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RESUMO
ABSTRACT.
O estudo apoia-se nas técnicas de pesquisa bibliográfica quanto aos meios, de forma a
construir um embasamento teórico, e, quanto aos fins, na técnica documental aliada à entrevista
individual semiestruturada como procedimento de levantamento e coleta de dados, por
conseguinte, na análise dos dados, a técnica análise de conteúdo.
Em média, cada entrevista percorreu cerca de trinta minutos. Como extremos, teve
entrevista que percorreu uma hora e vinte e três minutos, ao passo que a de menor duração onze
minutos e um segundo. Ao final da coleta de dados, por meio de entrevistas, o pesquisador
contava com cerca de dezessete horas de gravações em áudio para posterior transcrição,
conforme Apêndice A.
Quanto à análise de dados optou-se pela análise de conteúdo do material obtido por meio
de entrevista, documentos, apoiando-se na literatura, seguindo o protocolo de Franco,
influenciado pelos estudos de Bardin (2006), uma vez que a técnica é utilizada para produzir
inferências acerca de dados verbais e simbólicos que possibilitam uma conexão com outras
técnicas de pesquisa, sendo assim, um “manual didático e prático para pesquisadores em
educação”, afirma Franco (2003, p.10).
(...) eu não consigo fazer esse acompanhamento [das metas], porque na minha
mesa para todos os problemas do mundo. (...) aí eu fico realmente com muita
demanda e isso contribui para um não acompanhamento das metas, aí
infelizmente as metas vão ser atualizadas naquele finalzinho de ano.
(...) se você ler o PDI você vai verificar que os objetivos estratégicos, as metas
propostas, as ações, é um pouco confuso. (...) o interessante não é ter muitas
metas, porque tendo muitas metas acaba tirando o foco da proposta, então
assim, às vezes a proposta de meta poderia facilmente ser trocada por uma
ação, então são confusões que acontece no planejamento.
Infere-se que, acompanhar, assimilar e elaborar uma meta, não constitui-se uma
atividade simples em Instituição Federal de Ensino, razão pela qual servidores apresentam
limitada compreensão na definição de metas e ações, conforme evidencia na E-24 “As pessoas,
elas têm dificuldades de entender o que é uma meta, então as metas elas não são bem
construídas, elas não são construídas muito tecnicamente, eu acho que é isso, eu acho que dá
para fazer aquilo, então o parâmetro de construção das metas ele é muito deficiente”. Continua
ainda afirmando que “as metas elas são construídas de forma empírica, a partir da percepção de
cada um, elas não são construídas tecnicamente. ”
(...) quando é estabelecido uma meta no próprio sistema ela pode ser
desdobrada em várias ações, que é o certo, você tem ali os objetivos, e aí você
faz o desdobramento daquela meta em objetivos menores ou em ações como
o SGI chama, só que, como existe uma premissa que já é problemática, que é
na construção da meta, esse desdobramento ele é complicado, então a gente
tem ferramentas de gestão à disposição, mas atualmente eu não vejo aplicação
delas. Entrevistado E-24.
(...) a gente tem alguns indicadores básicos que é relação aluno professor,
índice de eficiência, índice de eficácia, mas até os próprios indicadores que a
gente tem eles são pouco trabalhados, muita gente não entende como eles
funcionam, então se você não tem indicador de desempenho, é difícil você
medir se uma meta ela foi alcançada ou não, (...).
Por outro lado, o pensamento estratégico, tem-se apontado como uma nova
concepção da estratégia organizacional. Uma perspectiva não só para metas e indicadores
organizacionais, mais, sim, uma abertura para criatividade, inovação e intuição como fatores
imprescindíveis para eficácia organizacional, abordando elementos, tais como: os valores, a
liderança e a liberdade (não controle) na informação, salienta Fairholm (2009).
Portanto, levantar metas e indicadores de modo a auferir o quanto a organização
está caminhando na direção correta é imprescindível, isto é consenso, no entanto, o ponto crítico
corresponde em como fazê-lo em uma instituição acadêmica. Elaborar e estabelecer indicadores
em educação é um desafio para os administradores e gestores para que, de fato, represente a
realidade educacional.
Infere-se que a construção de indicadores em educação exige parâmetros
específicos na sua elaboração, de forma a conciliar a medição, aferição e resultado, uma vez
que questões políticas influenciam sua definição; são definidos indicadores inatingíveis;
dificuldades de automatizar o processo de coleta de dados e indisponibilização de dados em
tempo real; estabelecimento de indicadores que possam ser compreendidos seu pela
comunidade acadêmica. Além disso, outra limitação consiste em mensurar um elevado número
de indicadores ao mesmo tempo, obter dados confiáveis e consolidados, bem como, construí-
los de forma que possibilitem verificar tanto a dimensão econômica, mas, também, a dimensão
da eficácia pedagógica, da efetividade social e da relevância cultural.
Todavia nós temos uma visão no contexto da gestão da educação que a gente
incorporou muito da lógica empresarial, a lógica da administração de
empresas, a educação herdou da administração empresarial muitos dos seus
métodos e técnicas, principalmente quando se firma na questão da eficiência
e da eficácia. Entrevista E-04.
Os autores (MEYER JR., 2005; MEYER JR; LOPES, 2015) corroboram com a
afirmação na entrevista E-04, na medida em que a prática de planejamento adotada em
instituições acadêmicas é oriunda de modelos inadequados da área empresarial e, com isso, tem
focado na aplicação de ferramentais mecanicistas e lineares. Desse modo, destaca que as
instituições públicas de ensino superior por constituírem um tipo especial de organização,
exigem formas próprias de planejamento e gestão.
No contexto das IFES, tem-se cada vez mais buscado diminuir o distanciamento
entre a escola e sociedade por meio do diálogo e construção de espaços democráticos
participativos. O processo de expansão e interiorização dentro da política pública de educação
que, de certo modo, tem encurtado distâncias e fomentado o envolvimento da comunidade.
A participação direta da comunidade local, nas diferentes etapas do planejamento,
seja na concepção, seja no acompanhamento, seja na avaliação das gestões educacionais em
IFEs, não pode perder de vista a ação cooperada, diferente de uma lógica empresarial que não,
necessariamente, precisa pactuar tudo que, habitualmente, a alta administração no sistema top
down “empurra” suas decisões e determinam que as cumpram.
Planejar em educação, definir hierarquicamente de forma impositiva, conforme
modelo weberiano, não se mostra como melhor posicionamento, de acordo com entrevista E-
04 “(...) então não basta o comando central ou a reitoria estabelecer metas de cima para baixo,
isso, do ponto de vista da educação, isso é uma grande falácia”.
A educação não se faz a partir do espontaneísmo, mas, sim, por um planejamento
concreto, com ações efetivas, com concepção de educação objetivas, diagnóstico e um plano de
ação para superar e transformar a realidade. As pessoas têm que ter clareza dos rumos do
projeto, se não tiver isso, as metas certamente não vão ser alcançadas, conforme afirma E-19
“Planejamentos estratégico é um planejamento de longo prazo e de fato as nossas ações no dia
a dia não podemos esperar ter resultados imediatos, mas, é uma construção hoje que vai refletir
num futuro bem próximo, tal como aponta E-01 “(...) e educação não é uma coisa que a gente
faz em dez minutos”, e continua “o planejamento estratégico de uma instituição ela precisa
necessariamente atender o que a população espera dessa instituição”. Além disso, destaca-se na
entrevista E-01.
Eu acho que o nosso planejamento de fato ele deve contemplar a necessidade
de transformação social, nesse sentido e que a gente oferta, aí sim para atingir
essa transformação social, a gente oferta cursos técnicos, cursos superiores,
formação de professores, uma extensão tecnológica constituída por assistência
técnica, a gente tem os projetos de arte, cultura, quer dizer, há um conjunto de
ações e atividades de programas que traduzem o planejamento estratégico do
Instituto.
Portanto, o planejamento é uma ferramenta estratégica utilizada pela organização
para cumprir sua missão, ou seja, transformação social, e para ser eficaz, deve envolver tanto
os atores internos e externos na sua construção, como afirma E-01, “(...) e eles (comunidade
externa) vem trazendo a sua demanda e que eles esperam do Instituto, e, aqui, técnicos,
estudantes e docentes ouvindo isso e trabalhando conjuntamente, eu acho que a gente vai chegar
aí sim ao planejamento eficaz”.
O envolvimento da comunidade é questão fundamental na gestão educacional, e o
IF tem sido instigado e empenhado seja por meio das audiências, fóruns ou em diferentes
espaços públicos que possibilitam a captação dos anseios da comunidade, como também, por
debate e discussão. Entende-se com isso, em educação para ser eficiente e efetivo é necessário
a participação de todos.
(...) em educação para que a gente tenha efetividade social, para que a gente
tenha eficiência do ponto de vista econômico e eficácia do ponto de vista
pedagógico é necessário o envolvimento da coletividade, é necessário a
pactuacão em torno dessas metas. Entrevista E-4.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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