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Direito Comercial I- Casos Práticos

Caso nº1

i)

De modo a saber se José tem razão, teremos de ver se as dividas contraídas por ele e por
Luís podem ser dotadas de solidariedade ou se, pelo contrário, seriam aplicadas as regras
gerais, sendo a obrigação conjunta ou parciária. Ora, de acordo com o artigo 513º do Código
Civil, só há solidariedade passiva caso as partes ou estipulem no contrato ou se tal resultar
da lei.

No âmbito do Direito Comercial, por força do artigo 100º do Código Comercial, opera
uma presunção de solidariedade das dividas comerciais. Deste modo, para saber se as
dividas em causa eram comerciais, seria necessário aferir da comercialidade do ato que lhe
deu origem: o contrato de empreitada celebrado entre José/ Luís e Matias.

De acordo com o artigo 2º do Código comercial, é ato comercial aquele que estiver
especialmente regulado por esse diploma. A doutrina tem entendido que também pode ser
um ato comercial, em sentido objetivo, um ato regulado por legislação avulsa mas cujo
objetivo é tutelar os especiais interesses inerentes à prática do comércio. Aferindo da
comercialidade em sentido objetivo, podemos concluir que este ato não é comercial, visto
não se encontrar especialmente regulado em legislação comercial.

Recorrendo ao disposto pela segunda parte do artigo 2º, teremos de aferir se o ato em
causa é um ato subjetivamente comercial. Os requisitos para um ato ser qualificado como
tal é que este tem de ser praticado por comerciantes ( artigo 13º), não ter natureza
exclusivamente civil e ainda que o contrário do próprio ato não resultar.

Devemos então começar por aferir se José e Luís são considerados comerciantes à luz
dos critérios legais: de acordo com o artigo 13º, é comerciante quem tem capacidade para
praticar atos de comércio e que fazem desta prática profissão.

Tendo em conta que José e Luís são adultos (122º CCiv a contrario), não sendo
inabilitados ou interditos, entende-se que, por força dos artigos 67º e 123º do CCivil, estes
teriam capacidade para a prática de atos de comércio, operando o princípio da coincidência
entre a capacidade de exercício e de gozo de direitos civil e a capacidade para a prática de
atos de comércio. Por outro lado, tendo em conta que José e Luís são arquitetos, não se pode
considerar que estes praticam efetivamente atos de comércio.

Quanto à profissionalidade, de acordo com o Prof. AMC esta é aferida recorrendo,


essencialmente, a quatro requisitos cuja verificação opera segundo a ideia de um sistema
móvel:

a)- Prática reiterada ou habitual: o profissional pratica atos de comércio de em grande


numero e reiteradamente; tendo em conta que José e Luís têm um atelier próprio, entende-
se que este requisito estaria cumprido;

b)- Prática lucrativa: a prática em causa visa a obtenção de lucro; o atelier de J e de L


seria um modo de tentar obter lucro através da prática de atividades ligadas à sua profissão;

c)- Autonomia: os efeitos da atuação do comerciante refletem-se na sua esfera jurídica;


d)-Prática tendencialmente exclusiva, de modo a que a maioria do património possa ser
afeto à prática comercial.

Ora, sendo que J e L eram arquitetos, seria difícil a sua qualificação como comerciantes.
Todavia, sendo que ser arquiteto é comumente considerada como uma profissão liberal, e
tendo em conta que os sujeitos em causa têm um atelier, demonstrando autonomia, a prática
de atos com fins lucrativos e a existência de uma organização de meios mínima, entende-se
que estes podem ser considerados de pessoas semelhantes a comerciantes, sendo-lhes
aplicável certas partes do regime comercial.

Quanto à exclusividade da aplicação do regime civil, recorrendo ao critério


estipulado pelo Prof. AMC, de que á exclusivamente civil o ato que, no momento
considerado, não seja regulado pelo Direito comercial, o ato em causa falharia este
pressuposto, não sendo dotado de comercialidade. Todavia, de acordo com o critério do
Prof. Coutinho de Abreu, seriam atos exclusivamente civis os que não são conexionáveis
com o exercício do comércio: pelas razões anteriormente apontadas acerca do facto de os
sujeitos serem qualificáveis como pessoas semelhantes a comerciantes, entende-se que este
requisito estaria cumprido, não sendo este um ato exclusivamente civil.

Por último, tendo em conta que o ato tinha que ver com o giro comercial, em virtude
de nada apontar contrariamente no referente às circunstâncias em que foi celebrado,
entende-se que o ato seria subjetivamente comercial.

Concluindo, por força do disposto pelo artigo 100º do Código Comercial, José seria
obrigado a pagar a totalidade da divida, tendo depois um direito de regresso sobre Luís,
referente à sua parte na dívida.

ii)-

Tendo em conta que a dívida seria resultante de uma obrigação pura, em virtude de
não ter sido estipulado qualquer prazo para o pagamento da mesma, por força do artigo
777º do Código Civil o credor pode exigir o seu pagamento a qualquer tempo (exigibilidade)
e o devedor pode cumprir a prestação a todo o tempo (pagabilidade).

Assim sendo, quando são interpelados para cumprir o pagamento do preço no dia
15 de Agosto de 2009, por força do artigo 805º/1, José e Luís entrariam em mora.

iii)-

De acordo com o parágrafo 3º do artigo 102º do Código Comercial, os juros


moratórios comerciais são fixados em portaria. Ora, na atualidade, os juros moratórios de
cariz comercial estão definidos pelo Aviso 8544/2017 que estipula, no seu ponto ii), que os
juros moratórios para o segundo semestre de 2017 é de 8%: se entendermos que as partes
estão em mora até agora, aplica-se esta taxa de juro.

Caso nº2

Para saber se a sociedade Automóveis, SA. pode exigir o pagamento da divida apenas
a David temos que aferir se a compra da carrinha por ele e Elvira é considerada um ato de
comércio.
Utilizando o critério objetivo do artigo 2º podemos concluir que esta compra e venda
não pode ser qualificada de comercial, tendo em conta que não se encontra no catálogo
constante do artigo 463º.

Teríamos então de aferir se o ato seria subjetivamente comercial. Começando por


David, podemos denotar que este tem capacidade para praticar atos de comércio (artigo 7º)
e cumpre os requisitos de profissionalidade, tendo uma intenção lucrativa, fazendo da
venda de fotografias uma prática autónoma e reiterada/habitual: cumpriria todos os
requisitos impostos pelo artigo 13º para ser considerado um comerciante. Por outro lado,
de acordo com uma interpretação objetivista do artigo 230º, defendida pelo Prof. AMC, em
que se entende que o elenco constante desse preceito apresenta atos de comércio em
sentido objetivo, a atividade desempenhada por David incluir-se-ia no ponto 5º deste artigo:
David praticava efetivamente atos de comércio.

Elvira, por sua vez, não obstante cumprir os requisitos de capacidade para a prática
de atos de comércio e de profissionalidade, entende-se que não pratica efetivamente atos
de comércio, tendo em conta que o artigo 464º/2 considera que a venda feita pelo
proprietário rural dos seus produtos não é considerada como comercial. Corroborando este
entendimento, mais uma vez recorrendo a uma ideia objetiva do disposto pelo artigo 230º,
entendemos que, de acordo com o seu parágrafo 1, também não se considera os atos
praticados por Elvira como atos de comércio.

Concluindo, não obstante a compra em causa não ter natureza exclusivamente civil,
bem como a não comercialidade do ato não resultar das suas circunstâncias, entende-se que
Elvira não é verdadeiramente comerciante, pelo que não haveria solidariedade nos termos
do artigo 100º (artigo 513º Ccivil), sendo que o credor apenas poderia exigir de cada um
dos devedores a parte que lhe competia pagar.

Na perspetiva da sociedade vendedora, o ato seria comercial pela via objetiva


(463º/1), bem como pela via subjetiva (artigo 13º/2 + cumprimento dos restantes
requisitos impostos pelo art. 2º).

Mauro Nunes

Subturma 3
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