O texto de Michael Mann intitulado “Estudos nacionais na Europa e
noutros continentes: diversificar, desenvolver e naã o morrer”, objetiva criticar o argumento de que os Estados-naçaã o estariam sendo ameaçados pelo protagonismo do grande capital e dos blocos econoô mico supranacionais, tomando como exemplo a Uniaã o Europeia. Trata-se de um texto da deé cada de 90, períéodo de expansaã o e consolidaçaã o do projeto neoliberal. Para defesa de seus argumentos, o autor mapeia a histoé ria dos estados nacionais territoriais e seu desenvolvimento ateé os dias atuais. Compreende que o Estado ainda estaé longe do amadurecimento, logo, de seu fim. Exemplifica esta questaã o pontuando os estados poé s-coloniais e os estados africanos, ambos ainda distantes da dita maturidade, sendo em alguns paíéses, inclusive, naã o presente em toda sua extensaã o territorial, apoiados em regimes ditatoriais e em conflitos com poder paralelos. Dada a complexidade do processo de amadurecimento dos estados, afirma que a abertura em si naã o representa a decadeô ncia do estado, mas pode ser visto como processo evolutivo, jaé que a abertura pode sim acarretar a perda de soberania do estado em algumas aé reas, mas ainda preservar a soberania do paíés. Esta perspectiva admissíével, jaé que para o autor, neste contexto “as grandes intromissoã es na soberania nacional naã o saã o realmente constitucionais; naã o haé substituiçaã o de uma soberania por outra”, preserva-se a soberania nacional, visto que, apesar da influeô ncia do oé rgaã o supranacional, o mesmo ainda responde a jurisdiçaã o do estado-naçaã o. Ainda acerca da soberania, o autor toma a exemplo a desmilitarizaçaã o da Europa como demonstraçaã o do progresso em relaçaã o ao respeito mué tuo aos estados nacionais vizinhos, que passaram a cooperar e respeitar as decisoã es individuais, inclusive tomando decisoã es de comum acordo, onde, ao menos ameaças diretas a soberania nacional inexistiriam. Contudo, o que poderíéamos assistir saã o as ameaças indiretas a soberania, na figura das pressoã es dos fundos internacionais e do grande capital internacional, que tendem a guiar muitas das decisoã es governamentais. O autor faz uma interessante anaé lise do conjunto de pressoã es que o estado de estabilidade dos paíéses europeus mascara em relaçaã o as tomadas de decisaã o, apontando ainda o protagonismo da econoô mica Alemaã como motor do bloco. Olhando para as políéticas americanas de segurança, econoô mica e bem- estar social, temos um panorama claro de posiçoã es teoricamente discordantes. Assistimos a um Estado forte que procura deter grande influeô ncia sobre o mercado e a populaçaã o, ao mesmo tempo em que sua políética externa conduz os paíéses aos ditames do mercado e políéticas internacionais, num entrelace Estado- mercado de uma relaçaã o de interdependeô ncia de interesses ora concordantes ora discordantes. Um estado que resiste, evolui e se resignifica, numa coabitaçaã o com o grande capital. Naã o um estado ameaçado em sua soberania, mas influenciado, visto que visceralmente entrelaçado com os interesses individuais das forças supranacionais.