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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ___ VARA

FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE BLUMENAU DO ESTADO DE


SANTA CATARINA

URGENTE – PEDIDO DE LIMINAR

A ação popular é uma decorrência do princípio


republicano, tendo por finalidade a proteção da coisa
pública ("res pública"). Trata-se de uma das formas de
manifestação da soberania popular, que permite ao
cidadão exercer, de forma direta, uma função
fiscalizadora. Um de seus traços mais característicos é a
defesa, não de um interesse pessoal, mas da
coletividade. (Marcelo Novelino)

É o meio constitucional posto à disposição de qualquer


cidadão para obter a invalidação de atos ou contratos
administrativos – ou a estes equiparados – ilegais e
lesivos do patrimônio federal, estadual e municipal, ou de
suas autarquias, entidades paraestatais e pessoas
jurídicas subvencionadas com dinheiros públicos (Hely
Lopes Meirelles)

JOSÉ ERIGUTEMBERG MENESES DE LIMA,


brasileiro, casado, advogado, nascido em 16.08.1954, portador da Cédula de
Identidade nº 4.116.703, CPF: nº 049.281.563-15, Título de Eleitor nº:
132060830230, com endereço na Rua Ayres Gama, nº 222, apto. 601, Velha,
Blumenau (SC), (Doc. 1) endereço eletrônico: erigutemberg@ig.com.br,
cidadão brasileiro conforme certidão anexa (Doc. 2), subscrevendo esta
petição, ainda, como advogado inscrito sob o nº 40.032 OAB/SC (Doc. 3 e
Doc. 4), vem em causa própria a presença de Vossa Excelência, com
fundamento no que dispõe o art. 5º, inciso LXXIII, da Constituição Federal de
1988 (CF/88) e o art. 1º, § 1º, da Lei nº 4.717/65, com a redação determinada
pela Lei nº 6.513/77, ajuizar a presente propor:
AÇÃO POPULAR
com pedido de liminar inaudita altera parte

em desfavor de PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. (PETROBRAS), CNPJ nº


33.000.167/0001-01, que na capital Federal está na SAUN Q 1 BL D, Andar 5,
Asa Norte, Brasília, DF, CEP: 70.040-901, e de PEDRO PULLEN PARENTE ,
na qualidade de Presidente da empresa, localizável no mesmo endereço e de
telefones: (21) 3224.1000 e (21) 3224.1001, pelos fatos e fundamentos que
passa a expor:

1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

1.1. Da condição de cidadão da parte autora

Exige o art. 1º, § 3º, da Lei nº 4717/65, a prova da


condição de cidadão, a qual se faz mediante título de eleitor (Doc. 1) em
anexo.

1.2. Do foro competente ao processamento

A PETROBRAS é sociedade de economia mista,


vinculada ao Executivo federal, exploradora de atividade econômica, fato que
por si só atrai e justifica a competência do juízo federal em questão, como bem
consignado pelo constituinte no comando do art. 109, I, da CF/88. A propósito,
o Superior Tribunal de Justiça (STJ) já solucionou controvérsia acerca de
ações populares, ao indicar que o domicílio do autor é servível para fixação
do foro competente ao processamento:

Ato de Presidente de empresa pública federal


equipara-se, por disciplina legal (Lei 4.717/65, art. 5º, §
1º), a ato da União, resultando competente para
conhecimento e julgamento da ação popular o Juiz que
"de acordo com a organização judiciária de cada Estado,
o for para as causas que interessem à União" (Lei
4.717/65, art. 5º, caput). 5. Sendo igualmente
competentes os Juízos da seção judiciária do
domicílio do autor, daquela onde houver ocorrido o ato
ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja
situada a coisa, ou, ainda, do Distrito Federal, o conflito
encontra solução no princípio da perpetuatio jurisdicionis.
(STJ - CC: 107109 RJ 2009/0147780-1, Relator: Ministro
CASTRO MEIRA, Data de Julgamento: 24/02/2010, S1 -
PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe
18/03/2010). (Sem grifos no original)

1.3. Da forma preventiva

A Ação Popular é demanda de natureza civil e


corretiva, pela qual o autor, no interesse da comunidade a que pertence, reage
a atos praticados por administradores do patrimônio público, apontando a
ilegalidade que lhe cause danos e cobrando judicialmente a correção do ato
administrativo.

A Ação Popular, pois, possui fins tanto


PREVENTIVOS quanto repressivos da atividade administrativa ilegal e lesiva
ao patrimônio público. NA FORMA PREVENTIVA, PODERÁ SER AJUIZADA
ANTES DA CONSUMAÇÃO DOS EFEITOS LESIVOS DO ATO, eis que o
texto constitucional é omisso quanto ao momento de sua propositura, desde
que verificado o dano em potencial ou efetivo, pois em determinadas situações,
se consumados, seriam irreparáveis, tais como a efetivação de acordo antes de
exauridas as instâncias legais, impingindo incalculáveis ônus e custos para o
País.

Interpretação simplista do inciso LXXIII do artigo 5º


da CF/88 poderá fazer crer que unicamente os atos já praticados possam ser
objeto de Ação Popular. Entrementes, a doutrina majoritária já não tem tal
entendimento como compatível com o atual estágio processual. Veja-se em
Hely Lopes Meireles e Maria Sylvia di Pietro:

A ação popular tem fins preventivos e repressivos da atividade


administrativa ilegal e lesiva ao patrimônio público, pelo quê
sempre propugnamos pela suspensão liminar do ato impugnado,
visando à preservação dos superiores interesses da coletividade.
Como meio preventivo de lesão ao patrimônio público, a ação
popular poderá ser ajuizada antes da consumação dos efeitos
lesivos do ato; como meio repressivo, poderá ser proposta
depois da lesão, para reparação do dano. Esse entendimento
deflui do próprio texto constitucional, que a torna cabível contra
atos lesivos do patrimônio público, sem indicar o momento de
sua propositura.1 (Sem destaque no original)

Demonstrado não haver vício de competência territorial nos atos judiciais que
estão sob exame no presente momento, passa-se ao exame dos fatos.

2. DOS FATOS

É de conhecimento público, em razão de


informações procedentes de Fatos Relevantes publicados em página da
internet em 03 de janeiro de 2018, sob a epígrafe Petrobrás assina acordo para
encerrar class action nos EUA (Doc. 5) que a PETROBRÁS firmou acordo para
encerrar litígio jurídico em curso perante a Corte Federal de Nova York, nos
Estados Unidos da América, onde investidores coletivamente se queixaram de
prejuízos financeiros decorrentes da compra das American Depositary Receipts
(ADR) entre maio de 2010 e novembro de 2014.

Segundo a matéria, a petrolífera voluntariamente


concordou em pagar US$ 2,95 bilhões, em 2 (duas) parcelas de US$ 983
milhões e uma última parcela de US$ 984 milhões. A primeira parcela será
paga em até 10 (dez) dias após a aprovação preliminar do Juiz. A segunda
parcela será paga em até 10 (dez) dias após a aprovação judicial final. A
terceira parcela será paga em (i) até 6 (seis) meses após a aprovação final, ou
(ii) 15 de janeiro de 2019, o que acontecer por último. (Doc. 5)

Os Fatos Relevantes referem-se ao Petrobras


Securities Litigation, processo de nº 14-CV-9662 (JSR) registrada pelo
escritório de advocacia Pomerantz LLP em cujo polo passivo, além da
PETROBRÁS, figuram 15 (quinze) executivos e instituições, conforme se extrai

1
MEIRELES, Hely Lopes. Mandado de segurança, ação popular, ação civil pública, mandado de injunção
e habeas data, 16. ed., 1995, p. 94). Também em favor da ação popular preventiva, na doutrina: DI
PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 7. ed., 1996, p. 528.
da NOTIFICAÇÃO DE PENDÊNCIA DE AÇÃO DE CLASSE, em anexo (Doc.
6).
a) PGF, Petrobras America Inc., Theodore Marshall
Helms, PricewaterhouseCoopers Auditores
Independentes, Maria das Graças Silva Foster, José
Sérgio Gabrielli de Azevedo, Almir Guilherme
Barbassa, Paulo Roberto Costa, José Carlos
Cosenza, Renato de Souza Duque, Guilherme de
Oliveira Estrella, Jose Miranda Formigli Filho, Silvio
Sinedino Pinheiro, Daniel Lima de Oliveira, José
Raimundo Brandao Pereira, Servio Tulio da Rosa Tinoco,
Paulo José Alves, Gustavo Tardin Barbosa, Alexandre
Quintão Fernandes, Marcos Antonio Zacarias,
Cornelis Franciscus Jozef Looman; e

b) Réus seguradores: BB Securities Ltd.,


Citigroup Global Markets Inc., J.P. Morgan Securities
LLC, Itau BBA USA Securities, Inc., Morgan Stanley
& Co. LLC, HSBC Securities (USA) Inc., Mitsubishi
UFJ Securities (USA), Inc., Merrill Lynch Pierce
Fenner & Smith Incorporated, Standard Chartered Bank,
Bank of China (Hong Kong) Limited, Banco Bradesco BBI
S.A., Banca IMI S.p.A., e Scotia Capital (USA) Inc. 2

Os principais fundamentos da ação são que,


mesmo em meio à afluência dos esquemas de corrupção, a Petrobrás se
omitiu e não divulgou aos acionistas o real estado da Companhia, publicando
balanços suspeitos e assegurando que a comissão interna não havia
encontrado nenhuma irregularidade na economia da empresa, fazendo com
que os investidores jamais duvidassem da saúde financeira da companhia e
continuassem investindo dinheiro.

Com os escândalos deflagrados, o preço


inflacionado das ADRs caiu bruscamente, refletindo a real situação da
companhia. Um agravante consiste no envolvimento de diretores da
Petrobras que deveriam zelar pela boa administração da companhia e que

2
Cfe. UNITED STATES DISTRICT COURT (Tribunal distrital dos Estados Unidos) SOUTHERN
DISTRICT OF NEW YORK (Distrito sul de Nova York) IN RE PETROBRAS SECURITIES
LITIGATION Nº 14-CV-9662 (JSR) NOTIFICAÇÃO DE PENDÊNCIA DE AÇÃO DE CLASSE.
Disponível em: < http://www.petrobrassecuritieslitigation.com/docs/notice_PO.pdf>. Acesso em
04.01.2018. Cópia traduzida anexada aos autos. E On Petition for a Writ of Certiorari to the
United States Court of Appeals for the Second Circuit. Disponível em:
http://www.petrobrassecuritieslitigation.com/docs/Petition.pdf. Acesso em: 04.012018
frontalmente descumpriram com os seus deveres fiduciários perante a
PETROBRAS.
Numa versão à brasileira, a PETROBRÀS
escondeu um esquema bilionário de lavagem de dinheiro consistente em
possíveis irregularidades no processo de contratação de três navios de
perfuração e que foi ajuizado depois que os procuradores da Operação
Lava Jato acusaram os executivos da empresa de aceitar mais de US$ 2
bilhões em subornos.

As circunstâncias locais em que ocorreram as


irregularidades pouco interessa aos investidores americanos. De forma geral, a
acusação dos investidores é de violação das normas da Securities and Exchange
Commission (SEC), órgão que regula o mercado de capitais nos Estados Unidos e
que, no Brasil, seria correspondente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Violando a seção 10 (b) do Securities Exchange Act de 1934 e Securities and
Exchange Commission Rule 10b-5, bem como a Seção 11 do Securities Act de
1933, da regulação para mercado de capitais americana que trata sobre casos
de fraude ou omissão, a PETROBRÁS induziu os investidores a negociar
valores mobiliários com base em informações erradas.

Mas, antes de uma condenação, apesar de a


coletividade de réus incluir grupo financeiros de peso no cenário internacional
do porte de Citigroup Global, J.P. Morgan, Morgan Stanley e dos nacionais,
Banco do Brasil, Banco Bradesco BBI, HSBC e Itaú, no acordo proposto, s a
PETROBRAS concordou em pagar sozinha os supostos prejuízos na
aquisição de ações da Petrobrás através de títulos emitidos pela Bolsa de
Nova York.
Para o articulista Kennedy Alencar, o acordo insere-
se no rol dos maiores acordos da história dos Estados Unidos que envolve
disputa judicial coletiva por perdas com ações. É o quinto no score e o valor
representa 65% de todo o valor arrecadado pela Petrobras com seu segundo
plano de venda de ativos. O montante é 6,5 vezes maior do que todo o dinheiro
desviado da estatal já recuperado por ações da Operação Lava Jato.3

O curioso é que embora o acordo envolva cifra


bilionária não blinda a PETROBRÁS de sofrer possíveis processos do governo
americano que investiga a Petrobras também em outros processos, que podem
render multas milionárias. Um de caráter crimina corre no Departamento de
Justiça dos Estados Unidos, e outra administrativa, tocada pela Comissão de
Valores Mobiliários americana, a temida SEC, que em 2008 multou a alemã
Siemens em 800 milhões de dólares. Tampouco o ajuste inclui investidores não
4
americanos, inclusive os brasileiros que adquiriram títulos da PETROBRÁS
fora dos Estados Unidos.

Na Europa, a Isaf (International Securities


Associations and Foundations), que reúne investidores da Espanha e da
Holanda, anunciou que planeja processar a PETROBRAS na corte de Roterdã.
5

No Brasil, dezenas de acionistas minoritários


propuseram ações semelhantes em juizados especiais, havendo cinco
arbitragens em curso com o mesmo tema. A maior delas conta com a adesão
de mais de 320 acionistas, incluindo investidores individuais e os fundos de
pensão de funcionários da Petrobras (PETROS), do Banco do Brasil (PREVI) e

3
ALENCAR, Kennedy. Blog do Kennedy. Petrobrás deve ser mais transparente sobre acordo
nos EUA. Lava Jato também deve satisfações ao público. Disponível em:
http://www.blogdokennedy.com.br/petrobras-deve-ser-mais-transparente-sobre-acordo-nos-
eua/. Acesso em: 06 jan.2018.
4
O negócio diz respeito exclusivamente à class action norte-americana, e não há qualquer
vinculação às ações que correm ou venham a correr no Judiciário brasileiro, como a ação civil
pública que tramita na Justiça de SP (1106499-89.2017.8.26.0100) ajuizada pela Associação
dos Investidores Minoritários. De acordo com o advogado brasileiro, André de Almeida que
elaborou o texto inicial, em inglês da ação, produzido de julho a dezembro de 2014, associado
ao escritório americano Wolf Popper, a ação civil pública no Brasil, aos moldes da class action
americana, tem por objeto o pagamento proporcional ao valor pago aos investidores
americanos. Os U$ 2,95 bilhões serão a base de cálculo..
5
CARRANÇA, Thais; RAMALHO, André. Grupo de investidores entra com ação na Holanda
contra a Petrobras Valor econômico on line. Disponível em:
http://www.valor.com.br/empresas/4846722/grupo-de-investidores-entra-com-acao-na-holanda-
contra-petrobras. Acesso em: 06 jan. 2018.
da Caixa Econômica Federal (FUNCEF).6 Apenas o PETROS, o fundo da
própria estatal, calcula que teria até R$ 7 bilhões a receber.

Diante do montante e do impacto dos valores na


gestão da empresa, é natural que o cidadão brasileiro, classe a que o Autor
Popular se inclui, tenha o direito de propor ação destinada a impedir a
prática de ato lesivo ao patrimônio público, decorrente de atos
discricionários contrários aos interesses nacionais, ao ordenamento jurídico e
contra os princípios da administração pública.

Causa repulsa constatar que apesar da


PETROBRÁS negar expressamente qualquer responsabilidade, realçando
sua condição de vítima de esquema criminoso, conforme reconhecem as
instituições competentes brasileiras, o Mistério Público e a Justiça, a atual
direção presidida pelo Sr, Pedro Parente decida indenizar, bilionária e
antecipadamente, os acionistas norte-americanos. Quer-se crer sem a
imprescindível observação das disposições legais ou estatutária (ato regular de
gestão), inserindo-se a conduta entre os atos praticados com abuso ou
excesso de poder pelo Administrador (hipóteses dos incisos do art. 158,
da Lei n° 6.404/76).
A gênese da propositura da ação em solo americano
que redundou em um processo de bilhões de dólares e conta com episódios
dignos de filme de tribunal pode ser acompanhada em livro organizado por
Fernando Barros e Silva que reúne as mais recentes e impactantes
reportagens sobre a recente turbulência política do Brasil. 7

Em vinte e uma reportagens os autores revelam os


bastidores das engrenagens que regeram as motivações e estratégias
articuladas por um advogado brasileiro associado à banca americana para
arrimados em suspeitas de irregularidade a respeito de certos pagamentos no
6
MAIA, Camila. Petros, Funcef e Previ aderem à arbitragem contra Petrobras. Valor
Econômico on line. DisponiveL em: < http://www.valor.com.br/empresas/5192893/petros-funcef-
e-previ-aderem-arbitragem-contra-petrobras>. Acesso em: 06 jan. 2018.
7
SILVA, Fernando Barros e. Tempos Instáveis: O Mundo, o Brasil e o Jornalismo em 21
Reportagens da Piauí. Rio de Janeiro: Cia das Letras, 2016.
departamento de comunicação da Petrobras faturar bilhões de dólares. A
origem do processo consta ainda da reportagem O Petróleo é deles de Roberto
Kaze, anexado aos autos (Doc. 8).

A narrativa é cristalina. Não deixa margem de dúvida


de que especuladores profissionais elaboraram um esquema de extorsão
consistente em compra de ações para processar a PETROBRÁS. Os
especuladores que ajuizaram a class action eram profissionais perfeitamente
conhecidos no mercado americano, não litigantes de boa fé como seriam os
acionistas originais que se sentiram lesados.

O marco zero das ações coletivas contra a


PETROBRÁS foi Peter Kaltman, contador aposentado e especialista na
estranha arte de protocolar ações coletivas.8 Espertalhões do tipo sabem que
uma class action tende sempre a terminar com um acordo entre as partes.
Interessa à vítima (e aos advogados), por ser a garantia de recursos certos na
conta bancária. Interessa ao réu, porque põe fim à sangria processual e ao
risco de ser condenado por um júri popular.

Expertise no esquema, Peter Kaltman, em outubro


de 2014, em plena corrida da Operação Lava Jato, adquiriu um lote de mil
ações da PETROBRÁS , por U$ 11 mil. Dois meses depois, representado pelo
advogado André de Almeida, abriu o caso na corte americana. Nunca foi um
acionista normal, mas funcionou como isca para o mercado.

O simples acionista não coloca dinheiro para montar


um processo de sucesso duvidoso, apostando em “esquemas” especulativos
com foco em “acordos”. Apostam nisso sociedades com escritórios de
advocacia especializados nesse tipo de “investimento”, como é o caso do
escritório americano de direito Wolf Popper, que opera na área há décadas e

8
Em 2001 processou a Scientific Atlanta, que fabrica equipamentos para televisão. Em 2004
voltou-se contra a Key Energy Services, que presta serviços para a indústria do petróleo. Dois
anos depois peticionou contra a Sunterra, companhia do ramo hoteleiro. Os três casos
terminaram em acordos extrajudiciais.
que o maior acordo já feito foi de US$150 milhões (acordo CITCO). Os demais
foram de 8, 15 ou 17 milhões de dólares.

O valor do acordo feito com a PETROBRÀS e que é


MAIOR que o lucro da empresa um ano foi o “achado” do escritório e se tornou
precedente para a justiça americana que formará a base de novas decisões em
casos da espécie nas próximas décadas. O escritório que imaginava de acordo
algo em torno de 1 (um) bilhão de dólares, segundo comentários em outros
escritórios de Nova York, surpreendeu-se com a desídia da PETROBRÁS e a
proposta de quase 3 (três) bilhões de dólares. Não esperavam tanto, pois os
investidores supostamente lesados já haviam recuperado parte dos prejuízos
com a alta posterior das ações da PETROBRAS.

Surpreenderam-se os advogados porque o processo


criminal que poderia reconhecer a existência de corrupção a correr no
Departamento de Justiça e que seria a base legal para as class actions não
fora sequer concluído. Em outros termos, a PETROBRAS fechou acordo antes
de o Departamento de Justiça a declarar culpada da causa que justificaria o
acordo com os minoritários. E ao reconhecer a culpa, embora a negue, deu
margem a que o Departamento de Justiça, onde a culpa ainda se achava em
fase de apuração possa vislumbrar uma condenação.

Surpreenderam-se os advogados por saberem que


a certificação da classe pode ser alterada em qualquer momento antes da
sentença, podendo a depender das razões ocorrer até a reversão de um
provável resultado em desfavor da PETROBRÁS.

A União Federal detém 50,26% das ações da


PETROBRAS, e mesmo na qualidade de controladora não instruiu a Advocacia
Geral da União (AGU) para acompanhar as tratativas, permitindo que tudo se
circunscrevesse ao alvedrio do Sr. Pedro Parente, presidente da estatal, e com
graves acusações de conflito de interesse, que em uma só cajadada acertou
dois alvos: reduziu a capacidade competitiva da PETROBRÁS, preparando-a
para privação futura e jogou a conta do prejuízo estratosférico na conta do
Partido dos Trabalhadores (PT).
Não! Não é demais pensar que o governo
brasileiro se omitiu deliberadamente no mega processo que gerou mega
prejuízo para o Brasil.

É certo que os demandantes americanos deixaram


de incluir a União nas ações ajuizadas contra a PETROBRAS e outros. Mas
causa estranheza a inércia governamental diante do processo, aceitando de
bom grado o prejuízo sem sequer questionar a responsabilidade solidária que
há e já foi inclusive reconhecida pelo STJ entre a administração e a empresa.9

Nenhuma autoridade do governo do Brasil usou da


força política em Washington para fazer lobby junto ao Departamento de
Estado Americano, o que fazem todos os governos comprometidos com seu
povo, quando têm problemas nos Estados Unidos. Sequer se telefonou ao
Attorney General pedindo consideração em um processo onde a PETROBRAS
não é culpada, e sim vitima. E reconhece que nos atos criminosos
perpetrações de alguns dirigentes com total desvio de função, sem qualquer
aval da petroleira ou da União, sua principal acionista, repise-se.

A AGU deveria ter sido acionada para em Nova York


falar com o Juiz do processo de modo a ter visão própria e não filtrada pela
PETROBRAS sobre processo que afeta o interesse da União, ao acabar com o
lucro e impedir dividendos da em 2018 e não se sabe quantos anos mais
seguintes. E terá sido a AGU consultada sobre o acordo ou os “grandes
gestores” da PETROBRAS se autoautorizaram a brindar os especuladores de
Nova York com o inusitado prêmio de Ano Novo?

Sim! Este sim é assunto a merecer ajuizamento em


Ação Popular, antes que o precedente incentive outros espertalhões
estrangeiros e nacionais a saquearem a PETROBRÁS.

9
REsp 1.455.490/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJe 25/09/2014, ERESp 174.532/PR,
Rel. Min. José Delgado, DJ 20/08/2001.
3. CONFLITO DE INTERESSE

De acordo com a Lei de Responsabilidade das


Estatais, Lei nº 13.303/16, basta que exista a possibilidade de conflito de
interesse para que seja vedada a indicação ao cargo. Além disso, no item 9
do Programa da Petrobras de Prevenção da Corrupção, consta: “há conflito de
interesse quando o empregado não é independente em relação à matéria em
discussão e pode influenciar ou tomar decisões motivadas por interesses
distintos daquele da companhia”.

Baseada na legislação supra, a Federação Única


dos Petroleiros (FUP) apresentou à Procuradoria Geral da República (PGR),
documentos para serem anexados ao processo de representação de
impedimento de Pedro Parente da presidência da PETROBRÁS. Segundo a
FUP, até 2003, a PETROBRÀS preservava-se de forte interferência da lógica
financeirizada na gestão interna. A estratégia e os projetos desenvolvidos pela
companhia ficavam à cargo de um corpo técnico e diretivo ligado à própria
empresa e/ou a especialistas que não materializavam, ao fim e ao cabo, os
interesses rentistas.

A partir da gestão do Sr. Pedro Parente houve


forte reconfiguração desse cenário. A gestão apresentou um novo Plano de
Negócios e Gestão (2017-2021) cuja centralidade está no pacote de
desinvestimentos e privatizações. A companhia retira-se dos ramos da
petroquímica, biocombustíveis e fertilizantes, abre o mercado de refino para
uma centena de importadoras, sinaliza para a abertura de capitais da BR
Distribuidora, encolhe sua atuação logística, se desfaz de suas térmicas e
promove a venda de campos estratégicos do pré-sal, abrindo o mercado
nacional para multinacionais como a Total (francesa), a Statoil (norueguesa), a
Taiyo Oil (japonesa) e a Alpek (mexicana), entre outras.

São de William Nozaki, professor de Ciência Política


e Economia na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo
(FESPSP) e integrante do Grupo de Estudos Estratégicos e Propostas da
Federação Única dos Petroleiros (GEEP-FUP) as observações que se seguem
com o destaque seguinte:

os interesses financeiros assediam a Petrobras a partir


do seu interior e gera desconfianças sobre a
possibilidade de existência de conflitos de interesse e
tráficos de influência na companhia e no seu plano de
privatizações. A despeito de alardear a eficiência de seu
novo programa de governança, compliance e de seus
testes de integridade para a nomeação do alto escalão da
companhia (background check), é no mínimo curioso
notar que parte dos diretores e conselheiros da
Petrobras permanece atuando ou atuou em
segmentos empresariais diretamente interessados no
desmonte da Petrobras, com destaque para conexões
que deságuam no setor financeiro.

Talvez o caso mais emblemático de integrantes do


alto escalão que permanece ou atua ou atuou em segmentos empresariais seja
o do próprio presidente da Petrobras. Ainda de acordo com os estudos do
Professor,

Pedro Parente mantém seu posto de presidente do


Conselho Administrativo da BM&F Bovespa justamente
num momento em que a companhia realiza
desinvestimentos e abertura de capitais de algumas de
suas subsidiárias, além de ter atuado como CEO da
Bunge, grande interessada na área de atuação da
Petrobras Biocombustíveis, também privatizada.

Além disso, Parente é também conselheiro do grupo


RBS, sucursal da Rede Globo no Rio Grande do Sul, e do
Grupo ABC, empresa de propaganda que tem como
sócios Nizan Guanaes e Armínio Fraga, este último, por
seu turno, proprietário da Gávea Investimentos, que
estabelece relações com grandes bancos e fundos
internacionais interessados nos pacotes de
desinvestimentos da Petrobras.

A prática configura ofensa ao Art. 5º da Lei de


responsabilidade Fiscal. Segundo esta, configura conflito de interesses no
exercício de cargo ou emprego no âmbito do Poder Executivo federal:

II - exercer atividade que implique a prestação de


serviços ou a manutenção de relação de negócio com
pessoa física ou jurídica que tenha interesse em decisão
do agente público ou de colegiado do qual este participe;

Mais ainda:

Parente é proprietário de uma empresa especializada em


gestão financeira de ativos de famílias milionárias ou
bilionárias, a Prada Ltda., onde tem como sócia sua
esposa, oriunda do JP Morgan e do Credit Suisse, além
de uma gestora egressa do setor financeiro da Booz
Allen. Em 2014, quando Parente saiu da Bunge, a Prada
Ltda atendia uma carteira de 20 famílias, todas com
patrimônio acima de 20 milhões de reais. Em 2016,
depois de Parente ter sido nomeado presidente da BM&F
Bovespa e da Petrobras, sua empresa privada passou a
atender 91 famílias e 4 empresas, agora incorporando
clientes com patrimônios bilionários.

A prática ofende o inciso V da referida lei que


observa:

V- praticar ato em benefício de interesse de pessoa


jurídica de que participe o agente público, seu cônjuge,
companheiro ou parentes, consanguíneos ou afins, em
linha reta ou colateral, até o terceiro grau, e que possa
ser por ele beneficiada ou influir em seus atos de gestão.

O Sr. Pedro Parente é réu em Ação Popular nº


2001.71.12.002583-5, desde 2001, juntamente com outros diretores e
conselheiros da estatal em ação promovida por petroleiros em razão de uma
operação na qual a Petrobras trocou ativos desvalorizados da Repsol-YPF na
Argentina por ativos brasileiros valorizados, causando um prejuízo de R$ 790
milhões, oficialmente registrado no balanço da empresa de 2001. Corrigido, tal
prejuízo ultrapassa a casa dos R$ 2 bilhões.
A conduta que a presente Ação Popular pretende
anular refoge precisamente a qualquer sentido de legalidade e moralidade,
uma vez que tantas possibilidades de conflitos de interesses colocam em
cheque um acordo bilionário da ordem de U$ 2,9 bilhões com potencial lesivo
aos interesses de empresa mais emblemática do país.

O petróleo é nosso! é slogan repetido à exaustão,


desde a década de 1950, e incorporado ao imaginário popular se constituiu em
senha dos nacionalistas, que lutavam para que o Brasil explorasse as suas
próprias riquezas, apesar de as empresas estrangeiras, desde a década de
1930, dominarem a comercialização dos derivados de petróleo no mundo e no
país.
O povo mediante ações populares de rua lutou a
favor da preservação do patrimônio nacional e tal foi a força do slogan que em
1951, o presidente Getúlio Vargas enviou ao Congresso Nacional projeto de lei
destinado a criar a Petróleo Brasileiro. Sua proposta, entretanto, permitia a
participação de empresas estrangeiras e não foi aprovada.

A campanha O petróleo é nosso! ganhara as ruas,


conscientizando a população, fazendo com que Vargas reformulasse o projeto
e, a 3 de outubro de 1953, instituísse o monopólio estatal nas pesquisa, lavra,
refino e transporte do petróleo e seus derivados e criada a PETROBRAS que
com o passar dos anos se tornou na maior e mais importante empresa pública
do país. O Petróleo é nosso! E a PETROBRAS, signo de um povo que se
pretende preservar com a presente Ação Popular.

4. AUSÊNCIA DE INFORMAÇÕES RELEVANTES

De outro norte, mesmo que o acordo entabulado


fosse aceitável, antes a sociedade deveria ter acesso a informações relevantes
e fundamentais para que se pudesse avaliar não só a legitimidade, como a
conveniência da transação, sempre na perspectiva de salvaguardar os
interesses financeiros da empresa e o patrimônio nacional.

A primeira dessas informações é se a empresa


pode ser responsabilizada pelo crime cometido por um grupo de
indivíduos que ocupavam posições estatutárias e são réus no processo
americano. Por que a empresa teve que arcar sozinha com montante tão
elevado se há uma cadeia de réus com alto poder econômico?

De acordo com declarações do sócio cogerenciador


Jeremy A. Lieberman, do escritório americano responsável pela ação, “a
liquidação parcial histórica de US $ 2,95 bilhões ocorreu em face à
Petróleo Brasileiro S. A (Petrobrás), sua entidade relacionada, Petrobras
International Finance Company (PIFCO), bem como contra alguns dos ex-
executivos e diretores da Petrobras.10 (Doc. 7) Indaga-se assim, qual a
parcela do montante de US$ 2,95 bilhões é cabível aos ex-executivos e
diretores condenados no mesmo processo?

E a segunda diz respeito ao valor exato a ser pago,


isso porque é difícil separar que parte da queda das ações se deveu à
corrupção, e que parte se deveu à baixa do preço do petróleo. A
expectativa do mercado era de uma variação muito ampla, variando entre 5 e
10 bilhões de dólares.
E a terceira e também de suma importância é se
foram realizadas avaliações jurídicas acerca da possibilidade de êxito da
empresa nas referidas lides e na eventualidade de insucesso, análises de
eventuais valores de condenação, considerando a natureza e a relevância
da causa, bem como a práxis processual norte americana.

5. DO DIREITO

De acordo com o artigo 5º, inciso LXXIII, da


Constituição Federal e artigo 1º da Lei nº 4.717, de 1995, a Ação Popular é o
meio constitucional adequado para que qualquer cidadão possa evitar a prática
ou pleitear a invalidação de atos administrativos ilegais e lesivos ao patrimônio
público, à moralidade pública e outros bens jurídicos indicados no texto
constitucional.

10
“In a significant victory for investors, Pomerantz, as sole lead counsel for the class, along with
lead plaintiff Universities Superannuation Scheme Limited, has achieved a historic $2.95 billion
partial settlement with Petroleo Brasileiro SA–Petrobras–and its related entity, Petrobras
International Finance Company (“Pifco”), as well as certain of Petrobras' former executives and
directors. This is not only the largest securities class action settlement in a decade, but is the
largest settlement ever in a class action involving a foreign issuer, the fifth-largest class action
settlement ever achieved in the United States, and the largest settlement achieved by a foreign
lead plaintiff. Based on the charges taken by Petrobras relating to the opt-out settlements to
date, the class settlement also represents a significant premium over the settlement of the
individual actions on a pro rata basis. Claims against Petrobras' auditor,
PricewaterhouseCoopers Auditores Independentes (“PWC Brazil”), are still pending.” Ver em:
http://pomerantzlawfirm.com. Acesso em: 06.01.2018.
Ao dispor sobre a nulidade dos atos lesivos ao
patrimônio das entidades públicas nominadas no artigo 1º da Lei nº 4.717, de
1965, o artigo 2º da referida Lei assim estabelece:

Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das


entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de:
a) incompetência;
b) vício de forma;
c) ilegalidade do objeto;
d) inexistência dos motivos;
e) desvio de finalidade.
Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de
nulidade observar-se-ão as seguintes normas:
a) a incompetência fica caracterizada quando o ato
não se incluir nas atribuições legais do agente que o
praticou; no caso, o Presidente da Petrobrás, Sr. Pedro
Parente.
b) o vício de forma consiste na omissão ou na
observância incompleta ou irregular de formalidades
indispensáveis à existência ou seriedade do ato;
c) a ilegalidade do objeto ocorre quando o resultado do
ato importa em violação de lei, regulamento ou outro ato
normativo;
d) a inexistência dos motivos se verifica quando a
matéria de fato ou de direito, em que se
fundamenta o ato, é materialmente inexistente ou
juridicamente inadequada ao resultado obtido;
e) o desvio de finalidade se verifica quando o agente
pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto,
explícita ou implicitamente, este leilão não é para o bem

O ato do Sr. Pedro Parente, presidente da estatal,


é ilegal por contrariar frontalmente disposição do Código de Processo
Civil, que recomenda aos órgãos da União (e isso vale para as empresas de
economia mista, como a PETROBRÁS) o recurso até à última instância em
todas as disputas judiciais. Em outros termos, no Brasil, em qualquer disputa
judicial contra órgãos do Estado, se o litigante ganhar na primeira instância, o
gestor público recorrerá à segunda instância. E se perder, terá que recorrer aos
tribunais superiores.

Todos os órgãos do governo assim se


comportam, por recomendação da AGU. Em 2001, uma lei atenuou esta
exigência, tornando obrigatórios os recursos apenas em ações de valor
superior a 60 salários-mínimos. Em 2015, houve novo afrouxamento, mas
apenas em relação a assuntos já pacificados nos tribunais, ou que sejam
objeto de súmulas vinculantes. Em linguagem vulgar, para temas que já
tenham sido julgados, gerando jurisprudência.

No mais, os dirigentes de órgãos públicos devem


sempre esgotar as possibilidades de recurso, mesmo sabendo que vão perder.
Estão impedidos de fazer acordo. Pela Lei de Improbidade Administrativa,
devem adotar a regra de recorrer sempre. Assim, levar qualquer processo até a
última instância é praxe.

É certo que em algumas situações o acordo poderia


ser mais vantajoso para a empresa, encerrando pendências antigas, mas a
experiência jurídica ensina ser preciso recorrer enquanto possível procedendo
conforme a recomendação do direito público brasileiro. Nesse sentido é válido
o argumento abaixo:

Talvez isso acontecesse, mas a Petrobrás ganharia um


tempo financeiramente precioso, além de estar
observando outros interesses, inclusive o dos acionistas
brasileiros, que vão pagar pelo acordo. A ação dos
americanos se arrastaria por mais um ou dois anos,
segundo advogados da área, antes de chegar à Suprema
Corte. Enquanto isso, a situação da empresa iria
melhorando, não seria preciso gastar agora o pouco que
foi recuperado pela Lava Jato (R$ 1,5 bilhão) e quase
tudo o que foi arrecadado com a venda de ativos para
ressarcir os investidores americanos. Já os acionistas
minoritários brasileiros, como disse ao Globo a advogada
Érica Gorda, da USP, “estão pagando a conta duas
vezes”. Perderam com o efeito Lava Jato, que derrubou
as ações, e agora estão perdendo de novo, com a
destinação destes R$ 10 bilhões aos investidores
americanos, notícia que já derrubou internamente o valor
das ações.11

O acordo ilegal firmado pelo Sr. Pedro Parente é,


assim, nefasto para a PETROBRÁS que ao longo deste e dos demais
exercícios financeiros terá reduzida a capacidade de investimento e
potencializado a perspectiva de eventual prejuízo vindouro. É prejudicial

11
CRUVINEL, Tereza. O golpe não tira férias. Disponível em: <
https://www.brasil247.com/pt/blog/terezacruvinel/335308/O-golpe-não-tira-férias.htm>. Acesso
em: 06 jan. 2018.
também para o Estado brasileiro e para os acionistas minoritários, mas
extremamente benéfico aos investidores estadunidenses.

No caso em tela, a PETROBRÁS, POR SEU


PRESIDENTE, EXAURIU AS HIPÓTESES AUTORIZADORAS DE
INTERPOSIÇÃO DE AÇÃO POPULAR, UMA VEZ QUE INCORREU EM
AFRONTA A TODOS OS DISPOSITIVOS ELENCADOS DE “A” A “E”.

Nessa perspectiva, é fundamental que se obste o


ato de efetivação do acordo que impõe ao Estado brasileiro, à sociedade
brasileira e aos acionistas minoritários prejuízos que alcançam a
estratosférica soma de 2,95 bilhões de dólares, o maior em uma década
em ações coletivas nos EUA.

Ademais, como acima se frisou, a acusação nos


tribunais americanos teve por fundamento a omissão e falta de
divulgação aos adquirentes do real estado da companhia, publicando
balanços suspeitos e assegurando que a comissão interna não havia
encontrado nenhuma irregularidade na economia da empresa. Sendo as falhas
demonstradas ação ou omissão voluntária dos administradores, ao que tudo
indica, os altos executivos da companhia é que devem ser responsabilizados
nos termos do art. 50 do Código Civil:

Em caso de abuso da personalidade jurídica,


caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão
patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte,
ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no
processo, que os efeitos de certas e determinadas
relações de obrigações sejam estendidos aos bens
particulares dos administradores ou sócios da pessoa
jurídica.

Assim também dispõe o artigo 158 da Lei 6.404/76


(Lei de Sociedade Anônima): os administradores podem ser responsabilizados
pessoalmente por agirem com dolo. Os executivos da Companhia deveriam ter
agido com o dever de lealdade, diligência, dever de informar, conforme regido
pelos artigos de 153 a 159 da Lei 6.404/76). Conforme dispõe o art. 157, § 4º,
da Lei que rege as Sociedades Anônimas, os administradores da companhia
aberta são obrigados a comunicar imediatamente à bolsa de valores e a
divulgar pela imprensa qualquer deliberação da assembleia geral ou dos
órgãos de administração da companhia, ou fato relevante ocorrido nos seus
negócios, que possa influir, de modo ponderável, na decisão dos investidores
do mercado de vender ou comprar valores mobiliários emitidos pela
companhia.

Em síntese, insurge-se o Autor Popular contra ato


do Sr. Pedro Parente, presidente da estatal, que desconsiderando a
cadeia de réus onde figuram como seguradores grupos econômicos mundiais,
e a responsabilidade do alto escalão da companhia que negligenciou suas
atribuições e deu causando ao ajuizamento de ação da qual decorreu o acordo
prejudicial aos interesses da PETROBRAS, e por extensão aos interesses do
Brasil, firmou acordo com investidores americanos, antes mesmo da
condenação em primeira instância, e sem esperar que a ação coletiva dos
acionistas americanos chegasse à Suprema Corte.

6. DO PEDIDO DE MEDIDA LIMINAR

As provas e argumentos contidos na inicial


demonstram a plausibilidade do direito invocado, visto que a autoridade pública
demandada está em vias de praticar uma inequívoca violação aos comandos
constitucionais e ao princípio da moralidade administrativa.

O fumus boni iuris pode ser facilmente


depreendido dos argumentos expostos, na medida em que são demonstradas
evidentes violações ao ordenamento jurídico e ofensa aos princípios basilares
que devem reger a administração pública e o periculum in mora decorre da
manifesta e pública intenção do presidente da estatal em ratificar acordo lesivo
aos interesses do país.

É certo que a confirmação do acordo depende de


decisão do juiz da primeira instância da justiça americana. Aceito, contudo,
como já referido, a primeira parcela será paga em até 10 (dez) dias após a
aprovação preliminar do Juiz. A segunda parcela será paga em até 10 (dez)
dias após a aprovação judicial final. A terceira parcela será paga em (i) até 6
(seis) meses após a aprovação final, ou (ii) 15 de janeiro de 2019, o que
acontecer por último. Cumpridas estas fases, a PETROBRAS solicitará à
Suprema Corte dos Estados Unidos a suspensão de recurso que impetrou para
tentar anular alguns aspectos de decisão tomada pela Corte Federal de
Apelações do Segundo Circuito.

Observando-se, pois, o cronograma, percebe-se a


oportunidade de se obstar o desembolso, razão porque se reclama medida
liminar, impedindo o prejuízo da estatal e por extensão da sociedade brasileira.

7. DO PEDIDO

Diante de todo o relatado e provado, o Autor


Popular, por óbvio, PEDE E REQUER, inicialmente, à Vossa Excelência que
receba e processe esta AÇÃO POPULAR COM PEDIDO DE LIMINAR, após
verificada a existência dos requisitos de que trata a Lei n° 4.717/65.

Seja concedida decisão liminar, sem a oitiva da


parte contrária para, diante das violações acima demonstradas, vedar
quaisquer pagamentos futuros dos US$ 2,95 bilhões anunciados para encerrar
class action nos EUA;

No mérito, seja confirmada a liminar deferida, bem


como declarar, a nulidade do ato de efetivação do acordo firmado pela
PETROBRÁS, mediante chancela de seu presidente, Sr. Pedro Parente,
para encerrar litígio jurídico em curso perante a Corte Federal de Nova
York, nos Estados Unidos da América e que impõe ao Estado brasileiro, à
sociedade brasileira e aos acionistas minoritários prejuízos que alcançam
a estratosférica soma de 2,95 bilhões de dólares, até que todos os fatos
apontados na ação sejam esclarecidos e resolvidos à luz da legislação
vigente.

O pedido autoral se amplia a REQUER MAIS:

a) Seja concedida a medida liminar pleiteada, com a


antecipação da tutela pretendida,

b) a citação da demandada, no endereço acima


indicado, para que, querendo, conteste a presente Ação Popular, sob pena de
revelia e confissão quanto à matéria de fato, de acordo com o disposto pelo
artigo 344 do Código de Processo Civil;

c) a citação da União, na pessoa de seu


representante legal, especialmente para que, nos termos § 3º do art. 6º da Lei
n° 4.717/65, exerça sua faculdade de atuar ao lado do autor na defesa do
patrimônio público;
d) à vista do art. 6º, § 4º, e do art. 7º, inciso I, alínea
a, ambos da Lei nº 4.717/65, intime-se o Ministério Público para a intervenção
do respectivo representante na qualidade de fiscal da lei; e

e) a produção de todas as provas em Direito


admitidas, quais sejam, prova documental, testemunhal, depoimento pessoal,
pericial e as demais admitidas para elucidação dos fatos alegados, na fase
própria.
Atribui-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais),
somente para efeitos fiscais, considerando-se o seu valor inestimável seja ele
material e/ou ético, além de versar sobre patrimônio e interesse públicos.

Termos em que
Pede e espera deferimento
Blumenau (DF), 06 de janeiro de 2018.
JOSÉ ERIGUTEMBERG MENESES DE LIMA
ADV OAB/SC 40.032

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