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Resenha o que é a ideologia

A partir da existência do conceito de ideologia, apresentado por Marilena Chauí, coube nessa resenha analisar o
significado do termo, incluindo a sua conexão com a realidade econômica, política e social. Coube, também, falar sobre
o conceito de trabalho, apontado de uma forma não tão benéfica por Aristóteles quanto foi para a ética protestante,
vinculando-o às ideias de exploração e dominação de um determinada classe em relação às demais. Assim como
destacar, ainda, o seu processo de aparecimento e implementação dentro do contexto histórico da sociedade, tendo sido
usado, pela primeira vez, após a Revolução Francesa e tendo seu significado alterado de acordo com a época vigente e
determinados pensadores, como Comte e Karl Marx. A partir de todas essas alterações e da concepção burguesa acerca
do capital, surgiu o que pode ser chamada atualmente de ideologia da competência, caracterizando a sociedade moderna
e as suas relações.

O QUE É IDEOLOGIA
Marilena Chauí, professora de filosofia e historiadora da filosofia brasileira, é conhecida também pela publicação de
livros didáticos sobre filosofia, voltados para um público menos especializado e jovem. Já publicou cerca de 30 livros,
dentre eles encontram-se “O que é Ideologia” e “Boas vindas à Filosofia”.
Dentre as páginas que compõem a obra, a autora bate, intencionalmente, sobre a mesma tecla, o conceito que temos
quanto ao significado da palavra ideologia e o seu real sentido, muitas vezes não identificado pela maioria dos
indivíduos. A verdade é que o termo “ideologia” geralmente é confundido com ideário, significando apenas um
conjunto sistemático e encadeado de ideias. No entanto, a autora desfaz essa suposição e classifica ideologia não como
um ideário qualquer, e sim um de cunho mais histórico, social e político, servindo para ocultar a realidade e manter a
desigualdade e a exploração.
O termo ideologia apareceu pela primeira vez na França, em um livro publicado após a Revolução Francesa. Nessa obra
– Elementos de Ideologia – os autores pretendiam construir ciências morais dotadas de tanta certeza e exatidão quanto
as naturais, despidas, assim, dos resquícios metafísicos e teológicos. Até então, as ideologias e seus ideólogos eram
vidos com bons olhos na França, mas após o rompimento desses teóricos com o pensamento napoleônico, aquelas
palavras assumiram conotações pejorativas associando-se, para a maioria, com a metafísica. Percebe-se claramente isso
na declaração de Napoleão, em 1812: “Todas as desgraças que afligem nossa bela França devem ser atribuídas à
ideologia, essa tenebrosa metafísica que, buscando com sutilezas as causas primeiras, quer afundar sobre suas bases a
legislação dos povos, em vez de adaptar as leis ao conhecimento do coração humano e às lições da história.” Com Karl
Marx, o significado pejorativo foi conservado quando se dirigia aos ideólogos alemães, pois para ele os ideólogos
invertiam as relações entre as ideias e a realidade, formando um sistema de concepções que não possuem relação com o
mundo real.
Por outro lado, de acordo com August Comte, a cada fase do espírito humano, o indivíduo cria um conjunto de ideias
que servem como explicações para os fenômenos vigentes, e, dessa forma, são constituídas várias ideologias, de acordo
com a fase em que o homem esteja. Partindo dessa teoria sobre o conceito de ideologia, este seria entendido não como
um ocultamento da realidade ou principal causa que legitime a exploração e luta de classes, mas sim como uma
organização sistemática de todos os conhecimentos científicos e verdadeiros, isentos de religiosidade e metafísica.
Assim, quando as ações das pessoas estiverem contrárias as da ideologia, serão vistas como desordem e anormalidade.
Para romper com esse paradigma, foi de tamanha importância e necessidade o surgimento da concepção marxista acerca
da ideologia, pois só assim os homens ganharam mais incentivo e legitimação em suas ações para quebrarem com a
ordem vigente, colocando, consequentemente, a prática acima da teoria, o contrário pensado e difundido pelos
positivistas.
Para haver aprofundamento e real conhecimento das bases para o conceito marxista de ideologia, é preciso analisar
também as concepções Aristotélicas acerca do trabalho e o advento da reforma protestante. De acordo com o filósofo
grego a práxis – atividade ética e política – era tida como superior em relação à poiésis – atividade técnica, o trabalho
em si. Enquanto a primeira era considerada atividade própria de homens livres, dotados de razão, a segunda era tida
como uma rotina mecânica, a qual serviria apenas para fabricar um objeto para alguém. A partir daí foi legitimada a
ideia de que o trabalho seria um elemento secundário e inferior. Os indivíduos da práxis, então, exprimiram teorias
acerca da realidade social e histórica vigentes, podendo estar conscientes ou não. Quando, infelizmente, estavam alheios
ao contexto histórico, e mesmo assim consideraram suas ideias verdadeiras, acabaram por produzir uma ideologia,
tornando-a independente da realidade.
Posteriormente, com o advento da chamada ética protestante, o trabalho deixou de ser desqualificado, sendo visto então
como principal meio para a obtenção do poder econômico e prestígio político e social. Em outras palavras, pode-se
afirmar que os teólogos protestantes defendiam que o homem foi posto na terra para trabalhar, poupar e investir e assim
honrariam a Deus. Essa nova concepção do trabalho na sociedade, contribuiu para a formação da classe burguesa e,
consequentemente, para a separação entre trabalhadores e detentores do capital. A partir daí, os produtores deixaram a
servidão e se tornaram assalariados. “Estamos, pois, diante do que se convencionou chamar de homem livre moderno.”
(Chauí) No entanto, percebe-se que não há um caráter homogêneo nessa concepção de homem livre, de um lado está o
burguês, dono dos meios de produção, do outro está o trabalhador, que foi “liberto” da condição de servo, mas que
agora deve se sujeitar ao trabalho assalariado. É clara a percepção de que a liberdade só está ao lado do burguês, sendo
este quem determina os fins da produção, do outro lado resta apenas a necessidade.
É dentro desse panorama de surgimento da classe burguesa e luta com os proletariados que o conceito de ideologia
marxista ganha espaço. De acordo com ele, as relações sociais são produzidas pelos próprios homens, mesmo que eles
não tenham a consciência de serem os autores, e servem para guiar os pensamentos e ações humanas. Devem ser
encaradas como processos históricos, para que os indivíduos tenham conhecimento acerca do seu poder de transformar
a realidade social e produzir ideias que expliquem sua vida social e individual. Todavia, nas sociedades divididas em
classes, os dominantes legitimam e difundem as suas próprias ideias, realçando e assegurando seus poderes econômico,
político e social. Dessa forma é escondido do restante dos homens o modo de produção das relações sociais desiguais e
a exploração econômica, caracterizando o fenômeno da ideologia.
A ideologia é, portanto, fruto de uma alienação, esta em seu grau religioso não é a forma fundamental para sustentar
ideologias, mas apenas o efeito de toda a alienação advinda do trabalho, pois o empregado não se reconhece no produto
final de seu trabalho e a mercadoria passa ser uma coisa que existe em si e por si. E é a partir de todo esse processo que
o capital ganha força, sendo caracterizado pela mais valia, ou seja, o trabalho executado pela classe baixa e não pago,
gerando lucros apenas aos detentores dos meios de produção. Baseando-se no pensamento de Marx, a fixação da
ideologia na sociedade se deu no momento em que houve a divisão social e exploração do trabalho, encontrando-se, o
homem, excluído do direito de usufruir dos bens que produz e mesmo assim tendo que aceitar a ordem de exploração e
desigualdade vigentes, pois a realidade é ocultada pelos dominantes, e as ideias e pensamentos destes são tornados
legítimos e universais.
Decorrente de toda essa ideologia burguesa surgiu, como atualmente é conhecida, a ideologia da competência, ainda
servindo para ocultar a realidade, porém, agora, com maior presença da ciência e da tecnologia na produção e no
trabalho intelectual. A divisão e luta de classes continuam, no entanto não possuem seu enfoque apenas nos critérios da
dominação do capital em si, passou-se a distinguir os que possuem o saber e os que não o possuem, os competentes –
detentores de conhecimento científico – e os incompetentes – meros realizadores de tarefas. Nessa nova forma de
mascarar a realidade, são conferidos prestígio e poder descomunais aos que dominam os meios de tecnologia e saber
científico, tornando os dominados, mais uma vez, alheios a essa recente forma de camuflagem dos contextos histórico e
social vigentes.
“A ideologia esconde que nasceu da luta de classes para servir a uma classe na dominação.” (Chauí) Fica claro, mais
uma vez, que por meio desse ocultamento da realidade, executado pela classe dominante, a exploração e dominação são
legitimadas e tornadas justas. No entanto, vale ressaltar que a ideologia não possui poder absoluto, ou seja, pode ser
quebrada e destruída na medida em que determinada classe social compreenda a sua realidade e o seu poder,
organizando-se então para realizar o rompimento da ordem vigente. “Os burgueses destruíram a ideologia aristocrática e
os trabalhadores podem destruir a ideologia burguesa.” (Chauí)

CONCLUSÃO
O conceito de ideologia foi sendo alterado ao longo do âmbito histórico e social vivenciado por diferentes sociedades
em distintos períodos, porém um enfoque maior é dado ao seu significado que se relaciona com o processo pelo qual as
ideias da classe dominante se tornam universais, legitimando, assim, a dominação e a exploração dos detentores do
capital, e mais tarde do saber tecnológico e científico na ideologia da competência, sobre as classes menos favorecidas e
dependentes. No entanto, embora a ideologia mascare a realidade, não aniquila o poder que os homens possuem de
mudar a ordem social e econômica vigentes, mas, para isso, precisam reconhecer a força que possuem e a união
necessária para tal fim. Por fim, é clara a percepção de que ideologias não tem
histórias, mas as fabricam, no intuito de difundir os ideais dominantes e torná-
los gerais.

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