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1 - A árvore de Hipócrates

Joffre Marcondes de Rezende

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REZENDE, JM. À sombra do plátano: crônicas de história da medicina [online]. São Paulo: Editora
Unifesp, 2009. A árvore de Hipócrates. pp. 17-18. ISBN 978-85-61673-63-5. Available from SciELO
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A Árvore de Hipócrates

A árvore de Hipócrates (Platano orientalis).

N a ilha de Cós, na Grécia, bem no centro da cidade, há uma árvore milenar,


Platano orientalis, conhecida como “a árvore de Hipócrates”. À sua som-
bra, segundo a tradição, Hipócrates reunia-se com seus discípulos (Major, 1954,
p. 138). É hoje um local de visita obrigatória para os turistas. Não importa saber
se é ou não o mesmo plátano do século v a.C., à sombra do qual Hipócrates
fazia suas preleções. O importante é seu valor simbólico, assinalando o local
de nascimento da medicina racional e científica que sucedeu à medicina mágica
e sacerdotal dos povos primitivos, e uma lembrança do maior legado que nos
deixou Hipócrates e sua escola – os princípios éticos que constituíram as bases
da deontologia médica e conferiram dignidade ao médico (Aguirre, 1938).
Das raízes do plátano de Hipócrates brota a seiva que alimenta e vivifica os
seus ramos. Suas folhas se renovam a cada primavera, assim como os sucesso-
res de Hipócrates se renovam a cada geração. Os ideais que nela se retratam,
porém, permanecem vivos, a indicar os valores perenes da medicina: a busca
da verdade, o respeito à vida, o amor à arte médica, a solidariedade humana,
o desejo de servir, a conduta digna, o interesse sincero pelos que sofrem.

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Tal como a árvore que resiste às intempéries e segue vicejante, assim
também a medicina mantém sua trajetória através dos séculos, vencendo
as dificuldades e produzindo frutos. Nem sempre a estrada percorrida foi
retilínea. Falsos caminhos foram trilhados e, a seguir, abandonados, com a
correção de rumo, no firme propósito de desvendar os mistérios da vida e
os enigmas das doenças.
Nesta longa caminhada da medicina no tempo, muitas foram as doutri-
nas e teorias que embasaram a prática médica e muitos foram os episódios
que marcaram a sua história: episódios que refletem a centelha do gênio,
que revelam a resistência a toda ideia inovadora, que mostram a falácia
do raciocínio lógico e as limitações da inteligência humana; episódios que
identificam as descobertas feitas ao acaso, por intuição ou serendipidade;
episódios pitorescos e circunstâncias felizes que concorreram para o pro-
gresso da medicina. E também episódios dramáticos oriundos dos atributos
negativos do ser humano, manifestados por incompreensão, inveja, ambição,
intolerância, arrogância e prepotência.
Em todo o percurso houve erros e acertos, avanços e retrocessos. Este livro
é uma modesta coletânea de crônicas que relatam alguns desses episódios,
seus personagens, e as concepções que nortearam o pensamento médico em
cada época. São crônicas isoladas, sem um ordenamento temático, muitas das
quais já publicadas na imprensa médica ou divulgadas através da internet.
Em nenhum momento assumimos a ingênua postura de criticar, com
base nos conhecimentos atuais, os fatos, teorias e doutrinas que imperaram
no passado. Narramos os acontecimentos de maneira objetiva, sem emitir
elementos de juízo, na certeza de que todos os participantes da jornada
deram o melhor de si na época em que viveram, convictos da correção dos
fundamentos que balizaram suas decisões e condutas.
Uma das qualidades essenciais do médico é a humildade para compreen-
der o passado e reconhecer que muitas verdades do presente poderão ser
renegadas como errôneas no futuro.

Referências Bibliográficas

Aguirre, J. A. C. El Legado de Hipocrates. Buenos Aires, El Ateneo, 1938.


Major, R. H. A History of Medicine. Oxford, Blackwell Scientific Publications, 1954.

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