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Português - 2016/2017

«Ridendo castigat mores»

«Ridendo castigat mores» (a rir se corrigem os costumes, vulgarmente diz-se, a rir a rir se dizem as
verdades) é o lema de quase todo o teatro vicentino. De facto, sendo Gil Vicente um dramaturgo de cariz
satírico, a sua crítica social (sátira) é habilmente construída através de vários processos geradores do riso.
Criticar, provocando o riso nos espectadores, não só era mais divertido e adequado à função lúdica que o
teatro vicentino tinha (ser representado em festas da Corte) como também permitia que a crítica fosse
mais facilmente aceite.

1. O cómico -O cómico resulta de processos diversos e Gil Vicente sabe valer-se deles no seu
teatro. O cómico é algo que resulta de uma coincidência, de um contraste, de um desajuste, seja
comportamental, seja situacional. Por exemplo, rimos de alguém que, caminhando muito solenemente,
tropece; de outro que, numa conversa muito familiar, use um registo demasiado cuidado, de quem não se
veste em conformidade com a estação do ano ou moda, etc., etc. Vejamos, então, que modalidades de
cómico Gil Vicente usa preferencialmente nos seus autos.

Cómico de situação - resulta da não adaptação de uma pessoa à situação em que se encontra. Ex.:
o professor entra na aula e, não reparando que a cadeira está ao contrário, senta-se e cai.

Cómico de carácter -resulta de uma não adaptação de uma pessoa à sua própria realidade. Ex.:
uma jovem de 12 anos que permanentemente tenta passar por adulta, calça sapatos de salto alto e saia
travada, pinta-se muito e fala com um ar de quem se leva muito a sério.

Cómico de linguagem -resulta de uma não adaptação da linguagem ao contexto.


Ex.: um aluno que, no meio de uma exposição oral sobre Gil Vicente, usando um registo muito
cuidado diz, a páginas tantas: «Gil Vicente é um dramaturgo altamente, bué da fixe!».

2. A ironia - Parente próxima do cómico, a ironia está muitas vezes na sua origem e é um recurso
estilístico muito usado por Gil Vicente. Consiste na utilização de uma expressão de sentido contrário ao
que as próprias palavras aparentam. É, afinal, dizer o contrário do que se pensa, usando uma entoação que
o dê a entender.
Ex.: Que feliz que eu estou com a desilusão que me deste!...

3. Os tipos (personagens tipo)- Teatro de natureza e alcance social, as peças de Gil Vicente não
visam criticar indivíduos determinados, mas instituições, classes ou grupos sociais. Para tal, Gil Vicente
concebe as suas personagens como detentoras de características atribuíveis ao grupo social, profissional
ou etário a que pertencem, retirando-lhes toda a densidade psicológica e a interioridade que poderia fazer
delas casos únicos e singulares. São personagens tipo que representam uma classe, uma profissão, uma
idade.
Ex.: o Fidalgo que representa a Nobreza; Brízida Vaz que representa as Alcoviteiras, etc. Os traços
dessas personagens, muitas vezes exagerados para serem bem nítidos e perceptíveis, fazem delas,
frequentemente, caricaturas.

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