Discente: Mateus Fachin Pedroso 4° ano Geografia - matutino
Docente: Marcio José Catelan Disciplina: Planejamento Territorial
No livro “Direito à Cidade” de Henri Lefebvre é constituído um
interessante e sólido debate sobre a origem, periodização e as transformações que ocorreram na cidade frente os fatores agentes que a constituem na relação espaço-tempo. Lefebvre dedicou-se intensamente nesta obra em refletir sobre o processo de urbanização e a relação que é estabelecida com a industrialização, de modo que foi considerada durante a construção do texto a preocupação de tratar sobre a disseminação do capitalismo, fator este, que faz desta obra um clássico que nos permite compreender aclaradamente a realidade atual em que estamos situados.
O fato de o livro ter sido publicado em sua primeira edição há décadas
atrás não diminui sua importância no debate atual, visto que este trata sobre a dinamização e a ressignificação causada pela industrialização e pelos avanços progressivos do capitalismo, que geram reverberações na divisão do trabalho, aumento de mais valia e consequentemente o aumento de lócus de capital nas cidades. Partindo deste pressuposto o autor aponta quais são as possibilidades e rumos que a sociedade capitalista passa a trilhar dentro desta nova óptica, com um escopo mais elaborado e complexo, que altera em princípio a relação cidade-campo. Isso exige uma leitura mais profunda sobre as práticas sociais que são desempenhadas dentro deste trâmite, construindo assim, a “ciência da cidade” como coloca o autor, de maneira que a cidade ganha papel de destaque dentro desta nova concepção.
Este processo de transição proporcionou avanços, bem como acarretou
em inúmeras diferenciações, que reproduzem a segregação que se situa pautada na valorização e apropriação desigual da cidade. Assim, o autor se dedica ao longo do livro em realizar críticas ora sutis, ora diretas ao Estado e as formas que se originam do sistema implantado, sistema este que cerceia direitos dos cidadãos e transforma o tecido urbano no espaço das diferenças, que saltam aos olhos de quem a analisa. Essas alterações e modificações supracitadas têm relação direta com a concentração e o crescimento da população urbana, visto que este fato ocorreu e vem ocorrendo devido à industrialização e expansão do meio urbano. Decorrente disso cria-se a idealização de que o urbano é a melhor possibilidade, que é na cidade que as pessoas passam a ter as melhores condições. Esse crescimento em diversos momentos se mostrou desordenado, sendo assim fator potencializador na concretização da desigualdade entre os membros que compõem a sociedade
Entende-se a partir desta obra, que a cidade é forjada a partir de
condições mais amplas, que vão além dos fatores materiais, visto que são as ações humanas, as práticas sociais e espaciais (práxis) que tornam este espaço dinâmico e constante, um conjunto dialético que por muitas vezes se mostra contraditório, e que mesmo assim constitui a cidade.
É a partir da vida humana presente na cidade que existe o movimento e
variadas ações, que permitem a presença e o desenvolvimento de culturas, símbolos, valores e linguagens que alimentam a vida daqueles que produzem e consomem a cidade. Este tipo de elo se estabelece e ganha dimensões a partir da relação que os sujeitos estabelecem entre si e para com a cidade. O autor traz em suas concepções a importância de passar-se a pensar criticamente sobre as relações sociais que são criadas e estabelecidas entre as pessoas e o sistema, de modo pensemos como estas pessoas [nós] estão inseridas e classificadas e qual a sua importância para a continuidade e manutenção de tal.
Analisando a obra enquanto um conjunto frente aos diversos pontos que
são destacados, vale ressaltar a expressividade na reivindicação do autor pela cidadania de todos os habitantes, de forma que esta seja concisa e integral e que garanta a liberdade voltada à humanização constitutiva do direito do sujeito em sociedade.
Em conseqüência disso entende-se que o texto apresenta-se como
aporte básico para a insurgência de novas discussões e aprofundamentos que se mostram tão plurais no que cabem as questões que envolvem os sujeitos, seus direitos e a cidade. Desta forma, esta obra expressa a sua importância em diferentes áreas do conhecimento e corrobora para a consolidação da difícil tarefa de pensar a sociedade e suas dinâmicas. Ademais, este trabalho demonstra um alto grau de significância para todos os interessados, de modo que se torna recomendada no desenvolvimento de diferentes ciências que se propõem a pensar as pessoas e os espaços que são produzidos e consumidos socialmente.
. Desta forma, o texto é recomendado a todos os interessados no
ensino de urbanismo e areas afins, já que compreender essas questões é de primeira importância, para uma formação apropriada.