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CIÊNCIA DE
MATERIAIS EM
BIOENGENHARIA
RESPOSTAS A PERGUNTAS DE EXAME
HIBRIDAÇÕES
SISTEMAS CRISTALINOS
| ⃗ | . Como tal, quanto menor for a intensidade do vetor mais fácil será mover uma
deslocação, pois a energia que é necessário adicionar ao material é inferior.
O sistema CCC possui 48 (12+12+24) possíveis sistemas de deslizamento, ao
passo que no CFC existem apenas 12. No entanto, nos planos e direções mais densos
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do sistema CFC (planos (1,1,1) na direção (1,1-,0), com 12 sistemas equivalentes), ⃗
é menor do que o mesmo vetor nos planos e direções mais densos do CCC (planos
(1,1,0), com direção (1-, 1,1) em 12 sistemas equivalentes). Assim, é mais difícil
causar uma deslocação no CCC pois a tração de corte crítica resolvida é superior.
Ora, as deformações processam-se pelo aparecimento e movimento de
deslocações. Se este processo é mais difícil num material CCC, isso faz dele menos
deformável plasticamente do que o CFC.
Este efeito é evidente no ferro, um material polimorfo. A baixas temperaturas,
tem estrutura CCC pelo que é muito difícil moldá-lo mas, por ação da temperatura,
sofre uma transição para CFC, tornando-se mais dúctil.
2. Sendo HCP mais denso do que CCC por que razão, em geral os cristais que
apresentam a primeira são mais frágeis?
Os planos mais compactos dos sistemas HC e CFC têm igual densidade mas
diferente número de sistemas de deslizamento. Os planos de maior densidade em HC
são os da família {0001} e as direções são as da família <1,1,-2,0>, pelo que existem,
normalmente, 3 sistemas de deslizamento compactos neste tipo de estrutura. Já na
estrutura cúbica de faces centradas, os planos de maior densidade são os da família
{111} com direções <1-10>, existindo 12 sistemas de deslizamento igualmente densos.
Estes planos são onde as deslocações se movem preferencialmente; como tal;
quantas mais possibilidades houver, mais fácil será o seu movimento.
Por outro lado, no sistema HCP os planos mais densos são os das bases do prisma
hexagonal, da família (0,0,1). Desta forma, quando as deslocações encontram algum
obstáculo à sua progressão (impureza, por exemplo), é muito difícil saltarem entre
planos equivalentes de alta densidade (deslocações em cunha), já que estes se
encontram muito afastados, ou mudarem de plano em rampa (deslocações em hélice)
pois os planos intermediários têm um vetor de Burgers muito grande (grande
parâmetro de malha, átomos muito afastados, é necessária muita energia para
provocar uma deslocação aí). Estas características atómicas traduzem-se numa
impossibilidade de deformar plasticamente estes materiais, que são frágeis.
Uma exceção acontece no titânio. Este apresenta estrutura HCP mas os átomos
não têm forma esférica mas sim alongada (tipo bolas de rugbi deitadas). Desta forma,
os prismas hexagonais têm altura menor (os planos das bases estão mais próximos),
o que possibilita o salto de deslocações e consequente maior deformação antes da
rutura.
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3. Calcule a razão Rc/Ra para uma estrutura tetraédrica (NC=4). 0,225
4. Calcule a razão Rc/Ra para uma estrutura cúbica (NC=8). 0,732
5. Calcule a razão Rc/Ra para uma estrutura octaédrica (NC=6). 0,414
6. Determine qual é o volume útil (efetivamente ocupado por matéria) de uma
célula unitária CCC. Assuma que os átomos são esféricos e que todo o volume
atómico é denso. 74%
LIGAS METÁLICAS
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proporcionalidade). Porém, no domínio plástico, esta relação não de verifica, o gráfico
torna-se curvilíneo.
Devido à estricção, a área transversal da parte mais final do provete, onde a força
se concentra, diminui. Como tal, a força aplicada diminui pois para causar a mesma
deformação é necessária uma menor força, já que a região afetada está enfraquecida
por este fenómeno; por outro lado, a área transversal inicial mantém-se contante –
assim, o valor da razão acima diminui.
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4. Como distinguiria à vista desarmada ou com uma lupa uma fratura frágil de
outra dúctil, ambas acabadas de ocorrer? Justifique.
Numa fratura frágil, verifica-se o oposto. Esta ocorre quase sem qualquer
deformação plástica prévia, por propagação rápida de uma fenda, por exemplo.
Obtém-se, assim, uma superfície de fratura plana, com textura granular e brilhante.
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DESLOCAÇÕES
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Como se pode ver na figura: 1) a camada de átomos superior não se move das
suas posições originais; 2) os átomos da camada inferior moveram-se para uma nova
posição, onde reestabeleceram as ligações metálicas; 3) a camada do meio está a
mover-se. Assim, apenas uma pequena quantidade de ligações são quebradas de
cada vez. Por outro lado, como o vetor de B é colinear com a linha de deslocamento,
há uma infinidade de planos onde este tipo de deslocações se pode mover. Assim, as
deslocações em hélice podem mudar de plano mas rampa, passando por planos
intermédios com menor densidade antes de voltarem a movimentar-se na família de
planos mais compacta. Desta forma, a capacidade de movimentação de uma
deslocação em hélice dentro de um material é superior à de uma deslocação em
cunha.
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MICROSCOPIA
Por fim, quando eletrões das camadas mais próximas do núcleo são emitidos,
criam-se lacunas eletrónicas que são compensadas com rearranjos eletrónicos, em
que um eletrão de um nível mais exterior na nuvem eletrónica ocupa o espaço vazio –
desexcitação com emissão de energia. Como os níveis têm energia quantificada e
têm diferentes energias entre si, quando há esta compensação, há emissão de um
fotão com energia igual à diferença entre os níveis eletrónicos, ou seja, há emissão de
raios-X, que podem ser detetados. Pela medição da sua energia, sabe-se o número
atómico (para números atómicos superiores a 5) do átomo que emitiu esse raio-X, pois
a energia dos níveis é característica do elemento.
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2. Qual é a utilidade da espectroscopia de difração de raios X?
DIAGRAMAS DE FASES
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Quando se chega à temperatura que cruza a linha de líquidos, começam a formar-
se nas juntas de grão cristais de cementite (Fe3C); estes vão crescendo. À
temperatura d 727ºC, ocorre a reação eutectoide, em que toda a fase sólida γ origina
uma nova fase, sólida constituída for α+Fe3C (perlite).
À temperatura ambiente:
Constituintes metalográficos:
Fases:
c) Para um aço com 0,9% de carbono indique qual a percentagem das fases
metalográficas e qual a fase que está em maior quantidade.
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nas juntas de grão (ao ultrapassar a linha de líquidos); 3) ferrite proeutectoide e perlite
(ferrite eutectoide e cementite, Fe3C) (ultrapassando o patamar eutectoide isotérmico).
Por outro lado, nas ligas hipereutectoides forma-se cementite, que tem uma maior
percentagem de carbono, sendo muito mais dura e quebradiça do que a perlite. Desta
forma a liga torna-se muito menos dúctil. Aços hipereutectoides são usados, por
exemplo, alicates (muito duros e capazes de deformar outros materiais sem se
alterar).
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O limite de fadiga a tensão mais elevada que não causa fratura para um número
infinito de ciclos. Certos materiais não apresentam este patamar, podendo fraturar por
fadiga com cargas muito baixas.
Um exemplo de fratura por fadiga é o que pode ocorrer nas próteses da anca.
Apesar de estarem sujeitas a um pequeno esforço, este é contínuo e cíclico pelo que
se podem criar as condições necessárias à formação de um pequeno entalhe onde se
concentram as forças e acumulam estragos. A dimensão desta fissura vai aumentando
e pode atingir um tamanho crítico – o material parte repentinamente.
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- Fases: ferrite (tanto pro eutectoide como inserida na perlite) e cementite (tanto
inserida na perlite como terciária)
A situação descrita forma martensite, uma estrutura com uma só fase fora de
equilíbrio (não aparece no diagrama de fases). O processo que a forma faz com que
um aço hipoeutectoide, normalmente relativamente macio e dúctil, fique extremamente
duro. Isto acontece porque não se deixa que o diagrama de fases se cumpra
normalmente – a reação eutectoide não ocorre. O limite de solubilidade do carbono no
ferro a elevadas temperaturas, na austenite (CFC), é maior do que à temperatura
ambiente (muitíssimo baixo, 0,008% de impurezas intersticiais), na ferrite (CCC). Logo,
na fase γ existem mais átomos de C inseridos nos interstícios da malha cristalina. Ora,
aquando de um arrefecimento lento, em equilíbrio, estes átomos em excesso têm
tempo para ser expulsos, permitindo a transição entre CFC e CCC. Mas, com um
arrefecimento tão rápido, esta saída não ocorre; como tal, não se forma CCC e a
estrutura arranja um mecanismo para os átomos de C caberem na apertada malha:
através de uma transformação polimorfa, forma-se uma estrutura cristalina em que a
célula unitária são uns cubos alongados (estrutura tetragonal de corpo centrado). Esta
estrutura sobressaturada em carbono está sob grande pressão e as forças de corte
produzem muitas deslocações, que tornam o material no aço mais duro, resistente ao
desgaste e quebradiço, tendo ductilidade desprezável.
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4. Dados: r(Fe)=156 pm r(Cu)=142 pm
r(C)=67 pm r(Zn)=145 pm
solubilidade=0,008% solubilidade=34%
O carbono é muito pouco solúvel no ferro, daí a baixa percentagem de C nos aços.
Isto acontece porque o ferro, à temperatura ambiente, apresenta estrutura cúbica de
corpo centrado, que tem um parâmetro de malha muito reduzido (é muito densa, os
átomos estão muito empacotados). A liga que se forma é intersticial e, com tais
características, é difícil inserir átomos de carbono nos interstícios pois estes causam
grandes tensões. Assim, apenas muito longe do local onde um átomo de C foi
acomodado é que pode ser incorporado outro – solubilidade muito baixa. Esta
solubilidade aumenta ligeiramente (para um máximo de 2,14%) a altas temperaturas,
quando o ferro passa de alfa (CCC) para gama (CFC). Isto deve-se ao aumento do
tamanho dos interstícios, que diminui as tensões causadas.
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2ª parte
Acetábulo:
Cimentada – polímero, polietileno de muito elevada densidade (UHMWPE);
Press-fit – titânio.
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Alguns problemas associados à utilização destes materiais são:
1. Fratura por fadiga – o esforço aplicado é reduzido mas constante e cíclico, o que
pode levar a uma rutura fulminante e sem aviso prévio;
2. Corrosão do material metálico – pode ocorrer corrosão na superfície de contacto
com o osso o que causa a libertação de iões (de cobre, cobalto, titânio); estes são
normalmente excretados na urina mas, em alguns casos, podem acumular-se no
organismo e causar toxicidade;
3. A corrosão não só fragiliza a prótese como pode libertar partículas que migram para
outros locais do corpo através da corrente sanguínea, causando uma resposta
inflamatória grave;
4. Materiais usados não viáveis - possibilidade de rejeição;
5. Materiais com resistência superior à do osso normal - desgaste ósseo.
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3. Represente as alterações que ocorrem, a nível molecular, na interface de
um material exposto a uma solução aquosa de um composto ionizável (por
exemplo, um sal) à medida que a concentração deste aumenta. Faça uma
legenda clara das figuras que usar / Que reações ocorrem na superfície de um
metal exposto a um meio aquoso, contendo cloreto de sódio? Escreva as reações
correspondentes e faça um esquema que indique a movimentação das cargas
elétricas no meio e no metal.
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4. O que é o grau de polimerização e em que medida condiciona as
propriedades mecânicas de um polímero?
Algumas propriedades dos polímeros são afetadas pelo seu peso molecular.
Com o aumento da extensão das cadeias poliméricas, as forças estabelecidas entre
si (de Van der Waals, por exemplo) aumentam. Desta forma, a estrutura torna-se mais
compacta e resistente. Isto também afeta a temperatura de fusão, que aumenta com o
aumento do peso molecular – à temperatura ambiente, polímeros com cadeias muito
curtas (100g/mol) são líquidos; os com cadeias intermédias (1000g/mol) são sólidos
tipo cera ou resina; polímeros sólidos normalmente têm pesos moleculares entre
10,000 e muitos milhões de g/mol. Esta relação deve-se ao aumento crescente da
energia necessária para quebrar as ligações intermoleculares do polímero.
Assim, um material constituído pelas mesmas unidades repetitivas pode apresentar
características muito distintas.
∑ ∑
eso molecular m dio n mero:
∑ ∑
∑ ∑
eso molecular m dio massa:
∑ ∑
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6. Como é que a adsorção de proteínas a uma superfície influencia o
comportamento celular? Apresente um exemplo.
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7. Na reticulação hidrogel, como varia a viscosidade à medida que se adiciona
um agente reticulante? Apresente um exemplo, acompanhado de um esquema.
Indique as unidades de viscosidade, socorrendo-se da expressão que define
esta grandeza.
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8. Em que consiste a reticulação de um polímero? Como é que a reticulação
do polietileno de muito alta densidade afeta a sua resistência ao desgaste?
Apresente um gráfico claro e ilustrativo.
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A funcionalidade de um monómero é o número de grupos funcionais que participam
na polimerização. Monómeros com funcionalidade 2, bifuncionais, originam polímeros
lineares. É o caso do silicone linear, no qual apenas duas funções, os extremos,
podem ser ativadas:
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10. Como é que os biomateriais podem ajudar no processo de regeneração de
tecidos? De preferência, dê uma resposta no contexto da regeneração de um
tecido à sua escolha.
Uma das principais diferenças entre tecidos vivos e não vivos é que os primeiros
têm capacidades regenerativas, enquanto os segundos, apesar dos esforços feitos
recentemente para reproduzir estas capacidades, ainda não as possuem (salvo raras
exceções de materiais que já começam a regenerar, como tintas). No entanto, mesmo
em sistemas biológicos, as capacidades regenerativas não são permanentes; a partir
de um determinado estado, o chamado defeito crítico, o corpo (usando o exemplo do
organismo humano) deixa de ter capacidade de se auto regenerar. Nesta altura, a
engenharia de tecidos entra em ação, tendo como objetivo persuadir o corpo a
regenerar, e usando, para tal, biomateriais.
1) Material não viável usado em dispositivos médicos que vão contactar com
sistemas biológicos; ou
Um exemplo: imagine-se que ocorreu uma fratura num osso que não pode ser
reparada pelo próprio organismo recorrendo apenas a, por exemplo, imobilização com
gesso. Neste caso, pode-se unir as duas partes fraturadas com um scaffold que
contém células ósseas (BPMs). Por um lado, o scaffold funciona como uma ponte que
une os fragmentos ósseos. Por outro lado, as BMPs (bone morphogenic proteins) são
fatores de crescimento que induzem a formação de osso e cartilagem. Desta forma, o
corpo funciona como um biorreator onde a proliferação celular vai ocorrer. O osso é
regenerado.
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11. Como pode avaliar a viscoelasticidade de um polímero? Acompanhe a
resposta de um gráfico claro.
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12. O que é a temperatura de transição vítrea? Quais as alterações estruturais
e mecânicas que se processam no polímero? Quais as aplicações práticas?
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13. Quais as reações de polimerização que conhece? Defina o que ocorre em
cada uma e dê exemplos.
Todas as macromoléculas de polímeros têm que ser sintetizadas a partir de
moléculas mais pequenas num processo denominado polimerização. Existem
diferentes reações de polimerização, nomeadamente:
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2. Polimerização por condensação: pode envolver mais do que uma espécie
monomérica e, normalmente, uma pequena molécula (H2O, por exemplo) é eliminada
(condensada). Nenhuma das espécies reativas tem a fórmula da unidade repetitiva.
Exemplo: polietilteraftalato (PET).
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