Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
RESUMO:
O artigo é um recorte da nossa dissertação de mestrado: “Formação do leitor e cânone
literário: relações entre as Orientações Curriculares e as práticas docentes” (NETO,
2008). A pesquisa teve como objetivo investigar as atuais abordagens teóricas e
práticas sobre leitura, cânone e ensino de literatura presentes no documento. A
exposição do objetivo educacional dos PCN e seu debate, seguido da abordagem da
concepção de leitura literária no ensino fundamental e por fim no ensino médio são as
três grandes discussões do artigo. A metodologia utilizada foi uma análise documental
dos discursos presentes nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio (BRASIL,
2006). Como conclusão, é evidente que os PCN+ (2002) não conseguiram resolver a
falta de clareza e discussão teórica que os PCNEM (1999) apresentaram. Essa e outras
questões são apresentadas no artigo.
ABSTRACT:
The article is an excerpt from the essay "Reader education and the literary canon: the
relationship between curriculum guidelines and teaching practices" (NETO, 2008). The
research aimed to investigate the current theoretical and practical approaches on
reading, teaching and canon of literature in the document. Exposing the educational
objective of the PCN and their debate, followed by the design approach of literary
reading in elementary school and eventually in high school are the three main
arguments of the article. The methodology used was a documentary analysis of
discourses present in the Curriculum Guidelines for Secondary Education (BRAZIL,
2006). In conclusion, it is evident that the PCN + (2002) failed to resolve the lack of
clarity and theoretical discussion that PCNEM (1999) submitted. This and other
questions are presented in the article.
São referenciais para todas as escolas do país a fim de que elas garantam
aos estudantes uma educação básica de qualidade. Em suma, o objetivo é afiançar que
crianças e jovens tenham garantia de acesso aos conhecimentos necessários e possam
integrar-se na sociedade globalizada como cidadãos participativos e conscientes de
suas responsabilidades (BRASIL, 1998). Segundo os próprios PCN, seu objetivo principal
é de:
Iniciando a análise pelo primeiro livro dos PCN (1997b), deparamo-nos com
a especificidade curricular da disciplina de Língua Portuguesa e, por sua vez, da
Literatura inseridas numa esfera maior que é a linguagem. Segundo os próprios
PCNEM;
Pela análise dos PCN (1997a, 1998), vemos ainda que, pela sua concepção
de leitura, “não se trata de extrair informação, decodificando letra por letra, palavra
por palavra” (BRASIL, 1998, p. 69), fazendo-nos constatar que a leitura tem sua
concepção ampliada em relação àquela vista como um processo educativo que
terminava na alfabetização, como aconteceu por muito tempo.
Isso porque, embora não percebamos, estamos lendo e escrevendo até nas
menores ações realizadas. Daí a importância de saber ler e escrever a fim de que
-a forma de expressão da
cultura de um povo;
–
bibliotecas, livrarias, distribuidoras, editoras, bancas de revistas,
lançamentos, exposições, palestras, debates, depoimentos de
autores –, sabendo orientar-se dentro da especificidade desses
espaços e sendo capaz de localizar um texto desejado (BRASIL, 1998,
p. 64).
A função social da leitura, assim, terá sido mais completa se o leitor puder
atuar com maior autonomia nessa sociedade, haja vista que a leitura de diferentes
tipos de textos fornece ao indivíduo a possibilidade de uma formação de
cidadãos/leitores críticos capazes de avaliarem o que leem.
O texto literário pode não ensinar nada, nem se pretender a isso; mas seu
consumo induz a “algumas práticas socializantes que, estimuladas, mostram-se
democráticas porque são igualitárias” (LAJOLO; ZILBERMAN, 1988, p. 19). Nesse
sentido, a democracia é entendida como um alargamento da oferta de bens culturais e
abertura de horizontes sócio-intelectuais em que o texto literário pode servir de
suporte e motivação. Os PCN enunciam que;
A leitura literária, por sua vez, como ato cultural, não se esgota na
educação formal. Como modo de conhecimento, exige uma relação constante com o
leitor, da mesma forma que a leitura do mundo. Confiamos a partir das relações
histórico-culturais que os caminhos que levam o leitor ao conhecimento e à crítica são
estabelecidos nas relações do homem com o seu meio cultural impregnado de visões
de mundo, por isso não podemos negar o valor do conhecimento produzido a partir da
leitura dos livros literários.
Por sua vez, tal tensão acaba fornecendo elementos primordiais para
compreender os distanciamentos entre a elaboração de um documento, ou seja, a
teoria e a aplicação desse mesmo documento na escola, ou melhor, a prática.
Poderíamos dizer que a tensão entre esses discursos se traduz no dia-a-dia, nas
dificuldades que o professor tem para trabalhar os textos literários na escola.
citados níveis escolares. Segundo os próprios PCN (1998), é nessa fase que muitos dos
alunos desistem de ler “por não conseguirem atender às demandas de leitura
colocadas pela escola” (p. 71). Acrescentam que cabe à escola “organizar-se em torno
de um projeto educativo comprometido com a intermediação da passagem do leitor
de textos facilitados (infantis ou infanto-juvenis) para o leitor de textos de
complexidade real” (p. 71).
feitas inúmeras correções, por assim dizer, em relação às discussões que foram feitas
anteriormente nos PCNEM (1999), o documento parece ter negado ainda a
especificidade da literatura no ensino de língua portuguesa.
interesse em elaborar uma nova proposta de ensino para o ensino médio. Assim,
surgiu uma discussão atualizada também sobre o ensino de literatura, visto que no
novo documento, agora chamado de Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino
Médio, se incluiria também, na parte referente às linguagens, a questão específica
tratada como Conhecimentos de Literatura. Mas, desta discussão, trataremos num
outro artigo, a qual merece muita discussão e problematização.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura.Lei Nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996.
Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. DOU. Brasília, nº 248.
23/12/1996.
LAJOLO, M; ZILBERMAN, R. Literatura infantil brasileira: história & histórias. 4. ed. São
Paulo: Ática, 1988.