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BRUNO TIAGO DOS SANTOS

“ZONAS D NO CONCRETO ESTRUTURAL”

Londrina
2010
BRUNO TIAGO DOS SANTOS

“ZONAS D NO CONCRETO ESTRUTURAL”

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade


Estadual de Londrina, como requisito parcial para
obtenção do título de Engenheiro Civil.

Orientador: Prof.º Dr. Roberto Buchaim

Londrina
2010

BRUNO TIAGO DOS SANTOS


“ZONAS D NO CONCRETO ESTRUTURAL”

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade


Estadual de Londrina, como requisito parcial para
obtenção do título de Engenheiro Civil.

Orientador: Prof.º Dr. Roberto Buchaim

BANCA EXAMINADORA

__________________________
Prof.º Dr. Roberto Buchaim

Universidade Estadual
deLondrina

__________________________
Prof.º Dr. Carlos Henrique Maiola

Universidade Estadual de Londrina

_________________________
Prof.º Valdir Bernardi Zerbinati

Universidade Estadual de Londrina

Londrina, 23 de Novembro de 20
I

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Roberto Buchaim, meu orientador e amigo, que me


acompanhou nesta empreitada.

Aos professores do curso de Engenharia Civil, da UEL, que me


transmitiram seus conhecimentos para que pudesse chegar até aqui.

A minha família, que sempre me apoiou nos momentos difíceis e


que sempre acreditou em meu sucesso.
Aos meus colegas, pelas vivências e experiências adquiridas, a
união e amizades conquistadas em sala de aula que prevaleceram em todo o
tempo.
II

Santos, Bruno Tiago. Zonas D no concreto estrutural. 2010. Trabalho de


Conclusão de curso (Graduação em Engenharia Civil) – Universidade Estadual de
Londrina, Londrina, 2010.

RESUMO

Apresenta-se neste trabalho o estudo das zonas de descontinuidade, conhecidas


como Zonas D, que ocorrem em estruturas de concreto armado e protendido. Para
análise e dimensionamento destas zonas, neste trabalho será utilizado o método
das escoras e tirantes.
Entre as diversas zonas de descontinuidade que podem ocorrer em uma estrutura
de concreto armado, para duas delas serão apresentados modelos de
dimensionamento e detalhamento das armaduras. A primeira Zona D estudada
refere-se a dois tipos de nós de pórtico, onde se apresentam os modelos de
dimensionamento e detalhamento de suas armaduras conforme descrito na
bibliografia estudada. Em seguida apresenta-se o dimensionamento e
detalhamento de um bloco de fundação.
Os dois exemplos de Zonas D apresentados fazem parte de uma edificação fictícia
idealizada para este trabalho. Para uma melhor compreensão da resolução das
zonas de descontinuidade, é mostrado o dimensionamento e detalhamento de
uma das vigas da edificação utilizando a analogia da Treliça de Ritter-Mörsch.
Também apresenta-se o dimensionamento e detalhamento de um dos pilares
submetidos a flexo-compressão.

Palavras-chave: Concreto Armado. Zonas de descontinuidade (ou Zonas D).


Nós de pórticos. Bloco de fundação.
III

Santos, Bruno Tiago. D Zones in structural concrete. 2010. Completion of


course work (Graduate in Civil Engineering) – Universidade Estadual de Londrina,
Londrina, 2010.

ABSTRACT

This work presents the study of areas of discontinuity, named as D Zones, which
occur in reinforced and prestressed concrete structures. For analysis and design of
such areas, this paper will use the strut and tie model.
Among the various types of discontinuity occuring in a concrete structure, two of
these models will be selected for designing and subsequent detailing of the
respective reinforcement. The first one refers to typical nodes in plane frames,
which establishes strut and tie models for designing and detailing their
reinforcement, as described in the literature. Then, it is presented the design and
respective detailing of a foundation pile cap.
The two presented examples for D Zones are part of a building specifically
idealized for this work. For better understanding of the solution of such
discontinuity zones, it is also shown the designing and detailing of one beams of
the frame using the Mörsch-Ritter truss analogy. It is also presented the design
and detailing of one of the columns under bending and axial compression, which,
together with the beams, form the B zones adjacent to the D zones represented by
the frame nodes.

Keywords: Reinforced concrete. Discontinuity Zones (D Zones). Strut and tie


models. Frame nodes. Pile cap.
IV

Lista de Ilustrações

Figura 1: Representação dos campos de compressão (SCHÄFER, Fib Bulletin 3,


December 1999) ___________________________________________________ 7

Figura 2: Exemplos de nós CCC (SCHÄFER, Fib Bulletin vol 2, July 1999) ____ 10

Figura 3: Exemplos de nós CCT (SCHÄFER, Fib Bulletin vol 2, July 1999) ____ 12

Figura 4: Exemplos de nós com introdução de carga concentrada CCT


(SCHÄFER, Fib Bulletin vol 2, July 1999) _______________________________ 13

Figura 5: Exemplo de nó CTT (SCHÄFER, Fib Bulletin vol 2, July 1999) ______ 14

Figura 6: Exemplo de nós com tirantes em direções ortogonais (SCHÄFER, Fib


Bulletin vol 2, July 1999) ____________________________________________ 15

Figura 7: Duas soluções possíveis para o mesmo caso ( Fib bulletin vol 3,
December 1999). __________________________________________________ 16

Figura 8: Ângulo entre escoras e tirantes (SCHÄFER, Fib Bulletin vol 2, July 1999).
________________________________________________________________ 17

Figura 9: Espraiamento das forças concentradas para o interior das peças


(SCHÄFER, Fib Bulletin vol 3, December 1999) _________________________ 18

Figura 10: Superposição de modelos (SCHÄFER, Fib Bulletin vol 3, December


1999) ___________________________________________________________ 18

Figura 11: Algumas regiões onde se localizam as Zonas D_________________ 21

Figura 12: Planta baixa _____________________________________________ 23

Figura 13: Corte A _________________________________________________ 25

Figura 14: Modelo de cálculo do pórtico. _______________________________ 26

Figura 15: Seção transversal e esforços solicitantes característicos. _________ 28

Figura 16: Gráficos do momento fletor e força normal característicos. ________ 29

Figura 17: Gráfico do esforço cortante de cálculo. ________________________ 31

Figura 18: Módulos da treliça. ________________________________________ 31


V

Figura 19: Modelo de cálculo da treliça. ________________________________ 32

Figura 20: Reações de apoio e esforços de cálculo. ______________________ 33

Figura 21: Detalhamento das armaduras longitudinais positiva e negativa, e


estribos do vão um da viga  _______________________________________ 35

Figura 22: Detalhamento das armaduras longitudinais positiva e negativa, e


estribos do vão um das vigas  e . ________________________________ 36

Figura 23: Seção transversal e esforços solicitantes característicos. _________ 37

Figura 24: Gráficos do momento fletor e força normal característicos. ________ 38

Figura 25: Forças resistentes atuantes na seção transversal. _______________ 39

Figura 26: Deformações da seção transversal. __________________________ 40

Figura 27: detalhamento das armaduras longitudinais e transversais do  − . 42

Figura 28: Detalhamento das armaduras longitudinais e transversais do  −  e


 − .__________________________________________________________ 43

Figura 29: modelo de dimensionamento do nó (SCHLAICH & SCHÄFER, 1989). 45

Figura 30: Detalhamento teórico das armaduras adicionais para o nó (SCHLAICH


& SCHÄFER, 1989). _______________________________________________ 46

Figura 31: Posição das forças resistentes nas seções transversais dos pilares e da
viga. ____________________________________________________________ 47

Figura 32: Esforços solicitantes na seção transversal do  − . ____________ 48

Figura 33: Modelo refinado de dimensionamento do nó. ___________________ 49

Figura 34: estribos para ∆ na região do  − . ________________________ 50

Figura 35: Estribos para , detalhados na seção transversal do pilar  − . __ 51

Figura 36: Modelo de dimensionamento do nó superior (SCHLAICH & SCHÄFER,


1989). __________________________________________________________ 52

Figura 37: Modelo de dimensionamento e esforços solicitantes de cálculo ( isto é,


majorados por
= , ). ___________________________________________ 53

Figura 38: Estribos para , detalhados na seção transversal do pilar  − . _ 54


VI

Figura 39: Detalhamento teórico das armaduras adicionais para o nó (SCHLAICH


& SCHÄFER, 1989). _______________________________________________ 54

Figura 40: Esforços solicitantes de cálculo provenientes do  −  e espaçamento


entre estacas. ____________________________________________________ 56

Figura 41: vista em planta do bloco e reações nas estacas. ________________ 57

Figura 42: Forças resultantes na seção transversal do pilar  − . __________ 58

Figura 43: Vista em planta da treliça. __________________________________ 60

Figura 44: Ângulo entre a barra 3 e sua projeção horizontal e altura da treliça. _ 60

Figura 45: Corte A-A e B-B, mostrando a geometria das treliças e esforços
solicitantes _______________________________________________________ 61

Figura 46: Corte C-C, mostrando a geometria da treliça e esforços internos


solicitantes. ______________________________________________________ 61

Figura 47: Detalhe das diagonais que chegam nas estacas 1 e 2. ___________ 62

Figura 48: vista em planta das armaduras principais e de distribuição. ________ 64

Figura 49: Vista em corte das armaduras principais e de distribuição. ________ 65


VII

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................... 1
1.1 OBJETIVO .......................................................................................................................................... 1
1.2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................................ 2
1.3 METODOLOGIA ................................................................................................................................ 3

2. APRESENTAÇÃO DO TRABALHO ................................................................................................... 5

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................................................... 6
3.1 MÉTODO DAS ESCORAS E TIRANTES ......................................................................................... 6
3.2 NÓS TÍPICOS ..................................................................................................................................... 9
3.2.1 Definição ................................................................................................................................. 9
3.2.2 Nós com forças de compressão (CCC) .................................................................................. 9
3.2.3 Nós com forças de compressão e tração resultante de barras paralelas (cct) ................. 10
3.2.4 Nós com forças de compressão e tração (nós cct), e introdução de carga concentrada em
área reduzida ......................................................................................................................................... 13
3.2.5 Nós com forças de compressão e tração advindas de barras dobradas (nós ctt) ............ 14
3.2.6 Nós com tirantes em direções ortogonais (idem, ctt) ......................................................... 15
3.3 REGRAS GERAIS E RECOMENDAÇÕES PARA MODELAR A TRELIÇA RESISTENTE
(SHÄFER) .................................................................................................................................................. 16
3.4 ZONAS D ........................................................................................................................................... 19
3.4.1 Definição ............................................................................................................................... 19
3.4.2 Tipos de zonas d ................................................................................................................... 19

4. DADOS DA ESTRUTURA ANÁLISADA E DIMENSIONAMENTO DAS ZONAS B (VIGAS E


PILARES) ....................................................................................................................................................... 22
4.1 DIMENSIONAMENTO E DETALHAMENTO DAS ZONAS B (VIGAS E PILARES) ............... 27
4.1.1 Dimensionamento e detalhamento das vigas ...................................................................... 27
4.1.2 Dimensionamento e detalhamento do pilar ........................................................................ 37

5. NÓS DE PÓRTICO (ZONA D) ........................................................................................................... 44


5.1 NÓ TIPO 1......................................................................................................................................... 45
5.1.1 Dimensionamento e detalhamento dos nós tipo 1 .............................................................. 47
5.2 NÓ TIPO 2......................................................................................................................................... 52

6. BLOCO DE FUNDAÇÃO SOBRE ESTACAS .................................................................................. 55


6.1 DIMENSIONAMENTO E DETALHAMENTO DO BLOCO ......................................................... 55

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................... 66

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................... 67
1

1. INTRODUÇÃO

Em estruturas de concreto armado e protendido existem regiões ou


segmentos onde não é válida a hipótese de Bernoulli, ou seja, não é válida a
hipótese de distribuição linear das deformações na seção transversal. Estas
regiões são denominadas de ”ZONAS D” (zonas de descontinuidade), onde é
necessária uma análise mais refinada.
As “ZONAS D” aparecem em regiões especificas das estruturas. Alguns
exemplos são nós de pórticos, consolos curtos, blocos de fundação sobre estacas,
vigas com mudança brusca de seção, etc.
A análise mais criteriosa destas zonas permite controlar com segurança as
dimensões das peças e detalhar corretamente as armaduras, a fim de evitar
futuras patologias ou mesmo o colapso da estrutura. Para esta análise, é
necessário conhecer o fluxo interno das forças.
O modelo utilizado para a determinação do fluxo interno das forças é o das
escoras e tirantes, que é uma simplificação dos campos de tensões estaticamente
admissíveis, aplicáveis, ou seja, os campos devem atender as condições equilíbrio
e resistência dos materiais. As tensões de compressão são atribuídas ao concreto
e as de tração ao aço.
Geralmente não é necessário desenhar a treliça toda, basta focalizar as
regiões críticas para conseguir um controle seguro e correto.

1.1 OBJETIVO

Espera-se com esse trabalho adquirir conhecimento em um tema pouco


estudado durante a graduação e, através dos exemplos numéricos contidos neste
TCC, ajudar no entendimento da teoria utilizada na resolução dos exemplos.
2

1.2 JUSTIFICATIVA

O engenheiro civil que atua ou pretende atuar na área de projetos estruturais,


tem ou terá em suas mãos uma grande responsabilidade, pois seus projetos são
um dos principais fatores que garantem a segurança das construções ao colapso
e ao bom desempenho em serviço, sejam elas quais forem, casas, edifícios de
múltiplos pavimentos, estádios, pontes, etc. É na fase do projeto estrutural em que
se identificam as situações adversas que a construção terá durante sua utilização,
para assim poder fazer o dimensionamento correto e seguro dos elementos
estruturais.
O projetista estrutural tem que estar preparado para se deparar com as mais
diversas situações em sua atividade, desde as mais corriqueiras até as situações
mais extremas, pois uma decisão equivocada de sua parte pode acarretar
prejuízos materiais de grande quantia, ou o pior de todos os prejuízos,qual seja, a
perda de vidas humanas.
Assim sendo, o engenheiro civil que pretende trabalhar com projetos
estruturais, deve estar sempre disposto a adquirir novos conhecimentos para estar
melhor preparado ao deparar–se com situações menos comuns.
A principal justificativa deste trabalho é justamente o aprofundamento em um
assunto pouco estudado durante a graduação, as chamadas Zonas D, que são
regiões da estrutura de concreto armado, em que o engenheiro projetista deve
tomar um cuidado maior em seu dimensionamento e detalhamento das
armaduras.
Em um primeiro momento, quando se fala em Zonas D, tem-se a impressão
de ser algo que ocorre apenas em construções de um alto grau de complexidade,
mas na verdade estas zonas estão presentes em todas as construções de
concreto armado.
3

1.3 METODOLOGIA

Foi realizada revisão bibliográfica a fim de obter conhecimento sobre as


chamadas “Zonas D” (zonas de descontinuidade). Com o estudo da bibliografia
disponível sobre o tema, foi possível entender o que são as zonas de
descontinuidade e onde elas ocorrem nas estruturas de concreto armado, e
também definir quais as “Zonas D” seriam estudadas mais profundamente neste
trabalho.
Também foi feito o estudo da bibliografia sobre o método das escoras e
tirantes, que é de suma importância para a análise das zonas de descontinuidade,
dada sua praticidade e precisão.
Os exemplos de “Zonas D” utilizadas neste trabalho fazem parte de uma
edificação especificamente idealizada para a realização deste TCC. Para o
esqueleto da estrutura escolheu-se um pórtico plano, com vigas e pilares
moldados “in loco” e com lajes armadas em uma direção, sendo a fundação
formada por blocos sobre estacas.
A análise estrutural foi realizada com o programa SAP 2000, onde apenas um
dos pórtico foi montado, com cargas linearmente distribuídas sobre as vigas
provenientes das cargas atuantes nas lajes. O peso específico das vigas e pilares
foi considerado pelo programa igual a 25 ⁄ .
Com a obtenção dos esforços atuantes nas vigas, pode-se determinar a
geometria das treliças que representam o fluxo interno das forças de cada viga
nas chamadas “Zonas B”, onde a hipótese de Bernoulli é valida. Após a obtenção
da geometria das treliças, as mesmas foram processadas no programa SAP 2000
para o obtenção dos esforços atuantes nos banzos, nas diagonais e nos
montantes, a fim de verificar a segurança do concreto ao esmagamento e
proceder ao dimensionamento e detalhamento das armaduras.
Os pilares foram dimensionados à flexão composta normal com armadura
dupla simétrica. Para simplificar o dimensionamento não se verificou possíveis
efeitos de segunda ordem, o que deve ser feito na prática. Para a análise dos nós
4

do pórtico, é essencial conhecer a profundidade da linha neutra na seção


transversal dos pilares, nas Zonas B vizinhas à Zonas D em consideração.
A importância da determinação da linha neutra será mostrada na análise dos
nós do pórtico.
Com o dimensionamento das “Zonas B” concluído, podem-se fazer as análises
das “Zonas D” estudadas neste TCC , a saber, nós de pórtico e blocos de
fundação sobre estacas, conforme modelos descritos nas bibliografias estudadas.
Os passos necessários ao dimensionamento e detalhamento das armaduras nas
zonas de descontinuidade, serão mostrados com detalhes em capítulos
específicos.
5

2. APRESENTAÇÃO DO TRABALHO

No capítulo 6 apresenta-se a revisão bibliográfica sobre o método das escoras


e tirantes, método que será utilizado no dimensionamento das zonas de
descontinuidade. Apresenta-se também o conceito de zonas de descontinuidade e
exemplos de sua ocorrência.
As informações sobre a edificação estudada, como dimensões, carregamentos
considerados, bem como o modelo de cálculo são apresentadas no capitulo 7.
Este capítulo contém ainda o dimensionamento e detalhamento das Zonas B
(vigas e pilares).
Os modelos de dimensionamento e detalhamento das armaduras dos dois
tipos de nós de pórtico e os passos necessários para a obtenção das forças
resultantes e suas posições nas seções transversais dos pilares são mostrados no
capitulo 8.
O bloco de fundação é estudado no capítulo 9, onde se apresenta o modelo
de dimensionamento de suas armaduras, e o detalhamento das mesmas conforme
recomendado na NBR 6118.
Por fim, no capítulo 10 são apresentadas as conclusões sobre o estudo das
Zonas D.
6

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 MÉTODO DAS ESCORAS E TIRANTES

O método das escoras e tirantes é uma simplificação de campos de tensão


estaticamente admissíveis (i.e, os campos atendem as condições de equilíbrio e
de resistência dos materiais). As resultantes dos campos de tensão ao longo da
estrutura são atribuídas ao concreto se forem de compressão, e ao aço se forem
de tração. O método consiste basicamente em obter o fluxo interno das forças,
desde os seus pontos de aplicação até os apoios. Isto possibilita controlar com a
devida segurança, as dimensões das peças e detalhar corretamente a armadura.
Conhecidos os esforços solicitantes advindos da análise estrutural (seja qual
for o tipo de análise (elástica com ou sem redistribuição, elasto-plástica, não
linear), o fluxo interno das forças é descrito por meio de treliças, cujas barras
comprimidas são as escoras (de concreto) e cujas barras tracionadas são os
tirantes (de aço). Geralmente não é necessário desenhar a treliça toda, basta
focalizar as regiões críticas para conseguir um controle seguro e correto. As
ferramentas mais usadas na representação dos campos de compressão
(atribuídos ao concreto) são as apresentadas na Figura 1.
7

a Fd a Fd
Fd

b b a

Fd Fd Fd

(b): “Leque” (c): “Prisma”


(a): “Garrafa”

Figura 1: Representação dos campos de compressão (SCHÄFER, Fib Bulletin 3,


December 1999)

A “garrafa” aparece por exemplo, nas regiões de introdução de cargas em


pilares através de placas de apoio, de área menor do que a da seção do pilar ou
em vigas de pontes nas zonas de introdução da força de pretensão.
O “leque” pode representar a introdução de uma carga concentrada em vigas,
ou em blocos de fundação similares a vigas curtas.
O “prisma” descreve as zonas essencialmente comprimidas (sem presença de
fissuras), em vigas e em pilares, e também a compressão diagonal da alma e abas
de vigas com presença de fissuras.
As resistências dos campos de compressão e dos nós dependem do estado
multiaxial de tensão, da existência de fissuras e da presença de armaduras
tracionadas.
No estado plano de tensão, as seguintes resistências são recomendadas
(inclusive implicitamente na NBR 6118);
8


 = 0,85 1 − 
Em nós com forças exclusivamente de
250  compressão, e em zonas essencialmente comprimidas de
(concreto não fissurado) pilares e vigas.


 = 0,7  = 0,6 1 −  
Em nós em que há forças de tração de
250  barras neles ancoradas, e nas almas de vigas, cujo concreto
(concreto fissurado) é atravessado por estribos tracionados e há transmissão de
tensões nas fissuras

Outros valores são possíveis, por exemplo, em tirantes, com presença de


fissuras de grande abertura:


 = 0,75  = 0,45 1 − 
250 

Nestas equações  deve ser posto em MPa.

Nas regiões (e em nós) em que há estados duplos ou triplos de compressão, a


resistência de cálculo do concreto pode ser aumentada localmente, conforme
seja o caso, e desde que tais estados atuem sempre.
Os tirantes, por sua vez, tendo em vista que a armadura resultante escoa no
ELU, tem sua resistência limitada aos valores:
$
$ =
%&

com γ( = 1,15 para as armaduras.


9

3.2 NÓS TÍPICOS

3.2.1 DEFINIÇÃO

Nós são as zonas de encontro das barras da treliça, barras estas que
representam o fluxo interno das forças no elemento estrutural. Em cada nó pode
haver uma combinação de barras de compressão (concreto) e de tração (aço). Os
nós mais freqüentes encontrados nas estruturas serão apresentados abaixo.

3.2.2 NÓS COM FORÇAS DE COMPRESSÃO (CCC)

Exemplos de ocorrência:
a) Regiões do banzo comprimido, com introdução de cargas concentradas,
no vão ou no apoio de continuidade.
b) Nós em apoios de extremidade, nos quais a força do banzo tracionado
é ancorada através de chapas rígidas, ou botão de ancoragem do cabo
de protensão.
c) Nos cantos reentrantes comprimidos dos pórticos.

Ver a Figura 2.
10

.1
.

. 23 231 .0

4
),*&+ ),,-

. = ),*&+ + ),,-

(a)
.
Chapa de
ancoragem 4 ≤  .
.7
2
.6 .

. = .6
Furo

. 4 ≤  4


Placa
de
apoio . ≤ 
(b)

Figura 2: Exemplos de nós CCC (SCHÄFER, Fib Bulletin vol 2, July 1999)

3.2.3 NÓS COM FORÇAS DE COMPRESSÃO E TRAÇÃO RESULTANTE DE BARRAS

PARALELAS (CCT)
11

Exemplos de ocorrência:

a) Apoio de extremidade.
b) Zona de introdução de carga concentrada junto ao banzo tracionado ou
em consolo curto, ou ainda, em extremidade de viga parede.
c) Em nós de pórticos com momentos tracionando as fibras internas.

Ver a Figura 3.
12

.

23

u
≥ 9∗

4
c
≥ 9∗ ;
.
<=,>*

(a)

;
.

23

u s
s
9∗ .6
? 4 3

2 ; cada
≥ 9∗
≥9 .

≥ <=,>* (b)

Figura 3: Exemplos de nós CCT (SCHÄFER, Fib Bulletin vol 2, July 1999)
13

3.2.4 NÓS COM FORÇAS DE COMPRESSÃO E TRAÇÃO (NÓS CCT), E INTRODUÇÃO DE

CARGA CONCENTRADA EM ÁREA REDUZIDA

Exemplos de ocorrência:
a) Em apoios de extremidade, com placas de apoio de dimensões
reduzidas.
b) Em apoio de continuidade, com placas de dimensões reduzidas. Neste
caso, há o efeito favorável do estado duplo de compressão, a
resistência  pode ser majorada em 20% se não houver armadura de
cintamento. Ou mais de 20%, em caso contrário.

Ver a Figura 4.

A7
; 2

A7
2 ℎ
A .6
A7 A7
2 2
A7 A7 ; ⁄4
2 2 .D
A 4 =
; × ;
A = ×; ;
;
.D

E&6

.F
.D
Figura 4: Exemplos de nós com introdução de carga concentrada CCT (SCHÄFER, Fib
Bulletin vol 2, July 1999)
14

3.2.5 NÓS COM FORÇAS DE COMPRESSÃO E TRAÇÃO ADVINDAS DE BARRAS DOBRADAS


(NÓS CTT)

Neste tipo de nó, a escora inclinada se apoia nas dobras das barras
tracionadas. Sua ocorrência se dá nos nós de pórtico (as barras principais
tracionadas, mudam sua direção em 90°), ou nas vigas com armadura principal
dobrada a 45° ou a 60°. Como a escora não se liga perpendicularmente à
armadura tracionada, a mudança de direção das trações se dá principalmente por
aderência com o concreto, principalmente se as forças de tração forem diferentes.

Ver a Figura 5.

.6I

4

2 J
.6H

G × cos 2

Figura 5: Exemplo de nó CTT (SCHÄFER, Fib Bulletin vol 2, July 1999)


15

3.2.6 NÓS COM TIRANTES EM DIREÇÕES ORTOGONAIS (IDEM, CTT)

Exemplos de ocorrência:
a) Em regiões de ancoragem de barras do banzo tracionado.
b) Em cantos de peças (vigas ou vigas-parede), em que a mudança de
direção das forças de tração é feita através de estribos fechados
(estribos de suspensão).

Ver a Figura 6.

.6O
.
; = <=,>* × sin 2

4
.6I 2 .6H > .6I

<=,>*
.6H
Barra
.6I

Barra

.
.6O
a

4

2 .6H

<=,>*

Figura 6: Exemplo de nós com tirantes em direções ortogonais


(SCHÄFER, Fib Bulletin vol 2, July 1999)
16

3.3 REGRAS GERAIS E RECOMENDAÇÕES PARA MODELAR A TRELIÇA RESISTENTE


(SHÄFER)

a) Escolher um modelo simples, mas representativo e com poucas escoras


e tirantes. Refinar o modelo se necessário;
b) Orientar o modelo pelo comportamento elástico da peça, e usar barras
de armadura com poucas dobras. Dispor as barras paralela e
ortogonalmente às faces da peça. Um conjunto de várias barras da
armadura pode ser representado por um tirante, passante pelo CG
dessas barras. O “layout” da armadura deve respeitar o modelo
admitido;
c) Entre duas soluções possíveis, escolher aquela que conduzir a um valor
mínimo da seguinte expressão, conforme mostra a Figura 7.

∑ .6, × <, .6, = força no tirante


<, = comprimento respectivo

.6I
T
.6 < .′6H

<′
<

Seção )=0
)=0
(a) Bom (b) Ruim

.6H × < < .′6H × <′ + 2 × .6I

Figura 7: Dois modelos de treliças possíveis para o mesmo caso ( Fib bulletin vol 3,
December 1999).
17

d) As escoras representam campos de compressão, com uma largura


finita. Com isto, é necessário manter uma distância adequada das
bordas das peças, para que a resistência do concreto não seja
ultrapassada, nem haja fratura de cantos.
e) O ângulo 2 entre a escora e o tirante deve ser pelo menos 45°, sempre
que possível. Exceção a esta regra ocorre na alma das vigas, onde se
toleram ângulos da ordem de 30°, e nas quais a resistência do concreto
cai a I = 0,7H (isto é, 30% abaixo daquela admitida nos banzos
comprimidos de vigas e/ou pilares). Ângulos muito menores que 30°
tornam difícil a compatibilidade de deformações, na junção de barras
tracionada e comprimida.

2 2
2 > 45° ≥ 302 > 30° > 2 > 30°

(a) Nó (b) Nó TCT (borda da (c) Nó TCT (interior da viga).


CCT. peça).
Figura 8: Ângulo entre escoras e tirantes (SCHÄFER, Fib Bulletin vol 2, July 1999).

f) A dispersão de forças concentradas no interior da peça se faz, conforme


a teoria da elasticidade, através de um ângulo W ≅ 32° ( tan W = 0,63 ≅
2⁄3). Portanto, o ângulo 2 entre a escora e o tirante é igual a ≅ 90° −
32° = 58°.
18

.
.
.7 .7
2 2

W ≅ 32° W ≅ 32° 2 ≅ 58°

W ≅ 32°

W= Mudança de direção da força


..
(a) Carga introduzida no vão (b) Carga introduzida na borda
Figura 9: Espraiamento das forças concentradas para o interior das peças (SCHÄFER,
Fib Bulletin vol 3, December 1999)

g) O fluxo de tensões pode eventualmente ser representado pela


superposição de dois modelos simples, com escolha livre de alocação
de forças para cada qual.

; ;
; ⁄2 ; ⁄2 . .
.

W ≤ 45°

T W +
= ]^`
2 2 ≥ 45°

]^,_ . .
.
. + . = .
2 = ∢ da resultante das
escoras inclinadas do apoio.
W = ∢ da resultante das
(b) Treliça isostática, (c) idem, com
escoras inclinadas que
sem tirante vertical, tirante vertical,
partem da carga aplicada.
(comportamento de (comportamento
(a) Treliça hiperestática. bloco). de viga).
Figura 10: Superposição de modelos de treliças (SCHÄFER, Fib Bulletin vol 3, December
1999)
19

3.4 ZONAS D

3.4.1 DEFINIÇÃO

As zonas D representam os segmentos ou regiões da estrutura em que não é


válida a hipótese de Bernoulli [ D = descontinuidade, disturbed regions (regiões
com perturbações de tensões)], ou seja, não é válida a hipótese de distribuição
linear das deformações na seção transversal. As zonas de descontinuidade são
freqüentemente consideradas como vizinhas das zonas B, onde a hipótese de
Bernoulli é válida, e sua extensão pode ser estabelecida igual à altura da seção do
elemento estrutural (a base disto é o princípio de Saint-Vernant).

3.4.2 TIPOS DE ZONAS D

As zonas de descontinuidade aparecem em varias regiões de uma estrutura de


concreto armado, como já se mencionou.
a) Introdução de forças concentradas nos apoios ou no interior peça.
b) Alteração brusca de geometria, por exemplo, mudança de seção,
aberturas nas peças.
c) Em peças de pequena esbeltez, como viga-parede, consolos curtos,
blocos e sapatas de fundação.
Para vários tipos de zonas de descontinuidade pode-se encontrar na
bibliografia modelos prontos de dimensionamento e detalhamento das armaduras
necessárias.
20

B

D B
D B ℎ
ℎ

ℎ ℎ ℎ

(a) Alteração brusca de geometria (b) apoio de extremidade,


carga concentrada

ℎ ;b

ℎ B D ℎ

2ℎ + ;b ≅ 2ℎ
ℎ

B
(c) Nó de pórtico (d) Introdução de carga concentrada
ℎ
21

B B

ℎ D ℎ

D J D D
B B
ℎ ℎ

J
B
(f) Bloco de fundação.

(e) Pilar com consolo


Figura 11: Algumas regiões onde se localizam as Zonas D
22

4. DADOS DA ESTRUTURA ANÁLISADA E DIMENSIONAMENTO DAS ZONAS B


(VIGAS E PILARES)

Os exemplos mostrados neste trabalho são dois nós de pórtico e um bloco de


fundação sobre estacas. Estes exemplos foram tirados de uma edificação
idealizada para este trabalho. As informações necessárias ao entendimento da
estruturação da edificação, assim como os carregamentos atuantes são
mostrados a seguir.
23

c s20 × 50t 9

r
6,0  6,0 
) s20 × 50t 9

d = 15 9 d = 159
10,0 

) s20 × 50t9

d = 15 9 d = 15 9
) s20 × 100t 9
) s20 × 100t9
× 100t9
10,0 
) s20

) s20 × 50t 9
r

Figura 12: Planta baixa

Carregamentos considerados:

Laje da cobertura
cd?e fgófgie = 0,15 × 25 /  = 3,75 /
]dk. imdgieg = 0,02 × 19 /  = 0,38 /
cd?e nd<ℎ;oe = 1 /
peAgd9;gq; = 2 /

q + U = 5,13 / + 2 / = 7,13 /


24

Viga 
u = 7,13 / × 6  = 42,8 /

Laje do 1° e 2° pavimentos
cd?e fgófgie = 0,15  × 25 / = 3,75 /
]dk. im + ]dk. ?vf = s0,02  × 19 / t × 2 = 0,76 /
ci?e 9dgâi9e = 0,005  × 18 / = 0,09 /
peAgd9;gq; = 3 /

q + U = 4,6 / + 3 / = 7,6 /

Vigas  e 
u = 7,6/ × 6  + s2,2  × 2,5 / t c. f;gdod = 51,1  /
25

1,0 
) s20 × 100t
cy s50z20t
cy s50z20t Nó 2

3,0 
c y s50z20t

1,0 
) s20 × 100t

cy s50z20t c y s50z20t cy s50z20t

3,0 
1,0 
) s20 × 100t
Nó 1
cy s50 × 20t c y s50 × 20t cy s50 × 20t

3,5 
50 50
)x s20 × 40t 50

10,0  10,0 

Figura 13: Corte A


26

u{ = 42,8 /

)3 s20 × 100t9
(Vão 1) (Vão 2)

3,5 
u = 55,1 /

)2 s20 × 100t9
(Vão 1) (Vão 2)

3,5 
u = 55,1 /

)1 s20 × 100t9
(Vão 1) (Vão 2)

4,0 
10,0  10,0 

Figura 14: Modelo de cálculo do pórtico.


27

4.1 DIMENSIONAMENTO E DETALHAMENTO DAS ZONAS B (VIGAS E PILARES)

4.1.1 DIMENSIONAMENTO E DETALHAMENTO DAS VIGAS

Com os esforços obtidos da análise estrutural, determinou-se a geometria da


treliça resistente de cada viga do exemplo, para com ela possibilitar o
dimensionamento e detalhamento das armaduras longitudinais e transversais,
conforme a NBR 61818:2004.
Será demonstrado com detalhes apenas o dimensionamento e detalhamento
da viga do piso do primeiro pavimento s) t. Como há simetria de geometria e
carregamento nos vãos, apenas o vão 1 será mostrado. As demais vigas do
exemplo [viga do piso da cobertura s) t e viga da cobertura s) t], terão seus
cálculos omitidos, a fim de não estender um assunto secundário ao estudado
neste trabalho. Mas a geometria da treliça resistente e o arranjo das armaduras
serão mostrados.
A importância em conhecer a geometria da treliça que representa o fluxo
interno das forças, assim como o arranjo das armaduras, será percebida quando
se apresentar o estudo dos nós do pórtico.
28

Dados Para o Dimensionamento

o = 925 
| = 527,4. 
ℎ = 1000 

 = 65,1 

E&
o ~ = 75 

o = 200 
Figura 15: Seção transversal e esforços solicitantes característicos.

 = 30 |c;
$ = 500 |c;
% = 1,4
%} = 1,4
%& = 1,15
29

527,4 . 
303,3 . 
Vão 1

273,4 . 

€
Vão 1
65,1 
65,1  65,1

Figura 16: Gráficos do momento fletor e força normal característicos.

Forças de cálculo
| = | × %} = 527,4 × 1,4 = 738,4 . 
 =  × %} = 65,1 × 1,4 = 91,1 
Resistências de Cálculo
0,85 ×  0,85 × 30
0,85  = = = 18,21 |c;
% 1,4
$ 500
$ = = = 435 |c;
1,15 1,15
30

Determinação da altura da treliça


A determinação da altura é feita com os esforços solicitantes na seção mais
crítica da peça. Desta maneira fica-se a favor da segurança, pois obtém-se a
menor altura da treliça. Ou seja, nas demais seções como o braço de alavanca é
um pouco menor do que ele seria se fosse calculado, os esforços internos são
pouca coisa maior.
ℎ 0,5
|,6‚63ƒ = | −  × „ − o′… = 738,4 × „ − 75… = 700 
2 2

|,6‚63ƒ 700 × 10‡


† = = = 0,225
0,85 × A × o 18,21 × 200 × 925

ˆ = 1 − ‰1 − 2 × † = 1 − ‰1 − 2 × 0,225 = 0,26

Nesta expressão, Š é a altura do bloco de tensões no concreto e ‹ a altura útil


da seção transversal Œ = o × ˆ = 925 × 0,26 = 240,5 . Deste valor decorre
$ 1b,0
T = o − , onde z e o braço de alavanca das forças T = 925 − = 805 .

Após a determinação da altura da treliça, é possível obter as demais


características geométricas, como espaçamento entre montantes e
posicionamento das diagonais. Para isso é necessário conhecer o diagrama do
esforço cortante da peça, para que com ele se possa visualizar como as cargas
são encaminhadas para os apoios.
31

354,3  5,4 

4,6 

417,07 

Figura 17: Gráfico do esforço cortante de cálculo.

4,6  5,4 
diagonal
montante
T

23 2 2 2 2=
2 2 2 2

T × cot 2 T × cot 2

4T × cot 2 5T × cot 2

Figura 18: Módulos da treliça.

4T × cot 2 = 4,6  ⟹ 2 = 35°


5T × cot 2 = 5,4  ⟹ 2 = 36,7°
32

A separação entre os módulos em vermelho (linhas continuas) e azul (linhas


tracejadas) se faz a partir da seção de força cortante nula, ou com inversão de
sinal.
O número de módulos pode ser escolhido livremente desde que os ângulos 2
e 2 estejam dentro do intervalo permitido pela NBR 6118:2004, a saber, entre 30°
e 45° . Na realidade, para o concreto armado a faixa é 26,6° e 45° , e se houver
força de compressão axial ou protensão, o valor de 2 pode chegar a 18,4°, desde
que a peça não fissure em serviço.
Os montantes da treliça são dispostos na metade do comprimento de cada
módulo, e as diagonais são orientadas de tal forma que sempre fiquem
comprimidas. Para a obtenção dos esforços na treliça o carregamento distribuído
linearmente sobre a viga é concentrado nos nós da treliça. No exemplo
apresentado ainda se tem o esforço normal de tração vindo da análise estrutural
que também deve ser considerado como mostrado abaixo.

c c c c c  c  c c c


c

c1
4,6  5,4 

Figura 19: Modelo de cálculo da treliça.

4c = 4,6 × 55,1 × 1,4 ⟹ c = 88,7 


5c  = 5,4 × 55,1 × 1,4 ⟹ c = 83,3 
| Žá,3‘‚,‚ *>6-3ƒ 
c = „ + … × 1,4 ⟹ c = 962,0 
T 2
| Žá,3‘‚,‚ *>6-3ƒ 
c1 = „ − … × 1,4 ⟹ c1 = 872,0 
T 2
33

Dimensionamento e detalhamento das armaduras longitudinais e estribos

O dimensionamento das armaduras longitudinais e transversais da viga é feito


com os esforços atuantes nas barras da treliça, conforme mostrado na Figura 20.
Para uma melhor compreensão, serão mostrados com mais detalhes os cálculos
das áreas de aço e comprimentos de ancoragem da região próxima ao pilar c .
Uma observação deve ser feita quando se analisa toda a viga utilizando a
analogia da Treliça de Ritter-Mörsch, a decalagem do diagrama do momento fletor
se faz desnecessária, pois o acréscimo de tração gerado pelo esforço cortante no
banzo tracionado já está implicitamente incluído. Assim sendo, o comprimento de
ancoragem das barras longitudinais de tração é dado apenas pelo <=,>* descrito
no item 9.4.2.5 da NBR 6118:2004.
“”,•_–•
<=,>* = ’ <= ≥ <=,Ž,>
“”,—˜

. .
¡£¡, ¤ €

.
¥ ¥
¥

¡ , ¢ € £, ¥ €

s−t ¦§¨©ª«¬¬ã§
s+t®ª¯çã§

Figura 20: Reações de apoio e esforços de cálculo.

Armaduras longitudinais para ™‹ ;


.‹
Eš,ƒ‚>› =
$
575,9 × 10 
E^,œžŸ = = 1324  ⟹ E&,ƒ‚>› = 2J10 + 6J16 ⟶ 1363 
435 |c;
34

E^,3ƒ
<=,>* = ’ <= ≥ <=,Ž,>
E,^*}
’ = 1,0 sA;gg;? ?d q;m9ℎet
± }²³
<= = 1 }´³
= 50J sf;g; d?nd dµdf<et

<=,Ž,> ≥ 15ϕ
1324
<=,>* = 1 × 50 × 16 × ≅ 0,8  ≥ 15J = 0,24 
1363

Armadura longitudinal para ™‹ :


.
E^,ƒ‚>› =
$
322,8 × 10 
E^,ƒ‚>› = = 742  ⟹ E^,ƒ‚>› = 4J16 ⟶ 804 
435 |c;
742
<=,>* = 1 × 50 × 16 × ≅ 0,8  ≥ 0,24 
804

Estribos para ™‹ :


E&· .
„ …=
p $ × T × cot 2
E&· 265,8 × 10
„ …= = 535  ⁄
p 435 × 0,805 × 1,42

Utilizando estribos de 2 ramos, com bitola de 6,3 , obtém-se um


espaçamento igual a:
¸ × 6,3 × 2
p= ≅ 0,1 
4
535
35

22  1 J8 ¹/10
12  J6,3 ¹/10 8  J 6,3 ¹/15 18  J6,3 ¹/25 8  J6,3 ¹/15 11  J6,3 ¹/10
s115t s115t s446t s108t s108t s216t

<=,>* (Vão 1) 1 2J16 ¹ = 650


1 2J16 ¹ = 280 Armação Negativa  2J16 ¹ = 650
 2J16 ¹ = 280  2J16 ¹ = 480
 2J16 ¹ = 480
 2J16 ¹ = 165
 b 2J16 ¹ = 270
 2J10 ¹ = 165 ¼ 2J12,5 ¹ = 270

» 2J16 ¹ = 1020
º 2J16 ¹ = 650
y ‡ 2J16 ¹ = 650 y
0 2J8 ¹ = 450

Armação Positiva

Figura 21: Detalhamento das armaduras longitudinais positiva e negativa, e estribos do vão um
da viga 

A determinação da geometria da treliça das vigas ) e ) , assim como a


obtenção dos esforços atuantes, o dimensionamento e o detalhamento das
armaduras foram feitos da mesma maneira como foi mostrado para viga ) . A
Figura 22 mostra o detalhamento das armaduras longitudinais e transversais das
respectivas vigas.
36

12  J6,3 ¹/10 8  J6,3 ¹/15 18  J6,3 ¹/25 8  J6,3 ¹/15 11   J6,3 ¹/1022 J8 ¹/10
s118t s118t s448t s106t s106t s212t

<=,>*
Armação Negativa (Vão 1)  2J16 ¹ = 620
1 2J16 ¹ = 280
 2J16 ¹ = 620
 2J16 ¹ = 280
 2J16 ¹ = 460
 2J16 ¹ = 165  b 2J16 ¹ = 460
 2J12,5 ¹ = 165
¼ 2J16 ¹ = 270
» 2J8 ¹ = 270

º 2J16 ¹ = 1020

‡ 2J16 ¹ = 640
y
y 0 2J16 ¹ = 640

Armação Positiva
8‡ J6,3 ¹/15 6‡ J6,3 ¹/20 18 ‡ J6,3 ¹/25 6 ‡ J6,3 ¹/20 8‡ J6,3 ¹/20 23‡ J6,3 ¹/10

s111t s111t s444t s111t s111t s222t

 2J16 ¹ = 220 (Vão 1) <=,>* b 2J16 ¹ = 615


 2J16 ¹ = 140 ¼ 2J16 ¹ = 475

Armação Negativa
 » 2J16 ¹ = 475
º 2J16 ¹ = 270
‡ 2J8 ¹ = 270

0 2J16 ¹ = 1020
1 2J16 ¹ = 640
y y
 2J8 ¹ = 445

Armação Positiva
Figura 22: Detalhamento das armaduras longitudinais positiva e negativa, e estribos do vão um
das vigas  e  .
37

4.1.2 DIMENSIONAMENTO E DETALHAMENTO DO PILAR

Os pilares foram dimensionados a flexo-compressão com armadura dupla


simétrica. Os esforços solicitantes utilizados para o dimensionamento foram
obtidos da análise do pórtico da Figura 13.
Da mesma maneira que se mostrou apenas o dimensionamento de uma das
vigas do pórtico, para o pilar será feito o mesmo, com a diferença de que é o
mesmo pilar dimensionado em seus diferentes trechos. No exemplo utilizado, cada
pilar tem três trechos com esforços solicitantes diferentes e mesma seção
transversal.

Dados Para o Dimensionamento

ℎ = 500 
o~ = 75  o = 350  o ~ = 75 
|{ = 121,2 . 

E^ CG E^ A = 200 

{ = 745,0 

Figura 23: Seção transversal e esforços solicitantes característicos.

 = 30 |c;
$ = 500 |c;
% = 1,4
%} = 1,4
%& = 1,15
38

€ 60,0  €
121,2 . 

y
y
60,0 

60,0 . 
60,0 
Figura 24: Gráficos do momento fletor e força normal característicos.

Forças de cálculo:

| = 121,2 × 1,4 = 169,7 . 


 = 60 × 1,4 = 84 

Resistências de cálculo:

0,85 ×  0,85 × 30


0,85 = = = 18,21 |c;
% 1,4
½¾ 500
$ = = = 435 |c;
%& 1,15

Cálculo da área de aço e determinação da profundidade da linha neutra


da seção transversal

Para o dimensionamento à flexão composta normal com armadura dupla


simétrica, algumas verificações podem ser feitas a fim de determinar se as duas
39

armaduras estão escoando simultaneamente. Caso estejam, o dimensionamento


torna-se simples e rápido. Estas verificações não serão mostradas.
No exemplo verificou-se que as armaduras não entram em escoamento
simultâneo e o dimensionamento foi feito utilizando as equações de equilíbrio e
compatibilidade da seção transversal.

ℎ = 500 

E^ CG E^ A = 200 

Œ = 0,8µ

ℎ−Œ ] = 0,85 × Œ × A
2
o o
2 2
]^ = E^ × 4& ]^ = E& × $

Figura 25: Forças resistentes atuantes na seção transversal.

Equações de equilíbrio
Para escrever as equações de equilíbrio, algumas hipóteses foram feitas
(constatadas a posteriori), a saber:
1) A deformação limite atingida é a do concreto e vale 3,5‰.
2) E& está em escoamento.
3) E& não está em escoamento.
40

Equações de compatibilidade

ℰÄ
o ~

E& ℰ^

o

µ
E^ ℰ^
o ~

Å
Figura 26: Deformações da seção transversal.

ℰ ℰÁ ℰ&
= =
µ µ − o~ µ − o

Equação de equilíbrio (1)


E& = E& = E&
µ = 1,25Œ
Â& = 210 Ãc;

ℰ × s1,25Œ − ot 3,5 × 10 × s1,25 − 425t


ℰ& = ⟹ ℰ& =
1,25Œ 1,25Œ
588 × s1,25Œ − 425t
4& = Â& × ℰ& ⟹ 4& =
Œ
 = ] + ]& + ]& s1t
s1,25Œ − 425t
1043 × 10  = 18,21 × 200 × Œ + E& × $ + E& × 588 ×
Œ
Isolando r¬ :
41

1043 × 10 − 3642Œ


E^ = s1t
s1,25Œ − 425t
435 + 588 × Œ

Equação de equilíbrio (2)

sℎ − Œt ℎ ℎ
| = ] × + ]& × „ − o~ … − ]& × „ − o ~ … s2t
2 2 2
500 − Œ
169,7 × 10‡ = 18,21 × 200 × Œ × „ … + E& × $ × 175 − E& × 4& × 175
2

Substituindo a equação (1) na equação (2):

s1,25Œ − 425t
169,7 × 10‡ = 1821 × s500 − Œt + 175 × 435 − 588 × 
Œ
1043 × 10 − 3642Œ
× s2t
s1,25Œ − 425t
435 + 588 ×
Œ

Resolvendo a equação 2, obtém-se:


Π= 259,2 

Substituindo o valor de Š na equação (1), encontra-se r¬ :

E& = 480,8  /;9d


42

Verificações

ℰ ℰ&
= ⟹ ℰ& = 2,7‰ ≥ 2,07‰ sd?ná d?9e;moet
1,25Œ s1,25Œ − o ~ t
O aço CA-50 entra em escoamento quando sua deformação é maior ou igual a
2,07‰.
ℰ ℰ&
= ⟹ ℰ& = −1,1‰ ≤ 2,07‰ smãe d?ná d?9e;moet
1,25Œ s1,25Œ − ot

O sinal negativo do valor da deformação de E& indica tração.

Detalhamento das armaduras

Corte A

A A
4,0 

y

Figura 27: detalhamento das armaduras longitudinais e transversais do y .


43

Corte A

A A

3,5 
y

Corte A

A A
3,5 

y

Figura 28: Detalhamento das armaduras longitudinais e transversais do y e y .


44

5. NÓS DE PÓRTICO (ZONA D)

Neste capítulo apresentam-se dois tipos de nós de pórtico. O primeiro é


formado pelo encontro de vigas em pilares de extremidade que tenham
continuidade (Nó 1 da Figura 13), e o segundo, também de extremidade, para nós
onde não há continuidade do pilar, ou seja o pilar “morre” no mesmo nível da face
superior da viga (nó 2 da figura 13). Tanto o nó tipo 1 quanto o tipo 2 são
formados por pilares que apresentam esforços distintos em sua seção transversal
(compressão e tração).
45

5.1 NÓ TIPO 1

¹ Æ

Æ1
)

Æ ¹
¹ = 9efgd??ãe
Æ = ng;çãe
) = d?egçe 9egn;mnd m; kiq;, egç; meg;< me fi<;g

Figura 29: modelo de dimensionamento do nó (SCHLAICH & SCHÄFER, 1989).

A Figura 29, mostra o modelo de dimensionamento de armaduras adicionais


para o nó tipo 1 do pórtico em função dos esforços atuantes na viga e no pilar.
Note-se que há uma inversão de posições esforços resistentes nos banzos do
pilar do lance superior para o inferior, o que acaba gerando uma força de tração
(Æ1 ) exatamente no interior do nó. A Figura 30 mostra o detalhamento teórico das
armaduras do nó.
46


|&,‘,ƒ3- &Ǒ

f;g; Ʈ
≥ <=,>* ≥ <=,>*

f;g; Ʈ

)
≥ <=,>*

|&,D,›3

f;g; Æ1

|&,‘,ƒ3- ,>}
 + )
Figura 30: Detalhamento teórico das armaduras adicionais para o nó (SCHLAICH & SCHÄFER,
1989).
47

5.1.1 DIMENSIONAMENTO E DETALHAMENTO DOS NÓS TIPO 1

Dimensionamento e detalhamento dos nós 1


A seguir serão mostrados os passos necessários para a obtenção da treliça
resistente do nó, conforme o modelo descrito na bibliografia.

Nó 1

1099,4  425,0 

cy

85,9  75 
339,1 
75 

2 576,0 
;

Æ1
2 354,8 
;

75  120,2  120 
305,7 

cy
110,0  1139,2 

Figura 31: Posição das forças resistentes nas seções transversais dos pilares e da viga.
48

Obtenção da posição das forças resultantes na seção transversal dos


pilares que compõe o nó 1

y :
Para o dimensionamento do nó despreza-se o peso próprio do pilar cy dentro
do nó.

Π= 259,2 

]& = 110,0  Œ ⁄2 Œ ⁄2

] = 944,0  ]& = 195,2 

Figura 32: Esforços solicitantes na seção transversal do y .

Posicionamento da força È na seção transversal do pilar y

259,2
944,0 × + 195,2 × 75
z= 2 = 120,2 
944,0 + 195,2

O mesmo procedimento foi realizado para o posicionamento da força G na


seção transversal do pilar cy .

Determinação da força  e sua posição


; + ; = 1000 − 75 − 120 = 805 
339,1 tan 2 + 305,7 tan 2 = 805,0  (1)
Æ1 = 110,0 cot 2 = 425,0 cot 2
110,0 cot 2 = 425,0 cot 2 (2)
Resolvendo o sistema de equações obtém-se: ; = 652,7 , ; = 152,1 ,
2 = 62,5 °, 2 = 26,5° e Æ1 = 220,8 .
49

Este modelo supõe que a armadura da viga possa ser ancorada na largura do
pilar, ou então que a armadura possa ser dobrada para baixo entrando no pilar
cy . Caso a ancoragem não possa ser feita, o modelo pode ser refinado a fim de
diminuir a força a ser ancorada, como mostra a Figura 33.

425,0 

674,4  ∆Æ = 0,3Æ = 0,3 × 576


425,0  Ʈ = 172,8 

100  2º estribo

1º estribo ∆Æ A
576,0 
45°
50 
45°
Ʈ
Æ − 2∆Æ B
Æ + ∆Æ
220,8 

2 354,8 

110,0 
354,8 

674,4 
Figura 33: Modelo refinado de dimensionamento do nó.

Para a solução do problema, arbitrou-se a força ∆Æ igual a 30% da força Æ .


Note-se que agora a força a ser ancorada no apoio é 576,0 − 2 × 0,3 × 576 =
230,4 , ou seja, 60% menor. Em compensação, tem-se um aumento na força de
tração no pilar cy no segmento AB igual a (425,0 + 0,3 × 576,0 = 598,0 ).
50

Neste trecho, deve-se prever armadura suficiente para resistir a este acréscimo de
força.

Cálculo das armaduras adicionais para do nó1


Estribos para Ʈ:
172,8 × 10
E& = ≈ 400 
435
Estribos para Æ1 :
220,8 × 10
E& = ≈ 510 
435

Para ∆Æ serão utilizados dois estribos de 4 ramos J 8, e para Æ1 serão


utilizados três estribos de 4 ramos J 8. As Figuras 34 e 35 a seguir mostram os
detalhamentos das armaduras nas seções transversais dos pilares, estas
armaduras devem ser dispostas conforme mostrado na Figura 30.

Porta-estribos J 10

45

10

2 × 2 J 8 ¹ = 120
Figura 34: estribos para ∆ na região do y .
51

Porta-estribos J 10

45

10

3 × 2 J 8 ¹ = 120
Figura 35: Estribos para , detalhados na seção transversal do pilar y .
52

5.2 NÓ TIPO 2

Æ
Æ
45°
¹

Ʈ
Æ
45° ¹

Æ
Æ

¹

Æ ¹

Figura 36: Modelo de dimensionamento do nó superior (SCHLAICH & SCHÄFER, 1989).

Para o dimensionamento do nó 2 foi feito um refinamento do modelo da Figura


36, como mostra a Figura 37.
53

271,0 
209,5  271,0 
T7
3
37,7 °

T = Ag;çe od ;<;k;m9;
271,0  T7
3
37,7°
419,0 

291,0 
271,0  T7
3
248,4 

657,2  291,0 
668,4 
Figura 37: Modelo de dimensionamento e esforços solicitantes de cálculo ( isto é, majorados
por
= , ).

A diferença do modelo da figura 37 para o da figura 36, está na introdução da


força cortante da viga, que no pilar se transforma em força normal de compressão.
O posicionamento das forças resultantes na seção transversal do pilar cy foi
determinado como para o nó 1, tipo 1.

Cálculo das armaduras adicionais do nó tipo 2

Armadura para  :
271,0 × 10
E& = ≈ 630 
435
54

Serão utilizados 3 estribos de 4 ramos J 8. A distribuição destas armaduras


deve ser feita como mostrado Figura 39.

45

10

2 × 6 J 8 ¹ = 120

Figura 38: Estribos para  , detalhados na seção transversal do pilar y .

Estribos para Ì

≥ <=,>*

Figura 39: Detalhamento teórico das armaduras adicionais para o nó (SCHLAICH &
SCHÄFER, 1989).
55

6. BLOCO DE FUNDAÇÃO SOBRE ESTACAS

Mostra-se neste capítulo o dimensionamento e detalhamento das armaduras


de um bloco de fundação sobre estacas, utilizando o método das escoras e
tirantes.
O bloco estudado faz parte da estrutura mostrada na figura 13, estando
destacado com um círculo.

6.1 DIMENSIONAMENTO E DETALHAMENTO DO BLOCO

Determinação do número de estacas:


A determinação do número de estacas não levou em conta o dimensionamento
geotécnico. Considerou-se inicialmente que as estacas são de concreto simples, e
resistem em serviço a uma força normal de compressão de 250,0 .

 = 15 |c;, vni<iT;oe ;fdm;? f;g; d?ni;nik; oe oi;dnge o;? d?n;9;?


 = 20 |c;, vni<iT;oe ddnik;dmnd
%} = 1,4
% = 1,4

¸ × J* × 0,85
= 
4
¸ × J* × 9,1
= 250 × 1,4 × 10 ⇒ J* ≈ 250 
4
56

| = 84,0 . 

 = 1043,0 

cy

10 9

Lastro de concreto
“magro”

50,0 9

J* = 25,0 9 J* = 25,0 9
75,0 9 ≥ 3J*
]*, ]*, 

Figura 40: Esforços solicitantes de cálculo provenientes do y e espaçamento entre


estacas.

Determinação de Ϋ,‹ e Ϋ,‹ :


1043,0 84,0
]*, = + ⇒ ]*, = 634,0 
2 0,75
¸ × 250 × 0,85 × 20
= 596,0 
4 × 1,4
634,0  > 596,0 , mãe e
Como ]*, é maior do que a resistência de uma estaca, supondo concreto
simples, serão utilizadas dois pares de estacas.
634,0 
< 596,0 , e
2

1043,0 84,0
]*,  = − = 410,0 
2 0,75
57

25 50 25
5 ]*,
= 317,0 
2
25
]*, 
= 205,0 
2
Estaca 1
50 Estaca 2

50 20 cy 110

Estaca 3 Estaca 4
]*,
= 317,0 
2

25
]*, 
= 205,0 
2
5

110
Figura 41: vista em planta do bloco e reações nas estacas.

Determinação das forças resultantes na seção transversal do pilar y :

Como o pilar foi dimensionado para os esforços máximos que estão atuando
em seu trecho superior ( = 745,0  e | = 121,2 . ), haverá a necessidade
de se determinar as tensões nas armaduras e no concreto para os esforços
atuantes na base do pilar ( = 745,0  e | = 60 . ). A determinação das
posições das forças atuantes no concreto e nas armaduras, permite um
refinamento no modelo da treliça.
Com as verificações seguintes comprova-se que toda a seção do pilar está
comprimida (Estádio I).
58

]& = 63,0 
] = 980,0  ]& = 13,0 

4,Žá
4,Ží>

E& = 480,8 

200  E& = 480,8 


¹Ã = ¹Ã,*3ƒ

Œb& = 175  Œb& = 175 

75  500  75 
Figura 42: Forças resultantes na seção transversal do pilar y .

 = 30 |c;
$ = 500 |c;
Â& = 26000 |c;
Â& = 210000 |c;
ÏÐ
’& =
ϕÐ

E, = Eb − E& − E& + s’& − 1t × sE& + E& t


E, = 200 × 500 − 2 × 480,8 +× s8,1 − 1t × s480,8 + 480,8t = 105865,8 

Ñ, = Ñb + s’& − 1t × sE& + E& t × Œb&


200 × 500
Ñ, = + s8,1 − 1t × s480,8 + 480,8t × 175 = 2,29 × 10¼ 1
12

 |
4 = − ∓ ׌
E, Ñ,
1043 × 10 84 × 10‡
4,Ž,> = − − × 250 = −19,0 |c;
105865,8 2,29 × 10¼
59

1043 × 10 84 × 10‡


4,Žá =− + × 250 = −0,6 |c;
105865,8 2,29 × 10¼
200 × 500
] = 200 × 500 × 0,6 + × s19,0 − 0,6t = 980,0  s9efgd??ãet
2
A posição da força resultante do concreto na seção transversal obtém-se pelo
momento estático em relação à face mais comprimida.
500 500
× 60 + × 920
z= 2 3 = 17,2 9
980

 |
4& = „− − × Œ… × ’&
E, Ñ,
1043 × 10 84 × 10‡
4& = Ô− − × 175Õ × 8,1 = −131 |c;
105865,8 2,29 × 10¼
]& = 131 × 480,8 = 63,0  s9efgd??ãet

1043 × 10 84 × 10‡


4& = Ô− + × 175Õ × 8,1 = −27,5 |c;
105865,8 2,29 × 10¼
]& = 27,5 × 480,8 = 13,0 
60

Determinação da geometria da treliça:

Ö
E
52° 40°

37,5 9 10°
28° 22° 28°

¹
¹
Ö;gg; 1 Ö;gg; 4
35,5 9
Ö;gg; 2
Ö;gg; 3

Ö
E

25,3 9 20 9
20 9
9,7 9
Figura 43: Vista em planta da treliça.

A figura 43 mostra a projeção horizontal das barras da treliça. Para a


determinação da altura da treliça, fixou-se um ângulo de 50° entre a barra 3 e sua
projeção horizontal. Geralmente, este ângulo varia de 45° a 60°.

91,4 9
70 9

Ö;gg; 3

50°

58,8 9
cge×dçãe ℎegiTemn;<
Figura 44: Ângulo entre a barra 3 e sua projeção horizontal e altura da treliça.
61

633,6  410,0 
Corte A-A Corte B-B

70 9
70 9

62° 62° 62° 62°


168,4  109,0 

≈ 390, 0  → 5 J 10 ≈ 250,0  → 5J8

316,8  316,8  205,0  205,0 


633,6 = ]& + f;g9d<; oe 9em9gdne 410,0 = ]& + f;g9d<; oe 9em9gdne
Figura 45: Corte A-A e B-B, mostrando a geometria das treliças e esforços solicitantes

Corte C-C

]& 483,8 
31,5  = ]&
2 6,5  =
2
70 9

74° 74°
67 ° 57°
130,0 

≈ 300  → 6J8

316,8  205,0 
Figura 46: Corte C-C, mostrando a geometria da treliça e esforços internos solicitantes.
62

Cálculo da altura do bloco:


T = 70 9
o~ = 12 9
s633,8 × 0,297t − s63 × 0,097t
Œ=
T × 0,85 × A‘,ƒ3-
Ùs633,8 × 0,297t − s63 × 0,097tÚ × 10‡
Œ= ⇒ Œ ≈ 108 
700 × 12,14 × 200

Œ
ℎ=T+ + o′
2
10,8
ℎ = 70 + + 12 ⇒ ℎ ≈ 90 9
2

Verificação do concreto:
Em cada estaca chegam duas diagonais diferentes. Para simplificar os
cálculos, determinou-se a posição de suas resultantes. Como o valor da força
resistida pelo concreto na seção transversal do pilar é muito maior que as forças
resistidas pelas armaduras, a posição das resultantes praticamente coincide com
a posição da força no concreto.

56° 56° 50° 50°

o~ = 120

317,0  205,0 

J* = 250 

Estaca 1 Estaca 2
Figura 47: Detalhe das diagonais que chegam nas estacas 1 e 2.
63

Estaca 1
 = 20 |c;
Û  b
J*~ = J* + 2 × Üݞ 0‡° ⇒ J*~ = 250 + 2 × Üݞ 0‡° = 412,0 
}•ß
 = 0,7 × Þ1 − à × 0,85 ⟹  = 7,82 |c;
0b

317,0 × 10
4 = ≤ 
E*~ × ssin 56°t
317,0 × 10
4 = = 3,46 |c; < 7,82 |c; e
¸ × 412
× ssin 56t
4
Estaca 2
 b
J*~ = 250 + 2 × = 451,4 
Üݞ 0b°

205,0 × 10
4 = = 2,18 |c; < 7,82 e
¸ × 451,4
4 × ssin 50t

Detalhamento das armaduras:

No item 22.5.4.1.2 da NBR 6118:2004, recomenda-se prever armadura de


distribuição para controlar a fissuração. E esta armadura deve ser 20 % da
armadura principal calculada com uma resistência de cálculo minorada em 20%,
ou seja, 0,8$ . Estas armaduras devem ser dispostas em forma de malha
completando as armaduras principais, as quais são dispostas sobre as estacas.
A norma só recomenda armaduras de suspensão, quando a armadura de
distribuição for maior que 25 % da armadura principal, ou quando os
espaçamentos entre as estacas for maior que 3J* .

168,4 × 10
E&,,&6-,=Ç,ç゠= × 0,2 ≈ 100  → 4 J 6,3/oigdçãe
435 × 0,8
64

Ö
6J8
E E

4 J 6,3

6J8

5 J 10, por questões


5 J 10 4 J 6,3
Ö

construtivas.
Figura 48: vista em planta das armaduras principais e de distribuição.
65

Corte A-A
90 9 Corte B-B

5 J 10 4 J 6,3 5 J 10 6J8 4 J 6,3 6J8

Lastro de concreto
“magro” 10 9
20

20
20

20

2 × 6 J 8 + 4 J 6,3 ¹ = 144 5 J 10 + 5 J 8 4 J 6,3 ¹ = 144


104 104
Figura 49: Vista em corte das armaduras principais e de distribuição.
66

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na análise dos nós do pórtico, buscou-se explicar como obter as forças


resultantes e suas posições, tanto nas seções transversais dos pilares quanto na
da viga. Isto é de suma importância para a montagem da treliça que representa o
fluxo interno das forças nos nós. Em um primeiro momento, pode-se achar
desnecessária esta análise, pois nestas regiões estão dispostos os estribos dos
pilares, mas deve-se lembrar que estes estribos são determinados apenas em
função da armadura longitudinal dos pilares (maior diâmetro entre 5  e 1⁄4 do
diâmetro das barras longitudinais), pela ação de forças normais de compressão
atuantes nos pilares, enquanto que os estribos adicionais na região do nó são
dimensionados para resistir às forças de tração que surgem devido à mudança de
direção do fluxo das forças nesta região.
Para o dimensionamento do bloco de fundação, utilizou-se um modelo de
treliça refinado, onde na seção transversal do pilar separaram-se as parcelas de
forças resistidas pelas armaduras e pelo concreto. Este refinamento torna-se
importante em pilares de grandes seções (por exemplo, em pilares da torre de um
edifício). A determinação das forças resultantes na seção transversal dos pilares é
importante também para verificação de uma possível tração em sua seção, pois
isto altera o modelo de treliça utilizado para o bloco. O detalhamento das
armaduras principais e secundárias foi feito como recomenda a NBR 6118:2004.
Este trabalho teve como objetivo a demonstração da teoria das escoras e
tirantes, aplicada ao estudo das zonas de descontinuidade (“Zonas D”). Pode-se
perceber, após consultas à bibliografia e à resolução dos exemplos propostos, a
relevância em se ter uma análise diferenciada destas regiões comparada com as
das demais regiões da estrutura.
67

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

(1) Buchaim, R. Notas de aula sobre o método das escoras e tirantes. Londrina
: Universidade Estadual de Londrina, 29/09/2005.

(2) Fib Recommendations: Practical design of structural concrete, September


1999.

(3) NBR 6118. Projeto de estruturas de concreto. In: Associação Brasileira de


Normas Técnicas. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.

(4) Schlaich, J., Schäfer, K. Konstruiren im Stahlbetonbau. Beton-Kalender


1989, Teil II, Ernst & Sohn, Berlin.

(5) Structural Concrete. Textbook on Behaviour, Design and Performance. Vol


2, Basis of design. Fib, CEB-FIP, July 1999

(6) Structural Concrete. Textbook on Behaviour, Design and Performance. Vol


3, Durability – Design for fire resistance – Member design – Assessment,
maintenance and repair – Practical aspects. Fib, CEB-FIP, December 1999

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