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de Rafael Primo
lugares diferentes. A medida que um personagem fala o foco de luz vai para ele,
maneira simples.
(off)
(a cortina se abre)
MADÁ
Sábado dia 23, recebi mais uma ligação, parecia ser mais uma dentre muitas,
MAX
MOJO
MILTON
MAURICIO
Perguntaria sussurando a Dona Flora qual seu segredo, o que a fazia perder seu
MESTRE
MADÁ
Às vezes eu penso como eu ia viver sem minha mãe. Ela me acorda todo dia
MILTON
MAURICIO
MESTRE
MOJO
MAX
É muito difícil a gente ter que escolher entre essas coisas que a gente quer
muito. Mas eu tenho que escolher, minha tia falou que tenho.
MESTRE
MILTON
MADÁ
Tempo inteiro vinha gente pedir água, café, pão velho, comida em casa, e nunca
MAX
O que eu mais faço o dia inteiro é ficar sentado na frente das árvores pitando um
MAURICIO
E por isso enchia com tanto prazer, a jatos de mijo, aqueles potes.
MOJO
MAX
MAGALI
O padre Alberto é um homem muito bom e acho que se preocupa mais comigo
MAX
Bipbipbipbipbipbipbipbip….
CENA 1 MADÁ
Há quatro anos, todo fim de semana, estico bem meu cabelo, faço um
função do outro, isso me faz bem, eu volto pra casa com uma sensação de
realização pessoal, que não tenho no meu trabalho. Sim, porque eu sou
meu chefe com a contabilidade, mas aos sábados, ah, aos sábados, eu cedo
quatro horas do meu dia, atendendo aos telefonemas dos solitários suicidas.
lado – inclusive a da Maria Alice, que tem um mau hálito horrível, é a de atender
aquele caldo grosso com aquelas mãos imundas. Mas algumas vezes eu me
Dias desses, me ligou um velho de oitenta anos, ele tinha uma família
enorme, um casamento que durava sessenta e dois e muitos netos. Sua vida era
ao fundo, seu Raul não sei o quê, pergunta se seu Raul quer frango, seu Raul já
achar a solução dos problemas dos que nos telefonam. Certo dia uma menina
ligou chorando, contando que seu pai costumava forçá-la a colocar os dedinhos
sou Deus, mas queria poder fazer algo mais por aquelas pessoas, que
eu o faria, de algum modo, e fora dali, assim ninguém saberia e não correria o
bom aluno, não adorava estudar e ficar horas debruçado em cima do caderno de
compasso, mas ainda assim me orgulhava das boas notas e do boletim azul.
com um suco Tang ou uma groselha pinque que minha mãe mandava, pelos
uniforme de elanca ralando nas minhas coxas pelo pátio do colégio, até a hora
do sinal. Exceto nas quartas, nas quartas eu não tomava aqueles deliciosos
O tio do portão sempre ranzinza, naquele dia tirava a tranca mais cedo e
jato vindo da uretra. Com a bexiga defeituosa já vazia, andava passo a passo
Mas numa quarta feira menos fria e cinzenta, numa semana em que já
brotavam as primaveras roxas nas copas das árvores e as cascas velhas dos
aquecidas por um cobertor xadrez, olhando para fora, com um xale cor de
creme-de-nozes-dos-bolos-da-minha-mãe.
CENA 3 MAGALI
Daqui a pouco minha mãe vai entrar no meu quarto pra me acordar e falar
que tá na hora de levantar pra falar com a moça. Mas eu não quero, não quero ir
hoje. Nem quero que ela entre aqui. Não quero que ela veja que tem sangue no
loucos.Tem só um pouquinho de sangue, talvez ela nem note. Nota sim, minha
mãe é uma águia, ela nota tudo. E anota também. Ela sempre tem uma
fui muito esperta e joguei no lixo da casa da Mônica, a minha calcinha. Eu nem
queria brincar de fazer bolinho, ontem, só fui de interesse. Ela é legal, a Mônica,
mas é meio orelhuda, o que faz que os brincos fiquem muito mais bonitos nela.
Todo mundo nota. Minha mãe sempre diz que ela é orelhuda.
Às vezes eu penso como eu ia viver sem minha mãe. Ela me acorda todo
dia com um beijo estalado e faz um café pra mim. Puxa meus cabelos e faz
trancinha com fitinha ou laço colorido. Até deixa eu escolher as cores. E pensar
que eu dei uma mordidona no braço dela um dia desses, só porque eu tava com
ciúmes da outra moça. Não sei se foi por isso ou se foi só porque eu tava com
sono e de manhã, além das ramelas duras que só saem com água morna, eu
tenho também muito mau humor. Mas foi bom tomar uma surra dela, fazia tempo
que não apanhava tanto. Há uma grande diferença entre apanhar e tomar uma
surra. Uma surra pode te deixar roxo por dias e dias. E eu tinha tomado uma
surra.
É muito difícil a gente ter que escolher entre essas coisas que a gente
quer muito. Mas eu tenho que escolher, minha tia falou que tenho. Deve ser bom
a gente poder ter dinheiro, fazer e comprar só o que quiser. Minha mãe falou que
não me dá mais nada até o Natal, nem ela, nem o Papai Noel. Ano passado até
ele tava com problemas e me mandou recado pela minha mãe que eu tinha que
escolher, não podia ter as duas coisas. Minha mãe foi gentil em me dizer antes
da noite do Natal, porque senão podia ficar muito decepcionada com ele, caso
Eu não gosto ter que decidir, mas eu tenho. Eu gosto tanto das balas
moles que a tia me dá. Tudo de ruim acontece comigo ao mesmo tempo. Minha
sei o que é, mas eu tenho medo dessa Menarca* (Asterisco) minha mãe não
pode saber, senão vai querer enfiar aquele treco comprido que ela e a tia
escondem no armário, embaixo das sacolas de viagem e que não gostam que
outro que é comprido, fino e parece papel, mas a mãe dela deixa na gaveta do
enorme, cabe pilha e fica pulando quando a gente aperta o botãozinho. Mas elas
Eu achava que quando a gente estava pra morrer toda a vida da gente
túnel escuro, seguindo a luz lá no final pra abraçar toda a velharada já morta,
que estaria esperando pela gente e todos aqueles clichês que os filmes me
fizeram acreditar pra que eu não tivesse esse pânico da morte. Até agora pelo
menos eu não estou vendo nada. Tudo na minha vida parece estar de cabeça
filmes e terminasse com a minha vista vendo uma TV fora do ar de fim de noite
com um som de uma música antiga qualquer, tipo aquelas que meu pai ouvia
japoneses e acho que por isso vim trabalhar aqui. Mas não devia misturar
Desde que comecei a trabalhar, tenho andado muito tenso. Meu ombro
direito está dolorido, parecendo uma pedra, cheio de nódulos duros no músculo.
Ficava lendo as caixinhas dos filmes ou olhando as fotos dos pornôs. Tem cada
pornô esquisito que chego a ficar com nojo das pessoas. Os jovens de hoje em
dia não tem mais nojo de nada. Credo! Tenho andado muito entediado no
trabalho, e isso me força a ficar pensando em coisas que eu podia estar fazendo
Isso não é bom. Fico pensando em viajar. Pra viajar eu preciso de dinheiro, pra
eu entro na internet, num site pornô ou fico de bate-papo com algum aloprado,
mostrar freak. Você nem imagina o que descobre das pessoas com um par de
tetas virtuais.
tenho nada contra eles, mas eu estava meio bêbado e queria fazer alguma coisa
então morreram. Dirigi muito atrás dos cães. No meio da madrugada eu parei
num posto Esso pra comprar uma cerveja. Tinha Brahma por 85 centavos,
Fui procurar mais cachorros. Pior é que eu adoro cachorros, eu tenho três
atacados por outros cães. Por isso eles estão lá no quintal, e vão ficar lá pra
inocentes que os cães. Consegui atropelar um gato na noite passada, preto. Foi
mas odeio gatos. São criaturas extremamente irritantes. Odeio gatos tanto
até que são tatoos bacanas, mas não pra uma guria. E tem o cabelo todo
cavocado, sabe?
porque pegou ele tentando montar no outro cachorro da casa. O japa matou o
cachorro porque o cachorro era gay. Depois a mulher, uma americana gorda,
cheia de celulites, que eu vi nos braços dela pela TV, denunciou o japa que foi
preso. Eram dois poodles. Dois poodles boiolas. O japa burro não sabia que eles
faziam isso só pra demonstrar superioridade, como berrar no futebol ou lutar jiu-
jitsu. Nada como um pouco de homoerotismo pra mostrar que se tem culhão.
Mas aposto que esse japa vai aprender muita coisa com seus colegas de prisão
sobre a homofobia.
CENA 5 MAX
que tem vales e aproveita para vender também carteiras de cigarro a sessenta
vales transporte. Genésio fica de pé a maior parte do dia, repetindo Vale vale
Já faz uns doze anos que estou aqui nesse hospital pra gente louca, e o
que eu mais faço o dia inteiro é ficar sentado na frente das árvores pitando um
cigarro e me mexendo de leve pra frente e pra trás. Eu não sou louco, mas
consigo enganar todo mundo, até os médicos. Vim pra cá depois de quebrar
tudo em casa e dar umas porradas no meu pai. Ele merecia, era um filho da puta
que só sacaneava minha mãe. Bati nele até ficar com a cara cheia de sangue.
Eu sou um cara grande, dou porrada em quem quiser como quem amacia carne
coisa com coisa e de vez em quando rir sem parar. Aí me trouxeram pra cá e
aqui fiquei até hoje. Já estou até barrigudo, porque não faço muita coisa e aqui
os sujeitos te enchem de comida mesmo quando você não está a fim. Antes eu
não comia muito, mas quando me dei conta que comer e fumar eram as únicas
coisas que se tinha pra fazer neste lugar comecei a encher o bucho sempre que
surge a oportunidade.
Eu sou Rita. Rita tem uma caixa cheia de despertadores à sua frente.
CENA 6 MILTON
conseguirá atingir a felicidade. Não existe dúvidas.” Este foi seu último rabisco,
me deixasse assim…arrebentado.
Que tipo de cristão sou eu? Que qualidade de pai para meus dois filhos?
O que a difere é que essa é a MINHA punhetação. Só. Você não conta
noite, bem, tua bunda estava cheia de peidos, e com a foda eu os fiz sair,
demorado por teu buraco. É maravilhoso foder uma mulher peidorreira quando
cada metida faz sair um. Penso que eu reconheceria um peido de Nora em
qualquer lugar. Penso que poderia distinguir o dela numa sala cheia de mulheres
indecente como o que uma menina atrevida soltaria de pândega num dormitório
de colégio à noite. Espero que Nora nunca pare de soltar peidos na minha cara
Por que você me censura assim? Eu podia ser seu marido. Ou eu podia ter nas
York e vinha. Eu ia e não li mais nada, deixei o gozo escorrer pelos dedos dele.
A sua mulher preparava o peru para o Dia de Ação de Graças enquanto John
fazia mais um relatório sobre o estado das usinas hidrelétricas do meu país e
vindos de um pau duro que havia sido chupado por mais de quatro horas, com
pequenos intervalos e cortes abruptos para evitar a precoce ejaculada. “No rosto
problemática me passou pela cabeça, numa rápida cena, que me excitou ainda
mais.
Reparo muito nos olhos das pessoas. Os da Wanessa são puxadinhos, uma
beleza.
avisar pra ele que ele não é negão. Vem com uma panca cheio de brou, mano,
falou véio. Acho isso engraçado, se fosse qualquer outro cliente não seria tão
incoerente,Brou, e aí, belê véio? nem se fosse a vozinha que pede uns filmes de
ação com o Charles Bronson, Qual que é o que passa véio, tá ligado nas fita?,eu
nem ia estranhar.
Quando bate o tédio eu vou pra net tapear alguém ou fico zapeando a Tv
que nem louco, sem som, de um canal pra outro. As vezes eu ponho um CD
Porque neguinho só passa filme ruim na tevê? Antigamente rolava uns preto e
branco, com a Audrey, ou um musical com Gene Kelly. Agora só passa filmes
com a bandidagem, com aquela gente com cara de pobre do nordeste que eu
pulo todo dia na rua antes de ir pro trabalho ou aqueles filmes cheios de tiros e
explosões que só gente muito retardada das idéias pode gostar. Depois os
americanos não querem que só tenha psicótico por lá, ficam enfiando essas
mudo de canal rapidinho que não sou besta. Eu adoro filmes PB. Tenho uma
cópia em VHS de um filme japonês de época que nunca descobri o nome, com
lá eu podia casar com qqer mulher que ela provavelmente teria os olhos
puxadinhos. E mulher japonesa é linda e recatada, pelo menos nos filmes elas
quase sempre cobrem a boca pra rir. Eu ia querer japonesa japonesa e não
japonesa metida a ocidental, de plataforma não, até porque eu não sou muito
alto pra pegar um guria que usa plataforma. Por isso eu odeio os travestis. Se
bem que na rua do centro tem uns travecos bem apanhados que até enganam a
gente. Quando to de saco cheio eu fico andando de carro e olhando eles, mas
forma lasciva, de forma lasciva (!!!) de cadela no cio, Você gosta dos meus
Na minha rua tem um cachorro caolho. Ele é caolho porque uma vez um
depois de ficar com a cabeça semi putrefata por uns dois meses. Mas ele se
recuperou e agora anda por aí caolho. Os outros cachorros não mexem com ele,
Acelerei e ele nem se deu ao trabalo de sair. As duas latas de cerveja fizeram
alguma diferença no meu estômago vazio, e errei o cachorro, peguei ele de lado,
ele saiu correndo desesperado, meio que arrastando, mas sem emitir um único
som, parecia até mesmo estar sorrindo. Deu umas voltas e diminui a velocidade,
até quase parar, e então começou a ganir. Mexia apenas as patas da frente.
cachorro caolho. Parei o carro e desci. Tirei minha blusa e recolhi o cão que
tinha as pernas de trás esmagadas. Resolvi levar num veterinário 24 horas que
eu conhecia. Ele ficava ganindo com intervalos regulares, mas sem muito
Depois dei umas voltas e resolvi chamar uma puta no centro. Ela fez
azuis irresistíveis e a grudei no carro que fedia a sangue. Ela saiu e resolveu me
fazer um estripetise (strip tease) iluminada ,pelos faróis do meu carro, Não faz
obscenidades, mas nem ouvi. Ainda riu quando liguei o carro e ameacei
acelerar.
Certo dia uma menina ligou chorando, contando que seu pai costumava
auxílio por telefone. Eu não sou Deus, mas queria poder fazer algo mais por
Outro dia ligou para o Centro uma garotinha querendo saber como ligar o
viajar e ela estava morrendo de medo de ficar sozinha. Fiquei horas com ela no
Que rua? Que edifício? Ela era minha vizinha. Ao final da ligação ela chorou e
em casa de castigo e foram viajar. Saí do trabalho quinze minutos mais cedo –
Maria das Dores. Pequena era chamada de Madá. Mas tem dias que ouço
com ela durante toda a noite. Assistimos juntos “O Fabuloso Destino de Amelie
Poulin” – por sinal, chorei muito – e ela adormeceu no sofá. Fui embora, mas
deixei um bilhete alertando para que ela nunca mais abrisse a porta a uma
pessoa estranha que dissese apenas seu nome e não contasse o fato aos pais.
modo excitada. Eu a reprimi, disse que o serviço que fazia era muito importante
para a vida de muita gente e que esse tipo de ligação só ocupava o meu tempo
não podia, mas sabia que deveria levar trabalho pra casa. Acabei por ter noites
baba.
formigamento nas pernas. Vivia sozinha, a filha não a via com frequência e não
quartas e sextas, aparecia nas redondezas da casa dela, até descobrir seu
ajude a ajudá-la, Dona Flora, disse com meu rabinho bem esticado. Então três
vezes por semana, atravesso a Jacu Pêssego e tomo duas lotações para
preparar um escaldapés cada vez mais quente para a velha de dedos tortos.
Sou altruísta, tenho orgulho disso, minha mãe também era assim, tempo
inteiro vinha gente pedir água, café, pão velho, comida em casa, e nunca vi
ninguém sair sem um abraço ou um bom conselho. Acho que estou me saindo a
próximo. Acho que salvei vidas, muitas vidas, centenas delas. Não há morte
corpo, abominável, geralmente por um fator externo ou por mera carência afetiva
mas meus apelos pareciam não ter retorno. Ouvia ruídos de máquinas e
palavras soltas, morrer, acidente que bateu e matou, morrer, culpa, solidão,
contra uma parede em meio ao ruído das máquinas. Fui até o banheiro, chorei,
comprar o gás para se matar, não tinha nada. Passava a noite vendo filmes na
que nunca tivera uma mulher, nem um homem, na vida. Já tinha beijado na
boca, tocado nos peitinhos de uma adolescente, mas nunca tinha efetivado um
ato. Seu pau nunca havia sido tocado por pessoa alguma e em nenhuma
vergonha de sair com qualquer mulher e imaginar que ela notaria sua
inexperiência. O choro era descontrolado, infantil e durou cerca de meia hora até
minha resolução. Marquei com ele num banheiro público, na Praça das Pombas,
preto com uma pantera nas costas e calça jeans desfiada na barra. Encontramo-
passou por mim e o segui até o box. O rapaz estava trêmulo, entrou em uma
cabine e eu em outra, bem ao lado. Enfia seu pau por baixo, querido. Era um
membro sem pele, pequeno e murcho, comecei a massageá-lo até que ficasse
firmeza e atrasei seu gozo. Esperei seu pau diminuir de tamanho, para então
abocanhando-o até a base, aguardando seu jato que veio em cascata. Através
Limpei o rosto com um papel higiênico rosado, áspero e saí, deixando-o lá, em
Hoje de manhã, sábado dia 23, recebi mais uma ligação, parecia ser mais
uma dentre muitas, ela se identificava como Janete, uma adolescente que havia
bactericida, passava talco pelo corpo e nos pés, principalmente nos pés.
crítico de pele, e que é esquecido por (quase) todos, que se situa acima do
cascão, misto de pele morta e suor seco, não tivéssemos descoberto isso aos
quinze anos de idade. Nos apaixonamos assim, nos intervalos das aulas de
educação física, nos bancos de uso coletivo dos vestiários, tirando sujeira de
meias dos vãos dos dedos dos pés. Trocamos olhares, trocamos sorrisos,
Nos pés as meias alvas, na boca o fio dente por dente e escovamos cada
benvindas. Não que pronuncie qualquer palavra no mundo sem ter terminado de
tirava os sapatos para entrar, ia para o banho. Ela, a esposa, bem asseada,
esperava ansiosa por limpar cada fresta das minhas orelhas, ficando atenta à
parte detrás dos lóbulos ( é engraçado que já notara que a do lado da mão que
escreve, junta mais sebo de cor escura que a do outro. Por quê? Será que se eu
mas eu insistia. Um dia balbuciei algo a respeito de farinha, mas ela não prestou
muita atenção. Farinha? Será que ele anda metido com tóxicos? …não, não,
esquece).
O banho deve começar pelos cabelos, para que a sujeira deles escorra
para baixo e só então lavar o resto, sempre de cima para baixo respeitando a Lei
de Newton. Há uma toalha própria para os pés, outra para as partes íntimas. As
toalhas são descartadas por mês, mas lavadas diariamente. Os talheres não,
paninho úmido em tudo. Ou será uma gripe? Nada pior que um vírus que vem
dos patos chineses, se adapta num porco - ai Deus! - e depois ataca o ser
humano.
mandar embora antes. Logo esse gringo me despede, eu sei. Esses gringos. Eu,
então, fui para a casa, mas não entrei. Era cedo, talvez devesse esperar, não
deveria chegar fora do horário. Esperei, esperei, não aguentei e subi. Usei as
de cores da calçada, até a porta de casa, atrás das lentes grossas do meu
óculos.
Mas numa quarta feira menos fria e cinzenta, numa semana em que já
brotavam as primaveras roxas nas copas das árvores e as cascas velhas dos
aquecidas por um cobertor xadrez, olhando para fora, com um xale cor de creme
de nozes dos bolos da minha mãe. À sua frente, mas não à sua vista, a floreira
espremendo em uma sapatilha molinha, com meias de lã, como as que minha
avó usava para andar em casa,e aflita se contorcendo para ver melhor o aqui
fora.
pronto a estourar a qualquer instante e por isso enchia com tanto prazer, a jatos
essa palavra: urinar. Ninguém com menos de sessenta anos fala urinar, mijar,
velha por trás da vidraça, com os olhos esbranquiçados a observar com gosto o
uma touca de crochê. E ela olhava. Não fazia nada, mas olhava. Virei de costas,
tentei encontrar o que ela tanto gostava de ver, mas não tinha nada de mais, só
tinham uns passantes, umas folhas secas pela calçada, uns passarinhos chatos
sendo lavado por um enfermeiro afrescalhado. Talvez por isso guardem essa
expressão tranquila, eles já não tem mais nada a perder e talvez por isso
manhã.
sorrindo, arqueada para frente, ora com luvas coloridas, ora com uma manta ou
olhar para a frente e para o nada, com que cores demodês estaria vestida e o
passava com tanta pressa em seguir para minha urinadas e me deixava olhar
moça alta, provavelmente aquela que a depositava ali pela manhã, no sol-
vitamina-D aclamado pelos doutores. Uma moça doce e de cabelos pálidos que
sol. Vez ou outra aparecia uma outra moça, que mergulhava os pés dela num
tomar um chá com bolachas que eu levaria comigo. No final da xícara, lamberia
Eu sou Rita. Rita tem uma caixa cheia de despertadores à sua frente. Rita
da Voluntários da Pátria. Rita tem trinta e cinco anos, um rosto que aparenta
vinte e cinco. Rita diz para todos que não se incomoda nem um pouco com os
consegue dormir porque está sentindo muita dor de cabeça. Rita não escuta
fingia que engolia e depois cuspia fora, e pra continuar fazendo que era louco eu
de vez em quando quebrava a cara de algum dos loucos de verdade que ficam
pode fazer nada. Tem uns que sujam a cama inteira. Mas o pior mesmo é
quando dá coceira, porque se você não coça na hora, ela vai aumentando,
aumentando até tomar conta de todo o corpo. E amarrado numa cama você não
tem como se coçar, porra. Foi por essas coisas e por estar um pouco cansado
fico quieto no meu canto, me fazendo de louco sob controle. Os médicos ficam
meu filho de bexiga problemática me passou pela cabeça, numa rápida cena,
esse mesmo que você faz no seu marido, o sexo anal, que seu marido faz na
senhora, são hoje consideradas normais, ou pelo menos não como doenças
como se pensava. Uma razão para isso é a crescente aceitação de atividades
vício é, por princípio, o amor do fracasso. Sinto se te faço de meu uso e meu
estudo. Sexo e energia elétrica juntos! Umedeceu todo meu corpo com a boca e
sacou uma parafernália que ele mesmo havia preparado com eletrodos
eletrodo anal e outro uretral. “Vou te acender”, cochicou. John falava coisas
preocupe, vou ficar entre os 30 e os 70 mili-ampères”, disse ele. Gritaria “me põe
Não precisa ser um gênio da física pra saber que a correte elétrica sempre faz o
menor caminho, o que oferece a menor resistência e por isso ele me umedecia
começaram, uma, duas, três, e aquilo que parecia um prêmio, na quarta vez se
- uma vodca, depois dois-a noite dos Lakers, depois três- dopado de Lexotan.
O resto ele colocou aqui mesmo, alguns meses depois, num motel barato de
Eu não gosto ter que decidir, mas eu tenho. Eu gosto tanto das balas
moles que a tia me dá. Tudo de ruim acontece comigo ao mesmo tempo. Minha
xoxinha tem sangue, minha mãe não pode saber, senão vai querer enfiar aquele
treco comprido que ela e a tia escondem no armário, embaixo das sacolas de
viagem e que não gostam que eu mexa. A Mônica diz que é absorvente, o da
mãe dela é pequenininho e tem outro que é comprido, fino e parece papel, mas
a mãe dela deixa na gaveta do banheiro e não esconde. Mas o da minha mãe e
da tia é mais bacana, é enorme, cabe pilha e fica pulando quando a gente aperta
o botãozinho. Mas elas não deixam eu mostrar pras visitas aqui em casa.
E ainda eu tenho que decidir. A tia é bacana, mas minha mãe dá beijos
mais melados. O pai da Mônica mora com a mãe dela, então ela não tem que
escolher.
Eu devia falar mais da tia, mas tinha uma época que eu era proibida de
dizer qualquer coisa a esse respeito. Meu pai morava aqui. A tia chegava a tarde
e me dava um monte de presentes para eu não falar nada. Eu sei que isso dá
cadeia, minha mãe diz que chama chantagem, meu pai já foi pra cadeia. Não
por causa da chantagem, ele é muito rico e minha mãe diz que é com dinheiro
dos outros. O irmão da tia é louco. Mas ela não é. Minha mãe conheceu a tia lá
Hoje eu vou ter que ir lá de novo, olhar na cara daquela mulher e dizer se
quero ou não que meu pai me visite. Acho que até quero, se ele não bater na
minha mãe, mas a tia me dá balas de morango que grudam no céu da boca e
que posso ficar horas sentindo o gosto. Ela não quer que eu deixe o pai me ver.
Minha mãe fala que eu tenho que decidir, mas eu sei que ela não quer também.
Na outra semana eu disse “Quero ficar com a minha mãe e a tia”, elas
ficaram muito felizes comigo. Em casa fizeram batatas fritas, me disseram que
vão me dar um cachorrinho igual aquele do meu pai que foi atropelado, depois
vezes as duas entram no quarto e ficam vendo televisão. Outras vezes elas
entram e ficam fazendo um barulho e minha mãe dá gritinhos. Acho que elas
gostam de conversar. A minha amiga Mônica disse que as duas ficam beijando
na boca e contando piada suja, mas eu acho que elas ficam passando pomada
no cu. Ai, vou ter que falar com o padre Alberto. Toda vez que eu falo bobagem
eu converso com ele. Mas dessa vez eu só pensei, não sei se precisa.
peitos estão grandes, pra saber se deveria pedir sutiã pra minha mãe. A Mônica
falou que ele não usa cuecas e que já mostrou pra ela. Pra mim ele ainda não
mostrou, mas em mim ele já examinou se não tinha caroços nos peitos e nela
não. Esse exame é muito importante. Ele é um homem muito bom e acho que se
preocupa mais comigo que com a Mônica. Talvez eu leve minha calcinha suja
pra ele jogar fora, ele disse que tudo bem, que a Mônica tinha dado a dela pra
recebendo apostas do jogo do bicho. Marciano fica puto da cara quando alguém
não pega um de seus folhetos anunciando corte de cabelo a três reais (aluno) e
cinco (profissional), mas fica feliz quando algum outro Marciano ganha algum
trocado no bicho. Marciano pensa que isso fará com que eles comecem a
acreditar que ele dá sorte, e é mais ou menos assim que essa coisa toda
funciona. Marciano está sempre com caganeira, mas não sabe o motivo.
Hoje minha mãe apareceu de novo aqui no hospital. Ela faz isso meio que
uma vez ou duas por ano, e eu sempre percebo que ela ta chegando. Eu estou
ali no banco, sentado na frente das árvores, pitando meu cigarro, e de repente
escuto os passinhos dela. Não tem como confundir. É uma coisa pequenininha,
que vem arrastando os pés dum jeito que só ela faz. Cada vez que ela aparece
todas. Eu sinto ela chegando devagarinho por trás de mim e eu faço que nem
longe, perdido, e eu continuo me fingindo de louco, indo pra frente e pra trás,
porque se algum médico me enxergar dando um abraço ou até falando com ela
mesmo é que eu vou me foder. A mãe senta do meu lado e às vezes toca em
mim e eu nada. Uma vez ela deu uns socos no braço até que chegou uma
enfermeira e levou ela embora. Em um bando de vezes ela só fica quieta,
chorando. Uma coisa que ela sempre faz é dizer Sou eu, meu filho, sua mãe.
Mas eu fico quieto, pra frente e pra trás, fumando o filtro do cigarro até queimar
meus dedos. Eu sei que é você, mãe, claro que eu sei. Não estou louco, é só
fingimento. Eu também te amo, mãe, mas não vou dizer nada porque os
médicos podem ouvir. Eu preciso guardar segredo mãe. Volta ano que vem, tá?
Eu gosto quando você vem, mãe, gosto mesmo. Não chora. Cuida bem dos
meus irmão que eles precisam, ta bom? Eles não são espertos como eu. Tchau,
ver se algum outro Osvaldo não rouba alguma camiseta de três reais e
cinqüenta centavos. Osvaldo tem voz de radialista, mas não nasceu assim.
Hoje de manhã, sábado dia 23, recebi mais uma ligação, parecia ser mais
uma dentre muitas, ela se identificava como Janete, uma adolescente que havia
flagrado o padrasto abusando da irmã caçula em cima da cama da mãe. Não
sabia o que fazer, havia cortado os pulsos com uma lâmina de barbear do
casa. Seu padrasto era um velho de uns 70 anos, caboclo do sítio, no sétimo
fazer? Tinha medo de ser expulsa de casa, caso contasse sua história,
na Vila Matilde, comprei uma gilete, um enxaguatório bucal e fiquei sentada num
Rasguei aquele plástico, dei uma mordida no gelo colorido e joguei o resto na
lixeira. “Não vai pagar, moça?”. Claro, desculpe. Abri a bolsa, saquei a carteira e
até a mata fechada e desabotoei sua calça. Com a mão esquerda segurei seus
grãos, enquanto a lâmina rasgava a pele. Abri seu saco, tirei as gônadas e com
certo prazer, confesso, coloquei-as dentro de sua própria boca. Limpei as mãos
lindos soltos, eles têm volume e maciez, preciso começar a comprar mais creme
de pentear.
Os dedos sim. Primeiro um - uma vodca, depois dois-a noite dos Lakers,
O resto ele colocou aqui mesmo, alguns meses depois, num motel barato
metia por dentro de mim, rasgava, abria, doía, enquanto isso observava as
primeiras gotas de seu sêmem que escorriam pela cabeça do seu pau sem que
“Nora, Nora, minha flor…é algo de terrivelmente excitante ver uma mulher
saindo a meio caminho pelo buraco. Dizes que vais cagar nas calças, querida, e
falando sacanagem e sentires que tuas fezes estão a ponto de sair, passa os
braços ao redor de meu pescoço com vergonha e vai cagando devagar. O ruído
continuar! Podes calcular porque!" Assim termina uma das cartas a Nora. Ficaria
chocada se te contasse que fui que escrevi estas cartas? Aposto que não. Já
cartas foi James Joyce, um dos maiores e mais respeitados escritores à sua
natureza me inspira e me impõe isso, eu opto pela minha felicidade, meta que a
natureza criou. Obedeço meus desejos, meus anseios mais íntimos e puros. O
que é natural não se discute, assim sendo não há lugar para essa moralidade.
modernizado, que pretendo alcançar minha meta e estendê-la mais tempo que
ele, pelo resto de meus dias, utilizando para isso todas as artimanhas que o
porque ser punido, o que faço é consensual, portanto legítimo. Nem as polícias,
nem Deus.
seus desejos antes de penetrar a esposa, quanto mais olhar ao seu lado no
a ser feliz e for inspirada com o princípio da liberdade, talvez aí, finalmente
isqueiro e eu lambi a pálpebra que cobria uns olhos azuis irresistíveis e a grudei
no carro que fedia a sangue. Ela saiu e resolveu me fazer um estripetise (strip
tease) iluminada ,pelos faróis do meu carro, Não faz isso, não faz isso comigo.
obscenidades, mas nem ouvi. Ainda riu quando liguei o carro e ameacei
acelerar, ela riu, antes que pudesse sentir o peso do corpo de encontro com o
escapam e se invertem, tudo fica ao contrário. Mas é muito mais bonito do que
música do meu pai zunindo na minha cabeça. Tudo o que eu queira na vida era
um manual pra aprender as coisas e pra seguir vivendo. Mas nada tem regras e
é uma bosta ter que se aprender na prática. Hoje vou perguntar pro meu chefe
quando eu vou ter umas férias, porque quando eu tiver eu vou viajar, tomar
banho de mar e ler mais livros, isso é necessário para aliviar as tensões e, creio
comigo que com a Mônica. Talvez eu leve minha calcinha suja pra ele jogar fora,
ele disse que tudo bem, que a Mônica tinha dado a dela pra ele. E olha que a
Daqui a pouco minha mãe entra e a tia vem atrás dela pra me acordar. Eu
não queria ter que escolher, mas acho que vou querer ganhar o guarda roupa da
Barbie que a tia prometeu. Se meu pai chorar, eu dou um abraço nele e falo pra
ele me visitar escondido, igual a tia fazia quando ele morava aqui. Só que ele vai
ter que me trazer balas coloridas. E se ele me der o carro da Barbie, eu falo pra
mulher que eu quero que ele me veja, mas não pode ficar cheirando aquela
poeira branca na minha frente, porque minha mãe não gosta e ele fica esquisito
depois. Ele canta o pneu quando faz isso, eu fico com medo, mas ele sabe o
“Filha, nós tivemos uma idéia. Você diz que quer ficar com a gente e que
seu pai pode vê-la uma vez por mês, se a gente ficar por perto.”
Eu sorri e fiquei feliz, minha mãe é genial. Eu vou dizer isso pra mulher
até porque a tia disse que se disser, vai me dar o carro da Barbie que eu pedi. A
tarde eu vou mostrar a minha calcinha pra mamãe e pedir pra ela deixar eu ficar
De noite eu vou pedir pra falar com o padre Alberto, vou pedir perdão pelo
palavrão, agradecer a Deus pela idéia da mamãe e pedir pra ele me mostrar
também que não usa cuecas, pra Mônica deixar de ser metida e aí quem sabe
ela me deixa saber porque que ela anda chorando tanto e porque não quer mais
tomar um chá com bolachas que eu levaria comigo. No final da xícara, lamberia
sussurando a Dona Flora qual seu segredo, o que a fazia perder seu olhar com
fiquei em dúvida entre o insosso água e sal ou o mais insosso ainda maisena.
Optei por ambos. Segui até em casa com as bolachas latejando na mochila, na
E o dia chegou, apanhei meu estojo, minha caneta dez cores, minha
pasta, guardei tudo e vesti o casaco do uniforme. Fui trôpego até o pátio, sorvi
estendida para a frente que dificultava meus passos. Seguia com destreza a rua
darem seus rasantes à procura de alimentos para seus filhos e em fitar, com um
secas voando rebatidas pela aragem , tomando uma réstia do sol da manhã,
mandar embora antes. Eu, então, fui para a casa, mas não entrei. Era cedo,
talvez devesse esperar, não deveria chegar fora do horário. Esperei, esperei,
não aguentei e subi. Usei as escadas para perder mais tempo. Que
dos outros apartamentos, mas era tarde. De repente deparei-me com uma cena
ingleses): a minha mulher (eu a chamava assim para contentá-la) estava nos
braços de um homem de calça rasgada e barba por fazer, chupando sua boca,
enquanto os braços se enfiavam por baixo de sua camisa suada, com manchas
escuras de suor e restos orgânicos. Era o homem que tirava o lixo. Ela chorou,
Passei por eles sem tirar o lenço das narinas, tratando de não esbarrar no
homem, mas senti uma mão forte e grossa dando uns tapinhas nas minhas
costas.
Não senti nada, nem ciúme, nem revolta. Só nojo. Se não fosse um
lixeiro, desculpe, o senhor que tira o lixo, talvez a perdoasse em alguns anos.
depois sentir dores no corpo e então deixar a febre maculosa tomar conta de
mim, mas, pena, não encontrei nenhum carrapato por perto. Acabei com meu
desinfetante tinha um sabor tão agradável, mas não tive tempo de contar isso
Eu matei John.
matou John foi você, fui eu com o nosso cristianismo, John morreu de ataque
porque John, acima de tudo, era um homem bom, bom pai, bom marido, um
igualmente assassinos.
Agora a senhora não se esqueça da meta que a natureza traçou para o
cruze no metrô, no cinema, ou na saída da escola das crianças e pode ser até
que me dê um oi, talvez todo dia, por todos esses anos a senhora tenha me
dado um tchauzinho na rua, porque não?… mas isso não temos como saber.
com você. Um pequeno prazer. Em suas preces noturnas reze por nós todos.
Rezarei por você também, por John e pelos nossos anjos e demônios. Até
(musica entra)
MOJO Eu vou viajar, tomar banho de mar e ler mais livros, isso é necessário
MAURICIO E por trás dela só havia a cadeira vazia e a saudade que Dona Flora
deixou em um menino
telefonema.
MESTRE EME Eu matei John. Reze por nós todos.
MAX Eu gosto quando você vem, mãe, gosto mesmo. Não chora. Eu também te
amo, mãe
Esta é mais uma história real para aqueles que escondem seus
Esta é mais uma história absurda para aqueles que não conseguem
aqueles que existem, estão ao nosso lado, mas que não vemos.
Esta é apenas mais uma história, feita para todos que amam sem se
ver e para os nossos pais e amantes que possuem o segredo de nos amar
monstruosidades.
E ponto final.
(cortina se fecha)