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Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional Sábado, 06 de abril de 2013

CENTRO DE ESTUDOS E APERFEIÇOAMENTO FUNCIONAL – Dia 08 de agosto de 2008.

ARTIGO REFERENTE À LEI 11.689/2008.

Novo artigo do Dr. PAULO SERGIO MARKOWICZ DE LIMA, que atualmente exerce a função de Promotor-
Corregedor em nosso Estado, tendo histórico de atuação exemplar no Tribunal do Júri, bem como participação
em Centro de Apoio nesta área, sendo ainda um estudioso do assunto. Agora ele trata dos modelos de quesitos
conforme a a Lei nº 11.689/2008, a qual alterou artigos do Código de Processo Penal no procedimento do júri, e
entra em vigor já neste dia 9 de agosto.

Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional do MPPR


Samia Saad Gallotti Bonavides - Diretora

Questionários no novo rito do Júri

A Lei nº 11.689/2008, que alterou artigos do Código de Processo Penal que se


referem ao Júri, entra em vigor no início deste mês agosto. Por se tratar de normas
processuais, aplicam-se de imediato. Assim, se o réu já foi interrogado e se encontra
agendada audiência de oitiva de testemunhas indicadas pelo Ministério Público,
consoante as novas disposições legais, deverá o juiz remarcar a audiência e
determinar a intimação da vítima - a lei determina a inquirição, sempre que possível,
portanto independentemente de ser arrolada – e de todas as testemunhas arroladas
pelas partes. Na audiência depõem a vítima e as testemunhas das partes e,
interroga-se o réu – a intenção do legislador é que o acusado se defenda com mais
efetividade após conhecer as provas contra si produzidas -, seguindo-se os debates
orais e a decisão do juiz na própria audiência.
No tocante aos processos iniciados sob a égide da nova lei, muitas das
previsões não acarretarão maiores indagações, bastando, na maioria dos casos, uma
leitura atenta dos preceitos legais. Todavia, avistam-se dificuldades com a nova
modalidade de questionário.
Pela nova regra ocorreu a simplificação do questionário, mas persiste o fardo da
elaboração das perguntas, atribuindo-se ao juiz formular o questionário com base na
pronúncia. Sem um esboço de redação no libelo, que foi extinto, a tarefa do

magistrado se tornará mais árdua. É sabido que uma redação sem adequada
técnica[1], confusa e complexa[2] dos quesitos enseja a nulidade de todo o
julgamento. Nula é a decisão do júri fundada em respostas a quesito com redação
que pode levar o jurado à perplexidade ou ao equívoco[3]. A previsão do parágrafo
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que pode levar o jurado à perplexidade ou ao equívoco[3]. A previsão do parágrafo


único do art. 482 traz que os quesitos devem ser redigidos em proposições
afirmativas, simples e distintas, ou seja, na primeira leitura do texto o jurado já deve
ter um início de compreensão. É da experiência que alguns jurados preferem ficar
calados, correndo o risco de depositar o voto sem completo entendimento, a pedir ao
juiz que repita a pergunta ou explique a conseqüência do voto. Decorre daí a
importância da indagação ser simples e direta, principalmente tendo em pauta que as
decisões do júri são tomadas por maioria[4] e o voto, depositado pelo jurado na urna
sem a devida compreensão, pode redundar em decisão injusta.
As teses de negativa de existência do crime e de autoria estão circunscritas os
quesitos formulados conforme incisos I e II do art. 483, do CPP, podendo,
eventualmente, o caso concreto exigir desmembramento. Em caso de pedido de
desclassificação, a forma de questionário é a mesma[5], com as perguntas a respeito
vindo antes da pergunta prevista no III, do art. 483, do CPPP, O jurado absolve o
acusado? Por exemplo, a defesa sustenta que o disparo que atingiu a vítima ocorreu
sem intenção, por conduta imprudente do réu. Sugere-se o seguinte questionário: 1º
No dia 20 de abril de 2006, por volta das 21 horas, no interior da residência nº 20, situada na rua Dez, bairro Santa Luzia,
nesta cidade e comarca, alguém, mediante tiro de arma de fogo, produziu na vítima Teobaldo da Conceição os ferimentos
descritos no laudo de necropsia de fl. 34? 2º Esses ferimentos causaram a morte da vítima? [6] 3º O réu Esperândio
Esperança desferiu tiro contra a vítima Teobaldo da Conceição? 4º O réu Esperândio Esperança agiu com imprudência, pois
acionou involuntariamente o gatilho da arma enquanto a mostrava para a vítima, ocasião que ocorreu o tiro? [7] 5º O

jurado absolve o acusado? Resposta sim ao quarto quesito opera-se a desclassificação para
homicídio culposo e fica prejudicado o quinto quesito. Observe-se que não se
perguntará mais aos jurados sobre circunstâncias atenuantes, pois o magistrado
decidirá sobre elas.
E se a defesa argumenta que o acusado apenas pretendia apenas lesionar a
vítima? Ficaria assim a redação: 1º No dia 12 de junho de 2003, por volta das 21 horas, nas proximidades do
bar do Deco, bairro Santa Luzia, nesta cidade e comarca, alguém, mediante tiro de arma de fogo, produziu na vítima
Teobaldo da Conceição os ferimentos descritos no laudo de necropsia de fl. 34? 2º Esses ferimentos foram a causa da morte
da vítima? 3º O réu Esperândio Esperança desferiu tiros contra a vítima Teobaldo da Conceição? 4º O réu Esperândio
Esperança quis o resultado morte? 5º O réu assumiu o risco de produzir o resultado morte? 5º O jurado absolve o acusado?

Persiste a mesma quesitação acerca da tentativa[8], embora alguns


doutrinadores defendam uma total simplificação, indagando-se no terceiro quesito,

com tal conduta o réu tentou matar a vítima? Exemplo com a redação da pergunta
acerca da tentativa na forma tradicional: 1º No dia 20 de agosto de 2005, por volta das 23 horas, nas
proximidades do bar do Deco, bairro Santa Luzia, nesta cidade e comarca, alguém, mediante tiro de arma de fogo, produziu
na vítima Teobaldo da Conceição os ferimentos descritos no laudo de lesões de fl. 04? 2º O réu Esperândio Esperança
desferiu tiros contra a vítima Teobaldo da Conceição? 3º Assim agindo, o réu Esperândio Esperança deu início à execução de
um crime de homicídio que não se consumou por circunstância alheia à sua vontade, qual seja, o pronto atendimento da
vítima? 4º O jurado absolve o acusado?

Como seria redigido o questionário em caso de erro na execução, com resultado


único? 1ª Série: 1º No dia 20 de abril de 2006, por volta das 21 horas, nas proximidades do bar do Deco, bairro
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único? 1ª Série: 1º No dia 20 de abril de 2006, por volta das 21 horas, nas proximidades do bar do Deco, bairro
Santa Luzia, nesta cidade e comarca, alguém, por meio de um revólver, desferiu tiros contra a vítima Helênico Helenista,
sem atingi-lo? 2ª Série: 1º Na mesma ocasião e local da série anterior, os tiros desferidos contra Helênico Helenista
desviaram-se da trajetória e acertaram Pedro Bacamarte, produzindo-lhe os ferimentos descritos no laudo de necropsia de
fl. 11; 2º Estes ferimentos causaram a morte da vítima Pedro Bacamarte? 3º O réu Esperândio Esperança desferiu tiros
contra a vítima Helênico Helenista? 4º O jurado absolve o acusado? Em caso de erro na execução, com
resultado duplo: 1ª Série: 1º No dia 20 de abril de 2006, por volta das 21 horas, nas proximidades do bar do
Deco, bairro Santa Luzia, nesta cidade e comarca, alguém, por meio de um revólver, desferiu tiros contra a vítima Helênico
Helenista, produzindo-lhe os ferimentos descritos no laudo de fl. 11? 2º Estes ferimentos causaram a morte da vítima
Helênico Helenista? 3º O réu Esperândio Esperança desferiu tiros contra a vítima Helênico Helenista? 4º O jurado absolve o

acusado? 2ª Série: 1º No dia 20 de abril de 2006, por volta das 21 horas, nas proximidades do bar do Deco, bairro
Santa Luzia, nesta cidade e comarca, a vítima Pedro Bacamarte foi atingida por tiros de arma de fogo, sofrendo os
ferimentos descritos no laudo de fl. 11? 2º Esses ferimentos causaram a morte da vítima Pedro? 3º Foram os projéteis
disparados pelo acusado Esperândio contra a vítima Helênico que se desviaram da trajetória e acertaram Pedro Bacamarte?
4º O jurado absolve o acusado?

Consideremos a hipótese de concurso de pessoas, com dois co-autores e um


partícipe. Primeiro co-autor: 1º No dia 20 de abril de 2006, por volta das 21 horas, nas proximidades do bar do
Deco, bairro Santa Luzia, nesta cidade e comarca, alguém, mediante tiro de arma de fogo, produziu na vítima Teobaldo da
Conceição os ferimentos descritos no laudo de necropsia de fl. 34? 2º Estes ferimentos foram a causa da morte da
vítima?[9] 3º O réu Esperândio Esperança desferiu tiros contra a vítima Teobaldo da Conceição? 4º O jurado absolve o

acusado? Segundo co-autor: 1º No dia 20 de abril de 2006, por volta das 21 horas, nas proximidades do bar do
Deco, bairro Santa Luzia, nesta cidade e comarca, alguém, mediante tiro de arma de fogo, produziu na vítima Teobaldo da
Conceição os ferimentos descritos no laudo de necropsia de fl. 34? 2º Estes ferimentos foram a causa da morte da vítima?
3º O réu Jerônimo Bergamota desferiu tiros contra a vítima Teobaldo da Conceição? 4º O jurado absolve o acusado?
Partícipe: 1º No dia 20 de abril de 2006, por volta das 21 horas, nas proximidades do bar do Deco, bairro Santa Luzia,
nesta cidade e comarca, alguém, mediante tiro de arma de fogo, produziu na vítima Teobaldo da Conceição os ferimentos
descritos no laudo de necropsia de fl. 34? 2º Estes ferimentos foram a causa da morte da vítima? 3º O réu Astolfo Aderaldo
entregou a arma para que terceira pessoa atirasse contra a vítima Teobaldo da Conceição? 4º O jurado absolve o acusado?

Os quesitos referentes à participação dolosamente distinta e de menor


importância, acaso sustentadas pela defesa, são causas votadas após o quesito
genérico de absolvição.

Ao se tratar de inimputabilidade[10]: 1º No dia 20 de abril de 2006, por volta das 21 horas, no


interior da residência nº 20, situada na Rua Dez, bairro Santa Luzia, nesta cidade e comarca, alguém, mediante tiro de arma
de fogo, produziu na vítima Teobaldo da Conceição os ferimentos descritos no laudo de necropsia de fl. 34? 2º Esses

ferimentos causaram a morte da vítima? 3º O réu Esperândio Esperança desferiu tiros contra a vítima Teobaldo da
Conceição? 4º O jurado absolve o acusado? 5º O réu, ao tempo da ação, em virtude de doença mental (ou desenvolvimento
mental incompleto ou retardado), era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato? 6º O réu, ao tempo da
ação, em virtude de doença mental (ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado), era inteiramente incapaz de
determinar-se de acordo com o entendimento do caráter ilícito do fato?

Acaso alegado o excesso culposo ficaria assim o questionário: 1º No dia 20 de abril de


2006, por volta das 21 horas, no interior do Bar do Zetti, situada na Rua Vinte, bairro Santa Luzia, nesta cidade e comarca,
alguém, mediante golpes com um pedaço de pau, produziu na vítima Teobaldo da Conceição os ferimentos descritos no
laudo de necropsia de fl. 34? 2º Esses ferimentos causaram a morte da vítima? 3º O réu Esperândio Esperança desferiu
pauladas na vítima Teobaldo da Conceição? 4º O jurado absolve o acusado? 5º O réu, ao continuar agredindo a vítima
quando ela estava caída, agiu com excesso culposo?

Em caso de infanticídio sugere-se o seguinte questionário: 1º No dia 20 de abril de 2005,


por volta das 21 horas, no interior de banheiro localizado na residência nº 16, da rua das Amoreiras, bairro Santa Luzia,
nesta cidade e comarca, alguém, valendo-se de um lençol, produziu em Suellen Serena os ferimentos descritos no laudo de
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nesta cidade e comarca, alguém, valendo-se de um lençol, produziu em Suellen Serena os ferimentos descritos no laudo de
necropsia de fl. 34? 2º Estes ferimentos causaram a morte da vítima? 3º A ré Conceição Serena produziu ferimentos na
vítima Suellen? 4º A vítima Suellen era filha da ré? 5º A ré agiu sob influência de estado puerperal? 6º A ré agiu durante o
parto ou logo após este? [11]7º O jurado absolve a acusada? 8º A ré Conceição Piedade praticou o crime mediante asfixia?

Vale a mesma forma de quesitação preconizada pela lei para os crimes


conexos: 1º No dia 20 de maio de 2003, por volta das 23 horas, alguém adentrou na residência localizada na rua
Pereira, nº 23, bairro Sábia, nesta cidade e comarca, subtraindo para si, um liquidificador e televisor? 2º O réu Romerito
Áquila praticou a subtração descrita no item anterior? 3º O jurado absolve o acusado? 4º O furto foi praticado pelo acusado
juntamente com terceira pessoa?

René Dotti e Guilherme de Souza Nucci são pela votação de todas as teses de
defesa que redundem em absolvição por meio do quesito genérico, enquanto Luiz
Flávio Gomes defende que as teses de defesa sejam individualizadas. Por exemplo, se
a defesa sustentou legítima defesa e inexigibilidade de conduta diversa, o juiz
colocará em votação cada tese individualmente, fazendo a mesma pergunta, antes de
colher os votos: O jurado absolve o acusado?
Deliberado pelo Júri, por meio de resposta ao quesito genérico, que o réu não
deve ser absolvido – estando nele incluídas, pela lei, todas as teses de defesa que
redundem em reconhecimento de causa de exclusão da ilicitude ou que importe em
isenção de pena -, são votadas as causas de diminuição e de aumento de pena, nesta
ordem, sendo claro que havendo mais de uma qualificadora far-se-á um
questionamento individualizado.
PAULO SERGIO MARKOWICZ DE LIMA é Promotor de Justiça no Estado do
Paraná, atualmente Promotor-Corregedor.

[1] RT 726/726

[2] RT 732/685

[3] RT 660/380

[4] A partir do quarto voto positivo ou negativo, declara-se encerrada a votação (§§1º e 2º, do art. 483), mas sendo decisivo o
sétimo voto – que esfria a barriga do promotor e do advogado, por mais serenos que sejam -, ter-se-á o escore de 4X3.

[5] § 4º, art. 483, Sustentada a desclassificação da infração para outra de competência do juiz singular, será formulado quesito a
respeito, para ser respondido após o 2o (segundo) ou 3o (terceiro) quesito, conforme o caso.

[6] Pode o jurado entender que as lesões produzidas pelo acusado não ocasionaram a morte da vítima ou, a defesa, como tese
alternativa, sustentar a ocorrência da morte por outra causa, o que recomenda o desmembramento do primeiro quesito.

[7] Conforme doutrina Guilherme de Souza Nucci, em sua recente obra “Tribunal do Júri”, é importante descrever a circunstância
fática que caracteriza a violação ao dever objetivo de cuidado, pois cabe aos jurados julgar fatos.

[8] § 5º, art. 483, Sustentada a tese de ocorrência do crime na sua forma tentada ou havendo divergência sobre a tipificação do
delito, sendo este da competência do Tribunal do Júri, o juiz formulará quesito acerca destas questões, para ser respondido após o
segundo quesito.

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segundo quesito.

[9] Caso seja alegado por um dos co-autores, ou mesmo por ambos, que foram os tiros desferidos pelo outro co-réu que causaram a
morte da vítima, resta obrigatório o desmembramento da letalidade do primeiro quesito. Exige-se também a separação da letalidade
do primeiro quesito na autoria colateral.

[10] O reconhecimento da inimputabilidade, mesmo sendo uma absolvição imprópria, importa em aplicação de medida de segurança
e, portanto, é tese de defesa, votada autonomamente e não pode ser questionada por meio do quesito genérico. Podem os jurados
absolver reconhecendo que ele agiu em legítima defesa, por exemplo, na votação do quesito genérico, o que tornará prejudicado o
quesito acerca da inimputabilidade. Vide: Guilherme de Souza Nucci, “Tribunal do Júri”, p. 328/329.

[11] Por conter o crime de infanticídio vários elementos típicos, convém desmembrar o primeiro quesito, pois não reconhecido o
estado puerperal ou, que o fato foi praticado muito tempo após o fato, existirá um homicídio. A propósito: Guilherme de Souza
Nucci, “Tribunal do Júri”, p. 254/255.

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