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METODOLOGIA DO ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA

GABRIEL HUMEBRTO MUÑOZ PALAFOX

EMENTA
Estudo do pensamento pedagógico e da prática metodológica do ensino da Educação Física como
componente curricular da educação básica e do ensino médio. Estudo das abordagens político-
pedagógicas da Educação Física e suas interfaces com o campo do Planejamento e da metodologia
do ensino. Analisa propostas metodológicas produzidas nesta área e suas possibilidades de
materialização na vida escolar.

JUSTIFICATIVA
Ao abordar os fundamentos teórico-filosóficos e metodológico-pedagógicos do ensino da Educação
Física, o componente curricular apresenta as bases para a observação, a crítica sistemática, bem
como para a intervenção político-pedagógica no âmbito escolar, em articulação, tanto com os
componentes curriculares da área pedagógica, bem como com os estágios curriculares do curso de
graduação em Educação Física, necessários à qualificação do estudante para o exercício da
profissão docente.

OBJETIVOS
GERAL
Compreender, refletir, analisar e utilizar em caráter introdutório, as bases metodológicas do
ensino da Educação Física Escolar na educação básica e o ensino médio.
ESPECÍFICOS
1. Estudar as diferentes abordagens pedagógicas da educação física e suas respectivas
matrizes teórico-metodológicas.
2. Refletir sobre a educação física como componente curricular à luz das metodologias
propostas, seus limites e possibilidades em um projeto crítico de educação.
3. Conhecer experiências sistematizadas de ensino da Educação Física e refletir sobre suas
contribuições no campo da didática da Educação Física.

O que é Metodologia?

A palavra método deriva do grego Methodos, constituída etimologicamente por dois


vocábulos gregos: metà (“para além de”) e odòs (“caminho”). Esta palavra foi incorporada pelo
Latim “methodus” cujo significado ficou como “caminho ou a via para a realização de algo”.

No seu sentido filosófico mais geral, o método trata da sequência imposta a um


determinado processo criado para atingir um objetivo. Por esse motivo, pensadores como
Descartes, diriam na modernidade, que o método é “o caminho a seguir para chegar à verdade nas
ciências”.

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A palavra Métodologia, também derivada do grego e do latim, foi incorporada desde a
antiguidade à Filosofia, como conteúdo da Lógica (do grego clássico λόγος [logos] pensamento,
ideia, argumento, relato, razão ou princípio).

A Lógica, como parte da Filosofia, trata do estudo dos princípios, das diretrizes e das regras
do “bem pensar” lógico, do “pensamento correto” dos pontos de vista filosófico e científico.

Considerando que o pensamento racional humano conseguiu desenvolver ao longo da


história, a possibilidade deste manifestar-se pela linguagem, e que a prática desta ferramenta de
comunicação evoluiu, para além da expressão corporal, na fala e na escrita sob a forma de
conhecimento reflexivo, a experiência filosófica e científica destinada a refletir a realidade natural,
social e simbólica, tal como a matemática, implicou na criação e aperfeiçoamento de métodos
racionalmente pensados e organizados para a resolução de problemas naturais e sociais, e,
consequentemente, da produção de conhecimento filosófico e científico 1.

Entretanto, no âmbito do pensamento racional, os métodos criados para compreender a


realidade e resolver problemas lógicos, tornaram-se, eles mesmos, alvo de reflexão, questionamento
e avaliação da Filosofia, sendo este debate incorporado ao estudo da Metodologia com 2
finalidades centrais:

1) Conhecer, desvendar e compreender as lógicas racionais que regem cada método, visando a sua
classificação, de acordo com características lógicas e epistemológicas2.

2) Elencar princípios e diretrizes capazes de orientar a adequada construção de Métodos, sempre


coerentes e afinados com uma dada concepção de mundo, sociedade e ser humano e suas
respectivas abordagens filosóficas, científicas ou pedagógicas. Concepção e abordagens estas
que cada ser humano adota e procura seguir ao longo da sua vida diante da necessidade de
construir um sentido existencial para a sua vida (condição ontológica).

Entretanto, vale lembrar aqui que nem todo ser humano consegue alcançar ao longo de sua vida
e por diversos motivos, como a própria falta de educação filosófica, o devido conhecimento
crítico, da sua própria concepção de mundo, tornando-se assim, de alguma forma, alienado por
desconhecer a “essência” das coisas que, de fato, dão sentido e significado àquilo que se pensa e

1
Importante lembrar aqui que para a filosofia, o termo conhecimento diz respeito originalmente, à propriedade
natural de todo ser vivo para “internalizar”, processar e responder aos estímulos da realidade externa e orgânica (do
ser) por meio de mecanismos sensoriais e perceptivos destinados à aprendizagem e adaptação a essa mesma
realidade para garantir, em última instância, a sobrevivência da espécie. Na escala dos seres vivos, somente o ser
humano tornou-se capaz de transformar esta propriedade natural em um processo autoconsciente do qual derivaram
o saber comum e os níveis de consciência filosófica e científica, todos estes, produtores da cultura humana.
2
A epistemologia faz parte da Filosofia. Do grego “episteme”, aborda e classifica as teorias ou abordagens de
conhecimento criadas para conhecimento da realidade natural e social, nos âmbitos da Filosofia e da Ciência.
Exemplos de abordagens filosóficas: Religião, Positivismo, Liberalismo, Neoliberalismo, Anarquismo e Socialismo.
Exemplos de abordagens científicas: Positivismo, Estruturalismo, Materialismo dialético, Fenomenologia e
Psicanálise. Os métodos nas ciências ainda podem ser divididos pela natureza da pesquisa, seja esta qualitativa ou
quantitativa.
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se faz cotidianamente, tanto do ponto de vista moral (dos costumes humanos) quanto ético
(associado às relações e resultados alcançados no mundo do trabalho).

Dessa forma e fundamentada nos dois pontos acima citados, a Metodologia dedica-se ao
estudo da concepção, lógica, princípios e estrutura dos Métodos criados pela humanidade como
“caminhos” para a realização de ações racionais, moral e eticamente fundamentadas, destinadas a:

a) Resolver problemas existenciais de natureza filosófica e científica.

b) Resolver problemas matemáticos.

c) Decifrar enigmas ou mistérios dos fenômenos naturais por meio da prática da pesquisa
em todos os âmbitos da ciência.

d) Transmitir o conhecimento (a cultura) humano às novas gerações para perpetuar a


espécie, por meio da educação e do ensino em todas às áreas do saber de acordo com
uma dada concepção de mundo, sociedade e ser humano.

Pra ficar sabendo......

“O método tem como fim disciplinar o espírito, excluir de suas investigações o capricho e o acaso,
adaptar o esforço a empregar segundo as exigências do objeto, determinar os meios de investigação
e a ordem da pesquisa. Ele é, pois, fator de segurança e economia. Mas não é o suficiente a si
mesmo, e Descartes exagera a importância do método, quando diz que as inteligências diferem
apenas pelos métodos que utilizam. O método, ao contrário, exige, para ser fecundo inteligência e
talento. Ele lhes dá a potência, mas não os substitui jamais” 3.

PRINCIPAIS CONCEPÇÕES/VISÕES SOCIAIS DE MUNDO, SOCIEDADE E SER


HUMANO E SUA RELAÇÃO COM AS PRÁTICAS METODOLÓGICAS DA
EDUCAÇÃO/EDUCAÇÃO FÍSICA4.

Tal como apresentado no item anterior, todo bom trabalho metodológico começa com o
reconhecimento de uma dada concepção social de mundo a qual proporcionará os fundamentos
essenciais para iniciar o caminho de sua construção e implementação tanto na esfera da filosofia, da
ciência quanto da educação.

Nesse sentido, uma concepção social de mundo, constitui o que chamamos tradicionalmente
de uma filosofia. Contudo, a expressão possui um significado mais amplo do que o termo filosofia 5.

3
Do método em geral. Noção do método. Disponível em:
<http://www.consciencia.org/cursofilosofiajolivet7.shtml>. Acesso: 10 abr. 2015.
4
Fonte: “LEFEBVRE, H. Marxismo. São Paulo: L&PM, 2010.
5
Lefebvre, Henri. Le marxisme. París: Presses Universitaires de France, 1955.
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É uma representação simbólica de uma dada realidade que inclui a identificação e descrição
crítica dos conceitos, valores (princípios), ideologias e outras formas de conhecimento e práticas
sociais, inseridos e condicionados historicamente pela cultura.

Toda concepção de mundo tem a sua gênese nos processos de interação social, heterônoma e
autônoma, do sujeito nos seus diferentes contextos de vida onde constrói, desde seu senso comum
até a sua consciência filosófica, caso este tipo de consciência seja adquirida e ampliada pela
educação por meio do estudo, reflexão sistemática e a práxis dos conhecimentos religiosos,
científicos e/ou filosóficos adquiridos.

A filosofia sistematizou ao longo da história marcos ou modelos teóricos que descrevem as


possíveis visões de mundo existentes.

Segundo a Filosofia, existem duas concepções fundamentais de Mundo: O Idealismo e o


Materialismo. Destas duas se derivam, para Lefebvre 6, três Visões Sociais de Mundo: A Concepção
cristã (religiosa); a Individualista (reproduzida pela doutrina liberal), e a Concepção Dialética
Materialista do mundo.

A concepção idealista de mundo parte do pressuposto metodológico de que o dado primeiro


de conhecimento da realidade é a essência das coisas. Esta essência pode ser divina ou metafísica.

A concepção materialista de mundo parte do pressuposto metodológico de que o dado


primeiro da realidade encontra-se na matéria. A matéria é a fonte original do conhecimento e deu
origem, dentre outros, às ciências.

A concepção cristã:

Fundada no idealismo filosófico, foi formulada com a máxima clareza e o máximo rigor
pelos grandes teólogos católicos, onde reduzida a sua essência, a mesma defini-se através da
conceituação de uma hierarquia estática de seres de atos, de “valores”, de “formas” e de pessoas.
No topo desta escala, ergue-se o Ser Supremo, o Espírito Puro, o Senhor Deus.
Esta concepção, que tenta proporcionar uma visão conjunta do universo, foi enunciada em
toda a sua amplitude e em todo o seu rigor na Idade Média. Concepção medieval do mundo que,
ainda hoje, se apresenta como válida em várias doutrinas ou correntes teológicas associadas à igreja
católica ou a grupos protestantes.

A orientação pedagógica provocada por esta concepção ao longo da história foi responsável,
dentre outros aspectos pela criação de escolas e até universidades administradas pela Igreja.
Pautadas sempre por uma educação moral associada a preceitos religiosos cristãos estes foram
agrupados com o tempo de forma indissociável a três grandes princípios sociais: família, tradição e
propriedade.

6
Idem, 1955.
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Estes três princípios relacionam-se ideologicamente com os interesses e valores constituídos
em cada modo de produção, tanto na idade média quanto na modernidade de orientação
burguesa/liberal uma vez que a igreja também tem propriedades e negócios, inclusive bancos no
Vaticano da atualidade. Mecanismos estes, necessários à sobrevivência dessa instituição.

Por esses motivos as metodologias de ensino desenvolvidas desde a antiguidade sempre


foram consideradas profundamente conservadoras, machistas e inclusive repressivas, quanto aos
desejos e as paixões humanas, ao defenderem, inclusive, casamentos arranjados como forma de
garantir e perpetuar a herança de propriedades territoriais e financeiras.

Entretanto, desde o século XX, segmentos da igreja que não aderiam às vertentes das igrejas
protestantes (evangélica) nem de orientação espírita, e que decidiram lutar por reformas por dentro
dela, originaram uma vertente progressista denominada Teologia da Libertação. Frades defensores
dessa teologia no Brasil como Frei Betto e Leonardo Boof chegaram a ser penalizados pelo
Vaticano por contrariar deliberações tradicionais da igreja em relação à forma como deveriam ser
tratados os segmentos historicamente marginalizados da sociedade.

Da mesma forma, no interior da igreja católica encontramos outro importante movimento


progressista, tal como aquele promovido pela Diocese de São Paulo, administradora da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP, cujos currículos e política educacional defenderam,
em consonância com a Teologia da Libertação, a Educação Popular inspirada no pensamento e na
ação do Educador Paulo Freire e colocada em prática pelas Comunidades Eclesiais de Base (EPB)
instituídas pelos movimentos populares durante a ditadura militar (1964-1985) para alfabetizar e
conscientizar politicamente às camadas mais pobres da população, situação esta contraria aos
valores conservadores da igreja tradicional.

Por outro lado, na atualidade, escolas de ensino infantil e fundamental administradas por
ordens religiosas, vêm atualizando os seus currículos de acordo com as exigências do Ministério da
Educação e utilizando-se de propostas construtivistas de orientação piagetiana, porem sem abrir
mão dos preceitos religiosos que defendem: família, tradição e propriedade.

Situação esta, que também pode ser encontrada em escolas de orientação Evangélica, com a
diferença de que estas seguem os seus próprios fundamentos e práticas religiosas. E, no que diz
respeito à Educação Física, esta tem reproduzido nessas escolas o ensinamento de valores
religiosos, por meio do estabelecimento muito claro de uma relação dicotomizada de corpo e alma
ou espírito, onde o corpo deve ser ensinado, em termos gerais, a se disciplinar em harmonia com a
alma para resistir aos “pecados e às tentações da carne”.

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Para saber mais:

As Comunidades Eclesiais de Base (CEB) são comunidades inclusivistas ligadas principalmente à Igreja Católica que,
incentivadas pela Teologia da Libertação após o Concílio Vaticano II (1962-1965) se espalharam principalmente nos
anos 1970 e 80 no Brasil e na América Latina. Consistem em comunidades reunidas geralmente em função da
proximidade territorial e de carências e misérias em comum, compostas principalmente por membros insatisfeitos das
classes populares e despossuídos, vinculadas a uma igreja ou a uma comunidade com fortes vínculos, cujo objetivo é a
leitura bíblica em articulação com a vida, com a realidade política e social em que vivem e com as misérias cotidianas
com que se deparam na matriz ordinária de suas vidas comunitárias. Utilizando o método ver-julgar-agir buscam olhar
a realidade em que vivem (ver), julgá-la com os olhos da fé (julgar) buscando nunca perder de vista o dom da tolerância
e o dom da caridade [...] para encontrar caminhos de ação e contemplação, mesmo que impulsionados por este mesmo
juízo prático ou teórico à luz da fé (agir).

Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Comunidades_Eclesiais_de_Base>. Acesso em 29. fev.2016.

A concepção individualista do mundo:

Aparece em fins da Idade Média, no século XVI, com MONTAIGNE.

Durante quase quatro séculos, até os nossos dias, inúmeros “pensadores” formularam ou
reafirmaram, com múltiplas nuanças, tal concepção. Entretanto, nada acrescentaram aos seus traços
fundamentais:

a) O indivíduo é indivisível (não se divide) por natureza. Age por interesse de acordo com
a sua conveniência, pois a natureza e a sociedade exigem luta pela sobrevivência dos
mais aptos. Daí que a competição, isto é a prática da conquista de metas que não podem
ser alcançadas por todos, por motivos diversos, constitui o “motor” do desenvolvimento
individual e social.

b) Portanto, o individuo e não mais a “hierarquia religiosa” é o fundamento da “realidade


essencial”.

c) O indivíduo possui em si, em seu foro íntimo, a razão. Instrumento da emancipação


entre os dois aspectos da existência, o individual e o universal onde existe uma
“unidade” ou “harmonia espontânea” que também deve se reproduzir na sociedade entre
os direitos e os deveres, entre a natureza e ser humano.

O individualismo procura substituir a teoria “pessimista da hierarquia” (imutável em sua


base e justificada pelo “além” puramente espiritual) por uma teoria otimista da harmonia natural dos
homens e das funções humanas.
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Na modernidade esta concepção de mundo passou a ser denominada liberalismo e encontra-
se relacionada com a fundação do capitalismo moderno, o Estado Burguês, as leis da herança e da
propriedade privada, assim como a dominação da classe trabalhadora quanto ao mundo do trabalho.
Todos fundamentos legitimadores do sistema do capital.

Trata-se, pois, em essência, da concepção “burguesa de mundo”, embora, na atualidade, a


burguesia esteja retornando a uma concepção pessimista e autoritária de mundo, portanto
hierárquica sob os princípios do neoliberalismo, cujo fundamento central está na liberdade da
prática de mercado sem interferência do Estado, ou melhor, com o Estado alavancando a
privatização de todos os direitos sociais e das operações estratégicas de sobrevivência social, tais
como educação, água, eletricidade, transporte etc.

Alguns princípios metodológicos fundamentais da concepção Individualista de mundo.

Concepção de Indivíduo: Individualista – O ser humano é por natureza indivisível. Não se divide
e, portanto, não compartilha, aprende a agir por conveniência, sendo a competição o “motor”, o
estímulo para o desenvolvimento pessoal e a sobrevivência.

Concepção de Sociedade: Emancipatória politicamente = Fundada em classes sociais


antagônicas, com prevalência de interesses das classes e busca individual de oportunidades para a
conquista de direitos. O ser humano é livre para se emancipar politicamente, mas não
universalmente. Isto é, sem condições objetivas para transformar o sistema do capital.

Felicidade: Conquista de direitos e bens de consumo por meio do próprio esforço pessoal numa
sociedade desigual e competitiva por natureza, para satisfação de aspirações pessoais e
profissionais. Suas expressões radicais encontram-se no narcisismo (culto do eu) e na corpolatria
(culto ao corpo).

Qualidade de vida: Visão ANTROPOCÊNTRICA: Felicidade associada a qualidade de vida


individualista, apesar de que está lógica vem promovendo a destruição da natureza em detrimento
da preservação socioambiental. Isto, ainda que o sujeito não saiba ou reconheça este fenômeno de
destruição (alienação).

Em termos educacionais, a concepção individualista de mundo, tal como será posteriormente


estudado no tema “abordagens de ensino”, sempre desenvolveu propostas metodológicas de ensino
de acordo com tal concepção social de mundo, como forma de transmitir à sociedade os seus
valores deixando bem claro que nada deve ser feito para alterar a ordem estabelecida por liberais e
neoliberais, motivo pelo qual sempre utilizaram politicamente a educação formal como instrumento
político para legitimar na escola pública e privada as suas propostas educacionais. Totalmente
orientadas pelas necessidades e interesses do modo de produção capitalista e da própria classe
dominante da classe trabalhadora.

Por esse motivo central, este tipo de educação sempre foi pautada por abordagens
metodológicas de tipo conteudista, cientificamente neutras no que diz respeito à formação política

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dos sujeitos oriundos das classes subalternas, assim como também sempre foi dividida entre um tipo
de educação intelectual e política destinada aos filhos da classe dominante e uma educação técnica
despolitizada para os filhos das classes subalternas.

Historicamente, vale lembrar aqui, que a educação orientada pela concepção de mundo
individualista, nunca teve interesse formal para que as classes subalternas tivessem acesso a
educação escolarizada durante muitos séculos, motivo pelo qual, em países como o Brasil, este
direito foi resultado de muita luta da classe trabalhadora principalmente organizada em sindicatos
de trabalhadores. Portanto, a Educação pública para as camadas subalternas, nunca foi resultado de
uma concessão do Estado capitalista/burguês. Ela foi e continua a ser fruto de conquistas dos
movimentos populares que até os dias atuais continuam a lutar por qualidade da educação pública
por meio da valorização efetiva do educador, de uma educação emancipatória para os estudantes,
vagas para todos e todas e superação da contínua precarização das instalações das unidades
escolares em todo o país em praticamente todos os níveis de ensino.

Para saber mais.....


O desafio da qualidade do ensino na Educação.
É de extrema importância para a sociedade que o país coloque a
educação no topo das prioridades. Ressalta-se que se essa iniciativa
for realizada, a probabilidade de atingir um ensino de qualidade é
grande. É perceptível o grande desestímulo por parte dos
profissionais da escola, equipes sem incentivo, mal remuneradas e
principalmente o desinteresse por parte das famílias em relação ao
que acontece com seus filhos no ambiente escolar.
Os grandes problemas na Educação são: exclusão, evasão,
retenção e baixo nível de aprendizagem.
De acordo com pesquisas realizadas:
 97% das crianças brasileiras entre 7 a 14 anos estão na escola e
o restante 3%, que corresponde a 1,5 milhão de crianças, estão
excluídas da formação escolar.
 [...] 74% dos brasileiros são analfabetos funcionais, ou seja, não
são capazes de realizar a leitura de um texto como este devido à
dificuldade de interpretação.
 De cada 4 pessoas somente uma consegue entender um texto
complexo.
Na atualidade, momento no qual a globalização lidera, não há como
sobreviver sem ter o domínio de competências básicas, como essa.
Fonte: < http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/educacao/o-desafio-
qualidade-ensino-na-educacao.htm>. Acesso em: 29 fev. 2016.

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A concepção dialética materialista do mundo (emancipatória):

Esta concepção recusa estabelecer uma hierarquia exterior aos indivíduos (metafísica 7): de
outro lado, porém, não se encerra como o individualismo, na consciência do indivíduo e no exame
desta consciência isolada. A dialética materialista toma consciência de realidades que escapam ao
exame de consciência individualista: são as realidades naturais (a natureza, o mundo exterior) –
sociais (o trabalho, a convivência humana etc.).

A dialética materialista rejeita, deliberadamente, a acabada, imóvel, imutável e mútua


subordinação dos elementos do ser humano e da sociedade.

Tampouco admite a hipótese de uma harmonia espontânea nas realidades natural e social
uma vez que constata e denuncia as contradições, conflitos e antagonismos entre os seres humanos e
a sociedade decorrentes da prática da concepção individualista de mundo.

Por exemplo, os interesses individuais (privados) podem opor-se, e opõem-se amiúde, aos
interesses comuns. Objetivamente: as paixões dos indivíduos e, sobretudo, as de certos grupos ou
classe (por conseguinte, os seus interesses) nem sempre se conciliam espontaneamente com a razão,
com o conhecimento, a ciência e a necessidade de superação de condicionamentos econômicos e
sociais que somente contribuem com a perpetuação de privilégios de classe, da pobreza e a
impossibilidade da inclusão social e econômica da grande maioria

Portanto, para esta concepção, em termos gerais, não existe a harmonia que os grandes
individualistas, como Rousseau, julgaram descobrir entre o ser humano e natureza. Esta harmonia é
fruto e criação de interesses de classe, pois na realidade, o ser humano luta contra a natureza e não
deve permanecer passivamente ao nível dela, mas deve contemplá-la para conhecê-la, vencê-la,
dominá-la por meio do mundo do trabalho, da técnica e do conhecimento cientifico, para
sobreviver.

Entretanto a luta contra a natureza não se reflete diretamente na sociedade, pois esta
concepção pode ser transformada por uma prática solidária, equitativa de desenvolvimento social
para todos e todas, sem privilégios e distinções sociais de qualquer natureza para alguns, em
detrimento da grande maioria, daí que a concepção de mundo emancipatória é BIOCENTRICA.
Mundo organizado e estruturado por meio do planejamento mundial da economia e da produção
com preservação total do meio ambiente para viabilizar distribuição equitativa de bens e serviços
para todos e todas, sem distinções, cuja finalidade é colocar fim a todo tipo de exploração;
superação total da pobreza e iguais oportunidades para conquista da felicidade.

Alguns princípios metodológicos fundamentais da concepção Emancipatória de mundo.

Concepção de Indivíduo: sujeito histórico – vir a ser: alteritário.

7
O termo “metafísica” assume para o materialismo dialético, um sentido pejorativo que comporta uma crítica ao
significado “clássico” desta palavra.
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Alteridade: Do latim Alter [amigo] - Estado ou qualidade do reconhecimento do outro, do distinto
ou diferente. Oposto do individualismo constitui a práxis de colocar-se no lugar do outro durante
as relações interpessoais respeitando e valorizando as diferenças individuais, econômicas e
socioculturais. Parte do pressuposto dialético de que todo ser humano e histórico e interdependente
dos outros para desenvolver-se como tal. Sem a alteridade é impossível exercer a cidadania crítica e
participativa orientada para refletir e construir o mundo para além da exploração capitalista por
meio de relações efetivamente democráticas, pacíficas e construtivas.

Concepção de Sociedade: Emancipatoria universalmente = Livre das classes sociais com


prevalência ou equilíbrio entre o bem comum e os interesses individuais, porém sem perda da
singularidade.
Felicidade: Exercício crítico e construtivo da alteridade na vida pessoal e no trabalho,
fundamentado no desenvolvimento e vivência plena da omnilateralidade (amplo desenvolvimento
orgânico, emocional e intelectual das potencialidades e habilidades de uma pessoa) numa sociedade
onde, por princípios, não existe dominação de classe; todos e todas (sem exceção) acessam direitos
fundamentais (moradia, saúde, transporte, educação) e contam com iguais oportunidades de
desenvolvimento para a conquista da ominlateralidade, respeitando-se as diferenças individuais.
Qualidade de vida: Superação da visão antropocêntrica de ser humano por uma visão
BIOCÊNTRICA que significa, como parte da felicidade, qualidade de vida com saúde orgânica
individual e coletiva, indissociável de qualidade ambiental (esgoto, controle climático, dos
recursos hídricos, da terra sem agrotóxico etc) e sustentabilidade econômica. Isto, contrariamente
aos dias de hoje em que, hegemonicamente, qualidade de vida tornou-se mercadoria ainda
associada a ausência de doença, boa aptidão física/estética e consumismo dissociado de hábitos
de vida ecologicamente corretos, pautados em práticas economicamente sustentáveis
(individualismo ecológico).
Em termos metodológicos de ensino, as propostas emancipatórias da educação surgidas no
século XX na União soviética com educadores como Anton Semionovich Makarenko e as
contribuições da Psicologia de Lev Vigostky e colaboradores, e no Brasil por meio da Educação
Popular de Paulo Freire, dentre outros educadores-intelectuais como Moacir Gadotti, Dermeval
Saviani e José Carlos Libâneo.
As abordagens fundamentadas nesta concepção defendem explicitamente uma educação
unitária tal como proposto por Marx e posteriormente por Gramsci, isto é, contrária à educação
unilateral promovida pelas abordagens individualistas. A educação unitária critica a formação
técnica ofertada aos trabalhadores e defende uma formação ampliada científica, filosófica e política,
capaz de formar seres humanos politicamente comprometidos com a compreensão e a
transformação do modelo capitalista de sociedade e a dominação da classe trabalhadora.
Para tanto, as metodologias de ensino procuram estabelecer uma relação horizontal entre
educadores e alunos, defendem a instauração e o exercício da gestão democrática nas escolas, com
adequada participação popular como mecanismo de formação para a cidadania, critica e construtiva,
assim como também promovem e valorizam a reflexão e a construção coletiva do conhecimento por
meio do exercício efetivo do diálogo democrático e do respeito às diferenças humanas
(multiculturalismo crítico).

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Desde o século XX, professores militantes comprometidos com a concepção emancipatória
de mundo e sociedade ligados a área da Educação Física, também se somaram à luta da classe
trabalhadora para lutar pela sonhada qualidade de ensino público e pela necessidade de transformar
a prática deste componente curricular de sabidamente conservadora, reprodutora dos valores das
classes dominantes e do consumismo exacerbado, para uma de natureza unitária.

Na prática esta vertente avança muito lentamente, devido a fatores tais como:

1. A resistência política a sua prática por parte da Educação oficial e a classe dominante que
continuam a não estar interessadas em que as classes populares possam se formar
criticamente para que estas possam desempenhar um papel fundamental na transformação
econômica e política da sociedade e das pessoas.

2. A resistência de jovens que ingressam nas Faculdades de Educação Física profundamente


influenciados pela “industria cultural do fitness” e do esporte competitivo, disseminados
pelos meios de comunicação e sua propaganda de consumo. Alunos que estão chegando às
faculdades, em grande parte, sem interesse em tornar-se educadores, por motivos vários,
sendo um deles, o reconhecimento da desvalorização do professor e a precarização da escola
pública (MUÑOZ PALAFOX, 2012)8.

Para saber mais..... Sobre a Educação Física Crítico-superadora, de natureza emancipatórica


Dentre outros princípios esta abordagem defende que o
educador deve aprender a confrontar sua prática com
as perspectivas da Educação Escolar na dinâmica
curricular. Por exemplo, Soares et al (1992)
consideram que a tendência de desenvolvimento da
aptidão física do ser humano tem contribuído
historicamente para a defesa de interesses
burgueses. Em contrapartida, na perspectiva da
reflexão desta pedagogia, procura-se que o educador
desenvolva uma reflexão pedagógica sobre os
conhecimentos socialmente produzidos e
historicamente acumulados pela humanidade. Essa
perspectiva entende que a dimensão corpórea do ser
humano se materializa nas três atividades produtivas
da história da humanidade: linguagem, trabalho e
poder. Logo, o conhecimento escolar deveria ser
tratado desde sua gênese, permitindo ao aluno
entender-se como sujeito histórico capaz de interferir
na sociedade.

8
MUÑOZ PALAFOX, G. H. Sentido/significado da Educação Física no mundo contemporâneo e suas implicações na
Formação profissional. Anais. X Congresso sobre Questões Curriculares e VI Colóquio Luso-Brasileiro de Currículo,
realizado na cidade de Belo Horizonte, 2012.

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