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05/01/2018 Um punk chamado Karl Marx — CartaCapital

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Cultura
Cinema

Um punk chamado Karl Marx


por Jotabê Medeiros — publicado 19/12/2017 00h30, última modificação 20/12/2017 16h07

Uma cinebiografia da juventude do filósofo alemão mostra a dolorosa atualidade de suas ideias e de sua
convocação libertadora

A adolescência do marxismo entre bebedeiras, perseguições e blefes

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05/01/2018 Um punk chamado Karl Marx — CartaCapital

A fotografia evoca atmosferas típicas de um Oliver Twist, de Dickens. Crianças esfomeadas, mães desgrenhadas, pais desesperados,
racionamentos compulsórios, filas para postos de emprego insalubres. Em um período de grandes convulsões sociais, de febril atividade
intelectual e sonhos de emancipação, entre 1844 e 1848, desenrola-se a ação de O Jovem Karl Marx, filme de Raoul Peck que chega aos
cinemas neste fim de ano, tornando em carne viva um mito revolucionário.

O cineasta Raoul Peck é haitiano de nascimento (chegou a ser ministro da Cultura da terra natal, em 1994 e 1995), cresceu no Congo e se
formou em Berlim, na Alemanha. Não é um intelectual que não saiba de que lado está, ou que disfarce seu engajamento.

O começo de O Jovem Karl Marx já se dá com uma sequência memorável, uma versão marxista do massacre na Escadaria de Odessa, do
Potemkin de Eisenstein. Marx questiona ali, ainda de forma incipiente, a ideia do valor da mercadoria e sua relação com a propriedade.

O Jovem Karl Marx | Trailer Legendado

Basicamente, a história se dá em torno do encontro entre Karl Marx (August Diehl), jovem jornalista de 26 anos, impetuoso, apaixonado e
contraditório, e o dândi Friedrich Engels (Stefan Konarske), burguês, filho de um industrial alemão com fábrica em Londres.

Leia também:

Karl Marx: os altos e baixos de uma ideologia

A ultradireita da Alemanha repete caminhos já trilhados

Ao ser expulso de Paris com a mulher e a filha pequena, Marx encontrará no exílio o fermento social que o empurrará para a ação
revolucionária. Ambos estão, como sabem todos os estudantes de sociologia e história, predestinados a fomentar uma das maiores epopeias
intelectuais e políticas de toda a história da humanidade.

Raoul Peck revigora o papel das mulheres nessa epopeia. Jenny Marx (Vicky Krieps) não é tão somente a mulher aristocrata a reboque do
grande ensaísta; ela é a âncora de sua consciência, participante ativa do desenvolvimento de sua tese. Mary Burns (Hannah Steele) é a
rebelde irlandesa que permitirá a Engels vislumbrar o funcionamento da estrutura proletária por dentro, coisa com a qual ele não tem a
mínima intimidade.

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05/01/2018 Um punk chamado Karl Marx — CartaCapital

Relevância do papel feminino e climas de uma aventura de Alexandre Dumas

Peck não esquece de nenhum pilar fundamental da tese marxista (apesar de atropelar verdades cronológicas), mas tampouco faz pouco caso
da dramaturgia. Por vezes, o espectador parece estar numa adaptação de Alexandre Dumas. De uma bebedeira inconsequente em Paris a
um confronto com um capitalista selvagem num clube da alta burguesia de Londres, tudo parece fazer parte do mesmo caminho, e esse é o
principal trunfo da direção.

Muito jovens, os dois, Marx e Engels, são retratados como personagens com alguma pressa, com ansiedade em formular um modelo que se
insurja tanto contra as velhas ruínas monarquistas como contra o rolo compressor do florescente capitalismo industrial. O gosto de Marx pelas
contendas intelectuais, seu destemor em face da repressão, sua busca pelo conflito como combustível da dialética, a vaidade quase
adolescente, tudo isso lhe dá contornos quase como os de um punk em punhos de renda.

Ao mesmo tempo, o filme, rejeitando a máxima de “matar amanhã o velhote inimigo que morreu ontem”, mostra um enfrentamento respeitoso
entre os principais teóricos dessa fase, especialmente Proudhon (Olivier Gourmet) e Karl Marx. Há muito sarcasmo de parte a parte, farpas
especialmente destinadas por Marx a Weitling, com a vitória do primeiro, que derruba o princípio apaziguador da Liga dos Justos (cujo lema
era “todos os homens são irmãos”) de Weitling para criar a Liga Comunista (“proletários de todos os países, uni-vos!”).

Leia também:

O que sobrou do comunismo

Alternando cenas em francês, alemão e inglês, a direção nunca peca por excesso de didatismo, mas cria lindos bancos de areia para o
espectador repousar seu bote no cinema, como, por exemplo, durante a revisão do Manifesto do Partido Comunista e suas frases lendárias:
“Um espectro ronda a Europa. O espectro do comunismo”, reescreve Marx.

Em 2018, quando se celebram os 200 anos do nascimento de Marx, o momento é de reavaliação em todos os quadrantes. Em Londres, o
marxismo dança nos ares do Bridge Theatre com Young Marx, musical dirigido por Nicholas Hytner. Aqui, a Boitempo Editorial lança, em
2018, a mais afamada biografia do filósofo, escrita por Michael Heinrich.

No fim, o que se sobressai na ficção de diques sociológicos de Raoul Peck é a atualidade das ideias de Marx. Tudo se equilibra na mesma
engrenagem básica: é o trabalho que dá valor à mercadoria. Quando se compra uma bola de couro chinesa ou vietnamita por quase nada, ou
uma cópia de Dolce&Gabbana em alguma loja de departamentos, sabe-se que o valor ínfimo só foi possível graças ao sangue da mão de

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obra barata ou infantil. Ao aviltamento do trabalho. O mundo atual lava as mãos e a luta pela preservação desse sistema eterniza a miséria, a
injustiça, a arrogância e o combate às liberdades, todas as liberdades, inclusive a de pensar.

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