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Objetivos do Módulo
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Aula 1 - Decisor Linguístico
É com “X”
ou “CH”?
Mas será essa a única decisão a ser tomada quando se escreve um texto,
especialmente o texto técnico?
Tomar uma decisão sob o ponto de vista linguístico é, acima de tudo, tornar-se
capaz de fazer as melhores opções ao produzir um texto, qualquer que seja
ele. Nesse sentido, é preciso considerar a adequação do texto a ser produzido
ao contexto específico da comunicação.
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Daí a diferença entre escrever um bilhete para um colega de trabalho, deixando
um recado, ou enviar um e-mail a uma chefia, por exemplo. Veja:
Ele deve conhecer a língua e seus princípios linguísticos, o que não pode ser
confundido com o conhecimento superficial de regras gramaticais. No tocante a
esse respeito, é preciso compreender que as regras só passam a ter valor
quando aplicadas em nossa produção. O decisor linguístico reconhece e utiliza
intencionalmente seu estilo pessoal de escrever. É capaz de criar, aplicando tal
potencial de maneira diversa e leva em consideração as possibilidades que a
língua lhe dá de compreender, analisar, sintetizar e posicionar-se criticamente,
seja como leitor ou escritor de textos.
A convivência com textos variados cria condições para que você se torne um
decisor na medida em que servem de modelos de escrita, bem como de
diversos gêneros textuais disponíveis em nosso cotidiano. É uma necessidade,
portanto, diversificar as leituras em prol de nosso capital cultural. Reconhecer
os diferentes gêneros e suas características ajuda a perceber,
fundamentalmente, quais são os seus espaços de uso e, assim, se sentir mais
à vontade para fazer as suas escolhas.
Neste curso, espera-se que você se sinta como decisor linguístico capaz de
perceber que comunicar uma ideia, principalmente ao escrever textos técnicos,
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não significa reproduzir modelos apenas. Mais do que isso, toda e qualquer
forma de comunicação é uma atividade cognitiva complexa que nos leva a
criar. Mas criar qualquer coisa? Na redação técnica, em definitivo, a resposta é
não. Criar aqui implica conhecer profundamente a língua portuguesa e saber
como utilizá-la. Por isso, mãos à obra. A seguir, você verá como poderá tomar
as decisões de que precisa.
Sempre que você der início à produção de um texto, inclusive textos técnicos,
tenha em mente que você transmite informações e, por isso, deve planejá-las e
organizá-las de maneira a alcançar seu intento.
• Ata;
• Requerimento;
• Ofício;
• Exposição de motivos;
• Relatório;
• Memorando;
• Circular;
• Despacho.
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Em cada caso, a finalidade do texto determinará o tipo de informação
requerida, bem como o formato próprio, devendo sempre ter como registro
linguístico adequado, o padrão culto da língua portuguesa.
Pelo exposto, convém que o texto técnico seja produzido numa linguagem o
mais neutra possível, visando a atingir a totalidade dos indivíduos, adequando-
se à realidade comunicativa do momento. No caso específico da redação
técnica, na maior parte das vezes, prevalece relações comunicativas
simétricas, em que os interlocutores apresentam as mesmas condições
culturais ao se comunicarem e, por isso, as dificuldades são minimizadas.
A partir das decisões iniciais sobre o que e a quem se vai falar é preciso refletir
sobre detalhes do que vai ser dito. Essa estruturação do texto pode ser mental
ou escrita, como um esquema. Escolha a que melhor se ajusta ao seu jeito de
se organizar. Com esses elementos bem definidos, está na hora de escrever o
texto.
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São inúmeras as dúvidas que surgem quando se escreve e isso acontece até
com os mais experimentados escritores. É necessário, assim, ter à mão fontes
de consulta que nos ajudem a solucionar tais questões, as quais não são só
suas, mas de todos aqueles que se propõem a trabalhar com as palavras.
Dentre os materiais para consulta, destacamos os seguintes:
dicionários1;
gramáticas2;
manuais de redação e estilo3;
obras e textos técnicos4.
Calma! Não é uma sugestão que você reescreva documentos e outros textos
quarenta vezes, mas que você os releia quantas vezes forem necessárias até
ter a certeza de que sua produção está realmente boa.
Hora da Prática
Exercício 2 - Faça uma lista dos principais vícios ou aquelas dúvidas que você
sempre identifica em seus textos e pesquise em dicionários e gramáticas qual o
seu uso correto. Refletir sobre o percurso de escrita contribuirá muito para a
melhoria de seus textos.
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A resposta do exercício é pessoal, mas para estar correta, você deverá ter selecionado pelo menos três
dos seguintes aspectos: a informação que se quer transmitir; a quem se dirige a informação ou
solicitação; o canal de comunicação a ser utilizado; quais são os objetivos do texto, levando em conta o
contexto; quais os recursos disponíveis que podem contribuir para essa decisão; que atitude deve-se ter
ante a necessidade da decisão.
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Exemplos de Gêneros Textuais:
Texto 1
Este texto é uma carta escrita por Clarice Lispector ao escritor Lúcio Cardoso,
em 1947.
Clarice.
(LISPECTOR, 2002, p. 134)
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TEXTO 2
Este texto também é uma carta e foi escrita por uma leitora do Jornal Folha de
São Paulo à seção Painel do Leitor.
(Ao editor)
Andréia Morais
(MORAIS, 2007)
Você acabou de ler dois textos cuja classificação, como gênero textual, seria:
carta. Repare, então, que, como práticas comunicativas, é possível a variação
de um mesmo gênero quando se modificam as intenções dos participantes, os
objetivos do locutor, a linguagem. Além disso, um gênero pode sofrer uma
“transmutação”. Veja o texto a seguir:
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Como é possível perceber, o texto é um e-mail enviado de Ana para Maria. O
e-mail, gênero atualmente muito utilizado, não deixa de ser uma variação da
carta. Assim, além do conteúdo temático e do estilo, um gênero se distingue
também pela forma de sua composição.
Então, é possível constatar, sem esforço, que não é fácil demarcar um número
que limite os gêneros textuais na atualidade. Enfim, são textos que circulam
pelo mundo e que vão apresentar características e funções específicas e,
logicamente, um público próprio. Diante dessa diversidade de gêneros textuais,
a redação técnica exige uma atenção maior a aspectos como textualidade,
coesão e coerência, técnicas de elaboração e argumentação, e impessoalidade
no discurso.
Importante!
O texto é resultado de uma interação entre sujeitos. O texto escrito por você
terá sempre um destino, portanto, além das formas da língua, é preciso
entender as condições de produção e todo o processo mental envolvido nessa
construção. Assim, mais do que uma aprendizagem meramente conceitual e
informativa, ao escrevê-lo, você terá a oportunidade de pensar o texto a partir
de seu funcionamento, de seu uso, o que, claramente, reflete um contexto
social (no caso da redação técnica, um contexto profissional) e histórico.
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Hora da Prática
Analise cada uma delas e escolha a alternativa que melhor define o objetivo da
mensagem.
Carta 1
Senhor xxxxxxxxx,
Atenciosamente,
xxxxxxxxxxx
Diretor da Academia de Polícia xxxxxx
( ) Carta convite
( ) Carta recomendação
( ) Carta advertência
( ) Carta cobrança
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Carta 2
Senhor xxxxxxxxxxx,
Atenciosamente,
xxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Chefe de Departamento
( ) Carta convite
( ) Carta recomendação
( ) Carta advertência
( ) Carta cobrança
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Carta 3
Senhor xxxxxxxxxxxxxx,
xxxxxxxxxxxx
Diretor do Clube ASPC/xx
( ) Carta convite
( ) Carta recomendação
( ) Carta advertência
( ) Carta cobrança
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Carta 4
Prezados Senhores,
Atenciosamente,
xxxxxxxxxxxxxx
Delegado Chefe
( ) Carta convite
( ) Carta recomendação
( ) Carta advertência
( ) Carta cobrança
Hora da Prática
TEXTO 4
(Fonte: http://www.matutando.com/charge-violencia-publica/)
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Conjunto de textos selecionados que servirão de base para análise terminológica
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TEXTO 5
SÃO PAULO - Os novos chefes das polícias Civil e Militar do Estado de São
Paulo foram anunciados na manhã desta segunda-feira, 26, pela Secretaria de
Segurança Pública, quatro dias depois de o ex-procurador-geral de Justiça
Fernando Grella assumir a pasta. O Comando Geral da PM ficará com o
coronel Benedito Roberto Meira, atual chefe da Casa Militar do Governo, e o
cargo de delegado-geral da Polícia Civil será ocupado por Luiz Maurício Souza
Blazeck. A Superintendência de Polícia técnico-científica continua com o perito
criminal Celso Perioli, na função desde 1998.
(Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,secretaria-de-seguranca-
publica-anuncia-novos-chefes-das-policias-em-sao-paulo,965371,0.htm)
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TEXTO 6
A grande comadre
Carlos Heitor Cony
Não havia mídia naquela época: nem rádio, TV ou internet. Os poucos jornais
eram oficiais ou oficiosos, malfeitos, de circulação simbólica. As notícias eram
poucas, nada acontecia de importante além do expediente funcional. Afinal,
"era no tempo do rei" - a frase que inicia as "Memórias de um Sargento de
Milícias".
Evidente que não poderia concorrer com a eficiência midiática de hoje, mas
fazia o mesmo efeito. À primeira vista, poderia ser considerada uma fofoqueira
que bisbilhotava a vida alheia. Apurava muito, mas só "editava" o que julgava
interessar àqueles que nela procuravam informações e opiniões.
Era honesta. Como famoso dono de um jornal do século 20, só se vendia por
um almoço que ela mesma pagava.
(Fonte:http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?from_info_in
dex=96&infoid=6026&sid=577)
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TEXTO 7
Resenha
(Fonte: http://www.if.ufrgs.br/~cas/resenhas/resenhas.html)
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TEXTO 8
TERMO DE ABERTURA
Aos seis dias do mês de agosto do ano de dois mil e doze, na sede da
Penitenciária do xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, torna-se aberto o presente livro,
destinado ao Registro de Ordens de Serviço e Trâmite de Apuratórios,
contendo 50 folhas mecanicamente numeradas.
Fulano de Tal
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TEXTO 9
(Fonte: http://www.observatoriodeseguranca.org/seguranca)
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TEXTO 10
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TEXTO 11
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1. Explique como o autor, no texto 4, associa linguagem verbal (o texto
construído com o uso de palavras) e não verbal (o texto construído com o uso
de imagens). 8
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O autor trata na linguagem verbal das 900 mortes ocorridas no ano e na imagem usa o tema morte
para tratar da queda da segurança pública
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A linguagem culta; a objetividade; a informatividade
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A linguagem, apesar de culta, não mantém objetividade, apresentando a visão subjetiva do autor
sobre quem é a comadre e seu papel social. O autor cria uma personagem antiga “a comadre” que tudo
sabe, tudo descobre, e é amiga da “suprema autoridade policial”, e a compara com a mídia atual, o que
implica a apresentação de um texto literário criativo e ficcional, diferente do texto técnico.
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a. Sim, aborda o livro resenhado e seu autor de forma positiva, o que pode levar aos interessados pelo
tema a ler o livro.
b. A persuasão é importante em textos oficiais que trazem instruções e solicitações, como ofícios e
comunicações.
c. O texto 7 é notadamente persuasivo e o texto 8 não: trata-se de um texto de abertura de um livro de
registro, sem qualquer intenção persuasiva, mas apenas informativa.
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- a informação que se quer transmitir e os objetivos a alcançar: o texto 9 é conceitual e opinativo e o
texto 10 é instrutivo.
- o canal de comunicação a ser utilizado: o texto 9 é destinado a um portal da internet e o texto 10 é um
Manual.
- como apresentar as ideias: um é necessariamente mais formal que o outro.
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6. O texto 11 é um e-mail. 13
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a. Sim. Os elementos de composição básica: remetente, destinatário, etc.
b. Normalmente utiliza-se de uma linguagem pouco formal. É preciso ter cuidado, no entanto, pois
atualmente o e-mail é utilizado em múltiplas situações, algumas mais formais.
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Aula 3 - Redação Oficial: aspectos gerais
Criar condições para que você possa pensar sobre a significação das palavras
e suas possíveis construções é o propósito desta aula, especialmente se
levarmos em consideração que textos técnicos não podem deixar margem a
duplas interpretações ou a qualquer subjetividade. As escolhas que você faz ao
empregar determinadas palavras ou expressões têm, portanto, impacto direto
não só no que diz respeito ao estilo do texto, mas também na transmissão da
mensagem que se quer manifestar.
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Observe o emprego da palavra coração nos textos a seguir.
TEXTO 12
Anatomia do coração
No entanto, leia o TEXTO 13, letra de uma música de Ivan Lins e, mais uma
vez, observe o emprego da palavra “coração”.
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TEXTO 13
Amor
Vem coração
Acender meus balões
Minhas paixões
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Texto 14
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Acepções
■ substantivo masculino
1 Rubrica: anatomia geral.
órgão muscular oco, na cavidade torácica, que recebe o sangue das
veias e o impulsiona para dentro das artérias; é dividido em duas partes
(direito ou venoso, e esquerdo ou arterial) por um septo
musculomembranoso, e cada metade contém uma câmara receptora
(aurícula) e uma câmara ejetora (ventrículo)
2 Derivação: por extensão de sentido.
a parte anterior do tórax, onde se sente pulsar o coração; peito
Ex.: levar a mão ao c.
(...)
6 Derivação: sentido figurado.
a parte mais central ou mais profunda de algo; âmago
Ex.: <o c. da floresta> <cresceu no c. de Ipanema> <o c. da alcachofra>
(...)
9 Derivação: sentido figurado.
a parte mais íntima de um ser; o berço dos sentimentos, das emoções,
do afeto, do ânimo, da coragem etc.
Ex.: <as razões do c. escapam à lógica> <a novata conquistou o c. de
todos>
10 Derivação: por extensão de sentido, sentido figurado.
lembrança, memória
Ex.: aquelas férias ficaram no c. do menino
11 Derivação: sentido figurado.
pessoa a quem se ama
12 Derivação: sentido figurado.
qualidade de bom, generoso; bondade
Ex.: mulher sem c.
13 Derivação: sentido figurado.
feitio moral; caráter, índole, temperamento
Ex.: tem o c. obstinado dos fortes
(HOUAISS, 2010)
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nas frases. Deve-se, portanto, cuidar mais atentamente das construções frasais
de maneira a garantir a clareza em nossos textos. Veja o exemplo a seguir:
O autor quis salientar a similitude na ação dos Estados de São Paulo ou Rio de
Janeiro ou, ao contrário, quis salientar a dessemelhança, afirmando que o
Estado do Rio de Janeiro solicitou de imediato a ajuda da Federação,
diferentemente do Estado de São Paulo?
Como se pode verificar, a ambiguidade é gerada pelo mau uso de algum termo
e, por isso, considerada vício de linguagem. O cuidado com a correção e a
clareza, garantidas por uma revisão criteriosa de nossos textos, pode, com
certeza, ajudar a evitar tais equívocos.
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Hora da Prática
Respostas17
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Acessar Texto 15 nos anexos do curso.
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Acessar Texto 16 nos anexos do curso.
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Acessar Texto 17 nos anexos do curso.
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Os três textos referem-se ao problema dos menores que, por viverem situações adversas, acabam se
envolvendo em algum tipo de crime. O texto 15 está escrito em verso (é, inclusive, uma música do
compositor Chico Buarque) e os textos 16 e 17 em prosa. O texto 15 tem sentido conotativo, linguagem
literária e preocupação estética; é mais subjetivo. O texto 16 é objetivo, dissertativo e informativo;
apresenta dados numéricos em relação à criminalidade. O texto 17 é um texto técnico, trata-se de um
memorando.
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Finalizando...
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