santos e Câmara (2002,
p. 148) em:
13
Tradução da definição do termo em inglês 'risk'.
56
Entende-se que o 'evento' tratado no conceito de risco pode ser substituído pela
palavra 'ameça'. Devido ao fato de o documento da UN/ISDR utilizar como basililar o
idioma inglês, traz-se uma reiteração dessa interpretação, a qual diz que:
14
Tradução da definição do termo em inglês 'hazard'
15
Tradução da definição do termo em inglês 'vulnerability'
57
Além disso, a UN/ISDR (2009, p.22) caracteriza prevenção16 como o ato de "evitar
as ameaças [perigo] e os desastres relacionados a elas." Juntamente com esta
definição, aponta-se outra abordagem dada pela UN/ISDR (2009b, p. 25), citada por
Furtado (2012, p. 54):
Diante das definições abordadas, pode-se dizer que as ações educativas têm papel
importante na efetivação de medidas preventivas, pois mesmo que se execute o que
foi determinado no art. 2º, onde se definem as ações de prevenção, elas não terão
efetividade se não houver meios de difusão desse conhecimento.
16
Tradução da definição do termo em inglês 'prevention'
59
O conceito de preparação, por sua vez, está ligado à formação intelectual, cultural e
prática da sociedade como um todo. Segundo a UN/ISDR (2009, p. 21, tradução
nossa), preparação é representada como:
Noutro giro, o termo recuperação é abordado pela UN/ISDR (2009, p. 23, tradução
nossa) como "a restauração e o aprimoramento, onde forem necessários, de
instalações, meios de subsistência e condições de vida das comunidades afetadas
por desastres, incluindo esforços para reduzir os fatores do risco de desastres.". A
doutrina da EIRD esclarece que o termo recuperação subentende duas etapas: uma
imediatamente pós-desastre, em conjunto com a resposta, chamada de reabilitação;
17
São inerentes de cada sociedade dentro da situação de normalidade. Na sociedade brasileira
pode ser entendida como a manutenção dos direitos fundamentais previstos no art. 5º e os direitos
sociais no art. 6º. É certo que essa interpretação se dá pelo fato que quando estruturas essências e
funções básicas são afetadas, como por exemplo, a destruição de uma residência, de um hospital, a
morte de várias pessoas, por consequência de um desastre, há interferência na manutenção desses
direitos.
60
a segunda está ligada ao ato de reconstruir, que deverá se apoiar em medidas que
viabilizem construir de maneira mais resiliente.
Com isso, a desempenho do CBMMG pode ser verificada pelo documento produzido
pelo Centro Integrado de Informações de Defesa Social (CINDS), chamado de
Anuário Estatístico do CBMMG, no qual são descriminadas as ocorrências típicas e
atípicas de bombeiros. Porém, antes de adentrar nesse quesito, chama-se a atenção
para alguns aspectos geográficos do Estado de Minas Gerias. Segundo dados do
IBGE (2014, citado pelo CBMMG, 2015), Minas gerais é o quarto estado brasileiro
em extensão territorial, com 586.520,368 km², e o primeiro em número de
municípios, com um total de 853. Sua dimensão e localização geográfica implicam
em uma diversidade de características, tais como diferenças climáticas entre região
norte e sul, variadas formas de relevo, distinta rede hidrográfica, diferentes
incidências de fauna e flora, etc. Além disso, esse estado conta com a maior malha
viária do país, com mais de 260.000 km. Ressalta-se, ainda, uma grande
concentração populacional em centros urbanizados, em consonância com o gráfico
abaixo.
61
2.538.955
14.176.261
Nessa segunda tabela, pode-se verificar o número ocorrências atendidas por cada
Organização Bombeiro Militar (OBM). Chama-se atenção uma vez que nesta tabela
já estão presentes os registros das Companhias Independentes de Poços de
Caldas, Barbacena, Ipatinga e Patos de Minas, criadas no decorrer do ano de 2015.
63
Período de Normalidade:
O período de normalidade compreende as fases da prevenção, mitigação e
preparação para os desastres e visa evitar ou minimizar a ocorrência de
desastres.
Período de Anormalidade:
O período da anormalidade contempla as fases da Resposta e
Recuperação (Reabilitação e reconstrução) visa o atendimento direto aos
desastres.
Sendo assim, no tocante à atuação do CBMMG nos aspectos inerentes à RRD, tem-
se que, conforme a descrição da DIAO e baseando no trabalho de Bessa (2013),
pode-se fazer uma classificação das ocorrências do CBMMG dentro do novo
paradigma de Proteção e Defesa Civil.
Segundo Bessa (2013), essa associação foi feita pela afinidade das descrições das
ocorrências na DIAO com os preceitos da Redução do Risco de Desastre. Pode-se
dizer que devido a falta de analogia, com os termos de proteção e defesa civil, fica
transparecida, com maior relevância, atuação do CBMMG na resposta e na
prevenção contra incêndio e pânico.
Ainda nesse aspecto, do que tange os eventos adversos ocorridos durante o período
de 'normalidade', Dos Santos (2009), conteudista do Curso Bombeiro Educador,
fornecido pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, traz o conceito de
ocorrência evitável:
Uma ocorrência evitável é todo aquele fato não desejado, mas previsível,
em sua maioria, e que sua causa se dá em razão de alguma conduta
humana inadequada, quer seja, de omissão, inapropriada ou insegura e que
se fazem presentes nas estatísticas e no dia a dia operacional de todos os
Corpos de Bombeiros Militares do Brasil, sendo essas as principais
naturezas:
• afogamentos;
• acidentes e Incêndios domésticos;
• acidentes envolvendo crianças;
• acidentes de Trânsito;
• acidentes envolvendo animais peçonhentos;
• incêndios e acidentes envolvendo balões e fogos de artifício;
• ocorrências envolvendo elevadores;
• enchentes; e
• ocorrências envolvendo gás de cozinha – Gás Liquefeito de Petróleo
(GLP) –, entre outras.
Ainda sobre a classificação abordada por Dos Santo (2009) com relação ao aspecto
dado as ocorrências evolutivas depreende-se uma proximidade com uma das
classificações dos desastres pontuados por Santos e Câmara (2002), no qual os
autores categorizam uma forma de desastre pela somação de efeitos parciais.
Com relação a afogamentos, outro ponto quantificado por entidade específica, nesse
caso a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (SOBRASA) tem-se que por
ano 6.030 pessoas são vítimas dessa causa de óbito, sendo que o custo por óbito
chega a 210.000 reias. (SZPILMAN, 2015)
67
Buscando atribuir mais valores aos acontecimentos danosos tem-se alguns dados
compilados por meio do DataSUS nas tabelas a seguir:
Tabela 7 – Número de óbitos por causas externas em Minas Gerais entre os anos
2000 – 2013
Capítulo CID-10: XX. Causas externas de morbidade e mortalidade
Mortalidade - Minas Gerais Período:2000-2013
19 Óbitos por
Causa - CID -BR-10
Ocorrência
104-113 CAUSAS EXTERNAS DE MORBIDADE E MORTALIDADE 166.318
104 Acidentes de transporte 53.121
105 Quedas 11.240
106 Afogamento e submersões acidentais 7.191
107 Exposições à fumaça, ao fogo e às chamas 1.279
108 Envenenamentos, intoxicação por ou exposição a substâncias nocivas 356
109 Lesões autoprovocadas voluntariamente 14.001
110 Agressões 52.576
111 Eventos (fatos) cuja intenção é indeterminada 15.115
113 Todas as outras causas externas 11.439
Total 166.318
Fonte: Ministério da Saúde – DATASUS (2016)
18
Centro de Investigação sobre a Epidemiologia dos Desastres
19
Classificação Internacional de Doenças
68
Tabela 8 - Custo total em reais das internações por causas externas em Minas
Gerais entre Janeiro de 2008 e Março de 2016
Morbidade Hospitalar do SUS por Causas Externas - por local de internação
Minas Gerais Período: Jan/2008-Mar/2016
Custo Total em
Grandes Grupos de Causa
Reais
V01-V99 Acidentes de transporte 253.044.674,27
W00-X59 Outras causas externas de lesões acidentes 600.093.820,64
X60-X84 Lesões autoprovocadas voluntariamente 14.174.708,29
X85-Y09 Agressões 83.244.607,74
Y10-Y34 Eventos cuja intenção é indeterminada 31.404.176,11
Y85-Y89 Sequelas de causas externas 30.969.323,24
Y90-Y98 Fatores suplementares relacionados a outras causas 7.155.723,11
S-T Causas externas não classificadas 34.977.812,38
Total 1.055.064.845,78
Fonte: Ministério da Saúde – DATASUS (2016)
Destaca-se que, somente, no período de janeiro a março de 2016 o custo total das
internações, em Minas Gerais, relativos a causas externas foi de R$ 38.519.309,41
(DATASUS, 2016)
20
Campanha em divulgação no site do PDNU <http://www.undp.org/content/undp/en/home/ourwork/
get_involved/ActNow/>
69
5 ASPECTOS EDUCACIONAIS
Neste capítulo será conceituado o termo educação, fazendo uma alocação das
ações educativas desempenhadas pelo CBMMG dentro do contexto da educação
pública nacional, sem deixar de vincular sua competência relativa às ações de
proteção e defesa civil. Além disso, serão trabalhados alguns conceitos básicos
sobre o desenvolvimento cognitivo da criança e o processo de aprendizagem.
Fechando o capítulo, será feita uma descrição do ensino no CBMMG e a explicação
de sua capacidade técnica para trabalhar no seio da educação, no que tange às
suas competências.
5.1 Educação
Nas normas brasileiras, a educação é descrita pelo artigo primeiro da Lei nº 9.394,
que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/96) da seguinte
maneira:
Aranha (1996, p.21, apud TAVARES, 2009, p.53, grifo nosso) complementa e
expande toda conceituação anterior, dizendo que educação é um "conceito genérico,
mais amplo que supõe o processo de desenvolvimento integral do homem [...]
visando não só a formação de habilidades, mas também do caráter e da
personalidade social".
Deste artigo, podem-se inferir diversas informações. Seguindo a ordem em que são
dispostos 'os agentes', a família deve ser a primeira responsável pela educação, no
que tange ao seio familiar e ao apoio às instituições de ensino. Depois, vem a
contrapartida do Estado, provendo uma Educação Pública de qualidade, usando
ferramentas financeiras, tecnológicas e humanas, para se atingir esse fim. Por outro
lado, há a interpretação holística do processo, na qual não há uma ordem de ação,
mas sim uma atuação conjunta e concorrente, pois desde o nascimento de um novo
ser humano sua inserção no Estado é positivada com o registro de nascimento. A
partir disso, já faz jus aos diretos e deveres imperados nesse Estado e, ao mesmo
tempo, atuação familiar é constante da geração à emancipação.
Neste entendimento, têm-se os exemplos dos órgãos ligados à saúde, que fazem
campanhas educativas visando à promoção da saúde pública, além dos órgãos
ligados ao judiciário, que desenvolvem atividades para promover a difusão do
conhecimento normativo brasileiro, e muitos outros setores e órgãos do Estado, que
participam de alguma forma na educação da população em geral. Cabe destacar
que os conceitos de Libâneo são mais abrangentes, porém os exemplos tratados se
conectam ao processo de educação global do ser, baseando-se no artigo segundo
da LDB/96, já citado.
Após essa analogia, retomando os conceitos tratados nos tópicos sobre Proteção e
Defesa Civil e sua vinculação às práticas educativas, para atrelá-los às
interpretações dadas acima, pode-se inferir que mais um preceito legal vincula a
72
21
Ver tópico 3.3.3 Proteção e Defesa Civil e a Educação.
73
Com delimitação das idades para o ensino básico pela LDB/96, faz-se necessário
referenciar a classificação do Estatuto da Criança e dos Adolescentes (ECA),
definido pela Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, artigo segundo, segundo o qual
"considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade
incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade." (BRASIL,
75
1990). A partir desses conceitos, serão tratados alguns aspectos sobre a fase do
desenvolvimento da criança e do processo de aprendizagem.
Para tanto, Gallo e Alencar (2012) interpretam que, para Piaget, existe um meio
externo que regula e corrige o desenvolvimento do conhecimento adaptativo. Sendo
assim, a função do conhecimento é produzir estruturas lógicas que permitam ao
sujeito atuar no mundo de formas cada vez mais complexas e flexíveis.
Segundo Gallo e Alencar (2012), isso se dá pois quando uma criança não apresenta
um desenvolvimento condizente com o estágio de sua idade, ela pode estar com
algum problema de desenvolvimento, porém isso pode não ser uma realidade,
implicando inferências superficiais que podem causar estigmas classificatórios e
prejudiciais à criança.
Ainda sobre o período relativo à infância, Dewey (1959b), citado por Nogueira Jr.
(2009, p. 107), destaca esse período como sendo mais longo nos seres humanos,
diferindo de outros mamíferos e primatas, no tocante ao tempo de se tornarem
independentes.
De acordo com Dewey (1959b), citado por Noguera Jr. (2009, ver pág.), isso se dá
"porque não possuímos aptidões físicas que possam solucionar problemas urgentes
nos primeiros anos de nascimento. Com isso, a espécie humana tem fatores
compensatórios que garantem a sobrevivência da criança, a aptidão sociocultural.".
Pode-se correlacionar esse pensamento com os três primeiros estágios descritos por
Piaget, que compreendem um período de maior dependência.
A partir dos estágios propostos por Piaget e a análise de Dewey, entende-se que há
uma relação direta entre esse período e o aprendizado, como pode ser analisado no
trecho abaixo:
Diante desse contexto, tem-se que o conceito de aprendizagem está ligado à forma
como o conhecimento é construído, trabalhado, transmitido e apreendido. Segundo
77
Nessa sequência, são trazidas duas características trabalhadas por Piletti (2001 p.
32): a primeira diz que só há aprendizagem quando há mudança de comportamento.
O autor explica que quando se repetem as ações já realizadas anteriormente, não
há aprendizado.
Cada um dos cursos citados anteriormente tem grade curricular própria e duração
específica definidas em resolução emanadas pela própria instituição (CBMMG,
2015b). Ressalta-se que, dos cursos realizados no âmbito da ABM, somente o CFO
foi autorizado e reconhecido pelo Conselho Estadual de Educação, sendo o CHO
somente autorizado. Os demais cursos são denominados cursos livres.
Independente dessa análise tem-se que o ensino no CBMMG baseia-se nos
seguintes princípios:
Pode-se inferir que apesar das diferentes denominações essas disciplinas possuem
o mesmo enfoque. Pode-se dizer que os militares formados nesses cursos possuem
certa capacitação em matéria de proteção e defesa civil, sendo capazes de serem
multiplicadores desse conhecimento.
Com relação aos militares somente com o CFSd, segundo CBMMG (2012), esses
possuem carga horária de atendimento pré-hospitalar igual aos outros cursos,
todavia as outras matérias práticas profissionais, tem carga horária inferior. Com
isso, depreende-se que esses militares atuem sob coordenação ou em conjunto com
sargentos ou oficiais, em função de difusores de conhecimentos, em palestras e
instruções.
Pelo contexto apenas descritivo das análises feitas, não se pode afirmar que os
conteúdos dos cursos de formação sejam suficientes para suprir à necessidade de
capacitação nesse aspecto. Por isso, além dos conteúdos dos cursos de formação,
outras formas de preparação poderiam ser exigidas do militar que fosse executar
papéis ligados ao processo educativo, como o curso fornecido pela Secretaria
Nacional de Segurança Pública (SENASP), por meio de plataforma EAD, chamado
de Bombeiro Educador, que tem carga horária de 60 horas e a seguinte ementa:
82
6 METODOLOGIA
22
Ver tabela 2 p. 33
83
Segundo Marconi e Lakatos (2010, p. 166), "a pesquisa bibliográfica não é mera
repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de
um tema sob um novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras.".
Além dessas obras, valeu-se dos documentos digitais lançados pela EIRD/ONU e
diversos trabalhos acadêmicos sobre os assuntos tratados nesta monografia. Essa
pesquisa inicial foi importante para consolidar aspectos gerais sobre o assunto,
buscando abordar de forma concisa as facetas mais relevantes ao problema.
Esse método se justifica pelo caráter pioneiro desta pesquisa no interior do CBMMG,
pois, ao se buscar avaliar as ações educativas, não se limitou a uma determinada
região, abrangendo toda a corporação.
Nesse panorama, a pesquisa passou por duas fases distintas. A Primeira foi o
levantamento de dados, por meio de coleta direcionada e padronizada às B-5 das
sedes das unidades operacionais. E em segundo plano, executou-se uma aplicação
de um questionário direcionada aos militares do CBMMG, por meio do e-mail
institucional.
Pela orientação dada pelo estudo de Silva (2012), os dados referentes às ações
educativas ou de responsabilidade social têm conexão direta com a seção de
comunicação social do CBMMG sendo esta centralizada na BM/523. Dessa maneira,
a primeira averiguação sobre esse tema foi dada de maneira informal, através de
contato com militares dessa seção. Como já citado, outro ponto direcionador da
pesquisa foi o lançamento do Plano de Comando 2015 – 2026.
23
Quinta seção do Estado Maior do CBMMG, responsável por orientar os setores locais de
comunicação organizacional, dar publicidade as atividades desenvolvidas no âmbito interno externo.
85
Para isso, por meio de ofício circular foi enviado a todos os Batalhões de Bombeiros
militar (BBM) e Companhia Independentes (Cia Ind.), foi realizada a solicitação de
dados por meio da planilha padronizada. Posteriormente, através de contato
telefônico visando esclarecer os objetivos da pesquisa firmou-se a disponibilização
dos dados solicitados conforme anexo a este trabalho, via planilha eletrônica. Essa
planilha foi enviada, via e-mail, a cada seção B-5 das sedes das unidades, sendo
que as Cia Ind., devido a sua menor complexidade gerencial, responderam via
secretaria.
24
Maj BM Luciana
86
Tendo a resposta como foco de uma pesquisa por meio de questionários, deve-se
preparar corretamente a pergunta/questão para atingir adequadamente esse fim.
Segundo Marconi e Lakatos (2010), as perguntas podem ser classificadas quanto à
forma ou quanto ao nível de interação com o participante.
Nesse sentido, utilizou-se de alguns conceitos definidos por Vieira (2009), para
formulação de questões fechadas e de opinião com caráter direto ou pessoal,
gerando respostas qualiquantitativas e potencialmente descritivas concernentes aos
objetivos pretendidos nesta pesquisa.
Com isso, foram feitas análises, a cada retorno desses testes, com base na teoria de
Vieira (2009), para empregar adequações e possíveis melhorias até atingir o produto
87
final, conforme o anexo X. Diante de todo esse contexto, salienta-se que não será
feito neste tópico um esclarecimento teórico de cada questão, sendo essas, quando
oportunas, apresentadas no capítulo referente à análise de resultados.
Diante desse contexto, mesmo não sendo uma amostragem probabilística, iniciou-se
uma busca para encontrar uma fórmula adequada para cálculo de amostra em
população finita. As primeiras impressões foram tiradas de sites especializados em
pesquisas por questionários online, como Netquest e SurveyMonkey, calculadoras
para estimar essa amostra.
Como forma de corroborar essa informação, vale-se da tabela citada por Gil (2010,
p.112), o qual relata ainda que "para que os dados obtidos num levantamento sejam
significativos, é necessário que a amostra seja constituída por um número adequado
de elementos".
25
Segunda Seção da Diretoria de Recursos Humanos, dados obtidos durante o período de confecção
desta pesquisa .
89
Diante desse número para a amostra, para população entre 6.000 e 7.000 militares,
pensou-se nas facilidades inerentes a pesquisa digital, relativos à acessibilidade,
custos e tabulação de dados e, por isso, optou-se por enviar o questionário através
da plataforma do Google Formulários. Esse mecanismo permite a confecção de
questões abertas e fechadas, sendo operacionalizada pela geração de um link, o
qual pode ser disponibilizado por meio de portais eletrônicos (sites) ou correio
eletrônico (e-mail).
26
Dispõe sobre a implantação, padronização e utilização e-mail institucional no CBMMG.
90
Ressalva-se que para essa análise, as amostras devem ser probabilísticas. Porém,
conforme raciocínio já citado, com uma descrição adequada da amostra e de seu
contexto nessa população, podem-se validar os dados obtidos.
Através de pesquisa pelos portais eletrônicos dos Corpos de Bombeiros do Brasil, foi
percebido que muitos deles realizam algum tipo de atividade educativa, podendo-se
destacar a emissão de cartilhas digitais com temas de prevenção, a realização de
projetos, como Bombeiro Mirim, Salva-vidas Mirim, Bombeiros nas Escolas, projeto
Golfinho, entre outros.
Porém, a maioria dos sites não tinha a indicação desse serviço de forma explícita ou
chamativa ao cidadão, sendo que os sites dos Corpos de Bombeiros dos Estados de
Roraima, Pernambuco, Amazonas, Rio Grande do Norte e Mato Grosso estavam em
manutenção e/ou fora do ar.
Além disso, devido ao grande número de CB, fez-se uma seleção dos projetos que
tinham uma descrição mais detalhada no portal, com destaque à atividade de
91
Cabe ressaltar que, pela pesquisa, não foi encontrada nenhuma outra corporação
que tivesse tal normatização externa, advinda do próprio estado.
Além dessa pesquisa nos portais eletrônicos dos CB, referencia-se o Corpo de
Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo (CBPMESP), devido à
padronização de medidas de educação pública através do Manual Técnico de
Bombeiros nº 34 – Educação Pública nos Serviços de Bombeiros (MTB – 34). Esse
manual tem o seguinte o objetivo:
O manual traz em seu bojo uma descrição padronizada sobre diversas formas de
atuação do bombeiro na educação pública. Primeiramente, exige-se do militar certo
nível de capacitação para cada atividade que for desempenhar, por meio de
treinamentos em didática e de usuário-cliente, sendo que a unidade bombeiro
deverá capacitar no mínimo 30% de seus militares, para atuarem em diversas
formas educativas, como palestras, recebimento de visita no quartel, no programa
Bombeiros nas Escolas, no programa Brasinha e no Projeto Teatro Fantoche
(CBPMESP, 2006). Dentre as formas educativas citadas, destacam-se o programa
Brasinha e o programa Bombeiros nas Escolas.
Já o programa Bombeiros nas Escolas, com origem no início dos anos 1990, possui
uma carga horária maior do que o programa anterior, com 20 horas no total do
curso, objetivando incutir preceitos prevencionistas. O público alvo são alunos da 8ª
série do ensino fundamental e os ensinamentos perpassam por temas de prevenção
e combate a incêndio, primeiros socorros, avaliações e práticas (CBPMESP, 2006).
Salienta-se que a descrição de todas as atividades neste tópico não foram passadas
por um crivo de verificação de aplicabilidade, de registro e de real emprego dessas
medidas, deixando espaço para estudos futuros. Buscou-se exemplificar que outros
CB têm tentado utilizar-se de medidas educativas com o foco preventivo.
Da Silva (2007) concluiu, em seu estudo, que havia uma falta de padronização na
implantação e desenvolvimento dos projetos sociais desenvolvidos pelo CBMMG e,
com isso, o autor propôs uma adequação visual, descritiva e normativa para os
projetos citados.
94
Outro fato relevante em sua pesquisa foi que ela partiu da descrição de dados
diretos da (BM/5), fazendo uma atualização, mesmo que não intencional, do trabalho
de Da Silva (2012). A Abordagem dos dados, por parte dessa autora, foi de maneira
qualiquantitaviva, a qual verificou discrepâncias no tocante à duração e periodização
de alguns cursos, como o PRODINATA, Bombeiro Mirim e o Projeto Golfinho.
Como já foi dito, Silva (2012) verificou a necessidade de padronização dos projetos
sociais, apontando como destaque o Bombeiro nas Escolas. Apesar de à época não
haver uma institucionalização sobre esse projeto, nos termos da autora, este possui
características que o potencializa como difusor de preceitos prevencionistas de larga
escala, tais como facilidade de comunicação entre o CBMMG e as escolas, grande
aceitabilidade dos bombeiros por parte dos estudantes e profissionais da educação,
entre outros aspectos.
Outro estudo de referência foi o produzido por Alves (2014), o qual abordou a
temática sob a ótica de boas práticas, propondo uma adequação através de uma
matriz lógica. Segundo Alves (2014), boas práticas são inerentes às atividades que
visam tanto o público interno quanto o externo, incluindo os projetos abordados por
Da Silva (2007) e Silva (2012) e o Programa de Preparação para a Reserva (PPR)27.
27
Previsto na Instrução Técnica de Recursos Humanos (ITRH) nº 249 de 21 de fevereiro de 2014
95
Além desses estudos e no contexto atual que engloba o período corrente desta
pesquisa, o Plano de Comando 2015 – 2026 orientou em sua cartilha de programas
e projetos o trabalho do CBMMG em três esferas: Bombeiro nas escolas, Voluntários
da Cidadania e o Programa de Divulgação da Natação (PRODINATA). Ressalta-se
que os três projetos apontados no Plano de Comando já existem, porém a proposta
desse documento é de sua implementação ampla no CBMMG através do Programa
Bombeiro e Comunida de descrito abaixo:
Em consonância com esse entendimento, Silva (2012, p.8), em seu artigo em seu
artigo define que "responsabilidade social diz respeito ao cumprimento dos deveres
e obrigações dos indivíduos e empresa para com a sociedade em geral". Segundo
CBMMG (2015, p.30), responsabilidade social se integra aos valores institucionais
da corporação significando um "conjunto transparente e responsável de ações
realizadas no intuito de beneficiar os membros da sociedade e das corporações, na
construção do bem-estar social.".
Ainda nesse âmbito, Consalter (2007, p.23) reforça que o papel de um projeto é
"proporcionar ao administrador condições de desenvolver e operacionalizar os
planos de ação". Valeriano (2001), citado por Consalter (2007, p. 23), explica que
um projeto é organizado com o objetivo de executar um conjunto ações que devem
estar voltadas para uma única resultante, que é o produto do projeto.
97
Dessa forma tem-se a seguinte abordagem dada pela NFPA citada por Dos Santos
(2010, p. 17), para a consecução e desenvolvimento de um programa de educação
de segurança contra incêndios, por meio das seguintes etapas:
Diante desse processo, Dos Santos (2010, p.18) propõe o seguinte fluxograma:
98
Partindo do que foi descrito, buscou-se resumir as informações obtidas nas fontes
de pesquisas citadas a fim de se produzir um quadro-resumo com a descrição das
atuais ações educativas desenvolvidas pelo CBMMG. Ressalta-se que nem todas
informações a respeito dessas ações foram inseridas nessa tabela, porém elas são
suficientes para verificar aspectos inerentes a proteção e defesa civil.
99
Esse fator a princípio pode parecer interessante, todavia ele perde a finalidade de
combater determinado risco, que pode ser verificado, pelo os registros de
ocorrências, pela análise de ocupação habitacional de determinada área ou pela
associação de vulnerabilidades sociais, como pobreza, falta de saneamento, vias
precárias, entre outros aspectos. Com isso, ao se atuar de forma ampla e sem o
foco determinado, pode-se distanciar da utilidade pública dada a essas atividades.
Com relação abordagem direta do termo defesa civil, como justificação de sua
prática o projeto do Bombeiro Mirim e os cursos de Primeiros Socorros/ APH. Em
contra partida, as ações de teatro do Pelotão 193, do Teatro de Bonecos da Turma
do Foguinho e dos concursos de redação, poesia e desenhos, apesar de não
exprimir em suas descrições aspectos de proteção e defesa civil, estão diretamente
ligadas à promoção e ao fomento da cultura prevencionista, sendo também um forte
aliado na composição da imagem institucional.
Nesse ínterim, verificou-se que nenhum das ações ainda não tem confluência com o
que foi disposto na Lei 12.608/2012 e que modificou a LDB/96, porém pela
característica do Bombeiro nas Escolas, que atua no interior das instituições de
ensino, vislumbra-se um potencial de essa ação cumprir o papel de difusor de
preceitos da proteção e defesa civil no ensino fundamental e médio.
103
No tocante aos preceitos basilares da educação no Brasil, pode-se dizer que todos
os projetos compreendem o desenvolvimento do público-alvo, assegurando-lhes
preceitos substanciais para o exercício da cidadania, mesmo de forma subjetiva ou
implícita. Destaca-se nesse quesito o 'Voluntários da Cidadania', sendo uma
atividade de maior porte, proporcionado pelo convênio com a prefeitura de Belo
Horizonte. Pelas suas características, é atendido o quesito constitucional de
promover o progresso no âmbito do trabalho por meio da educação.
A falta de conteúdo delimitado e explicitado, por exemplo, por meio de uma ementa
disciplinar é uma falha relevante na avaliação desses cursos, por isso, admite-se
que todas as inferências foram de certa forma superficial.Por outro lado, com base
no grau de detalhamento dos autores trabalhados e nas informações obtidas nas
pesquisas em documentos do CBMMG, almejou-se transportar para o quadro-
resumo o máximo de informações relevantes a essa avaliação.
28
Os dados com essa denominação não foram informados dentro do prazo dessa pesquisa.
105
Rádio
TV
7 a 14
GOLFINHO Inativo/ 300 4 meses Internet Arquivo
(implantado alunos Inativo anos com aula Ofícios físico e
em 2006) 3x/semana Convite digital
Banner
Faixas
Ativo / entre Sem
Rádio
TEATRO DE 2008 e 2013 limites de
TV
BONECOS atingiu 50.080 idade,
Internet Arquivo
TURMA DO pessoas, sem porém 2 horas por
4º BBM Ativo Ofícios físico e
FOGUINHO contabilizar com peça
Convite digital
(implantado dados dos anos enfoque
Banner
em 2007) 2007, 2014 e até os 12
Faixas
2015 anos
Rádio
TV
BOMBEIRO Inativo/ até o 2 meses
Internet Arquivo
MIRIM ano de 2013 9 a 15 com aula
Inativo Ofícios físico e
(implantado somou 836 anos 2x/semana
Convite digital
em 1998) pessoas
Banner
Faixas
A seleção
das
BOMBEIRO
Inativo/ 500 70horas crianças
MIRIM 7 a 14 Diário de
pessoas entre Inativo totais eram feitas
(implantado anos turmas
2012 e 2013 2x/semana pela
em 2012)
Prefeitura
Municipal.
Inativo/ entre 2009 a
2009 a 2011 2011 – Nenhum, a
atingiu 17.204 Reativação Palestras seleção
BOMBEIRO
pessoas em junho 2014 – 9 das escolas
NAS
2014 – 1100 Previsão de Entre 9 a horas totais é feita pela
ESCOLAS REDS
pessoas atendimento 11 anos 1x/semana. Secretaria
(implantado
2014 – 180 de 1000 2016 – 6 da
em 2009)
(somente no pessoas horas totais Educação
colégio 2x/semana Municipal.
5º BBM Tiradentes)
Ativo/ média de
Divulgação
40 alunos por
informal
GOLFINHO semestres 45 min/aula
A partir pelos
(implantado dependentes de 3x/semana Diário de
Ativo dos 7 próprios
em 2009) militares e 54 horas pó turmas.
anos militares e
servidores do semestre
participante
CBMMG e de
s do curso
outras forças
Divulgado Listas de
45 min/aula
PRODINATA Ativo/ média de A partir informal Chamada
3x/semana
(em atividade 170 alunos por Ativo dos 7 pelos Atas de
54 horas pó
desde 2009) semestre anos próprios formatura/
semestre
alunos Semestre
VOLUNTÁRIO Listas de
Inativo/ 10
S DA Chamada
pessoas 16 a 20 240horas Feita pela
CIDADANIA Inativo Atas de
somente em anos totais prefeitura
(implantado formatura/
2013
em 2013 ) Semestre
106
Situação no ano
Faixa Carga
de 2015/
Ações Situação no etária/ horária e Forma de Forma de
OBM Número de
Realizadas ano de 2016 Público ciclos de Divulgação registro
pessoas
atendido execução
atendidas
Divulgado
informal
feita pelos
próprios
40 min/aula alunos, por Listas de
NOVOS
Ativo /média A partir 2x/semana, médicos e Chamada
5º BBM HORIZONTES
anual de 80 a Ativo dos 7 32 horas associaçõe Atas de
(implantado
100 pessoas anos por s formatura/
em 2009)
semestre (APARU, Semestre
APAE, etc).
Jornais e
televisão
Ativo, porém
ainda não Imprensa
BOMBEIRO 90 horas Registro
iniciou os local
MIRIM Ativo / 30 alunos 7 a 13 totais interno na
6º BBM trabalhos em jornais,
(implantado por semestre anos 3x/semana Cia
2016, estão rádios e
em 2015) com 3h/dia Escola
em processo televisão
de seleção
Ofícios e
definição,
BOMBEIRO na
Inativo/ 50 156 horas Registro
MIRIM 09 a 13 prefeitura,
pessoas durante Inativo totais interno da
(implantado anos de crianças
o período ativo 2x/semana B/5
em 2012) em
situação de
risco
7º BBM
BOMBEIRO
Reds
NAS
Ofícios, relativo
ESCOLAS/ Inativo/
rádio, ao
CONCURSO Implementação 8 a 12
Ativo ______ televisão e desloca-
DE REDAÇÃO 10.000** alunos; anos
contato mento e
E DESENHO 2015 - 4000;
telefônico agenda
(implantado
interna
em 1999)
BOMBEIRO
320 horas
MIRIM 9 a 14 Não Não
Ativo Ativo 2x/semana
(implantado anos informado informado
4h/dia
em 2012)
8º BBM BOMBEIRO
NAS
Não Não Não Não Não
ESCOLAS Ativo
informado informado informado informado informado
(implantado
em 2014)
BOMBEIRO Palestras
Reds e
NAS Ativo/ 5.090 totalizando Envio de e-
9 a 11 ficha de
9º BBM ESCOLAS pessoas de Ativo aproximada mail para
anos controle
(implantado 2012 a 2015 mente 384 as escolas
da B/5
em 2012) horas/ano
107
Concurso De
Desenho e 6 a 14 Cartazes
Ativo / Todas as
Poesia – anos de
crianças da rede
Bombeiro Meu divididos divulgação Arquivos
9º BBM pública Ativo ______
Super Herói em níveis e envio de na B/5
municipal de
De Verdade de e-mail para
Varginha
(implantado avaliação as escolas
em 2008)
BOMBEIRO Ficha de
2 ciclos por
MIRIM Ativo/ 80 8 a 14 Televisão e matrícula
Ativo ano
(implantado crianças por ano anos Rádio das
(semestral)
em 2008) crianças
10º BBM
Ficha de
GOLFINHO
Ativo/ 80 8 a 14 2 ciclos por Televisão e matrícula
(implantado Ativo
crianças por ano anos ano Rádio das
em 2008)
(semestral) crianças
1ª Não Não Não Não Não
Não informado Não informado
Cia Ind. informado informado informado informado informado
Não executa
nenhum tipo ______ ______ ______ ______ ______ ______
2ª
de atividade
Cia Ind.
até a data da
pesquisa
Não executa
nenhum tipo ______ ______ ______ ______ ______ ______
3ª
de atividade
Cia Ind.
até a data da
pesquisa
Divulgação
GOLFINHO Ativo/ 142 Ativo Lista de
entre os
(implantado pessoas Previsão de Anual frequênci
órgaos de
em 2010) atendidas de 10 pessoas Quintas a dos
segurança
2010 a 2015 atendidas alunos
pública
BOMBEIRO Rádio,
Ativo/ 918 Ativo Lista de
4ª MIRIM Anual televisão e
pessoas Previsão de frequên-
Cia Ind. (implantado Segundas rede
atendidas de 120 pessoas cia dos
em 2010) e quartas municipal
2010 a 2015 atendidas alunos
de ensino
NOVOS Ativo/ 269 Ativo Lista de
HORIZONTES pessoas Previsão de Anual Radio e frequen-
(implantado atendidas de 30 pessoas Quintas televisão cia dos
em 2010) 2010 a 2015 atendidas alunos
GRUPO DE
TEATRO
PELOTÃO 193
(surgiu em Inativo/ Mais de ______ ______ ______ ______
BM/5
2001 conforme 53.000 pessoas Inativo
Resolução nº atendidas
222, de 04 de
dezembro de
2006)
Inativo Registro
Promovido
VOLUNTÁRIO aguardando 240H (05 interno de
pela
S DA liberação da vezes por controle
18 a 21 prefeitura
ABM CIDADANIA PBH / Inscritos Ainda inativo semana de notas
anos municipal
(implantado 898; Aprovados com 04 e
de Belo
em 2011 ) 637; h/dia) certifica-
horizonte
Reprovados 261 dos
Fonte: B/5 das OBM e Dados fornecidos pelo Grupo de Trabalho da Ação 2 da estratégia 3 do Plano
de Comando 2015 – 2026.
108
Nesse sentido, foi verificado que essa interlocução institucional é muito importante
na viabilização dos projetos. Houve unidade que justificou a inatividade ou o atraso
para o início das atividades no ano de 2016 devido ao término do convênio. Porém,
outras informaram que a viabilidade de manutenção das atividades se davam devido
essa ferramenta política.
Mas pelo o exposto sobre a Lei 12.608/2012 somado ao dever legal do CBMMG de
atuar em medidas de proteção e defesa civil, vislumbra-se o uso desse escopo legal,
como suporte para a atuação dessa corporação em ações educativas. Tendo esse
foco como uma linha de ação, podem-se conjecturar justificativas para investimentos
humano e capital, para o desempenho efetivo dessas ações.
109
Retornando aos dados coletados, não inseridos na tabela 12, tem-se ainda
informação sobre a falta de regulamentação das atividades, sendo que somente o
PRODINATA e o Grupo de Teatro Pelotão 193 são normatizados por resolução
interna. As demais ações não possuem uma regulamentação, apesar de utilizarem
de mecanismos internos para se operacionalizarem como ordens de serviço e
escalas.
Sobre o local de realização das treze unidades que informaram realizar alguma ação
10 delas utilizam a própria instalação do quartel como local de realização das
atividades. Das unidades que não utilizam da área do quartel tem-se a 4º Cia Ind.,
que utiliza o espaço do SEST SENAST29; o 9º BBM utiliza-se do espaço das escolas
públicas municipais e estuduais participantes das ações educativas desenvolvidas
pela unidade, ressalta-se que os alunos destaques são premiados com um dia de
atividades nas dependências do quartel; e o 7º BBM que também utiliza do espaço
escolar para o emprego dos concursos de redação e desenho.
Sobre a atuação dos militares não foi possível quantificar exatamente quantas
unidades empregam militares de maneira exclusiva ou quantas unidades atribuem
essa função como encargo. Essa informação ficou prejudicada devido às falhas
apontadas na metodologia e a falta de tempo hábil, para insistir na obtenção desses
dados. Quanto aos recursos utilizados variou-se muito conforme a atividade
exercida. Nas atividades aquáticas, por exemplo, foram citados prancha de natação,
'macarrão', argolas, palmar, raias, entre outros. No Bombeiro Mirim e 'Voluntários da
Cidadania' foram apontados o uso de material de escritório, como papel, lápis,
caneta, material de APH, equipamentos de combate a incêndio, notebook e projetor.
Já no Bombeiro nas Escolas, tem-se, principalmente, o uso de notebook e projetor.
Por fim, ressalta-se que esse estudo não atingiu por completo seu objetivo, pois pela
incipiência e abrangência dessa pesquisa, não se conseguiu aprofundar nos
aspectos pretendidos. Todavia, ela abre portas para futuros estudos comparativos,
tendo os erros cometidos como base para seu aprimoramento.
29
O Serviço Social do Transporte (SEST) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do
Transporte (SENAT)
110
A coleta de dados foi iniciada no dia 6 maio de 2016 até o dia 18 do mesmo mês,
sendo que o acesso ao link foi de forma ininterrupta. Foram coletados ao final do
período descrito acima 1.006 (mil e seis) respostas. Entretanto, antes de se iniciar a
análise do questionário, como ressalvado na descrição metodológica, será feita uma
descrição da amostra pesquisada.
Em que pese à distribuição dos questionários, dos 6.027 militares que possuem
cadastro no e-mail institucional e que, consequentemente, receberam o link da
pesquisa, somente 4.749 já fizeram o primeiro acesso ao e-mail, fato que simboliza
a relativa efetivação do uso desse mecanismo de comunicação. Devido a esse fator,
como descrito na metodologia, limitou-se ainda mais o universo estudado.
afirmar que a amostra é válida, pois seu volume representa quase um sexto (16%)
da população total (6.088) do CBMMG e mais de 20% da amostra real (4.749),
aspecto corroborado pela análise da tabela de determinação de amplitude de
amostra usado no capítulo de metodologia.
Após essa explanação inicial tem-se, a seguir, a análise das respostas obtidas.
100 93 92
nº de pessoas/unidade
90
80 70 73
70 64 61 61
60 56
50 41 41 40
40 33 31 35 35
30 26
18 16 21 16 18
20 13 10 10
9 8
10 4 5 6
0
6º COB
BOA
5º COB
4º COB
3º COB
2º COB
1º COB
COMBOM
ABM
4º Cia Ind.
3º Cia Ind.
2º Cia Ind.
1º Cia Ind.
Centros
Outras
9º BBM
8º BBM
7º BBM
6º BBM
5º BBM
4º BBM
3º BBM
2º BBM
1º BBM
Diretorias
EMBM
BEMAD
10º BBM
CMDO/ADJ GERAL
Fonte: elaborado pelo autor.
3,7%
7,20%
SIM
NÃO
89,2%
Ressalta-se que essa definição foi tirada do Decreto 7.257/2010, sendo esse
conceito já atualizado e ampliado pela Lei 12.608/12, conquanto ele, ainda, resume
de maneira satisfatória o significado do termo defesa civil. Pode-se verificar ainda
que 23,5% dos respondentes entendem que defesa civil é um órgão, dado
importante ao ser somados aos dados referentes às questões de nº 5 e 6.
114
39,40%
SIM
NÃO
60,60%
Para a escolha dos assuntos, baseou-se em Lima (2006, p. 93), o qual aplicou a
seguinte lista para o conteúdo programático do curso 'Agente Mirim de Defesa Civil':
Além desse autor, baseou-se também na pesquisa de Dos Santos (2009), que
pesquisou quais eram os temas de prevenção mais recorrentes entre os bombeiros
militares do Brasil, sendo entrevistadas 19 corporações, incluindo o CBMMG. Em
sua pesquisa, revelou que a prevenção a incêndios domésticos, primeiros socorros e
acidentes de trânsito tem maior relevância no quesito de assunto abordado pelos
corpos de bombeiros entrevistados por esse autor, como pode ser verificado pelo
gráfico abaixo:
Com isso, foi verificado que os cinco assuntos mais selecionados foram a prevenção
de acidentes domésticos (90,6%); primeiros socorros (88,1%); prevenção a
incêndios residências (85,3%); prevenção de afogamentos (85,1%); e prevenção de
acidentes de trânsito (66,6%). Destaca-se que o quesito viabilidade, somente, não
impele força de aplicação, cabendo uma futura pesquisa, verificar a real efetividade
de determinados assuntos na promoção da percepção do risco e na redução de
acidentes, reforçando o caráter preditivo dessa questão.
120
Outro aspecto relevante, as escolhas dos militares, foi a baixa seleção dos assuntos
sobre normas de prevenção contra incêndio e pânico (7,4%), informações sobre uso
do solo, habitação e movimentos de massa (deslizamentos) (3,8%), além do próprio
tema proteção e defesa civil com apenas 24,5% de escolha, indo de encontro com
aspectos abordados no capítulo 4 desta pesquisa e objetivos da PNPDEC.
3,80%
41% SIM
NÃO
Em Parte
55,30%
Gráfico 13 – Motivos elencados para o CBMMG não utilizar de todo seu potencial na
coordenação, execução e fomento de práticas educativas direcionadas a crianças e
adolescente com foco na prevenção
731
80,00%
60,00% 488
470
419 405
40,00%
20,00%
0,00%
Falta de efetivo para desempenhar a função de forma exclusiva
Falta de efetivo qualificado para desempenhar essa função, mesmo que na forma de
encargo
Falta de recursos financeiros
Pelo somatório entre militares que se sentem e os que não se sentem capacitados,
porém têm interesse em se capacitar para atuar nessa área, têm-se os militares
disponíveis a exercer tal papel, representando 55,1% dos participantes do
questionário. Já a soma entre as respostas 'não me sinto capacitado' e 'sim, mas
não tenho interesse em atuar nessa área' representa o percentual de 44,9% dos
militares respondentes que se enquadram no quesito capacitado.
Gráfico 17 – Opinião dos militares sobre a faixa etária mais interessante para se
desenvolver ações educativas direcionadas para crianças e adolescentes
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse sentido, pode-se atribuir a ela um novo norte a atuação do CBMMG, que por
suas características abrangentes, se enquadra em diversas fases das políticas e dos
objetivos dessa lei sobre proteção e defesa civil. Outra mudança importante foi a
127
Devido à nova roupagem dada pela lei 12.608/2012, o segundo capítulo deixou
algumas questões em aberto quanto ao significado e a conceituação de algumas
palavras por ela apresentada. Com isso, imbuiu-se no terceiro capítulo de discutir
algumas das principais terminologias dessa lei, dando uma maior amplitude no que
essa formulação legal trouxe ao enfrentamento do risco do desastre, sendo essas
características tratadas na atualidade como novo paradigma da proteção e defesa
civil.
Ressaltou-se, que para essa identificação dos riscos, deve se apoiar nas
características locais da unidade de bombeiro, verificando também os números
referentes às ocorrências recorrentes e sazonais desta região. A partir desse ponto,
o CBMMG dentro de sua esfera de competência deve atuar em consonância com
outros agentes de proteção e defesa civil, para exercer seu papel de na GRD, de
maneira amplificada, além do risco de desastre, agindo sobre qualquer forma de rico
identificável.
Nesse paralelo se tem um dos pontos cruciais desta monografia, que se iniciou no
fim do segundo capítulo, até chegar à inferência de que a atuação do CBMMG em
projetos sociais ou de responsabilidade social, então agora positivado no que tange
a promoção da incorporação dos preceitos de proteção e defesa civil no ensino
fundamental e médio. Ressaltou-se nesse pensamento, que não visa suprimir as
características existentes e seculares da corporação, mas dar a ela um novo norte
as essas práticas sociais, que pela imposição da Lei 12.608/2012 agora podem ser
tratados, também, como ações educativas.
Sobre o ensino fundamental e médio, verificou-se que eles estão inseridos no que se
chama de ensino básico. Constatou-se que nesse ramo da educação brasileira o
CBMMG tem terreno fértil para sua atuação, pois como descrito nos preceitos legais,
é onde o estado intenta, junto da família, formar valores básicos da vida em
sociedade. No que tange a fase da infância pode-se se constatar que, segundo
preceitos de Piaget, a criança passa por estágios de desenvolvimentos cognitivos,
sendo esses marcados por momentos diferenciados de consecução de experiências,
hábitos e respostas. Com isso a fase da infância tem sua relevância em consolidar
aprendizados que são carregados ao longo da vida.
Após a descrição das ações educativas, por meio da análise dos dados coletados,
verificou-se que cada unidade executa determinadas atividades, de acordo com
suas interações institucionais com órgãos públicos e privados, por meio da criação
de convênios. No que tange à capacidade de cobertura populacional, teve destaque
o Grupo de Teatro Pelotão 193, o Teatro da Turma do Foguinho, os concursos de
redações, poesia e desenho e o Bombeiro nas Escolas. O destaque para esse
último se deu por seu enfoque mais formal à prevenção.
Sobre o aspecto metodológico, ressalta-se que uma pesquisa in loco seria mais
fidedigna, pois os dados fornecidos não tiveram sua comprovação in situ. Porém,
ressalta-se que os dados disponibilizados foram de grande valia para análise das
ações educativas de cada unidade operacional de maneira individual e comparativa.
Porém, mesmo tendo constatado que uma grande parcela da amostra pesquisada
tem um entendimento condizente com o significado de proteção e defesa civil, há
uma grande parcela que ainda não tem conhecimento da lei 12.608/2012.
REFERÊNCIAS
para educação à distância. Brasília: Defesa Civil Nacional, 2011. 121 p. Disponível
em: <http://www.ceped.ufsc.br/wp-content/uploads/2012/01/
Capacitação-Básica-em-Defesa-Civil-livro-texto.p>. Acesso em: 09 nov. 2015.
GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas
S.a., 2010. 184 p.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. 263 p. (Coleção
Magistério - 2º Grau Formação do Professor). 22º reimpressão.
LIMA, João Nilo de Abreu. Defesa civil na escola. 2006. 233 f. Monografia
(Especialização) - Curso de Curso de Especialização em Planejamento e Gestão em
Defesa Civil, Secretaria Nacional de Defesa Civil, Universidade Federal de Santa
Catarina, Brasília, 2006.
PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional. 17. ed. São Paulo: Ática, 2001. 336 p.
(Educação).
SANTOS, Thereza Christina Carvalho; CÂMARA, João Batista Drummond
(Org.). GEO Brasil 2002:Perspectivas do Meio Ambiente no Brasil. Brasília: Ibama,
2002. 440 p. Disponível em: <http://www.ibama.gov.br/sophia/cnia/site_cnia/geo_
brasil_2002.pdf>. Acesso em: 27 maio 2016.
VIEIRA, Sonia. Como Elaborar Questionários. São Paulo: Atlas S.A., 2009. 159 p.
140
APÊNDICE A – Ofício para coleta de dados nas seções B/5 das OBM
Senhor Comandante,
matheus.rocha@bombeiros.mg.gov.br
Respeitosamente,
matheus.rocha@bombeiros.mg.gov.br
Atenciosamente,
Prezado(a) Senhor(a),
Meu nome é Matheus Felipe Cimino Mota Rocha, sou Cadete do Corpo de Bombeiros Militar de
Minas Gerais, e atualmente encontro-me realizando o Curso de Formação de Oficiais (CFO), na
Academia de Bombeiros Militar (ABM).
No momento estou produzindo um trabalho monográfico com o tema referente às ações educativas
desenvolvidas pelo CBMMG direcionadas para crianças – uma análise com ênfase em Proteção e
Defesa Civil.
Respeitosamente,
REMETIDO POR:
Cap BM Carolina
"Para que os outros possam viver"
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
(__) Não
6-O senhor (a) conhece a lei 12.608/12 que Institui a Política Nacional de
Proteção e Defesa Civil PNPDEC; dispõe sobre o Sistema Nacional de Proteção
e Defesa Civil SINPDEC e dá outras medidas?
8-Quais das ações educativas abaixo o senhor (a) tem conhecimento que o
CBMMG desenvolve? Marque todas que tenha conhecimento.
9-Dentre os assuntos abaixo, quais o senhor (a) acha viável para serem
trabalhados com crianças e adolescentes do ensino básico (fundamental e
médio), objetivando o aumento da percepção de risco e a redução de acidentes
? Escolher no ATÉ MÁXIMO OITO itens.
(__) Não
146
11-Caso sua resposta na questão anterior seja 'NÃO' ou 'EM PARTE'. Selecione
até TRÊS possíveis causas dentro das opções abaixo que o senhor (a) entende
como inviabilizadora dessa atuação:
13-Dentre as opções abaixo escolha uma forma de atuação que o senhor (a)
entende como mais viável para se desenvolver ações educativas para o
público infantil?
(__) Não, porém tenho interesse de me capacitar para atuar nessa área
15-Na sua opinião qual é a faixa etária mais interessante para o CBMMG
desenvolver ações educativas direcionadas para crianças e adolescentes?