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autor
PATRICY JUSTINO
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2015
Conselho editorial solange moura; roberto paes; gladis linhares
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015.
cdd 345
Prefácio 7
1. Ação Penal 9
1.1 Conceito 10
1.2 Características da Ação Penal 10
1.3 Condições da Ação Penal 10
1.3.1 Legitimidade ad causam 12
1.3.2 Possibilidade jurídica do pedido 13
1.3.3 Interesse processual/interesse de agir 13
1.4 Princípios constitucionais do processo penal e da ação penal 15
1.5 Critérios de definição do tipo de ação 17
1.6 Ação Penal Pública 18
1.6.1 Conceito 18
1.6.2 Ação penal pública incondicionada 18
1.6.3 Ação penal pública condicionada 19
1.6.4 Princípios da ação penal pública 20
1.6.4.1 Princípio da Obrigatoriedade 20
1.6.4.2 Princípio da Indisponibilidade 21
1.6.4.3 Princípio da Divisibilidade 22
1.6.4.4 Princípio da Oficialidade 22
1.6.4.5 Princípio da Oficiosidade 22
1.6.4.6 Princípio da Intranscendência 23
1.7 Ação penal privada 23
1.7.1 Conceito 23
1.7.2 Princípios da ação penal privada 24
1.7.2.1 Princípio da Oportunidade 24
1.7.2.2 Princípio da Disponibilidade 24
1.7.2.3 Princípio da Indivisibilidade 24
1.7.2.4 Princípio da Intranscendência 24
1.7.3 Espécies de ação penal privada 24
1.7.3.1 Exclusivamente privada, ou propriamente dita 24
1.7.3.2 Ação privada personalíssima 25
1.7.3.3 Ação subsidiária da pública 25
1.7.3.4 Ação penal secundária 26
1.7.4 Crimes de ação penal privada 27
1.7.5 Titular da ação penal privada 28
1.7.6 Queixa-crime 28
1.7.7 Causas de rejeição liminar da denúncia ou queixa 30
1.7.8 Prazo da ação penal privada 32
Atividades 33
2. Jurisdição e Competência 51
2.1 Jurisdição 52
2.1.1 Conceito 52
2.1.2 Princípios da Jurisdição 52
2.2 Competência 54
2.2.1 Conceito 54
2.2.2 Espécies de Competência 54
2.2.3 Competência Absoluta e Relativa 55
2.2.3.1 Absoluta 55
2.2.3.2 Relativa 56
2.2.4 Critérios de Fixação da Competência 56
2.2.5 Conexão e continência 58
2.3 Critérios para estabelecer a competência 58
2.4 Possíveis endereçamentos 59
Atividades 61
3. Resposta à Acusação 65
3.1 Considerações iniciais 66
3.2 Conceito 66
3.3 Prazo 66
3.4 Teses de defesa 67
Atividades 70
4. Memoriais 87
4.1 Considerações 88
4.2 Conceito 88
4.3 Ausência de memoriais 88
4.4 Teses defendidas em memoriais 89
4.5 Prazos 91
4.6 Sentença 92
Atividades 93
5. Relaxamento de Prisão 113
5.1 Considerações – prisão e liberdade 114
5.2 Tipos de prisão 114
5.2.1 Prisão Pena (definitiva) 114
5.2.2 Prisão sem Pena 114
5.2.3 Prisões Cautelares 115
5.2.3.1 Prisão por força de Flagrante – art. 301 e seguintes do CPP 115
5.2.3.1.1 Formalidades da Prisão em Flagrante 115
5.2.3.1.2 Classificação da Prisão em Flagrante 115
5.2.3.2 Prisão Preventiva – art. 311 e seguintes do CPP 116
5.2.3.2.1 Pressupostos para a Decretação da Prisão Preventiva 116
5.2.4 Prisão Temporária – Lei nº 7.960/1989 116
5.2.5 Prisão em Domicílio 117
5.2.6 Prisão em perseguição 118
5.2.7 Prisão fora do território do juiz 118
5.3 Medidas de proteção à liberdade 118
5.4 Relaxamento de prisão 120
5.4.1 Conceito e noções gerais 120
5.4.2 Cabimento 121
Atividades 123
Bons estudos!
7
1
Ação Penal
1.1 Conceito
A ação penal é o direito de requerer medidas punitivas ao Poder Judiciário para
aplicação da pena a uma conduta criminosa, ou seja, o direito de provocar o
Poder Judiciário para aplicar o direito penal objetivo.
A titularidade geralmente pertence ao Estado (jus persequendi), podendo
ser concedida, por vezes, ao ofendido ou seu representante legal.
Este instituto está previsto nos artigos 100 e seguintes do Código Penal e
também no Código de Processo Penal, nos artigos 24 e seguintes.
A ação penal é o direito do Estado-acusação ou do ofendido de solicitar a
prestação jurisdicional, ingressando em juízo, baseada na aplicação de normas
de direito penal, ao caso concreto.
10 • capítulo 1
As específicas estão presentes na ação penal pública condicionada:
• representação da vítima; e
• requisição do Ministro da Justiça.
Legitimidade
Ad Causam
Possibilidade
Genéricas
Jurídica do pedido
Interesse
Condições Processual
da Ação Penal
Representação
da Vítima
Específicas
Requisição do
Ministro da Justiça
Nas condições da ação penal existe ainda uma quarta categoria constituída
na presença de justa causa; indícios de autoria ou de participação e prova da
existência da infração penal.
Essas condições são consideradas genéricas, haja vista serem comuns a
qualquer ação penal.
As condições que apenas são exigidas para determinada modalidade de
ação penal são consideradas específicas, tal como acontece com a representa-
ção do ofendido e a requisição do Ministro da Justiça, que constituem condi-
ções de procedibilidade da ação penal pública condicionada, sem as quais o
Ministério Público não pode oferecer a denúncia, conforme dispõe o art. 24,
caput, in fine, do Código de Processo Penal:
Art. 24 CPP – Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia
do Ministério Público, mas dependerá, quando lei o exigir, de requisição do
Ministro da Justiça de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade
para representá-lo.
capítulo 1 • 11
1.3.1 Legitimidade ad causam
12 • capítulo 1
É de se ressaltar que os inimputáveis por doença mental ou desenvolvimen-
to mental incompleto ou retardado, conforme o art. 26 do Código Penal, são
legitimados passivos ad causam, vista que a eles pode ser aplicada uma sanção
penal, ou seja, a medida de segurança.
capítulo 1 • 13
O interesse processual se divide em três aspectos: necessidade, utilidade e
adequação.
• O aspecto necessidade surge da obrigatoriedade do devido processo legal
para o fim de se impor ao réu, uma sanção penal, conforme preceitua o artigo
5º, inciso LIV, da Constituição Federal de 1988.
• A utilidade da providência jurisdicional que se pretende se manifesta pelo
poder de o Estado exercer o ius puniendi e, desta forma, depende do exercício
da pretensão punitiva estatal ser possível.
• A adequação exige que o Ministério Público promova a ação penal nos
moldes do procedimento estabelecido pela legislação processual penal, para se
obter uma condenação pela pratica da infração penal que satisfaça a sociedade.
14 • capítulo 1
Finalmente, a ação penal não pode ser movida sem a presença de suas con-
dições, independentemente da corrente doutrinária que se possa seguir. Assim
sendo, se o representante do Ministério Público oferecer denúncia no caso de
ação penal pública ou a vítima apresentar queixa se for caso de ação privada,
não estando presente uma das condições da ação penal a peça acusatória deve-
rá ser rejeitada, conforme dispõe o art. 395 do Código de Processo Penal. O re-
cebimento da peça acusatória, nesses casos, irá se configurar constrangimento
ilegal, ensejando a impetração de habeas corpus com a finalidade de tranca-
mento da ação penal.
É importante salientar que, se uma das condições não estiver presente, esta-
rá caracterizada nulidade processual.
Não se deve raciocinar no sentido de que, se o cliente não cometeu o crime,
logo ele é parte ilegítima na ação e, nesse caso, se deve pedir a nulidade do pro-
cesso. É necessário ter cuidado com tal julgamento haja vista ser errôneo, pois
a ilegitimidade de parte só ocorre em três situações:
a) Ministério Público promovendo ação penal privada;
b) acusado menor de idade à época do cometimento do crime; e
c) Ofendido promovendo ação penal pública.
capítulo 1 • 15
dar em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integri-
dade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, devendo ser a
excepcionalidade justificada por escrito.
• Princípio da verdade real – com base neste princípio, o juiz de ofício deve
buscar a verdadeira trajetória dos fatos, determinando, para tanto, diligências
que reputar necessárias para o seu esclarecimento.
16 • capítulo 1
• Princípio do direito ao silêncio – art. 5º, LXIII, da CF:
Este princípio vigora tanto na fase policial como na processual, isto é, o si-
lêncio do indiciado ou do acusado não pode ser considerado em seu prejuízo. É
a máxima “Ninguém é obrigado a produzir prova contra si”.
Art. 100 CP: A ação penal é púbica, salvo quando a lei expressamente a de-
clara privativa do ofendido.
• Pública
a) Incondicionada
b) Condicionada à representação do ofendido ou à requisição do Ministro
da Justiça.
• Privada
a) Ação penal privada exclusiva;
b) Ação penal privada personalíssima;
c) Ação penal subsidiária da pública.
capítulo 1 • 17
É de se consignar que muito se questiona sobre a necessidade do advogado
precisar de procuração no processo penal. Isso é relativo vista que, conforme
determina o art. 266 do Código de Processo Penal, a constituição do advogado
não dependerá de procuração (mandato) se o réu o indicar no dia da audiência
do seu interrogatório (constituição apud acta).
Incondicionada
Pública Representação
Condicionada
Requisição
Ação Penal
Exclusivamente
Privada Personalíssima
Subsidiária
A ação penal pública é a ação que tem como titular o Ministério Público, na
forma do art. 129, inciso I, da Constituição Federal/1988, que a promove por
meio do oferecimento de denúncia, ou seja, pela petição inicial da ação penal
pública.
A regra geral é de que a ação seja de iniciativa pública incondicionada. No
caso de o legislador ou a jurisprudência mencionarem algum aspecto diferen-
te, é que a ação penal será distinta.
A legislação penal não dispõe da espécie de ação penal e, assim sendo, o delito
será subordinado à ação penal pública incondicional. Neste caso, sem que seja
preciso a vítima, ou seu representante legal, tomar qualquer providência será
18 • capítulo 1
iniciada a persecução criminal. Na espécie, não se pergunta sobre a vontade
do ofendido, haja vista o interesse do Estado estar acima do interesse da víti-
ma. O Ministério Público poderá oferecer denúncia mesmo diante do perdão
da vítima.
Esta é a espécie de ação penal que mais está presente nos tipos do orde-
namento jurídico pátrio, sendo as exceções às ações públicas condicionadas e
privadas.
Existem alguns delitos que, apesar da titularidade ser mantida nas mãos do Es-
tado-Administração, o legislador exige, como condição de procedibilidade da
persecução penal, uma providência da vítima ou de seu representante legal, ou
do Ministro da Justiça. Sendo assim, o Ministério Público depende de autoriza-
ção prévia para oferecer a denúncia, conforme determina o artigo 100, §1º, do
Código Penal, e art. 24, caput, do Código de Processo Penal.
É conveniente ressaltar que a representação pode ser dirigida ao Juiz, ao
membro do Ministério Público ou à autoridade policial, conforme dispõe o art.
39, caput, do Código de Processo Penal. No caso de morte ou ausência do ofen-
dido, o direito de representação se transfere para o cônjuge, ascendente, des-
cendente e irmão, na forma do disposto no art. 24, § 1º, do Código de Processo
Penal.
Não obstante, é conveniente que a representação seja feita por escrito con-
tendo todas aas informações e elementos possíveis que ajudem na apuração
do fato delituoso, como dispõe o art. 39, parágrafo 2º, do Código de Processo
Penal.
capítulo 1 • 19
Ao ampliar a proteção da mulher vítima de violência doméstica e familiar,
a Lei n.º 11.340, de 7 de agosto de 2006, vedou a incidência da Lei dos Juizados
Especiais Criminais em tais situações. Então, devido a esta proibição, passou-
se a questionar se o crime doloso de lesão corporal leve qualificado pela vio-
lência doméstica, qual seja, art. 129,§ 9º, do Código Penal, continuaria a ser de
ação penal condicionada á representação da ofendida, como dispõe o art. 88
da lei nº 9.099/1995. É que, de forma simultânea vedou a incidência da lei dos
Juizados Especiais Criminais, a lei Maria da Penha continuou a fazer menção à
ação penal pública condicionada à representação no corpo de seu texto. Desta
forma, previu que só será admitida a renúncia ao direito à representação pe-
rante o juiz, em audiência especialmente designada para tal finalidade, antes
do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público, nas ações penais
públicas condicionadas à representação da ofendida, conforme art. 16, da lei
Maria da Penha.
20 • capítulo 1
Na forma do art. 76, da lei nº 9.099/1995, respeitando os requisitos legais,
o Ministério Público pode deixar de oferecer denúncia, apesar da existência
da materialidade de um crime e da existência de razoáveis indícios de autoria.
É um acordo realizado entre o réu (autor do fato) e o Ministério Público, que
consiste na cominação imediata de “pena” restritiva de direitos ou multa e, em
contrapartida, não haverá o oferecimento da denúncia.
O termo mais adequado é medida restritiva de direitos em vez de “pena”,
vista que o processo não é nem iniciado e, portanto, sequer exista uma
condenação.
A transação penal sendo aceito pelo réu será submetido ao juiz para sua
homologação.
Art. 576. O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja inter-
posto.
capítulo 1 • 21
de circunstância qualificadora mencionada na denúncia, a despeito de o
Ministério Público, nas alegações finais, haver se manifestado por sua exclu-
são” (HC 73.339-SP, rel. Min. Moreira Alves, Jornal Informativo do STF, n, 27,
p. 1).
22 • capítulo 1
Art. 5º. Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
§ 4º. O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representa-
ção, não poderá sem ela ser iniciado.
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, ga-
rantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no país a inviolabilidade
do direito a vida, a liberdade, a igualdade, a segurança e a propriedade, nos
termos seguintes:
Inciso XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a
obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens serem,
nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o
limite do valor do patrimônio transferido.
capítulo 1 • 23
1.7.2 Princípios da ação penal privada
A vítima, seu representante legal ou sucessor deve propor a ação penal em face
de todos aqueles sobre os quais recaiam os requisitos legais. Assim, em caso
de concurso de agentes, sendo eles conhecidos, o ofendido não poderá ajuizar
queixa apenas contra um ou alguns dos sujeitos, em detrimento dos demais,
porque não possui a faculdade de escolher quem pretende processar.
A ação penal deve ser proposta contra aquele que praticou a infração penal.
24 • capítulo 1
do ofendido ou declaração de ausência, pelo seu cônjuge, ascendente, descen-
dente ou irmão.
capítulo 1 • 25
Assim, deve-se entender que a ação privada subsidiária da pública somen-
te terá cabimento quando houver inércia do Ministério Público, e não caberá
quando este agir, requerendo o arquivamento dos autos de inquérito policial,
em virtude de que não estar identificada a hipótese legal de sua atuação.
Nesse caso cabe a aplicação da Súmula 524 do Supremo Tribunal Federal,
segundo a qual: “Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a re-
querimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada sem
novas provas”.
Portanto, não é possível ao ofendido, por intermédio da ação subsidiária,
pretender dar seguimento à persecução criminal, quando arquivado o inquéri-
to e sem que haja provas novas para reiniciá-lo.
Nesse sentido, temos a manifestação do Supremo Tribunal de Justiça:
“Impossível confundir ato comissivo – a promoção no sentido do arquivamen-
to – com o omissivo, ou seja, a ausência de apresentação da denúncia no prazo
legal. Apenas neste último caso a ordem jurídica indica a legitimação do pró-
prio ofendido – art. 5º, LIX da Constituição Federal, 29 do Código de Processo
Penal e 100, § 3º, do Código Penal” (STF, Pleno, rel. Min. Marco Aurélio, DJU,
13 ago. 1993, p. 15676).
O Superior Tribunal de Justiça chegou a se manifestar em sentido contrário
apenas uma vez, ao entender ser cabível a ação privada também no caso de pe-
dido de arquivamento: “Omitindo-se o Ministério Público em seu poder-dever
de oferecer a denúncia, abre-se à vítima a possibilidade de aforar a ação penal
privada subsidiária (CF, art. 5º, LIX). Pedido de arquivamento rejeitado” (STJ,
REsp 30-0/CE, rel. Min. Sálvio de Figueiredo, DJU, 14 dez. 1992, p. 23875).
Esta decisão foi posteriormente reformada pelo Excelso Pretório, tratando-
se de uma decisão isolada.
26 • capítulo 1
com as modificações da lei nº 12.015/2009. Entretanto, a ação passará a ser pú-
blica incondicionada, se a vítima for menor de 18 anos, na forma do disposto
no parágrafo único, do art. 225, do Código Penal.
Em crime contra a honra, geralmente de ação penal privada (art. 145, caput,
do Código Penal), a iniciativa se modifica (passa, secundariamente, para o
Ministério Público) em face da circunstância de a ofensa ser dirigida contra o
Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro, tornando-se a ação
penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça (art. 145, pará-
grafo único, do Código Penal).
No caso de crime de injúria (art. 140 do Código Penal), geralmente de ação
penal privada (art. 145, caput, do Código Penal), a iniciativa também se modifi-
ca (passa, secundariamente, para o Ministério Público) em virtude da circuns-
tância de a ofensa consistir no emprego de elementos referentes à raça, cor,
etnia, religião, origem ou condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência
(art. 140, parágrafo 3º, do Código Penal), transformando-se a ação penal pú-
blica condicionada à representação do ofendido (art. 145, parágrafo único, do
Código Penal).
Geralmente, nos casos de crimes contra o patrimônio, a ação penal pública
incondicional passa a iniciativa do Ministério Público, secundariamente, a ser
condicionada à representação quando verificada a imunidade penal relativa
(artigos 182 e 183, do Código Penal).
De forma inversa acontece no crime de estupro, normalmente de ação penal
pública condicionada à representação (artigo 225, caput, do Código Penal), a
iniciativa do Ministério Público passa a ser incondicionada, secundariamente,
em face da circunstância de o ofendido ser menor de 18 anos ou pessoa vulne-
rável (art. 225, parágrafo único, do Código Penal).
capítulo 1 • 27
d) introdução ou abandono de animais em propriedade alheia – art. 164
c/c o art.167, do CP;
e) fraude à execução – art. 179 e parágrafo único, do CP;
f) violação de direito autoral, usurpação de nome ou pseudônimo alheio,
salvo quando praticados em prejuízo de entidades de direito – arts. 184 a 186,
do CP;
g) induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento para fins ma-
trimoniais – art. 236 e seu parágrafo único, do CP; e
h) exercício arbitrário das próprias razões, desde que praticado sem vio-
lência- art. 345, parágrafo único, do Código Penal.
Na forma do art. 100, parágrafo 2º, do Código Penal e artigo 30, do Código de
Processo Penal, o titular da ação penal privada é o ofendido ou seu represen-
tante legal. O autor, na técnica do Código, denomina-se querelante, e o réu,
querelado.
O direito de queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado para
o ato, se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou tiver
um retardo mental, e não tiver representante legal, ou seus interesses colidirem
com os deste último, conforme dispõe o artigo 33 do Código Processo Penal.
A queixa apenas poderá ser exercida pelo ofendido, a partir dos 18 anos, haja
vista que, conforme o artigo 5º, inciso I, do novo Código Civil, com essa idade se
adquire plena capacidade para o exercício de qualquer direito, inclusive a prá-
tica de atos processuais, sem interferência de representante legal ou curador.
1.7.6 Queixa-crime
A queixa é a petição inicial da ação penal privada. Ela deve conter os requisitos
do art. 41, do Código e Processo Penal (comum à denúncia) e ainda os requisi-
tos específicos do art. 44, do Código de Processo Penal.
São requisitos comuns da denúncia e da queixa (art. 41 do CPP):
28 • capítulo 1
essencial para o exercício do direito de defesa, não se admitindo a descrição ge-
nérica de fatos ou com simples menção ao teor dos autos de inquérito policial
ou de peças de informação.
No caso de concurso de agentes, a conduta de cada acusado deve ser porme-
norizada. Não obstante, nossos Tribunais diminuem a exigência de individua-
lização da conduta em crimes multitudinários (de autoria coletiva ou conjunta)
entendendo que, se a conduta dos agentes for homogênea, não há necessidade
de se descrever uma a uma.
É inadmissível a queixa conter acusação alternativa (aquela que se atribui
mais de uma conduta criminosa ao acusado, asseverando que somente uma
delas teria sido praticada efetivamente), pelo argumento de que ela impossi-
bilitaria a defesa do acusado. Alguns doutrinadores entendem que a acusação
alternativa pode ser aceita, porque dificulta somente, mas não impede a defesa.
c) classificação do crime:
O autor da ação penal deve indicar o dispositivo legal em que se enquadra
a conduta do acusado. Entretanto, a tipificação incorreta da conduta narrada
não enseja a inépcia da denúncia ou queixa, haja vista que o acusado se defende
dos fatos a ele imputados e não da classificação jurídica proposta pelo órgão
da acusação, podendo o juiz proceder à emendatio libelli, conforme preceito
contido no art. 385 do Código de Processo Penal.
capítulo 1 • 29
desejar inquirir testemunhas durante a instrução. No caso de prova estritamen-
te documental, a denúncia ou queixa dispensa esse rol.
Não obstante, deve-se apresentar o rol de testemunhas no momento do ofe-
recimento da denúncia ou queixa, no caso de o órgão da acusação pretender a
produção de tal prova, para se evitar a preclusão, o que não afasta a possibilida-
de de testemunhas serem inquiridas como sendo do Juízo, na forma do artigo
209, caput, do Código de Processo Penal.
No procedimento penal comum ou ordinário é de até oito, o número máxi-
mo de testemunhas que podem ser arroladas, conforme disposto no artigo 401,
caput do Código de Processo Penal; no procedimento comum sumário, podem
ser arroladas até cinco testemunhas (artigo 532, do Código de Processo Penal).
Os limites de testemunhas se aplicam para cada fato imputado pela acusação.
30 • capítulo 1
a) denúncia manifestamente inepta:
Entende-se inepta a denúncia ou queixa a que faltar requisito essencial, ou
seja, aquela que deixa de narrar de forma completa e precisa a conduta proibi-
da, assim como não identifica suficientemente o acusado.
A acusação alternativa também prevalece ser inepta, qual seja a que se im-
puta mais de uma conduta, quando apenas uma foi praticada.
Deixar de fazer referência a elementos temporais pode também, para par-
te da doutrina, gerar inépcia, vista que sem tais dados é impossível verificar o
termo inicial da prescrição (art. 111 do Código Penal). Outro entendimento,
no caso de tais hipóteses, é que a denúncia não seria considerada inepta, mas
a data da prescrição, em situação de dúvida, seria a que melhor aproveita ao
acusado.
No caso da queixa, importa consignar que a ausência de seu requisito espe-
cial, qual seja, a procuração com poderes especiais outorgada ao advogado (art.
44 do Código de Processo Penal) gera inépcia da inicial. A finalidade de tal nor-
ma é evitar o abuso da qualidade de advogado para lançar acusações temerárias
contra o suposto ofensor.
capítulo 1 • 31
O recurso cabível para a decisão que rejeitar liminarmente a denúncia ou
queixa é o recurso em sentido estrito (RESE), previsto no inciso I, do art. 581,
do Código de Processo Penal.
Caberá habeas corpus para o trancamento da ação penal, da decisão que
receber a denúncia ou queixa (art. 648, inciso I, do Código de Processo Penal).
Nesta segunda hipótese, embora o prazo decadencial seja de trinta (30) dias
a contar da homologação do laudo pericial, também não poderá ser excedido
o de seis meses do conhecimento da autoria, posto que, em caso contrário, o
termo inicial, invariavelmente, ficaria sob o controle do ofendido, quem iria
decidir o momento de requerer a busca e apreensão os objetos que compõem
o corpo de delito.
Isso posto, o interessado deverá requerer a busca e apreensão, dentro do
prazo decadencial de seis meses, obter sua homologação e, trinta dias depois,
oferecer a queixa crime.
No caso de perda do prazo de trinta dias, poderá se requerer novas diligên-
cias, surgindo, assim, novo prazo de trinta dias para o exercício do direito de
queixa, uma vez que não seja ultrapassado o limite decadencial de seis meses.
32 • capítulo 1
É de se consignar que o trintídio somente tem o seu início a partir da intima-
ção do ato de homologação da perícia, conforme entendimento nesse sentido,
do STJ, 5ª T., REsp 61.766-0/SP, rel. Min. Jesus Costa Lima, v.u., DJ, 28 ago. 1995.
O prazo é decadencial e, segundo a regra do art. 10 do Código Penal, se com-
putando o dia do começo e excluindo-se o dia final. Não se prorroga em face de
domingo, feriado e férias, não se aplica o art. 798, § 3º, do Código de Processo
Penal (RT, 530/367).
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ATIVIDADES
Problema 1
Questão modificada XV Exame de Ordem Unificado – Direito Penal 2015
Pedro, engenheiro de uma renomada empresa da construção civil, possui um perfil em
uma das redes sociais existentes na internet e o utiliza diariamente para entrar em contato
capítulo 1 • 33
com seus amigos, parentes e colegas de trabalho. Pedro utiliza constantemente as ferra-
mentas da internet para contatos profissionais e lazer, como o fazem milhares de pessoas no
mundo contemporâneo.
No dia 19/04/2014, sábado, Pedro comemora aniversário e planeja, para a ocasião, uma
reunião à noite com parentes e amigos para festejar a data em uma famosa churrascaria da
cidade de Niterói, no estado do Rio de Janeiro. Na manhã de seu aniversário, resolveu, então,
enviar o convite por meio da rede social, publicando postagem alusiva à comemoração em
seu perfil pessoal, para todos os seus contatos.
Helena, vizinha e ex-namorada de Pedro, que também possui perfil na referida rede so-
cial e está adicionada nos contatos de seu ex, soube, assim, da festa e do motivo da come-
moração. Então, de seu computador pessoal, instalado em sua residência, um prédio na praia
de Icaraí, em Niterói, publicou na rede social uma mensagem no perfil pessoal de Pedro.
Naquele momento, Amanda, com o intuito de ofender o ex-namorado, publicou o seguin-
te comentário: “Não sei o motivo da comemoração, já que Pedro não passa de um idiota, bê-
bado, porco, irresponsável e sem vergonha!”, e, com o propósito de prejudicar Pedro perante
seus colegas de trabalho e denegrir sua reputação acrescentou, ainda, “ele trabalha todos os
dias embriagado e vestindo saia! No dia 10 do mês passado, ele cambaleava bêbado pelas
ruas do Rio, inclusive, estava tão bêbado no horário do expediente que a empresa em que
trabalha teve que chamar uma ambulância para socorrê-lo!”.
Imediatamente, Pedro, que estava em seu apartamento e conectado à rede social por
meio de seu tablet, recebeu a mensagem e visualizou a publicação com os comentários ofen-
sivos de Amanda em seu perfil pessoal. Pedro, mortificado, não sabia o que dizer aos amigos,
em especial a Marcos, Miguel e Manuel, que estavam ao seu lado naquele instante. Muito
envergonhado, Pedro tentou disfarçar o constrangimento sofrido, mas perdeu todo o seu
entusiasmo, e a festa comemorativa deixou de ser realizada. No dia seguinte, Pedro procu-
rou a Delegacia de Polícia Especializada em Repressão aos Crimes de Informática e narrou
os fatos à autoridade policial, entregando o conteúdo impresso da mensagem ofensiva e a
página da rede social na internet onde ela poderia ser visualizada. Passados quatro meses
da data dos fatos, Pedro procurou seu escritório de advocacia e narrou os fatos acima. Você,
na qualidade de advogado de Enrico, deve assisti-lo. Informa-se que a cidade de Niterói, no
Estado do Rio de Janeiro, possui Varas Criminais e Juizados Especiais Criminais.
Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo
caso concreto acima, redija a peça cabível, excluindo a possibilidade de impetração de habe-
as corpus, sustentando, para tanto, as teses jurídicas pertinentes.
34 • capítulo 1
Esquema para identificar a peça prático-profissional
Problema 1
1ª parte – visão geral
1. Cliente:
2. Idade do agente:
3. Réu ( ) ou Vítima ( )
4. Crime:
5. Pena em abstrato:
6. Pena em concreto:
7. Datas:
8. Ação Penal: ( ) Pública Incondicionada ( ) Pública Condicionada ( ) Ação Penal Privada
( )
9. Rito:
10. Situação Prisional: ( ) Solto ( ) Preso
Competência:
1. Juiz ( )
a) Vara Criminal
capítulo 1 • 35
b) Vara do Júri
c) Vara do Juizado Especial Criminal
d) Vara Criminal Federal
e) Vara do Juizado Especial Criminal Federal
f) Vara das Execuções Criminais
g) Do Departamento de Inquéritos Policiais – DIPO
2. Tribunal ( )
a) De Justiça
b) Regional Federal
c) Colégio Recursal
d) Colégio Recursal Federal
e) Regional Eleitoral
3. Tribunais Superiores ( )
a) STF
b) STJ
c) TSE
Tese:
1. Falta de Justa Causa ( )
2. Nulidade ( )
3. Extinção da Punibilidade ( )
4. Abuso de Autoridade ( )
5. Requerimento do réu ( )
6. Requerimento da vítima ( )
Estrutura
a) Endereçamento:
b) Preâmbulo:
c) Fatos:
36 • capítulo 1
d) Fundamentos:
e) Pedido:
f) Pedido Subsidiário:
Resposta Problema 1
O aluno deve redigir uma queixa-crime (ação penal de iniciativa privada, exclusiva ou propria-
mente dita), com fundamento no Art. 41 do CPP ou no Art. 100, § 2º, do CP, c/c o Art. 30 do
CPP, dirigida ao Juizado Especial Criminal de Niterói.
Os crimes contra a honra narrados no enunciado são de menor potencial ofensivo (Art.
61 da lei nº 9.099/1995). Não obstante a incidência de causa especial de aumento de pena
e do concurso formal, a resposta penal não ultrapassa o patamar de 2 anos.
Ainda em relação à competência, segue o entendimento da 3ª Seção do Superior Tri-
bunal de Justiça, no sentido de que, no caso de crime contra a honra praticado por meio da
internet, em redes sociais, ausentes as hipóteses do art. 109, IV e V, da CRFB/88, sendo
as ofensas de caráter exclusivamente pessoal, e a conduta, dirigida a pessoa determinada e
não a uma coletividade, afastam-se as hipóteses do dispositivo constitucional e, via de conse-
quência, a competência da Justiça Federal.
No campo do processo penal, como é cediço, o direito de punir pertence ao Estado, que
o exerce ordinariamente por meio do Ministério Público. Extraordinariamente, porém, a lei
autoriza que o ofendido proponha a ação penal (ação penal privada); nesse caso, o direito de
punir não deixa de ser do Estado, que apenas transfere ao particular o exercício do direito de
ação, como no caso dos crimes contra a honra (art. 145, do CP). Nesse sentido, entende-se
que a queixa-crime deve apresentar as condições para o regular exercício do direito de ação.
Como petição inicial de uma ação penal, assim como o é a denúncia, deve conter os
mesmos requisitos que esta (art. 41, do CPP). Como principal diferença, destaca-se que,
enquanto a denúncia é subscrita por membro do Ministério Público, a queixa-crime será
proposta pelo ofendido ou seu representante legal (querelante), patrocinado por advogado,
sendo exigida para esse ato processual capacidade postulatória, de tal sorte que, da procu-
ração, devem constar poderes especiais (art. 44 do CPP).
O aluno deverá, assim, redigir a queixa-crime de acordo com o art. 41 do Código de
Processo Penal, observando, necessariamente, os requisitos ali estabelecidos, a saber: “a
exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado
ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando
necessário, o rol das testemunhas.”
Quanto à qualificação, deverá o aluno propor a queixa-crime em face da querelada,
Amanda.
capítulo 1 • 37
Em relação à estrutura, deveria o aluno, ainda, apresentar breve relato dos fatos descritos
no enunciado, com exposição dos fatos criminosos (injúria e difamação) e todas as suas cir-
cunstâncias (causa de aumento de pena), bem como a tipificação dos delitos, praticados em
concurso formal (artigos 139 e 140, c/c o art. 141, III, n/f art. 70, todos do CP).
Ao final o aluno deverá formular os seguintes pedidos:
a) a procedência do pedido, com a consequente condenação da querelada nas penas dos
artigos 139 e 140 c/c o Art. 141, III, n/f com o art. 70, todos do CP;
b) a citação da querelada;
c) a oitiva das testemunhas arroladas;
d) a condenação da querelada ao pagamento das custas e demais despesas processuais; e
e) a fixação de valor mínimo de indenização, nos termos do artigo 387, IV, do CP.
38 • capítulo 1
Item 05 – A classificação do crime: querelada Amanda: um crime de injúria um delito de
difamação em concurso formal, cumulados com a causa de aumento de pena prevista
no Art. 141, III, do CP (na presença de várias pessoas ou por meio que facilite a divul-
gação da calúnia, da difamação ou da injúria). – OU Querelada Amanda: artigos 139 e
140 c.c. o Art. 141, III, n/f Art. 70, todos do CP.
Problema 2
Alberto e Carlos, em reunião de prestação de contas da empresa, da qual vários gerentes
e diretores participaram, imputaram a Antônio, apesar de saberem ser inocente, a conduta
de ter constrangido, mediante grave ameaça, o contador Jorge a não exercer sua atividade
regularmente de modo que os dados de lucros e perdas não espelhassem a realidade.
Antônio teria agido assim com o propósito de se vingar da gerência que não o promo-
veu ao posto almejado. Antônio, sentindo-se caluniado, contratou advogado para promover
a medida penal cabível.
capítulo 1 • 39
Esquema para identificar a peça prático-profissional
Problema 2
1ª parte – visão geral
1. Cliente:
2. Idade do agente:
3. Réu ( ) ou Vítima ( )
4. Crime:
5. Pena em abstrato:
6. Pena em concreto:
7. Datas:
8. Ação Penal: ( ) Pública Incondicionada ( ) Pública Condicionada ( ) Ação Penal Pri-
vada ( )
9. Rito:
10. Situação Prisional: ( ) Solto ( ) Preso
Competência:
1. Juiz ( )
a) Vara Criminal
b) Vara do Júri
c) Vara do Juizado Especial Criminal
40 • capítulo 1
d) Vara Criminal Federal
e) Vara do Juizado Especial Criminal Federal
f) Vara das Execuções Criminais
g) Do Departamento de Inquéritos Policiais – DIPO
2. Tribunal ( )
a) De Justiça
b) Regional Federal
c) Colégio Recursal
d) Colégio Recursal Federal
e) Regional Eleitoral
3. Tribunais Superiores ( )
a) STF
b) STJ
c) TSE
capítulo 1 • 41
MODELO RESPOSTA PROBLEMA 2 – DE QUEIXA-CRIME
Inquérito nº ___________1
QUEIXA-CRIME
42 • capítulo 1
I, do Código Penal. Afirmaram, sabendo ser inocente o Querelante, que os da-
dos contábeis da empresa não se encontravam regulares, tendo em vista que
o Querelante, por ter sido preterido em promoção realizada no dia________,
para vingar-se da gerência que deixou de indicá-lo ao posto, teria constrangido
o contador Jorge, mediante grave ameaça, a deixar de realizar sua atividade, du-
rante certo período. A ameaça fundar-se-ia na expulsão do filho do contador da
escola___________, onde atualmente cursa a 2ª série do ensino fundamental,
levando-se em conta que a esposa do Querelante é a diretora-geral do referido
estabelecimento de ensino.
capítulo 1 • 43
caput, c/c art. 141, incisos III e IV, do Código Penal, para que, citados e não sen-
do possível a aplicação dos benefícios da Lei n.º 9.099/95, 6 apresentando a de-
fesa que tiverem, sejam colhidas as provas necessárias e, ao final, possam ser
condenados.
(Espaço de uma linha)
Pede deferimento.
Comarca, data
(Espaço de uma linha)
________________________________
Advogado 8
Rol de testemunhas:
1. Mário (nome completo), (nacionalidade), (estado civil), (profissão), portador
da carteira de identidade Registro Geral n.º........., inscrito no Cadastro de Pes-
soas Físicas sob o n.º ........., domiciliado em (cidade), onde reside (rua, núme-
ro, bairro);
2. Joaquim (nome completo), (nacionalidade), (estado civil), (profissão), por-
tador da carteira de identidade Registro Geral n.º........., inscrito no Cadastro
de Pessoas Físicas sob o n.º ........., domiciliado em (cidade), onde reside (rua,
número, bairro);
3. Manuel (nome completo), (nacionalidade), (estado civil), (profissão), porta-
dor da carteira de identidade Registro Geral n.º........., inscrito no Cadastro de
Pessoas Físicas sob o n.º ........., domiciliado em (cidade), onde reside (rua, nú-
mero, bairro).
Observações:
1 O caso é de ação penal privada, não obstante, como acontece nas ações
públicas em geral, deve estar amparada por provas pré-constituídas. Antes de
44 • capítulo 1
propor a Queixa-Crime, o ofendido deve requerer a realização de Inquérito para
dar justa causa à ação penal, indicando a materialidade e os indícios de autoria,
exceto se já possuir provas suficientes em mãos, o que é difícil.
2 Se o Querelante (ofendido) for pobre, precisando ajuizar ação penal
privada contra alguém, o Estado poderá indicar-lhe advogado para promovê-la,
conforme preceitua o artigo 32 do Código de Processo Penal: “Nos crimes de
ação privada, o juiz, a requerimento da parte que comprovar sua pobreza, no-
meará advogado para promover a ação penal.”
3 O advogado deve receber poderes especiais (art. 44 o CPP), significan-
do que a procuração deve fazer alusão expressa à propositura da Queixa-Crime,
com breve relato dos fatos. O ofendido, se assim preferir, poderá assinar a Quei-
xa-Crime em conjunto com seu advogado.
4 Em homenagem ao princípio da indivisibilidade da ação penal priva-
da, em caso de dois agentes, é indispensável o oferecimento de queixa contra
ambos, sob pena de configuração da renúncia, conforme preceitos constantes
nos artigos 48 e 49 do Código de Processo Penal, a seguir transcritos:
capítulo 1 • 45
MODELOS DE PROCURAÇÃO PARA QUEIXA- CRIME
MODELO 1
PROCURAÇÃO
LOCAL E DATA
_______________________________________________
FULANA DE TAL
46 • capítulo 1
MODELO 2
PROCURAÇÃO
OUTORGANTE:
FULANO DE TAL,
brasileiro, casado, maior, comerciário, residente e domiciliado na
___________________, inscrito no CPF nº _____________, possuidor da RG nº
_____________________.
OUTORGADO:
BELTRANO DE TAL,
brasileiro, casado, advogado, inscrito na OAB(Estado onde for inscrito) sob
o nº ________, inscrito no CPF nº__________, com escritório profissional
__________________________ em Comarca e Estado.
capítulo 1 • 47
to ou separadamente com eventual novo mandatário que venha acompanhar
a querela judicial, inclusive substabelecer, no todo ou em parte, com ou sem
reservas de poderes.
LOCAL E DATA
____________________________
FULANO DE TAL
48 • capítulo 1
INCISO LIX DO ARTIGO 5º DA CF. PRESSUPOSTOS DESATENDIDOS. REJEI-
ÇÃO LIMINAR DA QUEIXA. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. O relator
está autorizado a negar seguimento a “pedido ou recurso manifestamente in-
tempestivo, incabível ou, improcedente ou ainda, que contrariar, nas questões
predominantemente de direito, Súmula do respectivo Tribunal” (art. 38 da lei
nº 8.038/1990 c/c § 1º do RI/STF). Confiram-se os Agravos Regimentais nos In-
quéritos 1.775, da relatoria do ministro Nelson Jobim; 2.430, da relatoria do
ministro Joaquim Barbosa; e 2.637, de minha relatoria. 2. A ação penal privada
subsidiária da pública, de nítida envergadura constitucional (inciso LIX do art.
5º da CF), configura espécie excepcional de legitimidade do ofendido (ou seu
representante legal) para promover ação penal. Na falta de inércia do Ministé-
rio Público, não é de se dar trânsito à queixa, ajuizada em substituição à denún-
cia. 3. Queixa que não descreve, nem sequer minimamente, fatos constitutivos
dos invocados tipos penais. 4. Agravo regimental desprovido.
capítulo 1 • 49
da queixa crime. Assinatura da querelante na inicial que supre a inobservância
da regra do artigo 44 do CPP. Recurso provido. RELATÓRIO Trata-se de recurso
interposto pela querelante contra decisão do Juízo do I Juizado Especial Cri-
minal de Nova Iguaçu, que rejeitou a queixa-crime ao argumento de que, após
decorrido o prazo decadencial, foi apresentada procuração nos moldes do ar-
tigo 44 do Código de Processo Penal, extinta a punibilidade da querelada (fls.
110/111). Sustenta a recorrente em suas razões, às fls. 112/117, que o defeito na
procuração poderia ser sanado a qualquer tempo. Requer, então, a reforma da
decisão, com o prosseguimento do feito. Deferida a gratuidade de justiça às fls.
121. Contrarrazões às fls. 122/125, prestigiando a decisão recorrida. Parecer do
Ministério Público em primeiro e segundo grau, no sentido de ser conhecido
e provido o recurso, às fls. 127/129 e 131/133, respectivamente. VOTO O recur-
so deve ser conhecido, eis que tempestivo, deferida a gratuidade de justiça. A
querelante, enteada de Guaraciam, ofereceu queixa crime contra a querelada,
filha deste, porque nos dias 04 de junho de 2011, esta teria ofendido a honra da-
quela, acusando-a praticar maus tratos contra o idoso, mantendo-o em cárcere
privado (fls. 02/04). Não realizada a fase preliminar. Na audiência de instrução
e julgamento, apresentada defesa prévia, foi declarada extinta a punibilidade
da querelada em razão da decadência, por inobservância do disposto no artigo
44 do Código de Processo Penal. Não há dúvida de que decorrido o prazo deca-
dencial antes da juntada da procuração de fls. 56, sendo que o instrumento de
fls. 06 não narra, nem mesmo suscintamente, o fato criminoso. Nota-se, con-
tudo, que a inicial acusatória é assinada também pela querelada, suprindo a
deficiência da procuração de fls. 06. Conclui-se, portanto, que a decisão que
rejeitou a queixa crime deve ser reformada. Ante o exposto, voto no sentido de
ser conhecido o recurso e, no mérito, ser provido, para desconstituir a decisão
de fls. 110/111, designando-se nova AIJ para prosseguimento do feito, com ob-
servância da fase preliminar.
50 • capítulo 1
2
Jurisdição e
Competência
2.1 Jurisdição
2.1.1 Conceito
O termo “jurisdição” provém do latim iurisdictio, que tem por significado “di-
zer o direito”.
A jurisdição se define no nosso ordenamento jurídico por ser uma das fun-
ções do Estado, ou seja, a prerrogativa que o Estado detém para dirimir os con-
flitos de interesses trazidos à sua apreciação.
Assim sendo, a jurisdição é a função estatal exercida com exclusividade
pelo Poder Judiciário, consistente na aplicação de norma da ordem jurídica a
um caso concreto, com a consequente solução do litígio. Significando, o poder
de julgar um caso concreto por meio do processo, conforme o ordenamento
jurídico.
52 • capítulo 2
h) Princípio da improrrogabilidade: um juiz não pode invadir a compe-
tência de outro, mesmo que haja concordância das partes. Excepcionalmente,
admite-se a prorrogação da competência.
i) Princípio da inevitabilidade ou irrecusabilidade: as partes não podem
recusar o juiz, exceto nos casos de suspeição, impedimento e incompetência.
j) Princípio da correlação ou da relatividade: a sentença deve correspon-
der ao pedido. Não pode haver julgamento extra ou ultra petita.
k) Princípio da titularidade ou da inércia: o órgão jurisdicional não pode
dar início à ação, ficando subordinado, assim, à iniciativa das partes.
STF
capítulo 2 • 53
2.2 Competência
2.2.1 Conceito
O Código de Processo Penal, em seu art. 69 e seus incisos, coincide com essa
classificação, ao dispor que a competência se determina:
54 • capítulo 2
Quadro de fixação: fixação de competência no processo penal
2.2.3.1 Absoluta
Absoluta é a competência em razão da matéria e em razão da prerrogativa fun-
cional, haja vista que tais questões referem-se à matéria de ordem pública, não
podendo ser transferidas nem modificadas pelas partes. O seu reconhecimento
pode ocorrer em qualquer tempo ou grau de jurisdição ocasionando a nulidade
absoluta do feito.
capítulo 2 • 55
2.2.3.2 Relativa
56 • capítulo 2
c) Justiça Federal: crimes políticos; cometidos em detrimento de bens,
serviços ou interesses da União, autarquia federal, fundação pública federal ou
empresas públicas federais; previstos em tratado ou convenção internacional,
quando iniciada a execução no país, o resultado tenha ou devesse ocorrer no es-
trangeiro ou reciprocamente; causas relativas a direitos humanos; crimes con-
tra a organização do trabalho; contra o sistema financeiro ou contra a ordem
econômica ou financeira, nos casos estabelecidos em lei; crimes cometidos a
bordo de navios ou aeronaves e de ingresso ou permanência irregular de estran-
geiro – artigos 108 a 110 da CF.
d) Justiça Estadual: a competência é residual, ou seja, o que não estiver
contido nas outras hipóteses, é de competência estadual – artigos 125 a 126 da
Constituição Federal.
capítulo 2 • 57
O critério seguinte é relacionado à determinação do juízo e da vara
competente.
A comarca pode ser composta por diversos juízes e diferentes varas. A fi-
xação do juízo competente normalmente ocorre com base em critérios terri-
toriais, estabelecidos por lei estadual ou por norma do Tribunal competente.
É importante que se observe a competência em razão da matéria. Assim, a
competência do júri consiste no julgamento dos crimes dolosos contra a vida,
consumados ou tentados, e os que lhe são conexos.
A dos Juizados Especiais Criminais, por sua vez, recai sobre as infrações pe-
nais de menor potencial ofensivo, que são as contravenções penais e os crimes
cuja pena máxima não ultrapasse o limite de dois anos.
A vara competente geralmente é estabelecida pelo critério da distribuição,
que é realizado de modo aleatório. No caso de a vara contar com dois ou mais
juízes, ou seja, um titular e o outro auxiliar, o critério será o mesmo.
58 • capítulo 2
3º Não havendo exceções, verificar a existência de mais de um juiz competente
para julgar o caso.
capítulo 2 • 59
b) Superior Tribunal de Justiça.
Excelentíssimo Senhor Doutor Ministro Presidente do Colendo Superior
Tribunal de Justiça.
c) Tribunal Superior Eleitoral.
Excelentíssimo Senhor Doutor Ministro Presidente do Colendo Tribunal
Superior Eleitoral.
d) Tribunal Regional Eleitoral.
Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do Egrégio
Tribunal Regional Eleitoral.
e) Juntas Eleitorais.
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da... Junta Eleitoral de...
f) Superior Tribunal Militar.
Excelentíssimo Senhor Doutor Ministro Presidente do Colendo Superior
Tribunal Militar.
g) Tribunal de Justiça Militar.
Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do Egrégio
Tribunal de Justiça Militar do Estado de...
h) Auditorias Militares.
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz... Auditor da... Auditoria Militar da
Justiça Militar de...
i) Tribunal de Justiça.
Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do Egrégio
Tribunal de Justiça do Estado de...
j) Vara Criminal.
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da...Vara Criminal da
Comarca de...
l) Vara das Execuções Criminais.
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara das Execuções
Criminais da Comarca de...
m) Vara do Júri – 1ª Fase do Procedimento do Júri.
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da... Vara do Júri da Comarca
de...
n) Vara do Júri – 2ª Fase do Procedimento do Júri.
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Presidente do Egrégio... Tribunal do Júri
da Comarca de...
60 • capítulo 2
o) Juizado Especial Criminal.
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito do... Juizado Especial
Criminal da Comarca de...
p) Delegado de Polícia
Ilustríssimo Senhor Doutor Delegado de Polícia Titular do... Distrito Policial
da Comarca de...
q) Tribunal Regional Federal
Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Federal Presidente do
Egrégio Tribunal Regional Federal da...ª Região.
r) Vara Criminal Federal.
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da... Vara Criminal Federal da
Secção Judiciária de...
s) Juizado Especial de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito do... Juizado Especial de
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Comarca de...
ATIVIDADES
Problema 1
Pedro, Marcos e José, previamente ajustados, subtraem em Porto Alegre três veículos
com os quais, na cidade gaúcha de Guaíba, cometem um roubo a banco, atingindo na fuga
um policial militar que reagiu, causando-lhe a morte. No outro dia, na cidade de São Louren-
ço, abordam um rapaz e, para subtrair o veículo que ele conduzia, mataram-no. Finalmente,
semanas após, em Camaquã, são presos em cumprimento de mandado de prisão preventiva
decretada pelo juiz estadual de São Lourenço (todas as cidades estão no mesmo estado).
No momento da prisão, também é lavrado o flagrante pelo porte de 800g de maconha, com-
prada com o dinheiro do roubo e destinada a venda. O flagrante é homologado e, dez dias
depois, o juiz de direito da comarca de Camaquã recebe a denúncia por tráfico de substância
entorpecente.
a) Qual Justiça será competente para julgá-los?
b) Qual será o órgão?
c) Onde (foro) serão julgados?
d) O que deverá fazer o juiz com competência prevalente quando receber a denúncia e
verificar a instauração de processo-crime na cidade de Camaquã?
capítulo 2 • 61
Resposta problema 1
a) Pedro, Marcos e José serão julgados por todos os delitos, na Justiça Comum Estadual.
Atenção: não é de competência da Justiça Militar Estadual, ainda que um dos crimes tenha
sido cometido contra militar, pois a Justiça Militar Estadual nunca julga civis, só militares (art.
125, § 4º, da Constituição Federal).
b) Os crimes praticados são furto (CP, art. 155), dois latrocínios (CP, art. 157, §§ 1º e 3º)
e tráfico de substância entorpecente (art. 33 da lei nº 11.343). Não há crime de homicídio,
mas, sim, de latrocínio (roubo impróprio, pois a violência é empregada após a subtração para
assegurar a posse ou impunidade), por isso serão julgados pelo Juiz de Direito e não pelo
Tribunal do Júri. Se, em vez de latrocínio, fosse homicídio, a situação se alteraria completa-
mente, sendo todos os fatos e réus julgados no Tribunal do Júri.
c) Quanto ao foro, será competente o Juiz da Comarca de São Lourenço, local da in-
fração mais grave (latrocínio), art. 78, inciso II, “a” do Código de Processo Penal, e prevento
(CPP, art. 78, II, “c”). Existe em “empate” no critério local da infração mais grave entre São
Lourenço e Guaíba. O desempate se dá pela utilização da alínea “c”, ou seja, a prevenção,
pois na primeira cidade existe um mandado de prisão expedido pelo Juiz.
d) Caso o processo tenha sido instaurado em diversas comarcas, o juiz de São Louren-
ço (competência prevalente) deverá avocar os demais processos, nos termos do art. 82 do
Código Processo Penal.
Problema 2
Previamente ajustados, Jorge (policial federal) e Paulo (policial militar estadual), em ser-
viço e com equipamento oficial, exigem para si para si determinada importância indevida de
pessoa que abordaram em São Paulo e, ato contínuo, ameaçaram-na caso relate o ocorrido.
Na continuação, ao efetuarem outra prisão na cidade vizinha de Registro, cometeram o delito
de abuso de autoridade (lei nº 4.898/1965) e, posteriormente, matam outro detido, em Cam-
pinas, para assegurar a impunidade em relação aos delitos anteriores.
Pergunta:
a) Há conexão ou continência?
b) Qual Justiça e órgão será(ão) competente(s) para julgar quem e por quais delitos?
Resposta problema 2
a) Existe conexão intersubjetiva concursal e também objetiva, conforme o caso. Contudo,
haverá cisão, nos termos do art. 79, inciso I do Código de Processo Penal, pois a Justiça
Militar irá julgar o policial militar pelos crimes militares, separando o processo.
62 • capítulo 2
b) Policial Militar: será julgado na Justiça Militar Estadual pelos delitos de concussão (art.
305 do Código Penal Militar) e ameaça (art. 223 do Código Penal Militar). Não será julgado
na Justiça Militar pelo crime de abuso de autoridade porque não é crime militar. Quanto ao
homicídio doloso contra civil, também não será julgado na Justiça Militar, pois assim determi-
na a lei nº 9.299, já incorporada ao texto constitucional.
Policial Federal: será julgado por todos os delitos na Justiça Comum Federal (Súmula
147 por analogia e art. 109, IV, da Constituição Federal), pois foram atos praticados em razão
da função (propter officium). Quanto ao órgão, será o Tribunal do Júri (para todos os crimes),
da comarca de Campinas, nos termos do art. 78, I do Código de Processo Penal.
Importante considerar que o policial militar também será julgado na Justiça Federal, no
Tribunal do Júri de Campinas, conjuntamente com o policial federal, pelos crimes de abuso
de autoridade e homicídio doloso.
Obs.:
Esses crimes não foram julgados na Justiça Militar Estadual porque não lhe competiam.
Súmula 90 e 172 STJ.
capítulo 2 • 63
STJ – CONFLITO DE COMPETÊNCIA CC 135924 SP 2014/0232032-0 (STJ) Re-
lator: Ministro NEFI CORDEIRO, Data de Julgamento: 22/10/2014, S3 – TER-
CEIRA SEÇÃO, data de publicação: DJe 31/10/2014.
64 • capítulo 2
3
Resposta à
Acusação
3.1 Considerações iniciais
A lei nº 11.719 foi publicada no dia 20 de junho de 2008.
Ela trouxe para o Código de Processo Penal a chamada defesa preliminar,
entre outras mudanças importantes. Ao contrário da antiga defesa prévia, re-
vogada e facultativa, em que simplesmente se afirmava que as provas seriam
produzidas em momento oportuno e era apresentado o rol de testemunhas, a
nova defesa preliminar do art. 396-A, é mais complexa e, o mais importante,
obrigatória.
A apresentação de resposta à acusação é obrigatória em face de a sua não
apresentação constituir nulidade. O juiz deve nomear advogado ah doc quando
o defensor do acusado não apresentar a resposta à acusação.
É necessário que se requeira a oitiva das testemunhas em caráter
indispensável, com a finalidade de no caso de uma delas faltar, poder haver a
substituição.
3.2 Conceito
A resposta à acusação é um ato processual concedido à defesa para se pronun-
ciar pela primeira vez no processo, sendo de natureza obrigatória. Sua falta
constitui o cerceamento de defesa, em face do princípio constitucional da am-
pla defesa se dividir em duas garantias, quais sejam: na autodefesa e defesa
técnica.
Não sendo apresentada a resposta à acusação pela defesa, será nomeado
um defensor dativo ao acusado para representá-lo, conforme dispõe o art. 396-
A, do Código de Processo Penal.
A resposta à acusação é apresentada ao próprio juiz da causa ao qual a ação
penal foi distribuída e conquanto não seja obrigatório, o seu conteúdo poderá
ser dividido em três partes: a) dos fatos; b) do direito; c) do pedido.
3.3 Prazo
É de dez (10) dias o prazo para o oferecimento da resposta, a partir da citação
do acusado. No caso de o acusado ser citado por edital, o prazo (dez dias) se
66 • capítulo 3
iniciará a partir do dia em que nomear defensor ou comparecer pessoalmente.
Na forma do art. 564, inciso III, letra “e”, do Código de Processo Penal, não
sendo observado o prazo para a resposta, ocorrerá a nulidade dos atos posterio-
res por se considerar ter havido cerceamento de defesa.
capítulo 3 • 67
Não seria razoável que o juiz, constatando a falta de uma das condições da
ação, prosseguisse a instrução processual mesmo assim apenas pelo fato de já
haver prolatado decisão recebendo a peça acusatória. Nesse caso, haveria uma
violação aos princípios da economia e celeridade processual.
Absolvição
sumária
Citação
Defesa (art. 397)
Réu citado
Recebimento preliminar
p/ se Rejeitar
(art. 396-A)
Denúncia defender absolvição
Rejeição sumária e
(art. 395, CPP) marcar
audiência
68 • capítulo 3
Quadro de fixação: Procedimento da resposta à acusação
capítulo 3 • 69
ATIVIDADES
Problema 1
Questão modificada VIII Exame de Ordem Unificado Direito Penal 2012.11
Visando abrir um restaurante, José pede 20 mil reais emprestados a Caio, assinando,
como garantia, uma nota promissória no aludido valor, com vencimento para o dia 15 de
maio de 2010. Na data mencionada, não tendo havido pagamento, Caio telefona para José
e, educadamente, cobra a dívida, obtendo do devedor a promessa de que o valor seria pago
em uma semana.
Findo o prazo, Caio novamente contata José, que, desta vez, afirma estar sem dinheiro,
pois o restaurante não apresentara o lucro esperado. Indignado, Caio comparece no dia 24
de maio de 2010 ao restaurante e, mostrando para José uma pistola que trazia consigo,
afirma que a dívida deveria ser saldada imediatamente, pois, do contrário, José pagaria com a
própria vida. Aterrorizado, José entra no restaurante e telefona para a polícia, que, entretanto,
não encontra Caio quando chega ao local.
Os fatos acima referidos foram levados ao conhecimento do delegado de polícia da lo-
calidade, que instaurou inquérito policial para apurar as circunstâncias do ocorrido. Ao final
da investigação, tendo Caio confirmado a ocorrência dos eventos em sua integralidade, o
Ministério Público o denuncia pela prática do crime de extorsão qualificada pelo emprego de
arma de fogo. Recebida a inicial pelo juízo da 5ª Vara Criminal, o réu é citado no dia 18 de
janeiro de 2011.
Procurado apenas por Caio para representá-lo na ação penal instaurada, sabendo-se
que Joaquim e Manoel presenciaram os telefonemas de Caio cobrando a dívida vencida, e
com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso
concreto acima, redija, no último dia do prazo, a peça cabível, invocando todos os argumentos
em favor de seu constituinte.
70 • capítulo 3
7. Datas:
8. Ação Penal: ( ) Pública Incondicionada ( ) Pública Condicionada ( ) Ação Penal Pri-
vada ( )
9. Rito:
10. Situação Prisional: ( ) Solto ( ) Preso
Competência:
1. Juiz ( )
a) Vara Criminal
b) Vara do Júri
c) Vara do Juizado Especial Criminal
d) Vara Criminal Federal
e) Vara do Juizado Especial Criminal Federal
f) Vara das Execuções Criminais
g) Do Departamento de Inquéritos Policiais – DIPO
2. Tribunal ( )
a) De Justiça
b) Regional Federal
c) Colégio Recursal
capítulo 3 • 71
d) Colégio Recursal Federal
e) Regional Eleitoral
3. Tribunais Superiores ( )
a) STF
b) STJ
c) TSE
Tese:
1. Falta de Justa Causa ( )
2. Nulidade ( )
3. Extinção da Punibilidade ( )
4. Abuso de Autoridade ( )
5. Requerimento do réu ( )
6. Requerimento da vítima ( )
Estrutura:
a) Endereçamento:
b) Preâmbulo:
c) Fatos:
d) Fundamentos:
e) Pedido:
f) Pedido Subsidiário:
Resposta — Problema 1
O candidato deverá redigir uma resposta à acusação, prevista no artigo 396 do CPP, a
ser endereçada ao juízo da 5ª Vara Criminal e apresentada no dia 28 de janeiro de 2011.
Na referida peça, o candidato deverá demonstrar que a conduta descrita pelo Ministério
Público caracterizaria apenas o crime de exercício arbitrário das próprias razões, previsto no
artigo 345 do CP, uma vez que para a configuração do delito de extorsão seria imprescindível
que a vantagem fosse indevida, sendo a conduta, com relação ao delito do artigo 158, atípi-
ca. Além disso, o candidato deverá esclarecer que o Ministério Público não é parte legítima
72 • capítulo 3
para figurar no polo ativo de processo criminal pelo delito de exercício arbitrário das próprias
razões, pois não houve emprego de violência. Em razão disso, o candidato deverá afirmar
que cabia a José ajuizar queixa-crime dentro do prazo decadencial de seis meses, contados
a partir do dia 24 de junho de 2010 e, uma vez não tendo sido oferecida a queixa até o dia
23 de novembro de 2010, incidiu sobre o feito o fenômeno da decadência, restando extinta
a punibilidade de Caio. Ao final, o candidato deve pedir a absolvição sumária de Caio, com
fundamento no artigo 397, III (pela atipicidade da extorsão) e IV (pela incidência da decadên-
cia), do CPP. Alternativamente, deve requerer a produção de prova testemunhal, com a oitiva
de Joaquim e Manoel.
Indicação correta do dispositivo legal que fundamenta a resposta à acusação (art. 396
do CPP e/ou art. 396-A do CPP).
capítulo 3 • 73
Pedidos:
a) absolvição com fundamento no art. 397, III do CPP e art. 397, IV, do CPP.
b) requerimento de produção de prova testemunhal ou indicação de rol de testemu-
nhas.
Problema 2
Questão modificada Exame de Ordem /CESPE-2008.3 Direito Penal
Mateus, 26 anos, foi denunciado pelo Ministério Público como incurso nas penas pre-
vistas no art. 213, c/c art. 224, alínea b, do Código Penal, por crime praticado contra Maísa,
de 19 anos. Na peça acusatória, a conduta delitiva atribuída ao acusado foi narrada nos
seguintes termos: “No mês de agosto de 2010, em dia não determinado, Mateus dirigiu-se
à residência de Maísa, ora vítima, para assistir, pela televisão, a um jogo de futebol. Naquela
ocasião, aproveitando-se do fato de estar a sós com Maísa, o denunciado constrangeu-a a
manter com ele conjunção carnal, fato que ocasionou a gravidez da vítima, atestada em laudo
de exame de corpo de delito. Certo é que, embora não se tenha valido de violência real ou
de grave ameaça para constranger a vítima a com ele manter conjunção carnal, o denun-
ciando aproveitou-se do fato de Maísa ser incapaz de oferecer resistência aos seus propó-
sitos libidinosos assim como de dar validamente o seu consentimento, visto que é deficiente
mental, incapaz de reger a si mesma. Nos autos, havia somente a peça inicial acusatória, os
depoimentos prestados na fase do inquérito e a folha de antecedentes penais do acusado.
O juiz da 2ª Vara Criminal do Estado XX recebeu a denúncia e determinou a citação do réu
para se defender no prazo legal, tendo sido a citação efetivada em 18/11/2012. Alessandro
procurou, no mesmo dia, a ajuda de um profissional e outorgou-lhe procuração ad juditia com
a finalidade específica de ver-se defendido na ação penal em apreço. Disse, então, a seu
advogado que não sabia que a vítima era deficiente mental, que já a namorava havia algum
tempo, que sua avó materna, Olinda, e sua mãe, Alda, que moram com ele, sabiam do namoro
e que todas as relações que manteve com a vítima eram consentidas. Disse, ainda, que nem
a vítima nem a família dela quiseram dar ensejo à ação penal, tendo o promotor, segundo
o réu, agido por conta própria. Por fim, Mateus informou que não havia qualquer prova da
74 • capítulo 3
debilidade mental da vítima.
Em face da situação hipotética apresentada, redija, na qualidade de advogado(a) consti-
tuído(a) pelo acusado, a peça processual, privativa de advogado, pertinente à defesa de seu
cliente.
Em seu texto, não crie fatos novos, inclua a fundamentação legal e jurídica, explore as
teses defensivas e date o documento no último dia do prazo para protocolo.
capítulo 3 • 75
3. Recurso:
a) com petição de interposição ( );
b) com petição de juntada ( )
Competência:
1. Juiz ( )
a) Vara Criminal
b) Vara do Júri
c) Vara do Juizado Especial Criminal
d) Vara Criminal Federal
e) Vara do Juizado Especial Criminal Federal
f) Vara das Execuções Criminais
g) Do Departamento de Inquéritos Policiais – DIPO
2. Tribunal ( )
a) De Justiça
b) Regional Federal
c) Colégio Recursal
d) Colégio Recursal Federal
e) Regional Eleitoral
3. Tribunais Superiores ( )
a) STF
b) STJ
c) TSE
Tese:
1. Falta de Justa Causa ( )
2. Nulidade ( )
3. Extinção da Punibilidade ( )
4. Abuso de Autoridade ( )
76 • capítulo 3
5. Requerimento do réu ( )
6. Requerimento da vítima ( )
Estrutura
a) Endereçamento:
b) Preâmbulo:
c) Fatos:
d) Fundamentos:
e) Pedido:
f) Pedido Subsidiário:
Resposta — Problema 2
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CRIMINAL DA COMARCA
DE________________.
Interessante comentar aqui que, pelo fato de constar no problema em que Vara foi recebida a
denúncia, posso constar este dado no endereçamento. O mesmo não ocorreu com a Comar-
ca, sendo assim, tal dado não pode ser inventado.
MATEUS, já qualificado nos autos em epígrafe, que lhe move a Justiça Pública, por seu advo-
gado que a esta subscreve (procuração anexa), vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, dentro do prazo legal, oferecer
Sendo a primeira vez em que seu cliente se manifesta nos autos, necessário juntar instru-
mento de procuração – faça apenas menção ao documento.
Resposta à acusação
Com fulcro no artigo 396-A, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor:
Não deixe de citar o artigo em que se fundamenta a peça. É um ponto relevante explorado
pelo examinador.
capítulo 3 • 77
I – DOS FATOS:
Mateus foi denunciado porque, em agosto de 2010, supostamente teria se dirigido à resi-
dência de Maísa e a constrangido a com ele manter conjunção carnal, resultando assim na
gravidez da suposta vítima, conforme laudo de exame de corpo de delito. Narra ainda a exor-
dial que, embora não se tenha se valido de violência real ou de grave ameaça para a prática
do ato, o réu teria se aproveitado do fato de Maísa ser incapaz de oferecer resistência ao
propósito criminoso, assim como de validamente consentir, por se tratar de deficiente mental,
incapaz de reger a si mesma.
Faça um pequeno resumo do que é narrado no problema atentando-se para aspectos rele-
vantes a serem explorados quando da argumentação.
II – DO DIREITO:
Em primeiro lugar, na ordem de temas a serem tratados na peça processual, deve-se traba-
lhar com as preliminares.
Como se vê pelo artigo 225 do Código Penal, somente se procede mediante ação penal
pública condicionada nos casos de hipossuficiência financeira da vítima e de seus genitores.
Trata-se, portanto, de ação penal pública condicionada à representação, sendo esta uma
manifestação do ofendido ou de seu representante legal, no sentido de autorizar o Ministério
Público a iniciar a ação penal. A representação é, nestes termos, uma condição de procedi-
bilidade.
Doutrina citada apenas para demonstrar a tese com maior clareza. Não há necessidade, na
prova prático-profissional da OAB, de citar doutrinas.
78 • capítulo 3
Diante de tal situação, há que se comentar que a representação é uma condição específica
para esse tipo de ação sem a qual a ação penal sequer deveria ter sido ajuizada.
Nesses termos, o que se denota é a ocorrência de uma da causa de nulidade, sendo esta, de
modo específico, prevista no artigo 564, III, a do Código de Processo Penal.
No que diz respeito ao mérito, devemos nos atentar para o fato de que o réu desconhecia a
alegada condição de tratar-se a vítima de débil mental, sendo este um dos requisitos previs-
tos em lei para que se presuma a violência. Senão vejamos:
Art. 224 – Presume-se a violência, se a vítima:
[…]
b) é alienada ou débil mental, e o agente conhecia esta circunstância.
Não sendo a debilidade aparente e, portanto, desconhecida pelo réu, os atos sexuais, nas
circunstâncias em que foram praticados, deram-se de forma não criminosa por manifesta
atipicidade.
Não bastassem tais circunstâncias, compulsando os autos, observa-se ainda a inexistência
de Laudo Pericial comprovando a alegada debilidade mental, que, aliás, não pode ser presu-
mida.
III – DO PEDIDO:
Do mesmo modo em que existe ordem certa para as alegações, existe para o pedido. Em
primeiro lugar, devemos elaborar os pedidos relacionados às preliminares, para só depois
mencionar aqueles ligados ao mérito.
Diante do exposto, requer seja anulada ab initio a presente ação penal, com fulcro no artigo
564, inciso II do Código de Processo Penal, devendo exordial ser rejeitada com fulcro no
artigo 395, inciso II do aludido Código. Não entendendo desta forma, requer seja o acusado
absolvido sumariamente com espeque no artigo 397, inciso III do Código de Processo Penal.
Entretanto, caso ainda não seja este o entendimento de Vossa Excelência, requer a reali-
zação de Exame Pericial, para que se verifique a higidez mental da suposta vítima e sejam
ouvidas as testemunhas a seguir arroladas no decorrer da instrução:
capítulo 3 • 79
Testemunha 1 – Romilda, qualificada à fl. __.
Neste caso somente citamos os nomes das testemunhas porque trazidos no problema. Não
sendo citado nenhum nome na questão, não deixe de apresentar o rol, por ser esta a única
oportunidade para a defesa proceder desta forma. Assim, caso não seja possível indicar os
nomes na sua peça, aponte apenas “Testemunha 01 – ____” e demonstre seu conhecimento
sobre a imprescindibilidade.
Nesses termos,
Pede deferimento.
Local, data.
Somente não foi citada a data de apresentação da peça porque no caso em tela não foi
esclarecida a data de abertura do prazo, mas cuidado com esse requisito. Aproveitamos para
destacar que, caso o problema forneça o local, deve ser citado neste momento.
Em nenhuma hipótese você pode se identificar, sob pena de ser anulada sua prova.
Problema 3
Carlos, 32 anos, vê-se denunciado perante a 12ª Vara Criminal de Minas Gerais porque
teria, juntamente com outros tantos rapazes, danificado um telefone público que existe na
rua em que vivem. A denúncia, embora alcance outro rapaz e faça menção a vários outros
que estavam no local participando da mesma conduta, é lacônica, pois foi baseada em fatos
indefinidos, tais como: “eles fizeram” ou “eles agiram dolosamente contra o bem público”,
limitando-se a afirmar, quanto a Carlos, que sua personalidade desajustada está devidamente
comprovada pelo fato de ser reincidente (devidamente comprovado pela certidão cartorária).
A exordial reporta-se ao art. 163, parágrafo único, I, do Código Penal, e Carlos foi citado de
seu inteiro teor. Os demais rapazes foram excluídos da peça vestibular sem qualquer razão
justificada. Elabore a medida cabível em favor de Carlos.
80 • capítulo 3
Esquema para identificar a Peça Prático-Profissional
Problema 3
1. Petição Inicial ( )
2. Requerimento/Manifestação nos autos ( )
3. Recurso: a) com petição de interposição ( ); b) com petição de juntada ( )
Competência:
1. Juiz ( )
a) Vara Criminal
b) Vara do Júri
capítulo 3 • 81
c) Vara do Juizado Especial Criminal
d) Vara Criminal Federal
e) Vara do Juizado Especial Criminal Federal
f) Vara das Execuções Criminais
g) Do Departamento de Inquéritos Policiais – DIPO
2. Tribunal ( )
a) De Justiça
b) Regional Federal
c) Colégio Recursal
d) Colégio Recursal Federal
e) Regional Eleitoral
3. Tribunais Superiores ( )
a) STF
b) STJ
c) TSE
Tese:
1. Falta de Justa Causa ( )
2. Nulidade ( )
3. Extinção da Punibilidade ( )
4. Abuso de Autoridade ( )
5. Requerimento do réu ( )
6. Requerimento da vítima ( )
Estrutura
a) Endereçamento:
b) Preâmbulo:
c) Fatos:
d) Fundamentos:
82 • capítulo 3
e) Pedido:
f) Pedido Subsidiário:
Resposta — Problema 3
Peça – Resposta à Acusação (artigos 396 e 396-A do Código Penal)
Competência: Juiz da 12ª Vara Criminal de Minas Gerais.
Tese: Nulidade – art. 564, IV, do CPP e art. 41 do CPP.
A denúncia é inepta, faltando-lhe requisito essencial, qual seja, a exposição do fato cri-
minoso com todas as suas circunstâncias. O enunciado é claro ao afirmar que a denúncia é
lacônica, refere-se a fatos indefinidos, não expondo o fato criminoso, além de não individua-
lizar a conduta praticada por cada agente. Nesse caso, descabia a suspensão condicional do
processo por ser o réu reincidente.
Pedido:
a) anulação da ação penal ab initio;
b) intimação das testemunhas.
Autos n°...
FULANO DE TAL, naturalidade, estado civil, profissão, portador do Registro Geral sob o nº
desconhecido e inscrito no CPF sob o nº desconhecido, residente e domiciliado na (ENDE-
REÇO COMPLETO), nos autos da AÇÃO PENAL em epígrafe, que move em seu desfavor o
Ministério Público, vem à presença de Vossa Excelência, por seu Defensor, que esta subs-
capítulo 3 • 83
creve apresentar sua RESPOSTA À ACUSAÇÃO, com fulcro no artigo 396-A do Código de
Processo Penal, para tanto expor e ao final requerer:
I – DOS FATOS
Descreva os fatos sucintamente.
II – DO DIREITO
III – DO PEDIDO
Requer que sejam arroladas as mesmas testemunhas elencadas na denúncia.
Nestes termos, pede deferimento.
STF – HABEAS CORPUS HC 123099 SP (STF) Relator: Min. TEORI ZAVASCKI, Data
de Julgamento: 09/09/2014, Segunda Turma.
Data de publicação: 25/09/2014.
84 • capítulo 3
Ementa: HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. ESTELIONATO. DECISÃO QUE EXA-
MINA A RESPOSTA À ACUSAÇÃO (CPP, ART. 396-A). AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO.
NÃO OCORRÊNCIA. ORDEM DENEGADA. 1. O juízo de primeiro grau, ainda que de forma
sucinta, examinou as teses defensivas, ressaltando que a denúncia não se revela inepta e
os elementos informativos existentes são suficientes para o prosseguimento da ação penal,
não havendo falar, por isso, em nulidade da decisão por ausência de fundamentação. 2. Ade-
mais, não se pode afirmar que a decisão que rejeitou as questões suscitadas na resposta à
acusação (CPP, art. 396-A) implique constrangimento ilegal ao direito de locomoção do pa-
ciente. A defesa terá toda a instrução criminal, com observância ao princípio do contraditório,
para sustentar suas teses e produzir provas de suas alegações, as quais serão devidamente
examinadas com maior profundidade no momento processual adequado. 3. Habeas corpus
denegado.
capítulo 3 • 85
86 • capítulo 3
4
Memoriais
4.1 Considerações
As alegações finais em memoriais foram incluídas no CPP pela lei nº
11.719/2008. Antes da reforma, as alegações eram oferecidas por escrito, no
prazo de três dias (art. 500 do CPP, revogado). Com a alteração, as alegações
finais serão, em regra, oferecidas oralmente, ao final da audiência, para uma
maior celeridade do processo, mas, excepcionalmente, o juiz poderá abrir pra-
zo para que as partes ofereçam suas alegações finais por escrito, em memoriais.
Pensando em casos como processos com muito réus, quando as alegações
finais orais poderiam gerar tumulto e desatenção e em processos que discutam
causas mais complexas, o legislador incluiu o §3º do art. 403 do CPP que diz:
“O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de
acusados, conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para
a apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) dias para
proferir a sentença.”
Nessas hipóteses, a fundamentação legal dos memoriais será o art. 403, §3º
do CPP.
4.2 Conceito
É a peça cabível ao término da instrução probatória, em substituição aos deba-
tes orais – encerrada a audiência, as partes manifestam-se oralmente, e, logo
após, é proferida a sentença. No entanto, em hipóteses excepcionais, a mani-
festação pode ser feita por meio de memoriais, ou seja, por escrito, em petição
endereçada ao juiz que proferirá a sentença.
88 • capítulo 4
No que se refere a não apresentação de memoriais por parte do Ministério
Público, pode ser tratada pelo magistrado como tentativa de desistência do pro-
cesso, o que se apresenta incompatível com o princípio da indisponibilidade
da ação penal pública (CP, art. 42). O Ministério Público tem o dever legal de
agir e sua intervenção é obrigatória na ação penal pública, cabe ao juiz, diante
da recusa de manifestação, dar vista dos autos ao Promotor de Justiça, subs-
tituto automático, sem prejuízo de, aplicando-se subsidiariamente o art. 28
do Código de Processo Penal, determinar a remessa dos autos ao Procurador-
Geral de Justiça.
Na hipótese de crime de ação penal privada, deve ser feita uma distinção:
em se tratando de crime de ação penal privada subsidiária da pública, eviden-
ciada a negligência do querelante pela não apresentação de memoriais, o órgão
ministerial retomará a ação como parte principal, conforme dispõe o art. 29, in
fine, do código de Processo Penal.
Na hipótese de ação penal exclusivamente privada e personalíssima, se o
querelante não apresentar alegações finais, quer dizer, não postular a conde-
nação do acusado, acarreta na extinção da punibilidade em face da perempção,
conforme art. 60, inciso III, do Código de Processo Penal.
No caso da defesa, como se trata da última oportunidade para se mani-
festar antes da sentença, sem sombra de dúvida quanto à imprescindibilida-
de de sua apresentação, sob pena de evidente violação à ampla defesa. À luz
da Constituição Federal, a defesa técnica não é mera exigência formal, mas,
sim, garantia que não pode ser suprimida, de caráter necessário. Portanto, se
o advogado constituído deixar de apresentar as alegações finais, apesar de ser
regularmente intimado por duas vezes, essa circunstância não justifica que o
acusado suporte as consequências danosas da desídia de seu defensor. Assim,
verificada a negligência ou má-fé do defensor, cabe ao juiz intimar o acusado
para constituir novo advogado para apresentação dos memoriais, sob pena de
nomeação de defensor dativo.
capítulo 4 • 89
a acusação não ter comprovado que o crime de fato ocorreu, o defensor deverá
pedir ao juiz que seja deferida a absolvição sumária por falta de materialidade
delitiva.
Em muitos casos, durante a instrução do processo, verifica-se não consistir
o fato infração penal, ou seja, os fatos não são exatamente os descritos na peti-
ção inicial. Se a conduta imputada ao réu não consistir crime, a defesa deverá
pedir a absolvição sumária por atipicidade.
Não existindo prova de que o réu concorreu para a ação penal, ou no caso de
estar provado que o mesmo não concorreu com o crime, a tese será de negativa
de autoria, pois caso a defesa prove que ele não está ligado ao crime ou a acu-
sação não tenha provado seu envolvimento, caberá a absolvição sumária, pois
nesta fase a dúvida beneficiará o réu.
Na hipótese de existirem circunstâncias que excluam o réu do crime, o isen-
tem de pena ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência, nessas
hipóteses, como o próprio inciso VI indica, estão dispostas nos artigos 20, 21,
22, 23, 26 e §1º do art. 28. São os casos de legítima defesa, estrito cumprimen-
to do dever legal, estado de necessidade e inimputabilidade, crime impossível,
entre outros.
Quando não existirem provas suficientes para a condenação, é um inciso
genérico que deverá ser usado na ausência de outro mais adequado. Qualquer
outra dúvida que possa levar à absolvição do réu deverá ser alegada, pois para
uma condenação, é necessário estarem presentes todos os elementos que obri-
guem o réu a responder pelo crime.
O defensor deverá estar atento a qualquer nulidade ocorrida durante o pro-
cesso para arguí-la nos memoriais. O ato viciado, assim como os que se segui-
rem, deverá ser anulado. O pedido de declaração de nulidade deverá ser pleite-
ado preliminarmente. As nulidades se encontram enumeradas nos incisos I, II,
III e IV, bem como, parágrafo único, todos do art. 564 do CPP.
A defesa deverá fundamentar o pedido de extinção da punibilidade nas hi-
póteses dispostas no art. 107 do CP. Caso a defesa constate qualquer causa de
prescrição, decadência, perempção ou qualquer outra, deverá pedir seu reco-
nhecimento e a consequente extinção do processo. Esse pedido também deve-
rá ser feito como preliminar.
No caso de afastamento de agravantes ou aplicação de atenuantes, deverá
ser observado o art. 61 do CP onde estão as agravantes e o art. 65, onde se encon-
tram algumas atenuantes. Tudo o que for favorável ao réu deverá ser alegado.
90 • capítulo 4
O defensor deverá ficar atento a qualquer tese que beneficie o réu, tais como
o afastamento de qualificadoras ou de causas de aumento. Por exemplo, seria
o caso de demonstrar que o roubo não foi com emprego de arma de fogo, afas-
tando-se a causa de aumento de pena (art. 157, I do CP).
Na hipótese de aplicação da pena no mínimo legal é possível alegar circuns-
tâncias que influam na dosimetria da pena, como a primariedade por exemplo.
No caso de condenação, por cautela, deverá a defesa alegar qualquer hipó-
tese de benefício para o réu, como a substituição da pena privativa de liberdade
por restritiva de direitos, sursis, aplicação de regime mais brando etc. São con-
cessões de benefícios previstos em lei.
Quando se tratar de ação penal privada, é conveniente ressaltar que a não
apresentação de alegações finais do querelante importará perempção, causa
de extinção da punibilidade, bem a ausência de pedido de condenação (art.60,
III, CPP).
4.5 Prazos
Não havendo requerimento de diligências feito pelas partes, na fase do art. 402
do Código de Processo Penal, segue-se a fase das alegações finais, devendo as
partes apresentar alegações finais por vinte (20) minutos, respectivamente,
pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por mais dez (10) minutos e a seguir o
juiz proferirá a sentença.
No caso de se tratar de alegações finais em procedimento do júri, se deve-
rá ponderar sobre certas peculiaridades, o procedimento do Júri é dividido em
duas fases. Sendo que a primeira delas é encerrada com a decisão do juiz de
primeiro grau e a segunda emana do conselho de sentença com a participação
do Juiz presidente.
A primeira decisão consistirá na sentença de pronúncia ou impronúncia do
réu e o defensor deverá elaborar os memoriais antes da sentença da primeira
fase do júri externando todos os argumentos que possam eximir o réu de passar
pelo crivo dos jurados.
Para tanto, há três teses principais quais sejam:
a) A primeira tese é a de que se deverá alegar que não há indícios suficien-
tes de materialidade ou de autoria: embora na primeira fase do júri prevaleçam
os interesses pro societate, para que o réu seja submetido ao julgamento dos
capítulo 4 • 91
jurados deve haver um lastro probatório mínimo que o aponte como sujeito ati-
vo do crime e que o mesmo de fato tenha ocorrido.
b) Na segunda, deverá ser pleiteada a desclassificação para outro crime: em
sendo deferida a desclassificação, a competência do Tribunal do Júri será afas-
tada, ex.: homicídio tentando para lesão corporal grave.
c) Finalmente, na terceira tese, se deve pedir a absolvição sumária: este pe-
dido terá como fundamentação o art. 415 do CPP e será deferido se presentes
as seguintes hipóteses: I – provada a inexistência do fato; II – provado não ser
ele autor ou partícipe do fato; III – o fato não constituir infração penal; IV –
demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime. É convenien-
te observar que o parágrafo único desse mesmo artigo veda a aplicação do IV
quando o defensor alegar inimputabilidade (a chamada absolvição imprópria),
exceto quando essa for a única tese de defesa, pois nesse caso estaria sendo
retirada do réu a possibilidade de absolvição própria, baseada em outras teses
de defesa. Nos outros casos, os pedidos de absolvição sumária deverão se fun-
damentar no art. 386 do CPP.
4.6 Sentença
Na forma do parágrafo terceiro, do art. 403, do Código de Processo Penal, con-
siderada a complexidade do caso ou o número de acusados, o juiz poderá con-
ceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para a apresentação
de memoriais. Nesse caso, o juiz terá o prazo de 10 (dez) dias para prolatar a
sentença.
Nesse caso, como a sentença não será proferida na própria audiência, cabe
ao juiz que chamou os autos à conclusão sentenciar, fato que não ocorria antes
da lei nº 11.719/2008.
Juiz: absolvição
sumária (art. 397,
Resposta CPP) Sentença
Citação escrita à condenatória [art.
acusação Juiz: não concede Audiência de Alegações finais 387, CPP]
a absolvição instrução [art. 400, escritas [conversão
sumária CPP] - art. 403, §3o, CPP] Sentença
absolutória [art.
386, CPP]
92 • capítulo 4
Quadro de fixação: Apresentação dos memoriais no procedimento
especial
Tribunal do júri
Pronúncia - art.
413, CPP
Impronúncia - art.
Resposta Audiência de Alegações finais 414, CPP
Citação escrita à instrução [art. 411, escritas [conversão Decisão do Juiz
acusação CPP] - art. 403, §3o, CPP] Absolvição
sumária - art.
415, CPP
Desclassificação
do crime - art.
419, CPP
ATIVIDADES
Questão modificada XIV Exame de Ordem Unificado 2014 – Direito Penal
Problema 1
Jorge, 21 anos, em um bar com outros amigos, conheceu Analisa, linda jovem por quem
se encantou. Após um bate-papo informal e beijos trocados, decidiram ir para um local mais
reservado. Nesse local trocaram carícias, e Analisa, de forma voluntária, praticou sexo oral e
vaginal com Jorge.
Depois da noite juntos, ambos foram para suas residências, tendo antes trocado telefo-
nes e contatos nas redes sociais.
No dia seguinte, Jorge, ao acessar a página de Analisa em uma rede social, descobre
que, apesar da aparência adulta, esta possui apenas 13 (treze) anos de idade, tendo Jorge
ficado em choque com essa constatação.
O seu medo foi corroborado com a chegada da notícia, em sua residência, da denúncia
movida por parte do Ministério Público Estadual, pois o pai de Analisa, ao descobrir o ocorri-
do, procurou a autoridade policial, narrando o fato.
Por Analisa ser inimputável e contar, à época dos fatos, com 13 (treze) anos de idade, o
Ministério Público Estadual denunciou Jorge pela prática de dois crimes de estupro de vul-
nerável, previsto no artigo 217- A, na forma do artigo 69, ambos do Código Penal. O Parquet
requereu o início de cumprimento de pena no regime fechado, com base no artigo 2º, §1º,
da lei 8.072/90, e o reconhecimento da agravante da embriaguez preordenada, prevista no
artigo 61, II, alínea “l”, do CP.
O processo teve início e prosseguimento na XX Vara Criminal da cidade de Curitiba, no
estado do Paraná, local de residência do réu.
capítulo 4 • 93
Jorge, por ser réu primário, ter bons antecedentes e residência fixa, respondeu ao pro-
cesso em liberdade.
Na audiência de instrução e julgamento, a vítima afirmou que aquela foi a sua primeira
noite, mas que tinha o hábito de fugir de casa com as amigas para frequentar bares de
adultos.
As testemunhas de acusação afirmaram que não viram os fatos e que não sabiam das
fugas de Ana para sair com as amigas.
As testemunhas de defesa, amigos de Jorge, disseram que o comportamento e a ves-
timenta da Analisa eram incompatíveis com uma menina de 13 (treze) anos e que qualquer
pessoa acreditaria ser uma pessoa maior de 14 (quatorze) anos, e que Jorge não estava
embriagado quando conheceu Analisa.
O réu, em seu interrogatório, disse que se interessou por Analisa por ser ela muito bo-
nita e por estar bem vestida. Disse que não perguntou a sua idade, pois acreditou que no
local somente pudessem frequentar pessoas maiores de 18 (dezoito) anos. Corroborou que
praticaram o sexo oral e vaginal na mesma oportunidade, de forma espontânea e voluntária
por ambos.
A prova pericial atestou que a menor não era virgem, mas não pôde afirmar que aquele
ato sexual foi o primeiro da vítima, pois a perícia foi realizada longos meses após o ato sexual.
O Ministério Público pugnou pela condenação de Jorge nos termos da denúncia.
A defesa de Jorge foi intimada no dia 24 de abril de 2014 (quinta-feira).
Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo
caso concreto acima, redija a peça cabível, no último dia do prazo, excluindo a possibilidade
de impetração de Habeas Corpus, sustentando, para tanto, as teses jurídicas pertinentes.
94 • capítulo 4
9. Rito:
10. Situação Prisional: ( ) Solto ( ) Preso
1. Petição Inicial ( )
2. Requerimento/Manifestação nos autos ( )
3. Recurso:
a) com petição de interposição( )
b) com petição de juntada ( )
Competência:
1. Juiz ( )
a) Vara Criminal
b) Vara do Júri
c) Vara do Juizado Especial Criminal
d) Vara Criminal Federal
e) Vara do Juizado Especial Criminal Federal
f) Vara das Execuções Criminais
g) Do Departamento de Inquéritos Policiais – DIPO
2. Tribunal ( )
a) De Justiça
b) Regional Federal
c) Colégio Recursal
d) Colégio Recursal Federal
e) Regional Eleitoral
capítulo 4 • 95
3. Tribunais Superiores ( )
a) STF
b) STJ
c) TSE
Tese:
1. Falta de Justa Causa ( )
2. Nulidade ( )
3. Extinção da Punibilidade ( )
4. Abuso de Autoridade ( )
5. Requerimento do réu ( )
6. Requerimento da vítima ( )
Estrutura
a) Endereçamento:
b) Preâmbulo:
c) Fatos:
d) Fundamentos:
e) Pedido:
f) Pedido Subsidiário:
Resposta — Problema 1
O examinando deve redigir alegações finais na forma de memoriais, com fundamento
no art. 403, § 3º, do Código de Processo Penal, sendo a petição dirigida ao juiz da XX Vara
Criminal de Vitória, Estado do Espírito Santo.
Conforme narrado no texto da peça prático-profissional, o examinando deveria abordar
em suas razões a necessidade de absolvição do réu diante do erro de tipo escusável, que
colimou na atipicidade da conduta. Conforme ficou narrado no texto da peça prático-pro-
fissional, o réu praticou sexo oral e vaginal com uma menina de 13 (treze) anos, que pelas
condições físicas e sociais aparentava ser maior de 14 (quatorze) anos.
96 • capítulo 4
O tipo penal descrito no artigo 217-A do CP, estupro de vulnerável, exige que o réu
tenha ciência de que se trata de menor de 14 (quatorze) anos. É certo que o consentimento
da vítima não é considerado no estupro de vulnerável, que visa tutelar a dignidade sexual
de pessoas vulneráveis. No entanto, tal reforma penal não exclui a alegação de erro de tipo
essencial, quando verificado, no caso concreto, a absoluta impossibilidade de conhecimento
da idade da vítima.
Na leitura da realidade, o réu acreditou estar praticando ato sexual com pessoa maior de
14 (quatorze) anos, incidindo, portanto, a figura do erro de tipo essencial, descrita no artigo
20, caput, do CP.
Como qualquer pessoa naquela circunstância incidiria em erro de tipo essencial e como
não há previsão de estupro de vulnerável de forma culposa, não há outra solução senão a
absolvição do réu, com base no artigo 386, III, do CPP.
Por sua vez, o examinando deveria desenvolver que no caso de condenação haveria a ne-
cessidade do reconhecimento de crime único, sendo excluído o concurso material de crimes.
A prática de sexo oral e vaginal no mesmo contexto configura crime único, pois a reforma
penal oriunda da lei nº 12.015/2009 uniu as figuras típicas do atentado violento ao pudor e
o estupro numa única figura, sendo, portanto, um crime misto alternativo.
Prosseguindo em sua argumentação, o examinando deveria rebater o pedido de reco-
nhecimento da agravante da embriaguez preordenada, pois não foram produzidas provas no
sentido de que Felipe se embriagou com intuito de tomar coragem para a prática do crime,
também indicando a presença da atenuante da menoridade.
Por fim, por ser o réu primário, de bons antecedentes e por existir crime único e não con-
curso material de crimes, o examinando deveria requerer a fixação da pena-base no mínimo
legal, com a consequente fixação do regime semiaberto.
Apesar de o crime de estupro de vulnerável, artigo 217- A do CP, estar elencado como
infração hedionda na lei nº 8.072/1990, conforme artigo 1º, IV, o STF declarou a inconsti-
tucionalidade do artigo 2º, § 1º desta lei, sendo certo que o juiz ao fixar o regime inicial para
o cumprimento de pena deve analisar a situação em concreto e não o preceito em abstrato.
Assim, diante da ocorrência de crime único, cuja pena será fixada em 8 (oito) anos de reclu-
são, sendo o réu primário e de bons antecedentes, o regime semiaberto é a melhor solução
para o réu, pois o artigo 33, §2º, alínea “a”, do CP, impõe o regime fechado para crimes com
penas superiores a 8 (oito) anos, o que não é o caso.
capítulo 4 • 97
Diante da condenação, de forma subsidiária:
b) Afastamento do concurso material de crimes, sendo reconhecida a existência de crime
único.
c) Fixação da pena-base no mínimo legal, o afastamento da agravante da embriaguez
preordenada e a incidência da atenuante da menoridade.
d) Fixação do regime semiaberto para início do cumprimento de pena, com base no
art. 33, § 2º, alínea “b”, do CP, diante da inconstitucionalidade do artigo 2º, § 1º, da lei nº
8.072/1990.
Por derradeiro, cabe destacar que o texto da peça prático-profissional foi expresso em
exigir a apresentação dos memoriais no último dia do prazo. Considerado o artigo 403,§ 3º,
do CPP, o prazo será de 5 (cinco) dias, sendo certo que o último dia para apresentação é o
dia 29 de abril de 2014.
Item 02 – Indicação correta do dispositivo legal que embasa a alegação final em forma
de memorial: art. 403, § 3, do CPP.
Item 03 – Da tese de absolvição por erro de tipo essencial, artigo 20, caput, do CP que
por ser escusável leva à atipicidade da conduta.
Item 04 – Da tese da prática de crime único, por ser o artigo 217-A do CP um tipo
misto alternativo.
98 • capítulo 4
Item 06 – Desenvolvimento jurídico acerca da necessidade de manutenção da pe-
na-base no mínimo legal para o crime de estupro de vulnerável, com a consequente
fixação do regime semiaberto de pena, com base no artigo 33, § 2º, alínea “b”, do CP,
considerando a inconstitucionalidade do artigo 2º, § 1º, da lei nº 8.072/1990.
Problema 2
Carlito, de 20 anos, foi denunciado pela prática do crime previsto no artigo 157, § 2º, I
e III, do CP, pois subtraiu, mediante grave ameaça, a quantia de R$ 10 mil reais que estava
em poder da vítima José, motoboy da empresa Valores S.A. Iniciada a audiência de instrução
e julgamento, Carlito foi o primeiro a ser ouvido, e confessou a prática do crime. No entan-
to, afirmou desconhecer o fato de a vítima estar transportando a vultosa quantia. Logo em
seguida, foi ouvida a vítima, José, que reconheceu o acusado, e relatou estar, no momento
do roubo – que ocorreu mediante o emprego de arma de fogo –, transportando até o Banco
Dinheiro a quantia pertencente à empresa Valores S.A., para que fosse depositada. Afirmou
ainda que, quando o acusado tomou-lhe a mochila onde estava o dinheiro, apenas ques-
tionou se havia um celular em seu interior, sem fazer qualquer menção aos R$ 10 mil, pois
possivelmente desconhecia a existência do dinheiro. Submetido o revólver utilizado no crime
à perícia, ficou comprovado um defeito que impossibilita o seu uso. O Ministério Público, em
alegações por escrito, pediu a condenação de Carlito nos termos da denúncia. Como advo-
capítulo 4 • 99
gado, elabore a peça adequada ao caso.
Esquema Para Identificar A Peça Prático-Profissional
Problema 2
1ª Parte – Visão Geral
1. Cliente:
2. Idade do agente:
3. Réu ( ) ou Vítima ( )
4. Crime:
5. Pena em abstrato:
6. Pena em concreto:
7. Datas:
8. Ação Penal: ( ) Pública Incondicionada ( ) Pública Condicionada ( ) Ação Penal Privada ( )
9. Rito:
10. Situação Prisional: ( ) Solto ( ) Preso
Competência:
1. Juiz ( )
a) Vara Criminal
b) Vara do Júri
100 • capítulo 4
c) Vara do Juizado Especial Criminal
d) Vara Criminal Federal
e) Vara do Juizado Especial Criminal Federal
f) Vara das Execuções Criminais
g) Do Departamento de Inquéritos Policiais – DIPO
2. Tribunal ( )
a) De Justiça
b) Regional Federal
c) Colégio Recursal
d) Colégio Recursal Federal
e) Regional Eleitoral
3. Tribunais Superiores ( )
a) STF
b) STJ
c) TSE
Tese:
1. Falta de Justa Causa ( )
2. Nulidade ( )
3. Extinção da Punibilidade ( )
4. Abuso de Autoridade ( )
5. Requerimento do réu ( )
6. Requerimento da vítima ( )
Estrutura
a) Endereçamento:
b) Preâmbulo:
c) Fatos:
capítulo 4 • 101
d) Fundamentos:
e) Pedido:
f) Pedido Subsidiário:
Processo nº ____,
(10 LINHAS)
I. DOS FATOS
Segundo a denúncia, no dia ____, o acusado subtraiu, mediante o emprego de arma de
fogo, a mochila pertencente à vítima, José, que transportava, naquele momento, a quantia de
R$ 10 mil pertencentes à empresa em que trabalha.
Recebida a denúncia, e apresentada, dentro do prazo legal, resposta à acusação, foi
designada e realizada audiência de instrução e julgamento, em que o réu foi o primeiro a ser
ouvido.
Naquela oportunidade, o acusado confessou o crime, mas afirmou desconhecer o fato de
a vítima estar transportando a quantia pertencente à pessoa jurídica Valores S.A.
A vítima, ouvida em seguida, afirmou que o acusado, aparentemente, desconhecia a exis-
tência da quantia, visto que somente fez referência à existência ou não de um telefone celular
no interior da mochila.
A arma do crime, um revólver calibre 38, segundo a perícia de fls. ____/____, é inócua,
pois possui um defeito que impossibilita o seu uso.
O Ministério Público, em memoriais, requereu a condenação de Carlito nos termos da
denúncia, pela prática do crime previsto no artigo 157, § 2º, I e III, do Código Penal.
102 • capítulo 4
II. DO DIREITO
Entretanto, como veremos a seguir, o entendimento do Parquet não encontra respaldo legal,
não sendo possível, portanto, a condenação do acusado nos termos da denúncia.
a) Preliminar – Nulidade
De acordo com o artigo 400 do Código de Processo Penal, a audiência de instrução e
julgamento deve seguir a seguinte ordem, sob pena de nulidade:
“Na audiência de instrução e julgamento, a ser realizada no prazo máximo de 60 (sessen-
ta) dias, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, à inquirição das testemunhas
arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, ressalvado o disposto no art. 222 deste
Código, bem como aos esclarecimentos dos peritos, às acareações e ao reconhecimento de
pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado”.
No presente caso, como já relatado anteriormente, ocorreu a inversão dos atos, tendo
ocorrido, primeiramente, o interrogatório do acusado, e só após foi ouvida a vítima.
Portanto, nos termos do artigo 564, IV, do Código de Processo Penal, a audiência de
instrução e julgamento é nula, devendo ser novamente realizada.
capítulo 4 • 103
acusado, realizado em inversão à ordem determinada pela legislação, com fulcro no artigo
564, IV, do Código de Processo Penal.
Subsidiariamente, caso Vossa Excelência entenda de forma diversa, requer o afasta-
mento de ambas as causas de aumento de pena, haja vista a sua inocorrência, bem como a
aplicação das atenuantes da confissão espontânea e da menoridade relativa, com base no
artigo 65, incisos I e II, “d”, do Código Penal.
Nos termos acima, pede deferimento.
Comarca, data.
Advogado,
OAB/___ n. ____.
Problema 3
Álvaro manteve em cárcere privado Sérgio, seu sobrinho, durante dois dias, sem autori-
zação expressa de seus pais. Quando estes descobriram o paradeiro do filho, acionaram a
polícia, e Sérgio foi libertado. Processado, como incurso nas penas do art. 148, §1º, IV, c/c art.
61, II, f, do Código Penal, finda a instrução, você como advogado, elabore a peça adequada
ao caso.
104 • capítulo 4
2ª Parte – Momento Processual
1. Antes do Recebimento da Denúncia/Queixa. ( )
2. Após o recebimento da Denúncia/Queixa e antes da Sentença. ( )
3. Após a sentença e antes do trânsito em julgado. ( )
4. Após o trânsito em julgado. ( )
• Discussão sobre a execução. ( )
• Discussão que não seja sobre a execução ( )
• Peça: (Identificar)
Competência:
1. Juiz ( )
a) Vara Criminal
b) Vara do Júri
c) Vara do Juizado Especial Criminal
d) Vara Criminal Federal
e) Vara do Juizado Especial Criminal Federal
f) Vara das Execuções Criminais
g) Do Departamento de Inquéritos Policiais – DIPO
2. Tribunal ( )
a) De Justiça
b) Regional Federal
c) Colégio Recursal
d) Colégio Recursal Federal
e) Regional Eleitoral
3. Tribunais Superiores ( )
a) STF
b) STJ
c) TSE
capítulo 4 • 105
4ª Parte – Pontos Discutíveis/Indiscutíveis
Pontos:
a) Pontos indiscutíveis:
b) Pontos discutíveis:
Tese:
1. Falta de Justa Causa ( )
2. Nulidade ( )
3. Extinção da Punibilidade ( )
4. Abuso de Autoridade ( )
5. Requerimento do réu ( )
6. Requerimento da vítima ( )
Estrutura
a) Endereçamento:
b) Preâmbulo:
c) Fatos:
d) Fundamentos:
e) Pedido:
f) Pedido Subsidiário:
Processo nº________
(Espaço de dez linhas)
Álvaro de tal, qualificado nos autos, do processo-crime que lhe move o Ministério Público do
Estado_______, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fundamento no
art. 403, § 3º, do Código de Processo Penal, apresentar os seus
MEMORIAIS 2
106 • capítulo 4
I. MATÉRIA PRELIMINAR (art. 571, II, CPP) 3
1. Do cerceamento de defesa
A defesa, após a inquirição das testemunhas de acusação, em audiência, requereu a
Vossa Excelência a oitiva de uma testemunha referida, que poderia prestar importantes es-
clarecimentos sobre os fatos, mas teve seu pleito indeferido.
O argumento utilizado para tanto se fundamentou na intempestividade da apresentação
da prova, ou seja, como a mencionada testemunha, já conhecida da defesa, não foi arrolada
em sua defesa prévia, não mais poderia ser deferida a sua oitiva.
Entretanto, Vossa Excelência não agiu com o costumeiro acerto, por fundamentalmente,
duas razões: em primeiro lugar, ainda que não fosse a testemunha ouvida como numerária,
deveria ser inquirida como testemunha do juízo (art. 209, CPP), em homenagem aos princí-
pios da busca da verdade real e da ampla defesa. Em segundo lugar, a defesa, embora co-
nhecesse a testemunha, não tinha noção quanto ela sabia a respeito do caso, o que somente
ficou claro quando a testemunha _____(fls.___) referiu-se, expressamente, a ela. Logo, não
foi arrolada anteriormente por não se ter noção do grau de conhecimento que detinha.
II. MÉRITO
1. Quanto ao mérito, o órgão acusatório somente conseguiu demonstrar a tipicidade do fato,
o que não se nega. Porém, longe está de se constituir crime.
A defesa admite, como, aliás, o próprio réu o fez em seu interrogatório, que determinou
ao sobrinho que permanecesse em seu quarto, durante o fim de semana, como medida de
proteção e finalidade educacional, tendo em vista o seu envolvimento com más companhias.
Portanto, a sua liberdade de ir e vir foi, realmente, privada.
capítulo 4 • 107
Mas o crime não se constitui apenas de tipicidade. Faltou, no caso presente, a ilicitude.
O acusado agiu no exercício regular de direito, como tio da vítima e pessoa encarregada
pelos pais do menino de com ele permanecer por determinado período, cuidando de sua
educação como se pai fosse. Esse poder educacional lhe foi conferido verbalmente pelos
pais, quando se ausentaram para viagem de lazer. Logo, não se pode argumentar que houve
ofensa a bem jurídico penalmente tutelado.
Os depoimentos dos pais da vítima (fls.___e fls.___) espelham exatamente o que ocorreu.
Antes de viajar, eles deram autorização verbal para o réu cuidar do filho “como se pai fosse”,
o que envolve, naturalmente, o direito de educar e, se necessário, aplicar a punição cabível,
desde que moderada, exatamente, o que ocorreu neste caso.
Não podem, pois, retornando mais cedo da viagem e encontrando o filho preso no quarto
da residência do réu, revogar aquilo que falaram, chamando a polícia e transformando o que
deveria ser uma mera discussão familiar num caso criminoso.
2. Na doutrina, ____.5
3. Assim, não entendendo Vossa Excelência, apenas para argumentar, 6 deve ser afastada,
ao menos, a agravante de crime cometido em relação de coabitação. A vítima não morava
com o réu, encontrando-se em sua residência apenas como hóspede. Logo, se alguma rela-
ção havia era a de hospitalidade, não descrita em momento alguma na denúncia.
E mesmo quanto á agravante de delito cometido prevalecendo-se das relações de hos-
pitalidade, é preciso considerar que tal hipótese não se aplica ao caso presente. A finalidade
da agravante volta-se à punição daqueles que se furtam ao dever de assistência e apoio às
pessoas com as quais vivem, coabitam ou apenas convivem. O réu, em momento algum, pen-
sou em agredir o ofendido para faltar com o dever de assistência; ao contrário, sua atitude
calcou-se na prevenção de problemas, pois, na ausência dos pais, não poderia ele, menor im-
púbere, com apenas treze anos, ir aonde bem quisesse, convivendo com pessoas estranhas
e, de certo modo, perigosas.
Ante o exposto, se requer a Vossa Excelência a absolvição do réu, com fundamento no
art. 386, inciso VI, do Código de Processo Penal, ou, subsidiariamente, pleiteia-se o afasta-
mento da agravante do art. 61, II, f, do Código Penal, pois assim fazendo estar-se-á realizando
Justiça.
108 • capítulo 4
Por derradeiro, deve-se ressaltar que o acusado é primário, não tem antecedentes, mere-
cendo receber a pena no mínimo legal, se houver condenação, bem como, a substituição por
penas alternativas e o direito de recorrer em liberdade. 7
Comarca, data.
_____________________________
Advogado
Observação:
1. Esta é a forma de apresentação dos Memoriais por petição. A defesa pode se manifestar
em cota manuscrita nos autos, dizendo: “Apresento memoriais em separado em ____ laudas”.
Nesse caso, a petição anexa conterá apenas o órgão a quem é dirigida (MM. Juiz), os fatos
(itens 1, 2, 3 e 4) e o pedido final.
2. As alegações finais escritas devem ser como regra, substituídas pelos debates orais, nos
termos da reforma processual penal introduzida pela lei nº 11.719/08. Porém ainda é possí-
vel que o juiz autorize a apresentação das alegações por escrito, conforme a complexidade
do caso ou o número de acusados. São os memoriais – art. 403, §3º. CPP.
3. A defesa deve estar atenta, especialmente, às nulidades, constantes do art. 564, Código
de Processo Penal, assim como ao prazo legal fixado para arguí-la, sob pena de preclusão,
consoante art. 572, do Código de Processo Penal. Quando elas ocorrerem durante o pro-
cesso e antes do mérito, é preciso discutir, em matéria preliminar, o seu conhecimento. As
nulidades absolutas somente poderão ser alegadas a qualquer tempo ou declaradas de ofício
pelo Juiz.
4. O acolhimento, pelo juiz, de qualquer preliminar suscitada pela parte interessada pode
implicar na reabertura da instrução, produzindo-se alguma prova faltante ou se corrigindo de-
terminado erro. Somente depois, é que estará o processo pronto para o julgamento do mérito.
5. Citar posições que defendam as teses sustentadas de que parentes próximos, quando
autorizados pelos pais, podem aplicar medidas corretivas em exercício regular de direito.
6. Na medida do possível, é cauteloso que a defesa levante teses subsidiárias para beneficiar
o acusado. Assim, não sendo aceita a tese principal, ou seja, a absolvição, o juiz poderá con-
denar o réu com uma pena menor.
7. Outra cautela da defesa é pedir benefícios penais em caso de condenação, apontando as
virtudes do réu e solicitando o seu direito de permanecer em liberdade para recorrer.
capítulo 4 • 109
JURISPRUDÊNCIAS: MEMORIAIS
110 • capítulo 4
TJ-MG – HABEAS CORPUS HC 10000130315146000 MG (TJ-MG)
Data de publicação: 19/06/2013
capítulo 4 • 111
112 • capítulo 4
5
Relaxamento de
Prisão
5.1 Considerações – prisão e liberdade
A Constituição Federal Brasileira, no art. 5º, inciso LXI, dispõe que uma pessoa
só pode ser privada da liberdade quando estiver em flagrante delito ou quando
esta prisão for determinada por ordem escrita e fundamentada da autoridade
judiciária competente.
114 • capítulo 5
sujeito, mas, sim, obstaculizar que ele venha a cometer novos delitos ou que a
sua conduta possa vir a interferir na apuração dos fatos e também na aplicação
da sanção correspondente ao delito praticado.
capítulo 5 • 115
exemplo: o agente policial que retarda a prisão de um traficante que está ven-
dendo uma quantidade diminuta de droga para apreender um grande carrega-
mento que este mesmo traficante irá receber no dia posterior.
Pode ser decretada tanto na fase judicial quanto na fase de inquérito. A lei não
prevê um limite de duração, ou seja, enquanto persistirem os requisitos que au-
torizem a decretação da prisão preventiva, ela deverá ser mantida. Ela pode ser
requerida à autoridade policial, tal como o querelante e o Ministério Público. O
magistrado pode ainda decretá-la de ofício.
O recurso cabível para o não acolhimento do pedido de prisão preventiva
é o Recurso em Sentido Estrito, previsto no art. 581, inciso V, DO Código de
Processo Penal.
A prisão temporária é a única prisão processual que não está prevista no Código
de Processo Penal, haja vista estar disciplinada pela lei nº 7.960/1989.
A prisão temporária só pode ser decretada durante inquérito policial e não
pode ser decretada de ofício, mas mediante representação da autoridade poli-
cial ou requerimento do Ministério Público.
116 • capítulo 5
O prazo máximo da prisão temporária é de cinco (5) dias, podendo ser pror-
rogado por igual período. Esse prazo, não obstante, aumenta no caso de crimes
hediondos, passando para trinta (30) dias, igualmente prorrogáveis por idênti-
co período.
Necessário estarem presentes os três requisitos obrigatórios que são cumu-
lativos (indício da autoria; prova da materialidade e estar o crime cometido no
rol taxativo da lei nº 7.960/1989), e ao menos um dos requisitos alternativos
(necessidade de se preservar a investigação criminal ou não possuir o réu resi-
dência fixa ou não fornecer o réu elementos para a sua identificação).
A lei nº 12.403/2011 trouxe modificações importantes na disciplina jurídica
das prisões cautelares, criando, até, nova categoria de medidas cautelares, que
não cerceiam a liberdade humana. São os chamados substitutivos processuais.
Ela procura aproximar o texto da lei ordinária aos preceitos contidos na
Carta Magna de 1988, em especial ao artigo 5º, incisos LXI, LXV, LXVI e LXVIII.
O art. 5º, inciso XI, da Constituição Federal estabelece que “a casa é asilo in-
violável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro,
ou, durante o dia, por determinação judicial”. Assim, verificam-se duas situa-
ções distintas: a violação do domicílio à noite e durante o dia:
a) durante a noite – apenas se pode entrar no domicílio alheio em quatro
hipóteses: com o consentimento do morador, em caso de flagrante delito, de-
sastre ou para prestar socorro;
b) durante o dia – são cinco as hipóteses: consentimento do morador, fla-
grante delito, desastre, para prestar socorro ou mediante mandado judicial de
prisão ou de busca e apreensão.
capítulo 5 • 117
cumprimento de mandado, sujeita o violador a crime de abuso de autoridade,
que consiste em “executar medida privativa de liberdade individual sem as for-
malidades legais ou com abuso de poder”.
No caso de prisão em perseguição, desde que ela não seja interrompida, poderá
o executor efetuar a prisão onde quer que o capturando seja alcançado e desde
que seja dentro do território nacional, conforme disposto na primeira parte, do
art. 290, do Código de Processo Penal.
O art. 289, caput, do Código de Processo Penal dispõe que: “Quando o acusado
estiver no território nacional, fora da jurisdição do juiz processante, será depre-
cada a sua prisão, devendo constar da precatória o inteiro teor do mandado”.
118 • capítulo 5
concedida com ou em fiança.
É conveniente ressaltar que tais providências antecedem a impetração de
habeas corpus, no caso real. Apenas depois do indeferimento de uma destas
medidas é que se justifica a utilização do habeas corpus.
capítulo 5 • 119
5.4 Relaxamento de prisão
5.4.1 Conceito e noções gerais
120 • capítulo 5
sua plenitude, e, havendo pedido de relaxamento de prisão ilegal, nada impede
que seja impetrado Habeas Corpus, caso aquele pedido não seja deferido ou
haja demora excessiva para sua apreciação pelo magistrado, desde que manti-
da a situação de ilegalidade da prisão.
No nosso sistema jurídico, o que determina a utilização do Pedido de
Relaxamento de Prisão ilegal e não do Habeas Corpus, em certas situações, são
razões de ordem prática, já que o Habeas Corpus possui procedimento próprio
previsto pelo artigo 647 e seguintes do Código de Processo Penal, tornando-o às
vezes menos célere.
No Pedido de Relaxamento de Prisão ilegal, outra facilidade na utilização
se deve ao fato de que esse instrumento de impugnação pode ser apresentado
diretamente ao juiz que é competente para conhecer originariamente da exis-
tência da prisão, ou que eventualmente esteja mantendo a prisão indevida e
desde que não tenha terminado seu ofício jurisdicional, ao passo que o Habeas
Corpus é interposto para o juízo imediatamente ou hierarquicamente superior
à autoridade que praticou ou está praticando a ilegalidade combatida por meio
do Writ, principalmente quando o juiz é a autoridade coatora, circunstância
que contribui também para torná-lo menos célere, impedindo a “imediata” res-
tauração da prisão indevida.
Na condição de instrumento constitucional autônomo, o pedido de relaxa-
mento de prisão ilegal, por ser extensão do direito de petição, difere do direito
de ação, conforme dispõe o art. 5º, inciso XXXV, da Carta Magna. Este último é
o direito de provocar a atividade jurisdicional como direito público subjetivo e,
por buscar a tutela de um direito pessoal, para ter acesso à justiça o interessado
deverá demonstrar que preenche as condições da ação (possibilidade jurídica,
legitimidade para agir e interesse processual).
O direito de petição pode ser formulado por qualquer pessoa perante os
Poderes Públicos, caracterizando-se como um direito político, e, por tal, para
legitimar esse direito não se faz necessário que o interessado esteja peticio-
nando pleiteando restauração de direito pessoal, ou seja, o direito de petição
é impessoal.
5.4.2 Cabimento
O artigo 5º, inciso LXV, da Constituição Federal dispõe que “a prisão ilegal será
imediatamente relaxada pela autoridade judiciária competente”. Fica evidente
capítulo 5 • 121
pelo enunciado do dispositivo citado que a hipótese de cabimento do pedido de
relaxamento da prisão ocorre sempre que esta se apresenta ilegal.
Num conceito resumido poderíamos dizer que prisão ilegal é toda a res-
trição da liberdade de locomoção do indivíduo, contrária ao Direito ou sem a
observância das normas vigentes. A ilegalidade, isoladamente considerada, se
pode conceituar como sendo a prática de um ato sem os requisitos dos precei-
tos legais necessários para que o mesmo tenha validade. Assim, efetuada qual-
quer prisão sem que seja observado o ordenamento jurídico vigente, tornar-se-á
ilegal e se traduzirá numa arbitrariedade flagrante se for efetuada com excesso
de autoridade, ou decorrer da prática de ato abusivo ou não permitido pela lei.
Nesse contexto, nos casos de prisão em flagrante delito, ter-se-á por ilegal a
restrição da liberdade se o respectivo auto do flagrante contiver vícios, mostran-
do-se material ou formalmente imperfeito: isso porque não configurado o fato
narrado no auto como sendo um delito penal; por não ser o autuado o suposto
autor do fato delituoso; ou porque não foram atendidos os requisitos processu-
ais na elaboração do respectivo auto de prisão em flagrante delito, como pode
ocorrer na falta de caracterização de uma das situações de flagrância previstas
pelo artigo 302 do Código de Processo Penal. A ilegalidade da prisão também
se poderá verificar por excesso de prazo na conclusão do inquérito policial, as-
sim como nas arbitrárias, abusivas e ilegais prisões para averiguações, dentre
outros casos.
Portanto, o magistrado tomando ciência da existência de uma prisão por
meio da autoridade policial, constando que ela é ilegal, deverá determinar a
soltura do indivíduo imediatamente, restabelecendo seu status libertatis, cum-
prindo o mandamento constitucional constante do artigo 5º, inciso LXV e,
caso não o faça, o prejudicado poderá se valer do Pedido de Relaxamento da
prisão ilegal, dirigido diretamente ao juiz competente para apreciá-lo, ou seja,
o juiz que foi notificado da prisão ou aquele a quem deveria ter sido efetuada a
comunicação.
122 • capítulo 5
Quadro de fixação: relaxamento de prisão
ATIVIDADES
Problema 01
Questão modificada XV Exame de Ordem Unificado – Direito Penal 2012
No dia 10 de março de 2011, após ingerir um litro de vinho na sede de sua fazenda,
Marcos Alves, casado, nascido no dia 20 de junho 1969, pegou seu automóvel e passou a
conduzi-lo ao longo da estrada que tangencia sua propriedade rural. Após percorrer cerca de
dois quilômetros na estrada absolutamente deserta, Marcos Alves foi surpreendido por uma
equipe da Polícia Militar que lá estava a fim de procurar um indivíduo foragido do presídio da
localidade. Abordado pelos policiais, Marcos Alves saiu de seu veículo trôpego e exalando
forte odor de álcool, oportunidade em que, de maneira incisiva, os policiais lhe compeliram a
realizar um teste de alcoolemia em aparelho de ar alveolar. Realizado o teste, foi constatado
capítulo 5 • 123
que José Alves tinha concentração de álcool de um miligrama por litro de ar expelido pelos
pulmões, razão pela qual os policiais o conduziram à Unidade de Polícia Judiciária, onde foi
lavrado Auto de Prisão em Flagrante pela prática do crime previsto no artigo 306 da lei nº
9.503/1997, c/c artigo 2º, inciso II, do decreto nº 6.488/2008, sendo-lhe negado no refe-
rido Auto de Prisão em Flagrante o direito de entrevistar-se com seus advogados ou com
seus familiares.
Dois dias após a lavratura do Auto de Prisão em Flagrante, em razão de Marcos Alves ter
permanecido encarcerado na Delegacia de Polícia, você é procurado pela família do preso,
sob protestos de que não conseguiam vê-lo e de que o delegado não comunicara o fato ao
juízo competente, tampouco à Defensoria Pública.
Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo
caso concreto acima, na qualidade de advogado de Marcos Alves, redija a peça cabível, ex-
clusiva de advogado, no que tange à liberdade de seu cliente, questionando, em juízo, even-
tuais ilegalidades praticadas pela Autoridade Policial, alegando para tanto toda a matéria de
direito pertinente ao caso.
1. Cliente:
2. Idade do agente:
3. Réu ( ) ou Vítima ( )
4. Crime:
5. Pena em abstrato:
6. Pena em concreto:
7. Datas:
8. Ação Penal: ( ) Pública Incondicionada ( ) Pública Condicionada ( ) Ação Penal Privada ( )
9. Rito:
10. Situação Prisional: ( ) Solto ( ) Preso
124 • capítulo 5
4. Após o trânsito em julgado. ( )
• Discussão sobre a execução ( ).
• Discussão que não seja sobre a execução. ( )
• Peça: (Identificar)
Competência:
1. Juiz ( )
a) Vara Criminal
b) Vara do Júri
c) Vara do Juizado Especial Criminal
d) Vara Criminal Federal
e) Vara do Juizado Especial Criminal Federal
f) Vara das Execuções Criminais
g) Do Departamento de Inquéritos Policiais – DIPO
2. Tribunal ( )
a) De Justiça
b) Regional Federal
c) Colégio Recursal
d) Colégio Recursal Federal
e) Regional Eleitoral
3. Tribunais Superiores ( )
a) STF
b) STJ
c) TSE
capítulo 5 • 125
4ª Parte – Pontos Discutíveis/Indiscutíveis
Pontos:
a) Pontos indiscutíveis:
b) Pontos discutíveis:
Tese:
1. Falta de Justa Causa ( )
2. Nulidade ( )
3. Extinção da Punibilidade ( )
4. Abuso de Autoridade ( )
5. Requerimento do réu ( )
6. Requerimento da vítima ( )
Estrutura
a) Endereçamento:
b) Preâmbulo:
c) Fatos:
d) Fundamentos:
e) Pedido:
f) Pedido Subsidiário:
Resposta — Problema 1
O candidato deverá redigir uma petição de relaxamento de prisão, a ser endereçada ao
juiz de direito. Na petição, o candidato deverá argumentar que, ao compelirem José à realiza-
ção do teste de alcoolemia, os policiais militares violaram o seu direito a não produzir prova
contra si mesmo, sendo a prova decorrente do exame, em consequente, ilícita. Em razão
disso, a prisão em flagrante amparada exclusivamente em prova ilícita é nula, devendo ser
relaxada. Além disso, é nula a prisão em flagrante também em razão da negativa de acesso
de José a seu advogado e familiares, bem como da ausência de comunicação do flagrante
dentro do prazo legal de 24 horas. Por fim, deve o candidato atacar a ausência de arbitramen-
to de fiança por parte do delegado.
126 • capítulo 5
2. Indicação correta dos dispositivos legais que dão ensejo ao pedido de relaxamento
de prisão: art. 5º, LXV, da CRFB OU art. 310, I, do CPP.
4.1 Desenvolvimento jurídico acerca da nulidade do auto de prisão em flagrante por vio-
lação ao direito a não produzir prova contra si mesmo (Art. 5º, LXIII, da CFRB ou art.8º,
2, “g” do Decreto 678/92 – Pacto de San José da Costa Rica ) em razão da colheita
forçada do exame de teor alcoólico e consequente ilicitude da prova.
4.2 em razão da colheita forçada do exame de teor alcoólico e consequente ilicitude da
prova – art. 5º, LVI, OU art. 157 do CPP.
Problema 02
Questão modificada Exame de Ordem/SP – Concurso nº 105
Na data de ontem, por volta das 22 horas, Romualdo encontrava-se no interior de sua
residência, quando ouviu um barulho no quintal. Munido de um revólver, abriu a janela de sua
casa e percebeu que uma pessoa, que não pôde identificar devido à escuridão, caminhava
dentro dos limites de sua propriedade. Considerando tratar-se de um ladrão, desferiu três
tiros que acabaram atingindo a vítima em região letal, causando sua morte. Ao sair do inte-
rior de sua residência, Romualdo constatou que havia matado um adolescente que lá havia
entrado por motivos que fogem ao seu conhecimento. Imediatamente, Romualdo dirigiu-se à
Delegacia de Polícia mais próxima, onde comunicou o ocorrido. O Delegado plantonista, após
capítulo 5 • 127
ouvir os fatos, prendeu-o em flagrante pelo crime de homicídio. Como advogado, elabore a
medida cabível, visando à libertação de Romualdo.
1. Cliente:
2. Idade do agente:
3. Réu ( ) ou Vítima ( )
4. Crime:
5. Pena em abstrato:
6. Pena em concreto:
7. Datas:
8. Ação Penal: ( ) Pública Incondicionada ( ) Pública Condicionada ( ) Ação Penal Privada ( )
9. Rito:
10. Situação Prisional: ( ) Solto ( ) Preso
1. Petição Inicial ( )
2. Requerimento/Manifestação nos autos ( )
3. Recurso:
a) com petição de interposição( )
b) com petição de juntada ( )
128 • capítulo 5
Competência:
1. Juiz ( )
a) Vara Criminal
b) Vara do Júri
c) Vara do Juizado Especial Criminal
d) Vara Criminal Federal
e) Vara do Juizado Especial Criminal Federal
f) Vara das Execuções Criminais
g) Do Departamento de Inquéritos Policiais – DIPO
2. Tribunal ( )
a) De Justiça
b) Regional Federal
c) Colégio Recursal
d) Colégio Recursal Federal
e) Regional Eleitoral
3. Tribunais Superiores ( )
a) STF
b) STJ
c) TSE
Tese:
1. Falta de Justa Causa ( )
2. Nulidade ( )
3. Extinção da Punibilidade ( )
4. Abuso de Autoridade ( )
5. Requerimento do réu ( )
6. Requerimento da vítima ( )
capítulo 5 • 129
Estrutura
a) Endereçamento:
b) Preâmbulo:
c) Fatos:
d) Fundamentos:
e) Pedido:
f) Pedido Subsidiário:
Resposta — Problema 2
I. DOS FATOS
Na data de ____, por volta das 22h00, o requerente encontrava-se em sua residência, locali-
zada no endereço ____, quando, em determinado momento, ouviu um barulho em seu quintal.
Pensando trata-se de um ladrão, e temendo por sua vida, desferiu 03 (três) disparo de arma
de fogo contra o invasor, que veio a falecer em consequência das lesões provocadas pelos
projéteis.
Imediatamente, dirigiu-se à delegacia para comunicar os fatos, e, diante do relato, a autorida-
de policial o prendeu em flagrante.
Não dedique muito tempo aos fatos, pois não são “quesitados”. Apenas faça um breve resu-
mo do problema.
130 • capítulo 5
II. DO DIREITO
Entretanto, a prisão deve ser imediatamente relaxada, pois ocorreu de forma ilegal.
De acordo com o artigo 302 do Código de Processo Penal, considera-se em flagrante delito
quem:
a) está cometendo a infração penal;
b) acaba de cometê-la;
c) é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situa-
ção que faça presumir ser autor da infração;
d) é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presu-
mir ser ele autor da infração.
III. DO PEDIDO
Diante do exposto, requer seja deferido este pedido de relaxamento da prisão em flagrante,
para que se expeça o respectivo alvará de soltura em favor do requerente, como medida de
justiça.
Termos em que,
Pede deferimento.
Comarca, data.
Advogado,
OAB/____ nº ____.
Obs.: não invente dados! Se o problema mencionar o nome da comarca, ou exigir que a
interposição ocorra em certa data, utilize as informações fornecidas pelo examinador. Caso
contrário, diga apenas “comarca, data”. O mesmo vale para o nome do advogado e o número
da OAB.
capítulo 5 • 131
Problema 03
Questão modificada Exame de Ordem /CESPE – 2006.3
Maria Carmo, indiciada por tráfico de drogas, apontou, em seu interrogatório extrajudicial,
realizado em 3/12/2012, Pedro, seu ex-namorado, brasileiro, solteiro, bancário, residente
na rua Machado de Assis, nº 167, no Rio de Janeiro–RJ, como a pessoa que lhe fornecia
entorpecentes. No dia 4/12/2012, cientes da assertiva de Maria Carmo, policiais foram ao
local em que Pedro trabalhava e o prenderam por suposta prática do crime de tráfico de dro-
gas. Nessa oportunidade, não foi encontrado com Pedro qualquer objeto ou substância que
o ligasse ao tráfico de entorpecentes, mas a autoridade policial entendeu que, na hipótese,
haveria flagrante impróprio, ou quase-flagrante, porquanto se tratava de crime permanente.
Apresentado à autoridade competente, Pedro afirmou que nunca teve qualquer envolvimento
com drogas e muito menos passagem pela polícia. Disse, ainda, que sempre trabalhou em
toda a sua vida, apresentou a sua carteira de trabalho e declarou possuir residência fixa.
Mesmo assim, lavrou-se o auto de prisão em flagrante, sendo dada a Pedro a nota de cul-
pa, e, em seguida, fizeram-se as comunicações de praxe. Com base na situação hipotética
descrita anteriormente, e considerando que Pedro está sob custódia decorrente de prisão
em flagrante, redija a peça processual, privativa de advogado, pertinente à defesa de Pedro.
1. Cliente:
2. Idade do agente:
3. Réu ( ) ou Vítima ( )
4. Crime:
5. Pena em abstrato:
6. Pena em concreto:
7. Datas:
8. Ação Penal: ( ) Pública Incondicionada ( ) Pública Condicionada ( ) Ação Penal Privada ( )
9. Rito:
10. Situação Prisional: ( ) Solto ( ) Preso
132 • capítulo 5
2ª Parte – Momento Processual
1. Antes do Recebimento da Denúncia/Queixa. ( )
2. Após o recebimento da Denúncia/Queixa e antes da Sentença. ( )
3. Após a sentença e antes do trânsito em julgado. ( )
4. Após o trânsito em julgado. ( )
• Discussão sobre a execução ( ).
• Discussão que não seja sobre a execução. ( )
• Peça: (Identificar)
1. Petição Inicial. ( )
2. Requerimento/Manifestação nos autos. ( )
3. Recurso:
a) com petição de interposição ( )
b) com petição de juntada ( )
Competência:
1. Juiz ( )
a) Vara Criminal
b) Vara do Júri
c) Vara do Juizado Especial Criminal
d) Vara Criminal Federal
e) Vara do Juizado Especial Criminal Federal
f) Vara das Execuções Criminais
g) Do Departamento de Inquéritos Policiais – DIPO
2. Tribunal ( )
a) De Justiça
b) Regional Federal
c) Colégio Recursal
d) Colégio Recursal Federal
e) Regional Eleitoral
3. Tribunais Superiores ( )
a) STF
capítulo 5 • 133
b) STJ
c) TSE
Tese:
1. Falta de Justa Causa ( )
2. Nulidade ( )
3. Extinção da Punibilidade ( )
4. Abuso de Autoridade ( )
5. Requerimento do réu ( )
6. Requerimento da vítima ( )
Estrutura
a) Endereçamento:
b) Preâmbulo:
c) Fatos:
d) Fundamentos:
e) Pedido:
f) Pedido Subsidiário:
Resposta — problema 3
Peça: Relaxamento da Prisão em Flagrante.
134 • capítulo 5
STJ – AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL AgRg no AREsp
644186 TO 2015/0009686-6 (STJ)
Data de publicação: 25/05/2015
capítulo 5 • 135
dência de todo inviabilizada na via eleita. 3. Afora isso, deve ser destacado que o fato de o
crime ser inafiançável não impede o relaxamento da prisão por excesso de prazo, conforme
se vê do enunciado da Súmula 697/STF. 4. Embargos rejeitados.
136 • capítulo 5
6
Liberdade
Provisória
6.1 Conceito
A liberdade provisória é um instituto processual que assegura ao acusado o di-
reito de aguardar em liberdade o decorrer do processo até o trânsito em jul-
gado, vinculado ou não a determinadas obrigações, podendo ser revogado a
qualquer momento, diante do não cumprimento das condições impostas; ou
seja, é um benefício que possibilita ao acusado que estava preso, acompanhar
o restante do processo em liberdade, vinculando-o ou não a certas obrigações.
6.2 Espécies
6.2.1 Obrigatória
É um direito incondicional do acusado, não lhe podendo ser negado e não está
subordinado a nenhuma condição. É o caso das infrações de menor potencial
ofensivo desde que a parte se comprometa a comparecer espontaneamente à
sede do juizado, nos termos do art. 69, parágrafo único, da lei nº 9.099/1995.
6.2.2 Permitida
6.2.3 Vedada
138 • capítulo 6
A lei nº 11.343/2006 prevê que o acusado de tráfico de entorpecentes não po-
derá ter esse benefício. Não obstante, a lei nº 11.464/2007, excluindo a vedação
contida na lei dos Crimes Hediondos, deu ensejo a duas interpretações, sendo
a primeira, do Superior Tribunal de Justiça, cujas decisões são no sentido de
a liberdade provisória ser permitida em relação aos crimes hediondos, com a
exceção feita aos crimes de tráfico e drogas, em face de expressa vedação legal;
e a segunda interpretação é do Supremo Tribunal Federal, entendendo que a
proibição aos crimes hediondos deriva do preceito constitucional que impede
o arbitramento de fiança no caso das mencionadas infrações penal.
O Supremo Tribunal Federal, em decisão recente no HC 104.339/SP, em ses-
são do plenário no dia 10/05/2012, declarou a inconstitucionalidade inciden-
ter tantum da expressão “e liberdade provisória”, constante do art. 44 da lei nº
11.343/2006, o que confirma a tese de inconstitucionalidade de vedação abstra-
ta da liberdade provisória, defendida por muitos doutrinadores.
Não está ainda definido qual o entendimento que deve prevalecer, sendo
importante ter ciência das duas orientações.
É de se consignar que em relação ao Estatuto do Desarmamento conforme a
lei nº 10.826/2003, o Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucional o art.
21 da lei, que estabelecia que os crimes previstos nos artigos 16, 17 e 18 eram
insuscetíveis de liberdade provisória.
No entanto, o Superior Tribunal de Justiça tanto como o Supremo Tribunal
Federal têm abrandado o rigor legal dessas situações exigindo, em qualquer
caso, motivação concreta para o indeferimento do benefício da liberdade provi-
sória, impondo-se que a decisão judicial neste sentido se fundamente em fatos
que justifiquem efetivamente a excepcionalidade da medida, atendo-se aos ter-
mos do art. 312 do Código de Processo Penal, que enumera os fundamentos da
prisão preventiva.
Assim, a liberdade provisória poderá ser concedida com ou sem fiança.
capítulo 6 • 139
6.3.1 Quanto à fiança:
a) liberdade provisória sem fiança – CPP, art. 310, parágrafo único, e art. 350.
b) liberdade provisória com fiança – CPP, art. 322 a 349.
140 • capítulo 6
vir posteriormente a frustrar de alguma maneira o andamento da ação penal,
caso em que a autoridade judiciária poderá fazer valer o art. 319, do Código de
Processo Penal, com base em seu poder geral de cautela.
capítulo 6 • 141
6.6 Competência para a concessão da
liberdade provisória
A concessão da liberdade provisória sem fiança somente é ato do juiz, mas so-
mente a pode conceder após o pronunciamento do Ministério Público. O acusa-
do deverá assinar termo de comparecimento, se comprometendo a se fazer pre-
sente em todos os atos do processo, sob de a liberdade provisória ser revogada.
O despacho do juiz para a concessão da liberdade provisória quando reque-
rida, deve ser fundamentado, indicando a hipótese autorizada da prisão pre-
ventiva ocorrente na espécie para poder denegar o benefício. Caso não proceda
dessa forma, haverá constrangimento ilegal à liberdade de locomoção, ense-
jando a concessão de habeas corpus.
Em virtude das inovações ocorridas na lei nº 12.015/2009 – Lei de Crimes
Hediondos, o art. 2º, retirou a proibição da concessão de liberdade provisória
para réus por esses crimes, restituindo-lhes o direito de aguardar em liberdade
por seu julgamento, desde que os requisitos legais para tanto sejam preenchi-
dos. Desta forma, os juízes não têm mais qualquer impedimento para, queren-
do, conceder a liberdade provisória, sendo caso a caso avaliado, tal como suce-
de nos crimes comuns.
A liberdade provisória incide sobre uma prisão legal, mas cabível porque o juiz
verifica que ela não é necessária. O relaxamento da prisão, por sua vez, incide
na prisão ilegal. E a revogação da prisão ocorre quando uma prisão legal deixa
de ser necessária.
142 • capítulo 6
últimas medidas distinguem-se, neste ponto, vez que o relaxamento é cabível
quando a prisão é ilegal, enquanto a revogação na preventiva e na temporária.
Embora haja decisões do Supremo em sentido contrário, ainda prevalece que o trá-
fico de drogas não permite liberdade provisória. Não obstante, o relaxamento da
prisão e sua revogação podem ser concedidos em qualquer delito. Neste sentido
temos a Súmula 697 STF A proibição de liberdade provisória nos processos por cri-
mes hediondos não veda o relaxamento da prisão processual por excesso de prazo.
A liberdade provisória pode ser concedida pelo delegado ou pelo juiz, conforme
a nova redação do artigo 322, CPP:
Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos
de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4
(quatro) anos.
Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que deci-
dirá em 48 (quarenta e oito) horas. O relaxamento da prisão somente pelo juiz
e a revogação o mesmo juiz que anteriormente decretou a medida.
capítulo 6 • 143
g) crimes hediondos, tráfico de drogas, tortura e terrorismo – CF, art. 5º,
inciso XLIII; lei nº 8.072/1990, art. 2º, II, com a redação determinada pela lei
nº 11.464/2007;
h) crimes praticados por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem
constitucional e o Estado Democrático – CF, art. 5º, inciso XLIV;
i) no caso de prisão civil e militar;
j) para o réu que tiver quebrado a fiança no mesmo processo;
k) para o réu que deixar de comparecer a qualquer ato processual a que te-
nha sido intimado;
l) quando estiver presente qualquer dos motivos que autorizam a prisão pre-
ventiva – CPP, art. 312.
144 • capítulo 6
Quadro de Fixação: Fiança
ATIVIDADES
Problema 01
Alberto e Benedito foram presos em flagrante por agentes policiais do 4º Distrito Policial
da Capital, na posse de um automóvel marca Fiat, Tipo Uno, que haviam acabado de furtar.
O veículo, quando da subtração, encontrava-se estacionado regularmente em via pública da
Capital. O Dr. Delegado de Polícia que presidiu o Auto de Prisão em Flagrante capitulou os
fatos como incursos no artigo 155, § 4º, IV, do Código Penal. Motivo pelo qual não arbitrou
fiança, determinando o recolhimento de ambos ao cárcere e entregando-lhes nota de culpa.
A cópia do Auto de Prisão em Flagrante foi remetida pelo juiz da 4ª Vara Criminal da Capital,
Alberto reside na Capital, é primário e trabalhador.
capítulo 6 • 145
Esquema para identificar a Peça Prático-Profissional
Problema 1
Competência:
1. Juiz ( )
a) Vara Criminal
b) Vara do Júri
c) Vara do Juizado Especial Criminal
146 • capítulo 6
d) Vara Criminal Federal
e) Vara do Juizado Especial Criminal Federal
f) Vara das Execuções Criminais
g) Do Departamento de Inquéritos Policiais – DIPO
2. Tribunal ( )
a) De Justiça
b) Regional Federal
c) Colégio Recursal
d) Colégio Recursal Federal
e) Regional Eleitoral
3. Tribunais Superiores ( )
a) STF
b) STJ
c) TSE
Tese:
1. Falta de Justa Causa ( )
2. Nulidade ( )
3. Extinção da Punibilidade ( )
4. Abuso de Autoridade ( )
5. Requerimento do réu ( )
6. Requerimento da vítima ( )
Estrutura
a) Endereçamento:
b) Preâmbulo:
c) Fatos:
d) Fundamentos:
e) Pedido:
f) Pedido Subsidiário:
capítulo 6 • 147
Resposta Problema 1
I. DOS FATOS
No dia ____, o requerente foi preso em flagrante pela prática, em tese, do crime de
furto qualificado (artigo 155, § 4º, IV, do Código Penal), encontrando-se, no momento,
recolhido do 4º Distrito Policial da Capital.
A autoridade policial que presidiu o Auto de Prisão em flagrante não arbitrou fiança,
determinando o recolhimento de ambos os acusados ao cárcere.
Não dedique muito tempo relatando os fatos: basta um breve resumo do problema.
II. DO DIREITO
Entretanto, o requerente tem direito ao benefício da liberdade provisória com fiança,
pois não se enquadra nas situações dos artigos 323 e 324 do Código de Processo
Penal, que excluem a possibilidade de concessão de fiança, conforme rol a seguir:
a) nos crimes punidos com reclusão em que a pena mínima cominada for superior a
2 (dois) anos;
b) nas contravenções tipificadas nos arts. 59 e 60 da lei das Contravenções Penais;
c) nos crimes dolosos punidos com pena privativa da liberdade, se o réu já tiver sido
condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado;
d) em qualquer caso, se houver no processo prova de ser o réu vadio;
e) nos crimes punidos com reclusão que provoquem clamor público ou que tenham sido
cometidos com violência contra a pessoa ou grave ameaça;
f) aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança anteriormente concedida ou infrin-
148 • capítulo 6
gido, sem motivo justo, qualquer das obrigações a que se refere o art. 350;
g) em caso de prisão por mandado do juiz do cível, de prisão disciplinar, administrativa ou
militar;
h) ao que estiver no gozo de suspensão condicional da pena ou de livramento condicional,
salvo se processado por crime culposo ou contravenção que admita fiança;
i) quando presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva (art. 312).
No caso em discussão, o requerente está sendo acusado pela prática, em tese, do crime de
furto qualificado, em que a pena mínima é de 02 (dois) anos de reclusão. Logo, com funda-
mento no artigo 323, I, do Código de Processo Penal, o arbitramento de fiança não lhe é
vedado.
Ademais, não ficou demonstrada a existência dos requisitos da prisão preventiva (artigo 312
do Código de Processo Penal), razão pela qual a concessão de liberdade provisória é a me-
dida que se faz imperiosa.
Ex positis requer seja deferido o pedido de liberdade provisória, arbitrando-se fiança e ex-
pedindo-se o respectivo alvará de soltura em favor do requerente, como medida de justiça.
Não é necessário abrir o tópico “do pedido”. Se quiser, pode fazer como no exemplo acima,
em que o pedido vem como conclusão do tópico “do direito”. A escolha é sua!
Termos em que,
Pede deferimento.
Capital, data.
Advogado,
OAB/____ nº ____.
Problema 2
Jorge dos Santos procurou um escritório de advocacia, localizado no Setor Noroeste,
Edifício Cardinal Hall, salas 210/212, em Brasília/DF, e relatou ao advogado que o atendeu
que sua irmã, Lindalva dos Santos, brasileira, solteira, do lar, residente e domiciliada na SQS
311, bloco V, apto 702, Brasília/DF, havia sido presa e autuada em flagrante delito no dia
1/3/06, na cidade de Brasília, pela prática de crime contra a ordem tributária, tipificado no
art. 1º, I, da Lei nº 8.137/90. Jorge dos Santos informou ainda que a denúncia fora recebida
no dia 3/4/06 pelo Juiz de Direito da 5ª Vara Criminal da Circunscrição Judiciária de Brasí-
lia/DF. Ele afirmou que Lindalva dos Santos é primária, tem bons antecedentes, possui resi-
dência fixa no distrito da culpa e frequenta regularmente as aulas do 3º ano do ensino médio.
Outrossim, argumentou que Lindalva, após a prisão em flagrante, quitou integralmente os
capítulo 6 • 149
débitos para com a Fazenda Pública, referente ao Auto de Infração nº 3.623/2005, no valor
de R$ 2.300,00, motivo pelo qual, segundo ele, a indiciada merece ser posta em liberdade,
aquiescendo em prestar compromisso de comparecer a todos os atos processuais aos quais
for intimada. Na ocasião, Jorge dos Santos, com o propósito de auxiliar o pleito, trazia consigo
os seguintes documentos pertencentes a sua irmã: nota de culpa, cópia do auto de prisão
em flagrante, certidão negativa de antecedentes criminais, conta de água, histórico escolar e
comprovante de pagamento de tributos.
Considerando a situação hipotética apresentada e na condição de advogado, redija perante
o juízo de 1º grau competente, a peça profissional pertinente a favor de sua nova cliente,
Lindalva dos Santos.
150 • capítulo 6
3ª Parte – Estrutura da Peça
1. Petição Inicial ( )
2. Requerimento/Manifestação nos autos ( )
3. Recurso:
a) com petição de interposição ( )
b) com petição de juntada ( )
Competência:
1. Juiz ( )
a) Vara Criminal
b) Vara do Júri
c) Vara do Juizado Especial Criminal
d) Vara Criminal Federal
e) Vara do Juizado Especial Criminal Federal
f) Vara das Execuções Criminais
g) Do Departamento de Inquéritos Policiais – DIPO
2. Tribunal ( )
a) De Justiça
b) Regional Federal
c) Colégio Recursal
d) Colégio Recursal Federal
e) Regional Eleitoral
3. Tribunais Superiores ( )
a) STF
b) STJ
c) TSE
capítulo 6 • 151
Tese:
1. Falta de Justa Causa ( )
2. Nulidade ( )
3. Extinção da Punibilidade ( )
4. Abuso de Autoridade ( )
5. Requerimento do réu ( )
6. Requerimento da vítima ( )
Estrutura
a) Endereçamento:
b) Preâmbulo:
c) Fatos:
d) Fundamentos:
e) Pedido:
f) Pedido Subsidiário:
Resposta — Problema 2
Peça: Liberdade Provisória com Fiança.
Endereçamento: Juiz de Direito da 5ª Vara Criminal da Circunscrição Judiciária de Brasília
– DF.
Argumentos: demonstrar que a acusada é merecedora da Liberdade Provisória com Fian-
ça – Inexistência das hipóteses inafiançáveis dos artigos 323 e 324 ambos do Código de
Processo Penal.
Pedido: conceder a Liberdade Provisória com arbitramento de fiança mais expedição de
alvará de soltura.
Observações:
1ª. O uso do “doutor”: não obstante a minha imensa admiração pela magistratura, não me
agrada a redação “senhor doutor”, pois acho que a expressão empobrece o texto. No entanto,
fiquem à vontade para utilizá-lo. Tanto em prova quanto na prática, a ausência ou a presença
do termo não influenciam em nada.
152 • capítulo 6
2ª. Atenção ao endereçamento: se o crime for doloso contra a vida, “Juiz de Direito da … Vara
do Júri”. Se de competência da Justiça Federal, o endereçamento deve ser, evidentemente,
para a JF.
3ª. Identificação: muito cuidado em provas! Se o problema não mencionar a Comarca, não a
invente, sob pena de ter a prova anulada por identificação.
Observações:
1ª. Se o enunciado não mencionar o nome do requerente ou demais dados, não os invente
(ex.: “Fulano”), pois a sua prova pode ser anulada.
I. DOS FATOS
No dia ____, o requerente foi preso em flagrante por supostamente estuprar a ado-
lescente ____, de 14 anos de idade.
No entanto, não estão presentes os requisitos da prisão preventiva, visto que possui
residência fixa, trabalha e que não há qualquer risco de ofensa ao que está previsto
no art. 312 do CPP.
Observação: não perca muito tempo ao relatar os fatos. Basta um breve resumo. O motivo é
simples: a banca não atribui pontos ao tópico.
II. DO DIREITO
Por essa razão, a liberdade provisória é a medida que se faz necessária, visto que
ausentes os requisitos ensejadores da prisão preventiva, conforme art. 312 do CPP.
capítulo 6 • 153
indício de que ponha em risco a ordem pública, a ordem econômica ou a persecu-
ção penal. Ademais, não há indícios suficientes de autoria para a decretação de sua
prisão.
Observação: seja bem direto em suas razões. Diga expressamente a tese e faça menção ao
dispositivo legal que a fundamenta. No caso do Exame de Ordem, a correção é uma verda-
deira caça às palavras: se o que está no gabarito estiver na prova, a pontuação será dada.
III. DO PEDIDO
Diante do exposto, requer seja concedida a liberdade provisória ao requerente, bem
como seja expedido o respectivo alvará de soltura.
Pede deferimento.
ADVOGADO
OAB/____ nº ____.
Observação: nunca mencione o seu nome ou invente a Comarca, sob pena de anulação da
prova.
154 • capítulo 6
ÇÃO. ANÁLISE DA SITUAÇÃO FINANCEIRA DO PACIENTE. IMPOSSIBILIDADE. REVOLVI-
MENTO DO CONJUNTO PROBATÓRIO. 1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça,
acompanhando a orientação da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, firmou-se no
sentido de que o habeas corpus não pode ser utilizado como substituto de recurso próprio,
sob pena de desvirtuar a finalidade dessa garantia constitucional, exceto quando a ilegali-
dade apontada for flagrante, hipótese em que se concede a ordem de ofício. 2. A análise da
situação econômica do réu para fins de isenção do pagamento da fiança arbitrada implica em
revolvimento de material fático-probatório, inviável na via estreita do habeas corpus. Prece-
dentes. 3. Alegação de ausência de preenchimento dos requisitos do art. 312 do Código de
Processo Penal que não comporta conhecimento, se a liberdade provisória já foi concedida
pelo juízo de primeiro grau mediante o pagamento de fiança. 4. Ordem não conhecida.
capítulo 6 • 155
Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade da vedação legal à concessão de
liberdade provisória para réu preso em flagrante por tráfico de entorpecentes, enunciada
no art. 44 da lei nº 11.343/2006 (HC 104.339, Rel. Min. Gilmar Mendes). 4. Habeas Corpus
extinto, sem resolução de mérito, por inadequação da via processual. 5. Ordem concedida
de ofício.
156 • capítulo 6
7
Recurso de
Apelação
7.1 Conceito
Apelação é o recurso interposto para a segunda instância, da sentença definiti-
va ou com força de definitiva, para o fim de ser procedido o reexame da matéria,
com a consequente reforma total ou parcial da decisão.
7.2 Características
A apelação é um recurso amplo porque, geralmente, devolve o conhecimento
total da matéria impugnada e, por tal, se considera um recurso amplo. Não obs-
tante, o apelante não poderá formular neste recurso novo pedido, ou seja, pedi-
do até então inexistente e que, por tal motivo, não foi matéria de julgamento na
primeira instância. Isto porque, se possível fosse a formulação de novo pedido,
não seria caso de recurso, mas proposta de nova ação originariamente em ins-
tância superior, afrontando de forma evidente ao princípio do duplo grau de
jurisdição. É óbvio que, se o juízo da apelação constitui novo exame do processo
debatido perante os primeiros juízes, a consequência lógica é que sua amplitu-
de deve permanecer circunscrita ao que se discutiu em primeira instância.
Outra característica da apelação é que ela é um recurso residual, ou seja, só
pode ser interposto se não existir expressa previsão de cabimento de Recurso
em Sentido Estrito para o caso.
Finalmente, a apelação é um recurso que tem prioridade em relação ao re-
curso em sentido estrito, haja vista que, se a lei previr de forma expressa o cabi-
mento deste último recurso com relação a uma parte da decisão e a apelação do
restante, o único recurso oponível que prevalecerá será o de apelação.
7.3 Cabimento
As hipóteses de cabimento da apelação estão previstas, nos incisos I, II e III,
do art. 593, além do art. 416 do Código de Processo Penal. A lei nº 9.099/1995
também faz previsão do recurso se apelação.
158 • capítulo 7
7.4 Apelação plena e limitada
É plena a apelação, que tem por objeto o reexame total da causa em virtude da
parte, inconformada, no todo, com a sentença final, pleiteia a sua reforma inte-
gral, ou seja, a apelação interposta em termos abrangentes.
É limitada ou restrita a apelação, quando se insurge contra parte da
decisão, diminuindo o campo de atuação do tribunal. O recurso parcial só é
viável quando o recorrente determinar a sua pretensão recursal de forma
absolutamente clara, precisa e explícita, expondo qual a parte da decisão que
pretende ver reformada.
No caso de dúvida, o recurso de apelação será recebido em sua integrali-
dade, ou seja, no silêncio do recorrente, a regra é a apelação ser recebida em
termos amplos.
capítulo 7 • 159
violação ao princípio da indisponibilidade e ao disposto no art. 576 do Código
de Processo Penal.
No caso da defesa, os limites do recurso são fixados também na interposi-
ção. O recurso de apelação surge na ocasião em que é interposto, e não quando
as razões de recurso são oferecidas.
Portanto, a interposição é aquele instante em que a parte manifesta seu des-
contentamento, momento em que se fica sabendo que ela não se conforma e
em quais limites não o faz com a decisão recorrida. Assim, no preciso momento
em a parte apela, deve mencionar contra o que recorre, e em que limites o faz.
As razões de recurso não passam de complementos e são usadas para funda-
mentar o não conformismo nos limites já fixados.
Não obstante o entendimento acima exposto há uma corrente oposta, sus-
tentado que é nas razões de recurso que o apelante reflete melhor contra o que
deseja apelar, e desta forma, surge o momento certo de eventuais limitações.
160 • capítulo 7
O assistente de acusação não tem interesse em recorrer quanto ao aumen-
to de pena, tendo em vista que sua atuação no processo se limita à obtenção
do provimento condenatório para a formação do título executivo judicial. Não
obstante, o Supremo Tribunal Federal já decidiu que o assistente pode apelar
visando aumento de pena, pois sua função é a de auxiliar da justiça.
O querelante poderá apelar sempre que for parte sucumbente em processo
de ação privada. Ele poderá também desistir do apelo que houver interposto em
face do princípio da disponibilidade.
O ofendido pode (ou, no caso de estar morto ou ausente, seu cônjuge, ascen-
dente, descendente ou irmão) apelar, mas apenas supletivamente, significan-
do, apenas se o Ministério Público não tiver apelado, haja vista que a lei permi-
te ao ofendido mover a ação penal privada em caso de crime de ação pública,
quando o Ministério Público não o faz no prazo legal assinalado.
A Defensoria Pública tem legitimidade para apelar em favor do acusado re-
vel, independentemente de sua ratificação. Entretanto, o Supremo Tribunal
Federal, em sessão plenária, considerou que o defensor dativo não está obriga-
do a apelar. Não havendo apelação, a sentença transita em julgado.
O acusado tem legitimidade para apelar por termo.
capítulo 7 • 161
segundo norma contida no art. 390 do Código de Processo Penal, deve ser efetu-
ada pelo escrivão no prazo de três dias, após a publicação da sentença.
O querelante tem o mesmo prazo de cinco dias para apelar, no caso de ação
privada e em caso de intimação, se for preciso, esta poderá ser realizada pesso-
almente ou por intermédio do advogado da parte. No caso de nenhum deles ser
encontrado na sede do juízo, a intimação será feita por edital com prazo de dez
dias, nos termos do art. 391 do Código de Processo Penal. Não existe a possibi-
lidade de serem expedidas precatória ou rogatória mesmo que conhecido seja
o paradeiro do querelante.
O Estatuto Processual Penal prescreve o prazo de quinze dias para o apelo
do assistente de acusação, que se iniciará do dia em que terminar o prazo do
Ministério Público, segundo dispõe o parágrafo único, do art. 598 do Código de
Processo Penal.
O Supremo Tribunal Federal, a partir do HC 59.668, passou a determinar
que, se o ofendido já estiver habilitado como assistente de acusação no proces-
so, ele deverá ser intimado da sentença condenatória a partir desta data e terá
o prazo de cinco dias para apelar, haja vista que não há razão alguma para o
assistente da acusação ter o triplo prazo do Ministério Público.
Cabe salientar que, se já habilitado o assistente de acusação, o prazo será de
cinco (5) dias, e em caso de sua não habilitação, o prazo passará a ser de quinze
(15) dias. Assim, nos termos da Súmula 448 do Supremo Tribunal Federal, o
prazo para o assistente de acusação apelar tem início da data em que se expirou
o prazo para o Ministério Público.
Quanto à defesa, a lei prevê que, o réu estando preso, deve a sua intimação
ser pessoal. No caso de se encontrar solto, a intimação pode ser pessoal, na pes-
soa de seu advogado ou até mediante edital.
É pacífica a jurisprudência quanto à intimação da sentença condenatória
do réu, preso ou solto, tanto deste quanto de seu advogado, devendo o prazo
para apelação correr a partir da ultima intimação.
162 • capítulo 7
7.11 Efeitos da apelação
São efeitos da apelação: devolutivo, suspensivo e extensivo.
O efeito devolutivo devolve a instância superior o conhecimento da matéria,
enquanto o suspensivo se aplica nos casos de primariedade e bons anteceden-
tes e se refere ao efeito da prorrogação procedimental, que posterga a execução
da sentença condenatória, e por último, o efeito extensivo ocorre nos casos de
concurso de agentes, quando a decisão do recurso interposto por um dos réus,
beneficia os outros, na parte que lhes for comum, conforme disposição contida
no art. 580 do Código de Processo Penal.
Não existe no recurso de apelação o efeito regressivo em virtude de não ha-
ver juízo de retratação.
capítulo 7 • 163
7.13 Cabimento da apelação nas sentenças
do juiz singular
164 • capítulo 7
7.15 Hipóteses de apelação das decisões do
júri
O art. 593, inciso III, do Código de Processo Penal prevê a apelação das decisões
do Júri em quatro hipóteses:
a) Nulidade posterior à pronúncia: se a nulidade for anterior à pronúncia,
a questão já terá sido analisada na própria decisão em recurso contra ela in-
terposto ocorrendo, desta forma, a preclusão. No caso de nulidade posterior,
se for relativa, deve-se arguir logo após o início do julgamento, em seguida ao
pregão das partes, sob pena de se considerar sanada, conforme dispõe art. 571,
inciso V, do Código de Processo Penal. Quando a nulidade relativa tiver ocorri-
do durante o julgamento, o protesto deve ser feito logo após a sua ocorrência,
conforme preceitua o art. 571, inciso VIII, do Código de Processo Penal, sob
pena de ser convalidada.
capítulo 7 • 165
1. Aplicação da pena privativa de liberdade com violação ao critério trifásico
para sua fixação, conforme dispõe o art. 68, caput, do Código Penal;
2. Aplicação da pena acima ou abaixo do considerado justo ou ideal.
A sentença poderá ser anulada por vício formal, no primeiro caso, uma vez
que implica error in procedendo.
No segundo caso, há error in judicando, desta forma, basta ao tribunal cor-
rigir a pena aplicada, sem necessidade de anula o julgamento.
Algumas jurisprudências admitem a apelação com base nessa alínea, visan-
do obter a exclusão de agravantes e qualificadoras, mesmo que reconhecidas
pelos jurados, sem que haja necessidade de anulação do Júri.
166 • capítulo 7
contraditório. A apelação com esse fundamento só pode ser interposta apenas
uma vez e não importa qual das partes tenha interposto o recurso: é uma única
vez para qualquer das partes.
Em relação à impronúncia e absolvição sumária, a lei nº 11.689/2008 deu
nova redação ao art. 416 do Código de Processo Penal, que passou a dispor:
“Contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária caberá apela-
ção”, revogando o inciso VI e a parte final do inciso IV, do art. 581 do mesmo
Diploma Legal.
capítulo 7 • 167
7.16.3 Reformatio in mellius
168 • capítulo 7
Quadro de Fixação: Apelação: prazo/efeitos e legitimados
capítulo 7 • 169
Quadro de Fixação: Apelação Processamento
170 • capítulo 7
Quadro de Fixação: Ritos da Apelação
capítulo 7 • 171
ATIVIDADES
Problema 1
Questão modificada IV Exame de Ordem Unificado Direito Penal 2011
Ricardo foi denunciado e processado, junto à 1ª Vara Criminal da Comarca de Niterói/
RJ, pela prática de roubo qualificado em decorrência do emprego de arma de fogo. Ainda du-
rante a fase de inquérito policial, Ricardo foi reconhecido pela vítima. Tal reconhecimento se
deu quando a referida vítima olhou através de pequeno orifício da porta para uma sala onde
se encontrava apenas o réu, tendo, então, o reconhecido. Já em sede de instrução criminal,
nem vítima nem testemunhas afirmaram ter escutado disparo de arma de fogo, mas foram
uníssonas no sentido de assegurar que o assaltante portava uma arma de fogo, sendo certo
que não houve perícia, pois os policiais que prenderam o réu em flagrante não lograram êxito
em apreender a arma. Tais policiais afirmaram em juízo que, após escutarem gritos de “pega
ladrão!”, viram o réu correndo e foram em seu encalço. Afirmaram que, durante a perseguição,
os passantes apontavam para o réu, bem como que este jogou um objeto no córrego que
passava próximo ao local dos fatos, sendo certo que acreditavam ser, tal objeto, a arma de
fogo utilizada. O réu, em seu interrogatório, exerceu o direito ao silêncio. Ao cabo da instrução
criminal, Ricardo foi condenado a oito anos e seis meses de reclusão, tendo sido fixado o
regime inicial fechado para cumprimento de pena. O magistrado, para fins de condenação
e fixação da pena, levou em conta os depoimentos testemunhais colhidos em juízo e o re-
conhecimento feito pela vítima em sede policial, bem como o fato de o réu ser reincidente e
portador de maus antecedentes, circunstâncias comprovadas no curso do processo.
Você, na condição de advogado(a) de Ricardo, é intimado da decisão. Com base somente
nas informações de que dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima,
redija a peça cabível, sustentando, para tanto, as teses jurídicas pertinentes.
172 • capítulo 7
7. Datas:
8. Ação Penal: ( ) Pública Incondicionada ( ) Pública Condicionada ( ) Ação Penal Privada ( )
9. Rito:
10. Situação Prisional: ( ) Solto ( ) Preso
Competência:
1. Juiz ( )
a) Vara Criminal
b) Vara do Júri
c) Vara do Juizado Especial Criminal
d) Vara Criminal Federal
e) Vara do Juizado Especial Criminal Federal
f) Vara das Execuções Criminais
g) Do Departamento de Inquéritos Policiais – DIPO
2. Tribunal ( )
a) De Justiça
b) Regional Federal
c) Colégio Recursal
d) Colégio Recursal Federal
capítulo 7 • 173
e) Regional Eleitoral
3. Tribunais Superiores ( )
a) STF
b) STJ
c) TSE
Tese:
1. Falta de Justa Causa ( )
2. Nulidade ( )
3. Extinção da Punibilidade ( )
4. Abuso de Autoridade ( )
5. Requerimento do réu ( )
6. Requerimento da vítima ( )
Estrutura
a) Endereçamento:
b) Preâmbulo:
c) Fatos:
d) Fundamentos:
e) Pedido:
f) Pedido Subsidiário:
Resposta Problema 1
O candidato deve redigir uma apelação, com fundamento no artigo 593, I, do Código de
Processo Penal. A petição de interposição deve ser endereçada ao juiz de direito da 1ª vara
criminal da comarca de Niterói/RJ. Nas razões de apelação o candidato deverá dirigir-se ao
Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, argumentando que o reconhecimento feito
não deve ser considerado para fins de condenação, pois houve desrespeito à formalidade
legal prevista no art. 226, II, do Código de Processo Penal. Dessa forma, inexistiria prova
suficiente para a condenação do réu, haja vista ter sido feito somente um único reconheci-
174 • capítulo 7
mento, em sede de inquérito policial e sem a observância das exigências legais, o que levaria
à absolvição com fulcro no art. 386, VII, do mesmo diploma. Outrossim, de maneira alternativa,
deverá postular o afastamento da causa especial de aumento de pena decorrente do empre-
go de arma de fogo, pois esta deveria ter sido submetida à perícia, nos termos do art. 158 do
Código de Processo Penal, o que não foi feito, sequer através da perícia indireta (art. 167 do
CPP), pois ninguém afirmou ter escutado a arma de fogo disparar, de modo que não há como
ser comprovada a potencialidade lesiva da arma.
Indicação correta do prazo e dispositivos legais que dão ensejo à apelação, na petição
de interposição (art. 593, I do CPP).
capítulo 7 • 175
Pedido alternativo de afastamento da causa especial de aumento de pena pelo empre-
go de arma de fogo, haja vista ausência de exame pericial na arma, o que é exigência
às infrações não transeuntes (art. 158 CPP). Assim, não teria restado comprovada sua
potencialidade lesiva.
Problema 02
Questão modificada Exame de Ordem/SP Nº 125 Direito Penal
João foi acusado de ter subtraído, no dia 5 de janeiro de 2003, 20 mil dólares de seu pai,
Fábio, 58 anos. Houve proposta de suspensão condicional do processo, não aceita pelo acu-
sado. Ouvidas duas testemunhas de acusação, disseram que, realmente, houve a subtração,
por elas presenciada. O pai, vítima, confirmou o fato e a propriedade dos dólares. Por outro
lado, o acusado e duas testemunhas de defesa afirmaram que os dólares não pertenciam ao
pai do acusado, mas à sua mãe, que, antes de falecer, os dera para o filho. Não foi juntada
prova documental a respeito da propriedade do dinheiro. O juiz, no dia 4 de janeiro de 2005,
condenou João pelo crime de furto simples às penas de 1 (um) ano de reclusão e 10 dias
-multa, no valor mínimo, substituindo a pena de reclusão pela restritiva de direitos consistente
em prestação de serviços à comunidade.
Como advogado de João, verifique o que pode ser feito em sua defesa e, de forma fun-
damentada, postule o que for de seu interesse por meio de peça adequada.
176 • capítulo 7
2ª Parte – Momento Processual
1. Antes do Recebimento da Denúncia/Queixa. ( )
2. Após o recebimento da Denúncia/Queixa e antes da Sentença. ( )
3. Após a sentença e antes do trânsito em julgado. ( )
4. Após o trânsito em julgado. ( )
• Discussão sobre a execução ( ).
• Discussão que não seja sobre a execução. ( )
• Peça: (Identificar)
Competência:
1. Juiz ( )
a) Vara Criminal
b) Vara do Júri
c) Vara do Juizado Especial Criminal
d) Vara Criminal Federal
e) Vara do Juizado Especial Criminal Federal
f) Vara das Execuções Criminais
g) Do Departamento de Inquéritos Policiais – DIPO
2. Tribunal ( )
a) De Justiça
b) Regional Federal
c) Colégio Recursal
d) Colégio Recursal Federal
e) Regional Eleitoral
3. Tribunais Superiores ( )
a) STF
b) STJ
c) TSE
capítulo 7 • 177
4ª Parte – Pontos Discutíveis/Indiscutíveis
Pontos:
a) Pontos indiscutíveis:
b) Pontos discutíveis:
Tese:
1. Falta de Justa Causa ( )
2. Nulidade ( )
3. Extinção da Punibilidade ( )
4. Abuso de Autoridade ( )
5. Requerimento do réu ( )
6. Requerimento da vítima ( )
Estrutura
a) Endereçamento:
b) Preâmbulo:
c) Fatos:
d) Fundamentos:
e) Pedido:
f) Pedido Subsidiário:
Resposta Problema 2
INTERPOSIÇÃO:
JOÃO, já qualificado nos autos do processo criminal em epígrafe, por seu advogado, nos
autos da ação penal que lhe move o Ministério Público, não se conformando, data venia, com
178 • capítulo 7
a respeitável sentença condenatória, vem respeitosamente, à presença de Vossa Excelência
interpor RECURSO DE APELAÇÃO, com fulcro no artigo 593, I, do Código de Processo Penal.
Obs.: a) como já há um processo em trâmite, não há razão para qualificar réu novamente; b)
não se preocupe em decorar os modelos. Com a prática, é interessante que o examinando
desenvolva a sua própria redação; c) evite a expressão “Justiça Pública”; d) não abrevie (diga
“Código de Processo Penal”, e não “CPP”).
Obs.: a) quando o processo for da JF, diga “Egrégio Tribunal Regional Federal da ____ Re-
gião”; b) na apelação, não cabe juízo de retratação, como ocorre com o “rese”.
Termos em que,
Pede deferimento.
Comarca, data.
Advogado,
OAB/____ nº ____.
Obs.: se o problema informar a comarca, ou exigir que a interposição ocorra em certa data,
utilize as informações. Caso contrário, diga apenas “comarca, data”. O mesmo vale para o
nome do advogado e para o número da OAB.
RAZÕES:
Razões de Apelação
Apelante: João.
Apelado: Ministério Público.
Processo nº:____
Obs.: se a apelação for julgada pelo TRF, a saudação deve ser feita da seguinte forma: “Egré-
gio Tribunal Regional Federal, Colenda Turma, Douto Procurador da República”.
capítulo 7 • 179
Em que pese o ilibado saber jurídico do Meritíssimo Juiz de Direito da ____ Vara Criminal
da Comarca ____, a respeitável sentença penal condenatória não merece prosperar pelas
razões de fato e de direito a seguir expostas:
I. Dos Fatos
Segundo a denúncia, no dia 5 de janeiro de 2003, o apelante teria subtraído a quantia de 20
mil dólares pertencentes ao Sr. Fábio, seu genitor, que possuía 58 (cinquenta e oito) anos
na data dos fatos.
Por essa razão, o Ministério Público ofereceu denúncia em seu desfavor (fls. ____/____),
com fulcro no artigo 155 do Código Penal.
Encerrada a instrução, o Meritíssimo Juiz da ____ Vara Criminal da Comarca ____ condenou
o apelante à pena de 01 (um) ano de reclusão e 10 (dez) dias-multa pela prática do crime
de furto.
Obs.: não dedique muito tempo à narrativa dos fatos. A razão é simples: não vale ponto. Ade-
mais, tempo é o bem mais precioso na segunda fase.
II. Do Direito
Entretanto, a respeitável peça acusatória não merece prosperar, pois não está em harmonia
com os ditames legais.
Isso porque, de acordo com o artigo 181, II, do Código Penal, é isento de pena quem comete
o crime de furto em prejuízo de “ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou
ilegítimo, seja civil ou natural”.
No caso em debate, temos, indubitavelmente, a ocorrência da causa de isenção de pena do
artigo 181, II, do Código Penal, pois réu e vítima são, respectivamente, filho e pai.
Ademais, vale ressaltar que a suposta vítima possuía 58 (cinquenta e oito) anos na data dos
fatos. Logo, está excluída a incidência do artigo 183, III, do Código Penal.
Ex positis, requer seja conhecido e provido o presente recurso, para que se determine a ab-
solvição do apelante, com fundamento no artigo 386, VI, do Código de Processo Penal, como
medida de Justiça.
Termos em que,
Pede deferimento.
Comarca, data.
Advogado,
OAB/____ nº ____.
180 • capítulo 7
JURISPRUDÊNCIAS: APELAÇÃO
capítulo 7 • 181
TJ-SC – APELAÇÃO CRIMINAL APR 20110728559 SC 2011.072855-9 (ACÓRDÃO)
(TJ-SC)
Data de publicação: 19/06/2013
182 • capítulo 7
8
Recurso em Sentido
Estrito
8.1 Conceito
O Recurso em Sentido Estrito é o recurso segundo o qual o juiz tem a possibi-
lidade de proceder à nova apreciação de questão já decidida por ele, ou seja, o
reexame de uma decisão pertinente às matérias especificadas em lei, antes do
envio do processo à segunda instância.
A expressão “sentido estrito” significa meio de se obter o reexame de uma
decisão, e todos os recursos do Código de Processo Penal possuem sentido
estrito, podendo-se concluir que, o recurso em sentido estrito é um recurso
inominado.
8.2 Cabimento
As hipóteses de cabimento do Recurso em Sentido Estrito são taxativas, ou seja,
admissível apenas nas hipóteses expressamente previstas em lei e se concen-
tram, na maioria, nos incisos do art. 581 do Código de Processo Penal.
Não obstante a sua taxatividade, admite-se a interpretação extensiva das si-
tuações especificadas em lei, conforme dispõe o art. 3º, do Código de Processo
Penal.
Outros dispositivos que preveem o recurso em questão: o art. 294, parágrafo
único, do CTB, o art. 6º, parágrafo único, da lei nº 1.508/19512 e o art. 2º, III, do
decreto-lei nº 201/1976.
Por outro lado, atualmente não desafiam mais o Recurso em Sentido Estrito,
uma série de hipóteses relacionadas no art. 581 do Código de Processo Penal,
porque são decisões da competência do Juiz das Execuções, na forma do art.
197 da lei nº 7.210/1984 – Lei de Execução Penal – portanto, decisões contra as
quais se recorre por meio de Agravo em Execução.
As decisões previstas no art. 581, do CPP, que não mais comportam Recurso em
Sentido Estrito, são:
184 • capítulo 8
a) que conceder, negar ou revogar sursis – art. 581, XI, do CPP;
b) que conceder, negar ou revogar livramento condicional – art. 581, XII, do
CPP;
c) que decidir sobre a unificação das penas – art. 581, XVII, do CPP;
d) que decretar medida de segurança depois de transitar a sentença em jul-
gado – art. 581, XIX, do CPP;
e) que impuser medida de segurança por transgressão de outra – art. 581,
XX, do CPP;
f) que mantiver ou substituir a medida de segurança nos casos do art. 774 –
art. 581, XXI, do CPP;
g) que revogar medida de segurança – art. 581, XXII do CPP;
h) que deixar de revogar medida de segurança, nos casos em que a lei permi-
ta – art. 581, XXIII, do CPP;
i) que converta a multa em detenção ou em prisão simples – art. 581, XXIV,
do CPP.
No que tange ao inciso XI, do art. 581 do Código de Processo Penal, que
trata da decisão que conceder, negar ou revogar o sursis, são as seguintes as
possibilidades:
1) sursis concedido ou negado na sentença: caberá da decisão, o recurso de
Apelação;
2) sursis concedido, negado ou revogado pelo juiz das execuções: da decisão
cabe o Agravo em Execução.
capítulo 8 • 185
A respeito do recurso contra tal decisão, o Supremo Tribunal Federal editou
as Súmulas 707 e 709:
Súmula 707 do STF: “Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado
para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não
a suprindo a nomeação de defensor dativo.”
Súmula 709 do STF: “Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acór-
dão que provê o recurso contra a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo
recebimento dela.”
Geralmente, da decisão que recebe a denúncia ou a queixa não cabe qual-
quer recurso, não obstante, pode ser impetrado habeas corpus, conforme dis-
posto no art. 648, inciso I, do Código de Processo Penal.
186 • capítulo 8
Tribunal do Júri. Caso contrário, o juiz deverá proferir sentença de impronún-
cia, cabendo, no entanto, o recurso de apelação, assim como a sentença de ab-
solvição sumária.
A decisão de pronunciar o réu é uma decisão interlocutória mista não ter-
minativa, haja vista encerrar uma fase do procedimento sem que o mérito seja
apreciado, ou seja, sem declarar a culpa do acusado.
Na impronúncia, a sentença é interlocutória mista terminativa, o proces-
so é extinto sem julgamento de mérito. Portanto, não se trata de uma fase do
procedimento.
capítulo 8 • 187
c) que arbitrar fiança.
Uma vez concedida a fiança, é provável que as partes se insurjam contra o
valor arbitrado: a acusação por considerá-lo reduzido de forma injustificada, e
a defesa por julgá-lo elevado demais.
Não cabe qualquer recurso da decisão da autoridade policial que arbi-
trar fiança, nos casos de crimes apenados com detenção. Não obstante, se o
Delegado de Polícia estipular valor muito elevado que torne inviável o seu pa-
gamento e desta forma obrigue o agente a permanecer na prisão, é possível a
impetração de habeas corpus, com fundamento no art. 648, inciso V, do Código
de Processo Penal, vista que, o arbitramento de maneira que torne impossível o
seu pagamento, corresponde a negar a fiança.
No caso de ser o Juiz a fixar a fiança, contra a decisão é cabível o Recurso em
Sentido Estrito.
Se for ele a fixá-la em valor excessivamente alto, a defesa poderá optar entre
o Recurso em Sentido Estrito e o Habeas Corpus.
188 • capítulo 8
a) regularmente intimado para ato do processo, deixar de comparecer, sem
motivo justo;
b) deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento do processo;
c) descumprir medida cautelar imposta cumulativamente com a fiança;
d) resistir injustificadamente a ordem judicial;
e) praticar nova infração penal dolosa.
VIII – Que decretar prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade.
As causas de extinção da punibilidade estão, em sua maioria, previstas no
art. 107 do Código Penal e podem sobrevir tanto durante o processo de conhe-
cimento quanto durante a execução da pena.
capítulo 8 • 189
Quando a extinção da punibilidade for proferida na fase de execução penal,
a decisão pode ser impugnada por recurso de Agravo em Execução Penal, con-
forme artigos 66, inciso II e 197, da lei nº 7.210/1984 – Lei de Execução Penal,
uma vez que, o disposto no inciso VIII, do art. 581, do Código de Processo Penal
foi tacitamente derrogado, nesse ponto.
190 • capítulo 8
XIII – Que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte.
A nulidade pode ter sido declarada de ofício ou a requerimento de qualquer
das partes. O recurso cabível para a decisão que anular o processo da instrução
criminal, no todo ou em parte, é o Recurso em Sentido Estrito.
No caso de o Juiz indeferir o pedido de anulação do processo não cabe o
recurso em questão, haja vista que, nessa hipótese, o réu pode impetrar habeas
corpus, com fundamento no art. 648, inciso VI, do Código de Processo Penal,
ou, até, arguir a nulidade em recurso de Apelação.
capítulo 8 • 191
juiz não pode se negar a receber a Apelação sob o argumento de que o condena-
do está foragido, bem como, por idêntica razão não pode subsistir a decretação
de deserção quando o réu foge após haver apelado, embora não tenha havido a
revogação expressa do art. 595 do Código de Processo Penal.
192 • capítulo 8
A decisão que nega liminarmente a instauração do incidente é irrecorrível,
e não se pode confundir com a decisão que julga o incidente, da qual cabe o
Recurso em Sentido Estrito. Assim, só caberá o recurso da decisão que, anali-
sando o mérito, denegar ou deferir a retirada do documento.
XXIII – Que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei
admita a revogação.
8.5 Competência
A regra é que o Recurso em Sentido Estrito seja interposto perante o juízo de
primeiro grau que proferiu a decisão recorrida, a fim de que este possa rever a
decisão, em sede de juízo de retratação, mas deve ser endereçado ao tribunal
competente para apreciá-lo.
Depois de o recurso ser recebido serão intimado, recorrente e recorrido,
sucessivamente, para que ofereçam razões e contrarrazões. Entretanto, não há
capítulo 8 • 193
empecilho para que o recorrente, por ocasião da interposição de seu recurso, já
apresente suas razões.
A Súmula 707 do Supremo Tribunal Federal instituiu que constitui nulida-
de a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso
interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor
dativo.
8.6 Prazos
O prazo para a interposição do Recurso em Sentido Estrito é de cinco dias. No
caso do inciso XIV, será de vinte dias, a contar da publicação da lista geral de
jurados, conforme determina o art. 586 e seu parágrafo único, do Código de
Processo Penal.
8.7 Processamento
Segundo o preceito contido no art. 583, inciso II, do Código de processo Penal,
subirão nos próprios autos os recursos, nos casos arrolados pelo art. 581, inciso
I – rejeição de denúncia ou queixa, inciso III – decisão que julgar procedentes
as exceções, salvo a de suspeição, inciso IV – que pronunciar o réu, inciso VIII
– que julgar extinta a punibilidade e inciso X – que conceder ou denegar ordem
de habeas corpus.
No caso de o recurso não subir nos próprios autos, será necessária a confec-
ção do instrumento, mediante cópias das principais peças do processo.
As razões podem ser oferecidas dentro do prazo máximo de dois dias. É ma-
joritário na doutrina e na jurisprudência o entendimento de ser imprescindível
a intimação do recorrente para o oferecimento de suas razões, correndo a partir
desta o prazo assinado pela lei. Não obstante, a falta de oferecimento de razões
do recurso não obstaculiza a subida do mesmo. A faculdade de arrazoar em se-
gunda instancia não existe no Recurso em Sentido Estrito.
O recorrido também deverá ser intimado, em igual prazo, para apresentar
suas contrarrazões e, segundo entendimento da jurisprudência, o que impe-
de a subida do recurso é a falta de intimação do recorrido, e não a falta das
contrarrazões.
194 • capítulo 8
O juiz recebendo os autos, no prazo de dois dias, reformará ou manterá sua
decisão, determinando que o recurso seja instruído com cópia das peças que
julgar necessárias. O juízo de retratação deverá ser fundamentado, pois, caso
contrário, o tribunal converterá o julgamento em diligência para essa finalida-
de. A ausência de manifestação do Juiz implica em nulidade e o tribunal devol-
verá os autos para que a providência seja realizada.
No caso de ser mantida a decisão, o juiz remeterá os autos à instância su-
perior e, em havendo a reforma, o recorrido deverá ser intimado da decisão e,
mediante simples petição e no prazo de cinco dias, poderá requerer a subida do
processo à segunda instância.
8.8 Efeitos
São efeitos do Recurso em Sentido Estrito: devolutivo, regressivo e, suspensivo,
em determinados casos.
Ocorre nos seguintes casos, o efeito suspensivo:
1) perda de fiança;
capítulo 8 • 195
Quadro de fixação: Rese
196 • capítulo 8
Quadro de fixação: Rese – processamento
ATIVIDADES
Problema 1
Questão modificada XI Exame de Ordem Unificado Direito Penal 2013
Jerusa, atrasada para importante compromisso profissional, dirige seu carro bastante
preocupada, mas respeitando os limites de velocidade. Em uma via de mão dupla, Jerusa
decide ultrapassar o carro à sua frente, o qual estava abaixo da velocidade permitida. Para
realizar a referida manobra, entretanto, Jerusa não liga a respectiva seta luminosa sinalizado-
capítulo 8 • 197
ra do veículo e, no momento da ultrapassagem, vem a atingir Diogo, motociclista que, em alta
velocidade, conduzia sua moto no sentido oposto da via. Não obstante a presteza no socorro
que veio após o chamado da própria Jerusa e das demais testemunhas, Diogo falece em
razão dos ferimentos sofridos pela colisão.
Instaurado o respectivo inquérito policial, após o curso das investigações, o Ministério Pú-
blico decide oferecer denúncia contra Jerusa, imputando-lhe a prática do delito de homicídio
doloso simples, na modalidade dolo eventual (Art. 121 c/c Art. 18, I parte final, ambos do CP).
Argumentou, o ilustre membro do Parquet, a imprevisão de Jerusa acerca do resultado
que poderia causar ao não ligar a seta do veículo para realizar a ultrapassagem, além de não
atentar para o trânsito em sentido contrário. A denúncia foi recebida pelo juiz competente e
todos os atos processuais exigidos em lei foram regularmente praticados. Finda a instrução
probatória, o juiz competente, em decisão devidamente fundamentada, decidiu pronunciar
Jerusa pelo crime apontado na inicial acusatória. O advogado(a) de Jerusa é intimado da
referida decisão em 02 de agosto de 2013 (sexta-feira).
Atento ao caso apresentado e tendo como base apenas os elementos fornecidos, elabo-
re o recurso cabível e date-o com o último dia do prazo para a interposição.
198 • capítulo 8
4. Após o trânsito em julgado. ( )
• Discussão sobre a execução ( ).
• Discussão que não seja sobre a execução. ( )
• Peça: (Identificar)
Competência:
1. Juiz ( )
a) Vara Criminal
b) Vara do Júri
c) Vara do Juizado Especial Criminal
d) Vara Criminal Federal
e) Vara do Juizado Especial Criminal Federal
f) Vara das Execuções Criminais
g) Do Departamento de Inquéritos Policiais – DIPO
2. Tribunal ( )
a) De Justiça
b) Regional Federal
c) Colégio Recursal
d) Colégio Recursal Federal
e) Regional Eleitoral
3. Tribunais Superiores ( )
a) STF
b) STJ
c) TSE
capítulo 8 • 199
b) Pontos discutíveis:
Tese:
1. Falta de Justa Causa ( )
2. Nulidade ( )
3. Extinção da Punibilidade ( )
4. Abuso de Autoridade ( )
5. Requerimento do réu ( )
6. Requerimento da vítima ( )
Estrutura
a) Endereçamento:
b) Preâmbulo:
c) Fatos:
d) Fundamentos:
e) Pedido:
f) Pedido Subsidiário:
Resposta Problema 1
O examinando deverá elaborar um recurso em sentido estrito com fundamento no art.
581, IV do CPP.
A petição de interposição deverá ser endereçada ao Juiz da Vara Criminal do Tribunal
do Júri.
Deverá, o examinando, na própria petição de interposição, formular pedido de retratação
(ou requerer o efeito regressivo/iterativo), com fundamento no art. 589, do CPP.
Caso não seja feita petição de interposição haverá desconto no item relativo à estrutura
da peça, além daqueles relativos aos itens de referida petição.
As razões do recurso deverão ser endereçadas ao Tribunal de Justiça.
No mérito, o examinando deve alegar que Jerusa não agiu com dolo, e sim com culpa.
Isso porque o dolo eventual exige, além da previsão do resultado, que o agente assuma
o risco pela ocorrência do mesmo, nos termos do art. 18, I (parte final) do CP, que adotou,
em relação ao dolo eventual, a teoria do consentimento. Nesse sentido, a conduta de Jeru-
sa amolda-se àquela descrita no art. 302 do CTB, razão pela qual ela deve responder pela
prática, apenas, de homicídio culposo na direção de veículo automotor. Em consequência,
não havendo crime doloso contra a vida, o Tribunal do Júri não é competente para apreciar
a questão, razão pela qual deve ocorrer a desclassificação, nos termos do art. 419, do CPP.
Ao final, o examinando deverá elaborar pedido de desclassificação do delito de homicídio
simples doloso, para o delito de homicídio culposo na direção de veículo automotor (art. 302
200 • capítulo 8
do CTB).
Levando em conta o comando da questão, que determina datar as peças com o último
dia do prazo cabível para a interposição, ambas as petições (interposição e razões do recur-
so) deverão ser datadas do dia 09/08/2013.
Petição de interposição
Endereçamento: Juiz da Vara do Tribunal do Júri da Comarca de_________
Pedido de retratação / efeito regressivo ou iterativo / nos termos do art. 589, do CPP.
Razões do Recurso
Endereçamento: Tribunal de Justiça do Estado
Mérito:
Jerusa não agiu com dolo, e sim com culpa. O dolo eventual exige, além da previsão
do resultado, que o agente assuma o risco pela ocorrência do mesmo, nos termos do
art. 18, I (parte final) do CP, que adotou, em relação ao dolo eventual, a teoria do con-
sentimento.
Problema 2
João, em 05/01/2005, foi denunciado pelo crime de homicídio duplamente qualificado:
por motivo fútil (discussão anterior por dívida de jogo) e por uso de recurso que impossibili-
tou a defesa (a surpresa com que agiu). Procurado para ser citado, João não foi encontrado,
capítulo 8 • 201
realizando-se a sua citação por edital e sendo declarada a sua revelia. Foi-lhe nomeado
Defensor Dativo, que apresentou a defesa prévia. Durante a instrução, foram ouvidas duas
testemunhas. A primeira, arrolada pela acusação, afirmou ter visto quando João, por ela re-
conhecido fotograficamente na audiência, surgiu de repente e logo desferiu disparos em
direção à vitima (Antônio), causando-lhe a morte, tendo sabido pela esposa da vítima que
o motivo era discussão anterior em virtude de dívida. A segunda testemunha, arrolada pela
defesa, afirmou que conhecia João há muito tempo, sabendo que, na data do fato, ele não es-
tava no Brasil e, por isso, não podia ser o autor dos disparos. Oferecidas as alegações pelas
partes, João foi pronunciado por homicídio duplamente qualificado, nos termos da denúncia,
sob o fundamento de que o depoimento da testemunha da acusação, por ser ela presencial,
merece crédito, além do que, em caso de dúvida, deve o acusado ser pronunciado, já que,
nessa fase processual, vigora o princípio in dubio pro societate. João, intimado da decisão no
dia 15/09/1995, no mesmo dia deu ciência ao seu advogado.
Como advogado de João, redija a peça processual mais adequada à sua defesa.
202 • capítulo 8
• Peça: (Identificar)
3ª Parte – Estrutura da Peça
1. Petição Inicial ( )
2. Requerimento/Manifestação nos autos ( )
3. Recurso:
a) com petição de interposição ( )
b) com petição de juntada ( )
Competência:
1. Juiz ( )
a) Vara Criminal
b) Vara do Júri
c) Vara do Juizado Especial Criminal
d) Vara Criminal Federal
e) Vara do Juizado Especial Criminal Federal
f) Vara das Execuções Criminais
g) Do Departamento de Inquéritos Policiais – DIPO
2. Tribunal ( )
a) De Justiça
b) Regional Federal
c) Colégio Recursal
d) Colégio Recursal Federal
e) Regional Eleitoral
3. Tribunais Superiores ( )
a) STF
b) STJ
c) TSE
Tese:
1. Falta de Justa Causa ( )
capítulo 8 • 203
2. Nulidade ( )
3. Extinção da Punibilidade ( )
4. Abuso de Autoridade ( )
5. Requerimento do réu ( )
6. Requerimento da vítima ( )
Estrutura
a) Endereçamento:
b) Preâmbulo:
c) Fatos:
d) Fundamentos:
e) Pedido:
f) Pedido Subsidiário:
Resposta Problema 2
Mérito – impronúncia.
Problema 3
Felício e Roberval, após uma partida de tênis, começaram a discutir. Felício que estava
com a raquete na mão, atingiu de lado e sem muita força a cabeça de Roberval, de estrutura
física inferior à do agressor e mãos desprovidas de qualquer objeto. Roberval desequilibrou-
204 • capítulo 8
se e, ao cair ao solo, bateu com a cabeça na guia, vindo a falecer. Felício foi processado em
liberdade perante a 1ª Vara do Júri, por homicídio simples – art. 121 caput do C.P. e pronun-
ciado pelo magistrado, ao entendimento de que houve dolo eventual, pois o acusado teria
assumido o risco de produzir o resultado ao golpear Roberval com a raquete. A sentença de
pronúncia foi prolatada há dois dias. Na condição de advogado de Felício, elabore a peça
adequada à sua defesa.
capítulo 8 • 205
Competência:
1. Juiz ( )
a) Vara Criminal
b) Vara do Júri
c) Vara do Juizado Especial Criminal
d) Vara Criminal Federal
e) Vara do Juizado Especial Criminal Federal
f) Vara das Execuções Criminais
g) Do Departamento de Inquéritos Policiais – DIPO
2. Tribunal ( )
a) De Justiça
b) Regional Federal
c) Colégio Recursal
d) Colégio Recursal Federal
e) Regional Eleitoral
3. Tribunais Superiores ( )
a) STF
b) STJ
c) TSE
Estrutura
a) Endereçamento:
b) Preâmbulo:
206 • capítulo 8
c) Fatos:
d) Fundamentos:
e) Pedido:
f) Pedido Subsidiário:
Resposta Problema 3
MODELO DE RESE
Interposição:
FELÍCIO, já qualificado nos autos do processo criminal em epígrafe por seu advogado, nos
autos da ação penal que lhe move o Ministério Público, não se conformando, data venia, com
a respeitável sentença de pronúncia, vem respeitosamente, à presença de Vossa Excelên-
cia, interpor RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, com fulcro no artigo 581, IV, do Código de
Processo Penal.
Destarte, requer seja recebido e processado o presente recurso, e, caso Vossa Excelência
mantenha a r. sentença de pronúncia, encaminhado ao Egrégio Tribunal de Justiça.
Obs.: atenção ao juízo de retratação! No “rese”, sempre faça menção à possibilidade de o juiz
voltar atrás de sua decisão.
Temos em que,
Pede deferimento.
Comarca, data.
Advogado,
OAB/____ n. ____.
capítulo 8 • 207
Obs.: se o problema informar a comarca, ou exigir que a interposição ocorra em certa data,
utilize as informações. Caso contrário, diga apenas “comarca, data”. O mesmo vale para o
nome do advogado e para o número da OAB.
Razões:
Razões de Recurso em Sentido Estrito
Recorrente: Felício.
Processo nº____.
Obs.: Se o “rese” for julgado pelo TRF, o endereçamento deve ser feito da seguinte forma:
“Egrégio Tribunal Regional Federal, Colenda Turma, Douto Procurador da República.”
Em que pese o notável saber jurídico do Meritíssimo Juiz de Direito da 1ª Vara do Tribunal
do Júri da Comarca ____, a respeitável sentença de pronúncia não merece prosperar, pelas
razões de fato e de direito a seguir expostas:
I. Dos Fatos
Segundo a denúncia, no dia ____, após uma partida de tênis, o recorrente desferiu um golpe
de raquete na vítima Roberval, que, em razão do ataque, perdeu o equilíbrio e chocou-se
contra a guia do calçamento, vindo a falecer e decorrência dos ferimentos.
Por esse motivo, o Ministério Público ofereceu denúncia em desfavor do recorrente, com
fulcro no artigo 121, caput, do Código Penal.
Encerrada a instrução, o magistrado entendeu que o acusado agiu com dolo eventual, deven-
do ser submetido a julgamento perante o Tribunal do Júri, conforme sentença de pronúncia
de fls. ____/____.
208 • capítulo 8
II. Do Direito
Contudo, a respeitável sentença de pronúncia não deve prosperar, pois é contrária aos dita-
mes legais.
Como já relatado, a vitima faleceu por motivos alheios à vontade e à conduta do acusado, que
não concorreu intencionalmente para a ocorrência do fatídico desfecho – nem pôde prever
ou assumir o resultado.
Para que houvesse o dolo eventual, o acusado teria de ter assumido o resultado morte, o
que não ocorreu, pois, como ficou comprovado, o golpe desferido pelo recorrente sequer foi
dado com força.
Entretanto, por infortúnio, a vítima perdeu o equilíbrio durante o entrevero e chocou-se contra
a guia da calçada, vindo a falecer em razão disso.
Portanto, inexistiu animus necandi na conduta do acusado, não havendo o que se falar em
crime doloso contra a vida, de competência do Tribunal do Júri, sendo indubitavelmente ex-
cessiva a imputação que lhe é atribuída.
Ex positis, requer seja conhecido e provido o presente recurso em sentido estrito, para que se
desclassifique a conduta do recorrente para aquela prevista no artigo 129, § 3º, do Código
Penal, como medida de justiça.
Termos em que,
Pede deferimento.
Comarca, data.
Advogado,
OAB/____ nº ____.
capítulo 8 • 209
JURISPRUDÊNCIAS: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
Ementa: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO – LEGÍTIMA DEFESA PUTATIVA QUE
NÃO SE APRESENTA DE PLANO – ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA – IMPOSSIBILIDADE
– RECURSO NÃO PROVIDO. Somente é cabível o acolhimento da tese da absolvição
sumária, com amparo na excludente de ilicitude da legítima defesa putativa, quando
o conjunto probatório mostra a sua ocorrência de maneira inequívoca, não demons-
trada na espécie. Desprovimento ao recurso é medida que se impõe.
210 • capítulo 8
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 22. ed. São Paulo: Saraiva, 2015.
GRECO FILHO, Vicente. Manual de Processo Penal. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
LOPES JR., Aury. Direito Processual Penal. São Paulo: Saraiva, 11. ed. 2014.
_____. Aury. Direito Processual Penal e Sua Conformidade Constitucional. 3. ed. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2008.
MIRABETE, Júlio Fabbrini. Processo Penal. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2004.
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Processo Penal e Execução Penal. 11. ed. Rio de Janeiro:
Editora Forense, 2014.
PACELLI, Eugenio. Curso de Processo Penal. 16. Ed. São Paulo: Atlas, 2012.
RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 13. ed. São Paulo: LUMEN JURIS, 2007.
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 2005-2006. 2 V.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
JARDIM, Afrânio Silva. Direito Processual Penal. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002.
JESUS, Damásio Evangelista de. Código de Processo Penal anotado. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Código de processo penal comentado. 8. ed. São Paulo:
Saraiva, 2004. 2 v.
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo penal. São Paulo: Saraiva, 2003-2004. 4 v.
capítulo 8 • 211
ANEXO I
Principais Súmulas do STJ e STF
STJ
Súmula 3
Compete ao Tribunal Regional Federal dirimi conflitos de competência verificado, na respec-
tiva Região, entre Juiz Federal e juiz Estadual investido de jurisdição federal.
Súmula 6
Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar delito decorrente de acidente de
trânsito envolvendo viatura de Polícia Militar, salvo se autor e vítima forem policiais militares
em situações de atividades.
Súmula 7
A pretensão de simples reexame de prova não enseja recursos especial.
Súmula 9
A exigência da prisão provisória, para apelar, não ofende a garantia constitucional da presun-
ção de inocência.
Súmula 13
A divergência entre julgados do mesmo Tribunal não enseja recurso especial.
Súmula 17
Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absor-
vido.
Súmula 18
A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não
subsistindo qualquer efeito condenatório.
Súmula 21
Pronunciado o réu, fica superada a alegação do constrangimento ilegal da prisão por exces-
so de prazo na instrução.
Súmula 22
Não há conflito de competência entre o Tribunal de Justiça e o Tribunal de Alçada do mesmo
Estado-membro.
Súmula 33
A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício.
Súmula 37
São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.
212 • capítulo 8
Súmula 38
Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de 1988, o processo por
contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou interesses da
União ou de suas entidades.
Súmula 52
Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por excesso
de prazo.
Súmula 53
Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar civil acusado de prática de crime
contra instituições militares estaduais.
Súmula 59
Não há conflito de competência se já existe sentença com trânsito em julgado, proferida por
um dos Juízos conflitantes.
Súmula 62
Compete à Justiça Estadual processar e julgar o crime de falsa anotação na Carteira de
Trabalho e Previdência Social, atribuído à empresa privada.
Súmula 64
Não constitui constrangimento ilegal o excesso de prazo na instrução, provocado pela defesa.
Súmula 73
A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de este-
lionato, da competência da Justiça Estadual.
Súmula 74
Para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer prova por documento
hábil.
Súmula 75
Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar o policial militar por crime de promo-
ver ou facilitar a fuga de preso de estabelecimento penal.
Súmula 78
Compete à Justiça Militar processar e julgar policial de corporação estadual, ainda que o
delito tenha sido praticado em outra unidade federativa.
Súmula 81
Não se concede fiança quando, em concurso material, a soma das penas mínimas cominadas
for superior a dois anos de reclusão.
Súmula 83
Não se conhece do recurso especial pela divergência, quando a orientação do Tribunal se
firmou no mesmo sentido da decisão recorrida.
capítulo 8 • 213
Súmula 86
Cabe recurso especial contra acórdão proferido no julgamento de agravo de instrumento.
Súmula 90
Compete à Justiça Estadual Militar processar e julgar o policial militar pela prática do crime
militar, e à Comum pela prática do crime comum simultâneo àquele.
Súmula 98
Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não
têm caráter protelatório.
Súmula 104
Compete à Justiça Estadual o processo e julgamento dos crimes de falsificação e uso de
documento falso relativo a estabelecimento particular de ensino.
Súmula 107
Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato praticado me-
diante falsificação das guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não
ocorrente lesão à autarquia federal.
Súmula 122
Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de com-
petência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II a, do CPP.
Súmula 140
Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o indígena figure como
autor ou vítima.
Súmula 147
Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário público
federal, quando relacionados com o exercício da função.
Súmula 151
A competência para o processo e julgamento por crime de contrabando ou descaminho de-
fine-se pela prevenção do Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens.
Súmula 164
O prefeito municipal, após a extinção do mandato, continua sujeito a processo por crime
previsto no art. 1º do decreto-lei nº 201, de 27/02/67.
Súmula 165
Compete à Justiça Federal processar e julgar crime de falso testemunho cometido no pro-
cesso trabalhista. (De acordo com a republicação no DJ. de 03/09/96).
Súmula 171
Cominadas cumulativamente, em lei especial, penas privativa de liberdade e pecuniária, é
defeso a substituição da prisão por multa.
214 • capítulo 8
Súmula 172
Compete à Justiça Comum processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade, ainda
que praticado em serviço.
Súmula 191
A pronúncia é causa interruptiva da prescrição, ainda que o Tribunal do Júri venha a desclas-
sificar o crime.
Súmula 200
O Juízo Federal competente para processar e julgar acusado de crime de uso de passaporte
falso é o do lugar onde o delito se consumou.
Súmula 203
Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de segundo grau dos Juizados
Especiais.
Súmula 208
Compete à Justiça Federal processar e julgar Prefeito Municipal por desvio de verba sujeita
a prestação de contas perante órgão federal.
Súmula 209
Compete à Justiça Estadual processar e julgar Prefeito por desvio de verba transferida e
incorporada ao patrimônio municipal.
Súmula 211
Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos
declaratórios, não foi apreciada pelo tribunal a quo.
Súmula 216
A tempestividade de recurso interposto no Superior Tribunal de Justiça é aferida pelo regis-
tro do protocolo na Secretaria e não pela data da entrega na agencia do correio.
Súmula 234
A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não acarreta
o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia.
Súmula 240
A extinção do processo por abandono da causa pelo autor, depende de requerimento do réu.
Súmula 243
O benefício da suspensão do processo não é aplicável em relação às infrações penais come-
tidas em concurso material, concurso formal ou continuidade delitiva, quando a pena mínima
cominada, seja pelo somatório, seja pela incidência da majorante, ultrapassar o limite de um
(1) ano.
Súmula 244
Compete ao foro do local da recusa processar e julgar o crime de estelionato mediante che-
que sem provisão de fundos.
capítulo 8 • 215
Súmula 245
A imunidade parlamentar não se estende ao corréu sem essa prerrogativa.
Súmula 267
A interposição de recurso, sem efeito suspensivo, contra decisão condenatória não obsta a
expedição de mandado de prisão.
Súmula 315
Não cabem embargos de divergência no âmbito do agravo de instrumento que não admite
recurso especial.
Súmula 316
Cabem embargos de divergência contra acórdão que, em agravo regimental, decide recurso
especial.
Súmula 330
É desnecessária a resposta preliminar de que trata o art. 514 do Código de Processo Penal
– CPP, na ação penal instruída por inquérito policial.
Súmula 337
É cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação do crime e na procedência
parcial da pretensão punitiva.
Súmula 338
A prescrição penal é aplicável nas medidas socioeducativas.
Súmula 341
A frequência a curso de ensino formal é causa de remição de parte do tempo de execução
de pena sob regime fechado ou semiaberto.
Súmula 342
No procedimento para aplicação de medida socioeducativa, é nula a desistência de outras
provas em face da confissão do adolescente.
Súmula 343
É obrigatória a presença de advogado em todas as fases do processo administrativo disci-
plinar.
Súmula 367
A competência estabelecida pela EC nº 45/2004 não alcança os processos já sentenciados.
Súmula 376
Compete à turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato de juizado
especial.
Súmula 415
O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena cominada.
216 • capítulo 8
Súmula 418
É inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão dos embargos
de declaração, sem posterior ratificação.
Súmula 419
Descabe a prisão civil do depositário judicial infiel.
Súmula 438
É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com
fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo
penal.
Súmula 439
Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão mo-
tivada.
Súmula 440
Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais
gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abs-
trata do delito.
Súmula 441
A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de livramento condicional.
Súmula 442
É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo.
Súmula 443
O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige
fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do
número de majorantes.
Súmula 444
É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-
base.
Súmula 455
A decisão que determina a produção antecipada de provas com base no art. 366 do CPP
deve ser concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o mero decurso do
tempo.
Súmula 471
Os condenados por crimes hediondos ou assemelhados cometidos antes da vigência da lei
nº 11.464/2007 sujeitam-se ao disposto no art. 112 da lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução
Penal) para a progressão de regime prisional.
capítulo 8 • 217
Súmula 491
É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional.
Súmula 492
O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à im-
posição de medida socioeducativa de internação do adolescente.
Súmula 493
É inadmissível a fixação de pena substitutiva (art. 44 do CP) como condição especial ao
regime aberto.
Súmula 500
A combinação do crime do art. 244-B do ECA independe da prova da efetiva corrupção do
menor, por se tratar de delito formal.
Súmula 501
É cabível a aplicação retroativa da lei n° 11.343/2006, desde que o resultado da incidência
das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da
lei n° 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis.
Súmula 502
Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se típica, em relação ao crime previsto no art.
184, § 2°, do CP, a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas.
Súmula 511
É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º, do art. 155, do CP, nos casos de
crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor
da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva.
Súmula 512
A aplicação da causa de diminuição de pena prevista no art. 33,§ 4, da lei n° 11.343/2006
não afasta a hediondez do crime de trafico de drogas.
Súmula 513
A abolitio criminis temporária prevista na lei nº 10.826/2003 aplica-se ao crime de posse de
arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identifica-
ção raspado, suprimido ou adulterado, praticado somente até 23/10/2005.
STF
Súmula 2
Concede-se liberdade vigiada ao extraditando que estiver preso por prazo superior a ses-
senta dias.
218 • capítulo 8
Súmula 145
Não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consu-
mação.
Súmula 146
A prescrição da ação penal regula-se pela pena concretizada na sentença, quando não há
recurso da acusação.
Súmula 147
A prescrição de crime falimentar começa a correr da data em que deveria estar encerrada
a falência, ou do trânsito em julgado da sentença que a encerrar ou que julgar cumprida a
concordata.
Súmula 155
É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação da expedição de precatória
para inquirição de testemunha.
Súmula 156
É absoluta a nulidade do julgamento, pelo júri, por falta de quesito obrigatório.
Súmula 160
É nula a decisão do tribunal que acolhe, contra o réu, nulidade não arguida no recurso da
acusação, ressalvados os caso de recurso de ofício.
Súmula 162
É absoluta a nulidade do julgamento pelo júri, quando os quesitos da defesa não precedem
aos das circunstâncias agravantes.
Súmula 206
É nulo o julgamento ulterior pelo Júri coma participação de jurado que funcionou em julga-
mento anterior do mesmo processo.
Súmula 208
O assistente do Ministério Público não pode recorrer, extraordinariamente, de decisão con-
cessiva de habeas corpus.
Súmula 210
O assistente do Ministério Público pode recorrer, inclusive extraordinariamente, na ação pe-
nal, nos casos dos arts. 584, § 1º, e 598 do Código de Processo Penal.
Súmula 245
A imunidade parlamentar não se estende ao corréu sem essa prerrogativa.
Súmula 246
Comprovado não ter havido fraude, não se configura o crime de emissão de cheques sem
fundos.
capítulo 8 • 219
Súmula 310
Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de intimação for
feita nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira imediata, salvo se não houver
expediente, caso em que começará no primeiro dia útil que se seguir.
Súmula 320
A apelação despachada pelo juiz no prazo legal não fica prejudicada pela demora da juntada,
por culpa do cartório.
Súmula 344
Sentença de primeira instância concessiva de habeas corpus, em caso de crime praticado em
detrimento de bens, serviços ou interesses da união, está sujeita a recurso ex officio.
Súmula 351
É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da federação em que o juiz exerce
a sua jurisdição.
Súmula 352
Não é nulo o processo penal por falta de nomeação de curador ao réu menor que teve a
assistência de defensor dativo.
Súmula 356
O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos declaratórios, não
pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito do prequestionamento.
Súmula 366
Não é nula a citação por edital que indica o dispositivo da lei penal, embora não transcreva a
denúncia ou queixa, ou não resuma os fatos em que se baseia.
Súmula 367
Concede-se liberdade ao extraditado que não for retirado do país no prazo do art.16 do de-
creto-lei n°394, de 28 de abril de 1938.
Súmula 393
Para requerer revisão criminal, o condenado não é obrigado a recolher-se à prisão.
Súmula 395
Não se conhece de recurso de habeas corpus cujo objeto seja resolver sobre o ônus das
custas, por não estar mais em causa a liberdade de locomoção.
Súmula 396
Para a ação penal por ofensa à honra, sendo admissível a exceção da verdade quanto ao de-
sempenho de função pública, prevalece a competência especial por prerrogativa de função,
ainda que já tenha cessado o exercício funcional do ofendido.
Súmula 397
O poder de polícia da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em caso de crime come-
220 • capítulo 8
tido nas suas dependências, compreende consoante o regimento, a prisão em flagrante do
acusado e a realização do inquérito.
Súmula 420
Não se homologa sentença proferida no estrangeiro sem prova do trânsito em julgado.
Súmula 423
Não transita em julgado a sentença por haver omitido o recurso ex officio, que se considera
interposto ex lege.
Súmula 431
É nulo o julgamento de recurso criminal, na segunda instância, sem prévia intimação, ou
publicação da pauta, salvo em habeas corpus.
Súmula 448
O prazo para o assistente recorrer, supletivamente, começa a correr imediatamente após o
transcurso do prazo do Ministério Publico.
Súmula 451
A competência especial por prerrogativa de função não se estende ao crime cometido após
a cessação definitiva do exercício funcional.
Súmula 452
Oficiais e praças do Corpo de Bombeiros da Guanabara respondem perante á Justiça co-
mum por crime anterior à lei n° 427, de 11 de outubro de 1948.
Súmula 453
Não se aplicam à segunda instância o art. 384 e parágrafo único do Código de Processo Pe-
nal, que possibilitam dar nova definição jurídica ao fato delituoso, em virtude de circunstância
elementar não contida, explícita ou implicitamente, na denúncia ou queixa.
Súmula 497
Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na senten-
ça, não se computando o acréscimo decorrente da continuação.
Súmula 498
Compete à Justiça dos Estados, em ambas as instâncias, o processo e o julgamento dos
crimes contra a economia popular.
Súmula 499
Não obsta à concessão do sursis condenação anterior à pena de multa.
Súmula 521
O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalida-
de da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa
do pagamento pelo sacado.
capítulo 8 • 221
Súmula 522
Salvo ocorrência de tráfico para o exterior, quando, então, a competência será da Justiça
Federal, compete à Justiça dos Estados o processo e julgamento dos crimes relativos a
entorpecentes.
Súmula 523
No processo penal, a falta da defesa constitui nuliade absoluta, mas a sua deficiência só o
anulará se houver prova de prejuízo para o réu.
Súmula 524
Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do Promotor de Justiça,
não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.
Súmula 554
O pagamento de cheque sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não
obsta ao prosseguimento da ação penal.
Súmula 555
É competente o Tribunal de Justiça para julgar conflito de jurisdição entre Juiz de Direito do
Estado e a Justiça Militar local.
Súmula 556
É competente a justiça comum para julgar as causas em que é parte sociedade de economia
mista.
Súmula 564
A ausência de fundamentação do despacho de recebimento de denúncia por crime falimen-
tar enseja nulidade processual, salvo se já houver sentença condenatória.
Súmula 568
A identificação criminal não constitui constrangimento ilegal, ainda que o indiciado já tenha
sido identificado civilmente.
Súmula 592
Nos crimes falimentares aplicam-se as causas interruptivas da prescrição prevista no Código
Penal.
Súmula 594
Os direitos de queixa e de representação podem ser exercidos, independentemente, pelo
ofendido ou por seu representante legal.
Súmula 603
A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do Tribunal
do Júri.
Súmula 604
A prescrição pela pena em concreto é somente da pretensão executória da pena privativa
de liberdade.
222 • capítulo 8
Súmula 605
Não se admite continuidade delitiva nos crimes contra a vida.
Súmula 608
No crime de estupro, praticado mediante violência real, a ação penal é pública incondicio-
nada.
Súmula 609
É pública incondicionada a ação penal por crime de sonegação fiscal.
Súmula 610
Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda não realize o agente a subtra-
ção de bens da vítima.
Sumula 611
Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação
de lei mais benigna.
Súmula 640
É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas
de alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível e criminal.
Súmula 690
Compete originariamente ao Supremo Tribunal Federal o julgamento de habeas corpus con-
tra decisão de turma recursal de juizados especiais criminais.
Súmula 691
Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra
decisão do relator que, em habeas corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar.
Súmula 692
Não se conhece de habeas corpus contra omissão de relator de extradição, se fundado
em fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava dos autos, nem foi ele provocado a
respeito.
Súmula 693
Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo
em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.
Súmula 694
Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão de militar ou de perda de
patente ou de função pública.
Súmula 695
Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade.
Súmula 696
Reunidos os pressupostos legais permissivos da suspensão condicional do processo, mas
capítulo 8 • 223
se recusando o Promotor de Justiça a propô-la, o juiz, dissentindo, remeterá a questão ao
Procurador-Geral, aplicando-se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal.
Súmula 697
A proibição de liberdade provisória nos processos por crimes hediondos não veda o relaxa-
mento da prisão processual por excesso de prazo.
Súmula 699
O prazo para interposição de agravo, em processo penal, é de cinco dias, de acordo com a lei
nº 8.038/1990, não se aplicando o disposto a respeito nas alterações da lei nº 8.950/1994
ao Código de Processo Civil.
Súmula 700
É de cinco dias o prazo para interposição de agravo contra decisão do juiz da execução penal.
Súmula 701
No mandado de segurança impetrado pelo Ministério Público contra decisão proferida em
processo penal, é obrigatória a citação do réu como litisconsorte passivo.
Súmula 702
A competência do tribunal de justiça para julgar prefeitos restringe-se aos crimes de com-
petência da justiça comum estadual; nos demais casos, a competência originária caberá ao
respectivo tribunal de segundo grau.
Súmula 703
A extinção do mandado do prefeito não impede a instauração de processo pela prática dos
crimes previstos no art. 1º do decreto-lei nº 201/1967.
Súmula 704
Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a atração
por continência ou conexão do processo do corréu o foro por prerrogativa de função de um
dos denunciados.
Súmula 705
A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência do defensor, não
impede o conhecimento da apelação por este interposta.
Súmula 706
É relativa à nulidade decorrente da inobservância da competência penal por prevenção.
Súmula 707
Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso
interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo.
Súmula 708
É nulo o julgamento da apelação se, após a manifestação nos autos da renúncia do único
defensor, o réu não foi previamente intimado para constituir outro.
224 • capítulo 8
Súmula 709
Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso contra rejeição
da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela.
Súmula 710
No processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da juntada aos autos do
mandado ou da carta precatória ou de ordem.
Súmula 711
A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vi-
gência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
Súmula 712
É nula a decisão que determina o desaforamento de processo da competência do júri sem
audiência da defesa.
Súmula 713
O efeito devolutivo da apelação contra decisões do júri é adstrito aos fundamentos da sua
interposição.
Súmula 714
É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Publico, condicio-
nada á representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor
público em razão do exercício de suas funções.
Súmula 715
A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determinado pelo
art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o
livramento condicional ou regime mais favorável de execução.
Súmula 716
Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de regi-
me menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória.
Súmula 717
Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença não transita-
da em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial.
Súmula 718
A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea
para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada.
Súmula 719
A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige
motivação idônea.
capítulo 8 • 225
Súmula 720
O art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro, que reclama decorra do fato perigo de dano,
derrogou o art. 32 da lei das Contravenções Penais no tocante à direção sem habilitação em
vias terrestres.
Súmula 721
A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro, por prerrogativa de
função, estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual.
Súmula 723
Não se admite a suspensão condicional do processo por crime continuado, se a soma da
pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de um sexto for superior a um
ano.
Súmula 727
Não pode o magistrado deixar de encaminhar ao Supremo Tribunal Federal o agravo de ins-
trumento interposto da decisão que não admite recurso extraordinário, ainda que referente à
causa instaurada no âmbito dos juizados especiais.
Súmula 728
É de três dias o prazo para a interposição de recurso extraordinário contra decisão do Tribunal
Superior Eleitoral, contado, quando for o caso, a partir da publicação do acórdão, na própria
sessão de julgamento, nos termos do art. 12 da lei nº 8950/1994.
Súmula 734
Não cabe reclamação quando já houver trânsito em julgado o ato judicial que se alega tenha
desrespeitado decisão do Supremo Tribunal Federal.
Súmula 735
Não cabe recurso extraordinário contra acórdão que defere medida liminar.
SÚMULAS VINCULANTES
Súmula Vinculante 5
A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a
Constituição.
Súmula Vinculante 9
O disposto no art. 127 da lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) foi recebido pela ordem
constitucional vigente, e não se lhe aplica o limite temporal previsto no caput do artigo 58.
Súmula Vinculante 10
Viola a cláusula de reserva de plenário (cf. art. 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal
que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do
poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.
226 • capítulo 8
Súmula Vinculante 11
Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de
perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada
a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do
agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem
prejuízo da responsabilidade civil do Estado.
Súmula Vinculante 14
É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova
que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência
de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
Súmula Vinculante 24
Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art.1º, I a IV, da lei nº
8.137/1990, antes do lançamento definitivo do tributo.
Súmula Vinculante 25
É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito.
Súmula Vinculante 26
Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equi-
parado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º, da lei nº 8.072, de
25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos
objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado,
a realização de exame criminológico.
Súmula Vinculante 35
A homologação da transação penal prevista no art. 76, da lei nº 9.099/1995, não faz coisa
julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-
se ao Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de
denúncia ou requisição de inquérito policial.
Súmula Vinculante 36
Compete à Justiça Federal comum processar e julgar civil denunciado pelos crimes de falsi-
ficação e de uso de documento falso quando se tratar de falsificação da Caderneta de Inscri-
ção e Registro (CIR) ou de Carteira de Habilitação de Amador (CHA), ainda que expedidas
pela Marinha do Brasil.
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Anexo II
Expressões utilizadas para formar um raciocínio
12) Usar afirmação da tese de maneira imperativa. Por exemplo: “A ação deve ser
julgada improcedente”, ou “o réu é inocente”, ou “o acusado é merecedor da liberdade
provisória” etc.
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2. PARA CONTINUAR UM RACIOCÍNIO
13) Por esse prisma 14) Nesse diapasão 15) Passemos então a
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3. PARA REFORÇAR O ENTENDIMENTO
13) Por outro prisma 14) Por outro ângulo 15) Diferente disso
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5. PARA LIMITAR O ASSUNTO
10) É certo que 11) Indubitavelmente 12) Não resta dúvida que
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232 • capítulo 8