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Módulo 1 - Texto e Intenção

Apresentação do módulo

Neste módulo, você estudará sobre a importância de se desenvolver uma


atitude decisiva ao redigir um texto, salientando quais são os aspectos
favoráveis a uma boa decisão linguística.

Fique atento! Ao escrever textos seja capaz de identificar-se como decisor


linguístico, reconhecendo as implicações de tal postura na produção de textos
técnicos, a partir do conhecimento dos elementos que os constituem e que os
diferenciam de outros gêneros.

Objetivos do Módulo

Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de:

Identificar-se como decisor linguístico, reconhecendo as implicações de tal


postura na produção de textos técnicos;

Diferenciar tipos de gêneros textuais;

Reconhecer a importância das orientações contidas no Manual de Redação da


Presidência da República;

Compreender que a mesma palavra, empregada em contextos diferenciados, é


capaz de ganhar novos sentidos, que podem ser figurados e carregados de
valores.

Estrutura do Módulo

Este módulo compreende as seguintes aulas:

 Aula 1 – Decisor Linguístico

 Aula 2 – Gêneros Textuais

 Aula 3 – Redação Oficial: aspectos gerais

 Aula 4 – Os Diferentes Sentidos

1
Aula 1 - Decisor Linguístico

Ser um bom decisor implica bom senso, capacidade crítica e conhecimento da


língua. Você estudará agora a importância de se agir intencionalmente ao
escrever um texto e como tomar as melhores decisões...

É com “Z” ou É com “G”


com “S”? ou com “J”?

É com “X”
ou “CH”?

Decidir como se escreve uma palavra não é hoje um grande problema!

Existe o dicionário e o corretor ortográfico dos editores de texto para ajudar.

Mas será essa a única decisão a ser tomada quando se escreve um texto,
especialmente o texto técnico?

Tomar uma decisão sob o ponto de vista linguístico é, acima de tudo, tornar-se
capaz de fazer as melhores opções ao produzir um texto, qualquer que seja
ele. Nesse sentido, é preciso considerar a adequação do texto a ser produzido
ao contexto específico da comunicação.

2
Daí a diferença entre escrever um bilhete para um colega de trabalho, deixando
um recado, ou enviar um e-mail a uma chefia, por exemplo. Veja:

Carlos, Prezado Eduardo,

Chegarei tarde hj. Informo que as ocorrências do dia de


Estou em diligência. ontem já foram lançadas no sistema. Se
Abs. houver alguma pendência ou dúvida, por
Mônica favor, entre em contato. Atenciosamente.
Mônica
Mônica
Mônica

Em relação à comunicação, é preciso, portanto, fazer escolhas das mais


diversas, como a adequação ou a inadequação de uma dada forma linguística
que se quer utilizar; a melhor forma de apresentar uma ideia; o vocabulário a
ser utilizado; que estrutura gramatical deve ser usada ou as informações a
serem dadas. O decisor deve ser capaz de refletir criticamente sobre sua
produção textual e realizar substituições quando for necessário, inclusive
quando tiver dúvidas.

Ele deve conhecer a língua e seus princípios linguísticos, o que não pode ser
confundido com o conhecimento superficial de regras gramaticais. No tocante a
esse respeito, é preciso compreender que as regras só passam a ter valor
quando aplicadas em nossa produção. O decisor linguístico reconhece e utiliza
intencionalmente seu estilo pessoal de escrever. É capaz de criar, aplicando tal
potencial de maneira diversa e leva em consideração as possibilidades que a
língua lhe dá de compreender, analisar, sintetizar e posicionar-se criticamente,
seja como leitor ou escritor de textos.

A convivência com textos variados cria condições para que você se torne um
decisor na medida em que servem de modelos de escrita, bem como de
diversos gêneros textuais disponíveis em nosso cotidiano. É uma necessidade,
portanto, diversificar as leituras em prol de nosso capital cultural. Reconhecer
os diferentes gêneros e suas características ajuda a perceber,
fundamentalmente, quais são os seus espaços de uso e, assim, se sentir mais
à vontade para fazer as suas escolhas.

Neste curso, espera-se que você se sinta como decisor linguístico capaz de
perceber que comunicar uma ideia, principalmente ao escrever textos técnicos,
3
não significa reproduzir modelos apenas. Mais do que isso, toda e qualquer
forma de comunicação é uma atividade cognitiva complexa que nos leva a
criar. Mas criar qualquer coisa? Na redação técnica, em definitivo, a resposta é
não. Criar aqui implica conhecer profundamente a língua portuguesa e saber
como utilizá-la. Por isso, mãos à obra. A seguir, você verá como poderá tomar
as decisões de que precisa.

O que deve ser considerado na decisão linguística?

Ao emitir mensagens escritas, é fundamental definir:

 a informação que se quer transmitir;

 a quem se dirige a informação ou solicitação;

 o canal de comunicação a ser utilizado;

 quais são os objetivos do texto, levando em conta o contexto;

 quais os recursos disponíveis que podem contribuir para essa


decisão;

 que atitude deve-se ter ante a necessidade da decisão.

Sempre que você der início à produção de um texto, inclusive textos técnicos,
tenha em mente que você transmite informações e, por isso, deve planejá-las e
organizá-las de maneira a alcançar seu intento.

Dentre as possibilidades comunicativas dos textos técnicos existentes, você


estudará neste curso:

• Ata;
• Requerimento;
• Ofício;
• Exposição de motivos;
• Relatório;
• Memorando;
• Circular;
• Despacho.

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Em cada caso, a finalidade do texto determinará o tipo de informação
requerida, bem como o formato próprio, devendo sempre ter como registro
linguístico adequado, o padrão culto da língua portuguesa.

É preciso ainda conhecer seu interlocutor. Um especialista, por exemplo,


necessitará de informações mais específicas e pormenorizadas, ao contrário do
leigo, que deverá assimilar o conteúdo da mensagem de forma genérica,
apesar da imprescindível clareza textual. Ao escrever textos, o redator dirige-se
a públicos diversos, constituídos por interlocutores de diferentes níveis
cognitivos, culturais e sociais.

Pelo exposto, convém que o texto técnico seja produzido numa linguagem o
mais neutra possível, visando a atingir a totalidade dos indivíduos, adequando-
se à realidade comunicativa do momento. No caso específico da redação
técnica, na maior parte das vezes, prevalece relações comunicativas
simétricas, em que os interlocutores apresentam as mesmas condições
culturais ao se comunicarem e, por isso, as dificuldades são minimizadas.

A partir das decisões iniciais sobre o que e a quem se vai falar é preciso refletir
sobre detalhes do que vai ser dito. Essa estruturação do texto pode ser mental
ou escrita, como um esquema. Escolha a que melhor se ajusta ao seu jeito de
se organizar. Com esses elementos bem definidos, está na hora de escrever o
texto.

O esquema é um dos melhores recursos para a produção de textos, em


especial, para aqueles que exigem maior elaboração, por constituir-se em um
instrumento de controle para o desenvolvimento de ideias, evitando a
desconexão das partes do texto, a incoerência do todo e a inconsistência das
partes em si mesmas. Quando evitamos tais problemas, alcançamos o que
chamamos de textualidade (coesão e coerência) e as diversas partes do texto
se intercomplementam formando uma rede de sentidos.

Uma das opções para esquematização das ideias em um texto se relaciona


diretamente com sua paragrafação, por meio da qual se identificam ideias
principais, secundárias e pormenores (detalhes, exemplos, descrições, etc.)
daquilo que se quer afirmar, conforme o exemplo a seguir que se repete a cada
parágrafo:

Ideia Secundária Pormenores


Ideia principal Ideia Secundária Pormenores
Ideia Secundária Pormenores

5
São inúmeras as dúvidas que surgem quando se escreve e isso acontece até
com os mais experimentados escritores. É necessário, assim, ter à mão fontes
de consulta que nos ajudem a solucionar tais questões, as quais não são só
suas, mas de todos aqueles que se propõem a trabalhar com as palavras.
Dentre os materiais para consulta, destacamos os seguintes:

 dicionários1;
 gramáticas2;
 manuais de redação e estilo3;
 obras e textos técnicos4.

Lembre-se, ainda, de que o corretor ortográfico do editor de texto é bastante


útil, mas tem limitações próprias. Por isso, na dúvida, recorra às possíveis
fontes de pesquisa e garanta a produção de um texto claro e correto. Os textos
mostram quem você é e o quanto sabe, por isso capriche ao escrever. Não se
deixe levar pela enganadora visão de que os textos ficam prontos e bem
escritos logo em sua primeira versão. Kanitz (2010)5, assim escreve a esse
respeito:

Reescrevo cada artigo, em média, 40 vezes. Releio 40 vezes, seria


a frase mais correta porque na maioria das vezes só mudo uma ou
outra palavra, troco a ordem de um parágrafo ou elimino uma
frase, processo que leva praticamente um mês. No fundo, meus
artigos são mais esculpidos do que escritos. Quarenta vezes é
desnecessário para quem escreve numa revista menos
abrangente, 20 das minhas releituras são devido a Veja, com seu
público heterogêneo onde não posso ofender ninguém (KANITZ,
2010).

Calma! Não é uma sugestão que você reescreva documentos e outros textos
quarenta vezes, mas que você os releia quantas vezes forem necessárias até
ter a certeza de que sua produção está realmente boa.

Outro hábito muito comum no ambiente de trabalho é recorrer aos colegas


quando se tem dúvidas, mas submeter o texto a outro olhar não deve ser a
única fonte a ser consultada, pois eles também podem estar errados e, como
todas as pessoas, carregam suas dúvidas, limitações e vícios de linguagem.
1
Convencionais (de significados), etimológicos, enciclopédicos e ortográficos.
2
Normativas, descritivas, pedagógicas, são fontes de consulta de aprofundamento.
3
Governamentais, jornalísticos, empresariais, são instrumentos de homogeneização da
redação institucional.
4
Constituem fontes de consulta que sustentam opiniões de especialistas.
5
Consultor de empresas, conferencista, colunista da Revista Veja no período de 1999 a 2009
6
Antes de terminar esta aula realize o exercício.

Hora da Prática

Exercício 1 - João necessita redigir um relatório sobre a viagem de trabalho


que realizou. Com base nos aspectos a serem considerados na emissão da
mensagem escrita, cite pelo menos três que deverão ser definidas por João na
elaboração do relatório.

Orientação para resposta6

Exercício 2 - Faça uma lista dos principais vícios ou aquelas dúvidas que você
sempre identifica em seus textos e pesquise em dicionários e gramáticas qual o
seu uso correto. Refletir sobre o percurso de escrita contribuirá muito para a
melhoria de seus textos.

Aula 2 - Gêneros Textuais

Uma das habilidades relacionadas à produção textual refere-se ao


conhecimento do gênero textual. Nesta aula, você será convidado a refletir
sobre a natureza dos textos que circulam socialmente e que se constituem
como gêneros, o que os distingue de outros textos e, inclusive, se na oralidade,
ou seja, quando se fala, também se está, ou não, produzindo textos.

Existe uma pluralidade de discursos e de possibilidades para a organização de


um texto. Antes essas possibilidades eram limitadas à consideração de que
“textos” eram apenas aqueles que seguiam as características da narração,
descrição, dissertação, injunção e argumentação (era o que a escola ensinava,
lembra?). Esses são tipos textuais que dizem respeito ao conteúdo e ao
formato do texto. Só existem os cinco tipos textuais indicados. Vejam que, em
um relatório (que se constitui um gênero textual), por exemplo, podem aparecer
dois ou três tipos textuais ao mesmo tempo: a narração de um fato, a descrição
de um objeto e a argumentação em defesa de uma atitude adotada.

Para Marcuschi (2002), gêneros textuais são os textos que encontramos em


nossa vida diária e que apresentam características sociocomunicativas
definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição
característica.

6
A resposta do exercício é pessoal, mas para estar correta, você deverá ter selecionado pelo menos três
dos seguintes aspectos: a informação que se quer transmitir; a quem se dirige a informação ou
solicitação; o canal de comunicação a ser utilizado; quais são os objetivos do texto, levando em conta o
contexto; quais os recursos disponíveis que podem contribuir para essa decisão; que atitude deve-se ter
ante a necessidade da decisão.
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Exemplos de Gêneros Textuais:

Ata, relatório, carta, ocorrência, ofício, boletim, bilhete, cartão-postal,


horóscopo, bula de remédio, manual de instrução, edital, piada, cardápio, blog,
lista de compras, receita culinária, charge, texto científico, resenha, notícia
jornalística, artigo, ensaio, crônica, poema, conto, etc.

Como se pode notar, a formação de um “escritor” crítico envolve outras práticas


que passam pelo conhecimento das relações sociais e suas implicações na
percepção e interpretação de textos veiculados por meio de diferentes
situações de interação. Assim, pense em um enunciado comum como “escrevi
uma carta” e leia os textos a seguir:

Texto 1

Este texto é uma carta escrita por Clarice Lispector ao escritor Lúcio Cardoso,
em 1947.

Berna, 23 de junho de 1947.


Lúcio,

Fiquei tão contente em receber seu livro e a cartinha. Li o livro imediatamente,


e você bem sabe que alegria me dá ler coisas suas. Acho o livro lindo, e as
mulheres de seus livros são as pecadoras mais violentas e inocentes... Durante
toda a leitura espera-se que alguma coisa mortal suceda e que de repente,
fique tranquilo, pastoral, e ainda assim perigoso – gosto tanto disso. A cena no
anfiteatro é tão plástica e visível, na minha opinião um dos pedaços melhores
do livro. Vejo, Lúcio, que você está cada vez melhor, e isso me alegra tanto na
admiração e na amizade. Estou esperando a professora Hilda. Irmgard não me
deu logo o livro, só trouxe quando veio passar uns dias na Suíça. E depois não
respondi logo, porque várias coisas pequenas e maiores sucederam. – Aqui
nada de novo. Eu com o desejo permanente de voltar para o Brasil não sei
quando vamos. Ou então de viajar sem cessar, mas sobretudo não ficar parada
gratuitamente num lugar. No meio disso tudo felizmente veio a primavera e
você não pode imaginar que boa notícia é a primavera depois de um inverno
longuíssimo. Logo que ela chegou passei uns dias meio boba, tomando
qualquer sol que aparecia, farejando flor onde tivesse nascido. Uma das coisas
que faço na Europa é mudar de estação...
(...)
Se você quiser me mandar A professora Hilda, ficarei muito contente.
Maury manda lembranças. Eu desejo muitas felicidades para você.

Clarice.
(LISPECTOR, 2002, p. 134)

8
TEXTO 2
Este texto também é uma carta e foi escrita por uma leitora do Jornal Folha de
São Paulo à seção Painel do Leitor.

(Ao editor)

São Paulo, 23/10/2007.

Gostaria de elogiar a reportagem do Folhateen sobre o filme “Tropa de


Elite”. Talvez tenha sido a única entre as que li que tratou o filme com a
seriedade que o assunto merece.
Jovens que viram e amaram o filme dizem que ele “mostra a realidade”.
Mas fica claro na entrevista com Rodrigo Pimentel que o filme mostra só uma
parte – editada e maquiada – da realidade, com a função de entretenimento,
coisa que a maioria das pessoas que assiste ao filme não se dá conta.
Acho complicado, no nosso país, de tantas diferenças sociais, um filme
apresentar a guerra como solução para a violência, estigmatizar ONGs como
amigos de traficantes e mostrar ações sociais como algo banal.
Sou professora na comunidade de Paraisópolis – a segunda maior e
menos violenta de São Paulo – e acredito sinceramente nas ações sociais das
instituições ali presentes.
Não seria ingênua de acreditar que a luta contra o tráfico prescinde das
tropas de elite, mas acho que seria importante destacar que essas ações são
apenas paliativas, e não a solução para esse problema.

Andréia Morais

(MORAIS, 2007)

Você acabou de ler dois textos cuja classificação, como gênero textual, seria:
carta. Repare, então, que, como práticas comunicativas, é possível a variação
de um mesmo gênero quando se modificam as intenções dos participantes, os
objetivos do locutor, a linguagem. Além disso, um gênero pode sofrer uma
“transmutação”. Veja o texto a seguir:

9
Como é possível perceber, o texto é um e-mail enviado de Ana para Maria. O
e-mail, gênero atualmente muito utilizado, não deixa de ser uma variação da
carta. Assim, além do conteúdo temático e do estilo, um gênero se distingue
também pela forma de sua composição.

Então, é possível constatar, sem esforço, que não é fácil demarcar um número
que limite os gêneros textuais na atualidade. Enfim, são textos que circulam
pelo mundo e que vão apresentar características e funções específicas e,
logicamente, um público próprio. Diante dessa diversidade de gêneros textuais,
a redação técnica exige uma atenção maior a aspectos como textualidade,
coesão e coerência, técnicas de elaboração e argumentação, e impessoalidade
no discurso.

Importante!

O texto é resultado de uma interação entre sujeitos. O texto escrito por você
terá sempre um destino, portanto, além das formas da língua, é preciso
entender as condições de produção e todo o processo mental envolvido nessa
construção. Assim, mais do que uma aprendizagem meramente conceitual e
informativa, ao escrevê-lo, você terá a oportunidade de pensar o texto a partir
de seu funcionamento, de seu uso, o que, claramente, reflete um contexto
social (no caso da redação técnica, um contexto profissional) e histórico.

10
Hora da Prática

Exercício 3 - As cartas listadas a seguir são diferentes das já apresentadas


anteriormente. Observe que todas elas são classificadas e nomeadas apenas
como “cartas”, ou seja, todas obedecem a certa ordem, exibem os elementos
mais básicos, como o remetente e o destinatário, embora apresentem estilos,
conteúdos e objetivos bastante diferenciados.

Analise cada uma delas e escolha a alternativa que melhor define o objetivo da
mensagem.

Carta 1

Belo Horizonte, 13 de novembro de 2012.

Senhor xxxxxxxxx,

Não consta, em nossos controles, o envio dos relatórios referentes às


ações de formação de sua equipe no primeiro semestre de 2012. Entre
em contato com o grupo de controle do Projeto de Formação dos
Policiais pelo telefone (31) 3333.9999 para que possamos solucionar
essa pendência. Caso já tenha enviado os referidos relatórios, favor
comunique-nos o período e o número de protocolo da referida
correspondência.

Atenciosamente,
xxxxxxxxxxx
Diretor da Academia de Polícia xxxxxx

Escolha a alternativa que melhor define o objetivo da mensagem da


carta 1

( ) Carta convite
( ) Carta recomendação
( ) Carta advertência
( ) Carta cobrança

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Carta 2

São Paulo, 20 de novembro de 2012.

Senhor xxxxxxxxxxx,

O senhor vem apresentando-se recorrentemente atrasado ao serviço,


sem nenhuma justificativa satisfatória. Ademais, foi advertido
anteriormente por seu encarregado e continua reincidindo nessa falta.

Esperando a sua colaboração nesse assunto, evitando a adoção de


medidas administrativas.

Atenciosamente,
xxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Chefe de Departamento

Escolha a alternativa que melhor define o objetivo da mensagem da


carta 2

( ) Carta convite
( ) Carta recomendação
( ) Carta advertência
( ) Carta cobrança

12
Carta 3

Belo Horizonte, 15 de Agosto de 2012

Senhor xxxxxxxxxxxxxx,

A ASPC/xx – Associação dos Servidores da Polícia Civil em xxxxxxxxx


tem a honra de convidar a sua Escola ou Equipe de futebol para
participar da COPA ASPC DE ESCOLAS DE FUTEBOL DE SALÃO
2012, a ser disputada, em outubro de 2012, visando o estreitamento das
relações de amizade e o espírito de grupo entre os atletas participantes.

xxxxxxxxxxxx
Diretor do Clube ASPC/xx

Anexo: Tabela de Jogos e períodos de realização

Escolha a alternativa que melhor define o objetivo da mensagem da


carta 3

( ) Carta convite
( ) Carta recomendação
( ) Carta advertência
( ) Carta cobrança

13
Carta 4

Belo Horizonte, 13 de novembro de 2012

Prezados Senhores,

Temos a satisfação de recomendar Fulano de Tal, servidor deste setor


desde 2005, para o cargo de chefia ora em aberto.

Ressaltamos que se trata de um excelente profissional, tendo


desempenhado sua função com eficiência e lealdade durante o período
em que trabalhou conosco.

Atenciosamente,

xxxxxxxxxxxxxx
Delegado Chefe

Escolha a alternativa que melhor define o objetivo da mensagem da


carta 4

( ) Carta convite
( ) Carta recomendação
( ) Carta advertência
( ) Carta cobrança

Assim, para executar um trabalho qualquer ou estabelecer uma situação de


comunicação eficiente (entender e ser entendido), é preciso determinar qual o
gênero e o tipo de discurso são efetivamente necessários. Por exemplo, na
universidade determinados gêneros tais como o resumo, a resenha e o artigo
são muito importantes para a produção do texto científico. Em determinadas
profissões, como as executadas na área de segurança pública, é
imprescindível o conhecimento dos elementos que estruturam o texto técnico.
14
Para aprender a produzir um texto que apresente características peculiares ao
seu gênero (toda carta, por exemplo, apresenta data, remetente, corpo da
informação, despedida e assinatura do emitente), é necessário entrar em
contato com o corpus textual 7deste gênero para que, em situações definidas,
sirva sempre como referência.

Neste curso, você entrará em contato com algumas proposições apresentando


passos para a produção específica de um gênero: o texto técnico. Antes disso,
no entanto, pense um pouco sobre os elementos construtores desse gênero,
realizando os exercícios.

Hora da Prática

Exercício 4 - Leia os textos a seguir e responda as questões solicitadas:

TEXTO 4

(Fonte: http://www.matutando.com/charge-violencia-publica/)

7
Conjunto de textos selecionados que servirão de base para análise terminológica
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TEXTO 5

Secretaria de Segurança Pública anuncia novos chefes das polícias em


São Paulo

Coronel Benedito Roberto Meira assume Comando Geral da PM e Luiz


Maurício Souza Blazeck será o novo delegado-geral da Polícia Civil

26 de novembro de 2012 | 10h 46

SÃO PAULO - Os novos chefes das polícias Civil e Militar do Estado de São
Paulo foram anunciados na manhã desta segunda-feira, 26, pela Secretaria de
Segurança Pública, quatro dias depois de o ex-procurador-geral de Justiça
Fernando Grella assumir a pasta. O Comando Geral da PM ficará com o
coronel Benedito Roberto Meira, atual chefe da Casa Militar do Governo, e o
cargo de delegado-geral da Polícia Civil será ocupado por Luiz Maurício Souza
Blazeck. A Superintendência de Polícia técnico-científica continua com o perito
criminal Celso Perioli, na função desde 1998.

Os nomes dos dois novos responsáveis pelas polícias serão publicados no


Diário Oficial do Estado nesta terça-feira, 27. Eles substituem o coronel
Roberval Ferreira França, ex-comandante da PM, e o delegado Marcos
Carneiro Lima, ex-delegado geral.

A troca na cúpula da segurança pública ocorre em meio a um onda de violência


no Estado, com alta no assassinato de PMs e na execuções de civis. A capital
paulista registrou elevação de 114,6% nos homicídios em outubro, na
comparação com o mesmo mês do ano passado - foram 82 casos no mês em
2011, contra 176 no mesmo período em 2012. Ao menos 94 policiais militares
morreram no Estado até domingo, parte deles alvos de ações do Primeiro
Comando da Capital (PCC).

(Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,secretaria-de-seguranca-
publica-anuncia-novos-chefes-das-policias-em-sao-paulo,965371,0.htm)

16
TEXTO 6

A grande comadre
Carlos Heitor Cony

Não havia mídia naquela época: nem rádio, TV ou internet. Os poucos jornais
eram oficiais ou oficiosos, malfeitos, de circulação simbólica. As notícias eram
poucas, nada acontecia de importante além do expediente funcional. Afinal,
"era no tempo do rei" - a frase que inicia as "Memórias de um Sargento de
Milícias".

Não havia mídia, mas havia as comadres, sobretudo a "comadre", a


personagem mais importante da literatura brasileira depois de Capitu. Ela tudo
sabia, todos a procuravam para abastecê-la ou para se abastecer. Tinha
acesso aos quartéis, à copa e à cozinha das autoridades, às alcovas do poder
e da plebe. As coisas só aconteciam se passadas por ela, na mão ou na
contramão, sempre acrescidas pelo conhecimento da sociedade em geral.
Além de noticiosa, era o arquivo, a pesquisa e a memória ambulante de seu
tempo.

Evidente que não poderia concorrer com a eficiência midiática de hoje, mas
fazia o mesmo efeito. À primeira vista, poderia ser considerada uma fofoqueira
que bisbilhotava a vida alheia. Apurava muito, mas só "editava" o que julgava
interessar àqueles que nela procuravam informações e opiniões.
Era honesta. Como famoso dono de um jornal do século 20, só se vendia por
um almoço que ela mesma pagava.

Se a comadre ainda estivesse em atividade, teríamos material mais suculento


sobre os dois casos que estão emocionando a nossa mídia: as trapalhadas do
presidente do Senado e as confidências e inconfidências do Supremo Tribunal
Federal a propósito do mensalão.

Apesar de desprovida de recursos tecnológicos, a comadre tinha a vantagem


de ser amiga do major Vidigal, a suprema autoridade policial da época.

Ela podia mandar prender ou soltar suspeitos e insuspeitos.

(Fonte:http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?from_info_in
dex=96&infoid=6026&sid=577)

17
TEXTO 7

Resenha

Resenha do livro Buracos Negros, Universos-Bebês e outros ensaios, de


Stephen Hawking, tradução de Maria Luiza X. de A. Borges. Editora Rocco.
Publicada no Jornal Zero Hora: Caderno Cultura, Porto Alegre, 1995.

Stephen Hawking, um dos mais carismáticos entre os físicos contemporâneos,


brilhante cientista da Universidade de Cambridge, faz parte desse reduzido
grupo de cientistas que, preocupados em transmitir seus conhecimentos ao
público leigo, contribuem qualificadamente para a literatura de divulgação
científica. Nos treze ensaios do seu mais recente livro, Buracos negros,
universos-bebês e outros ensaios, Hawking retoma alguns dos temas
abordados no seu primeiro best-seller, Uma breve história do tempo, e enfoca
com singeleza questões pertinentes à sua vida pessoal.

Os três primeiros capítulos do livro são breves ensaios autobiográficos sobre


sua infância, seu período de estudos nas Universidades de Oxford e de
Cambridge e sobre sua experiência com a ELA, esclerose lateral amiotrófica, a
doença que vem minando sua vida há mais de trinta anos. Dados pessoais
também estão presentes no último capítulo, onde se reproduz uma entrevista
dada ao programa Desert Island Discs da BBC, no Natal de 1992.

Além do festejo pelo lançamento de mais um título, sempre convém questionar:


para que serve a divulgação científica? Abordando essa questão em um dos
ensaios do livro, Hawking defende o princípio de que numa sociedade
democrática "o público precisa ter uma compreensão básica da ciência, de
modo a poder tomar decisões com conhecimento de causa em vez de deixá-las
nas mãos dos especialistas", e dá como exemplo o caso das armas nucleares;
para Hawking, esta é a mais importante questão sobre a qual o público terá de
tomar decisões num futuro próximo.

(Fonte: http://www.if.ufrgs.br/~cas/resenhas/resenhas.html)

18
TEXTO 8

TERMO DE ABERTURA

Aos seis dias do mês de agosto do ano de dois mil e doze, na sede da
Penitenciária do xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, torna-se aberto o presente livro,
destinado ao Registro de Ordens de Serviço e Trâmite de Apuratórios,
contendo 50 folhas mecanicamente numeradas.

Fulano de Tal

Chefe de Expediente –Penitenciária xxxxxxxxxxxxxxx

19
TEXTO 9

A SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL

Na última década, a questão da segurança pública passou a ser considerada


problema fundamental e principal desafio ao estado de direito no Brasil. A
segurança ganhou enorme visibilidade pública e jamais, em nossa história
recente, esteve tão presente nos debates tanto de especialistas como do
público em geral.

Os problemas relacionados com o aumento das taxas de criminalidade, o


aumento da sensação de insegurança, sobretudo nos grandes centros
urbanos, a degradação do espaço público, as dificuldades relacionadas à
reforma das instituições da administração da justiça criminal, a violência
policial, a ineficiência preventiva de nossas instituições, a superpopulação nos
presídios, rebeliões, fugas, degradação das condições de internação de jovens
em conflito com a lei, corrupção, aumento dos custos operacionais do sistema,
problema relacionados à eficiência da investigação criminal e das perícias
policiais e morosidade judicial, entre tantos outros, representam desafios para o
sucesso do processo de consolidação política da democracia no Brasil.

(Fonte: http://www.observatoriodeseguranca.org/seguranca)

20
TEXTO 10

Orientações para celebração de convênios - SENASP

Em suma, para propor a celebração de convênio, o interessado deve


atentar para as seguintes medidas:

• Elaborar plano de trabalho (planejamento) de forma detalhada,


precisa e completa, descrevendo suficientemente, de forma quantitativa e
qualitativa, o objeto proposto, suas metas, etapas e/ou fases.
• Estruturar orçamento realista do objeto programado.
• Certificar-se da existência dos recursos de contrapartida.
• Realizar previsão factível das fases do projeto e do prazo
necessário para sua conclusão.
(SENASP, 2012)

21
TEXTO 11

22
1. Explique como o autor, no texto 4, associa linguagem verbal (o texto
construído com o uso de palavras) e não verbal (o texto construído com o uso
de imagens). 8

2. O texto 5 adota a linguagem jornalística. Que características do texto


apresentado são também comuns aos textos técnicos? 9

3. O texto 6 é uma crônica, gênero textual que oscila entre a literatura e o


jornalismo. Cite dois aspectos desse gênero textual que o distingue
fundamentalmente de um texto técnico.10

4. O texto 7 é uma resenha, um gênero de natureza crítica que tem como


objetivo informar o leitor de forma argumentativa, sobre, neste caso, um livro. 11

a. Você julgaria que o texto tem alguma qualidade persuasiva?

b. A persuasão é uma qualidade importante em textos oficiais?


Justifique.

c. Compare o texto 7 e o texto 8 e verifique se os dois se sustentam na


persuasão do leitor, explicando em que se assemelham e se distinguem.

5. Os textos 9 e 10 se distinguem por seu caráter opinativo e instrutivo. Que


elementos podemos evidenciar como decorrentes das escolhas realizadas
pelos autores para as decisões linguísticas que tomaram? 12

8
O autor trata na linguagem verbal das 900 mortes ocorridas no ano e na imagem usa o tema morte
para tratar da queda da segurança pública
9
A linguagem culta; a objetividade; a informatividade
10
A linguagem, apesar de culta, não mantém objetividade, apresentando a visão subjetiva do autor
sobre quem é a comadre e seu papel social. O autor cria uma personagem antiga “a comadre” que tudo
sabe, tudo descobre, e é amiga da “suprema autoridade policial”, e a compara com a mídia atual, o que
implica a apresentação de um texto literário criativo e ficcional, diferente do texto técnico.
11
a. Sim, aborda o livro resenhado e seu autor de forma positiva, o que pode levar aos interessados pelo
tema a ler o livro.
b. A persuasão é importante em textos oficiais que trazem instruções e solicitações, como ofícios e
comunicações.
c. O texto 7 é notadamente persuasivo e o texto 8 não: trata-se de um texto de abertura de um livro de
registro, sem qualquer intenção persuasiva, mas apenas informativa.
12
- a informação que se quer transmitir e os objetivos a alcançar: o texto 9 é conceitual e opinativo e o
texto 10 é instrutivo.
- o canal de comunicação a ser utilizado: o texto 9 é destinado a um portal da internet e o texto 10 é um
Manual.
- como apresentar as ideias: um é necessariamente mais formal que o outro.
23
6. O texto 11 é um e-mail. 13

a. Há alguma relação entre este gênero e uma carta?

b. Qual o tipo de linguagem empregada no texto? Como se justifica?

13
a. Sim. Os elementos de composição básica: remetente, destinatário, etc.
b. Normalmente utiliza-se de uma linguagem pouco formal. É preciso ter cuidado, no entanto, pois
atualmente o e-mail é utilizado em múltiplas situações, algumas mais formais.
24
Aula 3 - Redação Oficial: aspectos gerais

O principal documento que norteia a redação oficial no Brasil é o Manual de


Redação da Presidência da República, que normatiza como devem ser escritos
os documentos oficiais dos órgãos públicos, mais especificamente os do Poder
Executivo. Na apresentação dos aspectos gerais desse manual, enfatiza-se a
necessidade de se manter determinadas qualidades textuais necessárias à
adequada prestação de serviços públicos.

Dentre as importantes recomendações gerais do referido Manual, destacamos


a que trata do estilo a ser adotado quando da escritura de textos oficiais:

Acrescente-se, por fim, que a identificação que se buscou fazer


das características específicas da forma oficial de redigir não deve
ensejar o entendimento de que se proponha a criação – ou se
aceite a existência – de uma forma específica de linguagem
administrativa, o que coloquialmente e pejorativamente se chama
burocratês. Este é antes uma distorção do que deve ser a redação
oficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões e clichês do
jargão burocrático e de formas arcaicas de construção de frases
(BRASIL, 2002).

Além de se evitar uma linguagem rebuscada e desatualizada, destacam-se


ainda outras qualidades como, por exemplo, a impessoalidade, que decorre
dos seguintes aspectos:

a) da ausência de impressões individuais de quem


comunica (...) que permite que comunicações elaboradas
em diferentes setores da Administração guardem entre si
certa uniformidade;

b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação, com


duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão,
sempre concebido como público, ou a outro órgão público;

c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o


universo temático das comunicações oficiais se restringe a
questões que dizem respeito ao interesse público, é natural
que não cabe qualquer tom particular ou pessoal. (BRASIL,
2002)
Ratificamos, em nosso curso, qualidades inerentes aos textos técnicos em
geral e que são destaques no Manual da Presidência, quais sejam a
formalidade, a padronização, a clareza, a coesão e o padrão culto da
linguagem.
Acesse o Manual da Presidência na íntegra:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual.htm
25
Aula 4 - Os Diferentes Sentidos

Um dos elementos “diferenciadores” dos gêneros textuais, além do estilo, da


forma, do objetivo, dentre outros aspectos, é o entendimento da significação
das palavras e suas possíveis construções, pois nem sempre a linguagem
apresenta um único sentido. A mesma palavra, empregada em contextos
diferenciados, é capaz de ganhar novos sentidos, que podem ser figurados e
carregados de valores.

Criar condições para que você possa pensar sobre a significação das palavras
e suas possíveis construções é o propósito desta aula, especialmente se
levarmos em consideração que textos técnicos não podem deixar margem a
duplas interpretações ou a qualquer subjetividade. As escolhas que você faz ao
empregar determinadas palavras ou expressões têm, portanto, impacto direto
não só no que diz respeito ao estilo do texto, mas também na transmissão da
mensagem que se quer manifestar.

26
Observe o emprego da palavra coração nos textos a seguir.

TEXTO 12

Anatomia do coração

O coração localiza-se na cavidade torácica, no mediastino. Dois terços do seu


volume estão situados à esquerda da linha sagital mediana. Esta posição,
chamada de levocárdica, é a mais frequente. Variações na posição do coração
em relação ao tórax podem ocorrer. A posição mesocárdica ocorre quando a
maior parte do seu volume está situada na porção mediana do tórax. A posição
dextrocárdica ocorre quando grande parte de sua massa localiza-se no
hemitórax direito. Estes termos são utilizados com frequência ao descrevermos
as más formações congênitas.

A forma do coração é aproximadamente cônica, com a base voltada para trás e


para a direita e o ápice para a frente e para a esquerda.

Há três faces no coração: a anterior ou esternocostal, sobre a qual os pulmões


direito e esquerdo se sobrepõem, deixando exposta apenas uma pequena
porção; a face inferior que repousa sobre o diafragma, recebendo também o
nome de face diafragmática; e a face lateral esquerda, formada principalmente
pelo ventrículo esquerdo, que produz a impressão cardíaca na face medial do
pulmão esquerdo. Estas faces são delimitadas pelas margens cardíacas. A
direita é bem definida, sendo chamada de aguda, enquanto que a esquerda ou
obtusa é pouco definida. Anteriormente, além dos pulmões, o coração
relaciona-se também com o esterno, costelas e músculos intercostais;
posteriormente com a aorta descendente, esôfago e veia ázigos; e lateralmente
com os pulmões, hilos pulmonares, nervos frênicos e vagos.

(UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO, 2012)

Repare que no plano do conteúdo (a abordagem do tema propriamente dito),


assim como no plano de expressão (a forma como apresentamos as ideias), a
palavra “coração”, no TEXTO 12, aparece no seu sentido denotativo, ou seja, é
tomada em seu sentido mais usual e sempre literal, com valor objetivo e
constante.

No entanto, leia o TEXTO 13, letra de uma música de Ivan Lins e, mais uma
vez, observe o emprego da palavra “coração”.

27
TEXTO 13

Amor

(Ivan Lins / Vitor Martins)


(...)
Vem me encantar
Me tirar dos confins
Fazer festa pra mim

Vem coração
Acender meus balões
Minhas paixões

Vem afastar as assombrações


Arejar meus porões
Vem acalmar os meus vendavais
Meus temores, meus ais

Vem e me faz cada vez mais audaz


Cada vez mais capaz
De acreditar
Que ainda posso tentar continuar

Lutar, lutar, lutar


Pra gente ser feliz
Cantar, cantar, cantar
Como a gente sempre quis

Perceba que, ao significado de “coração”, são acrescidos outros significados


que são resultantes de valores sociais, outras impressões e sentimentos, novas
reações afetivas ou psicológicas que a palavra é capaz de evocar. “Coração”
tem, no texto, o sentido de uma pessoa querida e, claro, como este sentido é
subjetivo, conotativo, é capaz de mudar de uma época para outra e, também,
de uma cultura para outra.

Observe a seguir, de que forma a palavra “coração” é utilizada, em uma


propaganda do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo.

28
Texto 14

Repare que, agora, a palavra coração exibe um duplo significado. Pode


apresentar o sentido denotativo - “colocamos o coração em tudo o que
fazemos”: reporta-se ao coração como órgão, pois o hospital é uma referência
mundial em cardiologia; ou o sentido conotativo, curiosamente na mesma frase
“colocamos o coração em tudo o que fazemos”, pois alude à atitude de
dedicação profunda de todos aqueles que trabalham no hospital. Qual seria a
analogia possível neste caso? O fato de o coração representar, socialmente, os
sentimentos humanos. Se formos ao dicionário encontraremos (muitas vezes
de forma não tão abrangente) essa “distinção”. Observe a seguir.

29
Acepções
■ substantivo masculino
1 Rubrica: anatomia geral.
órgão muscular oco, na cavidade torácica, que recebe o sangue das
veias e o impulsiona para dentro das artérias; é dividido em duas partes
(direito ou venoso, e esquerdo ou arterial) por um septo
musculomembranoso, e cada metade contém uma câmara receptora
(aurícula) e uma câmara ejetora (ventrículo)
2 Derivação: por extensão de sentido.
a parte anterior do tórax, onde se sente pulsar o coração; peito
Ex.: levar a mão ao c.
(...)
6 Derivação: sentido figurado.
a parte mais central ou mais profunda de algo; âmago
Ex.: <o c. da floresta> <cresceu no c. de Ipanema> <o c. da alcachofra>
(...)
9 Derivação: sentido figurado.
a parte mais íntima de um ser; o berço dos sentimentos, das emoções,
do afeto, do ânimo, da coragem etc.
Ex.: <as razões do c. escapam à lógica> <a novata conquistou o c. de
todos>
10 Derivação: por extensão de sentido, sentido figurado.
lembrança, memória
Ex.: aquelas férias ficaram no c. do menino
11 Derivação: sentido figurado.
pessoa a quem se ama
12 Derivação: sentido figurado.
qualidade de bom, generoso; bondade
Ex.: mulher sem c.
13 Derivação: sentido figurado.
feitio moral; caráter, índole, temperamento
Ex.: tem o c. obstinado dos fortes

(HOUAISS, 2010)

Nos textos técnicos, a linguagem a ser utilizada é a denotativa, que privilegia o


sentido literal, real e dicionarizado das palavras e frases, evitando mal
entendidos ou dubiedades. A denotação contribui diretamente para a
concretização de outras características como a imparcialidade e objetividade.

A duplicidade de sentido é chamada ambiguidade. Muitas vezes, a


ambiguidade é gerada pela má colocação dos termos, expressões e palavras

30
nas frases. Deve-se, portanto, cuidar mais atentamente das construções frasais
de maneira a garantir a clareza em nossos textos. Veja o exemplo a seguir:

Exemplo: "Secretarias de Segurança Pública que recebem apoio do Estado


frequentemente são mais eficazes na prevenção à violência."

As Secretarias de Segurança Pública são mais eficazes porque


frequentemente recebem apoio do Estado ou são frequentemente mais
eficazes na prevenção à violência porque recebem apoio do Estado?

Observe que pode-se eliminar a ambiguidade com a colocação correta do


adjunto adverbial (frequentemente):

1) Secretarias de Segurança Pública que recebem


frequentemente apoio do Estado são mais eficazes na prevenção
à violência.

2) Secretarias de Segurança Pública que recebem apoio do


Estado são frequentemente mais eficazes na prevenção à
violência.

Em outros casos, comparações feitas de maneira indevida são fontes de


ambiguidade:

Exemplo: "Em 2012, São Paulo não solicitou imediatamente ajuda da


Federação para conter a violência, como aconteceu no Rio de Janeiro."

O autor quis salientar a similitude na ação dos Estados de São Paulo ou Rio de
Janeiro ou, ao contrário, quis salientar a dessemelhança, afirmando que o
Estado do Rio de Janeiro solicitou de imediato a ajuda da Federação,
diferentemente do Estado de São Paulo?

Como se pode verificar, a ambiguidade é gerada pelo mau uso de algum termo
e, por isso, considerada vício de linguagem. O cuidado com a correção e a
clareza, garantidas por uma revisão criteriosa de nossos textos, pode, com
certeza, ajudar a evitar tais equívocos.

31
Hora da Prática

Exercício 5 - Compare os textos a seguir e indique o que os assemelha e


diferencia, considerando forma, estrutura, intenção e conteúdo.

Texto 1514 Texto 1615 Texto 1716

Respostas17

14
Acessar Texto 15 nos anexos do curso.
15
Acessar Texto 16 nos anexos do curso.
16
Acessar Texto 17 nos anexos do curso.
17
Os três textos referem-se ao problema dos menores que, por viverem situações adversas, acabam se
envolvendo em algum tipo de crime. O texto 15 está escrito em verso (é, inclusive, uma música do
compositor Chico Buarque) e os textos 16 e 17 em prosa. O texto 15 tem sentido conotativo, linguagem
literária e preocupação estética; é mais subjetivo. O texto 16 é objetivo, dissertativo e informativo;
apresenta dados numéricos em relação à criminalidade. O texto 17 é um texto técnico, trata-se de um
memorando.
32
Finalizando...

Neste módulo, você aprendeu que:

 Tomar uma decisão sob o ponto de vista linguístico é, acima de tudo,


tornar-se capaz de fazer as melhores opções ao produzir um texto,
qualquer que seja ele. Nesse sentido, é preciso considerar a adequação
do texto a ser produzido ao contexto específico da comunicação.

 Para Marcuschi (2002), gêneros textuais são os textos que encontramos


em nossa vida diária e que apresentam características
sociocomunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais,
estilo e composição característica.

 O principal documento que norteia a redação oficial no Brasil é o Manual


de Redação da Presidência da República que normatiza como devem
ser escritos os documentos oficiais dos órgãos públicos, mais
especificamente os do Poder Executivo.

 Nos textos técnicos, a linguagem a ser utilizada é a denotativa, que


privilegia o sentido literal, real e dicionarizado das palavras e frases,
evitando mal entendidos ou dubiedades. A denotação contribui
diretamente para a concretização de outras características como a
imparcialidade e objetividade.

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