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Aula 02

Direito Tributário p/ OAB 1ª Fase - com videoaulas


Professor: Fábio Dutra
Direito Tributário para XXII Exame da OAB
Curso de Teoria e Questões
Prof. Fábio Dutra- Aula 02

AULA 02: Limitações ao Poder de Tributar


(Imunidades)

SUMÁRIO PÁGINA
Observações sobre a aula 01
Imunidades 02
Espécies de Imunidades Tributárias 08
Outras Espécies de Imunidades Tributárias 28
Gabarito das Questões Comentadas em Aula 31

Observações sobre a Aula

Olá, amigo (a), tudo bem?

Está pronto para mais uma aula? O assunto a ser tratado hoje é
continuidade do que vimos na aula anterior. Dando prosseguimento ao estudo
das limitações ao poder de tributar, estudaremos as imunidades tributárias.

Fiz o máximo possível para tornar o conteúdo bastante claro, sem exigir
conhecimento prévio de outros temas do Direito Tributário. Quando isso se
fizer necessário, fazemos uma breve explicação do assunto.

Caso você sinta dificuldade em compreender algum conceito, não deixe


de nos notificar. O objetivo é trazer a você uma aula 100%
compreensível!

Chega de papo! Vamos começar?

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1 - IMUNIDADES

O tema que será tratado nesta aula é de suma importância para as


provas do Exame de Ordem. As bancas adoram cobrar imunidades tributárias
nas provas de Direito Tributário.

Desta forma, vamos abordar o assunto no grau de profundidade que ele


merece, com o intuito de deixá-lo totalmente preparado para qualquer prova
sobre o assunto.

Assim, iniciaremos explicando o conceito de imunidade, isenção e não


incidência. Posteriormente, serão abordadas as classificações doutrinárias das
imunidades. Por fim, vamos estudar as imunidades em espécie! Vocês verão
que o assunto é bem tranquilo, embora tenha certa riqueza de jurisprudência.

Antes de estudarmos as imunidades, gostaria de deixar claro que,


embora se trate de uma dispensa constitucional do pagamento de tributos, a
imunidade não exime certo ente das obrigações acessórias instituídas
pela legislação tributária.

Nesse sentido, para o STF (RE 250.844), “exigir de entidade imune a


manutenção de livros fiscais é consentâneo com o gozo da imunidade
tributária (...)”. A manutenção de livros fiscais é um exemplo de obrigação
acessória.

A grosso modo, podemos dizer que as obrigações acessórias são


condutas impostas ao contribuinte, que não possuem caráter pecuniário,
criando obrigações de “fazer” ou “deixar de fazer” algo no interesse da
arrecadação e fiscalização. Não se preocupe com detalhes por ora, pois isso é
tema de outra aula.

Ainda que em gozo de imunidade tributária, a pessoa


jurídica não está dispensada de cumprir obrigações
acessórias e de se submeter à fiscalização tributária.

Vamos, então, estudar o tema “Imunidades”.

1.1 - Conceito de Imunidade, Isenção e Não Incidência

A fim de compreendermos com exatidão a diferença entre os conceitos


de imunidade, isenção e não incidência, é necessário que entendamos
primeiramente o que vem a ser incidência tributária.

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Quando uma lei institui determinado tributo, ela prevê os elementos


essenciais para que seja possível sua cobrança (hipótese de incidência, sujeitos
ativo e passivo, base de cálculo e alíquota).

Veja que a hipótese de incidência, como elemento essencial na


instituição dos tributos, prevê na lei uma situação que, ocorrida no mundo
real, dará origem ao fato gerador do tributo. Dessa forma, quando a
situação prevista em lei se concretizar, houve incidência tributária
(ocorre o fato gerador). Nós já vimos superficialmente isso na aula anterior,
você se lembra?

Agora que já sabemos o que é incidência tributária, o que poderia ser


considerado não incidência? Podemos citar três situações:

• A pessoa política não faz uso da competência tributária que lhe foi conferida.
Podemos dizer que seria o caso de um tributo instituído “pela metade”, em que
o ente não prevê todas as hipóteses de incidência capazes de gerar a
tributação;

• A pessoa política não possui competência tributária para determinar certas


situações fáticas como hipótese de incidência. Esta hipótese se refere a
situações que fogem do raio de incidência daquele tributo. Por exemplo, o IPVA
não pode incidir sobre bicicletas;

• A pessoa política é “barrada” pela CF/88. Ou seja, há certo dispositivo


constitucional que inibe a possibilidade de o ente prever aquela situação como
hipótese de incidência do tributo.

Observação: Competência tributária é o poder conferido pela Constituição


aos entes federados para instituírem tributos (impostos, taxas etc.), sempre
por meio de lei. Como a CF não cria tributos, é o exercício da
competência tributária que torna possível a cobrança dos tributos. O
tema será estudado em outra aula.

Todas as três situações acima se referem à não incidência tributária.


Contudo, a última pode ser considerada como hipótese de não
incidência constitucionalmente qualificada. Por tal motivo, é
denominada IMUNIDADE.

A imunidade pode ser considerada uma incompetência


tributária.

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Perceba, pela explicação inicial do tópico, que tanto na imunidade


propriamente dita como nas demais situações que de não incidência, não há a
ocorrência do fato gerador. Guarde isso!

Precisamos, ainda, diferenciar isenção da imunidade. A isenção decorre


do exercício da competência tributária e o fato gerador chega a
ocorrer. Isto é, o ente poderia cobrar aquele tributo, mas decide isentar os
contribuintes, mediante a edição de uma lei.

Por outro lado, a imunidade é uma delimitação da competência


tributária, ou melhor, uma limitação constitucional ao poder de tributar,
posicionando-se ao lado dos princípios constitucionais tributários. Ou seja,
existe um limite além do qual o ente instituidor não pode tributar, por
expressa disposição constitucional. Vimos também que não ocorre o fato
gerador neste caso.

Por último, há que se ressaltar que não importa a terminologia utilizada


pela CF/88 para tratar das imunidades, visto que o simples fato de estar no
texto constitucional dá ao instituto o título de imunidade.

Neste sentido, o STF (RMS 22.192/DF) já decidiu que, embora o art.


195, § 7°, da CF/88, mencione a palavra “isentas”, a interpretação que deve
ser dada é a de que se trata de verdadeira imunidade.

Repare que, embora diferenciamos não incidência de


imunidade, esta está inserida dentro do conceito daquela,
com a ressalva de que foi prevista constitucionalmente.

Espero que o quadro abaixo possa auxiliá-los a entender melhor o que


dissemos até agora.

Não Incidência Imunidade Isenção

 Situação não  Limitação ao poder  Opção política do


prevista na lei de tributar; ente tributante;
instituidora ou
impossível;  Previsão no texto  Previsão em norma
constitucional; infraconstitucional;
 Não há norma que
preveja;  Não ocorre fato  Ocorre fato gerador;
gerador;
 Não ocorre fato
gerador;

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Por fim, cabe destacar o conceito de alíquota zero, que é mais uma
hipótese em que o tributo acaba não sendo cobrado. Nesse caso, ocorre
o fato gerador, contudo, o valor do tributo é nulo, já que a alíquota é zero.
Isso ocorreria, por exemplo, se o Governo Federal decidisse reduzir a alíquota
de Imposto de Importação a zero sobre determinados produtos essenciais ao
País.

1.2 – Classificação das Imunidades Segundo a Doutrina

Neste tópico, iremos abordar as principais classificações das imunidades


adotadas pela doutrina. À medida que expusermos uma classificação, traremos
exemplos estatuídos na própria CF/88, com o objetivo de facilitar a absorção
do assunto.

1. Classificação quanto ao parâmetro para concessão: subjetivas,


objetivas ou mistas

A Constituição Federal, ao instituir as imunidades, pode adotar como


parâmetro tanto as pessoas (imunidade subjetiva) quanto as coisas
(imunidade objetiva). Podemos ter ainda imunidades que consideram as coisas
e as pessoas ao mesmo tempo, sendo estas denominadas imunidades mistas.

As imunidades subjetivas podem ser exemplificadas pela imunidade


recíproca. De acordo com o art. 150, VI, a, da CF/88, é vedado à União, aos
Estados, ao DF e aos Municípios instituir impostos sobre o patrimônio, a renda
ou serviços, uns dos outros. Observe que a imunidade é direcionada a pessoas
políticas, mas não o é às empresas privadas, por exemplo. Com isso, fica
clara a importância que tem a “pessoa” para se definir se haverá ou
não imunidade.

Cabe observar que a imunidade subjetiva não exime as pessoas por ela
abrangidas da responsabilidade pela retenção de tributos, caso estejam
designadas pela lei. Sendo assim, a União fica, a título de exemplo,
responsável pela retenção do imposto de renda incidente sobre os
rendimentos de seus servidores, pois estes não são imunes.

Observação: Responsável tributário, como veremos em momento oportuno,


é a pessoa que, embora não tenha relação pessoal com a situação que fez
surgir o fato gerador, está a ela ligada por expressa disposição legal.

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Ainda que esteja imune, a “pessoa” pode estar sujeita


por meio de lei a fazer retenção e recolhimento dos
tributos devidos por outrem.

Temos aqui mais um exemplo obrigação acessória:


o fato de a empresa estar obrigada a descontar os
tributos devidos por terceiros e recolhê-los. Veja que não
há encargo financeiro, mas tão somente a obrigação de
“fazer algo”.

No que se refere às imunidades objetivas, o exemplo amplamente


utilizado é o da imunidade cultural. De acordo com o art. 150, VI, d, da CF/88,
é vedado a todos os entes federativos instituir impostos sobre os livros,
jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. Desta forma, não
importa qual pessoa esteja vendendo um jornal, por exemplo. O que é
relevante para a aplicação da imunidade é o bem que está sendo
objeto de comercialização.

Por último, as imunidades mistas podem ser ilustradas pela imunidade


que impede a incidência do Imposto sobre Propriedade Territorial Rural sobre
as pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário
que não possua outro imóvel. Atente para o fato de que as glebas rurais
constituem o aspecto objetivo, e o fato de seu proprietário não poder possuir
outro imóvel revela o aspecto subjetivo da referida imunidade.

Até aqui, tudo compreendido? Passemos, pois, para a segunda


classificação.

2. Classificação quanto à origem: ontológicas e políticas

As imunidades ontológicas são aquelas que decorrem do princípio da


isonomia e do pacto federativo. Ou seja, são imunidades que, ainda que
não houvesse sua previsão constitucional, existiriam.

Nesse sentido, podemos adotar como exemplo a imunidade recíproca.


Repare que tal imunidade busca preservar a autonomia financeira dos entes
federativos, protegendo, por isso mesmo, o pacto federativo.

Por outro lado, as imunidades políticas são aquelas que só existem


por decisão expressa do legislador constituinte. Isso não quer dizer que
elas não protegem outros princípios constitucionais. Por exemplo a imunidade
cultural impede a cobrança de imposto sobre os livros, jornais, periódicos e o
papel destinado à sua impressão.

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3. Classificação quanto à forma de previsão: explícitas ou implícitas

Configuram-se explícitas as imunidades expressas no próprio


texto constitucional. Trata-se das hipóteses que o legislador já previu, no
momento da elaboração da Constituição Federal.

É possível também que algumas imunidades não tenham sido


reconhecidas expressamente, mas, por decorrerem de princípios
constitucionais, a jurisprudência passe a aceitá-las da mesma forma que as
que estão confeccionadas na CF. A essas imunidades, a doutrina
denominou implícitas. Até o momento, não temos exemplos de
imunidades implícitas.

Perceba que podemos fazer uma interligação entre o que foi visto aqui e
o que vimos na classificação quanto à origem das imunidades. As imunidades
políticas são sempre explícitas, pois necessariamente devem estar
previstas no texto da Constituição.

Por outro lado, vimos que as imunidades ontológicas, ainda que não
fossem previstas na CF, existiriam. Desta maneira, podemos afirmar que
tais imunidades podem ser tanto explícitas como implícitas.

4. Classificação quanto à necessidade de regulamentação:


incondicionadas e condicionadas

Esta classificação diz respeito à necessidade de que a imunidade, para


surtir efeitos no mundo concreto, esteja regulamentada por norma
infraconstitucional, ou seja, por leis.

Neste contexto, se as imunidades forem incondicionadas, como, por


exemplo, a imunidade recíproca, não há necessidade de edição de lei,
produzindo efeitos imediatamente.

Devemos lembrar que também há as imunidades condicionadas, que são


aquelas que dependem de regulamentação por lei, para que possam produzir
efeitos. Como exemplos, podemos citar a imunidade prevista no art. 150, VI,
c, da CF/88. Trata-se da imunidade referente às instituições de educação e
assistência social sem fins lucrativos. Estas só poderão gozar da benesse
constitucional, caso haja regulamentação legal.

Recuperando os seus estudos de Direito Constitucional, podemos dizer


que as imunidades condicionadas constituem normas de eficácia
limitada, pois se faz necessária uma regulamentação infraconstitucional.

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5. Classificação quanto ao alcance: gerais e específicas

Em alguns casos, o legislador constituinte optou por incluir vários


tributos e todos os entes federativos dentro de certas imunidades. Por
exemplo, a imunidade recíproca veda a instituição de diversos impostos (sobre
patrimônio, renda ou serviços) e tal vedação é extensiva à União, aos Estados,
ao DF e aos Municípios. Neste caso, tal imunidade é denominada geral ou
genérica.

Todas as imunidades previstas no art. 150, VI, da CF/88


são consideradas genéricas.

Por outro lado, em algumas situações, as imunidades são mais restritas,


alcançando tributos específicos e, por consequência, apenas o ente competente
para instituí-los. Cite-se, por exemplo, o caso da imunidade concedida ao IPI
sobre operações de exportação (art. 153, § 3°, III). Tal imunidade pode ser
denominada específica, tópica ou especial.

2 – ESPÉCIES DE IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS

Neste tópico, abordaremos as principais imunidades de forma


aprofundada, e mencionaremos as demais, previstas fora do Capítulo do
Sistema Tributário Nacional, apenas para que você tenha conhecimento da
existência delas. Ok?

2.1 – Imunidade Recíproca

Mencionamos a imunidade recíproca em vários exemplos no estudo da


classificação doutrinária das imunidades, certo? Por esse motivo, creio que
vocês acabaram tendo uma noção do que se trata.

Na verdade, tal imunidade – também denominada imunidade


intergovernamental – existe para proteger a autonomia financeira dos entes
federados e, consequentemente, o pacto federativo. Podemos afirmar,
portanto, que ela configura uma cláusula pétrea, no entendimento da
Suprema Corte (ADI 939).

Como é viabilizada esta proteção que acabamos de dizer? Ora, de acordo


com o art. 150, VI, a, da CF/88, é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos sobre o patrimônio,
renda ou serviços uns dos outros.

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Você precisa estar atento ao fato de que a única espécie de tributo


abrangida por esta imunidade são os impostos. Além disso, note que o
conceito é ainda mais restrito: apenas os impostos sobre o patrimônio, renda
ou serviços foram alcançados pela imunidade recíproca.

Para entender o assunto que vamos estudar, é necessário que você


conheça o conceito de contribuinte de direito e contribuinte de fato. Esse
tema toma relevância em situações nas quais as pessoas que arcam, de fato,
com o ônus tributário não são as mesmas que recolhem o tributo ao erário.
Isso ocorre nos denominados tributos indiretos.

Imaginemos que determinado cidadão compra uma TV de LED em uma


loja de eletrodomésticos. Sobre a incidência do ICMS nesta operação, a loja é
eleita pela lei como contribuinte, e é ela quem vai recolher tal imposto,
correto? No entanto, quem sofre o ônus do tributo não é a loja, mas sim a
pessoa física que adquiriu a TV. Isso ocorre, porque a loja simplesmente
acrescenta o custo daquele tributo no valor da TV.

Dessa forma, dizemos que contribuinte de direito é aquele eleito


pela lei para recolher o tributo, e contribuinte de fato é o que arca
realmente com o ônus do tributo. Entendido?

Tudo isso será visto com maiores detalhes em outras aulas. O


importante agora é que você saiba distinguir tais figuras, para entender com
precisão o que será dito a seguir.

Vejamos, então, como é o entendimento da Suprema Corte em relação à


aplicabilidade da imunidade recíproca sobre os tributos indiretos:

Ementa: TRIBUTÁRIO. ICMS. SERVIÇOS DE ENERGIA ELÉTRICA.


MUNICÍPIO. CONTRIBUINTE DE FATO. IMUNIDADE RECÍPROCA. ART. 150,
VI, A, DA CONSTITUIÇÃO. INAPLICABILIDADE. AGRAVO IMPROVIDO. I - A
imunidade do art. 150, VI, a, da Constituição somente se aplica ao
imposto incidente sobre serviço, patrimônio ou renda do próprio ente
beneficiado, na qualidade de contribuinte de direito. II - Como o
Município não é contribuinte de direito do ICMS relativo a serviços de energia
elétrica, não tem o benefício da imunidade em questão, uma vez que esta
não alcança o contribuinte de fato. Precedentes. III – Agravo regimental
improvido.

(STF, ARE 663.552-AgR/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Ricardo


Lewandowski, Julgado em 28/02/2012)

Para a Suprema Corte (ARE 663.552), a imunidade recíproca somente se


aplica se o ente beneficiado estiver na condição de contribuinte de direito, não
o alcançando como contribuinte de fato.

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Vejam que quem faz o recolhimento do tributo, relativo aos serviços de


energia elétrica, são as próprias prestadoras de serviço, sendo elas
denominadas contribuinte de direito.

Por outro lado, a referida imunidade pode se aplicar em operações


de importação de bens, quando o ente federado for o importador. Neste
caso, perceba que há a identidade do contribuinte de fato e do
contribuinte de direito, não havendo transferência do ônus tributário
(STF, AI 518.405-AgR).

Além destas situações, podemos acrescentar que o STF (AI AgR/RS


174.808 e RE 196.415/PR) já considerou ilegítima a incidência de IOF
sobre aplicações financeiras dos entes federados, bem como a
tributação da renda resultante de tais aplicações pelo IR.

Observação: O reconhecimento da imunidade tributária às operações


financeiras não impede a autoridade fiscal de examinar a correção do
procedimento adotado pela entidade imune. Constatado desvio de
finalidade, a autoridade fiscal tem o poder-dever de constituir o
crédito tributário e de tomar as demais medidas legais cabíveis. (STF,
RE 259.976-AgR)

Ressalte-se ainda que, para o STF (ADI 2.024 e RE 364.202/RS,


respectivamente), a imunidade recíproca não pode ser invocada para as
contribuições previdenciárias e para as taxas. Sendo assim, por exemplo,
uma repartição federal poderia estar sujeita a pagar taxa pela coleta de lixo.

Até aqui vimos a aplicabilidade da imunidade recíproca aos entes


federados. No entanto, há que se lembrar de que esta limitação constitucional
ao poder de tributar é extensiva a outras pessoas jurídicas, de acordo com
o art. 150, § 2°, da CF/88, a seguir transcrito:

“Art. 150: (...)

§ 2º - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às


fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao
patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades
essenciais ou às delas decorrentes.”

A citada extensão é denominada “imunidade tributária recíproca


extensiva” por parcela da doutrina .

Note que há uma restrição neste parágrafo, que é a necessidade de que


o patrimônio, a renda e os serviços das referidas entidades estejam vinculados
às finalidades essenciais ou às delas decorrentes. Perceba ainda que esta
restrição não foi feita em relação aos entes políticos, como demonstra
a ementa do seguinte julgado:

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"O julgado recorrido contempla a conclusão de que a União não está


condicionada ao ônus de comprovar vinculação do bem tributado a
uma finalidade pública, o que somente ocorre nos casos das
autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo poder público no
que se refere à tributação do patrimônio, renda e serviços vinculados
a suas finalidades essenciais. (...)”

(RE 635.012/RJ, Decisão Monocrática, Rel. Min. Dias Toffoli, Julgado em


07/02/2013)

Destaque-se que, muito embora o texto constitucional restrinja a


aplicação desta imunidade às autarquias e às fundações públicas, o
entendimento predominante no STF (RE 407.099/RS e AC 1.550-2) é o de que
a benesse é extensível também às empresas públicas (EP) e às sociedades de
economia mista (SEM) prestadoras de serviço público de prestação
obrigatória e exclusiva do Estado.

A princípio, você poderia pensar que isso seria proibido pelo art. 173, §
2°, da CF/88, segundo o qual “as empresas públicas e as sociedades de
economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do
setor privado”.

Contudo, o que deve ser considerado é que existem dois tipos de EP e


SEM, isto é, há aquelas exploradoras de atividade econômicas (sujeitas ao art.
173, da CF/88) e há as prestadoras de serviços públicos (sujeitas ao art. 175,
da CF/88). As únicas abrangidas pela imunidade recíproca são as
prestadoras de serviço público.

Nesse sentido, o STF já concedeu imunidade às seguintes EP e SEM:

 Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) – (STF, RE


407.099);
 Infraero – (STF, RE 524.615-AgR);
 Companhia de Águas e Esgoto de Rondônia (CAERD) – (STF, AC
1.550-2/RO);
 Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) – (STF, RE
253.472)
 Casa da Moeda do Brasil (CMB) – (STF, RE 610.517)

Ressalte-se que a OAB – entidade não integrante da administração


pública indireta – também foi alcançada pela imunidade recíproca, no
entendimento do STF (RE 259.976-AgR). De acordo com a Suprema Corte, a
OAB desempenha atividade própria de Estado, motivo que faz com que
ela também esteja imune.

No entanto, o fato de a OAB estar inserida no seleto rol de entidades


abrangidas pela imunidade recíproca, não faz com que a Caixa de Assistência

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dos Advogados, mesmo integrando a estrutura da OAB, esteja imune. Isto


ocorre porque a atividade da Caixa de Assistência dos Advogados tem sua área
de atuação voltada aos benefícios individuais dos associados (STF, RE
662.816/BA- AgR).

A OAB é imune, mas a Caixa de Assistência dos


Advogados não é!

No que se refere à delegação de serviços públicos (prestação por


particulares), cumpre destacar que se o patrimônio pertencer a um ente
federado, independentemente de estar ocupado por empresa
delegatária de serviços públicos, continua imune à tributação (STF, RE
253.394/SP).

Para concluir o tema, precisamos estudar a última norma que versa


sobre a imunidade recíproca, que é o § 3° do art. 150, que diz o seguinte:

“Art. 150: (...)

§ 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se


aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com
exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a
empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou
pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o
promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao
bem imóvel.”

Uma leitura atenta do dispositivo permite inferir que há duas hipóteses


que escapam da abrangência da imunidade recíproca.

A primeira diz respeito a quando o patrimônio, a renda e os serviços são


utilizados para exploração de atividades econômicas em concorrência com os
empreendimentos privados. O que se deve ficar atento é ao motivo que fez o
legislador constituinte inserir esta exceção, que é o fato de não permitir que
haja concorrência desleal. Ou seja, seria injusto que determinadas
entidades utilizassem da imunidade para concorrer no mercado, certo?

Essa vedação é aplicável aos entes de direito público,


pois as EP e SEM já possuem vedação própria no art.
173, § 2°.

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A segunda hipótese afirma que a imunidade recíproca não exonera o


promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente
ao bem imóvel.

A situação se refere a quando uma pessoa particular (promitente


comprador) assina um contrato de compra e venda, adquirindo um imóvel de
um ente imune. Lembre-se de que a mera assinatura do contrato não transfere
a propriedade do bem, mas o comprador passa a ter sobre o bem o
direito real de aquisição de coisa alheia, bastando, segundo a CF/88,
para ser tributado normalmente.

Nesse contexto, o STF já sumulou o seguinte entendimento:

Súmula STF 583 - Promitente-comprador de imóvel residencial transcrito


em nome de autarquia é contribuinte do imposto predial territorial urbano.

Vamos esquematizar isso que vimos:

Patrimônio Extensiva a
IMUNIDADE
Impostos Renda autarquias e
RECÍRPOCA fundações públicas
Serviços

Não se aplica: Não se aplica: EP e SEM Vinculação a


- Explor. Ativ. Econ. Taxas prestadoras finalidades
- Contrib. De fato Contr. Previd. de serviço essenciais
público
- Caixa Assist. Adv.
- Serv. Cartoriais

Questão 01 – FGV/XX Exame de Ordem Unificado/2016

Fulano de Tal prometeu adquirir de uma autarquia federal um imóvel


residencial urbano. O sinal e parte substancial do preço são pagos no momento
da lavratura da escritura pública de promessa de compra e venda, que é
prontamente registrada no Registro Geral de Imóveis (RGI) competente. O
saldo do preço será pago em várias parcelas.
Após o registro da promessa de compra e venda
A) passa a incidir o IPTU, a ser pago pela autarquia.

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B) continua a não incidir o IPTU, por força da imunidade da autarquia (cujo


nome continua vinculado ao imóvel no RGI, ainda que agora a autarquia figure
como promitente vendedora).
C) passa a incidir o IPTU, a ser pago solidariamente pela autarquia e por
Fulano de Tal.
D) passa a incidir o IPTU, a ser pago por Fulano de Tal, uma vez que
registrada no RGI a promessa de compra e venda do imóvel.

Comentário: As autarquias gozam da denominada imunidade recíproca


extensiva, não incidindo IPTU sobre os seus imóveis. Contudo, em
conformidade com o disposto no art. 150, § 3º, da CF/88, tal imunidade não
exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente
ao bem imóvel. Portanto, passa a incidir o IPTU, a ser pago por Fulano de Tal,
uma vez que registrada no RGI a promessa de compra e venda do imóvel.
Trata-se, inclusive de jurisprudência do STF, consolidada na Súmula 583.

Gabarito: Letra D

Questão 02 – FGV/II Exame de Ordem Unificado/2010


A01138
A Cia. de Limpeza do Município de Trás os Montes, empresa pública municipal,
vendeu um imóvel de sua titularidade situado na rua Dois, da quadra 23,
localizado no nº 06. Neste caso, o novo proprietário:
A) não paga o imposto de transmissão de bens imóveis, em função de ser bem
público.
B) fica isento do imposto predial e territorial urbano, ante a imunidade do
patrimônio público.
C) paga o IPTU, mas não paga o ITBI, uma vez que, nesta última hipótese,
quem transmite a propriedade do bem é empresa pública.
D) fica obrigado a pagar todos os tributos que recaiam sobre o bem.

Comentário: Primeiramente, deve-se ter em mente que nem todas as


empresas públicas são imunes à incidência dos impostos sobre o seu
patrimônio, renda e serviços. De qualquer modo, o que nos importa no
momento é saber o que consta no art. 150, § 3º, da CF/88, no sentido de que
a imunidade recíproca exonera o promitente comprador da obrigação de pagar
imposto relativamente ao bem imóvel. Na realidade, deve pagar não só os
impostos, mas todos os tributos que recaiam sobre o bem.

Gabarito: Letra D

Questão 03 – FGV/III Exame de Ordem Unificado/2011

A imunidade recíproca impede que


A) a União cobre Imposto de Renda sobre os juros das aplicações financeiras
dos Estados e dos Municípios.

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B) o Município cobre a taxa de licenciamento de obra da União.


C) o Estado cobre contribuição de melhoria em relação a bem do Município
valorizado em decorrência de obra pública.
D) o Estado cobre tarifa de água consumida em imóvel da União.

Comentário:

Alternativa A: De fato, a imunidade recíproca, no entendimento do STF,


impede que a União cobre Imposto de Renda sobre os juros das aplicações
financeiras dos Estados e dos Municípios. Alternativa correta.

Alternativa B: A imunidade recíproca restringe-se aos impostos, não


alcançando as taxas. Alternativa errada.

Alternativa C: A imunidade recíproca restringe-se aos impostos, não


alcançando as contribuições de melhoriaAlternativa errada.
Alternativa D: A imunidade recíproca restringe-se aos impostos, não
alcançando as tarifas, que não chegam nem mesmo a se enquadrar na
definição de tributos. Alternativa errada.

Gabarito: Letra A

Questão 04 – FGV/IX Exame de Ordem Unificado/2012

O procurador do município Gama decide contestar judicialmente a cobrança do


ICMS discriminada na fatura da conta de luz do imóvel onde funciona a sede
da prefeitura, alegando a condição de ente político para livrar-se da exação.
A demanda da municipalidade deverá ser
A) acolhida, em razão da imunidade recíproca, que impede que os entes da
federação instituam impostos sobre bens e serviços uns dos outros.
B) rejeitada, pois na situação apresentada o município se apresenta na
condição de contribuinte de direito do ICMS.
C) acolhida, pois a empresa concessionária prestadora do serviço de
fornecimento de energia não tem competência para cobrar ICMS.
D) rejeitada, pois o município não goza de imunidade com relação a imposto
que incide apenas indiretamente sobre seus bens e serviços.

Comentário: Conforme visto durante a aula, a imunidade relativa aos


impostos indiretos somente subsiste quando o ente público esteja na condição
de contribuinte de direito. No caso apresentado, o Município, como consumidor
de energia elétrica, não se reveste na condição de contribuinte de direito, mas
sim de contribuinte de fato, não fazendo jus à isenção, conforme entendimento
jurisprudencial.

Gabarito: Letra D

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Questão 05 – FGV/X Exame de Ordem Unificado/2013

Uma autarquia federal, proprietária de veículos automotores adquiridos


recentemente, foi surpreendida com a cobrança de IPVA pelo Estado
responsável pelos respectivos licenciamentos, não obstante vincular a
utilização desses veículos às suas finalidades essenciais.
Com base na hipótese sugerida, assinale a afirmativa correta.
A) A cobrança é constitucional, por se tratar de fato gerador do IPVA.
B) A cobrança é constitucional, por se aplicar o princípio da capacidade
contributiva.
C) A cobrança é inconstitucional, por se tratar de isenção fiscal.
D) A cobrança é inconstitucional, por tratar de hipótese de imunidade
tributária.
Comentário: A imunidade recíproca, que veda a incidência de impostos sobre
o patrimônio, renda e serviços da União, Estados, DF e Municípios, é extensiva
às suas autarquias. Assim sendo, os veículos constituem propriedade da
referida autarquia, não podem incidir sobre eles impostos, como é o caso do
IPVA. Logo, a cobrança é inconstitucional, por se tratar de hipótese de
imunidade tributária.

Gabarito: Letra D

2.2 – Imunidade Religiosa

O art. 150, VI, b, da CF/88 veda que todos os entes federativos cobrem
impostos sobre os templos de qualquer culto. Levando em consideração o
disposto no art. 5°, VI, da CF/88, podemos dizer que a liberdade de culto é
um direito individual, o que faz com que a imunidade ora analisada se
configure uma cláusula pétrea.

Verifica-se também que, pelo fato de o Brasil ser um país laico, a


imunidade religiosa alcança todas as religiões, sem qualquer distinção.

A imunidade religiosa é incondicionada! Grave isso!

Há que se ressaltar, nesse contexto, que, da mesma forma como ocorre


com as demais imunidades inseridas no art. 150, VI, da Magna Carta, a
imunidade religiosa somente alcança os impostos, não sendo extensiva,
no entendimento do STF (RE 129.930), às contribuições sindicais.

Ainda seguindo o raciocínio do STF (RE 325.822), embora o texto


constitucional mencione que a imunidade protege os “templos”, devemos

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entender que o legislador constituinte quis dizer que a vedação abrange


também o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as
finalidades essenciais da entidade religiosa.

Neste rumo, ainda que um imóvel pertencente a determinada


entidade religiosa encontre-se alugado para terceiros, a imunidade
subsiste, pois embora a atividade exercida não esteja de acordo com o
disposto no art. 150, § 4°, da CF/88, para o STF, basta que os recursos
gerados estejam sendo vertidos para as finalidades essenciais de tais
entidades.

Ademais, a Suprema Corte (RE 578.562), dando entendimento extensivo


à imunidade religiosa, entende que os cemitérios que consubstanciam
extensões destas entidades também são alcançados pela vedação
constitucional em tela.

Perceba que não são todos os cemitérios que estão


abrangidos pela imunidade, mas apenas aqueles que são,
de fato, mera extensão da entidade religiosa.

Por fim, cabe-nos ressaltar a decisão do STF (RE 562.351) no sentido de


que a maçonaria não é alcançada pela imunidade religiosa, já que nas
lojas maçônicas não se professa qualquer religião.

Vamos ao nosso esquema:


Relacionados
com finalidades
essenciais RECURSOS
GERADOS

Patrimônio
IMUNIDADE Alcança Imóveis
Impostos Renda Alugados a
RELIGIOSA
Serviços Terceiros

Não se aplica: Cemitérios


Maçonaria (Extensão)

2.3 Imunidade dos Partidos Políticos, Entidades Sindicais dos


Trabalhadores, Instituições de Educação e de Assistência Social

De acordo com o art. 150, VI, c, da CF/88, é vedado a todos os entes


políticos cobrar impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços dos

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partidos políticos e suas fundações, dos sindicatos de trabalhadores e das


instituições de educação e assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os
requisitos da lei.

Observação: De acordo com a doutrina, o requisito “sem fins lucrativos”


mencionado no art. 150, VI, c, da CF/88, diz respeito apenas às entidades
educacionais e de assistência social.

Somente sindicatos de trabalhadores estão abrangidos


pela imunidade. Os sindicatos dos empregadores ou
de setores (ou categorias) econômicos não estão.

O que nos chama a atenção – e por tal motivo eu o negritei – é o fato de


a norma constitucional exigir a edição de uma lei, para que as instituições de
educação e assistência social gozem da referida imunidade. Além disso, seria
uma lei ordinária ou complementar?

Para dirimir as dúvidas, será necessário recorrer ao entendimento do STF


acerca do assunto, conforme vemos a seguir (grifos nossos):

“Conforme precedente no STF (RE 93.770, Muñoz, RTJ 102/304) e na linha


da melhor doutrina, o que a Constituição remete à lei ordinária, no
tocante à imunidade tributária considerada, é a fixação de normas sobre a
constituição e o funcionamento da entidade educacional ou
assistencial imune; não, o que diga respeito aos lindes da imunidade,
que, quando susceptíveis de disciplina infraconstitucional, ficou
reservado à lei complementar.”

(ADI-MC 1.802/DF, Rel. Min. Sepúlveda Pertence)

Perceba que, quando uma lei for fixar normas sobre a constituição e o
funcionamento das referidas entidades, basta que se edite uma lei ordinária.

Contudo, o caso em análise trata-se de uma imunidade, que, como já


vimos, é uma das formas de limitação ao poder de tributar. De acordo com o
art. 146, II, da CF/88, é necessária a edição de lei complementar para
regular tais limitações ao poder de tributar. O STF, portanto, veio apenas
a confirmar algo que já estava subentendido.

Outra pergunta pertinente seria qual lei cumpre com esse papel? Ora,
trata-se de uma lei muito conhecida por nós (ou que ainda o será), que é o
CTN. Em seu art. 14, a Lei 5.172/66 elenca os requisitos para que as já
mencionadas entidades gozem da imunidade:

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“Art. 14 – (...)

I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas


rendas, a qualquer título;

II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na


manutenção dos seus objetivos institucionais;

III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros


revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão.”

Na falta de cumprimento destes requisitos, a autoridade


competente pode suspender a aplicação do benefício da
imunidade tributária, conforme preconiza o art. 14, § 1°.

Perceba que, ao lermos na CF/88 que tais entidades não podem ter fins
lucrativos, não quer dizer que elas não podem obter resultado financeiro
positivo, pois isso é essencial para que qualquer entidade se desenvolva. No
entanto, o que é vedado pelo CTN é que haja distribuição de seu
patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título, inclusive aos sócios,
gerentes etc.

Também não se pode confundir a repartição de lucros com a justa


remuneração de seus colaboradores pelos trabalhos desenvolvidos na
entidade. Isso é permitido.

Outro ponto a ser discutido em nosso curso, de suma importância para o


conhecimento amplo da imunidade estudada, é a restrição de que somente o
patrimônio, a renda e os serviços vinculados às finalidades essenciais
da entidade estarão imunes aos impostos sobre eles incidentes. Trata-
se, pois, da mesma restrição feita à imunidade religiosa, disposta no art. 150,
§ 4°, da CF/88.

Repare que a imunidade religiosa não se submete às


restrições do art. 14 do CTN.

Vale ressaltar que, da mesma forma como tem ocorrido com a imunidade
religiosa, o STF tem sido bastante flexível na análise da vinculação
asseverada na CF. Nesse sentido, vamos citar, a partir de agora, alguns
julgados, da própria Corte, que já foram ou que há grandes chances de serem
cobrados em prova. Portanto, atenção total!

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Súmula Vinculante 52 - Ainda quando alugado a terceiros, permanece


imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo
art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal, desde que o valor dos aluguéis seja
aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas.

Observação: Esta súmula vinculante possui a mesma redação da Súmula


724 do STF. Isso significa que já se tratava de entendimento pacífico no STF.
A distinção é que, a partir da sua publicação, o posicionamento nela contido
possui efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder
Judiciário e à administração pública direta e indireta.

Semelhantemente ao que estudamos na imunidade religiosa, o STF


também entende que se aplica a imunidade quando o imóvel, pertencente às
entidades referidas no art. 150, VI, c, estiver alugado a terceiros. A única
condição é que a renda gerada seja aplicada nas atividades essenciais das
entidades.

Além disso, de acordo com a mesma Corte (RE 144.900), são imunes os
serviços não relacionados às finalidades essenciais das entidades, desde que
a receita deles destine-se ao financiamento de tais finalidades. No caso
concreto, foi considerado imune de ISS o serviço de estacionamento de
veículos prestado por hospital em pátio interno.

Na esteira desse entendimento, também foi considerado imune do


IPTU imóvel de propriedade de uma entidade beneficente, em cujas
instalações era mantida uma livraria. A imunidade subsiste, neste caso,
pois o que importa é que as rendas auferidas sejam revertidas para a
manutenção de suas atividades institucionais.

Sobre a renda destinada às finalidades essenciais, destaque-se que


também já foi considerado imune pelo STF “a renda obtida pelo SESC
na prestação de serviços de diversão pública, mediante a venda de
ingressos de cinema ao público em geral”.

Para o STF, as escolas de ensino profissionalizante estão


enquadradas no rol de entidades do art. 150, VI, c. Cite-
se, como exemplo, o SENAC e o SENAI.

Outro ponto digno de nota é o que foi disposto no art. 202, § 3°, da
CF/88, como vemos a seguir:

“Art. 202 – (...)

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§ 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de previdência privada


pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, suas autarquias,
fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista e outras
entidades públicas, salvo na qualidade de patrocinador, situação na qual,
em hipótese alguma, sua contribuição normal poderá exceder a do
segurado.”

O dispositivo menciona que os entes políticos e as entidades a eles


vinculadas (administração indireta) somente contribuirão com entidades de
previdência privada na condição de patrocinadores, e, mesmo assim, as
contribuições deles não podem exceder às dos segurados.

Agora eu te pergunto: se as contribuições dos patrocinadores devem ser


menores que a dos segurados, é porque sempre deve haver contribuições dos
segurados, para que os entes públicos participem como patrocinadores,
concorda?

Fazendo uma relação, portanto, com o que acabamos de ver, não será
possível que uma entidade tenha patrocinadores públicos e, ao mesmo tempo,
goze da imunidade do art. 150, VI, c.

Como de praxe nessa aula, vamos esquematizar a estudada imunidade


(incluindo apenas o principal):

Partidos Políticos

IMUNIDADE Patrimônio
Sindicato Trab.
Art. 150, VI, Impostos Renda
“c” Serviços
Inst. Educacionais
SEM FINS
LUCRATIVOS
Inst. Assistenciais
Abrange IOF

Requisitos em LC

Vamos, então, estudar agora a imunidade cultural.

2.4 – Imunidade Cultural

O art. 150, VI, d, da CF/88 estabelece que é vedado a todos os entes


federados instituírem impostos sobre os livros, jornais, periódicos e o papel
destinado à sua impressão.

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Trata-se da imunidade cultural – também denominada imunidade de


imprensa – cujo principal objetivo é favorecer o acesso aos meios culturais,
como livros, jornais e periódicos.

De imediato, percebemos uma grande diferença entre as demais


imunidades já vistas durante a aula e a cultural: esta é objetiva, incidindo
sobre “coisas”, ao passo que as demais são subjetivas, sendo
parâmetro para concessão a “pessoa”.

Seguindo essa linha de entendimento, poderíamos dizer que a imunidade


não alcança o Imposto de Renda, por exemplo, incidente sobre os lucros
auferidos pelas editoras:

EMENTA: TRIBUTÁRIO. ANISTIA DO ART. 150, VI, D, DA CONSTITUIÇÃO


FEDERAL. IPMF. EMPRESA DEDICADA À EDIÇÃO, DISTRIBUIÇÃO E
COMERCIALIZAÇÃO DE LIVROS, JORNAIS, REVISTAS E PERIÓDICOS.
Imunidade que contempla, exclusivamente, veículos de comunicação e
informação escrita, e o papel destinado a sua impressão, sendo, portanto,
de natureza objetiva, razão pela qual não se estende às editoras,
autores, empresas jornalísticas ou de publicidade -- que permanecem
sujeitas à tributação pelas receitas e pelos lucros auferidos.
Consequentemente, não há falar em imunidade ao tributo sob enfoque, que
incide sobre atos subjetivados (movimentação ou transmissão de valores e
de créditos e direitos de natureza financeira). Recurso conhecido e provido.

(STF, RE 206.774, Rel. Min. Ilmar Galvão, Julgamento em 03/08/1999)

No mesmo sentido, as operações financeiras realizadas pelas


empresas que industrializam tais produtos não podem ser imunizadas
do IOF (STF, RE 504.615-AgR).

Ademais, a referida imunidade acaba por defender o direito à liberdade


de expressão, caracterizado nos incisos IV, V, IX e XIV do art. 5º da CF/88, o
que a torna uma cláusula pétrea.

Vistos os conceitos iniciais da imunidade cultural, é necessário que


conheçamos a jurisprudência a ela atinente, sendo de suma importância para
as provas da OAB!

Assim sendo, a jurisprudência consagrada no STF era a de que, além dos


livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão, também
estavam imunes os outros insumos assimiláveis ao papel. Foi nessa
linha que o STF demonstrou, por meio da Súmula 657, que a imunidade
cultural abrange os filmes e papéis fotográficos necessários à publicação de
jornais e periódicos:

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Súmula STF 657 - A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da CF abrange


os filmes e papéis fotográficos necessários à publicação de jornais e
periódicos.

Seguindo esse mesmo raciocínio, porém em direção oposta, o STF


também já considerou que não está a tinta para impressão de jornais:

"Ementa: - Imposto de importação. Tinta especial para jornal. Não-


ocorrência de imunidade tributária. - Esta Corte já firmou o
entendimento (a título de exemplo, nos RREE 190.761, 174.476, 203.859,
204.234 e 178.863) de que apenas os materiais relacionados com o
papel - assim, papel fotográfico, inclusive para fotocomposicão por laser,
filmes fotográficos, sensibilizados, não impressionados, para imagens
monocromáticas e papel para telefoto - estão abrangidos pela imunidade
tributária prevista no artigo 150, VI, "d", da Constituição. (...)”

(STF, RE 273.308/SP, Segunda Turma, Rel. Min. Moreira Alves, Julgamento


em 22/08/2000)

Ocorre que, ao julgar o Recurso Extraordinário 202.149, a Primeira


Turma do STF chegou a considerar que a imunidade tributária relativa a livros,
jornais e periódicos é ampla, total, apanhando produto, maquinário e insumos.
A referência, no preceito, a papel seria, então, meramente exemplificativa e
não exaustiva.

Contudo, recentemente o Min. Celso de Mello admitiu e julgou embargos


de divergência (DJe 16/04/2015), apresentados pela União, ocasião em que
demonstrou que a decisão tomada pela Primeira Turma divergia da
jurisprudência consagrada do STF, conhecendo e dando provimento ao
recurso extraordinário da União.

Sem nos aprofundarmos neste momento no rito processual, para nossa


prova, isso significa que, atualmente, é recomendável seguir o entendimento
mais restritivo, qual seja o de que apenas estão imunes livros, jornais,
periódicos e o papel destinado a sua impressão, bem como outros
insumos, desde que assimiláveis ao papel!

Acrescente-se que, para a Suprema Corte, não há proteção


constitucional à prestação de serviços de composição gráfica ou de
impressão onerosos a terceiros (RE 723.018-AgR).

Na linha desse mesmo entendimento, o STF (RE 630.462-AgR) também


considerou que os serviços de distribuição de periódicos, revistas,
publicações, jornais e livros não estão abrangidos pela imunidade
cultural. Portanto, nesse caso, incide o ISS (Imposto sobre Serviços)
normalmente.

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Além disso, não há que se falar em análise do valor cultural, como


requisito para conceder a imunidade. De acordo com o STF, “os álbuns de
figurinhas e os respectivos cromos adesivos estão alcançados pela
imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “d”, da Constituição
Federal”.

A concessão da imunidade sobre livros, jornais e


periódicos independe da prova do valor cultural ou
pedagógico da publicação.

A referida imunidade também abrange as apostilas:

“EMENTA: IMUNIDADE. IMPOSTOS. LIVROS, JORNAIS, PERIÓDICOS E PAPEL


DESTINADO À IMPRESSÃO. APOSTILAS. O preceito da alínea "d" do
inciso VI do artigo 150 da Carta da República alcança as chamadas
apostilas, veículo de transmissão de cultura simplificado.”

(STF,RE 183.403/SP, Segunda Turma, Rel. Min. Marco Aurélio, Julgamento


em 07/11/2000)

Observação: O julgado trata das apostilas impressas. No que se refere às


apostilas virtuais, o tema será decidido no RE 330.817/RJ, com repercussão
geral.

Destaque-se que a inserção de anúncios e publicidade em listas


telefônicas, com o objetivo de permitir a divulgação das informações a
custo zero para os assinantes, não descaracteriza a imunidade em tela
(RE 199.183).

No entanto, é de se ressaltar que os encartes de propaganda com


exclusiva índole comercial não podem ser considerados imunes, como vemos a
seguir:

“EMENTA: TRIBUTÁRIO. ENCARTES DE PROPAGANDA DISTRIBUÍDOS COM


JORNAIS E PERIÓDICOS. ISS. ART. 150, VI, d, DA CONSTITUIÇÃO. Veículo
publicitário que, em face de sua natureza propagandística, de exclusiva
índole comercial, não pode ser considerado como destinado à cultura
e à educação, razão pela qual não está abrangido pela imunidade de
impostos prevista no dispositivo constitucional sob referência, a qual,
ademais, não se estenderia, de qualquer forma, às empresas por eles
responsáveis, no que concerne à renda bruta auferida pelo serviço
prestado e ao lucro líquido obtido.”

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(RE 213.094/ES, Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 22/6/1999)

Observação: Mais uma vez podemos perceber o caráter objetivo da


imunidade, a qual não alcançou as empresas! Nesse caso,
excepcionalmente, a imunidade não alcançou nem mesmo os bens, por terem
exclusiva índole comercial!

Esquematizando:
Não Abrange: Tinta/Encartes de
propag./Serv. Composição Gráfica

IMUNIDADE Livros, Jornais e Periódicos


CULTURAL Impostos Papel destinado sua impressão

As pessoas jurídicas não Abrange: Álbum de Figurinhas/


estão protegidas. Apostilas/Filmes e papéis fotográficos
Incide: IOF/IR/ISS

Questão 06 – FGV/XI Exame de Ordem Unificado/2013

Determinada editora de livros, revistas e outras publicações foi autuada pela


fiscalização de certo Estado, onde mantém a sede da sua indústria gráfica,
pela falta de recolhimento de ICMS incidente sobre álbum de figurinhas.
Nessa linha, à luz do entendimento do STF sobre a matéria em pauta, tal
cobrança é
A) inconstitucional, por força da aplicação da isenção tributária.
B) inconstitucional, por força da aplicação da imunidade tributária.
C) constitucional, por força da inaplicabilidade da imunidade tributária.
D) inconstitucional, por estar o referido tributo adstrito à competência
tributária da União Federal.

Comentário: O STF já decidiu que a imunidade cultural, que impede a


incidência de impostos sobre livros, jornais e periódicos, também se estende
aos álbuns de figurinhas.

Gabarito: Letra B

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2.4 – Imunidade em favor da produção musical brasileira

Nesse momento, vamos tratar de uma recente emenda constitucional,


que acrescentou mais uma imunidade ao texto constitucional, que afeta
diretamente o tema estudado na aula de hoje. Trata-se da EC 75/2013, cujo
projeto foi denominado PEC da Música. Vamos ver o que diz o seu texto:

“Art. 1º O inciso VI do art. 150 da Constituição Federal passa a vigorar


acrescido da seguinte alínea e:

VI . instituir impostos sobre:

e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil


contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou
obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os
suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo
na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a
laser.”

O que isso significa? A emenda trouxe mais uma imunidade


tributária.

Lembre-se do que estudamos na semana passada: é


permitido que uma emenda constitucional venha
acrescentar novos direitos aos contribuintes, instituindo
outras limitações ao poder de tributar!

Vamos entender os termos mencionados no dispositivo constitucional:

Fonogramas  Registro sonoro em suporte material (CDs ou disco de vinil)

Videofonogramas  Registro de imagem e som em suporte material


(DVDs).

Obras Musicais  Relativas a música.

Obras Literomusicais  Espetáculos ou reunião social em que se lêem


trechos literários ou poemas e que há apresentações musicais.

Sabendo-se que imunidade é uma forma de não incidência


constitucionalmente qualificada, qual seria, portanto, a limitação imposta ao
Estado pela EC 75/2013? Ora, está vedado a todos os entes federativos
instituir impostos (e não tributos, como as bancas adoram cobrar) sobre
fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras
musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral

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interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou


arquivos digitais que os contenham.

Destaque-se que a etapa de replicação industrial de mídias ópticas


de leitura a laser foi excepcionada, não estando imune aos impostos.

Para facilitar a memorização de tal exceção, faz-se necessário entender o


motivo de ela ter sido incluída no texto constitucional. Levando em
consideração que a grande maioria dos CDs e DVDs fabricados no Brasil sai da
Zona Franca de Manaus, o que houve foi a tentativa de manter aquele pólo
industrial atrativo para as empresas.

Explique-se melhor: caso o processo de replicação se tornasse imune,


não haveria motivo para as fábricas responsáveis por esta etapa industrial
continuarem instaladas naquela longínqua região, já que o benefício fiscal lá
concedido, hoje estaria imune em todo o território nacional. Entendeu?

O principal aspecto sobre essa novidade é saber como as bancas podem


cobrar este assunto. Eu diria que elas vão permanecer estendendo aos tributos
a imunidade que só abrange impostos, considerando incorreta a assertiva.

Outra possibilidade é cobrar a exceção que nós vimos (sobre a replicação


das mídias), bem como a restrição de que apenas os fonogramas e
videofonogramas musicais produzidos no Brasil e que contenham
obras de autores brasileiros – e/ou interpretadas por artistas
brasileiros – estão imunes aos impostos.

Enfim, você deve saber o seguinte:

 Os fonogramas e videofonogramas devem ser produzidos no Brasil;


 As obras não precisam ser dos autores brasileiros. Entretanto, devem
ser, no mínimo, interpretadas por artistas brasileiros;
 Abrange os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham;
 A etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser
não está imune.

3 - OUTRAS ESPÉCIES DE IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS

Além das imunidades até agora estudadas, há várias outras espalhadas


pela Constituição.

Em alguns casos, como no art. 195, § 7, o texto constitucional trata tais


limitações ao poder de tributar como isenção. Não obstante tais previsões,
de acordo com o STF, são consideradas imunidades.

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Como já vimos, a isenção seria a dispensa legal do pagamento do


tributo, e não um preceito constitucional, condicionando o exercício da
competência tributária.

Feitas tais observações e revisões, seguem abaixo as demais imunidades


mencionadas no corpo do texto constitucional:

 São a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: (a)


o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra
ilegalidade ou abuso de poder; (b) a obtenção de certidões em repartições
públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse
pessoal (art. 5°, XXXIV);

 Ação popular, salvo comprovada má-fé, é isento (imune) de custas


judiciais, as quais são consideradas taxas pelo STF (art. 5°, LXXIII);

 São gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei, o registro


civil de nascimento e a certidão de óbito (art.5°, LXXVI);

 São gratuitas as ações de “habeas-corpus” e “habeas-data”, e, na forma da


lei, os atos necessários ao exercício da cidadania (art. 5°, LXXVII);

 As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico não


incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação (art. 149, §2°,
I);

 O IPI não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao


exterior (art. 153, §3°, III);

 O ITR não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei,


quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel (art.
153, §3°, II);

 O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento


cambial, sujeita-se exclusivamente à incidência do IOF, sendo imune
de qualquer outro tributo (art. 153, §5°);

 O ICMS não incidirá (art. 155, §2°, X):

a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre


serviços prestados a destinatários no exterior;

b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive


lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia
elétrica;

c) nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades de


radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita;

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 À exceção do II, IE e ICMS nenhum outro imposto poderá incidir sobre


operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações,
derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País (art. 155, §3°);

Observação: A imunidade se refere a todos os demais impostos, com


exceção do II, IE e ICMS. Nesse sentido, vejamos uma importante súmula do
STF:

Súmula STF 659 - É legítima a cobrança da COFINS, do PIS e do FINSOCIAL


sobre as operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações,
derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País.

 O ITBI não incidirá (art. 156, §2°,I):

(a) sobre transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de


pessoa jurídica em realização de capital;

(b) sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão,


incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a
atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens
ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil.

 São isentas (imunes) de impostos federais, estaduais e municipais as


operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de
reforma agrária (art. 184, §5°);

 A contribuição previdenciária não incide sobre aposentadoria e


pensão concedidas pelo regime geral de previdência social (art.
195, II);

 São isentas (imunes) de contribuição para a seguridade social as


entidades beneficentes de assistência social que atendam às
exigências estabelecidas em lei (art. 195, §7°);

 A celebração do casamento é gratuita, portanto, imune a taxas (art.


226, § 1º).

Antes que você se desespere, pensando que não vai conseguir decorar
tudo isso, posso garantir que durante o curso veremos todas as principais
imunidades que são cobradas nas provas de Direito Tributário (as que
foram inseridas dentro do capítulo que se dedica ao trato do Sistema Tributário
Nacional.

Portanto, à medida que formos explicando a matéria, você verá que a


“decoreba” será quase que natural. Não se desespere, pois o objetivo deste
tópico é que você tenha conhecimento da existência de tais imunidades. Tudo
bem?

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Por hoje, é só, colega concurseiro (a).

Um abraço e até a próxima aula!

Prof. Fábio Dutra


Email: fabiodutra08@gmail.com
Facebook: http://www.facebook.com/ProfFabioDutra

4 – GABARITO DAS QUESTÕES COMENTADAS EM AULA

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1 LETRA D 3 LETRA A 5 LETRA D


2 LETRA D 4 LETRA D 6 LETRA B

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