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Por ter herdado uma séria crise econômica, com altos índices de
inflação, uma de suas primeiras medidas foi a renegociação da
dívida externa com credores ingleses. Estes concordaram com um
novo acordo financeiro, oferecendo um empréstimo de 10 milhões
de libras e aceitando a suspensão temporária do pagamento dos
juros da dívida existente. No entanto, como garantia, exigiram a
renda das alfândegas do Rio de Janeiro e de outros Estados se
necessário, bem como as receitas da Estrada de Ferro Central do
Brasil e da companhia de abastecimento de água do Rio de Janeiro
caso o governo brasileiro não cumprisse o acordo. Exigiram ainda
que o governo reduzisse a inflação, valorizando a moeda nacional,
medidas que foram implementadas pelo então ministro da Fazenda,
Joaquim Murtinho, que reduziu drasticamente as despesas do
4.º Presidente do Brasil
governo, cancelando a construção de obras públicas e Período 15 de novembro de 1898
a 15 de novembro de 1902
investimentos industriais. Também aumentou e criou impostos,
Vice- Francisco Rosa e Silva
além de uma política austera em relação aos salários dos presidente
trabalhadores.[2]
Antecessor(a) Prudente de Morais
Em seu mandato, foi solucionado o litígio sobre a delimitação da Sucessor(a) Rodrigues Alves
fronteira entre o Brasil e a França. Tal litígio era sobre a Senador por São Paulo
demarcação da fronteira entre e estado do Amapá e a Guiana Período 3 de maio de 1911
Francesa, que havia invadido o território brasileiro, anexando cerca a 28 de junho de 1913
de 260 mil km² do estado. Depois de quase dois séculos de 4º Presidente de São Paulo
disputas, o litígio foi vencido pelo Brasil em 1900, através do Período 1 de maio de 1896
acordo que ficou conhecido como Questão do Amapá,
a 31 de outubro de 1897
determinando que a fronteira entre os dois territórios fosse o rio Antecessor(a) Peixoto Gomide
[3]
Oiapoque e retornando ao Brasil a área que havia sido tomada. Sucessor(a) Peixoto Gomide
Ministro da Justiçado Brasil
Período 18 de novembro de 1889
a 22 de janeiro de 1891
Foi eleito senador da república em 1891, mas renunciou ao cargo, em 1896, para se
tornar presidente do Estado de São Paulo. Em 1895, na Comissão de Justiça e Legislação do Senado Federal, foi autor de texto
substitutivo em um projeto de anistia aos revoltosos na Revolução Federalista no sul do país. O substitutivo aprovado, e que levou o
[6][7] pg.51
nome de Campos Sales, excluía das atividades todos os militares anistiados.
Foi presidente do estado de São Paulo de 1896 até 1897. Nesse período, enfrentou um surto de febre amarela em todo o estado, um
conflito na colônia italiana na capital, uma onda de violência na cidade de Araraquara, no episódio que ficou conhecido como
Linchamento dos Britos,[8] e enviou tropas estaduais para combater naGuerra de Canudos.[3]
Em 1897, renunciou ao cargo de presidente de São Paulo, para candidatar-se à presidência da República. Foi eleito com 91,52% dos
votos, assumindo o cargo em novembro de 1898. Na presidência do país, enfrentou rebeliões dos imigrantes italianos em lavouras de
café, que protestavam contra a exploração a que eram submetidos pelos fazendeiros, algumas vezes com assassinatos durante estes
protestos. Um caso notório, por ter envolvido o próprio presidente da República, foi o assassinato em 3 de outubro de 1900, do
fazendeiro Diogo Salles,[nota 2] irmão de Campos Sales, cujo filho tentou abusar de três irmãs do colono italiano Angelo Longaretti e
acabou morto por este.[9] Este fato ocorreu na atual Analândia, (SP), que na época era uma vila de Rio Claro chamada Annapolis,[10]
e deu início a uma revolta chamada deRebelião de Longaretti.[11]
Na Presidência da República
Fez um governo desligado dos partidos políticos, assim expressando sua visão sobre seu
Campos Sales em 1879. governo:
Desenvolveu a sua Política dos Estados mais conhecida como política dos governadores, através da qual afastou os militares da
política e estabeleceu a República Oligárquica, segunda fase da República Velha.[2] E assim se manifestou a respeito:
Esta política fora iniciada e testada, anteriormente, quando Campos Sales, como governador de São Paulo, garantiu o poder local dos
coronéis desde que eles se filiassem aoPRP e apoiassem os governadores de São Paulo.
Campos Sales conseguiu também estabelecer um equilíbrio entre o poder dos estados, como o rodízio de mineiros e paulistas na
presidência e na vice-presidência da república, chamada política do café-com-leite, que foi explicado assim por Campos Sales, assim
se expressando em relação à necessidade de ele próprio conduzir sua sucessão presidencial que se daria em 1 de março de 1902, para
a qual Campos Sales indicou o paulista Rodrigues Alves como candidato à presidência, e explica ainda a necessidade de um vice-
presidente mineiro:
Com esse acordo, suspendeu-se por três anos o pagamento dos juros da dívida;
suspendeu-se por treze anos o pagamento da dívida externa existente; o valor
O quarto presidente doBrasil, Campos
dos juros e das prestações não pagas se somariam à dívida já existente; a
Sales, numa nota de 10 milréis de 1925.
dívida externa brasileira começaria a ser paga em 1911, pelo prazo de 63 anos
e com juros de 5% ao ano; as rendas da alfândega do Rio de Janeiro e Santos
ficariam hipotecadas aosbanqueiros ingleses, como garantia.
Então, livre do pagamento das prestações, Campos Sales pôde levar adiante a sua política de "saneamento" econômico. Combateu a
inflação, não emitindo mais dinheiro e retirando de circulação uma parte do papel-moeda emitido pelos governos anteriores. Depois
combateu os déficits orçamentários, reduzindo a despesa e aumentando a receita. Joaquim Murtinho, ministro da Fazenda, cortou o
orçamento do Governo Federal, elevou todos os impostos existentes e criou outros. Assim, conseguiu um superávit de 38 mil contos
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gava um prejuízo de 440 mil contos.[15]
logo no primeiro ano de governo, enquanto a lavoura paulista amar
Finalmente, dedicou-se à valorização da moeda, elevando o câmbio de uma taxa de 48 mil-réis por libra para 14 mil-réis por libra.
Sua política foi acusada de extremamente recessiva - em termos mais modernos - e chamada de "estagnação forçada", em linguagem
" ampos Selos", por ter criado o chamadoimposto do selo.[3]
da época. Campos Sales recebeu o apelido de C
Após a presidência
Após o mandato presidencial, foi senador por São Paulo e diplomata na Argentina onde trabalhou com Júlio Roca que também era
diplomata e do qual ficara amigo quando ambos foram presidentes. Durante as articulações (demárches) para a eleição presidencial
de 1914, seu nome chegou a ser lembrado para a presidência da república, mas faleceu repentinamente em 1913, vítima de uma
embolia cerebral, quando passava por dificuldades financeiras.[16]
Homenagens
É homenageado dando seu nome aos municípios de Campos Sales (Ceará), Salesópolis no
estado de São Paulo e Roca Sales no Rio Grande do Sul. Este último foi assim batizado em
homenagem ao histórico encontro entre o presidente Campos Sales com Julio Argentino
Roca, o então presidente daArgentina.
Cruzando o Rio Tietê, ligando Barra Bonita a Igaraçu do Tietê, há a "Ponte Campos Sales",
inaugurada em 1915, obra construída por iniciativa de Campos Sales.
Dá o nome a uma importante avenida onde residiu, na cidade de Campinas. Outras vias nas
cidades de Belém, Belo Horizonte, Campo Grande, Curitiba, Natal, Porto Velho e Rio de
Janeiro também levam seu nome, assim como em outras cidades peloBrasil. Túmulo de Campos Sales no
Cemitério da Consolação.
Bibliografia
BACKES, Ana Luiza, Fundamentos da Ordem
Republicana: Repensando o Pacto de Campos Sales
,
Republicana: Repensando o Pacto de Campos Sales , MENEZES, Raimundo de,Vida e Obra de Campos
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CAMPOS SALLES, Manuel Ferraz de,Manifestos e Europa, Editora F. Briguiet, 1928.
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1897.
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MAGALHÃES, Olyntho,Centenário do Presidente
Campos Salles, Editora Pongetti, 1941. SALLES Jr, A. C. de, O Idealismo Republicano de
Campos Salles, Editora Z. Valverde, 1944.
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investigação na República Velha, Editora SILVA, Hélio, Campos Sales - 4º presidente do Brasil,
Universidade Sagrado Coração, Bauru, 2001. Editora Três, São Paulo, 1983.
Notas
1. A grafia original do nome do biografado,Manoel Ferraz de Campos Salles, deve ser atualizada conforme a
onomástica estabelecida a partir doFormulário Ortográfico de 1943, por seguir as mesmas regras dossubstantivos
comuns (Academia Brasileira de Letras – Formulário Ortográfico de 1943(http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.
exe/sys/start.htm?sid=20)). Tal norma foi reafirmada pelos subsequentes Acordos Ortográficos da língua portuguesa
(Acordo Ortográfico de 1945(http://www.portaldalinguaportuguesa.org/index.php?action=acordo&version=1945)e
Acordo Ortográfico de 1990(http://www.portaldalinguaportuguesa.org/index.php?action=acordo&version=1990)). A
norma é optativa para nomes de pessoas em vida, a fim de evitar constrangimentos, mas após seu falecimento
torna-se obrigatória para publicações, ainda que se possa utilizar a grafia arcaica no foro privado (Formulário
Ortográfico de 1943, IX).
2. Nome assim grafado nas fontes
Referências
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2. Renato Cancian. «Governo Campos Sales (1898-1902)»(http://educacao.uol.com.br/historia-brasil/governo-campos
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3. «Campos Sales» (http://acervo.estadao.com.br/noticias/personalidades,campos-sales,572,0.htm) . Acervo Estadão.
O Estado de S.Paulo. Consultado em 25 de junho de 2017
4. «Campos Sales» (http://www.brasilescola.com/historiab/campos-sales.htm). R7. Brasil Escola. Consultado em 24 de
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5. O Encilhamento, artigo de Maria Bárbara Levy do livroEconomia Brasileira - Uma visão histórica, Nehaus,Paulo,
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6. Alzira Alves de Abreu (2015).Dicionário histórico-biográfico da Primeira República (1889-1930)(https://books.googl
e.com.br/books?id=vi2HCgAAQBAJ&pg=PT2753&lpg=PT2753&dq=substitutivo+campos+sales&source=bl&ots=-Kd
nzsZTYf&sig=T5seK8wKxPUKV4J_rtnCAHA VV-A&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwj7o5HI0MfQAhVJEJAKHTjaALoQ
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7. «O Presidente Campos Sales na Europa»(https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/1107/743388.pdf?se
quence=4) (PDF). Senado Federal do Brasil. 2005
8. «Araraquara - A Morada do Sol»(http://web.archive.org/web/20160403205007/http://www .araraquara.sp.gov.br/pagi
na/Default.aspx?IDPagina=2996). Prefeitura Municipal de Araraquara. Arquivado dooriginal (http://www.araraquara.
sp.gov.br/pagina/Default.aspx?IDPagina=2996) em 3 de abril de 2016
9. Do outro lado do Atlântico: um século de imigração italiana no Brasil(http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&id
=ncc7WLAXlmQC&q=%22Angelo+Longaretti%22#v=snippet&q=%22Angelo%20Longaretti%22&f=false) , Angelo
Trento, pg.113
10. “O senhor é morto”: colonato e criminalidade em duas localidades paulistas (1900-1901) (http://anais.anpuh.org/wp-c
ontent/uploads/mp/pdf/ANPUH.S25.1083.pdf) , 2009
11. Do outro lado do Atlântico: um século de imigração italiana no Brasil(http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&id
=ncc7WLAXlmQC&q=%22Angelo+Longaretti%22#v=snippet&q=%22rebeli%C3%A3o%20de%20Longaretti%22&f=f
alse), Angelo Trento, pg.113
12. PORTO, Walter Costa, O voto no Brasil, Topbooks, 2002
13. CAMPOS SALLES, Manuel Ferraz de,Da Propaganda à Presidência, Editora UNB, 1983.
14. CAMPOS SALLES, Manuel Ferraz de,Da Propaganda à Presidência, Editora Senado Federal, Edição Fac-similar ,
Brasília, 1998
15. Estudos Econômicos e Financeiros - Pesquisa e Planejamento(http://www.ppe.ipea.gov.br/pub/meb000000536/estu
doseconmicos00bou2/estudoseconmicos00bou2.pdf)Valentim F. Bouças, janeiro de 1955
16. Acervo Estadão (26 de novembro de 2016).«Manuel Ferraz de Campos Sales»(http://acervo.estadao.com.br/notici
as/personalidades,campos-sales,572,0.htm). Estadão. Consultado em 26 de novembro de 2016
Ligações externas
O governo Campos Sales no sítio oficial da Presidência da República do Brasil
Mensagem ao Congresso do Estado de São Paulo 1897
Mensagem ao Congresso Nacional 1899
Mensagem ao Congresso Nacional 1900
Mensagem ao Congresso Nacional 1901
Campos Salles - Uma investigação na República V elha
Código Penal de 1890
Precedido por Ministro da Justiça do Brasil Sucedido por
Rui Barbosa 1889–1891 Henrique Pereira de Lucena
Precedido por
Presidente de São Paulo Sucedido por
Bernardino José de Campos
1896–1897 Peixoto Gomide
Júnior
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