O papilomavírus humano (HPV), um microrganismo da família Papovavirídae,
é o agente causador da papilomatose humana, uma denominação patológica na qual podem ser agrupadas praticamente todas as lesões vegetantes cutâneo-mucosas de aspecto verrucoso e muitas outras mais, incluindo verrugas anogenitais, a manifestação clínica mais comumente conhecida da infecção genital por HPV.
CARACTERÍSTICAS DO HPV
O vírus tem tropismo pelo epitélio cutâneo mucoso, especialmente as células
com maior metabolismo, como as da camada basal. Os sorotipos com maior tropismo pelo tegumento cutâneo-mucoso genital têm sido classificados em dois grupos: 1) HPV de baixo risco (tipos 6, 11, 42, 43 e 44), relacionados às lesões de baixo grau, principalmente verrugas anogenitais e neoplasia intraepitelial grau I. Sua relação com degeneração carcinogenética é rara. 2) HPV de alto risco (tipos 16, 18, 31, 33, 35, 39,45, 51, 52, 56, 58, 59, 66 e 68), poucas vezes encontrados nas verrugas genitais, mas relacionados com alta freqüência à neoplasia intra-epitelial de alto grau e ao carcioma invasivo, com destaque para os sorotipos 16 (presente em até 60% das lesões genitais malignas) e 18 (presente em até 20% das lesões genitais malignas).
A carcinogênese está associada à inibição, pelo vírus, do antioncogen p53, com
impedimento da apoptose e surgimento da aneuploidia.
CONTÁGIO
A transmissão pelo contato sexual é a regra na infecção pelo HPV. Devido ao
tropismo pelas células da camada basal do epitélio, é necessário que haja solução de continuidade na superfície para que o vírus atinja a profundidade do tecido, por meio de microtraumatismos na superfície, o que acontece nos coitos mais vigorosos. Após contato sexual, estabelece-se um reservatório viral. Os vírus são, dessa forma, carreados para o interior da célula, perdendo o seu capsídeo. O DNA viral atinge o núcleo da célula, onde permanece por algum tempo na forma epissomal (circular, sem se integrar ao DNA do hospedeiro). Em algum momento, vai haver a integração com o genoma hospedeiro, a tradução, a transcrição do DNA em RNA e modificações fenotípicas características do HPV na célula hospedeira.
PATOGÊNESE
Quando ocorre o contágio, pode haver três possíveis evoluções:
1) Eliminação do vírus o que acontece na maioria dos casos em 12 meses, chegando a 92% em dois anos. 2) Vírus fica latente com o DNA presente no núcleo, multiplicando-se junto com a célula hospedeira, que tem aparência normal. Infecção latente pode tornar-se ativa e, enquanto está latente, só pode ser detectada por métodos de biologia molecular, pois não há alteração histológica. Trata-se da incubação, que pode durar desde três a oito meses e até vários anos. 3) Surgir infecção clínica ou subclínica (fase produtiva).
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Forma clínica as verrugas ou condilomas acuminados vistos a olho nu.
Forma subclínica só pode ser evidenciada com o uso de lentes de grande aumento após o emprego de ácido acético a 5%
DIAGNÓSTICO
Clínicas as lesões são evidentes e facilmente identificáveis.
Subclínicas necessita-se utilizar artifícios que possibilitem o diagnóstico, como a genitoscopia, também conhecida por peniscopia( havendo ou não lesões aparentes, todos devem ser submetidos à genitoscopia) Uma vez identificadas as lesões, amostras devem ser colhidas para a tipagem sorológica do vírus
TRATAMENTO
Os mais eficazes são os que aumentam a imunidade local,como:
1) o interferon, 2) o imiquimod, 3) os citostáticos (creme de5-fluoruracil) 4) abrasivos químicos (podofilotoxina).
Pode-se ainda utilizar: eletro-cauterização, sob anestesia local ou bloqueio loco-
regional, dependendo do tamanho da lesão.
SEGUIMENTO
Os pacientes devem ser acompanhados, repetindo-se a peniscopia após seis
meses e dentro de um ano, observados os períodos de latência e incubação, ou a qualquer momento, quando surjam lesões suspeitas de recidiva.